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PCP Bettoi - Psicologia

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Prévia do material em texto

1 
UNIVERSIDADE PAULISTA - 
UNIP 
INSTITUTO DE CIÊNCIAS 
HUMANAS 
CURSO DE 
PSICOLOGIA 
PSICOLOGIA: CIÊNCIA E 
PROFISSÃO 
COLETÂNEA DE TEXTOS PARA FINS DIDÁTICOS 
ELABORADOS 
PELO PROF. DR. WALDIR 
BETTOI 
2017 
PSICOLOGIA: CIÊNCIA E 
PROFISSÃO 
APRESENTAÇÃO DA 
DISCIPLINA 
O objetivo da disciplina ​Psicologia: Ciência e Profissão ​é que você obtenha 
informações 
sobre a diversidade da Psicologia, como uma área do conhecimento científico humano, e 
sobre a 
diversidade da atuação profissional do psicólogo. Além de propiciar a você o contato com 
essas 
informações, outro objetivo da disciplina é que você reflita sobre os efeitos que a 
atuação do 
psicólogo produz sobre a sociedade, isto é, sobre a função social do 
profissional. 
A importância desses objetivos se justifica na medida em que se tem observado que 
parte 
significativa dos alunos que entram no curso não costuma imaginar o que vai encontrar ao 
entrar 
em contato com a ciência da Psicologia: uma imensa variedade de formas diferentes de 
pensar, de 
ideias, de crenças e convicções, que se denominam todas como Psicologia, coexistindo no 
mesmo 
espaço psicológico. Além disso, muitos dos alunos não conhecem as amplas 
possibilidades de 
atuação profissional do psicólogo, ou conhece apenas as possibilidades mais 
tradicionais. 
Para atingir esses objetivos, a disciplina oferecerá a você um conjunto de 
condições 
educacionais, presentes neste material com o qual você está entrando em contato. 
Essas 
condições são constituídas de textos, em que serão apresentadas algumas informações 
sobre a 
Psicologia e a atuação do psicólogo e em que se propõem algumas ideias para que 
pensemos 
criticamente sobre alguns pontos envolvidos. Cada um dos textos é acompanhado de 
atividades 
de estudo e reflexão sobre ele. 
ORGANIZAÇÃO DOS 
TEXTOS 
Os textos a serem lidos e estudados abordam quatro tópicos, diretamente 
relacionados 
aos objetivos da disciplina: 1. A diversidade da ciência psicológica; 2. A diversidade da 
atuação do 
psicólogo: 3. A atuação do psicólogo em contextos específicos e 4. A função social da 
atuação do 
psicólogo. 
Algumas breves informações sobre os textos são apresentadas a 
seguir: 
Texto 1​: A Diversidade da Ciência Psicológica 
O assunto do primeiro texto já foi mencionado no início desta apresentação: nele 
se apresenta uma característica fundamental da Psicologia como Ciência, que é a diversi- 
dade do pensamento e do conhecimento psicológico. Como dissemos, muitos alunos 
3 
costumam se surpreender ao perceber que ao invés de ser uma área de conhecimento 
única, terminada, coesa e sobre a qual não há divergências, a Psicologia é uma área em 
que convivem ideias muitas vezes opostas, que partem de crenças e pressupostos 
bastante diferentes sobre o Homem, sobre o mundo e sobre outras questões 
fundamentais. O texto vai apresentar algumas informações e esclarecimentos 
importantes sobre isso. 
Texto 2​: A Diversidade da Atuação do Psicólogo 
Este texto contém informações básicas sobre os contextos de atuação profissional 
dos psicólogos e as principais atividades desenvolvidas neles. Essas informações básicas 
são fundamentais para que você possa se preparar para o curso que está agora 
começando. É importante que você conheça alguns termos "técnicos" e algumas 
informações elementares sobre a profissão e sobre o que o psicólogo faz 
profissionalmente, para que seu contato com o curso seja mais proveitoso. 
Texto 3​: A Atuação do Psicólogo em Contextos Específicos 
Neste texto se apresentam informações gerais sobre a atuação do psicólogo em 
contextos específicos de atuação, mencionados no texto anterior. Na realidade, ele se 
desdobra em vários outros textos, em que iremos nos deter em algumas particularidades 
daqueles contextos citados. Assim, a ampla variedade de contextos específicos agrupados 
sob a denominação de contexto da Saúde receberá alguma atenção e detalhe (por 
exemplo, o consultório particular, o Hospital Geral e as Instituições de Saúde). Também 
serão abordados o contexto Educacional, o Organizacional (do Trabalho) e o de Pesquisa. 
Em todos eles a ênfase estará na apresentação de algumas atividades neles 
desempenhadas e no levantamento de alguns pontos para reflexão. 
Texto 4​: A Função Social da Atuação do Psicólogo 
Este texto contém critérios para a reflexão sobre a atuação profissional do 
psicólogo. Você será apresentado, através do texto, a algumas questões que têm sido 
levantadas por vários autores que pesquisam e refletem sobre a profissão do psicólogo 
brasileiro. Você irá entrar em contato com um critério que avalia a função social do 
trabalho do profissional, considerando seus efeitos sobre a sociedade. 
Além da leitura e discussão dos textos descritos, a disciplina PCP prevê que seus 
alunos realizem um trabalho de campo, descrito a seguir. 
TRABALHO DE CAMPO: 
contato direto com profissionais, através de entrevistas 
As informações sobre a atuação do psicólogo, veiculadas nos textos que você irá 
ler, serão complementadas por outras informações resultantes de entrevistas que você 
realizará com profissionais que estejam atuando no mercado de trabalho de sua cidade, 
nos diversos contextos de atuação existentes. Durante aulas específicas, você receberá 
instruções e orientação para este trabalho, que será realizado em grupo. 
5 
Psicologia: Ciência e 
Profissão 
Texto 1: A Diversidade da Ciência 
Psicológica 
O primeiro assunto que será apresentado refere-se a uma questão que precisa ser 
abordada logo de início na sua formação de psicólogo. Essa questão diz respeito à própria 
área de conhecimento que você resolveu estudar. 
A pergunta que se coloca é a seguinte: ao falarmos em “Psicologia”, estamos 
falando de um único corpo de conhecimento, sólido, indivisível e coeso ou estamos nos 
referindo a várias formas de pensar sobre os fenômenos psicológicos humanos, formas 
estas algumas vezes até diferentes entre si? Ao invés de nos referirmos à "Psicologia" (no 
singular) seria mais apropriado falar nas "Psicologias"? 
Estas e outras interessantes questões são discutidas no texto que você vai ler. Ao 
final dele você encontrará um roteiro de atividades de leitura e reflexão sobre os assuntos 
abordados que poderá ser bastante útil nesta sua primeira atividade de leitura da 
disciplina. 
A DIVERSIDADE CARACTERÍSTICA DA CIÊNCIA 
PSICOLÓGICA​1 
Podemos começar sua primeira leitura desta disciplina imaginando alguém nos 
seus primeiros dias como aluno ou aluna de Psicologia, começando a frequentar a 
faculdade e conhecendo todas as matérias, bastante curioso em relação ao que vai 
encontrar pela frente. Este aluno curioso quase certamente tem algumas expectativas, 
imagina determinadas coisas sobre a Psicologia e sobre a profissão e espera coisas de seu 
curso. Se fosse possível a gente adivinhar essas expectativas, poderíamos encontrar 
alguém pensando o seguinte: "Bom, estou pronto pra começar a aprender a Psicologia e 
o que o psicólogo faz. Tenho 5 anos pela frente pra 'devorar' o máximo que eu puder do 
que ela sabe sobre o ser humano. Não vejo a hora de conhecer essa 'coisa' chamada 
Psicologia!”. 
O pensamento desse estudante imaginário poderia estar revelando algumas 
expectativas que precisam ser comentadas aqui, nesta sua primeira leitura, porque elas 
estão diretamente relacionadas ao que vai acontecer neste curso que você está 
1 ​Colaboraram na elaboração deste texto os professores Rita N. Gabriades e Carlos E. 
Costa 
6 
começando. Vamos falar especificamente de expectativas dos alunos relacionadas à 
própriaPsicologia e à profissão do psicólogo. 
Poderíamos dizer que aquele estudante, no fundo, imaginava a Psicologia como 
algo único, mencionado no singular, algo como uma ciência que já acumulou 
conhecimento sobre o ser humano. Ou seja, ele acredita que para todos os temas há uma 
resposta certa e acabada e que, portanto, seu compromisso para com o curso seja o de 
assimilação das "verdades" sobre a mente humana, ou sobre a essência humana, ou coisa 
que o valha, que será transmitida por um professor detentor absoluto do conhecimento 
dos "mistérios da alma humana", já que "iniciado" nesta "arte" e com alguns anos de 
prática profissional. À medida que este aluno começar a se aprofundar no curso 
começará a perceber que, na realidade, as coisas não são exatamente assim. 
Em primeiro lugar, ele verá que o conhecimento psicológico não é alguma coisa 
terminada, que é só procurar uma faculdade de Psicologia e, com a maior disposição e 
empenhos possíveis, dedicar-se a absorver tudo o que conseguir desse conhecimento 
pronto. A experiência do aluno com o curso mostrará que o conhecimento psicológico 
está em constante construção e que ele mesmo, o próprio aluno, poderá vir a participar 
desta produção de conhecimento. 
Em segundo lugar, ele irá descobrindo que aquilo que em geral se chama de 
Psicologia, ou conhecimento psicológico, não tem uma única "cara", nem "fala" uma 
única língua. Quer dizer, à medida que ele for se aprofundando no seu curso, e for 
entrando em contato com seus vários professores, começará a perceber que, por 
exemplo, sobre um mesmo assunto existem diferentes pontos de vista, diferentes 
afirmações, diferentes explicações teóricas que o abordam. Poderá descobrir que existem 
diferentes definições do que é a Psicologia, assim como psicólogos diferentes podem 
pretender atingir com ela diferentes objetivos e usam diferentes métodos de trabalho 
para atingi-los. Por exemplo, um aluno que perguntasse a diversos profissionais da área 
"O que é a Psicologia?", ficaria espantado com o número de respostas diferentes que 
obteria - algumas, inclusive, parecendo dizer o oposto da outra. O suposto aluno poderia 
ficar tentado a pensar: "Bom, alguém deve estar certo", o que teria como consequência a 
suposição de que os demais profissionais estariam errados. O que poderia pensar este 
aluno se disséssemos a ele que, num certo sentido, todos estão "certos"? Lá pelas tantas, 
aquele aluno se pergunta: "E afinal de contas, tudo isso é Psicologia?! Eu estudo uma 
teoria e aprendo que tal coisa é A. Aí vem outro professor, eu estudo outra teoria que diz 
7 
que aquela tal coisa é B e não A. E aí? Como é que fica?! Se tudo isso está sendo 
apresentado pra mim como Psicologia, não seria melhor falar 'Psicologias'?!" Talvez esse 
aluno nem imaginasse que alguns estudiosos responderiam afirmativamente à sua 
pergunta. "Sim, diriam eles, esta é uma característica fundamental da Psicologia, é esta a 
"cara" dela atualmente. Seria mais adequado falar em 'Psicologias', portanto". Esta é, por 
exemplo, a posição que é defendida por um estudioso do assunto, o professor e 
psicólogo Luís Claudio Figueiredo (ver referência ao final deste texto). 
A Psicologia, diferentemente de outras ciências, não tem um objeto único de 
estudo e não tem uma forma única de abordá-lo (ou seja, não possui um método de 
estudo único). Se pensarmos na Psicologia como um todo, ela estuda fenômenos 
bastante variados, como a mente, o inconsciente, o comportamento, as relações 
humanas etc. Às vezes interessa-se pela Fisiologia, outras por algo menos palpável, às 
vezes está interessada no indivíduo, outras no grupo; às vezes dá muita importância ao 
"interior" dos indivíduos como determinante de seus atos, outras vezes se concentra na 
influência do ambiente e da educação sobre o comportamento humano. Portanto, a 
Psicologia é marcada pela DIVERSIDADE. Diversidade teórica, diversidade metodológica, 
diversidade prática, diversidade de crenças etc. 
Figueiredo (1992) se refere a essa característica da Psicologia como o "estado frag- 
mentar do conhecimento psicológico" e diz que a Psicologia tem sido considerada um 
"espaço de dispersão". Isto é, o conhecimento psicológico não é "uno", único, coerente, 
no geral, e totalmente integrado. O que se observam são diferentes formas de 
pensamento em Psicologia, "linhas" ou "correntes" de pensamento, também chamadas 
"abordagens". Se considerarmos a Psicologia como um espaço, poderíamos observar que 
estas diferentes formas de pensamento ocupam diferentes pontos deste espaço, já que 
não têm as mesmas origens e objetivos. 
Note que a partir desse ponto de vista, não há porque considerar, de antemão, 
essa característica "fragmentar" ou "dispersiva" da Psicologia como algo ruim, nocivo, 
desorganizado. Independente de como pudéssemos avaliar essa situação, se boa ou ruim, 
o que se propõe é que essa é a característica fundamental da Psicologia. Aquilo que no 
primeiro momento poderia parecer caótico poderia vir a mostrar algum sentido, 
principalmente quando começamos a estudar a origem de toda essa dispersão, de todas 
essas convergências e divergências que se encontram na Psicologia (ou nas várias 
"Psicologias" estudadas). 
8 
Figueiredo (1992) utiliza a expressão "matrizes do conhecimento psicológico" para 
se referir às origens dessas diferentes formas de pensamento em Psicologia. Ele define as 
matrizes como "grandes conjuntos de valores, normas, crenças metafísicas, concepções 
epistemológicas e metodológicas que subjazem às teorias e às práticas profissionais dos 
psicólogos". 
Provavelmente você não deve estar muito familiarizado com essas expressões que 
compõem essa definição, mas o que ela pretende explicar é que, ao longo de sua história, 
a Psicologia foi sendo construída sob diferentes influências sociais, culturais, políticas e 
históricas que foram determinando as diferentes trajetórias que as diversas correntes de 
pensamento foram assumindo. "Matriz" remete ao sentido de "mãe", aquela que dá 
origem e, nesse sentido, ao falar em "matrizes", o autor se refere às diversas "mães", ou 
matrizes geradoras, do conhecimento psicológico. Em determinados momentos da 
História, aquilo que se pensava sobre várias coisas relacionadas ao ser humano era 
diferente e variava em termos de valores e normas (por exemplo, respostas a perguntas 
do tipo: “O que é certo e errado?”, “Como o homem deve se comportar?” etc.), crenças 
metafísicas (por exemplo, respostas a perguntas do tipo: “Quem criou o mundo e o 
Homem?”; “Qual a finalidade da existência?”; “Existe um Deus?” etc.), concepções 
epistemológicas e metodológicas (por exemplo, respostas a perguntas do tipo: “Como se 
obtém o conhecimento?”; “Qual a confiança que se pode ter em um conhecimento?”; 
“Quais são os procedimentos mais adequados que o homem deve utilizar para conhecer a 
si e ao mundo?” etc.). Como as respostas para essas e outras perguntas não foram 
sempre as mesmas ao longo da História, isso acabaria determinando as diferentes 
trajetórias que a construção do conhecimento psicológico foi assumindo. Buscar o 
conhecimento sobre essas diversas "mães" ajudaria os psicólogos, portanto, a entender 
aquilo que, apenas aparentemente, seria sinal de caos e desorganização. 
Seria curioso retomarmos o exemplo daquele aluno imaginário depois de ele ter 
entendido que não faria sentido ter como expectativa o encontro com uma "única" 
Psicologia na faculdade. Acontece que, agora, tendo constatado que existem várias 
"Psicologias", ele enfrenta certa angústia, certo desconforto, quando se pergunta: "E eu, 
nisso tudo?"; "Qual (ou quais) dasPsicologias eu vou adotar?"; "Quantas abordagens 
diferentes posso adotar?"; "Qual vai ser a ‘minha’ Psicologia?". 
Sobre esse conflito vívido por nosso aluno imaginário, Figueiredo (1992) faz 
algumas considerações importantes. Ele acredita que o aluno de Psicologia e o próprio 
9 
psicólogo muitas vezes não conseguem enfrentar essa constatação de que a Psicologia é 
um espaço em que a diversidade predomina. Reagem à angústia que isso provoca de duas 
formas diferentes: 
(a) o psicólogo ou estudante não admite ou aceita a própria existência de formas 
de pensar diferentes da sua; ele passa a acreditar que só existe uma Psicologia 
"verdadeira", rejeitando, em princípio, todas as outras, sem considerar que elas existem 
e sem se preocupar em conhecê-las. Estes seriam os "dogmáticos", na terminologia do 
autor. Note que não é o fato de um psicólogo acreditar que a sua abordagem é 
“verdadeira” não o torna um dogmático, já que é óbvio que adotamos a forma de pensar 
que nos parece mais apropriada e adequada em relação a outras. O que o torna um 
dogmático é o fato de que ele não aceita que outros possam ter outros critérios e 
pensamentos diferentes dos seus. 
(b) o psicólogo ou estudante ignora que as várias "Psicologias" são, em muitos ca- 
sos, radicalmente diferentes e incompatíveis (porque se originaram de matrizes 
totalmente diferentes) e acredita, erroneamente, que todas elas pretendem as mesmas 
coisas. Ele adota todas as abordagens indistintamente, como se as diferenças não 
existissem. Estes seriam os psicólogos "ecléticos", para o autor. 
Note, portanto que o fato de um psicólogo ser "dogmático" ou ser "eclético" 
fundamentalmente está relacionado à atitude que ele adota frente à diversidade do 
conhecimento psicológico. Nos dois casos, a ênfase não está no número de abordagens 
que o psicólogo adota (como veremos mais à frente), mas como ele se comporta frente 
às diferenças que caracterizam as diversas abordagens da Psicologia. 
Voltando ao nosso aluno imaginário, agora ele se tornou mais confuso porque 
entendeu que as duas posições são criticadas pelo autor. O aluno não vê saída e pensa, 
de novo: "E eu, nisso tudo? Afinal, o que o psicólogo pode fazer para não ser aquilo que o 
autor chama de dogmático ou eclético? Qual é a saída?" 
O autor do texto (Figueiredo, 1992) que estamos tomando aqui como referência 
para esta introdução ao nosso curso, faz algumas considerações que podem servir para 
que a gente reflita e pense em alternativas para enfrentar a situação. 
O autor justifica por quê considera inaceitáveis para o psicólogo as atitudes do 
dogmatismo ou do ecletismo: elas não são consideradas adequadas porque impedem o 
crescimento e desenvolvimento da Psicologia e dos psicólogos. Ele (e vários outros 
autores e filósofos) considera que só existe o crescimento quando alguma coisa se 
10 
confronta com seu diferente, com o "Outro", com aquele ou aquilo que não é você (há 
uma palavra para designar isso: "alteridade"). Quando o dogmático diz "só a minha forma 
de pensar é que vale, as outras não me interessam", ele está impossibilitado de enfrentar 
o outro, aquilo que é diferente dele e, sendo assim, nem ele, nem a Psicologia teriam a 
possibilidade de se desenvolver, de crescer. A mesma coisa aconteceria com o eclético: 
acreditando que possa adotar ao mesmo tempo todas as formas de pensar e agir, não 
enfrenta aquilo que elas todas têm de diferente; ele desconsidera o que elas têm de 
essencial, estrutural e particular e que as torna diferentes. O resultado disso é que aqui, 
também, não há possibilidade de crescimento e desenvolvimento porque o psicólogo não 
está experienciando a diversidade, a alteridade das teorias e formas de pensar. 
Voltando ao nosso aluno calouro que se encontrava confuso frente a tanta 
novidade que o contato com a Psicologia estava lhe trazendo, é importante que ele saiba 
que alguma escolha ou escolhas ele fará à medida que for se formando em Psicologia. E 
claro que ele estabelecerá preferências, concordará pessoalmente com algumas coisas e 
discordará de outras, mas certamente ele fará escolhas. O que o autor do texto propõe é 
que os psicólogos enfrentem essa questão da diversidade característica da Psicologia de 
duas maneiras, com dois "movimentos": (a) o "movimento construtivo" em que o 
psicólogo estará produzindo conhecimento, buscando respostas para as perguntas que 
envolvam seu objeto de estudo e profissão, com base em recursos e referências 
oferecidos por uma ou mais teorias, pensando e estabelecendo relações entre as 
proposições teóricas e sua prática profissional. Mas para que isso possa resultar em 
crescimento da Psicologia é importante que ocorra, ao mesmo tempo, (b) o "movimento 
reflexivo", que se caracteriza pela reflexão constante sobre as várias teorias e sistemas 
de pensamento existentes. É essa reflexão que garantirá a possibilidade de contato com 
o outro, com o diferente. Refletir sobre as minhas teorias e a dos outros significaria, 
portanto, a possibilidade de crescimento. Refletir sobre os pressupostos das minhas e das 
outras teorias permitiria que eu conhecesse melhor os meus pressupostos porque os 
veria em contraste com os dos outros. 
Este trabalho de reflexão, com o objetivo de se encontrar o que existe "por trás", 
ou subjacente ("por baixo", "na base") às diversas formas de pensar, me levaria à 
identificação das várias matrizes diferentes que subjazem às diversas teorias. A questão 
aqui não é descobrir qual "a melhor" teoria, a mais "verdadeira", ou a mais "científica". 
Todo o conhecimento obtido até agora pela Psicologia, o foi baseado em alguns 
11 
pressupostos, algumas crenças a respeito do quê conhecer e de como fazer para 
conhecer. Por isso não faria sentido eu me dedicar a provar que a teoria do outro é falsa 
ou verdadeira porque, para isso, eu usaria os meus próprios pressupostos, aquilo que eu 
entendo por "verdade", "conhecimento", "realidade" etc. Isso não seria justo, nem faria 
sentido, porque a teoria do outro se baseou em outros pressupostos, em outros 
conceitos do que é "verdade", "conhecimento" etc. e estará sendo julgada a partir de 
pressupostos diferentes. A reflexão sobre as teorias, buscando compreender suas 
matrizes, estaria, portanto, além dessa atividade comparativa para escolher a "melhor". 
Segundo Figueiredo (1992), ela permitiria uma "ampliação da nossa capacidade de pensar 
acerca do que acreditamos, acerca do que fazemos e de quem somos". 
O aluno confuso ainda insiste na questão de "quantas teorias ou abordagens posso 
adotar?" e o que diríamos a ele é que a questão não se resolve com a adoção de um 
número x de abordagens, mas de quais e como são essas abordagens. Novamente, a 
questão volta a ser a das matrizes que originaram as diversas correntes de pensamento 
em Psicologia: a reflexão sobre as matrizes é que dirá quais abordagens são conciliáveis, 
quais não o são; é o conhecimento profundo dos pressupostos que subjazem a cada 
teoria que permitirá ao estudioso ou ao profissional decidir qual ou quais abordagens 
adotará. Alguns pressupostos dessas teorias coexistem, outros não podem ocupar a 
mesma posição em um único pensamento por serem incompatíveis. Por exemplo, vamos 
supor que o aluno escolha a abordagem "X" que se baseia, entre outras coisas, no 
pressuposto de que o Homem é um ser livre, que as razões de seu comportamento estão 
dentro dele mesmo e que é preciso identificar esses determinantes internos para 
compreender seu comportamento. Neste caso, seria incompatível esse mesmo aluno 
adotar a abordagem "Y" que se baseia, por exemplo, no pressuposto de que o Homemnão nasce livre, e que a razão para seu comportamento se encontra no seu ambiente 
cultural, social, econômico etc., que está, portanto, "fora" e não "dentro" dele. Para essa 
abordagem "Y", a tarefa da Psicologia seria conhecer esses determinantes externos para 
compreender seu comportamento. 
Depois disso, o aluno que agora não estava mais tão confuso, ficou um pouco 
ansioso porque percebeu que para ser psicólogo terá que estudar constantemente, que 
seu estudo não terminará quando ele terminar a faculdade. A diversidade da Psicologia 
estará sempre presente, mas isso, como já vimos, é uma das características principais da 
área de conhecimento que adotamos como base para a nossa profissão. 
12 
Referência 
Bibliográfica​: 
FIGUEIREDO, L. C. Convergências e divergências: a questão das correntes de 
pensamento 
em Psicologia. ​Transinformação, ​4 (1-2-3): 15-26, jan/dez, 1992. 
13 
ATIVIDADES PARA ESTUDO E REFLEXÃO SOBRE O 
TEXTO 1 
1. Explique, com suas próprias palavras, a afirmação: "A Psicologia, como área de 
conhecimento e profissão, é marcada pela diversidade e pode ser caracterizada como um 
'espaço de dispersão'”. 
2. Qual é a origem da diversidade na Psicologia? Explique, com suas próprias palavras, o 
que são as matrizes do conhecimento psicológico, na definição de L. C. Figueiredo. 
3. O que são o dogmatismo e o ecletismo e por que surgem? Por que o autor 
considera-os inaceitáveis? 
4. O que Figueiredo propõe como atitude para o psicólogo lidar com a diversidade da 
Psicologia? 
5. Por que não faria sentido no contexto da diversidade da Psicologia, procurar descobrir 
qual a corrente de pensamento mais "verdadeira" ou mais "científica"? 
6. Faça uma reflexão sobre o poema reproduzido abaixo, com base no texto lido: 
A VERDADE ​Carlos Drummond de 
Andrade 
A porta da verdade estava aberta, 
mas só deixava passar meia pessoa 
de cada vez. 
Assim não era possível atingir toda a verdade, 
porque a meia pessoa que entrava só trazia o 
perfil de meia verdade. E sua segunda metade 
voltava igualmente com meio perfil. E os meios 
perfis não coincidiam. 
Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta. 
Chegaram ao lugar luminoso onde a verdade 
esplendia seus fogos. Era dividida em metades 
diferentes uma da outra. 
Chegou-se a discutir qual a metade mais bela. 
Nenhuma das duas era totalmente bela. E carecia 
optar. Cada um optou conforme seu capricho, sua 
ilusão, sua miopia. 
(Do livro "O Corpo", da Editora Record, 1984) 
14 
Psicologia: Ciência e 
Profissão 
Texto 2: A Diversidade da Atuação do 
Psicólogo 
Inicialmente é importante que fiquem claros os objetivos deste texto que você está 
começando a ler. 
Você já sabe que um dos objetivos desta disciplina é que você tenha acesso a 
informações importantes sobre a diversidade da atuação de psicólogo e que tenha alguns 
elementos para que possa refletir criticamente sobre ela. 
Neste Texto 2, você encontrará algumas informações básicas sobre o que o 
psicólogo faz, concretamente, nos contextos em que atua e sobre algumas características 
desses contextos. A diversidade da Psicologia e da atuação prática do psicólogo ficará 
evidente, quando você identificar no texto a variedade de formas diferentes que as 
atividades profissionais assumem. São variados e múltiplos os seus locais de atuação, os 
tipos humanos e variedade de pessoas com as quais os psicólogos têm contato no seu 
cotidiano profissional, dependendo dos diferentes contextos nos quais eles desempenham 
suas atividades. 
Em vista disso, e levando em consideração o tempo disponível, o texto não 
pretende apresentar uma discussão aprofundada de cada um desses contextos ou da 
atuação profissional do psicólogo. O objetivo dele é, portanto, relativamente simples: 
pretende-se, com a sua leitura, que você ganhe familiaridade com alguns termos que 
devem ser novos para você, mas que são comumente utilizados entre os psicólogos. Além 
disso, é importante que você aprenda o significado de alguns desses termos, que 
envolvem a atuação dos profissionais nos vários contextos que serão estudados. 
A DIVERSIDADE DOS CONTEXTOS DE 
ATUAÇÃO 
Um texto que se propõe a apresentar algumas atividades dos psicólogos a alunos 
iniciantes na profissão deverá necessariamente incluir os contextos em que tais 
atividades se dão. Isto é, as ações profissionais dos psicólogos se dão dentro de um 
determinado contexto que as afeta e é afetado por elas. Quando o profissional realiza 
uma atividade, ele o faz em um determinado local, com determinadas características, 
relacionando-se com seres humanos específicos, provenientes de determinados 
segmentos sociais e culturais, dentro das condições sócio-econômico-culturais do país, 
15 
em um dado momento de sua história. A diversidade de contextos específicos nos quais 
os psicólogos atuam, implica a diversidade de objetivos e de necessidades a serem 
atendidas. Ao mesmo tempo, na medida em que o profissional desempenha suas 
atividades, vai transformando, igualmente, esses contextos de atuação. 
Em vista desta interação indissociável entre as atividades dos psicólogos e os 
contextos de atuação, começaremos caracterizando alguns desses contextos mais 
comuns e depois nomearemos e descreveremos algumas atividades mais frequentes dos 
profissionais. Não perca de vista, no entanto, que o que será exposto a seguir são apenas 
alguns exemplos que não esgotam (nem pretendem esgotar) as inúmeras possibilidades 
de atuação profissional. 
CONTEXTOS QUE ENVOLVEM A 
SAÚDE 
Quando falamos no contexto da Saúde, estamos nos referindo a uma diversidade 
de situações que envolvem uma ampla variedade de locais de atuação, da clientela 
atendida, de objetivos a serem atingidos e de necessidades a serem satisfeitas. Sendo 
assim, esses contextos envolvem a saúde do cidadão e das comunidades, incluindo desde 
o trabalho que o psicólogo clínico realiza no consultório particular, com indivíduos 
específicos, passando pelas instituições públicas ou particulares de saúde (como hospitais 
gerais e psiquiátricos), até os postos de saúde (Unidades Básicas de Saúde - UBS), os 
CAPs 
(Centro de Atenção Psicossocial), os ambulatórios e as clínicas de diferentes naturezas. 
CONTEXTOS QUE ENVOLVEM A EDUCAÇÃO E A 
ESCOLA 
O contexto educacional envolve as instituições de ensino, tanto as particulares 
quanto as públicas, incluindo tanto as escolas do sistema formal de ensino, quanto 
outros locais que têm por objetivo a educação e a aprendizagem escolar formal. 
CONTEXTOS QUE ENVOLVEM O TRABALHO DO HOMEM NAS 
ORGANIZAÇÕES 
Nestes contextos, o que está em jogo é o trabalho dos cidadãos em organizações 
como, por exemplo, as empresas de diversas naturezas e os órgãos de administração 
pública. Aqui, o psicólogo atua para fornecer recursos humanos adequados à 
organização, garantindo-lhes condições de trabalho para que se fixem nela. As atividades 
dos psicólogos pretendem humanizar e aprimorar as relações de trabalho que se dão 
neste contexto. 
16 
CONTEXTOS QUE ENVOLVEM O TRABALHO INSTITUCIONAL E 
COMUNITÁRIO 
O espectro e a diversidade desses contextos são bastante amplos e variados. Eles 
envolvem, por exemplo, a atuação dos psicólogos em orfanatos, asilos ou instituições 
equivalentes. A atuação institucional envolve, também, por exemplo: o trabalho dos 
profissionais nas instituições de atendimento psicológico a portadores de deficiências; 
nas organizações não governamentais (ONGs) de várias naturezas; em sindicatos e 
associações profissionais; em clubes e entidades esportivas (através da Psicologia do 
Esporte); em instituições da Justiça,como presídios, Varas da Família, Juizado do Menor 
etc. (através da Psicologia Jurídica); em agências de Publicidade; nos centros 
psicotécnicos para exame de motoristas; em entidades comunitárias, como associações 
de bairro, por exemplo. Note que esses são apenas algumas ilustrações da variedade de 
contextos institucionais onde o psicólogo pode trabalhar. 
CONTEXTOS QUE ENVOLVEM A 
PESQUISA 
Quando a atividade do psicólogo visa especificamente à produção do 
conhecimento psicológico, ela se dá em contextos basicamente voltados para este 
objetivo, como as universidades, por exemplo, em que o psicólogo docente é contratado 
para transmitir e construir conhecimento (pesquisar). Não é muito frequente, no Brasil, a 
pesquisa psicológica realizada fora das universidades, como nas empresas privadas, por 
exemplo. No entanto, se entendermos a pesquisa como uma forma sistemática de buscar 
respostas para perguntas sobre os fenômenos psicológicos, pode-se dizer que ela não se 
restringe aos contextos de trabalho dos psicólogos-professores, apenas, mas se estende, 
também, aos profissionais dos mais diferentes contextos. Assim, por exemplo, os 
psicólogos realizam pesquisas associadas ao seu contexto específico de trabalho, como 
nos hospitais, nos consultórios, nas agências de Publicidade ou em outras das instituições 
citadas. 
17 
A DIVERSIDADE DE ATUAÇÃO: ALGUMAS ATIVIDADES DOS 
PSICÓLOGOS 
Serão apresentados, a seguir, alguns exemplos de atividades que são 
desempenhadas nos diversos contextos de atuação mencionados acima. Não perca de 
vista que elas são apenas alguns exemplos das atividades mais comumente realizadas. 
Certamente, nas entrevistas que você fará com os profissionais, outras atividades serão 
mencionadas, além destas. 
1. ATIVIDADES DE COLETA E AVALIAÇÃO SISTEMÁTICAS DE 
INFORMAÇÕES 
1.1. Observação​: 
A atividade de observar parece ser uma das mais básicas e essenciais ao trabalho 
do psicólogo, já que a Psicologia, como ciência, implica a produção de conhecimento que 
seja metódica e crítica (diferente da produção de conhecimento feita, na maioria das 
vezes, pelo ser humano quando utiliza seu senso comum). Sendo assim, ao invés de 
"chutar" simplesmente uma resposta para uma questão que ele tem, o psicólogo prefere 
observar sistematicamente o fenômeno estudado. Há regras e técnicas para a observação 
(que você aprenderá em outras disciplinas). Por exemplo, a observação pode ser feita em 
ambiente natural, no qual o fenômeno estudado normalmente ocorre, ou em situação 
planejada, na qual o psicólogo cria uma situação específica para o sujeito e o observa 
nela. 
1.2. Aplicação de testes e outros instrumentos 
Você terá a oportunidade, ao longo do seu curso, de entrar em contato com vários 
testes (às vezes chamados de "instrumentos de medida"), desenvolvidos e pesquisados 
pela Psicologia. Os teste são utilizados para identificar e conhecer os mais variados tipos 
de fenômenos. Há testes de personalidade, testes de desempenho intelectual, testes de 
desempenho específico (por exemplo, de lógica, raciocínio espacial, raciocínio mecânico) 
etc. Em algumas situações, o psicólogo desenvolve instrumentos especificamente 
voltados para a obtenção de informações no seu contexto de trabalho particular. 
1.3. Entrevista 
Igualmente básica, a atividade de entrevistar aparece desempenhada pelos 
psicólogos, nos mais diferentes contextos. Você aprenderá, com o tempo, que uma 
18 
entrevista não é um simples bate-papo do profissional com uma pessoa, mas uma 
atividade planejada, com objetivos específicos e realizada segundo determinadas regras. 
A entrevista pode ser realizada ao vivo, em contato face-a-face, bem como o psicólogo 
pode aplicar questionários, respondidos por escrito pelo próprio indivíduo. 
Como dissemos, essas três atividades aparecem nos mais variados contextos de 
atuação, às vezes separadamente (só a entrevista, por exemplo), às vezes em conjunto. 
Seguem alguns exemplos: 
No caso dos contextos de Saúde, fala-se em ​psicodiagnóstico ​(ou estudo de caso), 
para se referir ao conjunto dessas três atividades que o psicólogo realiza. O objetivo do 
psicodiagnóstico é identificar os fatores que caracterizam um indivíduo, tanto 
internamente (emoções, necessidades, desejos, características cognitivas etc.) quanto 
externamente (fatores de ambiente social, familiar, educacional etc.). Apesar do sentido 
que "diagnóstico" sugere, o psicodiagnóstico não é realizado apenas para se identificar 
um "problema", mas para se identificar as características psicológicas do indivíduo, com 
problema ou não. O psicodiagnóstico pode ser utilizado pelo profissional antes do início 
de um processo terapêutico (para tratamento) ou para encaminhá-lo para outros 
profissionais. 
No contexto educacional, pode-se encontrar, por exemplo, o psicólogo observando 
uma criança interagindo com seus colegas no intervalo, ou a interação de uma professora 
com a classe; entrevistando uma mãe sobre o comportamento da criança em casa; 
aplicando um teste de nível intelectual etc. 
No contexto organizacional, quando se fala em seleção de pessoal, pode-se, da 
mesma forma, observar a aplicação de algumas ou de todas essas atividades (por 
exemplo, entrevista, aplicação de testes, observação do comportamento de um 
candidato em um grupo, ou em situação de trabalho etc.). 
No contexto institucional, por exemplo, o psicólogo "judiciário" pode realizar estas 
atividades para fornecer um laudo psicológico que subsidiará a decisão de um juiz, sobre 
um detento, ou sobre candidatos à adoção de uma criança. 
No contexto da pesquisa, como já foi afirmado acima, a observação, a entrevista e 
a aplicação de instrumentos desenvolvidos pelo pesquisador, são atividades essenciais 
para a produção de informações sistemáticas sobre os fenômenos investigados. Por 
exemplo, no hospital um psicólogo pode pesquisar as relações entre o desenvolvimento 
19 
psicológico de bebês e a quantidade de stress da mãe durante a gravidez. Para isso, terá 
que desenvolver ou utilizar instrumentos de medida do stress da mãe, entrevistá-la, 
observar o desenvolvimento de bebês etc. Na escola, ao pesquisar, por exemplo, as 
relações entre aprendizagem e tipo de aula (expositiva, seminário, discussão em grupo 
etc.), o psicólogo deverá observar a aula dada pelo professor, entrevistar alunos e 
professores e utilizar testes ou instrumentos de medida de aprendizagem. 
2. PSICOTERAPIA 
Vamos, nesta disciplina, considerar a psicoterapia como uma atividade em que o 
psicólogo aplica um conjunto de técnicas e métodos psicológicos, cujas características e 
objetivos podem variar, dependendo das concepções teóricas e metodológicas que 
servem de referência para o profissional (ANCONA-LOPEZ e FIGUEIREDO, 1990). Entre 
a 
diversidade de objetivos da psicoterapia, dependendo da abordagem mencionada, podem 
ser citados como exemplo: a solução de problemas; modificação de comportamentos 
através de novas aprendizagens; desenvolvimento de novas concepções sobre si e o 
mundo; autoconhecimento: transformação da personalidade etc. 
Ainda assim, embora a psicoterapia seja uma atividade voltada para múltiplos 
objetivos e se desenvolva de maneiras muito diferentes, dependendo dos pressupostos 
epistemológicos e teóricos do psicólogo que a utilize, consideramos importante a 
concepção da psicoterapia como uma das formas de o psicólogo contribuir para a 
promoção da saúde dos cidadãos. 
As diferentes abordagens teóricas da Psicologia, assim, servem de base para as 
diferentes abordagens psicoterápicas que você pode encontrar entre os psicólogos.Exemplos dessas diferentes abordagens orientadoras dos psicoterapeutas: psicanálise ou 
análise freudiana, análise existencial, análise junguiana (de Jung – o ​J ​do nome é 
pronunciado como ​I​), terapia comportamental, cognitiva etc. 
Uma modalidade de psicoterapia, a chamada ​psicoterapia breve​, tem sido muitas 
vezes utilizada em alguns contextos que demandam menor tempo de duração da terapia. 
Neste tipo de atividade, o terapeuta tem uma intervenção mais focalizada, buscando 
atingir objetivos mais imediatos, principalmente decorrentes da especificidade do 
contexto de vida atual do cliente, (por ex., uma separação, uma perda, uma interrupção 
abrupta na carreira profissional, uma internação hospitalar etc.). 
20 
Nos contextos educacionais e do trabalho nas organizações a psicoterapia não é 
frequentemente utilizada, sendo uma prática mais comum o psicólogo encaminhar a 
pessoa para um psicoterapeuta, quando julga necessário. 
A atividade psicoterapêutica do psicólogo é desempenhada principalmente nos 
contextos que envolvem a Saúde, em especial nos consultórios particulares. Em outros 
contextos de Saúde, que atendem um número grande de pessoas (por exemplo, um 
hospital público ou posto de saúde), a prática psicoterapêutica tradicional, individual, 
feita um-a-um, se torna bastante inviável. Isso tem levado os psicólogos à utilização ou 
de técnicas grupais, ou de outras atividades mais apropriadas a esses contextos. O 
mesmo pode ser dito em relação à atuação dos profissionais em contextos institucionais 
variados que tenham características incompatíveis com a atividade da psicoterapia 
tradicional. 
3. ACONSELHAMENTO E 
ORIENTAÇÃO 
Esta atividade de aconselhamento e orientação, como na terapia breve, se dá 
voltada para uma situação específica que caracteriza o momento de vida de um indivíduo 
ou de um grupo. Entretanto, diferentemente da terapia breve em que o objetivo é 
"tratar” de um problema específico, no aconselhamento e orientação o psicólogo assume 
uma posição que é, principalmente, mais educativa. Isto é, com base nos conhecimentos 
da Psicologia, o psicólogo esclarece as pessoas sobre determinados fenômenos da 
psicologia humana, nos seus aspectos cognitivos, afetivos e comportamentais. Essas 
informações serão úteis para que a pessoa reflita sobre si e a situação que está vivendo, 
de forma a lidar da melhor forma possível com sua vida. 
A orientação e o aconselhamento aparecem em vários contextos diferentes de 
atuação do psicólogo. Por exemplo, em hospitais, orientações para grupos de pacientes 
transplantados e suas famílias; em um posto de saúde, orientação de gestantes ou de 
mães; em uma escola, orientação vocacional ou sexual ou orientação para pais de filhos 
com problemas de aprendizagem (orientação psicopedagógica). 
A orientação e o aconselhamento também podem ser atividades que o psicólogo 
desempenha tendo como sua “clientela” outros profissionais. Por exemplo, no contexto 
de Saúde, em que médicos, enfermeiras e atendentes têm contato, através do psicólogo, 
com o conhecimento da Psicologia que lhes é necessário, o que resulta em benefício para 
a clientela atendida e para o próprio profissional. No contexto educacional, na atividade 
21 
de orientação de professores, o conhecimento da Psicologia sobre processos de 
desenvolvimento e aprendizagem será bastante importante para que todos 
desempenhem melhor os seus papéis de forma aumentar a chance de aprendizagem dos 
alunos. ​4. ATIVIDADES JUNTO A EQUIPES MULTIPROFISSIONAIS 
(MULTIDISCIPLINARES) 
Especialmente junto aos contextos de Saúde e Institucionais, a concepção de que a 
promoção da saúde integral do indivíduo deve ser o objetivo principal de várias 
instituições, tem levado à necessidade do psicólogo atuar conjuntamente com outros 
profissionais. Nessas equipes, o que se pretende é que a compreensão total do indivíduo 
seja possível através da soma e complementação dos conhecimentos específicos 
dominados por cada profissional. 
Por exemplo, nos hospitais e postos de saúde, o psicólogo pode atuar com médicos 
e enfermeiras, contribuindo com seu conhecimento sobre as emoções e relações 
humanas. Em uma instituição para portadores de deficiências físicas, ele pode atuar junto 
ao fisioterapeuta e ao neurologista, visando à reeducação e recuperação psicomotora 
integral da sua clientela. Nos contextos educacionais, ele pode se juntar aos outros 
profissionais para, através de seus conhecimentos específicos, participar do 
planejamento curricular. No contexto organizacional, o psicólogo trabalha com outros 
profissionais, por exemplo, no planejamento e execução de treinamento para alguma 
habilidade específica de trabalho, levando-se em conta o conhecimento da Psicologia 
sobre aprendizagem e processos de desenvolvimento. Em outros momentos, ainda no 
contexto organizacional, o conhecimento do psicólogo sobre relações humanas e 
processos grupais pode ficar em evidência quando ele observa funcionários em tarefas 
grupais ou aplica técnicas de dinâmica de grupo em um determinado setor de uma 
empresa. 
CONSIDERAÇÃO FINAL 
São essas as informações sobre as principais atividades dos psicólogos que 
gostaríamos de apresentar a você. Como dissemos no início, o objetivo deste texto é 
basicamente o de começar a familiarizar você com alguns termos mais comuns 
relacionados às atividades dos psicólogos e apresentar informações básicas sobre 
algumas dessas atividades e sobre alguns dos contextos em que elas são desempenhadas. 
22 
De forma alguma o texto apresentou um retrato acabado das possibilidades de atuação 
dos profissionais, tendo mostrado apenas um breve relato de algumas das suas principais 
atividades. Com certeza, várias outras atividades que o psicólogo realiza não foram 
mencionadas. 
Referências 
Bibliográficas​: 
ANCONA-LOPEZ, M. & FIGUEIREDO, L. C. M. ​Guia Psi​. São Paulo: Ed. Marco 
Zero, 
1990. 
BASTOS, A. V. B. & GONDIM, S. M. G. (orgs.). ​O trabalho do psicólogo no Brasil​. 
Porto 
Alegre: Artmed, 2010. 
JUSTO, H. ​Identidade do Psicólogo: reflexões e limitações das técnicas 
psicoterápicas​. 
Canoas: La Sale, 1997. 
23 
ATIVIDADES PARA ESTUDO E REFLEXÃO SOBRE O 
TEXTO 2 
Sobre os contextos de atuação do psicólogo: 
1. Dê exemplos de locais que caracterizem os contextos de: Saúde, Educação, 
Organizacional, Institucional-Comunitário e de Pesquisa. 
2. Por que não faz sentido discutir as atividades do psicólogo sem fazer referência aos 
contextos em que elas são desempenhadas? 
Sobre as atividades do psicólogo: 
3. (a) Nomeie e explique cada uma das atividades de coleta e avaliação sistemáticas de 
informação, mencionadas pelo texto; (b) Por que se pode dizer que essas atividades do 
psicólogo contribuem para a caracterização da Psicologia como Ciência? 
4. (a) Explique o que são as seguintes atividades: psicodiagnóstico; psicoterapia; orienta- 
ção/aconselhamento; (b) Invente exemplos dessas atividades em variados contextos de 
atuação. 
5. De que forma as atividades do psicólogo junto a equipes multiprofissionais se 
relacionam ao objetivo de contribuir para a compreensão dos fenômenos humanos e para 
a saúde integral do cidadão? 
24 
Psicologia: Ciência e 
Profissão 
Texto 3: A atuação do psicólogo em contextos 
específicos 
No texto que segue abaixo você encontrará informações gerais sobre a atuação do 
psicólogo em contextos específicos. As informações e detalhes abordados complementam 
as informações do Texto 2, apresentando algumas particularidades dos diversos 
contextos mencionados, como o da Saúde, com seus múltiplos subcontextos, alémdo 
Educacional, do Organizacional e o de Pesquisa. 
A ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO NO CONTEXTO DA 
SAÚDE 
Como dissemos anteriormente, o contexto da Saúde engloba a atuação do 
psicólogo em vários subcontextos diferenciados, como os destacados a seguir. 
PSICOLOGIA CLÍNICA ​(ATUAÇÃO EM CONSULTÓRIO PARTICULAR E 
OUTROS LOCAIS) 
No contexto da Saúde, é comum as pessoas referirem-se à Psicologia Clínica para 
caracterizar uma forma típica de atuação do psicólogo. Nesta forma de atuação, via de 
regra, o contato do profissional com sua clientela é feito pessoal e individualmente com o 
objetivo de promover sua saúde, frequentemente através da resolução de seus 
problemas. Nesse sentido, a psicologia clínica é exercida em variados contextos 
diferentes e se caracteriza pelo fato do profissional aplicar os métodos e as técnicas que 
a Psicologia, como Ciência, vem desenvolvendo ao longo de sua história, para atingir 
determinados objetivos. Assim, por exemplo, pode-se encontrar a aplicação da Psicologia 
Clínica em um consultório particular, em um hospital, em um Posto de Saúde e, às vezes, 
em uma escola. Por causa disso, algumas pessoas falam em um "modelo" clínico de 
atuação, que assume formas particulares, dependendo do contexto particular onde ele 
aparece. 
Como você aprenderá mais à frente neste conjunto de textos, à medida que a 
Sociedade e a profissão foram se modificando até a atualidade, os profissionais 
começaram a questionar a predominância desse modelo na atuação do psicólogo, 
considerando-o muitas vezes inapropriado para a aplicação em novos contextos de 
atuação. Nesses locais, a atuação do profissional envolve o trato com grandes grupos de 
25 
pessoas, com necessidades específicas, em serviços de atendimento de Saúde Pública, o 
que inviabilizava a aplicação de um modelo individual e particular de atuação. 
Mesmo assim, a "prática clínica”, com base no modelo tradicional, teve e tem uma 
inegável importância nas vidas das pessoas que tem beneficiado, e continua sendo 
aplicada, em vários dos subcontextos mencionados. 
Alguns críticos do modelo clínico tradicional defendem a criação e o 
desenvolvimento de novos modelos de atuação, mais apropriados aos novos contextos de 
atuação, especialmente aqueles que envolvem os serviços públicos de saúde e algumas 
instituições. Esses novos modelos deveriam estar voltados para a população em geral, 
para as comunidades e coletividades específicas, com objetivos preventivos, 
considerando-se as necessidades comuns a cada população, permitindo livre acesso aos 
profissionais, especialmente o acesso das classes mais pobres. 
As principais atividades desempenhadas pelos psicólogos clínicos já foram 
mencionadas e descritas no Texto 1. É aconselhável que você retome aquele texto para 
ganhar maior facilidade no uso de alguns termos comuns ao vocabulário dos psicólogos. 
A atuação do psicólogo no consultório particular talvez seja a modalidade de 
atuação mais divulgada entre as pessoas comuns da sociedade. Em geral, o profissional 
atende pessoas em seu consultório particular (como profissional liberal autônomo) e ali, 
em contato na maioria das vezes individual, outras vezes grupal, aplica de forma pessoal 
os métodos e as técnicas que a Psicologia lhe fornece. 
As atividades mais comuns do psicólogo clínico particular também são o 
psicodiagnóstico, a psicoterapia e o aconselhamento (ver Texto 1). Atividades de 
orientação profissional/vocacional também são exercidas. Os psicólogos (menos 
experientes) muitas vezes recorrem à "supervisão" de outros psicólogos (mais 
experientes) para discutirem e receberem orientação sobre seus casos. A prática 
multiprofissional, como descrita no texto anterior, não é muito comum entre os clínicos 
particulares. O psicólogo pode recorrer a outros profissionais ou encaminhar seus 
clientes a outras especialidades, mas a prática conjunta não é frequente, pelas próprias 
características do atendimento particular. 
Em termos da população atendida, é importante salientar que a modalidade de 
atendimento particular, pelos altos custos que implica (por ser um tratamento longo, 
com um profissional cuja formação é cara e especializada etc.), não permite acesso 
generalizado a toda população, havendo predominância de uma clientela dos extratos 
26 
economicamente superiores da sociedade. Algumas vezes, os clínicos particulares 
especializam-se em faixas etárias específicas (crianças, adolescentes etc.) ou grupos 
específicos (famílias, casais, pais etc.). 
PSICOLOGIA HOSPITALAR ​(ATUAÇÃO EM HOSPITAIS 
GERAIS) 
Embora alguns acreditem que o modelo clínico de atuação, como o que caracteriza 
a atuação do psicólogo no consultório particular, deveria ser simplesmente adaptado às 
características específicas do hospital e ser ali exercido, outros acreditam que o contexto 
hospitalar exige o desenvolvimento de novas formas de atuação. 
O trabalho do psicólogo no Hospital Geral (com suas múltiplas especialidades, 
como por exemplo, a cardiologia, a oncologia, a maternidade etc.) experimentou grande 
desenvolvimento nas últimas décadas, o que levou, na prática, à necessidade do 
profissional refletir sobre esse contexto específico e exercer nele várias atividades. 
Quando se pensa nos aspectos que tornam esse contexto tão específico, deve-se 
considerar que, em primeiro lugar, estamos falando do hospital como um contexto em 
que a doença ocupa lugar de destaque. O indivíduo doente, internado ou atendido no 
ambulatório, é, dessa forma, o foco principal da atenção dos profissionais da saúde. 
Algumas reflexões sobre esse indivíduo doente precisam ser feitas: segundo 
Terezinha C. Campos (1995), em seu livro sobre Psicologia Hospitalar, o papel do 
psicólogo no hospital é contribuir para a humanização da instituição hospitalar. O 
hospital é um contexto específico que busca proporcionar a manutenção do bem-estar 
físico, social e mental do homem. Segundo a autora, o "psicólogo, atuando no hospital, 
busca a promoção, a prevenção e recuperação do bem-estar do paciente, no seu todo, o 
que implica que aspectos físicos e sociais são considerados em interação contínua na 
composição do psiquismo desse mesmo paciente" (p. 65). O indivíduo, portanto, não se 
resume à sua doença, mas é um ser humano complexo e é esse "todo" humano que 
precisa ser considerado. 
As atividades mais frequentemente exigidas do psicólogo hospitalar são a 
orientação e aconselhamento e a psicoterapia breve (dado que a psicoterapia tradicional, 
longa, não se adequa às características do contexto hospitalar). O psicodiagnóstico e 
outras várias formas de avaliação são aplicados quando necessário. Nos hospitais é 
comum a atividade de ensino, já que os cursos de formação do psicólogo 
tradicionalmente não preparavam os alunos para atuação em hospitais, o que levou a 
27 
necessidade da atividade de ensino e treinamento dos profissionais formados em 
Psicologia para atuação em hospitais. Dessa forma, entre as atividades dos psicólogos 
hospitalares encontra-se a de contribuir para a formação de seus futuros colegas. A 
atividade de pesquisa também aparece sendo exercida pelos psicólogos hospitalares. 
Como área recente da Psicologia, há necessidade de produção sistemática de 
conhecimentos sobre a Psicologia Hospitalar, em seus múltiplos aspectos. Em todas as 
atividades mencionadas, observa-se que a atuação em equipes multiprofissionais é 
característica essencial do trabalho do psicólogo hospitalar. 
A atividade de orientação não se restringe ao paciente, estendendo-se aos seus 
familiares e cuidadores e a toda a equipe de profissionais da Saúde que trabalhamno 
hospital. Esse aspecto é importante e deve ser salientado, uma vez que uma das 
preocupações atuais da Psicologia como profissão é estender seus serviços à população 
como um todo. Nesse sentido, podemos dizer que a abrangência social do trabalho do 
psicólogo no hospital é bastante grande, não atingindo diretamente apenas o indivíduo 
doente, mas a toda a coletividade que faz parte do contexto do hospital. Na medida em 
que profissionais de Saúde, não apenas o psicólogo, estiverem preparados técnica e 
pessoalmente para lidarem com os doentes como um ser humano integral, em que 
aspectos físicos e psicológicos fazem parte do mesmo todo, o benefício da atuação do 
profissional recai sobre toda a coletividade dos doentes, não apenas sobre indivíduos 
específicos. Em termos dos extratos sociais atualmente atingidos com o benefício da 
atuação profissional do psicólogo, deve-se salientar a presença bastante significativa de 
psicólogos nos Hospitais Públicos, o que amplia o acesso das camadas mais pobres aos 
profissionais. Nos hospitais particulares, a presença do psicólogo não parece ser tão 
significativa. 
PSICOLOGIA INSTITUCIONAL E COMUNITÁRIA ​(ATUAÇÃO EM 
INSTITUIÇÕES E 
COMUNIDADES DE DIVERSAS 
NATUREZAS) 
Como você leu no Texto 1, as instituições nas quais os psicólogos podem atuar são 
inúmeras, com os mais variados objetivos, atendendo populações com as mais variadas 
características. Entretanto, o que elas têm em comum é que aqui está em foco a Saúde 
da população, em seus múltiplos aspectos. É a Saúde do cidadão que está em jogo, 
quando o psicólogo trabalha em orfanatos, asilos ou instituições equivalentes; quando 
atua em instituições de atendimento psicológico a deficientes; nas organizações não 
28 
governamentais (ONGs) de várias naturezas; nos ambulatórios de instituições de Saúde 
Pública como Postos ou Unidades Básicas de Saúde e ambulatórios (por exemplo, de 
dependência química, ou distúrbios de alimentação) e de Instituições de Saúde Mental 
como os Hospitais Psiquiátricos e instituições dessa natureza. 
Promover a saúde do cidadão também é objetivo do trabalho do psicólogo em 
Comunidades ou Instituições que envolvem coletividades específicas, como Associações 
de Bairro e Comunitárias, Sindicatos e Associações Profissionais. 
Observa-se, cada vez mais frequentemente, a presença de psicólogos em 
instituições da Justiça, como presídios. Varas da Família, Juizado do Menor etc., através 
da Psicologia Jurídica. A tarefa dos profissionais aqui, por exemplo, é fornecer laudos e 
pareceres para Juízes arbitrarem adoções, separações, penas etc. 
Através da Psicologia do Esporte, a atuação do profissional está focada em grupos 
de esportistas, eventualmente em indivíduos específicos, mas a Saúde de grupos e 
equipes é a referência fundamental para o trabalho do psicólogo. 
Nessa ampla variedade de locais em que o psicólogo atua, pode-se observar a 
presença tanto do modelo clínico tradicional, mencionado em parágrafos anteriores, 
quanto à presença de atividades mais apropriadas às características dessas instituições. 
Uma dessas características diz respeito ao número de pessoas envolvidas no atendimento 
do profissional. O psicólogo aqui entra em contato com muitas pessoas que diariamente 
frequentam essas instituições, especialmente as de Saúde Pública. Assim, há necessidade 
do desenvolvimento de métodos e técnicas adequados para o trabalho com grupos. 
Atividades novas precisam ser desenvolvidas para dar conta das demandas sociais que se 
apresentam ao psicólogo no seu dia-a-dia. A referência aqui são as coletividades e suas 
necessidades típicas. Deve-se notar, mais uma vez, que segmentos da população que 
anteriormente não eram beneficiados com o trabalho do psicólogo, agora o são, quando 
se observa que um número grande dessas instituições tem a população mais pobre como 
a diretamente atendida. 
A ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO NO CONTEXTO 
EDUCACIONAL 
A atuação do psicólogo na escola e no contexto educacional é vista basicamente 
como a atuação de um educador. Ele participa do processo educacional como um todo, 
colaborando com aquilo que especificamente faz parte da área de conhecimento da 
Psicologia, conhecimento este necessário para que se compreenda e interfira no processo 
29 
educacional. Isto é, o psicólogo é mais um dos profissionais envolvidos no processo de 
ensino-aprendizagem e, como tal, colabora para que esse processo possa atingir sua 
plenitude. Nessa medida, os conhecimentos da Psicologia sobre o desenvolvimento 
humano, sobre os processos de aprendizagem e sobre as relações humanas, são 
colocados em prática para garantir, junto com outros conhecimentos de outros 
profissionais, que a aprendizagem ocorra da melhor forma possível. O psicólogo 
educador, em vista disso, trabalha sempre em equipes multiprofissionais. Em resumo, o 
psicólogo que atua segundo esse modelo educador se envolve diretamente com o 
processo educacional e é figura importante no estabelecimento das condições 
necessárias para que haja a aprendizagem. 
Em termos das atividades que esse psicólogo apresenta, deve-se notar que na 
maior parte delas a postura de educador descrita acima está evidente e elas representam 
a aplicação do conhecimento psicológico para aumentar a chance da aprendizagem 
ocorrer. Se, por alguma razão, o psicólogo se depara com algum aluno que necessite de 
atendimento clínico, em grande parte das vezes ele mesmo não faz esse atendimento, 
mas encaminha o aluno a um psicólogo clínico especializado ou outra instituição. Entre as 
atividades principais do psicólogo que trabalha no contexto educacional, pode-se citar: 
(a) planejamento curricular: trabalho realizado geralmente em equipe com outros 
educadores (pedagogos, professores e especialistas nas áreas acadêmicas específicas). 
Nessa atividade ele participa do estabelecimento dos objetivos educacionais, das 
estratégias de ensino e de avaliação, além da análise e elaboração do material didático. 
(b) treinamento de professores: aqui o psicólogo orienta o professor, seja naquilo 
que se relaciona a aspectos do desenvolvimento psicológico (intelectual, afetivo, social 
etc.) dos alunos, seja naquilo que se relaciona aos processos de aprendizagem 
conhecidos pela Psicologia. Por exemplo, em um treinamento de professores o psicólogo 
pode oferecer informações básicas sobre aspectos do desenvolvimento envolvidos na 
educação, ou orientar o professor para que crie situações mais adequadas de 
aprendizagem, alterando, por exemplo, o material didático etc. 
Outras atividades merecem ser mencionadas: 
(c) contato com a família: o psicólogo pode servir de elo entre a escola e a 
casa/família do aluno, garantindo assim que as condições de ensino planejadas pela 
escola possam ter continuidade e apoio no seu ambiente doméstico. 
30 
(d) orientação de alunos: atividade geralmente realizada através de pequenos 
cursos ou palestras, visando informar os alunos a respeito de vários assuntos, de modo a 
favorecer opções de vida mais adequadas. Os assuntos mais frequentes são relacionados 
à escolha profissional/vocacional, ao sexo, às drogas, ao desenvolvimento da cidadania 
etc. 
(e) organização do espaço educacional: distribuição de alunos por salas, 
planejamento e racionalização do espaço etc. 
Pode-se observar, analisando essas atividades, que atuação do psicólogo educador 
tem um caráter eminentemente preventivo, isto é, todas elas representam uma tentativa 
do psicólogo e dos outros educadores de maximizar a probabilidade de que haja 
aprendizagem e os objetivos educacionais sejam atingidos. O caráter preventivo semanifesta exatamente aí: se a escola atingir seus objetivos educacionais, a aprendizagem 
ocorrerá sem problemas e a necessidade de remediação será diminuída. Por exemplo, na 
medida em que um currículo estiver bem planejado, que o professor estiver bem 
preparado para o contato com os alunos, planejando e implementando adequadamente 
as condições de ensino, maior será a chance de o aluno aprender. A atuação é preventiva 
porque não se espera o problema ocorrer para depois tratá-lo: a atuação dos educadores 
ocorre antes, evitando assim que os problemas ocorram. 
Note, também, que o foco de interesse principal do conhecimento que o psicólogo 
está aplicando está na coletividade dos alunos da escola e não neste ou naquele aluno 
individual. Tudo o que o educador faz se reflete naquela comunidade de alunos. Além 
disso, esse reflexo é facilitado, na medida em que o psicólogo educador trabalha com os 
determinantes externos do comportamento dos alunos, determinantes estes aos quais 
toda a coletividade está exposta. Determinantes do tipo ambiente físico, currículo, 
professor, material didático etc. estão presentes e afetando a todo o grupo de alunos e a 
atuação bem sucedida do psicólogo junto a esses determinantes traz como consequência 
um efeito cuja abrangência é bastante ampla, atingindo a maior parte daquela 
coletividade de alunos. 
Apesar da descrição acima enfatizar uma atuação do psicólogo bastante diferente 
do modelo clínico tradicional, em algumas escolas esse modelo ainda prevalece. Em 
outras, ainda, há a presença dos dois modelos de atuação (o educacional e o clínico). 
31 
Quando aplicado no contexto da escola, o modelo clínico pode implicar a presença 
das seguintes atividades: 
(a) psicodiagnósticos, por ex., entrevistando alunos e suas famílias; testando 
habilidades e desempenhos acadêmicos; aplicando testes de personalidade etc., 
(b) aplicação de técnicas e métodos de tratamento psicoterapêuticos 
eventualmente (quando tem condições e seu contrato com a escola permite) ou, 
(c) encaminhamentos a outros profissionais para tratamento. 
Deve-se observar que, em geral, o psicólogo que adota esta forma de atuação 
clínica na escola tem atividades cujo caráter é basicamente remediativo. Isto é, ele é 
chamado a atuar quando os outros educadores, ou ele mesmo, encontram o que se 
convencionou chamar de “aluno-problema”, aluno este que é encaminhado ao psicólogo 
da escola para que seu problema seja resolvido, de alguma forma. Isto é, o psicólogo aqui 
é visto como o profissional que vai lidar com os problemas depois que eles surgem, de 
forma a minimizá-los. Daí a referência à sua atuação como tendo caráter remediativo. 
Em termos da postura do psicólogo frente ao processo educacional pode-se dizer 
que seu envolvimento com esse processo raramente é direto. O foco de interesse 
principal do conhecimento que o psicólogo utiliza está basicamente centrado no 
indivíduo (no aluno-problema) e nos determinantes internos de seu comportamento 
(suas necessidades, angústias etc.) e não nos determinantes externos (que, no caso, 
seriam todas as inúmeras condições presentes no ambiente educacional imediato e 
remoto). Essa postura é representada muitas vezes pelo fato do psicólogo ter uma sala na 
escola e seu trabalho ser desenvolvido basicamente nesse local, sem que ele 
necessariamente tome contato com o ambiente educacional mais amplo, em todos os 
sentidos, desde o ambiente físico, até o que acontece nas salas de aula. Em resumo, o 
envolvimento do psicólogo que adota essa postura clínico-remediativa na escola, com o 
processo educacional como um todo, é bastante pequeno. 
Os psicólogos educacionais têm diferentes tipos de vínculos com as instituições: 
alguns são contratados em período integral, outros trabalham em variados períodos 
parciais, outros não são assalariados da escola, mas são contratados como autônomos, 
prestando assessoria e serviços às escolas, quando solicitados. Observa-se também que 
muitos têm, além do trabalho nas escolas, atuação em consultório particular próprio ou 
em outros contextos, como o organizacional e institucional. 
32 
Muito se pode discutir a respeito da atuação do psicólogo que trabalha nas 
escolas. Por exemplo, frequentemente se discute o fato de que a atuação dos psicólogos 
se restringe às escolas particulares, sendo que sua presença no sistema de ensino oficial 
é incipiente ou inexistente, trazendo com isso sérias implicações para a função social do 
psicólogo. Isto é, no conjunto das escolas brasileiras observa-se número pequeno de 
psicólogos contratados, mesmo quando estas escolas se restringem às particulares. Nas 
últimas décadas os psicólogos que se formam têm, em sua maioria, preferido atuar em 
outros contextos de atuação. Além disso, o sistema público de ensino não tem 
historicamente considerado importante a presença do profissional de psicologia nas 
escolas e o resultado disso é uma abrangência pequena da nossa função social. 
A ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO NO CONTEXTO ORGANIZACIONAL E DO 
TRABALHO 
Pode-se dizer que um dos objetivos do psicólogo, no contexto das Organizações e 
do Trabalho (daí a denominação “psicólogo organizacional” ou “psicólogo do trabalho”) é 
o de fornecer à Organização os recursos humanos que ela necessita e ali mantê-los. A 
humanização das relações de trabalho deve ser um princípio que orienta esse objetivo. 
Como exemplos de algumas atividades tradicionais do psicólogo dentro das 
organizações, podemos mencionar: 
Recrutamento​: o psicólogo, como o nome da atividade sugere, recruta candidatos a 
ocuparem determinadas vagas na empresa. Este recrutamento pode ser feito dentro da 
própria organização (recrutamento interno) como, também, fora dela (recrutamento 
externo, por exemplo, através de anúncios em jornal). O psicólogo é um profissional 
importante nessa atividade na medida em que conhece o “perfil” (habilidades, 
conhecimento e características de personalidade) do funcionário ideal para ocupar uma 
vaga. Ele “recruta” este funcionário, especificando e descrevendo (através, por exemplo, 
de um cartaz no quadro de aviso da empresa, ou em anúncio em algum tipo de mídia), 
quais os atributos que ele deve ter para se candidatar ao cargo. O recrutamento não deve 
ser confundido com a Seleção de Pessoal, que será descrita abaixo. O recrutamento do 
candidato a uma vaga antecede a etapa de identificar e selecionar um candidato 
apropriado para o exercício de uma função. As atividades das duas etapas são bastante 
distintas. 
Seleção de pessoal​: o objetivo desta atividade é encontrar o candidato a uma vaga 
que mais se aproxime do perfil necessário para ocupá-la. São várias as atividades e os 
33 
instrumentos utilizados para esta seleção. Os mais comuns são a análise de currículos, a 
entrevista, a aplicação de testes (por ex., de personalidade, de habilidades), a observação 
do desempenho do candidato em grupo (a "dinâmica de grupo"), observação de 
desempenho do candidato em uma situação simulada ou real etc. 
Treinamento​: na medida em que um dos conhecimentos da Psicologia se refere ao 
processo de aprendizagem dos indivíduos, o psicólogo é chamado a desenvolver e 
implementar (por em prática) programas de treinamento entre os funcionários de forma 
a melhorar seus desempenhos. Este desempenho tanto pode estar relacionado a 
habilidades específicas ou técnicas necessárias para a função, quanto pode estar 
relacionado a habilidades "psicológicas", isto é, aquelas que envolvem a relação pessoal 
entre indivíduos e suas características pessoais. Assim, o funcionário pode ser 
encaminhado ao treinamento com o objetivode torná-lo mais hábil para determinado 
desempenho ou para garantir as melhores condições possíveis de relacionamento entre 
os funcionários (atuação, no caso, preventiva), quanto o psicólogo pode ser chamado a 
planejar e aplicar um treinamento na tentativa de resolver algum problema relacionado 
ao desempenho de habilidades técnicas ou psicológicas (atuação, no caso, remediativa). 
Tem-se observado, mais recentemente, que o psicólogo organizacional vem 
desempenhando atividades novas e entre elas podemos citar a ergonomia (estuda e 
implementa a melhor adequação dos equipamentos à estrutura anatômica, fisiológica e 
psicológica do Homem) e a assessoria no planejamento de grandes instituições. Nos 
últimos anos, especialmente, tem-se observado uma tendência entre as empresas em 
terceirizar os serviços do psicólogo, sendo que nesse caso ele não é um assalariado da 
Organização, mas é chamado a assessorá-la, quando necessário. 
Podemos dizer, portanto, que o caráter das atividades do psicólogo organizacional 
é basicamente, mas não exclusivamente, preventivo, na medida em que seu objetivo 
básico é abordar os processos organizacionais, melhorando-os e ampliando-os, visando o 
desenvolvimento dos indivíduos e das Organizações. Isso não significa que em 
determinadas situações o psicólogo não seja chamado a atuar para resolver problemas, 
tendo, aí, uma atuação remediativa. 
A Psicologia Organizacional, ao tentar compreender o comportamento do 
indivíduo na Organização, estuda o contexto social, político e econômico, as relações 
interpessoais, os cenários em que o funcionário está inserido na Organização e os 
determinantes internos do indivíduo (sua personalidade, expectativas, desejos etc.). 
34 
Neste sentido, o psicólogo atua não somente tendo como foco de interesse o 
indivíduo ou o grupo/coletividade de pessoas, mas ambos, sintonizando-os num contexto 
mais abrangente de Organização e Sociedade. 
A ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO NO CONTEXTO DA 
PESQUISA 
Como você estudou no Texto 2, fazer pesquisa é produzir conhecimento novo ou 
confirmar, ampliar e aprofundar conhecimento já produzido anteriormente. Esta 
atividade não se restringe a um único contexto no qual o psicólogo atua, mas pode, 
virtualmente, ser realizada em qualquer dos contextos anteriormente citados (pesquisa 
em saúde, clínica, educacional, institucional etc.). Atualmente, as universidades 
(especialmente as públicas) constituem um contexto em que a pesquisa se desenvolve 
cotidianamente, seja através de seus professores, seja através dos seus alunos, 
especialmente os de pós-graduação. Entretanto, psicólogos que não são professores e 
não estão vinculados a uma universidade, podem também ser pesquisadores, nos seus 
respectivos contextos de atuação. 
Produzir conhecimento, isto é, fazer pesquisa, implica um conjunto de atividades 
específicas, voltadas para a busca de respostas para questões que envolvem os mais 
variados aspectos da psicologia humana e animal. Em geral, a pesquisa começa com a 
especificação de um problema, de uma pergunta cuja resposta não se conhece, que a 
pesquisa deverá responder. Especificam-se os sujeitos a serem pesquisados e os métodos 
a serem utilizados na coleta de informações (ver atividades de coleta e avaliação 
sistemáticas de informações descritas no Texto 2). Os dados, depois de coletados, são 
analisados, interpretados e discutidos, de forma que a pergunta original que gerou a 
pesquisa possa ser respondida. Em seguida, a pesquisa é relatada e divulgada através de 
meios como jornais e periódicos de comunicação científica ("revistas" de Psicologia), 
Congressos, Simpósios e Seminários. Esta atividade de divulgação é essencial, já que 
garante que o conhecimento produzido possa ser compartilhado com outros profissionais 
e possa ser submetido à crítica e avaliação de outros psicólogos e ser utilizado pelos pro- 
fissionais. 
Não existe uma única forma de se fazer pesquisa, como o homem comum costuma 
imaginar, quando vem à sua mente alguém trancado em um laboratório, fazendo 
experiências, utilizando aparelhos sofisticados e utilizando cálculos matemáticos 
complexos. Esta imagem se aproxima da forma mais conhecida de pesquisa, que é aquela 
35 
realizada pelos estudiosos das Ciências Naturais, como a física, a química, a biologia etc. 
Em Psicologia, esse modelo está presente desde sua fundação, e tem produzido 
conhecimento bastante significativo, mas outros modelos também foram se 
desenvolvendo, partindo de outras concepções sobre o mundo, sobre o Homem e sobre o 
próprio conhecimento. Fala-se em modelo das Ciências Humanas para se referir aos 
parâmetros que orientam essa outra forma de pesquisar, igualmente importante e que 
também tem produzido conhecimento psicológico relevante. Nesse modelo, via de regra, 
não se busca quantificar os fenômenos psicológicos (o que significa que nem sempre uma 
pesquisa se faz com base em números), nem se utilizam experimentos para comprovar 
seus resultados. Entretanto, os dois modelos têm em comum a utilização da razão, do 
pensamento crítico e da lógica como instrumentos fundamentais na produção do 
conhecimento. Ao longo do seu curso, você terá oportunidade de conhecer esses 
diferentes modelos de pesquisa da Psicologia. 
As condições para a realização de pesquisas nem sempre são as ideais, na medida 
em que as verbas necessárias nem sempre estão facilmente disponíveis. Há órgãos 
oficiais que subsidiam as pesquisas, como a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de 
São Paulo (FAPESP), o Conselho Nacional do Desenvolvimento Científico e Tecnológico 
(CNPq), a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) etc. 
Não é muito comum, no Brasil, empresas privadas patrocinarem pesquisas de Psicologia. 
E importante que se reflita sobre a abrangência social do trabalho do pesquisador. 
Se considerarmos que o conhecimento produzido pelo pesquisador fica disponível para 
que todos os outros profissionais o utilizem, potencialmente a abrangência do 
pesquisador é bastante grande e muitos indivíduos poderão ser beneficiados. Ao mesmo 
tempo, esse potencial será reduzido se a divulgação dos resultados das pesquisas se 
restringir a poucos profissionais, ou apenas a aquele que a desenvolveu. Por outro lado, 
isto também implica a necessidade dos profissionais buscarem acesso ao conhecimento e 
às informações produzidas pela pesquisa, através de estudo, leitura, comparecimento a 
congressos etc. 
Referência 
Bibliográfica​: 
CAMPOS, T. C. P. ​Psicologia Hospitalar​. São Paulo: E.P.U., 
1995. 
36 
ATIVIDADES PARA ESTUDO E REFLEXÃO SOBRE O 
TEXTO 3 
Sobre o contexto da Saúde: 
Psicologia Clínica: 
1. Descreva algumas características da forma típica de atuação do psicólogo clínico 
("modelo clínico de atuação"). 
2. Reflita sobre a seguinte afirmação: "a atuação do psicólogo clínico não se restringe ao 
consultório particular". 
3. Como você entendeu a afirmação do texto de que o modelo clínico tradicional de 
atuação não se mostrou apropriado para ser aplicado nos contextos de atuação mais 
recentes, especialmente na Saúde Pública? 
4. Que características deveria ter a atuação do psicólogo nesses novos contextos, de 
acordo com os críticos do modelo clínico tradicional? 
5. Quais são as principais atividades do psicólogo clínico? 
6. Quais são as críticas feitas ao modelo de atuação do psicólogo clínico restrita ao 
consultório particular? 
Psicologia Hospitalar: 
7. Como você entende a afirmação de que o papel do psicólogo no hospital é contribuir 
para a humanização da instituição hospitalar? 
8. Reflita sobre

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