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Usucapião: Aquisição de Propriedade

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USUCAPIÃO
Forma de aquisição de propriedade móvel ou imóvel pela posse prolongada e ininterrupta, durante o prazo legal estabelecido para a prescrição aquisitiva, suas espécies, requisitos necessários e causas impeditivas.
Usucapião é um modo de aquisição da propriedade e ou de qualquer direito real que se dá pela posse prolongada da coisa, de acordo com os requisitos legais, sendo também denominada de prescrição aquisitiva. 
Espécies 
A usucapião pode recair tanto sobre bens móveis quanto sobre imóveis, sendo a usucapião sobre bens imóveis ficará discriminados em três espécies: extraordinário, ordinário e especial (rural e urbana). 
Usucapião extraordinário, previsto no artigo 1.238 do Código Civil, tem como requisitos a posse ininterrupta de 15 (quinze) anos, exercida de forma mansa e pacífica com ânimo de dono, que poderá ser reduzida para 10 (dez) anos nos casos em que o possuidor estabelecer no imóvel a sua moradia habitual ou nele tiver realizado obras e serviços de caráter produtivo. A usucapião ordinário está prevista no artigo 1.242 do mesmo diploma legal e tem como requisitos a posse contínua, exercida de forma mansa e pacífica pelo prazo de 10 (dez) anos, o justo título e a boa fé, reduzindo esse prazo pela metade no caso de o imóvel "ter sido adquirido, onerosamente, com base no registro constante em cartório, cancelada posteriormente, desde que os possuidores nele tiverem estabelecido a sua moradia, ou realizado investimentos de interesse social e econômico", nos termos do artigo 1.242, parágrafo único do CC. 
A usucapião rural, também denominado pro labore, tem como requisitos a posse como sua por 5 (cinco) anos ininterruptos e sem oposição, de área rural não superior a cinquenta hectares, desde que já não seja possuidor de qualquer outro imóvel, seja este rural ou urbano. Ainda apresenta como requisito o dever de tornar a terra produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia. Já a usucapião urbana, também denominado de pro misero ou pró-moradia, tem como requisitos a posse sem oposição de área urbana de até duzentos e cinquenta metros quadrados por 5 (cinco) anos ininterruptos, utilizando-a como moradia sua ou de sua família, sendo vedada a posse de qualquer outro imóvel. A usucapião rural e urbano estão previstas nos artigos 1.239 e 1.240 do CC, respectivamente. 
O artigo 10 do Estatuto da Cidade (Lei n° 10.257/2001) prevê a usucapião coletiva que tem como requisito a ocupação por 5 (cinco) anos ininterruptos e sem oposição de áreas urbanas com mais de duzentos e cinquenta metros quadrados por população de baixa renda com o fim de constituir moradia, com a ressalva de que os possuidores não sejam proprietários de qualquer outro imóvel, como nos outros casos de usucapião. Vale ressaltar que nessa espécie de usucapião é necessário também que na área ocupada não seja possível indentificar de forma individual os terrenos ocupados, por isso o termo coletivo.
A Lei n° 12.424/11 acrescentou o art. 1240-A ao Código Civil, que prevê a possibilidade da usucapião da propriedade dividida com ex-cônjuge ou ex-companheiro que abandonou o lar àquele que exercer, por 2 anos ininterruptamente e sem oposição, posse direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250 metros quadrados, utilizando-o para sua moradia ou de sua família e desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
Requisitos necessários 
Constituem requisitos para a consumação da usucapião: a coisa hábil ou suscetível de usucapião, a posse, o decurso do tempo, o justo título e a boa-fé, sendo certo que os três primeiros itens são requisitos necessários para todas as espécies, enquanto o justo título e a boa-fé são requisitos somente da usucapião ordinário. 
Primeiramente, deve ser verificado se a coisa é suscetível de usucapião, posto que os bens fora do comércio e os bens públicos não se sujeitam a esta forma de aquisição de propriedade. 
A posse é fundamental para a caracterização da prescrição aquisitiva, no entanto, não é qualquer posse que a configura, pois a lei, nos artigos 1.238 a 1.242 do CC, exige que a mesma seja revestida de algumas características, ou seja, deverá ser revestida com o ânimo de dono, ser mansa e pacífica, isto é sem oposição, cabendo ressaltar que a defesa desta posse em juízo contra terceiros não retira essa característica, desde que fique configurado o ânimo de dono e, por fim, deverá ser contínua, sem interrupção, ficando proibida a posse em intervalos, sendo que ela deve estar conservada durante todo o tempo que antecede o ajuizamento da ação de usucapião. 
Com relação ao decurso do tempo, frisa-se que este é contado por dias e não por horas, iniciando-se ao dia seguinte o da posse. Sendo assim, não conta o primeiro dia, mas conta o último. 
O justo título é aquele que seria hábil para transmitir o domínio e a posse se não existir nenhum vício que impeça tal transmissão e a boa-fé ocorre quando o possuidor não tem conhecimento de que a coisa é viciada, ou seja, possui obstáculo que impede a sua aquisição, devendo a mesma existir desde o começo da posse até o fim do decurso do prazo prescricional aquisitivo. 
Causas impeditivas 
Constituem causas impeditivas, a usucapião de bens: 
a) entre cônjuges, na constância do matrimônio; 
b) entre ascendente e descendente, durante o pátrio poder; 
c) entre tutelados e curatelados e seus tutores e curadores, durante a tutela e a curatela; 
d) em favor de credor pignoratício, do mandatário, e, em geral, das pessoas que lhe são equiparadas, contra o depositante, o devedor, o mandante, as pessoas representadas, os seus herdeiros, quanto ao direito e obrigações relativas aos bens, aos seus herdeiros, quanto ao direito e obrigações relativas aos bens confiados à sua guarda. 
E, ainda o artigo 1.244 do CC dispõe que as causas que obstam, suspendem ou interrompem a prescrição também se aplicam à usucapião, e dessa forma não ocorrerá usucapião: 
a) contra os incapazes de que trata o art. 5° do Código Civil; 
b) contra os ausentes do país em serviço público da união, dos Estados, ou dos Municípios; 
c) contra os que se acharem servindo na armada e no exército nacionais, em tempo de guerra; 
d) pendendo condição suspensiva; 
e) não estando vencido o prazo; 
f) pendendo ação de evicção. 
Ação de usucapião 
A ação de usucapião deve ser proposta pelo atual possuidor do imóvel, que fará juntar a inicial a planta da área usucapienda e a sentença que a julgar será registrada, mediante mandado, no respectivo Registro de Imóveis, sendo certo que a intervenção do Ministério Público será obrigatória. 
Esta ação, por força do artigo 1.241 do CC, tem natureza declaratória, estando regulada no CPC pelos artigos 941 a 945, devendo ser ajuizada no foro da situação do imóvel, que será minuciosamente discriminado na inicial. 
RESUMO: USUCAPIÃO – ESPÉCIES E REQUISITOS
A usucapião se dá pela:
a) posse mansa;
b) pacífica;
c) contínua.
A exceção dos bens públicos, todos os outros são passíveis de usucapião.
Usucapião não se confunde com a prescrição aquisitiva, já que esta somente opera a perda do direito de ação, e nunca a aquisição.
Como efeito da posse e modo de aquisição da propriedade, a usucapião pode ser invocada como argumento de defesa, no curso do processo. Contudo, não pode ser alegada nas seguintes situações:
a) durante a vigência da condição suspensiva pois ela, como modalidade do ato ou do negócio jurídico, impede a aquisição de direitos enquanto não se verificar o evento futuro e incerto;
b) durante ação de evicção;
c) com a citação pessoal do devedor;
d) com o ato judicial que constitui o devedor em mora;
e) com o protesto;
f) com a apresentação do título de crédito no juízo do inventário ou em concurso de credores.
ESPÉCIES
I – CÓDIGO CIVIL
1) USUCAPIÃO ORDINÁRIA/COMUM
Bem imóvel: CC 1242 e 1379 parágrafo único (servidão)
Bem móvel: CC 1260
Requisitos:
Além de posse mansa, pacífica e contínua
a) Boa-fé;
b) Justo Título;
***obs: O justo título em todos os casos de usucapião ocorrecom a apresentação de qualquer documento demonstrativo da legitimidade da posse, desde que, quando particular, tenha a assinatura de duas testemunhas. Ex: contrato de compra e venda.
Prazo de posse contínua:
a) 10 anos para bens imóveis;
b) 3 anos para bens móveis.
1.2) USUCAPIÃO ORDINÁRIA HABITACIONAL
CC art. 1242 parágrafo único 
Requisitos:
Além de posse mansa, pacífica e contínua
a) Finalidade habitacional (em solo urbano);
b) Boa-fé;
c) Justo Título;
Prazo de posse contínua:
a) 5 anos.
Obs: não existe qualquer tipo de especificação sobre limite de área.
1.3) USUCAPIÃO ORDINÁRIA PRO LABORE
CC art. 1242 parágrafo único 
Requisitos:
Além de posse mansa, pacífica e contínua
a) Finalidade de exploração econômica no imóvel, atividade laboral -extrativista, pecuária ou agrícola – (terras rurais);
b) Boa-fé;
c) Justo Título;
Prazo de posse contínua:
a) 5 anos.
Obs: não existe qualquer tipo de especificação sobre limite de área.
2) USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIA 
Bem imóvel: CC art. 1238
Bem móvel: CC art. 1260 
Requisitos:
É necessária a posse mansa e continua, contudo, não se exige boa-fé ou justo título.
Prazo de posse contínua:
a) 15 anos para bem imóvel;
b) 5 anos para bem móvel;
2.1 USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIA HABITACIONAL
CC art. 1238 parágrafo único.
Requisitos:
É necessária a posse mansa e continua de imóvel urbano para fins de moradia, contudo, não se exige boa-fé ou justo título.
Prazo de posse contínua:
a) 10 anos.
Obs: não existe qualquer tipo de especificação sobre limite de área.
2.2 USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIA PRO LABORE 
CC art. 1238 parágrafo único.
Requisitos:
É necessária a posse mansa e continua de imóvel rural para fins de exploração econômica (extrativista, pecuária ou agrícola), contudo, não se exige boa-fé ou justo título.
Prazo de posse contínua:
a) 10 anos.
Obs: não existe qualquer tipo de especificação sobre limite de área.
II – CONSTITUIÇÃO FEDERAL (CF/1988)
1) USUCAPIÃO CONSTITUCIONAL HABITACIONAL (pro morare ou pro misero)
CF art. 183 e CC art. 1240
Requisitos:
a) Não se exige boa-fé ou justo título;
b) O imóvel URBANO não pode ultrapassar 250 m²;
c) O possuidor não pode ser titular de outro imóvel seja ele rural ou urbano.
Prazo de posse contínua:
a) 5 anos.
1) USUCAPIÃO CONSTITUCIONAL PRO LABORE
CF art. 191 e CC art. 1239
Requisitos:
a) Não se exige boa-fé ou justo título;
b) O imóvel RURAL não pode ultrapassar 50 Hm²;
c) O possuidor não pode ser titular de outro imóvel seja ele rural ou urbano.
Prazo de posse contínua:
a) 5 anos.
** Muito embora o Enunciado 313 da IV Jornada do CJF tenha entendido que tanto na usucapião constitucional urbano quanto no rural não é possível o desmembramento de área a fim de atingir o limite máximo, a melhor orientação está no sentido de que compete ao juiz aferir a possibilidade de desmembramento de área, junto ao Registro de Imóveis, para fins de concessão do direito de usucarpir, dando real cumprimento à função social da propriedade. 
III – LEI 6.969/1981
1) USUCAPIÃO POR INTERESSE SOCIAL
Requisitos:
a) Não se exige boa-fé ou justo título;
b) O imóvel RURAL não pode ultrapassar 25 Hm²;
c) O possuidor e os membros de sua família não podem ser titular de outro imóvel seja ele rural ou urbano.
Prazo de posse contínua:
a) 5 anos.
Obs:
a) Trata-se inegavelmente de uma modalidade de usucapião pro labore, contudo, mesmo com a instituição da usucapião constitucional pro labore ela não foi revogada, visto que admite a usucapião de terras devolutas;
b) Nesta modalidade a concessão não ocorre somente via judiciário, ela também pode ocorrer administrativamente;
c) Proíbe-se, entretanto, a usucapião de área de segurança nacional, de área indígena e de área de proteção ambiental.
IV – LEI 10.257/2001
1) USUCAPIÃO URBANA (ESTATUTO DA CIDADE)
Também chamada de usucapião para pessoas de baixa renda
Requisitos:
a) Não se exige boa-fé ou justo título;
b) Deve ocorrer de forma coletiva (composse), onde não seja possível mensurar com precisão a área de posse de cada um;
c) A área deve ter MAIS que 250m²;
d) O possuidor não pode ser titular de outro imóvel seja ele rural ou urbano.
Prazo de posse contínua:
a) 5 anos.
________________________________________________________
FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE:
URBANA: CF art. 182, § 2º;
RURAL: CF art. 186.
USUCAPIÃO FAMILIAR
Usucapião Familiar – Artigo 1240-A do Código Civil
NOVA REDAÇÃO:
Art. 1.240-A. Aquele que exercer, por 2 (dois) anos ininterruptamente e sem oposição, posse direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250m² (duzentos e cinquenta metros quadrados) cuja propriedade divida com ex-cônjuge ou ex-companheiro que abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. (Incluído pela Lei nº 12.424, de 2011)
§ 1o O direito previsto no caput não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.
o ex-cônjuge ou ex-companheiro que continue a habitar o imóvel abandonado pelo outro pode requerer em juízo a integralidade da propriedade, que antes era mantida em regime de condomínio entre o casal, desde que não seja proprietário de outro imóvel.
O ato de abandonar o lar deve ser voluntário e injustificado, o conjuge pretendente em usucapir deverá, como requisito, demonstrar que a saída do lar se deu injustificadamente.
O marco inicial para ingressar com a ação é do divórcio ou dissolução da união estável (separação de fato), ou seja, deve ser demonstrado que houve a existência da relação e sua respectiva dissolução, por exemplo, casal divorciado após edição da Lei, reconhecido no termo de audiência um imóvel em comum e durante a posse direta do cônjuge que habita a residência sem oposição por dois anos ininterruptos, poderá requerer em juízo a fração do ex-cônjuge.
REQUISITOS:
a) O imóvel ter área inferior a 250 m²;
b) Abandono de lar por um dos ex-cônjuges ou ex-companheiros;
c) Exercício de posse pela parte inocente pelo menos dois anos a partir do abandono do lar, sem oposição;
d) A parte requerente não ser proprietária de outro imóvel urbano ou rural;
Diferentes espécies de USUCAPIÃO para imóveis 
[1] usucapião, é assunto largamente presente no cotidiano das pessoas por traduzir discussão acerca do patrimônio, haja vista aquele instituto ser um dos modos de se adquirir a propriedade. [1: [1] Usucapião é um substantivo comum de dois gêneros, segundo Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa - VOLP. Acesse o site da Academia Brasileira de Letras e confira: http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=23]
Com o advento do Código Civil de 2002, ocorreram algumas mudanças no referido instituto dando lugar a novas espécies, inclusive. O mesmo ocorreu em 2011, com a Lei 12.424 de 16 de junho de 2011, a qual trouxe uma nova usucapião, a familiar, como denominam alguns doutrinadores, v. g., Maria Helena Diniz. 
Com o Código Civil aberto, ao ler os artigos 1.238 até 1.244 notamos haver sete  tipos de usucapião, além de haver mais um no Estatuto da Cidade (Lei 10.257/2001), totalizando oito espécies. Contudo, mesmo havendo notória diversidade de hipóteses de cabimento da respectiva ação, infelizmente alguns profissionais, ao ingressarem com a demanda, fazem inserir apenas AÇÃO DE USUCAPIÃO. 
Desse modo, sem delimitar, no início ou ao longo da narrativa, qualquer indício da espécie a qual se pleiteia, a outra parte, se bem observar que o pedido foi elaborado de maneira genérica, poderá pedir a carência da ação, extinção do processo sem julgamento de mérito, e tudo o mais para bem contestar uma peça mal elaborada.
Com o intuito de expor, de maneira didática, as espécies e requisitos, montamos uma abordagem diferente para você, leitor, entender melhor o assunto.
Vamos lá!
	USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIA
Art. 1.238, caput, CC.
	Tempo: 15 anos.
Não é necessário haver boa-fé e nem justo título[2]. Os principais requisitos a se provar é a posse mansa, pacífica eininterrupta pelo lapso temporal referido, qual seja, quinze anos.[2: [2] Todo e qualquer documento que, em tese, seria hábil para transferência do domínio, mas que, por existência de um vício, não pode fazê-lo.]
	USUCAPIÃO EXT. REDUZIDA[3][3: [3] Maria Helena Diniz denomina de “abreviadas” as espécies em que inscrevemos como reduzidas. É apenas uma questão didática de subdivisão.]
Art. 1.238, § único, CC.
	Tempo: 10 anos. Por ser subespécie da extraordinária, também não há necessidade de haver justo título nem boa-fé. Entretanto, para o autor conseguir a redução de cinco anos é necessário que tenha feito no imóvel obras ou serviços de caráter produtivo, aumentando a utilidade daquele.
	USUCAPIÃO ESPECIAL RURAL
OU pró-labore, constitucional.
Art. 1.239, CC.
	Tempo: 5 anos. Imóvel até 50 hect. O possuidor deve comprovar que fez da propriedade um bem produtivo, estabelecendo ali sua morada. O usucapiente[4] não pode ser proprietário ou possuidor direto de outro imóvel, seja urbano ou rural.[4: [4] O autor da ação de usucapião.]
	USUCAPIÃO ESPECIAL URBANA
OU pró-misero, pró-moradia, pró-habitatione, habitacional.
Art. 1.240, CC.
	Tempo: 5 anos. Não é necessário justo título nem boa-fé. O imóvel deve ser de até 250m2. Aqui também o possuidor não pode ser proprietário ou possuidor direto de outro imóvel, seja urbano ou rural.
	USUCAPIÃO FAMILIAR
OU conjugal
Art. 1.240-A, CC.
	Tempo: 2 anos, a contar do abandono do imóvel pelo cônjuge. O imóvel o qual pertencia ao casal ou de um deles, deve ser de até 250m2. Importante mencionar que o consorte possuidor do imóvel não pode, para efeitos dessa usucapião, ser possuidor de outro imóvel, seja na zona urbana ou rural.
	USUCAPIÃO ORDINÁRIA
Art. 1.242, caput
	Tempo: 10 anos. Difere da extraordinária reduzida porque, neste caso, o possuidor deve estar de boa-fé, ou seja, ignora qualquer obstáculo impeditivo. O possuidor deve ter, ainda, justo título[5][5: [5] Enunciado 86, STJ: “A expressão justo título, contida nos arts. 1.242 e 1.260, CC, abrange todo e qualquer ato jurídico hábil, em tese, a transferir a propriedade, independente de registro.”]
	USUCAPIÃO ORD. REDUZIDA
Art. 1.242, § único, CC.
	Tempo: 5 anos. Bem adquirido onerosamente e teve registro cancelado, mas havia boa-fé do possuidor. Para valer-se dessa espécie, deve comprovar que mantém no imóvel sua morada ou realizou investimentos de interesse social ou econômico. 
	USUCAPIÃO COLETIVA
Art. 1.228, §4.º, CC e art. 10, Lei 10.257/01, Estatuto da Cidade.
	Tempo: 5 anos. Caberá esta espécie quando se tratar de áreas urbanas com mais de 250m2, ocupadas por população de baixa renda, não se sabendo precisar a delimitação de cada um. Referido prazo deve ser sem interrupção e nem oposição. Neste caso, é rito é sumário, sendo obrigatória a intervenção do MP.
Agora ficou fácil, não é?!
Dica: as Súmulas 237, 263, 391 e 445 do STF, bem como a 11 do STJ, versam sobre usucapião.
Bons estudos!
A USUCAPIÃO E SUAS ESPÉCIES PREVISTAS NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO
Cláudio Contarini de Souza Filho[1]
Danildo de Oliveira [2]
Tauã Lima Verdan Rangel[3]
Resumo: O tema deste trabalho é a análise das diversas espécies de usucapião existente no ordenamento jurídico brasileiro. No desenvolvimento é realizada uma abordagem, de forma abrangente, discorrendo sobre cada uma delas, observando os seus requisitos, base legal e aspectos doutrinários. Em seguida, é dada ênfase aos cinco pressupostos: coisa hábil ou suscetível; posse; decurso do tempo; justo título e boa-fé, examinando todos individualmente, demonstrando os seus requisitos e exceções.
Palavras-chave: Código Civil. Usucapião. Propriedade. Posse.
Sumário: 1 Introdução; 2 Usucapião extraordinária; 3 Usucapião ordinária; 4 Usucapião especial; 5 Usucapião coletiva urbana; 6 Usucapião indígena; 7 Pressupostos da usucapião; 8 Conclusão.
1 INTRODUÇÃO
O ordenamento jurídico brasileiro estabeleceu requisitos que possibilitam a aquisição da propriedade de bens pelo tempo e pelo uso. A posse prolongada e a destinação social dada abrem precedentes para o possuidor se tornar proprietário do bem possuído. Aquele que utiliza o bem de forma útil e durante longo tempo, acaba sendo privilegiado em relação àquele que nada faz e, ainda, permanece inerte, sem se opor ou dar alguma utilidade a ele. Ao descrever as diferentes espécies de usucapião existente, o presente estudo pretende apresentar, de forma detalhada, os pressupostos previstos para a aquisição da propriedade pelo uso.
2 USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIA
A usucapião extraordinária esta tutelada no artigo 1.238 da Lei Nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002[4], que institui o Código Civil, e é a mais comum dentre as que abrangem os bens imóveis. Isso, porque usucapiente para ser proprietário do bem, não precisa de justo título, nem estar de boa-fé, visto que, estes não são requisitos. Os requisitos exigidos por esse tipo de usucapião são: posse de 15 anos, exercida com animus domini (intenção de ser dono), continua, mansa e pacífica, no qual se verifica os aspectos objetivos de tempo e posse sobressaindo sobre o aspectos subjetivo da boa-fé. É o que nos ensina a doutrina:
Este usucapião funda-se apenas na posse e no tempo, dispensando o justo título e a boa fé. Não é que o sistema proteja a má-fé: apenas, a bem da estabilidade das situações definidas e, pois, da paz social, não cogita da boa-fé[5].
É importante dizer que quando ocorre a perda da propriedade imóvel pelo antigo proprietário pela usucapião, o fato se sustenta na sua inércia pelo período de quinze anos em tentar recuperar a coisa. Em relação ao animus dominie, segundo Benedito Silverio Ribeiro[6], é designativo de posse com ideia ou convicção de proprietário, sendo comum expressão posse com ânimo de dono. Cabe ressaltar, que o tempo para aquisição da propriedade pode ser reduzido, conforme disposto no parágrafo único do artigo 1.238 da Lei Nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002[7], que institui o Código Civil. O referido artigo narra que, caso seja feita no imóvel a moradia habitual do possuidor, ou nele seja feita obras ou serviços de caráter produtivo, o prazo diminuirá para 10 (dez) anos.
Para que ocorra a redução do prazo é necessário provar o que se pede. Diferente de que muitos acreditam, apenas a comprovação do pagamento de tributos do imóvel, como IPTU, não basta para requerer o usucapião habitacional, pois segundo Carlos Roberto Gonçalves[8] tal fato poderia propiciar direito a quem não se encontrasse em situação efetivamente merecedora do amparo legal. A Lei Nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002[9], que institui o Código Civil, ainda apresenta, em seu artigo 1.231, que a propriedade obtida compreende todos os direitos reais, também atingindo os sobre coisa alheia, como: a servidão, o usufruto, habitação, a anticrese e etc.
3 USUCAPIÃO ORDINÁRIA
A usucapião ordinária está prescrita no artigo 1.242 da Lei Nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002[10], que institui o Código Civil, onde afirma: “Adquire também a propriedade do imóvel aquele que, contínua e incontestadamente, com justo título e boa-fé, o possuir por dez anos”. Verifica-se que esta se distingue da extraordinária, principalmente no tocante do lapso temporal e a inclusão dos requisitos de justo título e boa-fé.
Essa espécie de usucapião, como descrito no artigo acima possui os mesmo requisitos que a extraordinária, quais são: ânimo de dono, posse continua, mansa e pacífica, o que realmente diferencia é a inclusão de mais dois requisitos, quais são: o justo título e a boa-fé (que são dispensáveis na usucapião extraordinária). Silvio de Salvo Venosa confirma:
A noção de justo título está intimamente ligada à boa-fé. O justo título exterioriza-se e ganha solidez na boa-fé. Aquele que sabe possuir de forma violenta, clandestina ou precária não tem justo título. Cabe ao impugnante provar a existência de má-fé, porque (a) boa-fé se presume.[11]
 
Ora, se considerar o raciocínio de que para atender os requisitos da usucapião ordináriao possuidor sofre maior dificuldade, logo é justo que este tenha uma contra prestação, sendo esta a atenuação do tempo de posse requerida para dez anos. Cabe ressaltar, que, assim como a extraordinária, essa espécie de usucapião também aceita a modalidade habitacional, conforme o parágrafo único do artigo 1.242, da Lei Nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002[12], que institui o Código Civil. Nesse quesito não há novidades, pois aquele que estabelecer sua moradia no imóvel, ou nele realizar investimentos, serviços que tenham por finalidade interesse social e econômico, terá reduzido para cinco anos o tempo para aquisição da propriedade.
A usucapião ordinária, trás uma novidade em relação a extraordinária, sendo esta o acréscimo do tempo possuído pelo requerente com o do antecessor do imóvel, tendo a finalidade de completar o tempo exigido. O artigo 1.243 dispõe isto, mas é claro que para isso acontecer também o antecessor deve respeitar os requisitos necessários para a propositura de referida ação.
4 USUCAPIÃO ESPECIAL
A usucapião especial, dentre os outros tipos, é a que mais se difere, digo isso, porque esta tem peculiaridades que fazem jus à sua denominação. Esta se encontra tutelada em várias matérias do direito, seja na Lei Nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002[13], que institui o Código Civil, em seus artigos 1.239 e 1.240-A, seja na Constituição Federal da República Federativa do Brasil de 1988[14], artigo 183, ou em lei própria, tal como ocorre na Lei Nº. 6.969, de 10 de dezembro de 1981[15], que dispõe sobre a aquisição, por usucapião especial, de imóveis rurais, altera a redação do §2º do art. 589 do Código Civil e dá outras providências.
É imprescindível lembrar, que esta pode ser dividida em dois tipos: a rural, também chamado de “pro labore” e a urbana ou “pró-moradia”. Na rural os requisitos são: a posse por cinco anos ininterruptos, sem oposição, tendo animos domini, mansa e pacífica, onde a área de terra em zona rural não seja superior a 50 (cinquenta) hectares, equivalente a 500.000 (quinhentos mil) metros quadrados, sendo esta produtiva para o trabalho do usucapiente e estabelecendo nela sua moradia. Benedito Silvério Ribeiro[16] relata que a Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil de 1934 foi a primeira a permitir usucapir imóvel rural. Ela estabelecia em seu artigo 125 o seguinte:
Art. 125. Todo brasileiro que, não sendo proprietário rural ou urbano, ocupar, por dez anos contínuos, sem oposição nem reconhecimento de domínio alheio, um trecho de terra até dez hectares, tornando-o produtivo por seu trabalho e tendo nele a sua morada, adquirirá o domínio do solo, mediante sentença declaratória devidamente transcrita[17]. 
A Constituição dos Estados Unidos do Brasil de 1937[18], permaneceu com o mesmo texto, mudando apenas o artigo em que a usucapião era permitida. Na Constituição dos Estados Unidos do Brasil de 1946[19], o texto constitucional foi alterado, mudando apenas o tamanho da área que poderia ser usucapida, passando de até 10 hectares (100.000 metros quadrados) para 25 hectares (250.000 metros quadrados). Em 1964, houve a Emenda Constitucional 10[20], que permitiu ao lavrador e sua família usucapir áreas não excedentes a cem hectares, porém no mesmo ano a Lei número 4.504, de 30 de novembro de 1964, que define sobre o Estatuto da Terra e dá outras providências, regularizou o assunto dispondo em seu artigo 98 o seguinte:
Art. 98. Todo aquele que, não sendo proprietário rural nem urbano, ocupar por dez anos ininterruptos, sem oposição nem reconhecimento de domínio alheio, tornando-o produtivo por seu trabalho, e tendo nele sua morada, trecho de terra com área caracterizada como suficiente para, por seu cultivo direto pelo lavrador e sua família, garantir-lhes a subsistência, o progresso social e econômico, nas dimensões fixadas por esta Lei, para o módulo de propriedade, adquirir-lhe-á o domínio, mediante sentença declaratória devidamente transcrita[21].
No ano de 1969, foi estabelecido por meio da Emenda Constitucional nº 1[22], que não poderiam mais ser usucapidas terras públicas, o que se manteve na atual Constituição da República Federativa do Brasil de 1988[23]. Verifica-se que esse tipo de usucapião exige que o requerente trabalhe na terra e estabeleça nela moradia, diferente dos outros tipos de usucapião (extraordinária e ordinária), em que pode haver a alternância entre um ou outro. Nesse caso, existe a necessidade do acumulo de tarefas. O objetivo do instituto é fixação do homem no campo, permitir que com isso, este tenha, além de um lugar para morar, um meio de sustento para a sua família. Tal assertiva encontra respaldo na doutrina brasileira, conforme sustentação de Carlos Roberto Gonçalves:
O benefício é instituído em favor da família, cujo conceito encontra-se estampado na Constituição Federal: é constituída pelo casamento a entidade familiar, que envolve a união estável e a família monoparental (art. 226, §§ 1º a 4º). Por essa razão, a morte de um dos cônjuges, de um dos conviventes ou do pai ou da mãe que dirige a família monoparental não prejudica o direito dos demais integrantes[24].
Quanto à usucapião urbana, em relação ao rural, o artigo 1.240, da Lei Nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002[25], que institui o Código Civil, não apresenta diferenças no tempo exigido, sendo este também de cinco anos. Ao lado disso, o que se deve analisar é área do imóvel requerido, que neste tipo comporta apenas 250 m2 (duzentos e cinquenta metros quadrados), contra 500.000 m2 (quinhentos mil metros quadrados) do rural. Ora, diferente do rural a usucapião especial urbana não detém a necessidade de produção de trabalho no imóvel, basta o usucapiente não ser proprietário de outros imóveis, seja urbano ou rural e utilizar o terreno para sua moradia ou de sua família para conseguir usucapir.
É claro que este tipo de usucapião não foge de requisitos essenciais como possui o imóvel com intenção de ser dono, posse mansa e pacífica, ininterrupta; a propósito não se cabe a acessio possessionis (adição da posse), neste tipo de usucapião, apenas é cabível no ordinário. Além do rural e urbano, a usucapião especial contém mais um tipo, este tutelado no artigo 1.240-A, da Lei Nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002[26], que institui o Código Civil. A modalidade em comento tem assento em face do ex-cônjuge que abandonou sua família e moradia. Para ocorrência desse caso é necessário que o imóvel seja urbano, com área não superior a 250 m² (duzentos e cinquenta metros quadrados), que o cônjuge que ficou na posse do imóvel exerça-a durante dois anos ininterruptos, sem oposição, de forma mansa e pacífica e que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
Neste caso, o cônjuge que ficou no lar passa a ter o domínio com exclusividade do bem, não sendo mais a posse repartida com o outro que abandonou a moradia. Por não haver, ainda, regramento processual específico para as modalidades de usucapião especial, o Estatuto da Cidade (Lei 10.257/2001[27]) determinou que o rito processual para usucapião especial de imóvel urbano é o sumário.
5 USUCAPIÃO COLETIVA URBANA
Esse tipo de usucapião encontra-se disposta no artigo 10 do Estatuto da Cidade (Lei 10.257/2001), no qual diz:
Art. 10. As áreas urbanas com mais de 250 m2 (duzentos e cinquenta metros quadrados), ocupadas por população de baixa renda para sua moradia, por 5 (cinco) anos,, ininterruptamente e sem oposição, onde não for possível identificar os terrenos ocupados por cada possuidor, são susceptíveis de serem usucapidas coletivamente, desde que os possuidores não sejam proprietários de outro imóvel urbano ou rural.[28]
Apesar usucapião ser parecida com a Usucapião Especial Urbana (que trata de situação individuais de cada pessoa), no que tange o tempo (ambas possuem a prescrição aquisitiva em cinco anos ininterruptos), a posse (que deve ser mansa e pacífica), animo de dono e não ser proprietário de outro imóvel, sendo rural ou urbano, a usucapião coletiva urbana se diverge em alguns aspectos, sendo estes: o tamanhoda propriedade usucapida que deve ser maior que 250 m2 (duzentos e cinquenta e metros quadrados), no qual não é estipulado limite máximo, apenas o mínimo, a população ser de baixa renda, o que não é exigido em nenhum outro tipo de usucapião, e utilizar o terreno para fins de moradia.
Mas, como definir população de baixa renda? Para Carlos Roberto Gonçalves[29] população de baixa renda seria aquela que não se encontra em condições de adquirir um imóvel onerosamente. O autor ainda cita a classificação dos economistas, que entendem que se encontram com baixa renda as pessoas que ganham um salário inferior a três salários mínimos. É óbvio que o valor apontado pelos economistas é estabelecido por uma média, visto que, de região para região, o custo de vida varia, por exemplo: o custo de vida em São Paulo-SP não é o mesmo que de Patos- PB.
Esse tipo de Usucapião fora criado para regularizar áreas que possui um maior aglomerado de pessoas, como as favelas. Cabe lembrar, que a usucapião coletiva diferencia-se de composse, pois no caso não são várias pessoas que detém um terreno em comum, mas consoante Carlos Roberto Gonçalves, um “[...] núcleo habitacional desorganizado como uma unidade, na impossibilidade de destacar parcelas individuais”[30].
Conforme já dito, essa espécie de usucapião requer que o imóvel tenha fins de moradia, o que não quer dizer que este também possa tem uma finalidade comercial associada. Um pequeno bar ou pequena loja associada à residência não descaracteriza a usucapião, pelo contrário, fortifica a ideia do legislador de proporcionar direitos a grupos marginalizados pela sociedade. Por fim, também é cabível neste tipo de usucapião o accessio possessioni, assim como a usucapião ordinária, descrito no artigo 10, parágrafo 1º, da Lei 10.257, de 10 de julho de 2001[31], onde para fim de contar-se o prazo prescricional, poderá a posse de o possuidor ser acrescida a do seu antecessor, apenas se ambas forem contínuas.
6 USUCAPIÃO INDÍGENA
A usucapião indígena esta disposta no artigo 33 do Estatuto do Índio (Lei 6.001/1973), que reza:
Art. 33. O índio, integrado ou não, que ocupe como próprio, por dez anos consecutivos, trecho de terra inferior a cinquenta hectares, adquirir-lhe-á a propriedade plena.[32]
Assim, tanto o índio integrado a civilização, como os índios silvícolas, aqueles que vivem na selva e não tiveram contato com outras culturas, detém o direito de usucapir terras particulares caso vivam nela por 10 (dez) anos consecutivos. É importante ressaltar, que essa espécie de usucapião possui os mesmo requisitos que as demais, com exceção de justo título e boa-fé que é exigido na usucapião ordinária, sendo eles animus domini, posse mansa e pacífica, ininterrupta.
O fato de ser índio não atribui a ela benefício para usucapir terras públicas, assim como disposto no artigo 191, parágrafo único da Constituição Federal·. O próprio artigo 33, da Lei 6.001, de 19 de dezembro de 1973, em seu parágrafo único trás esta impossibilidade ao afirmar:
Parágrafo único. o disposto neste artigo não se aplica às terras do domínio da União, ocupadas por grupos tribais, às áreas reservadas de que se trata esta Lei, nem às terras de propriedade coletiva de grupo tribal.[33]
 
Carlos Roberto Gonçalves[34] lembra que as terras habitadas pelos silvícolas, são bens públicos federais, sendo intangíveis e, portanto, insuscetíveis de apropriação por usucapião. Os índios são protegidos pela FUNAI (Fundação Nacional do Índio), portanto qualquer negócio jurídico que este fizer em regra será nulo se tal fundação não participar. Exceção se da, para aqueles índios que já possuem consciência do que estão fazendo, porém nesses casos só serão válidos os negócios jurídicos se o índio não for prejudicado. Logo, só é possível ajuizar a ação de usucapião indígena, os índios que possuem plena capacidade para assim propor. Os que não possuem serão representados pela FUNAI, é o que afirma Carlos Roberto Gonçalves[35].
7 PRESSUPOSTOS DA USUCAPIÃO
Os pressupostos da usucapião, basicamente são cinco: coisa hábil ou suscetível de usucapião, posse, decurso do tempo, justo título e boa-fé. Ressalva-se que os dois últimos são exigidos apenas na usucapião ordinária, enquanto os outros três são necessários em todos os outros tipos.
COISA HÁBIL: Nada mais é, que o bem passível de prescrição aquisitiva, ou seja, aqueles que não são impedidos de se usucapir, como por exemplo, os bens públicos e os fora do comércio. Os bens titulados como fora do comércio podem ser divididos em quatro tipos: bens naturalmente indisponíveis (ar atmosférico, a água, ou seja, bens coletivos que não se cabem apropriação, pois estão em favor de todos), bens legalmente indisponíveis (de uso especial, uso comum, de uso de incapazes, órgãos do corpo humano) e também, os indisponíveis pela vontade humana, como o caso da adoção e testamentos.
Quanto aos bens naturalmente indisponíveis, isso se dá, pelo fato da impossibilidade de possuí-los. São bens fisicamente impossíveis de se ter. Como ser proprietário do ar atmosférico? Ou ainda, ter o domínio das águas do mar? Já os legalmente indisponíveis são aqueles que a lei proíbe usucapir, como os casos previstos nos artigos 197 e 198, ambos da Lei Nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002, que institui o Código Civil, que tratam da prescrição, assim dizendo:
Art. 197. Não corre a prescrição:
I - entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal;
II - entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar;
III - entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores, durante a tutela ou curatela.
Art. 198. Também não corre a prescrição:
I - contra os incapazes de que trata o art. 3o;
II - contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados ou dos Municípios;
III - contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo de guerra.[36]
 
Como visto, o texto legal estabelece que não ocorre prescrição entre cônjuges, durante a sociedade conjugal, entre ascendentes e descendentes durante o poder familiar, dos tutores e curadores para com seus tutelados e curatelados, contra os absolutamente incapazes, contra os ausentes do País, quando estiverem em serviço da União, dos Estados ou dos Municípios, por fim, contra os que estiverem servindo nas Forças Armadas. Deve se analisar que os casos tutelados nesses artigos não ocorrem prescrição, por estarem os agentes em situação especial ou por questões de confiança e amizade, consoante o artigo 197, da Lei Nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002[37], que institui o Código Civil.
Conforme conciliado pela jurisprudência, os bens públicos não são suscetíveis de usucapião, isso é observado na Súmula 340 do Supremo Tribunal Federal[38], além de diversos artigos encontrados na lei. É o caso do artigo 183, §3º, da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988[39], artigo 102, da Lei Nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002[40], que institui o Código Civil, entre outros.
POSSE: A posse, assim como a coisa hábil exige quesitos para sua concretização, estes são: animus domini, ser mansa e pacífica e continua. O animus domini, ou intenção de dono, nada mais é que a atitude do possuidor tem quem relação ao objeto tratando-o como fosse seu. Deve-se ter cuidado, pois a simples posse direta do bem não caracteriza o animo de dono, nos casos, por exemplo, de comodato e locatário apesar de ser possuidor direto do bem, o agente não possui animus domini por haver uma contra prestação para com o proprietário.
Mas, no momento em que locatário nega-se a cumprir a obrigação a ele imposta, esse passa a ter a intenção, podendo caso não sofra oposição futuramente ajuizar a ação de usucapião. Das posses inicialmente com vício também é possível usucapir, entretanto, isso somente irá ocorrer depois que o vício for cessado. Carlos Roberto Gonçalves[41] cita os casos ocorridos de violência e clandestinidade, onde passados um ano e dia a posse desse possuidor passa a ser injusta, podendo ser mantido provisoriamente no imóvel. Caso, o proprietário não se oponhae esses vícios venham a se espirar, o possuidor, até então provisório, poderá intentar com uma ação de usucapião contra o proprietário do bem. Ressalva-se que na intenção de dono é necessário que o usucapiente tenha uma conduta comissiva em relação ao proprietário, e o proprietário uma conduta omissiva para com esse que esta ficando na posse de seu bem.
Quanto à posse mansa e pacífica, acontece quando o proprietário não demonstra o interesse de defender o seu bem, permitindo que o possuidor fique tranquilamente no imóvel. Por fim, o requisito de a posse ser continua, requer que esta seja ininterrupta, ou seja, se mantenha de forma única, sem intervalos ou frações no tempo. Observa-se, que caso seja a posse interrompida, seja por interrupção natural ou interrupção civil, esta terá seu prazo reiniciado, não podendo ser contado o tempo anterior para o ajuizamento da ação de usucapião.
TEMPO: O tempo da usucapião é um fator que sofre alterações com o passar dos anos. Ao analisar o Código Civil de 1916, Lei 3.071, de janeiro de 1916[42], é possível constatar que o prazo para o usucapiente adquirir a propriedade de um bem, quando por usucapião extraordinária era de 30 (trinta) anos, já a ordinária era de 20 (vinte) anos.
Posteriormente, em 1955, com o advento da Lei 2.437/55[43], de 07 de março de 1955, o prazo de ambos fora reduzido, sendo de 20 (vinte) anos para a extraordinária e 15 (quinze) para a ordinária. Já na Lei Nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002[44], que institui o Código Civil, o tempo para o usucapiente adquirir a propriedade do imóvel também sofreu modificações, conforme o tipo de usucapião e a utilidade destinada a este. Na usucapião extraordinária o prazo estipulado é de 15 anos (o normal) e 10 (dez) anos, se o possuidor fizer no terreno moradia habitual ou obras ou serviços produtivos para trabalho.
Na ordinária, por ser exigido justo título e boa-fé do possuidor, o prazo é reduzido para 10 (dez) anos e atenuado mais 5 (cinco) anos, no caso do usucapiente que faz a sua moradia e de sua família ou a questão da posse para trabalho. Destaca-se, ainda, a Usucapião Especial, que detém requisitos mais complexos para a aquisição da coisa, sendo de 5 (cinco) anos, quando destinado para os chamados rurais e urbanos. Porém, no caso do urbano, esse prazo pode ser reduzido quando o litígio ocorre entre cônjuges, sendo neste o tempo diminuído para 2 (dois) anos.
JUSTO TÍTULO: Esse é um título que transfere de uma pessoa para outra, domínio e posse. É claro, que se deve analisar a qualidade do título, quando este for precário, ou seja, detentor de algum vício, poderá ser anulado. Até pouco tempo, a jurisprudência considerava como justo, o título registrado no cartório de registros imobiliários. Entretanto, isso não se aplica mais, tendo este evoluído, considerando como justo, por exemplo, o sinal de compra e pagamento de um lote, em parcelas integralizadas. Carlos Roberto Gonçalves faz a seguinte afirmação:
[...] o compromisso de compra e venda irretratável e irrevogável, por conferir direito real ao compromissário comprador e possibilitar a adjunção compulsória, mesmo não registrada, é considerado justo título, para os efeitos da usucapião ordinária.[45]
As jurisprudências do Supremo Tribunal de Justiça posicionam-se no mesmo sentido, definindo que não são necessários o registro e o instrumento público para a aquisição do imóvel por meio da usucapião ordinária, basta provas da promessa de compra e venda. Ora, se um possuidor detém um título devidamente registrado, não há que se falar na usucapião, uma vez que, o mesmo já tem a posse e o domínio da coisa. O tempo estipulado de 10 anos, tem a função de nada mais, nada menos sanar possíveis irregularidades de tais títulos. Cabe ressaltar, neste ultimo caso, que títulos com vício, não são corrigidos ou aceitos, com a concretização do prazo prescricional. Os Vícios cabíveis de nulidade, não produzirem efeitos, pois, em tese, o título nunca existiu, este já nasceu morto. Agora, os títulos anuláveis, estes produzem efeitos até que seja requerida sua anulação.
BOA-FÉ: A boa-fé, esta tratada no artigo 1.201 da Lei Nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002[46], que institui o Código Civil, que deixa claro que é de boa-fé a posse, se o possuidor ignora vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa. Assim, aquele possuidor que crê realmente que é sua a coisa possuída, esta agindo de boa-fé.
Geralmente a boa-fé vem seguida de um justo título, tanto que o possuidor que possuiu justo título, a Lei Nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002[47], que institui o Código Civil, no artigo 1.201, parágrafo único, presume que este esteja de boa-fé. Isso não quer dizer que uma sempre virá acompanhada de outra, pode ocorrer casos em que a pessoa possui justo título, mas não contém boa-fé e também o oposto. Como exemplo imagine o seguinte: pessoa A que aceita comprar de B um imóvel, mesmo sabendo que este pertence a C. Neste caso, mesmo recebendo um justo título, seja um recibo comprovando o pagamento, A não agiu com boa-fé.
Mas, quando há posse com dúvidas? Segundo Carlos Roberto Gonçalves[48], havendo dúvidas antes da aquisição do justo título, o possuidor agirá de má-fé, porém se esta acontece após se ter o justo título, ai não há o que se tratar. Nessa situação, o possuidor está de boa-fé. Logo, boa-fé é a convicção que a posse do agente é licita, não decorrendo o título de nenhum vício, ou seja, sem dúvidas iniciais quanto a essa, lembrando que a partir do momento que o possuidor descobre algum vício na sua posse, a boa-fé que este detinha é cessada.
8 CONCLUSÃO
A evolução histórica do ordenamento jurídico brasileiro, evidência a preocupação em se evitar o mau uso da propriedade, além de possibilitar melhor destinação social aos bens. A possibilidade da perda ou aquisição de bens surge como fator de equilíbrio para a sua boa destinação e utilização. Para alcançar a aquisição do bem pelo uso, exige-se a existência de antecedentes que fundamentem o fato, dando maior segurança jurídica ao instituto e não permitindo sua utilização de forma banal. Essa necessidade de antever os fatos, que garantem a aquisição pelo uso e pelo tempo, protege a propriedade privada da má-fé de alguns.
REFERÊNCIAS
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VENOSA, Silvio de Salvo. Direito civil: direitos reais. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
[1] Graduando do 7º período do Curso de Direito do Centro Universitário São Camilo-ES. E-mail: claudjou@hotmail.com
[2] Graduando do 7º período do Curso de Direito do Centro Universitário São Camilo-ES. E-mail: danildodeoliveira@hotmail.com
[3] Professor Orientador. Bolsista CAPES. Mestrando vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Direito da Universidade Federal Fluminense (UFF), linha de Pesquisa Conflitos Urbanos, Rurais e Socioambientais. E-mail: taua_verdan2@hotmail.com
[4] BRASIL. Lei Nº. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 15 mai. 2014.
[5] FRANÇA, R. Limongi. Instituições de Direito Civil. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 1999, p. 413.
[6] RIBEIRO, Benedito Silverio. Tratado de usucapião. v. 1. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 1998. p. 885.
[7] BRASIL. Lei Nº. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 15 mai. 2014.
[8] GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Direito das Coisas. v. 5 6 ed. São Paulo: Saraiva, 2011, p. 260.
[9] BRASIL. Lei Nº. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 15 mai. 2014.
[10] BRASIL. Lei Nº. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 15 mai. 2014.
[11] VENOSA, Silvio de Salvo. Direito civil: direitos reais. 10.ed. São Paulo: Atlas, 2010, p. 218.
[12] BRASIL. Lei Nº. 10.406, de 10 de Janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 15 mai. 2014.
[13] BRASIL. Lei Nº. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 15 mai. 2014.
[14] BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil (1988). <http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 15 mai. 2014.
[15] BRASIL. Lei nº 6.969, de 10 de dezembro de 1981. Dispõe sobre a aquisição, por usucapião especial, de imóveis rurais, altera a redação do §2º do art. 589 do Código Civil e dá outras providências. <http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 15 mai. 2014.
[16] RIBEIRO, 1998, p. 860.
[17] BRASIL. Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil (1934). Legislação Federal. Disponível em <http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 19 mai. 2014
[18] BRASIL. Constituição dos Estados Unidos do Brasil (1937). Legislação Federal. Disponível em <http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 19 mai. 2014
[19] BRASIL. Constituição dos Estados Unidos do Brasil (1946). Legislação Federal. Disponível em <http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 19 mai. 2014
[20] BRASIL. Emenda Constitucional nº 10, de 09 de novembro de 1964. Altera o art. 6º da Constituição Federal, para introduzir a alimentação como direito social. Disponível em <http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 19 mai. 2014.
[21] BRASIL. Lei nº 4.504, de 30 de novembro de 1964. Define sobre o Estatuto da Terra, e dá outras providências. Disponível em <http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 19 mai. 2014
[22] BRASIL. Emenda Constitucional nº 1, de 17 de outubro de 1969. Edita o novo texto da Constituição Federal de 24 de janeiro de 1967. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 19 mai. 2014.
[23] BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil (1988). Legislação Federal. sítio eletrônico internet - planalto.gov.br > Acesso em: 19 mai. 2014
[24]GONÇALVES, 2011, p. 263.
[25] BRASIL. Lei Nº. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 15 mai. 2014.
[26] BRASIL. Lei Nº. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 15 mai. 2014.
[27] BRASIL. Lei Nº 10.257, de 10 de julho de 2001. Regulamenta os artigos. 182 e 183 da Constituição Federal, estabelece diretrizes gerais da política urbana e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 15 mai. 2014.
[28] BRASIL. Lei Nº 10.257, de 10 de julho de 2001. Regulamenta os artigos. 182 e 183 da Constituição Federal, estabelece diretrizes gerais da política urbana e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 15 mai. 2014.
[29] GONÇALVES, 2011, p. 270.
[30] GONÇALVES, 2011. p. 270-271.
[31] BRASIL. Lei 10.257, de 10 de julho de 2001. Regulamenta os artigos 182 e 183 da Constituição Federal, estabelece diretrizes gerais da política urbana e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 18 mai. 2014.
[32] BRASIL. Lei 6.001, de 19 de dezembro de 1973. Dispõe sobre o Estatuto do Índio. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 18 mai. 2014.
[33] BRASIL. Lei 6.001, de 19 de dezembro de 1973. Dispõe sobre o Estatuto do Índio. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 18 mai. 2014.
[34] GONÇALVES, 2011. p. 274.
[35] Idem.
[36] BRASIL. Lei Nº. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 15 mai. 2014.
[37] BRASIL. Lei Nº. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 15 mai. 2014.
[38] BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Disponível em: <http://www.stf.jus.br>. Acesso em: 15 mai. 2014.
[39] BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Legislação Federal. Sítio eletrônico internet – planalto.gov.br>.Acesso em: 15 mai. 2014.
[40] BRASIL. Lei Nº. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 15 mai. 2014.
[41] GONÇALVES, 2011. p. 280.
[42] BRASIL Lei nº 3.071, de 01 de janeiro de 1916. Código Civil Brasileiro. Legislação Federal. sítio eletrônico internet - planalto.gov.br 
[43] BRASIL Lei nº 2.437, de 07 de março de 1955. Dá nova redação a dispositivos do Código Civil. Legislação Federal. sítio eletrônico internet - planalto.gov.br 
[44] BRASIL. Lei Nº. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 15 mai. 2014.
[45] GONÇALVES, 2011. p. 288.
[46] BRASIL. Lei Nº. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 15 mai. 2014.
[47] BRASIL. Lei Nº. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 15 mai. 2014.
[48] Gonçalves, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro. Volume 5: direito das coisas. 6.ed. São Paulo: Saraiva, 2011, apud NEGUETE, p. 230. 
Leia mais: http://jus.com.br/artigos/29230/a-usucapiao-e-suas-especies-previstas-no-ordenamento-juridico-brasileiro#ixzz3amF7twrv
Resumo de aulas – procedimentos especiais – Parte IV de V
4 de abril de 2012 por Erik Navarro | 0 comentários
Segue resumo sobre o procedimento  da ação de USUCAPIÃO DE TERRAS PARTICULARES.
Amanhã postaremos questões de concursoscomentadas sobre todos os temas estudados nos últimos dias.
Boa leitura!
Ação de Usucapião de Terras Particulares
Somente a usucapião de IMÓVEIS é procedimento especial. A Lei 6.969/81: procedimento de usucapião constitucional. Artigos 940 a 945, CPC: procedimento da usucapião ordinária e extraordinária.
Usucapião Ordinária: justo título e boa-fé // prazo de 10 anos, podendo ser reduzido para 5 anos.
Usucapião Extraordinária: não há justo título // prazo de 15 anos, podendo ser reduzido para 10 anos.
Usucapião Constitucional: prazo menor e requisitos distintos.
Usucapião é forma originária de aquisição de propriedade. Registro da sentença cancela todos os registros anteriores do imóvel e não implica pagamento de ITBI, já que não se trata de transmissão de imóvel.
Preenchidos os requisitos da usucapião a propriedade é adquirida, então a natureza jurídica da ação de usucapião é declaratória do domínio.
É possível alegar a usucapião na contestação como matéria de defesa em ação reivindicatória. Se o juiz reconhecer a usucapião isso faz coisa julgada entre as partes, mas não permite ao réu registrar a sentença, pois não reconheceu a usucapião no mérito, mas sim como fundamento da sentença. Não é uma ação de usucapião, pois esta tem requisitos específicos para que se dê uma maior publicidade e aí sim se possa registrar a sentença.
Será que não poderia o réu, então, apresentar reconvenção? Alguns autores dizem que não, pois na ação de usucapião há um litisconsórcio passivo necessário, então haveria uma ampliação subjetiva indevida. Não é o melhor entendimento, STJ entende que é possível apresentar reconvenção pleiteando no mérito o reconhecimento da usucapião, ainda que a reconvenção agregue terceiros ao processo (REsp 182728).
A grande peculiaridade do procedimento da ação de usucapião constitucional (Lei 6.969/81) é que essa ação tem natureza dúplice. Além disso, a usucapião constitucional pode ser alegada em defesa e reconhecida como tal, valendo a sentença como título para registro no Registro de Imóveis (artigo 7º, Lei 6.969/81).
- Legitimação Ativa: aquele que ajuiza a ação de usucapião não precisa estar na posse atual do imóvel, já que ela é declaratória de uma aquisição que já se deu antes. O professor Nelson Luiz Pinto afirma que na usucapião constitucional, por ter ela um fim específico (de moradia), a pessoa deve sim estar na posse para obter o reconhecimento da usucapião. Esse não é o entendimento majoritário.
- Ação Publiciana: sujeito usucapiu o bem, mas perdeu a posse. Essa ação servirá para que recupere a posse com fundamento no direito de propriedade. É a ação daquele que já preencheu os requisitos da usucapião e com base na propriedade assim adquirida, busca tutelar a posse do bem. Tramita pelo rito comum ordinário (Agravo 36467 – última ação sobre o assunto no STF – Década de 70).
- Competência: a ação de usucapião será ajuizada no foro do local do bem imóvel. O Poder Público sempre deve ser notificado e se tiver interesse ingressa no feito. Se a União intervém a competência desloca-se para a Justiça Federal, mas se no local do imóvel não houver vara federal, atuará o juiz estadual do local por delegação.
- Petição Inicial: o artigo 942, CPC tem as peculiaridades que devem constar na inicial. O principal é que ela descreva perfeitamente o imóvel e traga a sua planta. Além disso, além da citação daquele que consta como proprietário no RGI, deve-se citar os confinantes, notificar o poder público nas suas três esferas e expedir edital, com a função de notificar a sociedade, isto é, eventuais interessados em ingressar no feito.
	Art. 942 – O autor, expondo na petição inicial o fundamento do pedido e juntando planta do imóvel, requererá a citação daquele em cujo nome estiver registrado o imóvel usucapiendo, bem como dos confinantes e, por edital, dos réus em lugar incerto e dos eventuais interessados, observado quanto ao prazo o disposto no inciso IV do art. 232.
 
Observação: no caso de apartamento os confinantes são os proprietários do terreno vizinho, pois quando se vai usucapir apartamento em condomínio, na verdade a usucapião corresponde a uma fração ideal do terreno. Além disso, cita-se o síndico do condomínio para que, se for o caso, defenda as áreas comuns. Se o confinante for um prédio é mais razoável citar-se o síndico, pois se tivéssemos que citar todos os proprietários isso inviabilizaria a ação.
Se a pessoa ajuíza ação de usucapião ordinária, mas não tem justo título, o juiz pode reconhecer a usucapião extraordinária se houver tempo para tanto. Haveria fungibilidade, pois a tutela é a mesma. A fungibilidade entre a ordinária ou extraordinária e a constitucional já não seria tão simples, já que esta última tem requisitos próprios e específicos.
Além daqueles que já vimos que devem ser citados, os cônjuges dos réus também devem estar presentes como litisconsortes passivos necessários.
Se um dos confinantes que deveria ser citado não for, a ausência dessa citação leva a nulidade da sentença? Solução é: vício de nulidade de citação nessa ação de usucapião é secundum eventum litis, assim, só irá ser reconhecido para anular a ação se gerar algum prejuízo. Esse vício só será aferido ao final, com o resultado do processo.
Havendo revelia na ação de usucapião, o juiz pode ainda assim exigir a prova do tempo da possa (em razão do interesse público). Já a alegação de que a posse era contínua e com animus domini, fica presumida pela produção dos efeitos materiais da revelia. Esses efeitos jamais irão suprir a ausência de demonstração do justo título.
Se alguém ajuíza uma ação de usucapião sem ter completado o tempo, fará coisa julgada material. Será que isso impediria a propositura de nova ação após completado o tempo? A improcedência nesse caso, não impede a repropositura da ação após se completar o tempo, pois a jurisprudência entende que se altera a causa de pedir.
Se o autor da ação era beneficiário da gratuidade de justiça, entende-se que isso irá atingir inclusive os emolumentos do registro no cartório para registro daquela sentença.

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