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Textos para discussão Programa de Estudos Pós-Graduados em Economia Política - PEPGEP Departamento de Economia da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária PUCSP Textos para Discussão 04/2005 O Nacional e o Internacional na América Latina Contemporânea Regina Maria A. F. Gadelha NACI/PUCSP PP EE PP GG EE PP PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO FEA/DEPARTAMENTO DE ECONOMIA PROGRAMA DE ESTUDOS PÓS-GRADUADOS EM ECONOMIA POLÍTICA TEXTOS PARA DISCUSSÃO Publicação do Programa de Estudos Pós-Graduados em Economia Política e do Departamento de Economia da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, para divulgação, em versão preliminar, da produção acadêmica de professores e alunos, bem como de pesquisadores e convidados de outras instituições. COMISSÃO DE PUBLICAÇÕES: Antonio Carlos de Moraes Carlos Eduardo Carvalho César Roberto Leite da Silva Nelson Carvalheiro Rosa Maria Marques Rosa Maria Vieira ENDEREÇO PARA CORRESPONDÊNCIA: R. Ministro de Godói, 969 – 4º andar – sala 4E-17 05015-000 – São Paulo – SP Tel.: (011) 3670.8400 – Tel./Fax: (011) 3670.8516 URL: http://www.pucsp.br/pos/ecopol E-mail: ecopol@pucsp.br É permitida a reprodução deste texto e dos dados nele contidos, para fins acadêmicos, desde que citada a fonte. O NACIONAL E O INTERNACIONAL NA AMÉRICA LATINA CONTEMPORÂNEA Profa. Dra. Regina Maria A. F. Gadelha∗ Não é a primeira vez que trato desta temática na PUC/SP. Em 1995 quando organizamos o I Seminário de Economia Política, nos reunimos nesta sala com a participação do Professor Lúcio Flávio de Almeida para pensar a problemática da globalização e as conseqüências das políticas neoliberais sobre a América Latina e, em especial, sobre o Brasil, Tínhamos esperança de despertar a comunidade sobre as conseqüências e seqüelas da devastação implantada pelas políticas neoliberais.1. Durante mais de 10 anos assistimos à destruição sistemática de nossas riquezas e dos ideais da construção de uma democracia para todos – desiderato da nação e dos que lutaram contra o regime militar de 1964 e legisladores de 1988. Entretanto, a incompreensão do significado da globalização mascarava o verdadeiro sentido da ascensão do neoliberalismo, em tanto que processo de dominação imperialista do capital internacional financeiro em expansão, impulsionado na era Tatcher/Reagan.2. De fato, a expansão imperialista oculta ser o capital financeiro a raiz da essência do sistema capitalista, que para se manter e reproduzir nutre-se da riqueza criada pelos investimentos na esfera da produção e da força do trabalho (mais-valia socializada) realizada em múltiplos níveis de especialização. Quando se analisa o fenômeno da globalização, duas constatações chamam a atenção dos analistas: ∗ Palestra na Semana América Latina em Movimento-PUC/SP-2 e 3/setembro/2004, organizada pelo NIELS/NACI/APROPUC/AFAPUC. 1 As palestras e debates, aqui realizados, estão publicadas In: Gadelha, Regina Maria A. Fonseca. Org. Globalização, Metropolização e Políticas Neoliberais. São Paulo: Educ, 1997. 2 Também, GADELHA, Regina Maria A. F. “Economia e poder. Um enfoque interdisciplinar da visão de poder”. Revista Brasileira de Direito Constitucional. São Paulo: Edit. Método/ESDC, 2: 307-14. Julho/Dez. 2003. Gadelha, R. M. A. F. – O Nacional e o Internacional na América Latina Contemporânea 2 1. A reconfiguração do Imperialismo e a intensificação de sua dominação em escala mundial, o que significa reconcentração do controle mundial do capital sobre os recursos naturais e a produção. 2. Em decorrência, intensifica-se a exploração sobre o trabalho e os trabalhadores em escala nunca antes conhecida, bem como os níveis de polarização social que se abate sobre a população mundial.3. A estas constatações, chamamos a atenção para mais um aspecto: na periferia do sistema, governos e governantes deixam de serem controlados pela população que os elegeu, para se tornarem administradores/gestores dos interesses do capital financeiro internacional e de seus associados, processo conduzido através das políticas de privatização dos haveres dos Estados e sua conseqüente desnacionalização, desindustrialização, desemprego e seqüelas de exclusão. Para que isso ocorresse, entretanto, os governos tiveram de atingir a própria essência das instituições e sua prática democrática. Podemos resumir estes pontos em cinco aspectos, cujos conceitos já foram abordados por outros analistas, entre os quais o sociólogo peruano Aníbal Quijano: Imperialismo, Hegemonia, Dominação, Exploração, Colonialidade do Poder.4. Nesse sentido, queremos situar a nossa exposição em dois eixos: 1. O capitalismo, como padrão de dominação internacional (A. Quijano), salientando dentro dele o Imperialismo (A. Borón)5, em tanto que forma inalienável à existência do sistema capitalista. 2. A democracia (democracia parcial atual) e o Estado, como expressão da coletividade e forma de controle (soberania) da autoridade da nação. Interessa-nos, entretanto, observar o Brasil e o espaço sul-americano, pois no nível local nacional e no regional é que se reproduzem as formas de vida 3 Chossudovsky, Michel. “Pobreza global no final do século 20”. Revista PUCVIVA. São Paulo: APROPUC, 4 (13): 40-8. Julho/Set. 2001. 4 Sobre o conceito ‘Colonialidade do Poder’, forjado e desenvolvido por A. Quijano, vide seu artigo, “Colonialidad del poder, Eurocentrismo y América Latina”. In: Edgardo Lander. Comp. Colonialidad del Saber, Eurocentrismo y Ciencias Sociales. Buenos-Aires: UNESCO/CLACSO, 2000. 5 Borón, Atílio. Império & Imperialismo. Uma leitura crítica de Michel Hardt e Antonio Negri. Buenos Aires: CLACSO, 2002. Programa de Estudos Pós-Graduados em Economia Política – Textos para Discussão 04/05 3 econômicas e sociais, sendo o espaço nacional o lócus legítimo de elaboração das políticas mediáticas que permitem o exercício do poder de dominação do Estado institucional regulador sobre os cidadãos. Alguns dados, publicados pelo Banco Mundial, permitem ilustrar o que afirmamos, ou seja: a aceleração deste processo, ao mesmo tempo em que concentra a riqueza, gera exclusão, acelerando o domínio do capital sobre as nações.6. Em 1800, 74% da população, seja 944 milhões de habitantes, tinha acesso a 56% do produto da riqueza mundial. Em 1995, somente 20% da população, seja 5,716 milhões de pessoas, concentrava 80% do produto mundial bruto (PNB), os 20% da riqueza restante sendo repartida entre 80% da população do planeta. A diferença de ingressos distribuídos entre ricos e pobres, existente no início do século XIX, e que era de 9 x 1, atingia, em 1995, 60 x 1. Em 1996, o faturamento do poderoso General Motors atingiu US$ 168 bilhões, cifra superior ao do PIB reunido de todos os países da América Central, mais o Peru, o Equador, o Paraguai e o Uruguai, cujo montante não atingia US$ 159 bilhões. Apenas na última década, entre 6 bilhões de pessoas, que forma a população mundial, 800 milhões não tem emprego algum. Nos EUA, o número de pobres saltou de 25 para 35 milhões de habitantes e a distância, na América Latina, entre os 20% mais ricos, em relação aos pobres, é de 16 x 1. No mundo, as 3 pessoas mais ricas do planeta têm fortuna superior ao PIB de 48 dos países mais pobres.7. Os dados também indicam que os países que mais cederam ao modelo neoliberal são aqueles que atualmentemais sofrem os impactos da desestruturação e das crises do sistema mundial. Porém, não vou me estender sobre esta problemática, por mim já tratada em outras palestras e artigos. Interessa-nos as suas conseqüências, a fim de compreendermos melhor a atuação dos movimentos sociais que incendeiam as populações oprimidas da América Latina. Aqui, a crise não se revela não somente através do endividamento 6 Para esta análise, remetemos ao nosso artigo: “Economia e poder...". Loc. cit. Os dados estatísticos são do Banco Mundial. Developing World 1999/2000. Washington, D.C., 2000. 7 Estes dados In: Quijano, A. “El nuevo imaginario anticapitalista”. América Latina en movimiento. Quito, Ecuador: ALAI, 351: 14-21. Abril 2002. Gadelha, R. M. A. F. – O Nacional e o Internacional na América Latina Contemporânea 4 externo e interno maior dos países, mas também através da perda acelerada da autonomia do poder de gestão e decisão dos governantes (soberania dos estados), e que se traduz no desmonte dos aparelhos administrativos, legislativos e judiciários, enfraquecendo ainda mais as nossas frágeis instituições democráticas. A prova disso é que, já no final da chamada ‘década perdida’ dos anos 80, a crise era das mais graves, atingindo sobretudo as classes trabalhadoras e revelando seu efeito perverso através da verdadeira situação de calamidade em que viviam (e vivem) as populações mais pobres, os que perderam seu trabalho e meios de existência ao longo dos anos 80 e 90. Nos dias atuais, porém, ela atinge os indivíduos em quase todos os extratos das camadas médias empobrecidas, enquanto se miserabiliza os mais pobres, os excluídos lançados à marginalidade da sociedade. É o que mostra o exemplo das populações dos países andinos e, mesmo, paises de economia maiores como a Argentina, ou o exemplo paradigmático do Brasil, único país de toda a América Latina que atingira, nos anos 70, o mais completo e moderno parque industrial do continente – incluindo a produção de bens de capital e bens intermediários – possuindo território e reservas de minerais, água e clima propício para o desenvolvimento, mais do que em qualquer outra parte do planeta. Porém, sua economia também já se encontra igualmente estrangulada e dominada pelo capital financeiro internacional, em estreita associação estrutural com o capital nacional, os bancos e empresas dos países centrais. Portanto, deterioram-se as nossas democracias através da cooptação extrema e perda de autonomia do poder de decisão dos governantes, em questões fundamentais e assuntos relativos às esferas de governança interna de seus países. O círculo é perverso e vicioso: somente este ano o Governo Lula deverá transferir US$ 126 bilhões dos ganhos nacionais para pagamento do serviço de dívidas para com o FMI e outros bancos. A aceitação deste compromisso foi o preço pago por ele para alcançar o cargo supremo da nação, traindo a todos que acreditaram na chegada de novo tempo. Por isso, não é surpreendente que venha administrando a nação em atendimento aos interesses do capital financeiro e seus Programa de Estudos Pós-Graduados em Economia Política – Textos para Discussão 04/05 5 mecanismos de especulação. Enquanto, na Argentina, reflete-se o exemplo do governo isolado do presidente Kirchner, resistindo ao FMI e cujo diretor geral (o espanhol Rodrigo Rato) acaba de ser recebido na última semana de agosto de 2004, com pedras e apupos de piqueteros revoltados, que cercaram o seu hotel em Buenos Aires. Também, no extremo norte, na Venezuela, o povo venezuelano dá o exemplo, ao reiterar por maioria absoluta de votos sua confiança na permanência de Hugo Chávez à frente da nação, apesar da campanha contrária pelo NÃO, realizada em conjunto pelas oligarquias e as mídias pactuadas com o capital internacional.8. Esta e outras submissões dos governantes, que uma vez no poder se esquecem de que foram eleitos pelo voto popular, os levam a ignorar os compromissos assumidos quando em campanha eleitoral, provocando corrosão nos alicerces mesmo da democracia. O impacto destas políticas encontram eco em setores internos interessados na manutenção de privilégios – e não se trata somente da classe dos antigos ou de novos latifundiários. Nesse sentido, não podemos perder de vista o avanço tecnológico atingido pelas relações capitalistas, que dominam todas as esferas da produção, inclusive o domínio tecnológico do conhecimento e da informação - conhecimento de novas descobertas, mas também apreensão e controle cada vez maior dos antigos saberes de comunidades locais. Sem dúvida, o novo que ocorre nos dias atuais, e que impacta sobre os centros de domínio do pensamento burguês, do qual fazem parte os membros das camadas médias e superiores da sociedade, intelectuais e as Universidades, em tanto que universo institucional conservador, reacionário e que se quer mantenedor da ordem e do saber, é a organização espontânea, ainda mais ou menos difusa, de setores populares, grupos que fogem ao controle de mídias, igrejas e estado. Assim, a busca pela sobrevivência termina por encontrar formas coletivas de organização, cooperação e manifestação, através das quais se vão configurando novos atores sociais, com reivindicações, discurso e mobilização que 8 O Governo Lula perde, assim, excelente oportunidade para a abertura de um caminho alternativo para o Brasil e a América do Sul, reforçando as posições nacionalistas de Nestor Kirchner, ao sul, e de Hugo Chávez, ao norte do continente. Gadelha, R. M. A. F. – O Nacional e o Internacional na América Latina Contemporânea 6 escapam ao controle das elites e, inclusive, criam novos caminhos levando os intelectuais a reboque, em seu processo de atuação. Como exemplo paradigmático deste processo, não podemos ignorar o apoio e a participação das comunidades as FARCS, na Colômbia, mesmo se discordarmos de sua forma de atuação; o movimento zapatista, em Chiapas – a região mais pobre do México; o MST, atuante em todas as regiões do Brasil em suas reivindicações pela terra; os movimentos de comunidades indígenas e/ou camponesas, que se organizam desde o Alaska, no hemisfério norte, até a Terra do Fogo, na Argentina, e que na América Latina têm suas sedes no México, Guatemala, Nicarágua, El Salvador e, na América do Sul, em quase todos os países andinos (Equador, Peru, Bolívia), além de sedes importantes e que já conquistaram áreas de populações indígenas, em toda a bacia amazônica. Tal movimento toma sentido apenas se compreendermos o quase total abandono destas populações, que perderam suas esperanças em políticos e no próprio Estado e governos. Estes movimentos, inclusive no Brasil, passam a abrigar cada vez mais a massa de centenas de milhares de desempregados, tanto dos setores rurais como ainda dos setores urbanos industriais, ex-operários tantas vezes traídos também por seus dirigentes sindicais, cooptados pelas benesses do grande capital, moradores de rua, mendigos, catadores, comunidades de bairros da periferia, sem-tetos etc. Estes movimentos espontâneos revelam-se e se ampliam, apesar da repressão a que estão submetidos pelos Estados, que jogam contra eles todo o aparato policial e repressor de que dispõem, e se expressam por toda parte: movimentos que vão desde a organização espontânea de trabalhadores que assumem a administração de fábricas falidas; grupos de famílias que se organizam em núcleos locais de produção e artesanato, e que vão desde cooperativas até formas diversas de reciprocidade, na gestão coletiva de fábricase engenhos, da pesca às atividades extrativistas, do artesanato às cooperativas agrícolas. Também nos primeiros anos deste século XXI, toma expressão o movimento de protesto espontâneo de piqueteros, na Argentina, fenômeno relativamente novo por sua duração, ou movimentos populares como os que derrubaram governantes neoliberais no Equador e Bolívia ou, ainda, Programa de Estudos Pós-Graduados em Economia Política – Textos para Discussão 04/05 7 manifestações e consciência dos que lutam por suas velhas e novas conquistas, apoiando governos como Chávez, na Venezuela. Entretanto, ainda que de forma vaga e inconstante, também há mais de uma década às revoltas difusas e pouco organizadas das populações mais pobres, como bem demonstram os acontecimentos dos primeiros anos de nosso lustre no Equador, no Peru, Colômbia, Bolívia, Argentina, Paraguai, Venezuela e outras partes, em que vem somar-se o apoio cada vez maior de setores das camadas médias, estudantes e outras parcelas sociais às reivindicações de desempregados e camponeses, apoio às comunidades indígenas ou que se querem tais, cujas reivindicações iniciais, acolhidas por missionários e setores das várias igrejas que atuam nestas comunidades, hoje se estendem do Alasca à Patagônia e, na América Latina se expressam no México, Equador, Bolívia, Paraguai, Brasil, em regiões, aldeias e locais abrangendo a bacia amazônica e daí ao nordeste do Brasil e regiões centrais da América do Sul - bacias do Paraná- Uruguai, Pantanal e sul de Mato-Grosso; estados do sudeste-sul do Brasil, regiões do Chaco paraguaio e argentino, entre outras. Desde sua origem, os valores das sociedades latino-americanas têm correspondido aos valores racionais do mundo ocidental, centro do controle, padrão de dominação e de poder imposto com os descobrimentos, as conquistas e a ocupação dos territórios americanos. (A. Quijano). Nesse sentido, preocupa- me a problemática da cidadania e possibilidades de formação de sua consciência e expressão na América Latina, problema indissoluvelmente ligado à concepção moderna de exercício da democracia. Pois o pressuposto da existência do Estado democrático, dotado de estrutura funcional e de poder, é a cidadania, o reconhecimento da igualdade jurídica e política, ao menos igualdade formal de todos os indivíduos (cidadãos) que nascem e habitam um mesmo espaço físico, juridicamente formado e estipulado por interditos de tratados e fronteiras universalmente reconhecidas, a que chamamos de país.9. A este conjunto de território, com seus cidadãos, nós denominamos ’a nação’. Entretanto, note-se 9 Desenvolvemos este tema no artigo “Economia e poder...”, Op. cit. e, ainda, “Federalismo, regionalismo e governabilidade”. Cenários. Revista do GEICD. Araraquara: UNESP, 2: 165-88. 2000, e em Revista CESLA. Varsóvia: Centro de Estúdios Latinoamericanos, 1: 85-100. 2000. Gadelha, R. M. A. F. – O Nacional e o Internacional na América Latina Contemporânea 8 que, por toda parte, as camadas médias, quando não se opõem aos movimentos populares, somente os apóiam em caso extremo, como exemplifica o colapso conjuntural da Argentina, ocorrido em 2002. De fato, as camadas médias, incluindo as universidades e seus universitários, mesmo os que estudam a pobreza, apóiam em geral tão somente as oligarquias e suas práticas e, ao longo dos anos, continuam agindo contra os seus próprios interesses, dando respaldo aos que os oprimem, perseguem, torturam e matam trabalhadores e excluídos.10 Não poderia, por isso, terminar sem expressar o meu repúdio para denunciar o recente seqüestro e possível assassinato ocorrido em 22 de agosto de 2004 do líder indígena dos Nasa, Arquimedes Vitonas Noscue, Alcaide do município de Toríbio, na turbulenta região do sul de Cauca (Colômbia). Vitonas, ex-Presidente da Assembléia regional de Cauca, recebeu recentemente o prêmio ‘Mestre do Saber’, concedido pela UNESCO, pelo trabalho que desenvolvia em sua comunidade. Os Nasa, segundo Comunicado divulgado pelo Serviço de Informação da ALAI-AMLATINA, por INTERNET do dia 25 de agosto último, acreditam que o silêncio mantido pelo governo colombiano acerca do desaparecimento do seu líder e companheiros que o acompanhavam no automóvel que os conduzia, significa terem sido vítimas da ação dos “grupos não identificados”, ligados às Forças Armadas colombianas. O desaparecimento, só anunciado oficialmente pelo vice- Alcaide de Toríbio às autoridades no dia 24 de agosto, ocorreu pouco depois de um comício em que Vitonas anunciara a convocação para a realização de uma grande marcha de protesto contra as reformas constitucionais realizadas para garantir a reeleição do Presidente Álvaro Uribe, possibilitando-o concorrer a novo mandato presidencial e contra o fechamento de novo acordo de Tratado de Comércio (TLC-ALCA) do governo da Colombia com os EUA, colocando em risco a autonomia, a segurança, a soberania e os direitos das comunidades indígenas camponesas colombianas. 10 Desde o mês de agosto, a cidade de São Paulo, maior centro financeiro da América Latina, vem assistindo ao assassinato quase diário de mendigos e moradores de rua que dormem no centro desta capital, sem que a polícia tenha encontrado pista alguma, fatos estes denunciados pelos maiores periódicos do país, tais os tradicionais e conceituados jornais Estado de São Paulo e Folha de São Paulo. Várias edições – agosto/setembro 2004. Programa de Estudos Pós-Graduados em Economia Política – Textos para Discussão 04/05 9 Quero frisar que acontecimentos como estes não se dão à margem da história, mas sim dentro de um padrão de dominação global, do qual têm tido importante participação e responsabilidade as mídias, que utilizam as novas tecnologias de comunicação e que servem de suporte para o desenvolvimento da dominação e da exploração da grande maioria da população mundial, influenciando as idéias e alienando as consciências, impedindo que este padrão de poder, como o denomina A. Quijano, possa ser democratizado e mesmo humanizado11 – utopia alimentada por inúmeros intelectuais que atuam em nossas sociedades – sem ser primeiramente destruído e superado por via revolucionária. 11 Não acreditamos em utopias ‘humanizadoras’ (de direita ou de esquerda) que preserve o atual padrão de poder e dominação, pois qualquer mudança incluiria uma mudança radical inclusive na forma de se pensar o direito às diferenças intrínsecas a todos e a cada indivíduo: direito a pensar, a se expressar, a viver. O que incluiria o direito e o respeito à vida sob qualquer de suas formas, incluindo a preservação de meios de vida socializados e dos diversos habitats ambientais. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PROGRAMA DE ESTUDOS PÓS–GRADUADOS EM ECONOMIA POLÍTICA 2005 01/05 Monetary Policy and Debt Dynamics in Brazil: A Proposal Carlos Kawall Leal Ferreira, Murilo Robotton Filho e Adriana Beltrão Dupita – NMC/PUCSP 02/05 El Estructuralismo Latino Americano y la Filosofía de la Historia: Nuestro Pensamiento en Relaciones Internacionales Raúl Bernal-Meza – NACI/PUCSP 03/05 Planos Privados e Assistência à Saúde do Idoso no Brasil Samuel Kilsztajn, Gustavo Toshiaki Lopes Sugahara e Erika de Souza Lopes – LES/PUCSP 04/05 O Nacional e o Internacional na América Latina Contemporânea Regina Maria A. F. Gadelha – NACI/PUCSP 2004 01/04 Concentração e Distribuição do Rendimento por Raça no Brasil Samuel Kilsztajn, Manuela Santos Nunes do Carmo, Gustavo,Toshiaki Lopes Sugahara, Erika de Souza Lopes e Sonia Santos Petrohilos – LES/PUCSP 02/04 O Governo Lula, Triunfo Espetacular do Neoliberalismo Carlos Eduardo Carvalho – NMC/PUCSP 03/04 Segmentação Ocupacional dos Trabalhadores Brasileiros Segundo Raça Anita Kon – EITT/PUCSP 04/04 Doutrinas e Teorias Econômicas: Façam as suas Escolhas Saulo de Tarso e Sousa – Departamento de Atuária e Métodos Quantitativos/FEA/PUCSP 05/04 Brasil: grau-investimento? Adriana Beltrão Dupita (Departamento de Economia/UNIP) e Carlos Kawall Leal Ferreira (NMC/PUCSP) 06/04 O Componente "Custo de Oportunidade" do Spread Bancário no Brasil: Uma Abordagem Pós- keynesiana Giuliano Contento de Oliveira e Carlos Eduardo Carvalho – NMC/PUCSP 07/04 Crises Cambiais, Finanças Públicas e Estabilidade Financeira na América Latina: Algumas Lições da Experiência Recente Carlos Eduardo Carvalho – NMC/PUCSP Textos para discussão 08/04 Infrastructure Services in Brazil: The Role of Public-Private Partnership (PPP) in the Water & Sewerage Sector Frederico Araujo Turolla, Tomas Anker e Ricardo Meirelles de Faria – EESP/FGV 09/04 Política Monetária e Alongamento da Dívida Pública: Uma Proposta para Discussão Carlos Kawall Leal Ferreira, Murilo Robotton Filho e Adriana Beltrão Dupita – NMC/PUCSP 10/04 Evolução do Comércio Agrícola Brasileiro Segundo o Valor Adicionado César Roberto Leite da Silva – LES/PUCSP 11/04 Aluguel e Rendimento Domiciliar – Brasil, 2001 Samuel Kilsztajn, Anacláudia Rossbach, Manuela Santos Nunes do Carmo, Gustavo Toshiaki Lopes Sugahara e Erika de Souza Lopes – LES/PUCSP
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