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FORMULAÇÃO E VULCANIZAÇÃO DOS ELÂSTÔMEROS Prof. Dr. Fabio Roberto Passador AULA 05 Processamento de Termofixos e Elastômeros A maioria dos elastômeros precisam formar ancoramentos entre as suas macromoléculas para aumentar a elasticidade e as propriedades mecânicas dos mesmos. Esta melhora em propriedades é conseguida através da vulcanização (ou cura) dos elastômeros e da adição de cargas, principalmente. Porém, a cura não é realizada somente com enxofre ou com peróxidos; outros aditivos (aceleradores, ativadores dos aceleradores, etc.) devem ser adicionados para auxiliar (acelerar, controlar, retardar) o processo de cura. Esta aditivação e o controle das reações químicas principais e secundárias que ocorrem é uma etapa do processamento chamada de “formulação ou composição do elastômero”. Composição de Elastômeros A preparação de um produto elastomérico envolve reações complexas, das quais a vulcanização é a mais importante. O desenvolvimento de um composto de borracha envolve vários componentes, tendo cada componente uma função específica no processamento, na vulcanização ou no uso do produto final. Todos os componentes utilizados são dados normalmente em quantidades baseados no total de 100 partes de borracha (pcr ou phr). Em muitas formulações, os materiais são listados na ordem geral em que eles são misturados na borracha durante o processo. Composição de Elastômeros Como ocorrem a formação de ancoramentos permanentes? Por meio de uma reação química, a uma dada temperatura e durante um certo tempo. Esta reação química (cura ou vulcanização) é promovida por compostos químicos que reagem com os elastômeros. Como estes compostos podem reagir entre si (o que pode ou não ser bom), é necessário formular o “composto elastomérico”. Definições 1. Cura ou Vulcanização é a formação de ancoramentos permanentes ou ligações cruzadas entre as macromoléculas; é importante lembrar que o ancoramento é entre duas macromoléculas lineares já formadas: 2. A ligação cruzada pode ser : -Ligação –C-C- -Outro elemento químico: -S-S-, -O-O-.... Ligações cruzadas Definições 3. O composto químico que promove a formação destas ligações cruzadas é chamado de: AGENTE DE CURA. 4. Como na maioria das vezes este agente de cura se decompõe a altas temperaturas ou demora muito tempo para reagir, é necessário adicionar um outro composto químico chamado ACELERADOR (DO AGENTE DE CURA). 5. Mas estes aceleradores precisam ser ativados a uma dada temperatura (ou um dado tempo) de processo; daí a necessidade de adicionar também ATIVADORES DOS ACELERADORES. Definições 6. Como os elastômeros possuem elevada viscosidade há a necessidade de adicionar AUXILIARES DE PROCESSAMENTO para diminuir esta viscosidade. 7. Se o elastômero possui duplas ligações ou outros grupos químicos facilmente atacados por oxigênio, luz UV e ozônio, é necessário então adicionar PROTETORES CONTRA ENVELHECIMENTO. 8. Se o elastômero não cristaliza com o estiramento, é necessário adicionar CARGAS DE REFORÇO como negro de fumo, sílica e carbonato de cálcio. Definições 9. Estes não são os únicos aditivos adicionados; dependendo da estrutura química do elastômero outros aditivos devem ser utilizados; por exemplo, retardantes de chama, corantes, abrasivos, odorizantes, retardantes do acelerador, agentes de sopro.... Definições Logo, um elastômero é um material composto, já que é composto por vários ingredientes (pcr = partes por cem partes de borracha) -Elastômero (40-99 pcr) -Agente de cura (1-3 pcr) -Acelerador (1-3 pcr) -Ativador do acelerador (1-3 pcr) -Auxiliar de processamento (1-3 pchr) -Antioxidantes (1-3 pcr) -Cargas (10-40 pcr) -Outros aditivos específicos. A mistura é uma operação necessária para que se tenha uma dispersão uniforme dos componentes na formulação da borracha. É realizada em um misturador, aberto ou fechado, e é controlada quanto ao tempo, temperatura e ordem de adição dos componentes. Entre os equipamentos utilizados para mistura, pode-se citar o misturador de rolos, misturadores internos (Banbury) e misturadores contínuos. Mistura Um misturador aberto é constituído por dois rolos, em geral de igual diâmetro D, com eixos paralelos, que rodam em sentidos opostos. Os rolos possuem velocidades de rotação diferentes; o rolo da frente é ligeiramente mais lento que o rolo de trás e opera, geralmente, com temperatura superior à do rolo traseiro. Misturador de Rolos Os rolos são ocos ou perfurados, e no seu interior circula água de resfriamento ou vapor para aquecimento. Estes fluidos são alimentados através de canais existentes nos eixos dos rolos; desta forma, é possível regular e controlar a sua temperatura. Misturador de Rolos Misturador de Rolos Misturador de Rolos A necessidade de aumentar a capacidade de produção de compostos de borracha conduziu à invenção do misturador interno. Misturador Banbury Misturador Banbury Misturador Contínuo ELASTÔMERO Componente básico de toda composição borrachosa. Pode estar na forma de borracha pura ou em forma de masterbatch (concentrado) de borracha-óleos, borracha-negro de fumo ou borracha reciclada. Os elastômeros são selecionados de maneira a obtermos propriedades físicas específicas no produto final. Composição de Elastômeros PLASTIFICANTES QUÍMICOS (PEPTIZADORES) Algumas borrachas de alta viscosidade (NR, SBR) necessitam de um período inicial de quebra para melhorar sua processabilidade. Os peptizadores químicos podem catalisar o amolecimento da borracha, auxiliando no controle de velocidade e quantidade de quebra, e auxiliar na dispersão dos componentes da mistura. Eles tem a função apenas durante o período inicial da mistura. Composição de Elastômeros AGENTES DE VULCANIZAÇÃO Estes materiais são necessários para a vulcanização, sem a qual não ocorre melhoria nas propriedades físicas da borracha. O agente de vulcanização a ser utilizado depende do tipo de borracha. Estes podem ser agrupados nas seguintes categorias: -Enxofre e elementos relacionados: enxofre, selênio, telúrio (em geral 1-3 pcr) Composição de Elastômeros AGENTES DE VULCANIZAÇÃO -Compostos de enxofre: alguns compostos podem ser utilizados como fonte de enxofre para vulcanização, gerando portanto pequena quantidade de enxofre elementar. Exemplo: dissulfeto de tretametil tiuram, dissulfeto de alquil fenol. -Vulcanização sem enxofre: óxidos metálicos (ZnO para NBR, BR, SBR), compostos difuncionais (resina epóxi, diamina para NBR e borrachas fluorcarbonadas). Composição de Elastômeros ACELERADORES Em combinação com os agentes de vulcanização, esses materiais reduzem o tempo de vulcanização (tempo de cura), aumentando a taxa de vulcanização. Podem ser utilizados aceleradores primários, combinações de dois ou mais aceleradores ou ainda aceleradores de ação retardada. Composição de Elastômeros ATIVADORES DE ACELERADOR Formam complexos com os aceleradores e assim ajudam na obtenção da máxima eficiência de um sistema de aceleração, aumentando a taxa de vulcanização e aumentando as propriedades finais do produto em menor intervalo de tempo. Exemplos de ativadores de aceleradores são compostos inorgânicos (óxido de zinco, óxido de magnésio, hidróxidos, chumbo), ácidos orgânicos como esteárico, laurico, etc e substâncias alcalinas que aumentamo pH do meio, aumentando a taxa de cura. Composição de Elastômeros AGENTES CONTRA ENVELHECIMENTO Antioxidantes, antiozonantes, evitam a deterioração do produto através da ação de oxigênio, ozônio, luz, calor e radiação. Podem ser subdivididos em protetores químicos (aminas secundárias, fenólicas, fosfitos) e protetores físicos. Composição de Elastômeros CARGAS Para muitas aplicações, mesmo a borracha vulcanizada não apresenta propriedades de resistência mecânica, rigidez, resistência a abrasão e resistência ao rasgamento satisfatórias. Essas propriedades podem ser melhoradas pela adição de cargas antes da etapa de vulcanização. Duas classes de cargas são principais: cargas inertes, que tornam a borracha mais processável antes da vulcanização, mas não tem efeitos nas propriedades físicas do produto, e cargas reforçantes, as quais melhoram as propriedades deficientes da borracha. Composição de Elastômeros CARGAS As principais características que definem o desempenho de uma carga são: composição química; pureza; tamanho médio e distribuição de tamanho das partículas; forma das partículas (razão de aspecto) e porosidade; natureza química da superfície; distribuição e dispersão. Através do emprego de uma carga reforçante ou reforçadora é obtido um compósito elastomérico onde esta carga é a fase dispersa reforçante de uma matriz polimérica elastomérica (fase contínua). Composição de Elastômeros CARGAS Nas composições com borrachas vulcanizadas a principal carga reforçante é o negro de fumo (“carbon black”), que pode ser usualmente empregado em concentrações variando entre 20 e 50% em massa. A qualidade da composição dependerá do tipo de negro de fumo, da sua concentração, da sua distribuição e da sua dispersão. Para concentrações em torno de 2% em massa, o negro de fumo é o principal pigmento preto das composições poliméricas em geral. Composição de Elastômeros CARGAS Através do emprego de cargas inertes são formados os compostos elastoméricos carregados. As cargas inertes (“enchimentos”) têm um custo muito inferior ao custo da borracha que será modificada. Como cargas inorgânicas (cargas minerais) que são frequentemente incorporadas às borrachas podem ser citadas: sílica, talco, carbonato de cálcio, caulim, mica, alumina trihidratada, hidróxido de magnésio. Composição de Elastômeros PLASTIFICANTES FÍSICOS (AMOLECEDORES) Não reagem quimicamente com a borracha mas modificam as propriedades da borracha ou do vulcanizado final. Podem ser usados como auxiliadores de processamento (2-10 pcr) ou como modificadores de propriedades (até 100 pcr). Este componente deve ser compatível com a borracha e os outros componentes do composto. Exemplos: ácidos graxos, óleos vegetais, etc. Composição de Elastômeros MISCELÂNEA Outros aditivos podem ser adicionados a composição para fins específicos de processamento ou aplicação final. Entre eles pode-se citar agentes abrasivos (sílica), agentes de expansão (azodicarbonoamida), pigmentos (dióxido de titânio, óxido de cádmio), retardantes de chama (óxido de antimônio, hidrocarbonetos clorados), lubrificantes internos, odorizantes e retardantes (reduz a atividade do acelerador durante o processamento e estocagem, evitando a pré- vulcanização do composto). Composição de Elastômeros Uma composição típica de um elastômero teria: Composição de Elastômeros Componente Função pcr NR Elastômero 100 TiO2 Diluente branco(carga) 100 Negro de fumo Carga reforçante 50 Óleo naftóico Auxiliar de processo 20 ZnO Ativador 5 Acido esteárico Ativador 1 Bisfenol Antioxidante 1 P-fenilenodiamina Antiozonante 2 Mercaptobenzotiazola (MBTS) Acelerador primário 1 N,N’-difenilguanidina (DPG) Acelerador secundário 0,5 Enxofre Agente de cura 2,5 Composição de Elastômeros Cada um desses componentes modifica as propriedades físicas e químicas de um elastômero. Os objetivos de utilizar um componente em particular podem ser: 1) Melhorar as propriedades físicas do elastômero; 2) Melhorar o processamento do composto; 3) Melhorar a cura (ou vulcanização); 4) Controlar a velocidade de cura; 5) Prolongar a vida de prateleira do composto elastomérico; 6) Aumentar a vida útil do elastômero; 7) Reduzir o custo do elastômero. Composição de Elastômeros No entanto, geralmente a adição de um aditivo pode ter um efeito benéfico numa dada propriedade mas maléfico para outra. Por isso utilizam-se combinações destes aditivos. Por exemplo, em uma composição típica de elastômero utilizou-se uma combinação de MBTS e DPG. Esta combinação é usada para promover um efeito sinergético no módulo: Em síntese, o composto elastomérico é o produto de: Um ou mais elastômeros que controlam as propriedades viscoelásticas e propriedades químicas Um ou mais sólidos em pó que controlam a resistência mecânica (NF, sílica, ZnO) Ingredientes de baixa viscosidade que controlam a processabilidad e a resistência à luz UV Composto Elastomérico De uma maneira geral, nos ciclos de mistura de compostos elastoméricos, as seguintes informações podem ser ressaltadas: - Existe um intervalo de temperatura definido para mistura de borrachas; cada borracha específica tem uma temperatura ótima na qual se obtém uma dispersão ideal dos componentes da mistura. - Algumas borrachas necessitam de um período de quebra inicial, antes da adição dos componentes da mistura. Esse processo de quebra inicial é a mastigação. Processamento de Elastômeros -É necessário uma ordem específica de adição dos componentes. -O tempo de mistura em cada etapa do processo é importante. -Uma etapa final e um controle da temperatura final da mistura é necessária para evitar pré-vulcanização. -O misturador interno requer um tempo de mistura menor que o moinho de rolos. Processamento de Elastômeros Após o processo de preparação do composto elastomérico, este pode ser processado subsequentemente por calandragem, extrusão, injeção, prensagem. Durante ou após as etapas de processamento, ocorrerá então o processo de cura ou formação de ligações cruzadas na borracha, constituindo o produto final. Durante a vulcanização, as seguintes mudanças ocorrem com a borracha: -As longas cadeias moleculares formam uma estrutura tridimensional (reticulação); -A borracha torna-se insolúvel e mais resistente a deterioração causada por calor, luz, etc. Processamento de Elastômeros Vulcanização é a conversão de um elastômero através de um processo químico de formação de ligações cruzadas, ou seja, um processo onde as cadeias moleculares, até então independentes, são unidas através de ligações químicas formando reticulados, que dão origem a uma rede tridimensional. Esse sistema estrutural permite manter ou incrementar o comportamento elástico borrachoso, diminuindo o escoamento plástico. O elastômero se torna insolúvel, mais resistente fisicamente num intervalo de temperatura maior que o da borracha não vulcanizada. Vulcanização O processo de vulcanização estática, utilizado comercialmente desde a época de Charles Goodyear em 1839, requer a adição de calor e de agente de cura em determinadas temperaturas (130 a 180 °C) por um tempo específico para formar as ligações cruzadas entre as macromoléculas dos elastômeros durante processos de transformação como moldagem por compressão,por exemplo. Dessa forma, o elastômero adquire resistência mecânica através do aumento do módulo de elasticidade, dureza, resistência à fadiga e abrasão. Vulcanização Processo de Vulcanização com Enxofre A indústria de elastômero normalmente utiliza processos de vulcanização empregando sistemas à base de enxofre. De modo geral, a presença de dupla ligação na unidade butadiênica das borrachas facilita a vulcanização com enxofre, mas também a torna susceptível à oxidação e ataque por ozônio. A borracha nitrílica (NBR), por exemplo, normalmente é vulcanizada pelo sistema convencional enxofre/ativador. De maneira geral, a química de vulcanização da borracha nitrílica pode ser dividida em três etapas. Processo de Vulcanização com Enxofre Primeiramente ocorre a reação entre o agente de cura e o ativador formando um sal de enxofre/ativador. O sal de enxofre/ativador reage com o elastômero formando um intermediário. O intermediário reage com outra molécula de borracha nitrílica formando as ligações cruzadas e ativador regenerado. Processo de Vulcanização com Enxofre Processo de Vulcanização com Peróxidos Os peróxidos orgânicos são usados para vulcanizar elastômeros que são saturados ou não contêm qualquer grupo reativo capaz de formar ligações cruzadas. Este tipo de agente de vulcanização não participa da rede polimérica, mas produz radicais que formam ligações carbono-carbono com cadeias adjacentes do polímero. Os peróxidos reagem mais rapidamente com outros componentes do composto elastomérico do que os sistemas convencionais de vulcanização com enxofre, o que restringe o uso, por exemplo, de óleos e antioxidantes. Processo de Vulcanização com Peróxidos Os peróxidos orgânicos se decompõem à temperatura de vulcanização e formam radicais livres, os quais reagem com átomos de hidrogênio das cadeias poliméricas, formando radicais poliméricos. Os radicais poliméricos próximos entre si reagem formando ligações cruzadas carbono-carbono. Ao contrário do enxofre, os peróxidos orgânicos não participam da rede polimérica. O vulcanizado produzido por peróxido possui boas propriedades de resistência ao calor. Processo de Vulcanização Dinâmica Vulcanização dinâmica é um processo de vulcanização de um elastômero durante a mistura no estado fundido com um termoplástico, que resulta em uma classe de materiais denominada termoplásticos vulcanizados ou TPV. Neste processo ocorre reticulação seletiva do elastômero durante a fase de fusão e mistura com o termoplástico. Como resultado, o produto obtido é constituído por partículas de borracha reticulada dispersa numa matriz termoplástica. A matriz termoplástica confere a estes materiais processabilidade, enquanto que a borracha lhe confere propriedades elastoméricas. Processo de Vulcanização Dinâmica Um fator importante para a obtenção dos termoplásticos vulcanizados é a temperatura de processamento que deve ser suficientemente elevada para fundir a resina termoplástica e, ao mesmo tempo, induzir a reação de formação de ligações cruzadas.
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