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A Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN), aprovada no ano de 1999, integra os esforços do Estado Brasileiro que por meio de um conjunto de políticas públicas propõe respeitar, proteger, promover e prover os direitos humanos à saúde e à alimentação. A completar-se dez anos de publicação da PNAN, deu-se início ao processo de atualização e aprimoramento das suas bases e diretrizes, de forma a consolidar-se como uma referência para os novos desafios a serem enfrentados no campo da Alimentação e Nutrição no Sistema Único de Saúde (SUS). A Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN), Em sua nova edição, publicada em 2011, a PNAN apresenta como propósito a melhoria das condições de alimentação, nutrição e saúde da população brasileira, mediante a promoção de práticas alimentares adequadas e saudáveis, a vigilância alimentar e nutricional, a prevenção e o cuidado integral dos agravos relacionados à alimentação e nutrição. Para tanto está organizada em diretrizes que abrangem o escopo da atenção nutricional no SUS com foco na vigilância, promoção, prevenção e cuidado integral de agravos relacionados à alimentação e nutrição; atividades, essas, integradas às demais ações de saúde nas redes de atenção, tendo a atenção básica como ordenadora das ações A avaliação contínua do perfil alimentar e nutricional da população e seus fatores determinantes compõe a Vigilância Alimentar e Nutricional (VAN). Recomenda-se que nos serviços de saúde seja realizada avaliação de consumo alimentar e antropometria de indivíduos de todas as fases da vida e que estas observações possam ser avaliadas de forma integrada com informações provenientes de outras fontes de informação, como pesquisas, inquéritos e outros Sistemas de Informações em Saúde (SIS) disponíveis no SUS. Para exercer a Vigilância Alimentar e Nutricional ampliada é importante a adoção de diferentes estratégias de vigilância epidemiológica, como inquéritos populacionais, chamadas nutricionais, produção científica, com destaque para a VAN nos serviços de saúde. Estas estratégias juntas irão produzir um conjunto de indicadores de saúde e nutrição que deverão orientar a formulação de políticas públicas e também das ações locais de atenção nutricional. A educação alimentar e nutricional (EAN) São ações que envolvem indivíduos ao longo de todo o curso da vida, grupos populacionais e comunidades, considerando as interações e significados que compõem o comportamento alimentar. Seu objetivo é contribuir para a realização do direito humano à alimentação adequada e garantia da segurança alimentar e nutricional (SAN), a valorização da cultura alimentar, a sustentabilidade e a geração de autonomia para que as pessoas, grupos e comunidades estejam empoderados para a adoção de hábitos alimentares saudáveis e a melhoria da qualidade de vida. A EAN é entendida como processo de diálogo entre profissionais de saúde e a população, visando a autonomia e ao autocuidado. Guias Alimentares Os guias alimentares são instrumentos que definem as diretrizes utilizadas na orientação de escolhas alimentares saudáveis pela população. O Guia Alimentar para a População Brasileira, publicado em 2006, apresentou as primeiras diretrizes oficiais para a população brasileira. Diante das transformações sociais vivenciadas pela sociedade brasileira, que impactaram sobre suas condições de saúde e nutrição se fez necessária à revisão das recomendações. O principal objetivo do guia é promover a saúde das famílias, pessoas, da sociedade brasileira, por meio de um conjunto de informações e recomendações sobre alimentação. Sabe-se atualmente que as Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) são um dos maiores problemas de saúde pública. : O guia está dividido em 5 capítulos. Cada capítulo aborda um tema, todos relacionados à prática de uma alimentação saudável. Ele também aborda recomendações sobre escolhas de alimentos, qual tipo escolher, informações de como preparar as refeições e incentiva a prática de cozinhar. Além disso, mostra sugestões para enfrentar os obstáculos diários para manter uma alimentação mais saudável. Este novo guia substitui sua versão antiga. Ele ressalta a importância de uma alimentação baseada em alimentos in natura/frescos (como frutas e legumes) e minimamente processados (farinha de mandioca). E recomenda a diminuição dos alimentos processados (sardinha enlatada) e evitar os ultraprocessados (como macarrão instantâneo). Categorias de alimentos Definição Exemplos Alimentos In natura São aqueles obtidos diretamente de animais ou plantas. Estes alimentos são adquiridos para consumo e não sofrem qualquer alteração após deixar a natureza. Ovos e frutas Alimentos Minimamente processados São alimentos in natura que foram submetidos a alterações mínimas antes de sua aquisição, como processos de limpeza. Cortes de carne congelados e leite pasteurizado. Alimentos processados São fabricados pela indústria com adição de ingredientes como sal ou açúcar ou outra substância culinária em alimentos in natura para deixar sua duração maior e sabor mais agradável Frutas em calda e Sardinha e atum enlatados Alimentos Ultra processados São formulações industriais feitas totalmente ou em grande parte de substância extraídas de alimentos, derivadas de constituintes de alimentos, sintetizadas em laboratório, realçadores de sabor e aditivos. Com técnicas de manufatura, exemplo: extrusão. Refrigerantes e macarrão instantâneos. Os 10 passos para uma alimentação adequada e saudável 1.Fazer de alimentos in natura ou minimamente processados a base da alimentação; 2.Utilizar óleos, gorduras, sal e açúcar em pequenas quantidades ao temperar e cozinhar alimentos e criar preparações culinárias; 3.Limitar o consumo de alimentos processados; 4.Evitar o consumo de alimentos ultra processados; 5.Comer com regularidade e atenção, em ambientes apropriados e, sempre que possível, com companhia; 6.Fazer compras em locais que ofertem variedades de alimentos in natura ou minimamente processados; 7.Desenvolver, exercitar e partilhar habilidades culinárias; 8.Planejar o uso do tempo para dar à alimentação o espaço que ela merece; 9.Dar preferência, quando fora de casa, a locais que servem refeições feitas na hora; 10.Ser crítico quanto a informações, orientações e mensagens sobre alimentação veiculadas em propagandas comerciais. Excesso de peso e obesidade A obesidade é decorrente do acúmulo de gordura no organismo, que está associado a riscos para a saúde. Pode ser compreendida como um agravo de caráter multifatorial, pois suas causas estão relacionadas a questões biológicas, históricas, ecológicas, econômicas, sociais, culturais e políticas. Trata-se simultaneamente de uma doença e de um dos fatores de risco mais importantes para outras doenças crônicas não transmissíveis, como doenças cardiovasculares e Diabetes mellitus. Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil A "Estratégia Nacional para Promoção do Aleitamento Materno e Alimentação Complementar Saudável no SUS - Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil", lançada em 2012, tem como objetivo qualificar o processo de trabalho dos profissionais da atenção básica com o intuito de reforçar e incentivar a promoção do aleitamento materno e da alimentação saudável para crianças menores de dois anos no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) Controle e Regulação dos Alimentos O controle e regulação dos alimentos contemplam uma série de ações que buscam garantir a promoção da alimentação adequada e saudável e a proteção à saúde da população, dos pontos de vista sanitário, biológico, tecnológico e nutricional, respeitando sempre o direito de escolha individual. As medidas de regulação são as ações que impedem que haja exposição da população a fatores e situações que estimulem práticasnão saudáveis, como a regulamentação da venda e propaganda de alimentos nas cantinas escolares; de publicidade dirigida ao público infantil e de rotulagem de produtos dirigidos a lactentes. Já as medidas de controle são aquelas que buscam facilitar a adesão a práticas saudáveis por indivíduos e coletividades, deixando-os informados e motivados, como a rotulagem nutricional, programas de alimentação institucional, cantinas saudáveis nas escolas e ambiente de trabalho e espaços que favoreçam a amamentação. Redução de Sódio, Açúcar e Gordura Trans A população brasileira vivencia atualmente processos de transição alimentar, nutricional e epidemiológica, caracterizados pelo aumento do consumo de alimentos processados e ultraprocessados, com elevados teores de sódio e açúcar, além de elevada prevalência de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) — hipertensão, diabetes e câncer. As DCNT consistem nas principais responsáveis pela mortalidade no mundo, e, no Brasil, o cenário é bastante similar, respondendo por mais de 70% das causas de mortes. O Ministério da Saúde vem trabalhando em diferentes estratégias de promoção de uma alimentação adequada e saudável para melhorar o perfil alimentar da população brasileira A agenda de reformulação de alimentos processados e ultraprocessados consiste em uma estratégia de redução de danos e está prevista no âmbito da Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN), no Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) no Brasil (2011-2022) e na Estratégia Intersetorial de Prevenção e Controle da Obesidade. Programa Peso Saudável O Programa Peso Saudável é uma iniciativa que visa prevenir o ganho de peso corporal entre os colaboradores do Ministério da Saúde. O programa pretende, ainda, incentivar a adoção de uma rotina de auto monitoramento do peso e estimular práticas alimentares mais saudáveis, bem como tornar a atividade física parte da rotina do trabalhador. Prevenção e Controle de Agravos Nutricionais Deficiência de Ferro Deficiência de Iodo Deficiência de Vitamina A Deficiência de Vitamina B1 - Beribéri Denustrição Necessidades Alimentares Especiais O Brasil passou de um país que apresentava altas taxas de desnutrição, na década de 1970, passou a ser um país com metade da população adulta com excesso de peso, em 2008. No entanto, os avanços são desiguais. Ainda persistem altas prevalências de desnutrição crônica em grupos vulneráveis da população, como entre as crianças indígenas, quilombolas, residentes na região norte do País e aquelas pertencentes às famílias beneficiárias dos programas de transferência de renda, afetando principalmente crianças e mulheres que vivem em bolsões de pobreza. Imagem: SESI/CE Programa Bolsa Família O Programa Bolsa Família (PBF) é um programa federal de transferência direta de renda à famílias em situação de pobreza (renda entre R$89 a R$178 por pessoa) ou de extrema pobreza (renda de até R$ 89 por pessoa), com a finalidade de promover seu acesso aos direitos sociais básicos e romper com o ciclo intergeracional da pobreza. O PBF é realizado por meio de auxílio financeiro vinculado ao cumprimento de compromissos na Saúde, Educação e Assistência Social - condicionalidades. A agenda de saúde do PBF no SUS compreende a oferta de serviços para a realização do pré-natal pelas gestantes, o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento infantil e imunização das crianças menores de 7 anos. Assim, as beneficiárias mulheres com idade entre 14 e 44 anos e crianças menores de sete anos de idade deverão ser assistidas por uma equipe de saúde da família, por agentes comunitários de saúde ou por unidades básicas de saúde, que proverão os serviços necessários ao cumprimento das ações de responsabilidade da família Pesquisa, Inovação e Conhecimento A gestão das ações em alimentação e nutrição são potencializadas por meio das pesquisas que geram avanço do conhecimento no campo além da geração de evidências e instrumentos necessários para implementação da Política Nacional de Alimentação e Nutrição. Para traçar o perfil nutricional da sua população, o Brasil conta com inquéritos populacionais, pesquisas locais e com os Sistemas de Informação do Ministério da Saúde, com desataque para o SISVAN (Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional). Todas essas fontes possibilitam um diagnóstico contínuo e dinâmico da situação alimentar e nutricional da população brasileira. Esse diagnóstico pode ser realizado por regiões, Unidades da Federação, grupos populacionais, etnias, raças/cores, gêneros, escolaridade, entre outros recortes que permitem visualizar a determinação social dos fenômenos e agravos de saúde. FAN - Financiamento O que é o FAN? O incentivo financeiro para a estruturação e implementação das ações de alimentação e nutrição (FAN) é um recurso para apoiar ações seguindo as diretrizes estabelecidas na PNAN. Ele é destinado para despesas de custeio (correntes), isto é, para a manutenção e funcionamento dos serviços públicos em geral, sendo incorporado ao Grupo de Gestão do SUS. O recurso não pode ser utilizado para compra de máquinas e equipamentos, carros, realização de obras (mas apenas pequenas reformas), bens imóveis, etc.