Buscar

Liberdade Religiosa

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL 
FACULDADE DE DIREITO 
CAMPUS CANOAS – TURMA 5M 0709 
 
 
 
 
 
 
 
Moisés Soares Alves 
 
 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL I 
ATIVIDADE COMPLENTAR 
Liberdade Religiosa 
 
 
 
 
 
 
 
 
Canoas 
2014 
 
 
 
 
 
Moisés Soares Alves 
 
 
 
 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL I 
ATIVIDADE COMPLENTAR 
Liberdade Religiosa 
 
 
O presente ensaio tem por 
desiderato fazer um epítome 
versando a respeito da liberdade 
religiosa garantida pela Constituição 
Federal, discorrendo sobre 
conceitos genéricos e etimológicos, 
bem como uma síntese histórica da 
religião e o conflito social-religioso 
que ainda se encontra presente 
hodiernamente na Sociedade. 
 
 
 
 
Prof. Dr. Sergio Roberto de Abreu 
 
 
 
 
Canoas 
2014 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
Introdução......................................................................................................................04 
 
1 Religião........................................................................................................................04 
1.1 Significado teológico...........................................................................................05 
1.2 Significado secular...............................................................................................05 
2 Resumo Histórico das Religiões.................................................................................06 
3 O Estado Laico............................................................................................................07 
4 Liberdade Religiosa....................................................................................................08 
4.1 Intolerância Religiosa..........................................................................................09 
5 Análise Jurisprudencial.............................................................................................11 
 
Conclusão.......................................................................................................................14 
 
Glossário.........................................................................................................................15 
 
Referências.....................................................................................................................16 
 
 
 
 
 
 
Conclusão80 
Referências Bib
4 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Desde os primórdios o homem, de modo geral, vem buscado o 
transcendental, devido sua fragilidade em relação ao universo, ao mundo cósmico. 
Ciências como a arqueologia, história e a antropologia tem comprovado que o 
homem, de alguma forma, tem dado importância a esta busca. Nesta breve 
exposição estaremos abordando o tema focando as relações humanas tendo como 
principal objeto a liberdade religiosa, mas antes, a religião e seus conceitos teológico 
e secular, seu resumo histórico e sua provável origem. Abordaremos também a 
influência da religião no mundo hodierno detendo-nos na pluralidade religiosa, na 
importância do Estado laico não nos eximindo dos direitos fundamentais que este 
mesmo Estado confere à liberdade de culto e de expressão. 
 
O Direito deve ser aplicado de forma equitativa não permitindo lacunas que 
deem espaço para a intolerância por parte de A ou B. Com isso, mantem-se ou 
instaura-se a paz social. O proposito desta abordagem é trazer uma breve reflexão 
sobre a liberdade religiosa e da importância do Direito como um instaurador 
isonômico da liberdade religiosa. 
 
1 RELIGIÃO 
 
 A religião nada mais é do que a expressão do homem no que tange à 
espiritualidade, tendo como ordenamento, uma doutrina e uma liturgia focada num 
ou em mais seres (com representações visíveis ou não) considerados superiores em 
relação ao mundo físico. Muito se discute a respeito da religião ou da verdadeira 
religião, mas não é a pretensão deste epítome concluir ou afirmar categoricamente 
qual seria a religião verdadeira, mas como os homens tem se comportado em 
sociedade quando encontram o contraditório religioso. 
 Seria impossível, portanto, a definição verossímil de religião. Não obstante, 
para se alcançar uma compreensão do assunto a ser abordado, será necessária a 
adoção ocidental comumente aceita, a saber, a religião com base no cristianismo. 
 
5 
 
 
1.1 Significado teológico 
 
 O significado teológico da religião, segundo o Dicionário Vine (título original: 
Vine´s Expository Dictionary of Biblical Words), vem do termo grego “threskeia”, que 
significa “o cuidado no aspecto exterior” (cognato de “threskos”, palavra grega que 
traduz “religioso”, e no qual, significa “cuidadoso das aparências exteriores do 
serviço divino”), “adoração superficial ou religiosa”, sobretudo o “serviço cerimonial 
da religião”; essa palavra é usada nas Escrituras Sagradas acerca da “religião” dos 
judeus (Atos 26.5); da “adoração” de anjos (Colossenses 2.18), o que eles mesmos 
repudiam (Apocalipse 22.8,9). Este conceito, portanto, serve tanto para o politeísmo 
quanto para o monoteísmo, abrangendo assim de forma genérica todas as religiões 
existentes no mundo. Ainda no latim, encontra-se a palavra “religare” para definir 
religião, que significa “religar-se a Deus”. Dando a ideia de que o homem rompeu 
uma ligação outrora existente e que o mesmo deve voltar-se ao seu criador. Existem 
outras terminologias que definem como religião, o medo dos deuses, superstições e 
outras manifestações, porém não está aqui a pretensão de se exaurir a respeito do 
tema. 
 
1.2 Significado secular 
 
 Para exposição do conceito celular de religião, é necessário o uso do termo 
no seu sentido contemporâneo. O Dicionário Contemporâneo da Língua Portuguesa, 
Dicionário Caldas Aulete, define religião como a crença na existência de forças ou 
entidades sobre-humanas responsáveis pela criação, ordenação e sustentação do 
universo. Há religião em quase todas as sociedades humanas. A forma particular 
que essa crença assume com base em cada uma das diversas doutrinas 
formuladas. Outrossim, a existência vivida em obediência estrita aos princípios de 
um sistema religioso. E por fim, o respeito ou reverência às coisas sagradas, como 
fé e piedade. Provavelmente existem outros conceitos, porém o supra exposto 
conceitua o termo de forma satisfatória. 
 
 
6 
 
 
2 RESUMO HISTÓRICO DAS RELIGIÕES 
 
 A origem da religião está estreitamente ligada à origem da humanidade. 
Segundo o professor de filosofia, Jostein Gaarde, em sua obra sobre as religiões, 
foram registradas várias formas de religião durante toda a história. Já houve muitas 
tentativas de explicar como surgiram as religiões. Uma das explicações é que o 
homem logo começou a ver as coisas a seu redor como animadas. Ele acreditava 
que os animais, as plantas, os rios, as montanhas, o sol, a lua e as estrelas 
continham espíritos, os quais era fundamental apaziguar. O antropólogo E. B. Tylor 
(1832-1917) batizou essa crença de animismo. Tylor foi influenciado pela teoria de 
Darwin sobre a evolução. Segundo ele, o desenvolvimento religioso caminhou 
paralelamente ao avanço geral da humanidade, tanto cultural como tecnológico, 
primeiro em direção ao politeísmo (crença em diversos deuses) e depois ao 
monoteísmo (crença num só deus). Tylor concluiu que os povos tribais não haviam 
ido além do estágio da Idade da Pedra e, portanto, praticavam esse mesmo tipo de 
animismo. Hoje essa teoria do desenvolvimento foi rejeitada, e há um consenso 
geral de que animismo não é uma caracterização adequada para a religião dospovos tribais. Alguns pesquisadores vêem a religião como um produto de fatores 
sociais e psicológicos. Essa explicação é conhecida como um modelo reducionista, 
pois reduz a religião a apenas um elemento das condições sociais ou da vida 
espiritual do homem. Karl Marx, por exemplo, sustentava que a religião, assim como 
a arte, a filosofia, as ideias e a moral, não passava de um dossel por cima da base, 
que é econômica. O que dirige a história, de acordo com ele, é o modo como a 
produção se organiza e quem possui os meios de produção, as fábricas e as 
máquinas. A religião simplesmente refletiria essas condições básicas. Nas modernas 
ciências da religião predomina a ideia de que a religião é um elemento 
independente, ligado ao elemento social e ao elemento psicológico, mas que tem 
sua própria estrutura. Os ramos mais importantes das ciências da religião são a 
sociologia da religião, a psicologia da religião, a filosofia da religião e a 
fenomenologia religiosa. 
 
 
7 
 
 
3 O ESTADO LAICO 
 
 Segundo o professor Ives Gandra da Silva Martins, O Estado laico não é ateu 
ou agnóstico. É um Estado que está desvinculado, nas decisões dos cidadãos que o 
assumem, de qualquer incidência direta das instituições religiosas de qualquer 
credo. 
 Em seu artigo 5º, a Constituição garante a inviolabilidade da liberdade de 
consciência e de crença, assegura o livre exercício dos cultos religiosos e garante, 
na forma da lei, a proteção aos locais de culto e suas liturgias: “VI - é inviolável a 
liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos 
religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas 
liturgias;” e mais adiante no mesmo artigo: “VIII - ninguém será privado de direitos por 
motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para 
eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, 
fixada em lei;” 
 É de suma importância a observância da lei constitucional, visto que a mesma 
foi promulgada mediante a vontade da nação. Neste mesmo sentido, Martins diz: “O 
preâmbulo da Constituição Federal, que diz “nós, representantes do povo brasileiro, 
reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático 
(...) promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte Constituição da República 
Federativa do Brasil”. E mais adiante, conclui: “A Igreja Católica, os evangélicos ou 
judeus não estiveram lá [na Assembleia Constituinte] como instituições. Foram os 
cidadãos, de acordo com suas convicções, eleitas pelo povo, que definiram contra o 
voto daqueles que não acreditavam em Deus”. 
 Portanto, somente uma nova constituinte, de forma mais específica e 
igualmente democrática, poderá mudar esta conjuntura política e jurídica, corrigindo 
em alguns casos, a interferência de uma denominação religiosa no Estado 
Democrático de Direito. De outro modo, qualquer movimento social, político ou 
jurídico, com o intuito de ferir uma cultura religiosa de uma nação poderá incorrer, 
como se verá a seguir, numa intolerância religiosa. 
 
 
8 
 
 
4 LIBERDADE RELIGIOSA 
 
 Não nada mais verossímil em discorrer a respeito da liberdade religiosa do 
que conceituar a própria liberdade: “Liberdade significa o direito de agir segundo o 
seu livre arbítrio, de acordo com a própria vontade, desde que não prejudique outra 
pessoa, é a sensação de estar livre e não depender de ninguém. Liberdade é 
também um conjunto de ideias liberais e dos direitos de cada cidadão. Liberdade é 
classificada pela filosofia, como a independência do ser humano, o poder de ter 
autonomia e espontaneidade. A liberdade é um conceito utópico, uma vez que é 
questionável se realmente os indivíduos tem a liberdade que dizem ter, se com as 
mídias ela realmente existe, ou não. Diversos pensadores e filósofos dissertaram 
sobre a liberdade, como Sartre, Descartes, Kant, Marx e outros.” <significados.com>. 
 A liberdade religiosa só é possível mediante a tolerância de outrem, ao 
convívio pacífico de crenças diversas, e, até mesmo opostas doutrinariamente ou 
liturgicamente. Segundo o professor Gaarde, tolerância religiosa seria: 
 
“[...] respeito pelas pessoas que têm pontos de vista diferentes do 
nosso, é uma palavra-chave no estudo das religiões. Não significa 
necessariamente o desaparecimento das diferenças e das 
contradições, ou que não importa no que você acredita, se é que 
acredita em alguma coisa. Uma atitude tolerante pode perfeitamente 
coexistir com uma sólida fé e com a tentativa de converter os outros. 
Porém, a tolerância não é compatível com atitudes como zombar das 
opiniões alheias ou se utilizar da força e de ameaças. A tolerância 
não limita o direito de fazer propaganda, mas exige que esta seja 
feita com respeito pela opinião dos outros.” (p.14). 
 
 Um dos grandes óbices da liberdade religiosa tem sido a intolerância. Os 
registros da história mostram inúmeros exemplos de fanatismo e intolerância. Já 
houve lutas de uma religião contra outra e se travaram diversas guerras em nome da 
religião. Muitas pessoas já foram perseguidas por causa de suas convicções, e isso 
continua acontecendo nos dias de hoje. Com frequência, a intolerância é resultado 
do conhecimento insuficiente de um assunto. Quem vê de fora uma religião, enxerga 
9 
 
 
apenas suas manifestações, e não o que elas significam para o indivíduo que a 
professa. 
 
4.1 Intolerância Religiosa 
 
 O respeito pela vida religiosa dos outros, por suas opiniões e seus pontos de 
vista, é um pré-requisito para a coexistência humana. Isto não significa que devemos 
aceitar tudo como igualmente correto, mas que cada um tem o direito de ser 
respeitado em seus pontos de vista, desde que estes não violem os direitos 
humanos. Para tanto, é de imperiosa necessidade discutir a respeito da justiça. Não 
seria a intolerância uma injustiça? 
 É de consenso universal que é impossível que uma justiça perfeita exista e 
que alguma civilização plenamente justa, seja de qualquer tempo, existiu ou que 
existirá, devido à complexidade da natureza humana. Haja vista os grandes filósofos 
que de forma exaustiva debateram e debatem até hoje acerca da justiça, de como 
se alcançar o justo e o bem comum. Dentre eles, Aristóteles, que em sua obra “Ética 
a Nicômaco”, definiu genericamente que a justiça é aquela disposição de caráter que 
torna as pessoas propensas a fazer o que é justo, que as faz agir justamente e a 
desejar o que é justo. É preciso, portanto, tolerar a religião de outrem em nome da 
justiça, do bem comum. O professor Gaarder, a respeito da complexidade da busca 
do transcendental, apresenta a seguinte reflexão: 
 
“[...] de que maneira o mundo foi criado? Quais as forças que 
controlam o curso dos eventos mundiais? Existe Deus? As respostas 
a essas três perguntas nos dão nossa compreensão da realidade. 
Nós mesmos somos parte dessa realidade. Mas como tudo isso 
surgiu? Será que o homem é algo mais que um animal superior? O 
homem é bom ou mau? O que dá significado à vida humana? O que 
acontece conosco quando morremos? Aos poucos, vamos formando 
uma atitude para com a humanidade. Não escolhemos nascer. Mas, 
dentro de certos limites, escolhemos como iremos viver. O que é 
mais importante na vida? O dinheiro, a amizade, a experiência 
própria, a liberdade? O que desejamos conservar? Pelo que 
10 
 
 
desejamos lutar? O que é certo e o que é errado? Cada pessoa tem 
um conjunto de valores, ou uma ética.” 
 
 A intolerância religiosa, proveniente de religiosos, normalmente, está ligada 
ao fanatismo, ao ver aquela crença (normalmenteseitas) como única fonte da 
verdade sem ouvir o contraditório e sem ao menos permitir que o mesmo se faça. 
Por outro lado, Norberto Bobbio, afirma que a intolerância pode derivar de “um 
preconceito, entendido como uma opinião ou conjunto de opiniões que são acolhidas 
de modo acrítico passivo pela tradição, pelo costume ou por uma autoridade cujos 
ditames são aceitos sem discussão.” (p.204) A tolerância por sua vez, não pode ser 
confundida em aceitar a injustiça, ou em concordar com aquilo que a pessoa 
entende por injusto. Sua manifestação dever ser livre, mas limitada no campo 
argumentativo. O tema apresenta muita complexidade diante da pluralidade 
religiosa, de seus conflitos doutrinários e do ateísmo ativista, bem como das ações 
ateístas dissimuladas. O Estado deve, por sua vez, garantir esta pluralidade e a 
liberdade da pessoa em ser ou não ser religioso, em harmonia com a Constituição 
Federal, promovendo assim a paz social entre seus cidadãos. 
 Além disso, ninguém deve ser superior a outrem no que tange à liberdade 
religiosa, pois todos estão em igualdade perante a Lei, como afirma José Afonso da 
Silva: 
“Estado leigo, a República Federativa do Brasil sempre reconheceu a 
liberdade de religião e de exercício de cultos religiosos (art. 59, VI), 
agora sem as limitações da cláusula "que não contrariem a ordem 
pública e os bons costumes" que figurava nas constituições 
anteriores. Afirma-se que "ninguém será privado de direitos por 
motivo de crença religiosa [...]", salvo escusa de consciência (art. 59, 
VIII). O corolário disso, sem necessidade de explicitação, é que todos 
hão de ter igual tratamento nas condições de igualdade de direitos e 
obrigações, sem que sua religião possa ser levada em conta. E 
realmente, nesse particular, parece que o povo brasileiro se revela 
profundamente democrático, respeitando a religião dos demais, e 
não parece que o fator religião venha sendo base de discriminações 
privadas ou públicas.” (p. 221). 
 
11 
 
 
5 ANÁLISE JURISPRUDENCIAL 
 
 Alguns fatos tem provocado preocupação justificável com respeito à liberdade 
religiosa. Pois não seria honesto se a intolerância fosse rechaçada quando 
proveniente de religiosos somente. Ora, Intolerância gera intolerância! Fatos como 
manifestações preconceituosas contra símbolos religiosos, de qualquer religião, são 
incompatíveis com a lei em vigor, que não professa, mas não proíbe o uso dos 
mesmos. O problema se agrava quando o preconceito fere a liberdade individual, 
garantida constitucionalmente. A seguir, será apresentado um fato isolado ocorrido 
no Estado do Paraná, onde pode-se observar o indício de intolerância proveniente 
de um promotor do Ministério Público daquele Estado, no que tange à liberdade 
religiosa. 
As vítimas de intolerância neste caso, foram crianças abandonadas que eram 
acolhidas por uma instituição religiosa e, indiretamente, uma juíza da Vara de 
Infância e Juventude envolvida no caso, acusada de uma suposta irregularidade no 
processo de adoção em favorecimento a casais evangélicos. Entrementes, não 
havia referência ao caso concreto (provas) por parte do excipiente¹, no caso o 
Promotor de Justiça do Ministério Público. A ação julgada, uma exceção de 
suspeição. Uma coisa grave, pois o promotor estava acusando a juíza de não ser 
imparcial. De estar favorecendo uma das partes. O Tribunal entendeu que o 
promotor não tinha razão, que não conseguiu provar suposta improbidade da juíza. 
E mais: O acordão insinua ao final que o promotor foi intolerante devido ao seu 
ateísmo implícito que o moveu a entrar com a petição. Segue a Ementa: 
TJ-PR : 8627514 PR 862751-4 (Acórdão): 
EXCEÇÃO DE SUSPEIÇÃO - INCIDENTE PROMOVIDO POR 
MEMBRO DO MINISTÉRIO PÚBLICO CONTRA JUÍZA DA VARA 
DE INFÂNCIA E JUVENTUDE, COM BASE NO ART. 135, V, CPC - 
AUSÊNCIA DE RELAÇÃO ENTRE OS FATOS NARRADOS E 
DOCUMENTOS APENSADOS COM O CASO CONCRETO A 
JUSTIFICAR A SUSPENSÃO DE 34 PROCESSOS DE ADOÇÃO 
POR SUPOSTA PARCIALIDADE NO JULGAMENTO - 
¹ Excipiente é a parte da ação que opõe qualquer espécie de exceção, tais como de incompetência relativa, suspeição, 
impedimento, litispendência, entre outras. Na exceção de incompetência relativa, por exemplo, o excipiente é o réu, e o 
excepto o autor. Já na exceção de suspeição ou impedimento, o excipiente pode ser qualquer das partes da demanda, e o 
excepto será o juiz. Fonte: http://www.direitonet.com.br/dicionario/exibir/917/Excipiente 
12 
 
 
FUNDAMENTAÇÃO GENÉRICA - INICIAL INÉPTA - APLICAÇÃO 
DO ART. 314 C/C ART. 282, III, CPC - GARANTIA 
CONSTITUCIONAL DE LIBERDADE DA CRENÇA E DO CULTO 
RELIGIOSO À CRIANÇA E ADOLESCENTE (ART. 5º, VI, CF; ART. 
16, III, ECA). 
I - Totalmente esvaziada de fundamento a suspeição levantada (a 
partir de "denúncia anônima") sobre a doutora Juíza da Infância e 
Juventude da Comarca de Paranaguá. Cabia ao excipiente 
demonstrar na exordial de forma clara e objetiva a parcialidade da 
Meritíssima Juíza na apreciação e julgamento dos autos originários 
sob nº 41/2006 (requisitos essenciais à petição inicial, com fulcro no 
art. 282, III, CPC), ou seja, que a criança e/ou adolescente em 
processo de adoção e o casal interessado estariam sendo 
favorecidos ou prejudicados pela conduta pessoal da magistrada 
excepta. Entretanto, o nobre Parquet em nenhum momento ao longo 
do incidente fez referência ao caso concreto, sequer há informação 
de quem são as partes nos autos originários, apenas existe alusão a 
possíveis situações ocorridas em outros feitos, inexistindo relação 
jurídica entre os fatos apresentados e o dispositivo legal invocado 
como sucedâneo da suspeição em mesa. Deste modo, inadequada 
a postura do nobre defensor da ordem Tribunal de Justiça do 
Estado do Paraná jurídica e dos interesses dos incapazes ao 
propor 34 exceções de suspeição sob fundamento genérico, 
deixando de atender e zelar pelos interesses das crianças e 
adolescentes que são parte nos processos suspensos. 
II - O Brasil como Estado membro da ONU (Organização das Nações 
Unidas), deve fazer cumprir o art. 14 da Convenção sobre os Direitos 
da Criança de 1989, que convenciona o respeito ao direito da criança 
à liberdade de pensamento, de consciência e de religião, 
opondo-se a toda e qualquer manifestação de preconceito ou 
intolerância religiosa. O interesse de uma criança a respeito de 
certa linha religiosa se traduz em direito e não em abuso de direito ou 
ilegalidade. 
III - Compete às instituições de acolhimento propiciar meios para que 
a criança e o adolescente possam professar a sua fé ou a ausência 
13 
 
 
dela (no caso dos ateus), respeitando as diferenças de religião e não 
impondo a mudança de dogmas e paradigmas - tolerância observada 
no caso em comento, haja vista que as meninas do abrigo não são 
forçadas a participar dos eventos religiosos, aliás, elas per si 
manifestam interesse em se envolver nas atividades promovidas pela 
Igreja (Evangélica), com base na análise dos documentos anexados 
pelo próprio excipiente. 
IV - Não se deve confundir os fatos, pois no Brasil o Estado é laico, 
mas o seu povo não é nem nunca foi, tratando-se de uma 
sociedade plural também em crenças e ritos, profundamente 
religiosa, ao ponto da mesma Constituição Federal que diz ser 
laico o Estado, também garantia por outro lado, a liberdade de 
crença e de culto em todo território nacional, não podendo o 
Estado interferir no conteúdo da doutrina dessas instituições, 
nem na forma como realizam seus trabalhos sociais à luz de 
seus preceitos. Nada razoável também, a pretensão do órgão do 
de exigir que uma instituição religiosa de caridade ensine às 
crianças que retirado abandono, valores inversos aos que 
prega: ateísmo ao invés de crença. INDEFERIDA A EXCEÇÃO DE 
SUSPEIÇÃO, DETERMINANDO-SE O ARQUIVAMENTO. 
ACORDAM os Senhores Desembargadores integrantes do 11ª 
Câmara Cível em Composição Integral, por unanimidade, em 
indeferir a exceção de suspeição para arquivá-la, nos termos do voto 
do Relator. (Grifei) 
 
 Vê-se supra transcrito, um exemplo de como é de fundamental importância a 
garantia constitucional no que tange à liberdade religiosa. Não se admite em um 
Estado Democrático de Direito, uma atitude intolerante com base em preconceitos 
antirreligiosos sob o risco de ferir um direito inalienável do ser humano em se 
expressar livremente a cerca de sua espiritualidade ou até mesmo de sua não 
espiritualidade, desde que o direito de outrem não seja vilipendiado. 
 
 
 
14 
 
 
CONCLUSÃO 
 
 O desiderato do presente epítome teve como escopo apresentar a 
importância da liberdade religiosa conferida nos direitos já garantidos pela 
Constituição Federal, bem como a liberdade da pessoa em não professar credo 
algum, desde que o mesmo não imponha de forma agressiva ou totalitária o seu 
ateísmo ou agnosticismo. Desde que igualmente o Estado não interfira no direito 
fundamental aqui exposto de forma sintática. 
 A matéria aqui apresentada é de perdurável discussão no campo filosófico e 
político. Os argumentos aqui apresentados respaldaram-se na justiça e de forma 
comedida, no campo social/religioso. 
Portanto, conclui-se que pessoa alguma pode ser, sob qualquer hipótese, 
despojada de seus direitos constitucionais no tocante à sua liberdade religiosa ou 
não religiosa. 
15 
 
 
GLOSSÁRIO 
 
Desiderato: Coisa desejada; ASPIRAÇÃO; DESIDERATUM: "... Era de supor que o 
Basílio não visasse a outro desiderato..." (Aquilino Ribeiro, Mônica)) [F.: Do lat. 
desideratum, substv. do neutro do part. pass. do v.lat. desiderare.] 
Epítome: Resumo de obra literária, histórica ou científica, ger. destinada ao uso 
didático. Resumo ou síntese de qualquer natureza. Aquilo que representa o resumo, 
a síntese, o exemplo, o modelo de algo: Job foi o epítome da resistência ao 
sofrimento. [F.: 0 Do gr. epitomé, pelo lat. epitome e pelo fr. épitomé.] 
Escopo: Alvo, ponto que se pretende atingir: Nosso escopo era a ilha a ser tomada. 
Finalidade, objetivo; PROPÓSITO; INTUITO: O espaço, a abrangência da 
mobilidade e efetividade de algo, de um sistema, de uma atividade, de uma ideia etc. 
Inepto: 1Diz-se daquele que não tem habilidade(s) ou aptidão (para algo) [Antôn.: 
Antôn.: apto] Que não é inteligente; a quem falta inteligência; IDIOTA; IMBECIL; 
PARVO [antôn.: Antôn.: esperto] Que denota falta de inteligência, estupidez ou 
ingenuidade. Aquele a quem falta aptidão, ou que carece de inteligência; indivíduo 
inepto. [F.: Do lat. ineptus, a, um. Hom./Par.: inepto (a. sm.), inapto (a. sm.).] 
Verossímil: Que parece ser verdadeiro ou que tem condições de realmente ter 
acontecido; PLAUSÍVEL; VERISSÍMEL: Que é possível ou provável: Era um relato 
suspeito, mas perfeitamente verossímil. 
 
 
16 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
AULETE, Francisco Júlio de Caldas. Dicionário Contemporâneo da Língua 
Portuguesa, Dicionário Caldas Aulete Digital. Lexikon Editora Digital, Disponível em< 
http://aulete.uol.com.br/index.php> acesso em 01 de junho de 2014 
BOBBIO, Norberto. A Era dos Direitos. Tradução Carlos Wilson Coutinho. 
Rio de Janeiro: Campus, 1992 
BRASIL. Constituição, 1988. Constituição da República Federativa do Brasil. Vade 
Mecum RT . 9ª.ed. São Paulo: Revista dos Tribunais; 2014. 
GAARDER, Jostein, 1952- O livro das religiões / Jostein Gaarder, Victor Hellern, 
Henry Notaker ; tradução Isa Mara Lando ; revisão técnica e apêndice Antônio Flavio 
Pierucci. — São Paulo: Companhia das Letras, 2000. 
JUSBRASIL, TJ-PR : 8627514 PR 862751-4 (Acórdão). Exceção de Suspeição Cível 
Nº 862751-4, de Paranaguá - Vara Infância, Juventude, Família, PR, 2013. 
Disponível em: < http://tj-pr.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/21405919/8627514-pr-
862751-4-acordao-tjpr/inteiro-teor-21405920.>. Acesso em: 16 jun. 2014. 
MARTINS, Ives Gandra da Silva. Estado Laico não é Estado Ateu e Pagão, SP, 
2013. Disponível em: <http://www.gandramartins.adv.br/project/ives-
gandra/public/uploads/2014/05/22/14c0133conjur_liberdade_religiosa.pdf.>. Acesso 
em: 15 jun. 2014. 
PORTAL SIGNIFICADOS.COM. Disponível em: 
<http://www.significados.com.br/liberdade/>Acesso em 22 de junho de 2014. 
SILVA, José Afonso, Curso de Direito Constitucional Positivo, Malheiros Editores, 25 
ed., 2005, São Paulo-SP. 
VINE, W.E., Merril F. Unger e William White Jr. Dicionário Vine, tradução Luís Aron 
de Macedo, Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembléias de Deus, 2002.

Outros materiais