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O que é Eutanásia Eutanásia é um termo de origem grega (eu + thanatos) que significa boa morte ou morte sem dor. A prática de eutanásia é suportada pela teoria que defende o direito do doente incurável de pôr termo à vida quando sujeito a intoleráveis sofrimentos físicos ou psíquicos. Em sentido amplo a eutanásia implica uma morte suave e indolor. No seu sentido restrito, implica o ato de terminar a vida de uma pessoa ou ajudar no seu suicídio. Os defensores da eutanásia argumentam que cada pessoa tem o direito à escolha entre viver ou morrer com dignidade quando se tem consciência de que o estado da sua enfermidade é de tal forma grave, que não compensa viver em sofrimento até que a morte chegue naturalmente. Quem condena a prática de eutanásia, utiliza frequentemente o argumento religioso de que só Deus tem o direito de dar ou tirar a vida e, portanto, o médico não deve interferir neste dom sagrado. Motivos que Levam a Eutanásia A eutanásia pode ocorrer por vários motivos: vontade do doente; porque os doentes representam uma ameaça para a sociedade (eutanásia eugênica); ou porque o tratamento da doença implica uma grande despesa (eutanásia econômica). Eutanásia ativa e eutanásia passiva Existem duas formas de prática da eutanásia: ativa e passiva. A eutanásia ativa acontece quando se apela a recursos que podem findar com a vida do doente (injeção letal, medicamentos em dose excessiva etc.). Na eutanásia passiva, a morte do doente ocorre por falta de recursos necessários para manutenção das suas funções vitais (falta de água, alimentos, fármacos ou cuidados médicos). Ortotanásia e Distanásia Ortotanásia A ortotanásia consiste em tratar os sintomas de uma doença – ainda que ela seja terminal – para melhorar a qualidade de vida. Isto acontece em casos que uma pessoa se encontra em coma ou estado vegetativo, não havendo tendência para que recupere. A ortotanásia é contemplada por muitos como uma morte que ocorre de forma mais natural. A ideia é deixar morrer da maneira mais confortável possível. – A ortotanásia seria deixar morrer, enquanto a eutanásia seria fazer morrer. No Brasil a ortotanásia é aceita. A Distanásia É vista como o contrário da eutanásia, e remete para o ato de prolongar ao máximo a vida de uma pessoa que tem uma doença incurável. Frequentemente a distanásia implica uma morte lenta e sofrida. O novo Código de Ética Médica brasileiro, em vigor desde abril de 2010, no trecho que aponta os princípios fundamentais da atividade médica, se posiciona contra a prática da distanásia. “Exemplo nesse sentido foi dado pelo papa João Paulo II. Quando foi proposto a ele que voltasse para a UTI do hospital, o pontífice, percebendo que sua vida chegava ao momento final, recusou e simplesmente pediu: “Deixem-me partir, para o Senhor”. Se o papa voltasse ao hospital e ficasse em uma UTI, sua vida certamente poderia ser prolongada por vários dias, mas em que isso o beneficiaria? O que se evitou aqui foi a distanásia. 5 O direito à vida foi consagrado constitucionalmente, como direito fundamental, no caput do art. 5° da Constituição Federal, que garante a sua inviolabilidade, abrange o direito de não ser morto. Atualmente, no código penal brasileiro, a prática da eutanásia não é estipulada. Assim sendo, o médico que termina a vida de um paciente por compaixão comete o homicídio simples indicado no art. 121, sujeito a pena de 6 a 20 anos de reclusão. Por aqui, os avanços mais recentes em relação à "morte com dignidade" se encontra , por exemplo, no Estado de São Paulo, por exemplo, a lei 10241 de 1999, conhecida como Lei Mário Covas, que permite aos paulistas "recusar tratamentos dolorosos ou extraordinários para tentar prolongar a vida" e "optar pelo local de morte". Eutanásia no Código Penal Onde a prática é permitida? Uruguai O Uruguai é sempre lembrado quando o assunto é eutanásia, isso porque, desde 1934, por meio do Código Penal Uruguaio (Lei n. 9.914), o país prevê à possibilidade de os juízes isentar de pena a pessoa que comete o chamado homicídio piedoso. Assim, embora o Uruguai não tenha expressamente legalizado à prática da eutanásia, foi o primeiro país do mundo a tolerar sua prática, permitindo ao juiz, após análise do caso concreto, decidir pela isenção da pena o agente que abreviar a morte de uma pessoa em estado terminal, desde que cumprido determinados requisitos, como: ·ter antecedentes honráveis; ·ser realizado por motivo piedoso, e ·a vítima ter feito reiteradas súplicas. Importante mencionar que o mesmo tratamento não é dado ao suicídio ou morte assistida, constituindo crime, nos termos do artigo 315 do Código Penal Uruguaio: Onde a prática é permitida? Holanda primeiro país do mundo a legalizar e regulamentar a prática da eutanásia, diferente do Uruguai que apenas permitiu aos juízes, diante do caso concreto e das circunstancias, livrar o agente da pena. Os debates sobre o assunto na Holanda ocorrem desde 1973 com o chamado caso Postma. A médica Geertruida Postma, em 1973, foi julgada e condenada pela prática de eutanásia (homicídio) contra sua própria mãe, senhora doente que reiteradamente pedia que a filha lhe retira-se a vida. Depois do caso Postma e de diversas manifestações públicas, a jurisprudência do país foi se abrandando e estabelecendo critérios gerais para a prática da eutanásia, ainda não havia legalização. Este cenário permaneceu até 2001 quando o país finalmente legalizou a prática da eutanásia e do suicídio assistido, alterando os artigos 293 e 294 da Lei Criminal Holandesa onde diz: Com as alterações é permitido, inclusive, a eutanásia em menores de idade, a partir dos 12 anos, entre 12 e 16 é imprescindível a autorização dos pais. Embora legalizada, a eutanásia e o suicídio assistido sofre intenso controle no país. Onde a prática é permitida? Bélgica A Bélgica, juntamente com a Holanda, são os únicos dois países do mundo a expressamente legalizarem a prática da eutanásia. A legalização da eutanásia na Bélgica ocorreu em maio de 2002. Inicialmente a lei belga não se admitia a prática da eutanásia em menores de 18 anos, porém, a lei permitia a eutanásia em pessoas que não estavam em estado terminal. Em fevereiro de 2014 as regras se inverteram, tendo o país autorizado a eutanásia em qualquer idade, bem como a restrição somente aos pacientes em estado terminal. Na nova legislação, assim como na antiga, é imprescindível autorização do paciente, fato este que vem causando muitas discussões como: O pedido deve ser modo "voluntário, refletido e repetido e que não seja fruto de pressões externas", segundo a lei. Os responsáveis legais também deverão autorizar a prática. Um ponto bastante debatido no país foi como definir se a criança tem discernimento ou não. O texto determina uma avaliação do médico responsável e também de um psiquiatra infantil para atestar a maturidade do paciente. A ampliação da lei sofre a oposição de alguns pediatras e da hierarquia católica belga, embora pesquisa indique que 74% da população é a favor. Na Bélgica todos os procedimentos são obrigatoriamente revistos por um comitê especial e no caso de eutanásia infantil é realizado um longo processo junto aos pais com apoio de psicólogos. Onde a prática é permitida? Colômbia A análise da eutanásia na Colômbia é curiosa e juridicamente relevante, na medida em que sua “autorização” se deu por decisão final da Corte Constitucional. Na ocasião do julgamento, em maio de 1997, a Corte Constitucional Colombiana decidiu pela isenção de responsabilidade penal daquele que cometesse o chamado homicídio piedoso, desde que houvesse consentimento prévio e inequívoco do paciente em estado terminal. A decisão da Corte Constitucional não solucionou a insegurança jurídica, já que oCódigo Penal Colombiano, em seu artigo 326, ainda prevê como tipo penal a figura do homicídio piedoso, com pena de 6 meses a 3 anos, motivo pelo qual muitos procedimentos de eutanásia ainda são praticados clandestinamente, acarretando riscos aos pacientes. A tradição católica no país ainda é uma barreira rumo a plena legalização e regulamentação da eutanásia na Colômbia, embora haja uma grande parcela da população que aceite a prática. Onde a prática é permitida? Estados Unidos da América Nos Estados Unidos a decisão sobre a permissão ou proibição da prática da eutanásia é de competência de cada um dos Estados da Federação. É bom esclarecer que, nenhum dos Estados a seguir expostos é permitido a eutanásia propriamente dito, mais sim, é autorizado a prática do suicídio ou morte assistida, método no qual o próprio paciente ingere medicamentos letais previamente prescrito por médico. O Estado do Oregon, no ano de 1997,,foi o primeiro Estado norte americano a permitir que médicos receitem medicamentos letais aos pacientes em estado terminal que manifestarem sua intenção de abreviar a morte. A lei foi aprovada mediante referendo popular . O Estado de Washington ,em 2008, via referendo popular, foi o segundo a legalizar a prática da morte assistida nos EUA. O Estado de Vermont, o terceiro e último Estado norte americano a expressamente autorizar a morte assistida, entretanto, foi o primeiro Estado a legalizar a prática via processo legislativo e não referendo. Estado de Montana a morte assistida é autorizada via processo judicial, tendo a Suprema Corte de Montana, em 2009, se manifestado favoravelmente no caso Baxter vs Montana, onde o doente em estado terminal requereu seu direito a uma morte digna e teve seu pedido aceito. Estado do Texas , por fim, a Lei de “Advance Directives Act” autoriza em determinados casos que médicos e hospitais paralisem os tratamentos quando estes se mostrarem inadequados ou fúteis, permitindo, a eutanásia passiva. Caso Emblemático Nos Estados-Unidos O suicídio assistido da norte-americana Brittany Maynard, de 29 anos, diagnosticada com câncer terminal, trouxe à tona novamente a discussão sobre a eutanásia. Recém casada, Brittany descobriu que só lhe restavam seis meses de vida. Então, decidiu "morrer com dignidade", como ela costumava dizer. Nesse tempo, além de viajar com seu marido e amigos, ela fundou, uma organização que tem como objetivo receber fundos e lutar para que a eutanásia seja legalizada nos Estados Unidos. No dia 1º de novembro de 2014, como havia planejado, Brittany morreu. Para realizar o seu desejo, Brittany mudou-se da Califórnia (onde a eutanásia é proibida) para o Oregon. Onde a prática é permitida? Suíça Na Suíça, embora não haja regulamentação expressa, a Corte Federal, numa interpretação branda da lei, reconheceu o direito de morrer das pessoas (morte assistida). A Suíça é mundialmente famosa quando o assunto é morte assistida, dando ensejo, ao chamado “turismo de morte”, em razão de duas associações locais que promovem de forma rápida e indolor a morte dos pacientes, trata-se da Dignitas e da Exit. A Dignitas promove mortes assistidas em um apartamento em Zurique e já conta com mais de 2000 associados: A organização é mantida com uma taxa anual de 36 francos suíços (cerca de R$ 90) dos associados e eventuais doações. Desde a fundação da organização, há quatro anos, 140 pessoas já se suicidaram no local, tomando uma dose letal de barbitúricos preparada por enfermeiros da organização. Cerca de 80% dos "clientes" da Dignitas são estrangeiros, atraídos pela permissividade da legislação suíça. Os alemães são a maioria. No caso da associação Exit, existem critérios mais rígidos, na medida em que eles apenas fazem o procedimento em cidadãos Suíços ou estrangeiros residentes na suíça: O primeiro critério é que o pedido de assistência seja sério e repetido durante algum tempo. Depois, que tenha uma doença incurável, com morte previsível. Que essa doença provoque no paciente sofrimentos psíquicos e físicos que tornem sua existência insuportável. O pacientes não pode estar dentro de um quadro depressivo. O paciente pode estar triste, porém a tristeza em si mesma não é sintoma de depressão. Conclusão Sem a pretensão de ser conclusivo, este trabalho tem a finalidade de demonstrar que as opiniões divergentes sobre o assunto não foram motivos suficientes para paralisar os debates e que em muitos casos a legalização e regulamentação do tema são os únicos meios de acabar com sérios problemas de saúde pública. Além disso, importante notar a forte influência política, religiosa e médica na consolidação do sistema jurídico de um país, retirando a máxima de que o direito é estático, pelo contrário, nota-se nele um sistema em constante adaptação social. BIBLIOGRÁFIA Direito Constitucional Esquematizado/Pedro Lenza-14ed.rev.atual e amp.-São Paulo:Sairava,2010 http://www.significados.com.br/eutanasia/ http://zh.clicrbs.com.br/rs/vida-e-estilo/noticia/2014/11/saiba-onde-a-eutanasia-e-permitida-e-como-o-tema-e-tratado-no-brasil-4634762.html www.ambito-juridico.com.br www.G1.globo.com.br OBRIGADO A TODOS !!!
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