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Direitos das Obrigações, Obrigações de fazer

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DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Lins, Ana Luiza
Acadêmica de Direito
Vieira, Gustavo Cezar
Acadêmico de Direito
No dia 26 de agosto de 2013, o Tribunal de Justiça do estado de São Paulo, determinou que a Prefeitura Municipal de Guarulhos fornecesse à autora, a qual é uma cadeirante com deficiência auditiva o devido transporte especial diário de ida e volta para onde a mesma recebe um atendimento educacional especializado.
Não podendo arcar com as despesas do devido transporte, a autora promoveu devida ação comprovando sua baixa renda. O Estado não estava cumprindo com as suas obrigações de fazer, decorrentes de lei. Apesar do réu posteriormente apelado, foi mantido a decisão de primeira instância, ou seja, foi julgado procedente e o recurso foi negado. Concedendo à autora os seus devidos direitos. Reconheceu-se que o Estado deve promover as condições necessárias ao pleno exercício da dignidade da pessoa humana, sem quaisquer formas de discriminação. Ainda, indagando que a educação é direito fundamental, tal como disposto no caput do artigo 6° da CF/88.
A obrigação com relação a este julgado é a de fazer, abrangendo o serviço humano em geral, sendo que a prestação deve ser cumprida pelo devedor (Município de Guarulhos). Esta obrigação decorre da vontade do Estado, ou seja, por intermédio da lei, não há necessidade de um vínculo contratual, mas é uma obrigação de fazer que deve ser cumprida pelo Estado devido à menção aos direitos fundamentais, os quais devem fornecer garantias previstas na CF/88, a qual preza pela cidadania e dignidade da pessoa humana. Com base nos direitos fundamentais, é fácil deduzir a falta de compreensão por parte do Estado, querendo ou não, a autora também faz parte do convívio social e deve receber um tratamento que evite a desigualdade perante o meio dito como sociedade. Assim como todos devem seguir à luz da Constituição Federal conforme a igualdade material, que abrange o princípio da isonomia: “Dar tratamento isonômico às partes significa tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na exata medida de suas desigualdades”.O Estado também tem como função primordial seguir tais princípios constitucionais, melhores ditos como fundamentais. [2: NERY JUNIOR. Código Civil comentado. 10ª edição. São Paulo, revista dos tribunais, 1999. P. 42]
Podemos destacar uma menção entre o julgado e os ensinamentos do Paulo Lôbo, o qual eleva o plano constitucional dos princípios fundamentais. Segundo ele se faz essencial em um Estado social de direito, à junção entre a legalidade e justiça social. Neste caso, tratar a pessoa humana como centro das relações obrigacionais para se obter êxito sem prejudicar alguma das partes e construir uma sociedade justa através da aplicação concreta da lei, sendo ela formal ou material. Ele entende como essencial a “primazia da pessoa humana nas relações civis”. Pois esta seria a condição à adequação do direito à realidade e aos fundamentos constitucionais. No julgado é apresentado uma falha por parte do Estado por não priorizar a autora como centro do negocio jurídico, não levando em consideração suas necessidades especiais.[3: Paulo Lôbo. Direito Civil. Obrigações. 2ª edição, editora Saraiva. P. 17]
Entendemos a atitude da autora, pois não foi pedido de forma alguma para pleitear um luxo e sim uma necessidade, a qual é assegurada pela lei (Constituição). Sendo decorrido de lei Constitucional o fato de possuir estes direitos, como a igualdade, educação, cidadania e dignidade da pessoa humana, pois a mesma só está requerendo o que é digno.		
O Paulo Lôbo demonstra que é necessário seguir o código civil, porém sempre à luz da Constituição, obrigando o Estado (neste caso concreto) a cumprir sua função que é sempre impor os direitos fundamentais e ver o ser humano como um centro de suas realizações, ou seja, o Estado deverá pensar como um todo (em regra geral). Aplicando os direitos fundamentais e a igualdade material podemos obter uma grande forma de fazer “justiça”. 
Referências
Constituição Federal: Direitos fundamentais.
Paulo Lôbo: Direito civil das obrigações.
Carlos Roberto Gonçalves: Direito Civil Brasileiro 2. Teoria geral das obrigações. 
Julgado: Apelação Cível número 3046737-66.2013.8.26.0224 
Comarca: Guarulhos
Apelante: Prefeitura Municipal De Guarulhos
Apelante: Elizabete Felipe Da Silva

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