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Filme - Amor

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“Amor?”
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Reflexões sobre o filme “Amor?”
Documentário com ficção, sobre relações amorosas que envolvem alguma forma de violência. 
Atrizes e atores interpretam depoimentos de pessoas que viveram situações que envolvem ciúmes, culpa, paixão e poder.
Roteiro construído a partir de cerca de sessenta entrevistas com casais cujas histórias de amor coexistiram, em algum momento, com atos e circunstâncias de violência. 
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Laura (Lília Cabral)
Drama de um casal que perde tragicamente sua filha de sete anos.
Marido começa a beber muito e sua esposa se torna, em suas próprias palavras, uma “canalha”. 
Agressão, separação, novo namoro, restauração
“Você precisou levar uma porrada para assumir sua condição de mulher?” Resposta: “Sim”. E ele precisou bater para assumir o lugar de homem, “trazer dinheiro pra casa, trabalhar”.
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“Foi um encontro com minha delicadeza”, relata a protagonista, ao se referir ao curioso efeito feminizante que adveio a partir dos sofrimentos da agressão/separação/reaproximação.
Essa mulher se descobre também meiga, carinhosa, receptiva. A delicadeza como elemento constitutivo do feminino.
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Perda dos filhos
Dependência econômica / competição
Alcoolismo
Agressividade feminina
Baixa auto-estima (casal)
Agressão física (mútua)
Dependência afetiva (cortar cabelo, emagrecer, se arrumar)
Falta de elogios / admiração
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Trabalhar fora / cuidar da casa e dos filhos / falta de “extinto maternal”
“Eu sempre fui negligente”.
“Às vezes, eu preciso apanhar”.
“Criança não precisa de corretivo”?
“Assumi meu papel de mulher”. (papéis de gênero)
“Ele passou a trazer dinheiro para casa, pagar as contas”.
“Por que você casou”? Resposta: “Ele era bonito pra caramba, eu gostava dele”.
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Fernando (Eduardo Moscovis)
“Minha mãe foi agredida pelas pessoas com quem se relacionava”.
“Vivi isso até meus 15, 16 anos”.
“Minha mãe levou meu pai à loucura, humilhava, você é um analfabeto, você é um suboficial infeliz, com uma família pobre”.
“Insurgia à figura do marido porque era agredida pelo pai também”.
Ciúme / falta de respeito (mútuos) com as namoradas
“Passei a agredir também, passei a me viciar em agredir, até na hora da transa”.
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Teve duas filha e parou de agredir (“boxe”), mas, a agressividade continuou.
“Minha mulher era excepcional”.
Necessidade fisiológica de agredir
Instinto
Controle
“Resistência à dor” (mulher)
“Complexo de Édipo” (criado por Freud e inspirado na tragédia grega Édipo Rei designa o conjunto de desejos amorosos e hostis que a criança experimenta com relação aos seus pais, os homens são atraídos pela mãe, enquanto as mulheres são atraídas pelo pai)
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Homem é egoísta / não sabe dar e receber amor
“A característica minha é o ciúme”.
Figura feminina – insegurança / necessidade de punir / culpa da mãe (justificativas)
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Carol (Letícia Colin)
Jovem mulher narra momentos tensos relativos ao ciúme de um namorado, outrora profundamente apaixonado e atencioso.
“Eu achava que eu era um anjo na vida dele”. As primeiras cenas de ciúme são deflagradas, a partir daí ela passa a sofrer ameaças de agressão.
Seu parceiro procura sinais de traição ou de interesse que porventura ela possa nutrir por outros homens. A frequência e intensidade dessas circunstâncias começam a corroer o laço amoroso e dar lugar ao medo e às sensações de ter sido tornada refém de um sentimento explosivo e insidioso.
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O sexo se torna, para ela, uma modalidade de defesa. Transa sem vontade, na tentativa de apaziguar a ira e as fantasias de traição do parceiro. Ele a interroga: “Você fez por obrigação”? (tormento fantasmático desse sujeito diante do outro sexo).
Tomado pela angústia da traição, o namorado insiste em afirmar que a marca do sutiã da parceira seria, na verdade, o signo corporal de um episódio sexual ocorrido fora do espaço daquela relação. 
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Imediatamente, ele trancafia a parceira em seu apartamento, despe-a, e a inspeciona detidamente por horas a fio, em um cenário torturante de VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA. 
“Me sentia”, relata ela, “um pedaço de carne, um frango de padaria”. Expressões que marcam o horror com o qual a posição de objeto sexual deriva na direção de uma abordagem perversa.
“Ele não queria me ver dar risada; não queria me ver feliz”.
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O sintoma desse homem assume contornos quase delirantes, consumando-se como uma intolerância hostil e atroz contra todo e qualquer sinal de prazer que surja no semblante da parceira e que é apreendido como indicador de um gozo insuportável. 
No caso da parceira, há o medo certamente, Mas, há também um certo gozo em surpreender, no semblante atormentado do parceiro, seu valor de objeto (no qual, em grande medida e com grande frequência, a mulher aliena suas expectativas de realização subjetiva).
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Namoro precoce (16 anos)
Ameaça de morte / tom ameaçador
Proibir de fazer as coisas
Crença na mudança
“Desvio de personalidade”
VIOLÊNCIA SEXUAL / ESTUPRO
Ciúme
Sexo como mecanismo de defesa
Obediência por medo
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Controle
Castigos
“Não podia me ver feliz”.
“Você começa a achar que está errada”.
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Paulo (Cláudio Jaborandy)
Sujeito que se ressentia de um sofrimento de desprezo, de abandono, no curso de um tumultuado relacionamento. Passa o dia à espera de uma manifestação da companheira. 
“Custava ela naquele dia ter ligado pra mim”? Essa frase prenuncia uma grave passagem ao ato, que se produz no curso de uma discussão. Paulo havia bebido muito e se exaltara durante a briga com a namorada. Em uma certo momento, ela faz menção de chamar a polícia. Ele se sente “indignado”.
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A honra e a dignidade, virtudes morais profundamente arraigadas no bojo dos valores burgueses da tradição moderna, estão frequentemente presentes no curso de narrativas de violência no contexto amoroso (“lavar a honra com sangue”).
Pegajoso
28 anos de casados / 5 filhos (duas menores de 18)
Tinha amante (agredia também)
Alcoolismo
“Perdeu o controle”
Agressão física
“Lei para proteger os homens”
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Júlia (Fabíula Nascimento) e Andréa (Sílvia Lourenço)
Duas jovens moças que se apaixonam e que vivem, no curso de uma relação erótica, episódios variados de violência mútua. “Era inconcebível viver separadas”, relata uma delas. “Deslumbramento”.
Abuso de drogas, apelos de experiências sexuais fora da relação, ciúmes, sexo para resolver problemas.
Em toda parceria, heterossexual ou homoafetiva, fica em jogo um arranjo entre as posições masculina e feminina, não necessariamente ancoradas no sexo anatômico.
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Uma delas engorda 40 quilos; a outra se exalta em uma briga domiciliar até quebrar a casa; durante uma festa no apartamento onde moravam, uma delas transa com outra mulher na frente da parceira; uma das parceiras se automutila gravemente. 
“Olha o que você fez comigo”?
“Uma coisa é a palavra, a outra é o sangue”.
Possessividade / obssessividade
Necessidade de se sentir desejada
Controle / baixa auto-estima / afastamento da família e amigos (“punição”)
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Cláudia (Mariana Lima)
Educação repressora (cárcere)
“Violência paterna” (ela e o irmão)
Achava que o pai a amava
Poder e controle sobre a mulher
Insegurança gera ciúme, que gera violência
Doença / descontrole / anormalidade
Ciúme: prova de amor ou violência?
Arrependimentos (homem)
Primeira experiência sexual
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Estava “acostumada” com poder, agressividade, amor
Puxões de cabelo
Tentativa de homicídio
“Independência emocional” aos 18 anos
Masoquismo (prazer na dor) / sadismo (prática sexual com prazer na dor do outro)
Irmão bate na mulher e nos filhos (“auto agressão”)
Maternidade (repetição do pai)
“Muita mulher se vicia nesse tipo de relação”.
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Lineu (Angelo Antônio)
“A relação afetiva é um ato de pirataria”: busca-se o que não se tem.
“Eu dou pra você tudo que eu tenho”.
A violência como “pavor de perder o que te faz
feliz/infeliz” [...] “pavor de perder o que te faz gozar, o que te faz ver o céu mudar de cor”.
A mulher fala sempre, segundo Lineu; o homem fala quando bebe (e bate também quando bebe). Para o homem, diversas vezes, a fala da mulher é violentíssima. Não raramente, ele a agride para que ela se cale.
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Dependência afetiva
Possessividade
Instinto de sobrevivência
O outro como objeto
“Coisa canibal”
Ciúme / violência física
Brigas / desentendimento
Masoquismo
Angústia
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Covardia
Fragilidade
(In)felicidade
Jogo feminino (dom natural para machucar)
Corretivos como punição
DSTs
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Alice (Júlia Lemmertz)
Encantamento
Adultério feminino
Personalidade do homem – vai tolhendo o mundo dos outros
A mulher também é culpada porque se permite viver nessa situação
Violência verbal / psicológica (em todos os casos)
Justificativas: “eu gostava dele, dependência psicológica, controle e dominação masculina”
Medo (porta do carro aberta)
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Ofensas: “burguesa de merda”
Falso arrependimento (masculino)
Baixa auto-estima
Drogas
Filhos (salvação / redenção)
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Referência
AMOR? Direção: João Jardim. Produção: Carla Camurati. Rio de Janeiro: Copacabana Filmes, 2010.

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