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Cap´ıtulo 14 Derivac¸a˜o Impl´ıcita e Taxas Relacionadas 14.1 Introduc¸a˜o A maioria das func¸o˜es com as quais trabalhamos ate´ agora e´ da forma y = f(x), em que y e´ dado diretamente ou, explicitamente, por meio de uma expressa˜o definida em termos de x. No entanto, na resoluc¸a˜o de problemas pra´ticos, frequ¨entemente a relac¸a˜o entre y e x e´ determinada por uma equac¸a˜o da forma F(x, y) = 0, que na˜o esta´ resolvida para y. Pode ser que na˜o exista nenhum ponto (x,y) do plano que satisfac¸a a equac¸a˜o F(x, y) = 0. Neste caso, esta equac¸a˜o representa um conjunto vazio. Caso contra´rio, uma equac¸a˜o do tipo acima representa uma curva no plano que pode ser o gra´fico de uma ou de va´rias func¸o˜es da forma y = f(x). Isto acontece porque uma equac¸a˜o em duas varia´veis x e y pode ter uma ou mais soluc¸o˜es para y em termos de x ou para x em termos de y. Dizemos, enta˜o, que estas soluc¸o˜es sa˜o func¸o˜es definidas implicitamente pela equac¸a˜o F(x, y) = 0. 14.1.1 Exemplos Exemplo 1 Uma hipe´rbole equila´tera pode ser representada pela equac¸a˜o xy = 1, obtido usando-se o comando implicitplot do pacote plots do Maple. > implicitplot(x*y=1,x=-5..5,y=-5..5); –4 –2 0 2 4 y –4 –2 2 4x Esta equac¸a˜o simples determina uma func¸a˜o impl´ıcita de x, que pode ser expressa explicitamente como y = 1x . Exemplo 2 A circunfereˆncia de centro na origem e raio 1 e´ representada no plano xy pela equac¸a˜o x2 + y2 = 1. Tal equac¸a˜o define implicitamente 4 func¸o˜es cont´ınuas: duas func¸o˜es de y em relac¸a˜o a x, a saber y = √ 1− x2 e y = −√1− x2, para x em [−1, 1] 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 –1 –0.8 –0.6 –0.4 –0.2 0.2 0.4 0.6 0.8 1x –1 –0.8 –0.6 –0.4 –0.2 x e duas func¸o˜es de x em relac¸a˜o a y, a saber x = √ 1− y2 e x = − √ 1− y2, para y em [−1, 1], 185 186 Cap. 14. Derivac¸a˜o Impl´ıcita e Taxas Relacionadas –1 –0.8 –0.6 –0.4 –0.2 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 y 0.2 0.4 0.6 0.8 1 x –1 –0.8 –0.6 –0.4 –0.2 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 y –1–0.8 –0.4 x Os gra´ficos das duas primeiras se sobrepo˜em para formar a circunfereˆncia unita´ria, o mesmo acontecendo com o gra´fico das duas u´ltimas func¸o˜es. Exemplo 3 A equac¸a˜o x3 + y3 − 4 xy = 0 representa uma curva chamada de folium de Descartes. Com a ajuda do Maple podemos trac¸ar seu gra´fico. > plots[implicitplot](x^3+y^3-4*x*y=0,x=-2..3,y=-2..3,numpoints=2000); –2 –1 0 1 2 y –2 –1 1 2x Embora o problema de resolver, explicitamente, esta equac¸a˜o em termos de y seja muito complicado, podemos notar que existem retas verticais que interceptam o gra´fico acima em 3 pontos. Isso indica que podem existir 3 func¸o˜es definidas implicitamente por esta equac¸a˜o. O mesmo vale para determinadas retas horizontais. Por exemplo, fazendo x = 1 na expressa˜o x3 + y3 − 4 xy = 0 e resolvendo a equac¸a˜o resultante para y, obtemos: > s:=subs({x=1},x^3+y^3-4*x*y=0); s := 1 + y3 − 4 y = 0 > s1:=fsolve(s,y); s1 := −2.114907541, .2541016884, 1.860805853 Neste caso particular, para x = 1 existem treˆs valores correspondentes para y, o que mostra que a equac¸a˜o dada define, pelo menos, treˆs func¸o˜es impl´ıcitas de x. Exemplo 4 Nem toda equac¸a˜o F(x, y) = 0 define implicitamente y como func¸a˜o de x ou x como func¸a˜o de y. Por exemplo, a equac¸a˜o x2 + y2 + 4 = 0 na˜o define func¸a˜o alguma, pois esta equac¸a˜o na˜o tem soluc¸a˜o real (x, y) . Ela representa apenas o conjunto vazio. 14.2 Derivac¸a˜o impl´ıcita Nem todas as func¸o˜es definidas implicitamente sa˜o deriva´veis em todos os pontos do seu domı´nio. As func¸o˜es que aparecem no Exemplo 2 na˜o sa˜o deriva´veis nos pontos extremos dos intervalos onde elas esta˜o definidas. Exatamente nestes pontos, as retas tangentes a`s curvas sa˜o verticais. Em um curso de Ca´lculo avanc¸ado se estudam condic¸o˜es que garantem quando uma func¸a˜o definida implicitamente e´ deriva´vel. Aqui, procederemos como se as func¸o˜es definidas implicitamente fossem deriva´veis em quase todos os pontos de seu domı´nio. Admitindo que a func¸a˜o y = f(x ), definida implicitamente pela equac¸a˜o F(x, y) = 0, seja deriva´vel, podemos calcular a derivada dydx sem ser necessa´rio primeiro resolver a equac¸a˜o F(x, y) = 0, para y. O processo consiste em, utilizando a regra da cadeia, derivar ambos os lados desta equac¸a˜o, considerando x como a varia´vel independente e y, sempre que esta varia´vel aparecer, como uma func¸a˜o de x. Resolvemos, enta˜o, a equac¸a˜o resultante em relac¸a˜o a` derivada f ′(x). Este processo e´ chamado de derivac¸a˜o impl´ıcita. Exemplo 1 W.Bianchini, A.R.Santos 187 Supondo que a func¸a˜o y = f(x), definida implicitamente pela equac¸a˜o x2 + y2 = 1, seja deriva´vel, podemos usar a regra da cadeia para obter f ′(x). Assim, substituindo y por f(x) na equac¸a˜o dada, obtemos x2 + (f(x))2 = 1. Derivando ambos os lados da equac¸a˜o acima em relac¸a˜o a x, obtemos: 2x+ 2 f(x) f ′(x) = 0 que e´ equivalente a 2x+ 2 y dy dx = 0. Para completar o processo, resolvemos esta u´ltima equac¸a˜o considerando dydx como a inco´gnita. Neste exemplo, temos que dy dx = −x y Parece estranho vermos uma derivada de y com respeito a x contendo em sua expressa˜o tanto x como y, mas esta fo´rmula pode ser ta˜o u´til quanto qualquer outra. Podemos, por exemplo, usa´-la para calcular o coeficiente angular da reta tangente ao c´ırculo x2 + y2 = 1 no ponto ( 35 , − 45 ) e obter dy dx ∣∣∣∣ (x, y)=( 35 ,− 45 ) = −x y ∣∣∣∣ (x, y)=( 35 ,− 45 ) = − 3−4 = 3 4 . Lembramos que o resultado obtido e´ va´lido, qualquer que seja a func¸a˜o y = f(x) definida implicitamente pela equac¸a˜o x2 + y2 = 1. Neste exemplo espec´ıfico, e´ fa´cil concluir que existem duas func¸o˜es cont´ınuas definidas a partir da equac¸a˜o dada: y = √ 1− x2 e y = −√1− x2. No primeiro caso, dy dx = − x√ 1− x2 = − x y ; e, no segundo, dy dx = x√ 1− x2 = − x y . o que confirma o resultado encontrado pelo processo de derivac¸a˜o impl´ıcita. Exemplo 2 Vamos agora determinar a equac¸a˜o da reta tangente ao gra´fico do folium de Descartes x3 + y3 = 4 xy no ponto (2, 2). Supondo que y = y(x ), podemos usar a regra da cadeia para derivar ambos os lados da equac¸a˜o acima. Assim, temos que 3x2 + 3 y2 y′ = 4 y + 4x y′ Resolvendo esta equac¸a˜o para y′, vem que y′ = 4 y − 3x2 3 y2 − 4x . Calculando o valor da expressa˜o acima no ponto (2, 2), obtemos que y′ = −1. Este resultado fornece a declividade da reta tangente a` curva no ponto dado. Logo, a equac¸a˜o da reta tangente a` curva x3 + y3 = 4 xy no ponto (2, 2) e´ dada por y − 2 = −(x− 2), ou x+ y − 4 = 0. Observac¸a˜o Voceˆ pode conferir os ca´lculos feitos acima atrave´s do comando implicitdiff do Maple, usado para calcular derivadas impl´ıcitas, como fazemos a seguir: > dydx:=implicitdiff(x^3+y^3=4*x*y,y,x); dydx := 3x2 − 4 y −3 y2 + 4x > subs({x=2,y=2},dydx); −1 188 Cap. 14. Derivac¸a˜o Impl´ıcita e Taxas Relacionadas Exemplo 3 O me´todo descrito nesta sec¸a˜o tambe´m se aplica ao ca´lculo de derivadas de ordem superior de func¸o˜es definidas implicitamente. Para ilustrar o procedimento adotado nestes casos, vamos calcular a derivada segunda da func¸a˜o y = y(x), definida implicitamente pela equac¸a˜o x2 − xy + y2 = 16 . Derivando esta equac¸a˜o implicitamente com re- speito a x, obtemos: 2x− y − x (dy dx ) + 2 y ( dy dx ) = 0 , que e´ equivalente a dy dx = y − 2x 2 y − x. Para obter a derivada segunda de y em relac¸a˜o a x, isto e´ d 2 y d x2 , derivamos, outra vez, a expressa˜o obtida acima, implicitamente, com relac¸a˜o a x. Para isso, aplicamos a regra do quociente como se segue: d2 x dx2 = (dydx − 2) (2 y − x)− (y − 2x) (2 (dydx )− 1) (2 y − x)2 = 3x (dydx )− 3 y (2 y − x)2 . Parafinalizar, substituimos, nesta u´ltima expressa˜o, o valor encontrado no primeiro passo, para dydx . Assim, d2 x dx2 = 3x [y−2 x2 y−x ]− 3 y (2 y − x)2 = − 6 (x2 − xy + y2) (2 y − x)3 . Observando que x2 − xy + y2 = 16, podemos simplificar ainda mais a expressa˜o acima e concluir, finalmente, que d2 x dx2 = − 96 (2 y − x)3 . O resultado obtido acima pode ser conferido com a ajuda do Maple: > implicitdiff(x^2-x*y+y^2=16,y,x,x); 6 x2 − x y + y2 x3 − 6x2 y + 12x y2 − 8 y3 . Como 2x3 − 6x2 y + 12x y2 − 8 y3 = (x− 2 y)3 e x2 − xy + y2 = 16 este resultado confere com aquele que obtive- mos acima. 14.3 Taxas relacionadas 14.3.1 Motivac¸a˜o Um radar da pol´ıcia rodovia´ria esta´ colocado atra´s de uma a´rvore que fica a 12 metros de uma rodovia, que segue em linha reta por um longo trecho. A 16 metros do ponto da rodovia mais pro´ximo do radar da pol´ıcia, esta´ um telefone de emergeˆncia. O policial mira o canha˜o do radar no telefone de emergeˆncia. Um carro passa pelo telefone e, naquele momento, o radar indica que a distaˆncia entre o policial e o carro esta´ aumentando a uma taxa de 70 km/h. O limite de velocidade naquele trecho da rodovia e´ de 80km/h. O policial deve ou na˜o multar o motorista? z y x=12 metros telefone radar W.Bianchini, A.R.Santos 189 Neste problema, as distaˆncias z do policial ao automo´vel e y do automo´vel em relac¸a˜o ao ponto da rodovia mais pro´ximo da a´rvore variam com o tempo. O radar marca a velocidade do automo´vel em relac¸a˜o ao policial, isto e´, dzdt quando y = 16 m. Para saber se o motorista deve ou na˜o ser multado, precisamos determinar dydt , isto e´, a velocidade desenvolvida pelo automo´vel no trecho reto da rodovia, na hora da leitura do radar (quando ele passa pelo telefone). Pela geometria do problema, usando o teorema de Pita´goras, sabemos que as distaˆncias x, y e z esta˜o relacionadas pela equac¸a˜o (1) z2 = 122 + y2. A partir desta equac¸a˜o o processo de derivac¸a˜o impl´ıcita nos permite encontrar a relac¸a˜o entre a taxa de variac¸a˜o de z e a taxa de variac¸a˜o de y e enta˜o resolver o problema proposto. Este problema e´ um exemplo t´ıpico de uma das aplicac¸o˜es elementares do Ca´lculo: a soluc¸a˜o de problemas de taxas relacionadas. O me´todo de resoluc¸a˜o e´ descrito a seguir. Derivando implicitamente a equac¸a˜o (1) obtemos 2 z [ dz dt ] = 2 y [ dy dt ] e da´ı, dy dt = [ z y ] [ dz dt ] , que e´ a relac¸a˜o que procura´vamos. Quando y = 16m = 0, 016 km, a leitura do radar nos diz que dzdt = 70 km/h, e, usando outra vez o teorema de Pita´goras, podemos deduzir que, neste momento, z = 20m = 0, 02 km. Usando estes dados, a relac¸a˜o acima nos permite concluir que, quando o automo´vel passa pelo telefone, sua velocidade na estrada e´ de > 70*0.02/0.016.; 87.50000000 que ultrapassa o limite de velocidade permitido. Logo, o motorista deve ser multado. Os exemplos a seguir ilustram este me´todo aplicado a outras situac¸o˜es. Exemplo Considere um bala˜o meteorolo´gico a ser lanc¸ado de um ponto a 100 metros de distaˆncia de uma caˆmara de televisa˜o montada no n´ıvel do cha˜o. A` medida que o bala˜o sobe, aumenta a distaˆncia entre a caˆmera e o bala˜o e o aˆngulo que a caˆmara faz com o cha˜o. (Veja animac¸a˜o no texto eletroˆnico.) Se o bala˜o esta´ subindo a uma velocidade de 6 m/s, pergunta-se: (a) Quando o bala˜o estiver a 75 m de altura, qual a velocidade com que o bala˜o se afasta da caˆmara? (b) Decorridos 5 segundos apo´s o lanc¸amento, com que velocidade a caˆmara estara´ girando, para filmar a subida do bala˜o? Vamos denotar por h a altura que o bala˜o esta´ do solo, d a distaˆncia do bala˜o a` caˆmera e por w o aˆngulo que a caˆmera faz com o solo. 100 metros w d h Todas estas varia´veis sa˜o func¸o˜es do tempo decorrido, isto e´, h = h(t), d = d(t) e w = w(t). Para resolver o item (a), podemos usar o teorema de Pita´goras a fim de obter uma equac¸a˜o que relacione as varia´veis d e h. Assim temos que (1) h2 + 1002 = d2. Derivando esta equac¸a˜o, implicitamente, com relac¸a˜o ao tempo, obtemos: (2) 2hh′ = 2dd′ 190 Cap. 14. Derivac¸a˜o Impl´ıcita e Taxas Relacionadas Conhecemos h′ (velocidade com que o bala˜o esta´ subindo) e queremos determinar d′ (velocidade com que o bala˜o se afasta da caˆmara), no instante em que h = 75, isto e´, quando o bala˜o esta´ a 75 metros de altura. Pela equac¸a˜o (1) sabemos que d = √ h2 + 1002. Fazendo h = 75 nesta u´ltima expressa˜o, obtemos que, neste instante, d = √ 752 + 1002 = 125. Substituindo estes valores na equac¸a˜o (1) temos que (75)(6) = 125d′ ⇒ d′ = 75 6 125 = 18 5 . Para resolver o item (b), conhecendo dhdt = 6 m/s, precisamos determinar dw dt , quando t = 5 s. Para isto, como fizemos ao resolver o item (a), e´ necessa´rio obter uma expressa˜o que relacione as func¸o˜es h e w e, depois, derivar a expressa˜o obtida implicitamente para obter uma relac¸a˜o entre as taxas de variac¸a˜o citadas. Novamente, observando o diagrama trac¸ado na figura anterior, podemos concluir que tg(w) = h 100 . Derivando implicitamente esta equac¸a˜o obtemos: (3) (sec2 w) ( dw dt ) = 1 100 dh dt . Precisamos agora determinar sec2 w quando t = 5s. Nesse instante, temos que h = 30 m e da´ı, usando novamente o teorema de Pita´goras, obtemos d = √ 1002 + 302 = 10 √ 109. Como sec(w) = d100 , temos que sec 2 w = ( 10 √ 109 100 ) 2 = 109100 . De (3) obtemos dw dt = 1 100 sec2 w dh dt . Assim, substituindo os valores obtidos para sec2 w e dhdt nesta u´ltima expressa˜o, temos que dw dt = 6 109 . Esta raza˜o representa a velocidade angular com que a caˆmara gira ao acompanhar a ascensa˜o do bala˜o, expressa em radianos por segundo. Me´todo de resoluc¸a˜o esquematizado Os exemplos anteriores ilustram os passos que devemos seguir para resolver problemas de taxa relacionada que envolvem uma situac¸a˜o geome´trica: 1. Trace um diagrama e defina as diversas grandezas envolvidas no problema, incluindo as varia´veis dependentes e a varia´vel independente. Explicite claramente quais sa˜o os dados do problema e qual a taxa de variac¸a˜o que se quer calcular. 2. Use o seu diagrama para determinar uma equac¸a˜o que relacione as varia´veis envolvidas no problema. 3. Derive, implicitamente, esta equac¸a˜o em relac¸a˜o a` varia´vel independente. 4. Na equac¸a˜o obtida apo´s o processo de derivac¸a˜o, substitua os valores nume´ricos dados e resolva a equac¸a˜o resultante em relac¸a˜o a` inco´gnita do problema. 14.4 Atividades de laborato´rio Usando um computador e o Maple, fac¸a as atividades propostas no arquivo labimpli.mws, da versa˜o eletroˆnica deste texto. W.Bianchini, A.R.Santos 191 14.5 Exerc´ıcios 1. Determine dydx , por derivac¸a˜o impl´ıcita: (a) xy = 10 (b) 3x2 − 4 y2 = 5 (c) √ x+ √ y = √ 2 (d) x2 (x− y) = y2 (x+ y) (e) 3x3 + 5 y3 = 15 (f) x2 + xy + y2 = 9 2. Supondo que y seja definido implicitamente pelas equac¸o˜es dadas, determine dydx e d2 y d x2 . (a) x2 + y2 = 4 (b) 1x + 1 y = 1 (c) sen(y) = x y (d) x2 + xy + y2 = 3 (e) y3 + x2 + x = 5 3. Determine a equac¸a˜o da reta tangente ao gra´fico da curva definida pela equac¸a˜o dada, no ponto P : (a) Folium de Descartes: x3 + y3 = 2 xy ; P = (1, 1) (b) Cardio´ide: x2 + y2 + x = √ x2 + y2 ; P = ( 425 , 3 25 ) y –2 x (c) Lemniscata de Bernoulli: (x2 + y2)2 = x2 − y2 ; P = ( 2 √ 3 5 , √ 3 5 ) –1 –0.8 –0.6 –0.4 –0.2 0.2 0.4 0.6 0.8 1 x (d) Astro´ide: x( 2 3 ) + y( 2 3 ) = 1 ; P = ( √ 2 4 , − √ 2 4 ) (e) x3 + 4 y2 = 6 xy ; P = (2, 1) (f) 4 x 2 y 3 = 5x+ y 2; P = (−1, 3) (g) x2 y3 = 2 y + x; P = (−1, 1) 4. Encontre os pontos da curva em que a reta tangente e´ horizontal e os pontos emque ela e´ vertical: (a) x4 + y4 + 2 = 4 xy3 (b) (x2 + y2) 2 = x2 − y2 (c) x3 + y3 = 2 xy 192 Cap. 14. Derivac¸a˜o Impl´ıcita e Taxas Relacionadas 14.6 Problemas propostos 1. Use derivac¸a˜o impl´ıcita para mostrar que qualquer reta tangente em um ponto P (x, y) de uma circunfereˆncia de centro em C(x0, y0) e´ perpendicular ao raio OP . 2. A luz de um farol girato´rio deve acompanhar um navio que se move paralelamente a` costa. Sua posic¸a˜o, considerada a partir do ponto em que ele e´ perpendicular a` costa, e´ dada por s(t) = t2. Sabendo-se que a distaˆncia do navio a` costa e´ de 2 km, calcule a velocidade angular do farol, apo´s o in´ıcio do seu movimento. 3. Uma laˆmpada colocada num poste esta´ a 5 m de altura. Se um homem de 2 m de altura caminha afastando-se do poste a` raza˜o de 5 m/s, com que rapidez se alonga sua sombra? 4. Um ponto se move ao longo da parte superior da para´bola y = √ x, de modo que sua abscissa cresce na raza˜o constante de 3m/s. A projec¸a˜o de P sobre o eixo x e´ M . Com que velocidade varia a a´rea do triaˆngulo OMP , onde O e´ a origem, quando a abscissa de P e´ igual a 4 m. 5. Enche-se de ga´s um bala˜o esfe´rico a` raza˜o de 4 m3/min. Com que velocidade cresce o raio do bala˜o no instante em que mede 1 m? 6. Um bote esta´ sendo puxado para o cais, por meio de uma corda com uma extremidade amarrada ao bote e a outra, passando por uma roldana fixada no cais, 1,5 m acima do n´ıvel do bote. Se a corda e´ puxada a` raza˜o de 0,5 m/s, com que velocidade o bote se aproxima do cais no instante em que ele esta´ a 3 m da roldana? 7. Acumula-se areia em um monte de forma coˆnica, a` raza˜o de 0,5 m3. O raio da base do monte e´ sempre igual a` metade da sua altura. Com que velocidade cresce a sua altura quando ela esta´ a 2 m? 8. Uma fonte luminosa aproxima-se perpendicularmente de uma parede com velocidade constante de 2 m/s, pro- jetando uma imagem circular sobre esta. Sabendo-se que a abertura do facho de luz e´ de pi2 radianos, calcule a velocidade com que a a´rea iluminada sobre a parede esta´ diminuindo quando a distaˆncia da fonte a` parede e´ de 1 m. 9. Um bala˜o eleva-se verticalmente do solo a` raza˜o de 3 m/s. Quando o bala˜o esta´ a 48 metros do solo, passa, exatamente sob ele um automo´vel viajando a` velocidade de 20 m/s. Quatro segundos apo´s este instante, com que velocidade varia a distaˆncia entre eles? 10. Um quadro de 1 metro de altura e´ colocado em uma parede de tal forma que sua base esteja no mesmo n´ıvel dos olhos de um observador que esta´ se aproximando da parede a uma velocidade de 2 m/s. Com que velocidade a medida do aˆngulo de visa˜o do quadro estara´ variando quando o observador estiver a 2 metros da parede? 14.7 Um pouco de histo´ria: Um desafio a Fermat Descartes suspeitou que o sucesso do me´todo das secantes utilizado por Fermat para determinar a equac¸a˜o da tangente a uma curva dependia da existeˆncia de uma relac¸a˜o expl´ıcita entre y e x, da forma y = f(x) e, enta˜o, desafiou-o a encontrar tangentes a` curva x3 + y3 = nx y, com n = 1,2,.... Por isso, esta curva ficou conhecida como o Folium de Descartes. Neste caso, na˜o e´ poss´ıvel explicitar y como func¸a˜o de x, portanto, para resolver o problema e´ preciso empregar o processo de diferenciac¸a˜o impl´ıcita, como foi feito neste cap´ıtulo. Fermat aceitou o desafio proposto por Descartes e na˜o encontrou dificuldades em resolver este problema. Usando a ide´ia de que a reta tangente a uma curva qualquer, num ponto (x, y), poder ser obtida como o limite de retas secantes que passam pelos pontos (x, y) e (x + h, y + k), quando h e k tendem a zero, Fermat calculou o valor da expressa˜o F (x, y) = 0 no ponto (x+h, y+ k) e “passou o limite”, desprezando todos os termos contendo poteˆncias de h e k ou seus produtos (repare que se h e k sa˜o nu´meros pequenos, para n ≥ 2, hn, kn e hk sa˜o desprez´ıveis em relac¸a˜o a` unidade). A declividade da reta tangente seria dada, enta˜o, pela raza˜o kh . Embora o me´todo por ele empregado fosse mais complicado do que aquele que empregamos hoje e envolvesse um conceito nebuloso de limites, funcionava em problemas do tipo daquele proposto por Descartes. 14.8 Para voceˆ meditar: Quando as contas na˜o fazem sentido! Existe esta “curva”? Considere a seguinte equac¸a˜o x (x+ 6) + y2 − 4 y + 14 = 0. Considerando que esta equac¸a˜o define implicitamente y como func¸a˜o de x e usando o Maple para calcular a derivada dessa func¸a˜o, obtemos: > Diff(y,x)=implicitdiff(x*(x+6)+y^2-4*y+14=0,y,x); W.Bianchini, A.R.Santos 193 ∂ ∂x y = − x+ 3 y − 2 (a) Explique por que a expressa˜o acima e´ completamente sem sentido. Sugesta˜o: Que curva plana e´ definida pela equac¸a˜o x (x+ 6) + y2 − 4 y + 14 = 0? Derivando equac¸o˜es ou qual o sentido da derivac¸a˜o impl´ıcita? Considere a equac¸a˜o cu´bica x3 = 3x+ 8. Derivando ambos os membros desta equac¸a˜o em relac¸a˜o a x, obtemos 3x2 = 3. Esta u´ltima equac¸a˜o admite duas soluc¸o˜es, x = 1 e x = −1, mas nenhum destes valores e´ soluc¸a˜o da equac¸a˜o original. (a) O que esta´ errado? Afinal, em va´rios exemplos deste cap´ıtulo derivamos ambos os membros de uma equac¸a˜o. Este procedimento e´ correto ou na˜o? Por que o processo de derivac¸a˜o impl´ıcita e´ va´lido para calcular a derivada de uma func¸a˜o definida por uma expressa˜o do tipo F(x, y) = 0 e na˜o pode ser aplicado no contexto do exemplo acima. Se dy dx ∣∣ (x0, y0) = 0 a tangente a` curva F(x, y) = 0 e´ horizontal? O problema a ser estudado aqui e´ o de calcular os pontos no gra´fico da equac¸a˜o x3 + y3 = 3x y − 1 nos quais a reta tangente a` curva seja horizontal. Para resolver este problema e´ preciso encontrar os pontos onde dydx = 0. Usando o processo de derivac¸a˜o impl´ıcita temos > Diff(y,x)=implicitdiff(x^3+y^3 = 3*x*y-1,y,x); ∂ ∂x y = x2 − y −y2 + x Desta u´ltima expressa˜o resulta que dydx = 0 se e somente se y = x 2 e x 6= y2. (a) O ponto (1, 1) pertence a` curva dada e satisfaz a relac¸a˜o y = x2. Neste ponto a tangente ao gra´fico da curva e´ horizontal? (b) Mostre que na˜o ha´ pontos no gra´fico da curva x3 + y3 = 3x y − 1 onde a reta tangente seja horizontal. Sugesta˜o: Use o comando implicitplot do Maple para trac¸ar o gra´fico desta equac¸a˜o.
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