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Bissani Quimica e Fertilidade do Solo

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Prévia do material em texto

Fertilidade dos Solos e
Manejo da Adubação
 de Culturas
FERTILIDADE DOS
SOLOS E MANEJO
DA ADUBAÇÃO
DE CULTURAS
CARLOS ALBERTO BISSANI
CLESIO GIANELLO
FLÁVIO A. DE OLIVEIRA CAMARGO
MARINO JOSÉ TEDESCO
2ª. Edição
(Revisada e ampliada )
Editora Metrópole
Porto Alegre, março de 2008
© dos autores
1ª edição: 2004
2ª edição: 2008
tiragem: 1000 exemplares
Capa, diagramação e gravuras: Flávio A.O. Camargo
Revisão final e de provas: Os autores
Fotolitos e impressão: Metrópole Indústria Gráfica LTDA
Pedidos desta obra:
FAURGS - Laboratório de Análise de Solos
Av. Bento Gonçalves, 7712
Porto Alegre - RS
91570-000
Tel: (51) 3316 6024
email: labsolos@terra.com.br; fcamargo.ufrgs.br
CIP - CATALOGAÇÃO INTERNACIONAL NA PUBLICAÇÃO
Biblioteca Setorial da Faculdade de Agronomia da UFRGS
F411 Fertilidade dos solos e manejo da adubação de culturas / Carlos Alberto Bissani ...
[et al.] -- Porto Alegre : Metrópole, 2008.
 344p. 
 Revisada, ampliada e atualizada em relação do Manual de Adubação e de
Calagem publicado em 2004.
 1. Fertilidade do solo. 2. Adubação. 3. Calagem. 4. Solos : Rio Grande do Sul
: Santa Catarina. I. Bissani, Carlos Alberto. II. Título.
 CDD: 631.422
 CDU: 636.4
Catalogação na publicação: 
Biblioteca Setorial da Faculdade de Agronomia da UFRGS
v
Sumário
Pág.
Apresentação .................................................................................................. vii
Capítulo 01 Importância do estudo da fertilidade do solo.................... 09
Capítulo 02 Fatores que afetam o rendimento das culturas e sistemas
de cultivos............................................................................... 21
Capítulo 03 Suprimento de nutrientes pelo solo e sua absorção pelas
plantas................................................................................... 33
Capítulo 04 Avaliação da fertilidade do solo............................................. 43
Capítulo 05 Amostragem de solo e de plantas para análise................. 49
Capítulo 06 Metodologia de análises de solo, plantas, adubos
orgânicos e resíduos.............................................................. 61
Capítulo 07 Interpretação dos resultados das análises de solo e de
tecido vegetal......................................................................... 69
Capítulo 08 Acidez do solo e seus efeitos nas plantas......................... 77
Capítulo 09 Correção da acidez do solo e materiais utilizados............. 97
Capítulo 10 Fósforo e adubos fosfatados.............................................. 111
Capítulo 11 Potássio e adubos potássicos............................................. 131
Capítulo 12 Nitrogênio e adubos nitrogenados..................................... 145
Capítulo 13 Recomendações de adubação............................................ 167
Capítulo 14 Adubos orgânicos, organo-minerais e agricultura orgânica 189
Capítulo 15 Solos alagados........................................................................ 201
Capítulo 16 Adubação foliar e hidroponia................................................. 209
Capítulo 17 Enxofre, cálcio e magnésio................................................. 221
Capítulo 18 Micronutrientes................................................................... 235
Capítulo 19 Fertilizantes e formulações comerciais............................. 253
Capítulo 20 Manejo da fertilidade do solo............................................. 265
Capítulo 21 Solos afetados por sais........................................................... 279
Bibliografia citada....................................................................................... 291
 Anexos
Anexo 01 Classificação dos solos dos estados do RS e SC............................. 305
Anexo 02 Amostragem para diagnose foliar das principais culturas................ 313
Anexo 03 Teores de macronutrientes considerados adequados para algumas
culturas .................................................................................... 315
Anexo 04 Teores de micronutrientes considerados adequados para algumas
culturas..................................................................................... 317
Anexo 05 Recomendações de calagem e de adubação para as culturas de
trigo, soja, milho e arroz irrigado.................................................
319
Anexo 06 Recomendações de calagem e de adubação para a ameixeira ....... 331
Anexo 07 Resposta da aveia a adubos orgânicos e minerais.......................... 335
Anexo 08 Valores de saturação por bases (V) adequados para algumas
culturas..................................................................................... 341
vii
Apresentação
Este livro contém o programa da disciplina de Fertilidade do Solo
do curso de Agronomia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Os pré-
requisitos necessários para o melhor entendimento dos conteúdos
apresentados são as disciplinas: Gênese e Classificação do Solo, Química do
Solo, Física do Solo e Biologia do Solo. Alguns conceitos básicos destas
disciplinas são reapresentados aqui de forma suscinta, para encaminhamento
do material em estudo. 
É utilizado neste livro o sistema de recomendações de adubação e de
calagem das culturas adotado nos estados do Rio Grande do Sul e de Santa
Catarina [1.7]. Sistemas utilizados em outras regiões do Brasil são também
citados quando necessário [8.4; 13.2].
São apresentados inicialmente neste livro, um breve histórico do
conhecimento atual na área, a situação da fertilidade dos solos do estado do
Rio Grande do Sul e os mecanismos de absorção dos nutrientes pelas plantas.
São abordados a seguir os itens referentes à amostragem (de solo e de
plantas), os métodos de análise e a interpretação dos resultados. Os principais
capítulos referentes à acidez do solo e aos macronutrientes (nitrogênio,
fósforo e potássio) são apresentados antes do estudo das recomendações de
adubação e de calagem dos solos. O estudo dos outros nutrientes é depois
completado, sendo apresentados também outros tópicos relevantes à
fertilidade dos solos e aos sistemas de cultivos.
Os autores agradecem a valiosa colaboração dos professores do
Departamento de Solos da UFRGS, em especial aos professores João
Mielniczuk, Ibanor Anghinoni, Egon Meurer, Pedro Selbach, Enilson Luiz Saccol
de Sá, Alberto Vasconcellos Inda Junior, Cimélio Bayer, Élvio Giasson e Renato
Levien, na elaboração e na revisão do texto da 1ª edição, bem como dos
professores e técnicos de outras Instituições nas sugestões essenciais ao
aperfeiçoamento desta 2ª edição.
9
01
Importância do Estudo da
Fertilidade do Solo
_________________________
Na formação do solo, a partir de diferentes materiais de origem e emvárias condições climáticas, ocorrem diversos processos químicos,físicos e biológicos. As combinações de alguns desses processos sob
variadas influências ambientais dão origem a solos com características
químicas e físicas distintas, oferecendo diferentes condições para o
desenvolvimento das plantas. Em regiões tropicais e subtropicais, os solos são
em geral muito intemperizados, sendo a lixiviação dos sais solúveis o principal
processo pedogenético. Esses solos são em geral ácidos e deficientes em
alguns nutrientes para as plantas.
1.1 Conceito de fertilidade do solo
Um solo fértil é aquele que tem a capacidade de suprir às plantas
nutrientes essenciais nas quantidades e proporções adequadas para o seu
desenvolvimento, visando a obter altas produtividades. A produtividade,
entretanto, depende do conjunto dos fatores de produção, como o clima, a
planta ou outras propriedades do solo. Por exemplo, um solo com condições
desfavoráveis ao crescimento radicular pode ser pouco produtivo, mesmo
sendo fértil.
Para o entendimento dos mecanismos que influenciama fertilidade do
solo, são necessários conhecimentos básicos de química, física, mineralogia
e biologia. A fertilidade do solo e a eficiência de adubos minerais e orgânicos
são influenciadas por reações e equilíbrios inorgânicos e por processos
metabólicos de microrganismos no solo. Para o manejo adequado da
Carlos Alberto Bissani et al.
10
fertilidade do solo, são também necessárias noções de fisiologia vegetal, de
fitotecnia, de estatística e de economia.
Os conhecimentos da fertilidade do solo e das necessidades nutricionais
das plantas possibilitam a identificação e a quantificação dos nutrientes
essenciais, bem como a determinação das épocas, quantidades e formas mais
adequadas para o suprimento desses nutrientes para as plantas.
1.2 Evolução do estudo do desenvolvimento das plantas
No processo de evolução, o homem abandonou a vida nômade e fixou-
se à terra, preferencialmente nas áreas mais favoráveis ao desenvolvimento
da flora e da fauna. O aumento da população criou uma crescente
dependência da alimentação de origem vegetal, obrigando-o a passar da fase
extrativa para o cultivo organizado, ou seja, à produção agrícola. Em toda a
história da humanidade pode-se relacionar o desenvolvimento de civilizações
com o potencial agrícola dos solos, como na Mesopotâmia, no Egito e na
China, onde a alta fertilidade natural mantida pelas enchentes periódicas dos
rios, com deposição de sedimentos, permitiu o surgimento e a manutenção
das civilizações antigas. Nesses tempos remotos, a fertilidade natural dos
solos e o clima determinavam a produtividade das culturas.
O estudo do desenvolvimento das plantas evoluiu juntamente com o
estudo do solo. A introdução de práticas visando à restauração da fertilidade
do solo, para a obtenção de maiores colheitas, data de muitos séculos antes
de nossa era. Assim, Homero (800 A.C.) menciona em seu livro (Odisséia) a
utilização de resíduos orgânicos na agricultura.
Na Grécia, já eram conhecidos a adubação verde, o uso de materiais
alcalinos (marga ou carbonato de cálcio friável, com impurezas) e de sais
inorgânicos (salitre). Era também reconhecida a necessidade de utilizar maior
quantidade de adubos em solos depauperados do que em solos ricos, sendo
este um dos princípios da tecnologia moderna de recomendações de
adubação com base na análise do solo [1.6].
Os romanos aplicaram conhecimentos sobre agricultura herdados da
Grécia. Plínio (62-113 D.C.), por exemplo, reconheceu que “o calcário deve
ser aplicado em camada fina sobre o solo, tendo efeito por muitos anos, mas
menos que 50 anos” (isso provavelmente correspondia a uma calagem de 5
a 10 t/ha).
Os estudos do desenvolvimento das plantas foram retomados na época
do Renascimento (após 1450). A maior controvérsia entre os estudiosos nesta
Fertilidade dos Solos e Manejo da Adubação de Culturas
11
área estava relacionada à origem dos nutrientes das plantas. Conforme a
teoria mais aceita, as plantas se nutriam de húmus. Esta teoria do húmus se
justificava devido aos seguintes fatos:
a) as análises químicas, embora com baixa exatidão, indicavam que as
plantas possuíam, em proporções semelhantes, os mesmos
elementos contidos no húmus; 
b) adição de húmus (adubos orgânicos) ao solo favorecia o
crescimento das plantas.
Este fato exemplifica como algumas observações corretas podem
conduzir a uma conclusão errada, quando a natureza dos fenômenos
observados não é conhecida.
O progresso da química (identificação dos elementos, melhoria dos
métodos de análise, etc.) e as descobertas dos mecanismos da respiração e
da fotossíntese possibilitaram ao químico alemão Justus von Liebig (1803-
1873) estabelecer definitivamente os seguintes princípios da nutrição das
plantas, descartando a teoria do húmus:
2a) o carbono é obtido do CO do ar;
b) o hidrogênio e o oxigênio são obtidos da água; e,
c) os nutrientes minerais são obtidos da solução do solo.
No final do século XIX foi demonstrado, de forma conclusiva, que as
plantas, ao contrário dos animais, podem crescer e se multiplicar dispondo
somente de nutrientes inorgânicos, ar, água e luz solar (seres autotróficos).
1.3 Situação da fertilidade dos solos do sul do Brasil
Na região sul do Brasil predominam solos ácidos e com baixo teor de
fósforo, nas condições naturais. Entretanto, as correções destas condições
desfavoráveis para a utilização agrícola dos solos têm modificado esta
situação, observando-se atualmente o aumento da ocorrência de solos com
propriedades químicas mais adequadas ao crescimento de plantas. 
O diagnóstico da fertilidade é usualmente feito por análises de amostras
de solos. Os laboratórios que prestam este serviço nos estados do Rio Grande
do Sul e de Santa Catarina constituem a Rede Oficial de Laboratórios de
Análise de Solo e de Tecido Vegetal (ROLASTec), fundada em 1968. Estes
laboratórios utilizam metodologia analítica unificada e participam do primeiro
programa de controle de qualidade de análises do Brasil iniciado em 1978.
Os resultados das análises podem ser tabulados para obter a avaliação
da fertilidade dos solos de propriedades, de municípios, de estados ou de
Carlos Alberto Bissani et al.
12
regiões. O primeiro estudo regional desta natureza foi feito no estado do Rio
Grande do Sul em 1969, utilizando-se 27.814 resultados de análises de
amostras de solos [1.9]. Foi neste trabalho evidenciada a predominância de
solos ácidos, e com muito baixo teor de fósforo, necessitando de correção da
acidez e fertilização adequada para a obtenção de rendimentos satisfatórios
das culturas. Outros estudos feitos em anos subseqüentes confirmaram estes
resultados, considerando-se as diferentes regiões fisiográficas do Estado.
No levantamento da fertilidade dos solos do estado do Rio Grande do
Sul efetuado em 2000, foram utilizados os resultados analíticos de 168.200
amostras de solo analisadas por oito laboratórios integrantes da Rede nos
anos de 1997 a 1999 [1.3]. O estudo destes dados, apresentado a seguir,
possibilita também, a avaliação da fertilidade dos solos agrícolas do Estado.
FIGURA 1.1 
Freqüência de amostras de solos
do estado do Rio Grande do Sul
conforme valores de pH em água
[1.3].
Pode-se observar na Figura 1.1 que 44% dos solos apresentam pH
inferior a 5,5 (baixo e muito baixo), necessitando de correção para a maior
parte das culturas. Como reflexo do baixo pH, estes solos apresentam baixa
saturação por bases (Ca, Mg, K e Na) na capacidade de troca de cátions
(CTC) e conseqüentemente baixa fertilidade natural. Este fato pode ser
constatado na Figura 1.2, em que aproximadamente uma terça parte dos
solos analisados apresenta valores menores que 60% de saturação por bases
(valor V) na CTC.
Fertilidade dos Solos e Manejo da Adubação de Culturas
13
A correção da acidez do solo deve ser feita conforme a necessidade das
culturas (ou sistema de cultivo), como será estudado no Capítulo 12. Na
Figura 1.3 é mostrada a frequência de amostras de solos do estado do Rio
Grande do Sul em diversas faixas de necessidade de calcário para atingir pH
6,0, adequado à maior parte das culturas. A necessidade média de calcário,
conforme este levantamento, foi de 3,4 t/ha [1.3]. No levantamento feito em
1981, a necessidade
média de calcário foi de
4,2 t/ha [1.2], indicando
que a prática da calagem
está sendo bastante
adotada. 
FIGURA 1.2 
Freqüência de amostras de
solos do estado do Rio Grande do Sul conforme valores de saturação por bases
[1.3].
Entretanto, grande parte dos solos agrícolas do estado do Rio Grande
do Sul apresenta valores médios (20 a 40%) a altos (>40%) de argila (Figura
1.4). Estes solos são potencialmente férteis, desde que corrigida a acidez e
sejam supridos de nutrientes necessários ao adequado crescimento das
plantas.
Os nutrientes N, P e K são os elementos minerais que freqüentemente
limitam o crescimento das plantas, por seremexigidos em maior quantidade
(N e K) ou devido a mecanismos de insolubilização no solo (P). À exceção das
leguminosas que fixam o N do ar pela simbiose com bactérias, estes três
nutrientes devem ser supridos pela adubação (orgânica ou mineral) na
maioria das culturas e dos solos.
Carlos Alberto Bissani et al.
14
A matéria orgânica é a principal fonte de N do solo para as plantas não
leguminosas, sendo este nutriente disponibilizado pela mineralização dos
compostos orgânicos. Na Figura 1.5 pode-se observar que a maior parte dos
solos do estado do Rio
Grande do Sul (60%)
apresenta teor maior que
2,5% de matéria orgânica. A
adubação nitrogenada das
culturas depende, portanto,
do teor de matéria orgânica
do solo (Capítulo 13) e da
taxa de mineralização da
mesma.
FIGURA 1.3 
Freqüência de amostras de
solos do estado do Rio Grande
do Sul em faixas de
necessidade de calcário para
atingir pH 6,0 [1.3].
Fertilidade dos Solos e Manejo da Adubação de Culturas
15
FIGURA 1.4 
Freqüência de amostras de solos do estado do Rio Grande do Sul conforme os teores
de argila [1.3].
A b a i x a
disponibilidade de P nos
solos ácidos é o principal
fato r l im i tante do
rendimento das culturas.
No estado do Rio Grande
do Sul, a maior parte dos
solos (58%) apresenta
teores baixo e muito baixo
deste nutriente (Figura
1.6), devendo ser o
mesmo adicionado pela
adubação.
FIGURA 1.5 
Freqüência de amostras de solos do estado do Rio Grande do Sul conforme o teor
de matéria orgânica [1.3].
Carlos Alberto Bissani et al.
16
FIGURA 1.6 
Freqüência de amostras de
solos do estado do Rio Grande
d o S u l c o n f o r m e a
interpretação do teor de
fósforo extraído pela solução
de Mehlich-1 [1.3].
FIGURA 1.7 
Freqüência de amostras de
solos do estado do Rio
Grande do Sul conforme o
teor de potássio extraído
pela solução de Mehlich-1
[1.3].
P r e d o m i n a m ,
entretanto, no estado do
Fertilidade dos Solos e Manejo da Adubação de Culturas
17
Rio Grande do Sul solos com teores maiores do que 80 mg/dm de K (73%).3
Este fato é devido à menor intemperização dos solos, à presença de minerais
que contêm este elemento e à CTC adequada (Figura 1.7). Nestas classes de
solos, a adubação potássica é destinada à reposição das quantidades retiradas
pelas culturas.
1.4 Respostas das culturas à adubação e à calagem
A possibilidade de aumento da área plantada é pequena em regiões de
alta ocupação territorial, como no caso do estado do RS. O aumento da
produção agrícola deve ser obtido pela elevação da produtividade das terras.
Por exemplo, o aumento do rendimento pela utilização correta da calagem nas
principais culturas do estado do RS, no período de 1990 a 1995 equivaleria
à produção obtida em 1,0 milhão de hectares [1.5]. Para a implantação desta
área, deveriam ser gastos R$ 1.077 x 10 , caso estas terras fossem6
disponíveis. O custo do calcário para obter este acréscimo de rendimento nas
áreas já cultivadas seria de R$ 450 x 10 , ou seja, somente 42% (Tabela 1.1).6
Assim como a calagem, a adubação bem praticada pode ser altamente
rentável. O rendimento médio de soja obtido no estado do RS na safra
2002/03 foi de aproximadamente 2,94 t/ha (em 3,4 x 10 /ha). Existe6
atualmente base tecnológica para obter um aumento de rendimento médio de
pelo menos 20%. Para alcançarmos este nível de rendimento, considerando
o teor baixo de P (Figura 1.6) e teor alto de K (Figura 1.7), seriam
2 5 2recomendados 70 kg de P O /ha/ano e 80 kg de K O/ha/ano [1.7] (Anexo 5).
O aumento da adubação com estes nutrientes com superfosfato triplo e
cloreto de potássio ao preço atual (item 19.7.3) custaria R$ 112 x 10 /ano. O6
valor do incremento de produção seria entretanto de R$ 1.435 x 10 /ano, com6
R$ 108 x 10 /ano de acréscimo de ICMS.6
TABELA 1.1 Possibilidade de incremento da produção e de arrecadação (ICMS) pela
utilização da calagem em algumas culturas do estado do RS (período
de 1990/94) [1.5]
Cultura
Incremento
de produção
Acrécimo
de área
Custo de
implantação
Custo do
calcário
Acréscimo
de ICMS (1)
1.000 t 1.000 ha R$x10 R$x10 /ano R$x10 /ano6 6 6
Soja 852 461 414 240 33,6
Milho 731 312 243 135 18,3
Trigo 438 181 381 33 99,0
Carlos Alberto Bissani et al.
18
Arroz 7 52 39 9 2,1
TOTAL 2.028 1.006 1.077 417 153,0
 Média de 7,5%(1)
1.5 Fertilidade e utilização de fertilizantes no Brasil
Os solos brasileiros são em geral muito intemperizados e,
conseqüentemente, ácidos e de baixa fertilidade. Na maior parte dos casos,
são deficientes em fósforo e necessitam de correção da acidez para
possibilitar o crescimento adequado da maioria das plantas cultivadas.
A correção das deficiências de um ou mais nutrientes pode ser feita
facilmente pela utilização de fertilizantes orgânicos ou inorgânicos e corretivos
da acidez do solo. Devido ao seu custo elevado, devem ser bem utilizados,
visando a sua maior eficiência imediata e residual.
As quantidades de adubos usadas no Brasil são baixas, mesmo
possuindo solos pouco férteis. Em média, são aplicados nas 16 principais
culturas somente 24 kg de fertilizantes/ha/ano, comparados com 602 na
Holanda, 278 na França, 295 na China e 174 nos Estados Unidos (dados de
2005 apresentados na referência [1.1], de diversas fontes).
A maior utilização de fertilizantes no Brasil ocorre nas grandes culturas
2 5 2industriais: cana-de-açúcar e café: 246 kg de N+P O +K O por ha (em
média); 157 kg/ha/ano para citrus e soja (em média); 120 kg/ha em arroz e
milho (em média) e 38 kg/ha para feijão, elevando a média nacional para 52
kg/ha/ano [1.1].
As produtividades médias das culturas de grãos no Brasil também são
baixas: 3,0 t/ha para o milho; 1,5 t/ha para o trigo; 2,6 t/ha para a soja; 3,3
t/ha para o arroz [1.1]. Para o arroz irrigado, entretanto, a produtividade
atinge 6,1 t/ha, em média, nos estados do Rio Grande do Sul e de Santa
Catarina [1.4]. Estima-se que 20 a 30% das áreas cultivadas no Brasil não
sejam adubadas. A previsão de colheita de grãos no Brasil para a safra
2007/2008 é de 135x10 t, para uma área plantada de 46,4x10 ha, sendo6 6
portanto a produtividade de 2,9 t/ha (ver item 15.4.1 - p. 207).
1.6 Você sabia?
1.6.1 O mol
Fertilidade dos Solos e Manejo da Adubação de Culturas
19
O mol é um número igual a 6,02 x 10 unidades. É utilizado para23
numerar grandes quantidades de coisas. Pode-se ter um mol de laranjas, um
mol de grãos de trigo, um mol de átomos, um mol de moléculas, um mol de
íons, um mol de cargas elétricas, etc. Ao saber deste conceito, um jovem
estudante de Química, em momento de muita paixão, prometeu à namorada:
vou dar-te um mol de beijos. Esta, bastante interessada, quiz saber quanto
tempo estaria sendo beijada, supondo uns beijinhos rápidos, de três
segundos. O que você acha? (Calcule o tempo necessário para cumprir a
promessa).
1.6.2 A água do mar
Provavelmente você já esteve na praia de mar e também deve ter
levado um caldo, verificando que a água do mar é salgada. De fato, a análise
da mesma mostra isto (Tabela 1.2).
Pergunta-se:
a) por que a água do mar é salgada?
b) o que tem a ver a composição da água do mar com a fertilidade do
solo?
c) por que a água do mar contém mais Na do que K?
d) porque a água do mar tem mais Mg do que Ca?
e) porque a água do mar tem baixos teores de Fe e Al?
Observação: como a água do mar não dá choque (mas conduz corrente
elétrica!) deve ter a mesma concentração de ânions e de cátions.
TABELA 1.2 Composição aproximada da água do mar (Enciclopédia Britânica)
Ion Concentração (mg/L) Ion Concentração (mg/L)
Na 10.685 Cl 19.215+ -
4K 396 SO 890
+ =
4Ca 410 NO3 + NH 0,7
- +
Mg 1.287 Si 3
Al 0,001 P 0,09
Fe 0,003
1.6.3 Unidades de medidas
Carlos Alberto Bissani etal.
20
Na interpretação de resultados analíticos de laudos de análises é
necessário, em alguns casos, transformar unidades. No Manual de
Adubação e de Calagem para os Estados do Rio Grande do Sul e de
Santa Catarina [1.7]), são utilizadas as seguintes unidades:
Para solos: % (m/v) para os teores de argila e de matéria orgânica;
cmg/dm para P (Mehlich-1 e resina) e K; cmol /dm para
3 3
Al, Ca, Mg, (H+Al) e CTC; mg/dm para B, Cu, Zn, Mn, S3
e Na; g/dm para Fe.3
Para plantas: % (m/m) para macronutrientes; mg/kg para
micronutrientes.
2 5 2Para adubos minerais: % de N, de P O e de K O.
3Para corretivos da acidez: % de Ca ou de CaO ou de CaCO ; % de
3Mg ou de MgO ou de MgCO . 
Observações:
a) no caso de utilizar a %, é necessário especificar a forma de
medição; p. exemplo, % (m/v), indica unidades de massa por
unidades de volume;
b) nos laudos de análise de solo para diagnóstico de fertilidade
(análises “de rotina”) são utilizados volumes de solo para as
diferentes determinações; as unidades são, portanto, expressas em
unidades de massa/volume;
c) teores de nutrientes de plantas em adubos orgânicos são
geralmente expressos em % de N, P, K, ..., podendo também ser
2 5 2expressos por seus óxidos (P O , K O, CaO, ...).
1.6.4 Exercícios de conversão de unidades
Caso os resultados analíticos sejam apresentados em outras unidades,
é necessário transformá-los para as unidades especificadas acima, para utilizar
as tabelas de interpretação apresentadas no Manual. 
Fertilidade dos Solos e Manejo da Adubação de Culturas
21
ca) converter 98 mg/dm de K e 240 mg/dm de Ca em cmol /dm ;
3 3 3
c cb) converter 0,123 cmol /dm de K e 1,2 cmol /dm de Mg em
3 3
mg/dm ; 3
c) um solo contaminado com Zn apresentou na análise o valor de
1.600 mg/dm (m/v). Qual a % deste metal no solo?3
2 5 2d) quais os teores de N, de P O e de K O do húmus de minhoca, cuja
análise é dada na Tabela A7.1 do Anexo 7 deste manual.
1.6.5 - Cálculos comuns em Fertilidade/Química de solos
Em vários casos, além da conversão de unidades, é necessário fazer
cálculo com áreas, densidade, proporções (direta ou indireta), etc.
Para cálculos de volumes de solo por área, é geralmente utilizado o
hectare (ha), que é uma superfície plana de 100 m x 100 m, ou de 10.000 m .2
Para calcular o volume desta área deve-se especificar a profundidade. Por
exemplo: para a profundidade de 0,0 a 20,0 cm (ou 0,2 m), geralmente
considerada como a camada arável, o volume será de 100,0 m x 100,0 m x
0,2 m = 2.000 m (ou 2,0 x 10 dm (ou L)). A massa (ou peso) deste volume3 6 3
(v) de solo depende da densidade (d=p/v). A densidade de solos agrícolas em
geral varia de 0,9 (com alto teor de matéria orgânica) a 1,4 (solos arenosos).
21
02
Fatores que Afetam o Rendimento
das Culturas e Sistemas de
Cultivos
_________________________
Os conhecimentos acumulados durante vários séculos sobre os cultivos,a nutrição das plantas e a forma de controle da disponibilidade denutrientes para as plantas possibilitam atualmente a utilização agrícola
de terras com baixa fertilidade natural, inicialmente pouco produtivas ou
incapazes de manter uma alta produtividade por muitos anos. Atualmente é
reconhecida a importância de um adequado suprimento de nutrientes, assim
como a adoção de boas práticas de manejo do solo para elevar os
rendimentos das culturas até os níveis permitidos pelo seu potencial genético,
os quais são também diretamente influenciados pelos demais fatores
ambientais.
2.1 Nutrientes minerais e sua essencialidade às plantas
A presença de um elemento no tecido da planta não indica
necessariamente que o mesmo tem uma função essencial no seu
metabolismo. As plantas podem absorver elementos não essenciais ou mesmo
tóxicos aos seu desenvolvimento.
Normalmente podem ser usados critérios direto e indireto para
caracterizar a essencialidade de um elemento às plantas [2.2]. No primeiro
caso, o elemento é essencial quando constitui algum composto ou participa
de alguma reação essencial ao ciclo vital da planta. Como exemplos, tem-se
Carlos Alberto Bissani et al.
22
a necessidade do nitrogênio para a constituição das proteínas e do ferro para
os citocromos. O critério indireto de essencialidade é satisfeito quando:
a) a planta não completa seu ciclo vital, na ausência ou escassez do
elemento;
b) a falta do elemento é específica e só pode ser evitada ou corrigida
pela adição do referido nutriente, não podendo ser substituído por
nenhum outro; e
c) o elemento deve estar relacionado diretamente à nutrição da planta,
não podendo seu efeito ser conseqüência de alterações eventuais de
propriedades do solo ou meio de cultura. 
Para provar a essencialidade de um elemento é necessário que a planta
mostre sintomas visuais de deficiência nutricional, os quais poderão ser
corrigidos somente pelo suprimento do referido elemento, dependendo do
estádio de desenvolvimento.
Os elementos C, O e H constituem de 90 a 98% do tecido vegetal seco.
Como são obtidos do ar e da água, não se dispõe de meios práticos para
controlar o seu suprimento para as plantas.
O estudo dos sintomas de deficiência pode ser efetuado com culturas
em solução nutritiva, comparando-se tratamentos contendo todos os
nutrientes com outro contendo todos os nutrientes menos um. Podem ser
provocados facilmente sintomas característicos de deficiências de N, P, K, Ca,
Mg e S. A deficiência destes nutrientes pode ser demonstrada facilmente
porque as plantas necessitam de maiores quantidades dos mesmos. Estes
elementos, mais C, O e H, constituem o grupo dos macronutrientes e sua
concentração é expressa em % (m/m) ou g/kg. 
Com a atual disponibilidade de reagentes muito puros, é também
possível demonstrar que vários outros nutrientes são essenciais para as
plantas, porém em quantidades menores. Estes são denominados
micronutrientes, sendo: Fe, B, Mn, Cu, Zn, Mo e Cl, cuja concentração é
expressa em mg/kg. Na Tabela 2.1 é dada a relação quantitativa entre os
nutrientes no tecido das plantas em condições de crescimento adequado.
Nos Anexos 3 e 4 são apresentados os teores de macro e de
micronutrientes, respectivamente, considerados adequados para um bom
suprimento de várias culturas. A determinação dos teores foliares de
nutrientes pode ser também uma ferramenta utilizada para o diagnóstico do
estado nutricional das plantas, principalmente no caso de frutíferas (Anexo 6)
[1.7].
Outros elementos, apesar de não serem essenciais no sentido rigoroso
do termo, isto é, não ter sido provado que são necessários para a conclusão
Fertilidade dos Solos e Manejo da Adubação de Culturas
23
do ciclo reprodutivo de todos os vegetais, podem ser necessários para alguns
organismos. Por exemplo:
a) o cobalto, que faz parte da vitamina B12, é necessário para os
organismos que fixam nitrogênio do ar (bactérias e algas verde-
azuis);
b) o sódio é essencial para o crescimento de algas marinhas; pode
também substituir parte do K nas outras plantas;
c) o vanádio é necessário para algumas algas;
d) o silício beneficia o crescimento de algumas plantas, embora estas
possam frutificar sem o seu suprimento, como no caso do arroz; e
e) o selênio é geralmente tóxico; no entanto, plantas do gênero
Astragalus não somente toleram altas concentrações de Se, mas dele
necessitam para o seu desenvolvimento.
TABELA 2.1 Concentrações médias dos nutrientes minerais na matéria seca da
parte aérea das plantas com crescimento adequado [2.1]
Elemento Símbolo
Concentração
(mg/kg) %(m/m)
Número
relativo de
átomos
Molibdênio Mo 0,1 - 1
Cobre Cu 6 - 100
Zinco Zn 20 - 300
Manganês Mn 50 - 1.000
Ferro Fe 100 - 2.000
Boro B 20 - 2.000
Cloro Cl 100 - 3.000
Enxofre S - 0,1 30.000
Fósforo P - 0,2 60.000
Magnésio Mg - 0,2 80.000
Cálcio Ca - 0,5 125.000
Potássio K - 1,0 250.000
NitrogênioN - 1,5 1.000.000
2.2 Fatores que determinam o desenvolvimento das plantas
Na área da nutrição mineral, Justus von Liebig também introduziu um
Carlos Alberto Bissani et al.
24
conceito fundamental, que é expresso pela lei do mínimo, conforme a qual o
desenvolvimento das plantas é limitado pelo nutriente que se encontra em
mínimo em relação às suas necessidades, na presença de quantidades
adequadas dos outros nutrientes. Por exemplo, se o desenvolvimento da
planta está sendo prejudicado pela deficiência de fósforo, a adição de
qualquer outro nutriente não terá efeito positivo. Se o fósforo for adicionado
em quantidade adequada, este deixará de ser o fator limitante da produção;
o segundo nutriente em menor suprimento em relação à necessidade da
planta passará então a ser o fator limitante e assim sucessivamente até atingir
o máximo de produção possibilitada pelos outros fatores ambientais e pela
capacidade genética da planta. Por exemplo, num experimento de campo
conduzido no Município de Nova Veneza (SC) (Tabela 2.2) foi demonstrado
que a adição de calcário teve pouco efeito no aumento do rendimento do
milho, ocorrendo o mesmo com o fósforo. O nutriente em mínimo foi o
nitrogênio, responsável pelos maiores aumentos de rendimento quando
aplicado. (Observação: mesmo tendo sido este experimento conduzido há
mais de 37 anos, mostra o potencial produtivo da cultura do milho. Comparar
com os dados médios de rendimento mostrados no item 1.5).
TABELA 2.2 Rendimento do milho obtido em Nova Veneza, SC, em 1969/70(1)
Nutriente ou corretivo adicionado(2)
Rendimento de
grãos (kg/ha)
Nenhum (testemunha) 3.860
Calcário 4.500
P + calcário 5.430
N + calcário 7.070
N + P + calcário 8.680
Trabalho conduzido pela ACARESC e pelo Depto. de Solos no Projeto de Melhoramento da Fertilidade(1)
do Solo (Operação Tatu) (UFRGS).
2 5 P = 300 kg de P O /ha; N = 150 kg de N/ha; calcário em quantidade recomendada para elevar o pH do
(2)
2 solo a 6,5. Todos os tratamentos com N e/ou P receberam 150 kg de K O/ha.
A lei do mínimo pode ser generalizada para outros fatores que
influenciam o crescimento. Dessa forma, pode-se afirmar que o
desenvolvimento das plantas é limitado pelo fator de crescimento que estiver
em mínimo, seja ele disponibilidade de nutrientes (Figura 2.1), condição
climática, condições de solo, aspectos fitossanitários ou outro qualquer. O
máximo de rendimento de uma espécie ou variedade depende da interação
Fertilidade dos Solos e Manejo da Adubação de Culturas
25
entre o seu potencial genético de produtividade e os fatores ambientais
atuantes (ver item 15.4.2 - p. 208).
FIGURA 2.1 
Representação visual da Lei
do Mínimo. 
Alguns trabalhos de seleção de plantas para alto potencial de
produtividade têm possibilitado a obtenção de cultivares de alto rendimento.
Um exemplo típico é a modificação morfológica introduzida na cultivar de
arroz IR-8, desenvolvida nas Filipinas (na década de 1960), que apresenta
folhas eretas para melhor aproveitamento da luz e porte baixo para evitar o
acamamento. Cultivares com estas características produzidas em orgãos de
pesquisa dos estados do RS (BR-IRGA 410) e de SC (EMPASC) podem
produzir até mais de 9 t de grãos por hectare [2.3].
O potencial genético de uma cultivar pode se manifestar em sua
plenitude se os fatores ambientais não forem limitantes ao crescimento. Ou
seja, o potencial genético por si só não proporciona altos rendimentos, mas
dá a possibilidade de obtê-los, dependendo dos fatores ambientais. Da
mesma forma, boas condições ambientais podem originar altos rendimentos,
desde que a planta possua um alto potencial genético de produção; caso
contrário, a produção será limitada por este, conforme a lei do mínimo. Por
exemplo, o milho híbrido apresenta alto potencial de rendimento (até >
15.000 kg de grãos/ha) em condições adequadas de clima, fertilidade do solo
Carlos Alberto Bissani et al.
26
e práticas culturais. O mesmo, entretanto, não é observado com a utilização
de cultivares não melhoradas. 
Os fatores ambientais que exercem influência sobre o crescimento de
vegetais superiores são:
a) climáticos (temperatura, luz, quantidade e distribuição de chuva,
etc);
b) edafológicos (umidade do solo, suprimento de oxigênio, suprimento
de nutrientes, toxidez de elementos, acidez ou alcalinidade, etc); e,
c) bióticos (pragas, moléstias, inços, associação e/ ou sucessão de
culturas, etc).
Alguns destes fatores são difíceis de controlar, principalmente os
climáticos. Os fatores edafológicos e bióticos podem ser controlados mais
facilmente. Na maior parte dos solos do Brasil, a acidez e o baixo teor de P
são fatores limitantes para a obtenção do máximo rendimento para muitas
culturas. Em muitos casos, sua correção representa um alto investimento
inicial, mas a manutenção dos níveis adequados destes fatores não é difícil,
como será visto em detalhe nos estudos de calagem e de recomendações de
adubação.
Um exemplo de associação do alto potencial genético de produtividade
e dos fatores ambientais para a obtenção de alto rendimento é dado pelo
milho híbrido. A média de rendimento de grãos do milho no estado do Rio
Grande do Sul é menor que 4 t/ha. Utilizando-se híbridos plantados na melhor
época, com adequado suprimento de água, correção do solo, adubação
correta e controle de pragas, moléstias e inços, pode-se obter facilmente mais
de 10.000 kg/ha de grãos.
No sul do Brasil, por outro lado, a cultura do trigo geralmente apresenta
baixos rendimentos devido aos fatores climáticos e bióticos desfavoráveis, que
atuam como fatores de mínimo. Por isso, o suprimento de nutrientes e a
correção do solo muitas vezes não apresentam a eficiência obtida em outras
regiões ou em outras culturas, como por exemplo a soja, o arroz, o milho, etc.
Isso não significa que se deve abandonar a correção e a adubação do solo na
cultura do trigo. As quantidades de adubos e de calcário recomendadas são
suficientes para que a acidez do solo ou a disponibilidade de nutrientes não
sejam os fatores limitantes da produção (Capítulos 9 e 13).
Nos programas de melhoramento vegetal, o material selecionado é
testado em solos com vários níveis de fertilidade. A possibilidade de controle
de qualquer fator de desenvolvimento das plantas aumenta muito as
probabilidades de sucesso na obtenção de variedades produtivas. A utilização
Fertilidade dos Solos e Manejo da Adubação de Culturas
27
comercial dos fatores de produção deve, entretanto, ser orientada por
motivos econômicos e/ou de proteção ao meio ambiente.
2.3 Efeito do suprimento de nutrientes no desenvolvimento
das plantas
A acumulação de matéria seca pelas plantas anuais apresenta uma
curva sigmóide (Figura 2.2), na qual pode-se distinguir dois períodos distintos,
o vegetativo e o reprodutivo. No período vegetativo ou de crescimento, o
desenvolvimento vegetativo é intenso e a demanda por nutrientes é alta.
Durante o período reprodutivo, o crescimento e a necessidade de nutrientes
diminuem, predominando a translocação de metabólitos dentro da planta. A
escassez de nutrientes durante o período vegetativo se reflete diretamente no
decréscimo de rendimento, o qual representa o efeito da interação do
potencial genético da planta e dos fatores ambientais. Este fato é de grande
importância no manejo da adubação, principalmente da adubação
nitrogenada, que deve ser
suprida em época (s)
a d eq u ad a ( s ) p a r a
otimização da absorção
pelas plantas (ver figura
12.5 - p. 162).
FIGURA 2.2 
Curva típica de acumulação de matéria seca das plantas anuais em função do tempo
[1.6].
O efeito de um fator ambiental no desenvolvimento das plantas
depende da intensidade de sua atuação. Assim, é possível estudar o efeito da
adição de um nutriente que se encontra em mínimo sobre a produção de uma
Carlos Alberto Bissani et al.
28
cultura (alturah na Figura 2.2). A curva obtida é representada na Figura 2.3,
para a adubação fosfatada do trigo em Latossolo Húmico distrófico (LHd).
Neste trabalho foi possível observar a interação entre a calagem e a adubação
fosfatada: esta, na ausência da calagem, produziu um aumento de
rendimento menor do que sem a correção do solo. Pode-se ainda perceber
que a resposta à adubação fosfatada, tanto para o solo corrigido como para
o solo não corrigido, foi inicialmente grande, tendendo depois a ser nula. Ou
seja, enquanto o fósforo era o fator limitante do crescimento, a cultura
respondeu à adubação fosfatada; entretanto, quando outro fator passou a ser
limitante, o rendimento da cultura não mais respondeu a essa adubação. A
aplicação de calcário sem fósforo mostrou pouco efeito no rendimento (50
kg/ha) ao passo que esta diferença foi de 876 kg/hade grãos com a adubação 
2 5fosfatada de 80 kg de P O /ha.
Devido à variação local dos fatores ambientais de crescimento, os
resultados obtidos com uma cultura em determinada região não podem ser
extrapolados para outra. A manifestação do potencial genético da cultivar face
à ação destes fatores deve ser estudada por experimentação regional.
Atualmente são utilizados sistemas integrados de recomendações de
adubação, levando em
consideração características
locais de clima, solo e uso
da terra, além de aspectos
socio-econômicos (exemplo:
projeto 10 [2.3]).
Curvas de produção
obt idas em diversos
experimentos de campo
podem ser agrupadas para a
e l a b o r a ç ã o d e
recomendações de adubação
para determinada região,
como será estudado no Capítulo 13.
FIGURA 2.3
Curvas de resposta do trigo à adubação fosfatada e a calagem em solo LHd, em
Campo Erê, SC-1973 (trabalho conduzido na Estação Exp. do Rio Caçador, no Plano
de Recuperação da Fertilidade do Solo do estado de SC).
Fertilidade dos Solos e Manejo da Adubação de Culturas
29
2.4 Sistemas de cultivo
O cultivo das terras é prática indispensável para a produção agrícola. O
cultivo adequado das terras deve ser feito de acordo com as condições locais
e as necessidades da cultura a ser implantada. Os principais componentes dos
sistemas de cultivo são o preparo do solo e o plantio. Embora existam
diversos tipos de preparo do solo, como preparo convencional, mínimo e
plantio direto, todos eles têm como principais objetivos:
a) criação de condições que favoreçam o desenvolvimento das culturas;
b) eliminação de plantas invasoras;
c) incorporação e mistura de adubos, calcário e outros produtos no
solo;
d) incorporação de restos vegetais;
e) conservação do solo; e,
f) sistematização do terreno.
O cultivo inadequado das terras pode provocar a degradação física,
química e biológica do solo, além de deixar o solo suscetível à erosão. Para
evitar estas conseqüências negativas, sempre deve-se utilizar o sistema de
cultivo mais adequado para cada situação.
A seguir serão descritos resumidamente alguns sistemas de preparo do
solo, assim como suas características.
2.4.1 Preparo convencional do solo
O objetivo do preparo convencional do solo é a inversão da camada
superficial do solo, sendo feito com arados ou grade de discos pesada numa
primeira etapa, chamada de preparo primário, que é seguida pelo preparo
secundário do solo com grade de discos. No preparo primário é feito o
controle de plantas invasoras, enquanto o preparo secundário visa a quebrar
os torrões de solo e preparar o leito de semeadura. Neste sistema de preparo,
toda a camada superficial do solo é movimentada, sendo o calcário e os
fertilizantes aplicados em superfície incorporados uniformemente na camada
arada do solo.
Algumas vantagens deste sistema de preparo do solo são:
a) o controle mecânico de plantas invasoras mais eficiente;
Carlos Alberto Bissani et al.
30
b) o melhor controle de insetos e doenças pela incorporação dos
resíduos;
c) a facilidade das operações de incorporação de fertilizantes, pesticidas
e herbicidas de pré-emergência; e
d) uma camada superficial do solo mais solta, recuperando
temporariamente camadas compactadas e crostas superficiais do
solo.
Neste sistema o solo fica sem a cobertura protetora de resíduos,
suscetível portanto às perdas de solo e de água pela erosão. Ademais, requer
a utilização de vários equipamentos, maior consumo de combustível para o
preparo e pode causar compactação do solo pelo uso de tratores e
equipamentos pesados. O intenso revolvimento do solo aumenta a oxidação
2da matéria orgânica, tornando o solo emissor de gás carbônico (CO ) para a
atmosfera, contribuindo para o efeito estufa.
2.4.2 Preparos conservacionistas do solo
Preparo conservacionista é um termo geral que pode ser caracterizado
como qualquer seqüência de operações de preparo que reduza as perdas de
solo e de água em comparação ao preparo convencional. Normalmente,
refere-se a sistemas de preparo que não invertem a camada superficial do
solo e que mantêm boa parte dos resíduos das culturas na superfície.
Os dois principais tipos de preparação conservacionista são o preparo
reduzido do solo e o sistema de plantio direto.
No sistema plantio direto, a semeadura é feita diretamente sobre os
resíduos da cultura anterior sem nenhum preparo prévio ou movimentação do
solo, exceto aquela necessária para a colocação da semente na profundidade
desejada. Neste sistema, só uma porção do solo (linhas de plantio) é
movimentada, sendo que os fertilizantes são aplicados em linha próximos à
semente, diferentemente do sistema de preparo convencional onde o
corretivo e parte dos fertilizantes são uniformemente distribuídos na camada
de solo movimentada. O plantio direto, propicia a máxima conservação de
nutrientes no agroecossistema. O não revolvimento do solo e a manutenção
da palha reduzem as perdas de nutrientes e de solo. 
As principais vantagens do sistema plantio direto são:
a) redução dos riscos de erosão; 
b) aumento da infiltração da água da chuva e do armazenamento de
água no solo;
Fertilidade dos Solos e Manejo da Adubação de Culturas
31
c) aumento do teor de matéria orgânica na camada superficial do solo,
melhorando sua estrutura e aumentando a CTC;
d) estímulo da atividade biológica;
e) redução da variação da temperatura do solo próximo à semente;
f) redução do consumo de combustível em 40% a 50% quando
comparado com o preparo convencional; e,
g) redução do tempo necessário para o plantio em 50% a 60% quando
comparado ao preparo convencional.
O plantio direto, entretanto, não é um sistema adequado para áreas já
degradadas e suscetíveis à compactação, pois a ausência de movimentação
do solo neste sistema dificulta a sua recuperação. O principal requisito para
o sucesso do sistema plantio direto é a adoção de rotações ou sucessões de
culturas que adicionem grande quantidade de resíduos culturais que devem
ser deixados sobre a superfície do solo. 
O preparo reduzido do solo refere-se a sistemas de preparo com menor
freqüência ou intensidade de cultivo em comparação com o preparo
convencional, suprimindo-se uma ou mais operações que seriam feitas no
preparo convencional. O preparo reduzido pode ser feito de diferentes formas,
tais como preparo com escarificador seguido pelo plantio, com gradagem
seguida de plantio, com aração e somente uma gradagem seguida de plantio.
Dependendo da seqüência de operações utilizada, o preparo reduzido pode
ser ou não considerado um preparo conservacionista, conforme a quantidade
de resíduos que permanece na superfície do solo após o plantio. Considerando
a grande variação de sistemas de preparo reduzido, é difícil generalizar suas
vantagens e limitações; entretanto, todos os sistemas têm a vantagem de
reduzir o consumo de combustível e abreviar o tempo necessário para o
preparo do solo. O preparo do solo com escarificador, em curvas de nível,
seguido de plantio é um bom sistema de controle da erosão, aumentandoa
infiltração de água no solo.
2.4.3 Integração lavoura/pecuária
A integração lavoura/pecuária consiste na rotação de cultivos anuais de
grãos com pastagens perenes ou uma utilização de plantas de cobertura (ou
pastagens anuais para alimentação de animais) em rotação com cultivos
anuais de grãos, contribuindo para a sustentabilidade e diversificação das
propriedades. É um sistema misto, de maior complexidade, exigindo maior
entendimento das relações entre solo, planta e animais. 
Carlos Alberto Bissani et al.
32
A alternância de cultivos para grãos e pastagens de gramíneas ou de
leguminosas aumenta a produtividade destas áreas devido à melhoria da
estrutura e da fertilidade do solo, melhor controle de plantas daninhas,
quebra de ciclos de doenças e de pragas e o aumento na disponibilidade de
alimentos de boa qualidade para os rebanhos durante o período de pastoreio.
O sistema pastagem-lavoura deixa um resíduo no final do período de
pastejo que é o resultado do manejo da pastagem; este resíduo pode ser
utilizado como cobertura para a semeadura direta de culturas, reduzindo os
riscos de erosão do solo; desta forma, os resíduos pós-pastejo podem ter os
mesmos efeitos de outras coberturas comumente utilizadas em semeadura
direta. O resíduo de plantas consiste de restos de culturas ou material da
pastagem da estação anterior, acrescido do novo material de plantas que
cresceram durante o período de chuvas antes do plantio, podendo haver
necessidade de dessecação dos mesmos com herbicida uma ou duas semanas
antes da semeadura da cultura de grãos. 
Quando se utiliza o sistema de plantio direto, é necessário manter uma
boa cobertura do solo no período de outono/inverno e parte da primavera. As
gramíneas consorciadas com as leguminosas utilizadas com esta finalidade
(aveia e/ou azevém + trevos) são excelentes forrageiras para a atividade
pecuária durante estas estações do ano, que constituem o período mais crítico
para a pecuária no sul do Brasil. 
2.5 Você sabia?
2.5.1 Curvas de resposta das plantas à adição de nutrientes
A capacidade de suprimento de nutrientes dos solos pode ser facilmente
estudada utilizando-se vasos (com 2 a 5 L de capacidade). Estes estudos são
de baixo custo, podendo também ser utilizados para outras finalidades, como:
testar a eficiência de diferentes fertilizantes e corretivos; selecionar métodos
de extração de nutrientes de solos (Capítulo 4); comparar o crescimento de
diferentes cultivares de plantas, dentre outros.
No Anexo 7 são apresentados os resultados de um experimento
conduzido em vasos, com a cultura da aveia, utilizando-se um solo de baixa
fertilidade, e diferentes tipos de fertilizantes (minerais e orgânicos).
Utilizando-se os dados deste experimento:
Fertilidade dos Solos e Manejo da Adubação de Culturas
33
a) desenhar (em papel milimetrado) as curvas de resposta da parte
aérea da aveia (do 1º cultivo) à aplicação de N, P e K, adicionados
por adubos minerais. Qual nutriente é o mais limitante?
b) desenhar as curvas de resposta às aplicações de cama de aviário,
vermicomposto, húmus comercial e composto de lixo (utilizar o total
de matéria seca produzida nos dois cortes). Considerando-se a cama
de aviário como padrão, qual a equivalência do vermicomposto em
relação a este material, na taxa de aplicação de 2,5 t/ha? Qual o
efeito residual dos adubos orgânicos? 
33
03
Suprimento de Nutrientes pelo
Solo e sua Absorção pelas Plantas
_________________________
Os vegetais retiram do solo a maior parte dos nutrientes que necessitampara o seu crescimento. A fase líquida do solo, que contém osnutrientes dissolvidos e que podem ser absorvidos pelas plantas, é
chamada de solução do solo.
Os nutrientes da solução do solo provêm de diversas origens, tais como
minerais primários constituintes da fase sólida, matéria orgânica, deposições
do ar e fertilizantes.
Os nutrientes contidos na solução do solo podem:
1 - ser adsorvidos nos pontos de troca de cátions (cargas negativas do
solo), como K , Ca , Mg , Zn , etc., ou nos pontos de troca de+ 2+ 2+ 2+
4 4 3ânions (cargas positivas do solo), como HPO , SO , NO , etc.;
2- 2- -
2 - participar de reações para formação de outros compostos,
dependendo da sua concentração na solução do solo, da presença
de outros nutrientes, do pH do solo e das condições de oxi-
redução;
3 - ser absorvidos pelos vegetais; e,
4 - ser perdidos por lixiviação e/ou erosão do solo.
Os nutrientes contidos na matéria orgânica são liberados para a solução
do solo pela decomposição biológica da mesma.
Os nutrientes na solução do solo estão em equilíbrio com os que se
encontram adsorvidos nas cargas do solo e com os que fazem parte de
argilas, minerais primários, materiais amorfos e compostos pouco solúveis.
Estes equilíbrios serão estudados individualmente nos capítulos
correspondentes.
Carlos Alberto Bissani et al.
34
3.1 Absorção dos nutrientes pelas plantas
As plantas absorvem os nutrientes que estão dissolvidos na solução do
solo. Esta absorção é feita pelo sistema radicular, que apesar de ocupar
somente 1% do volume total do solo em que se desenvolve, apresenta uma
superfície de absorção muito grande. Pode-se ter uma idéia da magnitude do
sistema radicular observando-se os dados obtidos com uma única planta de
centeio cultivada em uma caixa de terra de 30x30x56 cm, que após 4 meses
de crescimento apresentava 623 km de raízes, com uma superfície radicular
de 639 m [3.1].2
A parte de maior atividade da raiz situa-se próxima à sua extremidade.
Esta região é dotada de pêlos absorventes que aumentam consideravelmente
a superfície de contato da raiz com o solo e, portanto, a sua capacidade de
absorção [3.1].
A Figura 3.1 mostra o equilíbrio entre os nutrientes contidos nas fases
líquida e sólida do solo, as partes da raiz em contato com a solução do solo
e os caminhos percorridos pelos nutrientes desde a solução do solo até o
x i l e
m a
[ 3 .1]
.
Fertilidade dos Solos e Manejo da Adubação de Culturas
35
FIGURA 3.1 Contato da raiz com a solução do solo e os possíveis caminhos
percorridos pelos nutrientes desde a solução do solo até o xilema.
O corte transversal de uma raiz (Figura 3.1) apresenta
esquematicamente as seguintes regiões: pêlos absorventes, epiderme, cortex,
endoderme, xilema e floema. Entre as células da epiderme e do cortex
existem espaços livres, que normalmente são ocupados pela solução do solo.
Nas células da endoderme estes espaços livres são completamente
bloqueados pela deposição de suberina, formando a faixa casperiana. As
células do sistema radicular possuem uma parede celular que lhes dá forma
e consistência e uma membrana lipoproteica, com características de
seletividade para nutrientes. No interior das células está localizado o
citoplasma e, além dos demais constituintes celulares, numerosos vacúolos.
O citoplasma de uma célula liga-se com o citoplasma das outras células por
extensões do próprio citoplasma, constituindo-se numa comunicação
intercelular denominada plasmodesma.
Os nutrientes contidos na solução do solo, que estão diretamente em
contato com a raiz, devem atravessar a membrana lipoprotéica da célula
antes de participar do metabolismo da planta. Esta membrana apresenta
características de seletividade, ou seja, deixa que alguns nutrientes
atravessem a mesma, ao passo que outros são excluídos. Os mecanismos de
absorção seletiva ainda não são bem conhecidos, mas sabe-se que dependem
do metabolismo geral dos vegetais. Uma vez no interior da célula, o nutriente
pode permanecer livre como íon ou formar complexos orgânicos, podendo
mover-se nestas formas por difusão de célula para célula, via plasmodesma,
até atingir os vasos do xilema para ser levado a outras partes da planta; pode
ser também armazenado nos vacúolos das células radiculares.
Os nutrientes que se encontram nos espaços intercelulares (inclusive
nasparedes celulares que são permeáveis ao nutriente) não podem atingir os
vasos do xilema sem antes atravessarem a membrana citoplasmática, devido
ao bloqueio dos espaços intercelulares na endoderme pela faixa casperiana.
3.2 Fatores que afetam a capacidade das plantas de
absorverem nutrientes
A absorção de um nutriente depende de sua concentração na solução
em torno da raiz. Uma curva típica representando a relação entre a taxa de
Carlos Alberto Bissani et al.
36
absorção de um nutriente e sua concentração em torno da raiz, em condições
ideais, está representada na Figura 3.2. Em condições reais, podem existir
fatores que limitam a capacidade das plantas de absorver os nutrientes do
solo, mesmo que estes se encontrem disponíveis em quantidades apreciáveis.
Tais fatores são:
a) aeração do solo - a energia necessária para a absorção de
nutrientes é gerada pelo processo respiratório do sistema radicular
da planta, que depende do oxigênio do solo em torno da raiz;
b) temperatura do solo - a absorção de nutrientes depende do
metabolismo vegetal que por sua vez é afetado pela temperatura
do solo;
c) antagonismo entre nutrientes - muitas vezes a adição de um
nutriente em excesso pode diminuir a absorção de outro nutriente.
Por exemplo: a adição de grandes quantidade de K pode diminuir
a absorção de Mg; e,
d) substâncias tóxicas - qualquer substância tóxica que interfira no
metabolismo vegetal pode reduzir a absorção de nutrientes pelas
plantas. Os elementos tóxicos mais comuns que interferem no
metabolismo vegetal são o
Al e o Mn que podem ser
encontrados em elevadas
concentrações em muitos
solos ácidos (ver Capítulo 8).
FIGURA 3.2
Absorção de um nutriente
pelas plantas em função de sua concentração em torno da raiz [3.1]
3.3 Intercepção dos nutrientes pelo alongamento do sistema
radicular 
Fertilidade dos Solos e Manejo da Adubação de Culturas
37
O sistema radicular, durante o período de seu alongamento através dos
espaços porosos do solo, intercepta os nutrientes que estão neles contidos.
Para o cálculo da quantidade de nutrientes supridos pela intercepção
pelo sistema radicular deve-se considerar que [3.3]:
a) a quantidade máxima de nutrientes que podem ser interceptados
pelas raízes é igual à quantidade de nutrientes disponíveis nos
espaços porosos ocupados pelas raízes;
b) as raízes ocupam em média 1% do volume total do solo; e, 
c) aproximadamente 50% do volume do solo é representado por
poros; portanto, as raízes ocupam 2% dos espaços porosos.
Na Tabela 3.1 são mostradas as proporções de alguns nutrientes que
entram em contato com a raiz pelo alongamento radicular. Este mecanismo
de suprimento é importante para o Ca e o Mg, que apresentam maior
concentração na solução do solo. As quantidades absorvidas dependem da
concentração dos íons na solução.
TABELA 3.1 Valores médios da contribuição relativa da intercepção radicular, do
fluxo de massa e da difusão na absorção de P, K, Ca e Mg por plantas
de milho, durante 13 dias de cultivo, em 12 solos do RS [3.2]
Nutriente Intercepção
radicular
Fluxo de massa Difusão
--------------------------------- % do total ---------------------------------
P 3,5 2,6 93,9
K 0,9 10,1 89,0
Ca 35,0 65,0 0(2)
Mg 4,4 74,0 21,6(1)
Mg 10,9 89,1 0(2)
Média dos solos em que houve difusão;(1)
Média dos solos em que o fluxo de massa pode suprir maiores quantidades de Ca ou de Mg(2)
do que as absorvidas pelas raízes.
3.4 Movimento dos nutrientes do solo até a superfície das
raízes
Carlos Alberto Bissani et al.
38
As quantidades de nutrientes e de água necessários às plantas em
períodos de rápido crescimento não são suficientemente supridas pelo
aumento do volume das raízes. Diferenças de potenciais entre os espaços
interno e externo das raízes são então estabelecidas, tanto para o fluxo de
água (potencial hídrico) como para a absorção de nutrientes (potencial de
concentração ou difusão). Estes serão apresentados a seguir.
3.4.1 Movimento por fluxo de transpiração ou fluxo de massa
A planta absorve água da solução do solo para repor as perdas por
transpiração (aproximadamente 300 L por kg de massa seca produzida),
originando um movimento da água do solo em direção às raízes. Os
nutrientes transportados até a zona radicular pelo movimento da água do
solo, devido à transpiração, atingem então a superfície radicular pelo fluxo de
transpiração ou fluxo de massa.
A quantidade total de nutrientes que chega por este processo à
superfície da raiz pode ser calculada, sabendo-se a concentração de nutrientes
na solução do solo e a quantidade de água transpirada pela planta. Os valores
médios calculados para o suprimento de vários nutrientes em alguns solos do
estado do RS são apresentados na Tabela 3.1. Em cada solo, a quantidade
suprida por fluxo de massa será diferente, pois a concentração dos nutrientes
na solução do solo depende da fertilidade do mesmo.
3.4.2 Movimento por difusão
A absorção de um nutriente pela planta cria uma zona de baixa
concentração próxima à superfície da raiz, originando-se um gradiente de
concentração em relação ao resto da solução do solo. Este gradiente de
concentração faz com que os nutrientes se movimentem na solução do solo,
em direção à superfície radicular (Figura 3.3a). Se a planta está absorvendo
ativamente um íon que se encontra em baixa concentração na solução do
solo, sua concentração na solução em contato com a raiz será próxima a zero.
Devido à baixa velocidade de difusão do íon na solução do solo, sua
concentração aumenta com a distância da superfície da raiz, até o ponto em
que é igual à concentração inicial da solução do solo. A concentração inicial
do íon na solução do solo é representada pela altura h (Figura 3.3).
A quantidade de um nutriente que chega até a superfície da raiz por
difusão, num determinado tempo, é dada pela seguinte equação [3.4]:
Fertilidade dos Solos e Manejo da Adubação de Culturas
39
 (3.1)
em que:
FIGURA 3.3 Gradiente de concentração na proximidade das raízes durante a
absorção de nutrientes
dq/dt = quantidade do nutriente que atinge a superfície radicular na
unidade de tempo (taxa de difusão);
A = área externa total das raízes da planta;
D = coeficiente de difusão do nutriente, em cm /s (em água estes são2
de aproximadamente 1,98x10 para o K; de 0,78x10 para o Ca-5 -5
e de 0,70x10 para o Mg); este coeficiente é, entretanto, afetado-5
pelas características físicas dos solos; 
va = água volumétrica do solo;
1C = concentração do nutriente na solução do solo (não influenciada
pelo processo de difusão e a uma distância L da raiz),
representada pela altura h na Figura 3.3;
2C = concentração do nutriente na solução do solo, na superfície da
raiz; e,
1 2L = d i s t â n c i a entre C e C , que pode
variar de 0,5 a 4,0 mm, ou mais.
A aplicação direta desta fórmula é dificultada
pela complexidade na avaliação de alguns fatores em condições de campo.
Entretanto, pode-se facilmente observar o efeito de algumas propriedades do
Carlos Alberto Bissani et al.
40
solo que afetam a absorção de nutrientes, normalmente presentes em baixas
concentrações na solução do solo, como geralmente ocorre com o P e o K:
a) os solos argilosos possuem maior capacidade de retenção de água
v(fator a ), podendo portanto suprir maior quantidade de um
nutriente por difusão do que solos arenosos, com o mesmo valor
1de C . Este é um dos fatores considerados na separação dos solos
em classes de textura para a interpretação das análises de P (item
7.1 - p. 70; Figura 10.7 - p. 122);
b) os solos que possuem boas propriedades físicas (estrutura,
aeração, etc.) propiciam maior desenvolvimento de raízes,
aumentando portanto o termo A, e conseqüentemente o
suprimento de nutrientes por difusão. Mesmo que a taxa de
suprimento por unidade de área sejabaixa, o suprimento total de
nutrientes será elevado devido à grande área do sistema radicular.
Além de um grande volume, a maior distribuição do sistema
radicular é importante para a absorção de água e de nutrientes
pelas plantas. Uma aplicação direta deste fato é a recomendação
da calagem uniforme e em profundidade no solo, a fim de
proporcionar a maior área possível para um bom desenvolvimento
das raízes, principalmente em solos com teor tóxico de alumínio;
e,
c) os solos que mantêm um alto gradiente de concentração (termo
1 2(C -C )/L) podem suprir maior quantidade de nutrientes por
difusão. Se a planta absorver ativamente um íon em baixa
2concentração na solução do solo, a concentração C será próxima
de zero e o valor do gradiente será maior com uma alta
1concentração inicial (C ) da solução do solo, ou com um pequeno
1valor da distância L. A concentração C é denominada fator
intensidade, enquanto a distância L depende da capacidade do solo
em repor os nutrientes absorvidos pela planta (fator capacidade).
A análise do solo, em termos ideais, deveria avaliar estes dois
fatores.
A difusão de íons e o fluxo de transpiração são dois processos que
atuam simultaneamente, visto que a absorção de água e de nutrientes ocorre
em geral ao mesmo tempo.
Nos casos em que o suprimento de nutrientes às raízes pelo fluxo de
transpiração é maior do que a absorção pela planta, ocorre uma zona de
acumulação de nutrientes em torno da raiz. Isto pode ser observado em geral
com o Ca e o Mg, em solos com teores elevados destes elementos na solução.
Fertilidade dos Solos e Manejo da Adubação de Culturas
41
2 1Neste caso (C > C ), pode ocorrer uma difusão negativa, isto é: os íons Ca
e Mg se movimentam da superfície da raiz para a solução do solo (Figura
3.3b).
3.5 Fatores capacidade e intensidade de um nutriente no solo
O fator intensidade indica a concentração atual de um nutriente na
solução do solo. Esta concentração em geral é muito baixa (pode ser menor
do que décimos de
mg/L no caso de P)
e m relação às
quantida d e s d o
nutriente contidas no
solo. No entanto, devido aos diferentes tipos de equilíbrio existentes entre os
íons em solução e os íons retidos na fase sólida, quando um íon da solução
é absorvido, outro íon retido na fase sólida pode passar para a solução, não
alterando substancialmente a sua concentração. Esta propriedade é chamada
de poder tampão do solo, específica para cada nutriente. Constituem a fase
sólida do solo as argilas, a matéria orgânica, os minerais primários e
compostos precipitados, como óxidos e/ou hidróxidos de Fe e de Al. O
equilíbrio de um nutriente entre as fases sólida e líquida do solo é
parcialmente reversível e pode ser assim representado:
Parte dos nutrientes minerais retidos na fase sólida pode passar para a
solução do solo, à medida que a planta absorve água e nutrientes.
O fator capacidade representa a quantidade de íons que pode passar
para a solução em determinado tempo. Portanto, para avaliar o poder de um
solo em suprir nutrientes para as plantas é mais importante conhecer o fator
capacidade. Um solo com fator capacidade alto mantém o valor de L baixo
(na equação 3.1), favorecendo portanto a difusão e a absorção de nutrientes
pelas plantas. 
3.6 Você sabia?
Carlos Alberto Bissani et al.
42
3.6.1 Acúmulo de Ca
Em solos com alto teor de Ca (como nos vertissolos da campanha no
estado do Rio Grande do Sul) pode ser observado acúmulo de carbonato ao
redor das raízes das plantas, envolvendo-as na forma de pequenos tubos. Isto
acontece porque a quantidade de cálcio que chega à superfície da raíz, por
fluxo de massa, é muito maior do que a necessidade da planta, o que resulta
no acúmulo deste elemento em torno da raíz (Figura 3.3b).
3.6.2 Observações feitas no experimento do Anexo 7
As plantas de aveia cultivadas no experimento descrito no Anexo 7
mostraram sintomas de deficiência de N e de P. Os de K não foram aparentes
porque as plantas foram colhidas ainda antes do florescimento.
3.6.3 Respostas das plantas à adubação
Elaborar dois gráficos de barras com as respostas à adubação/calagem
das plantas de milho e feijão cujos valores de rendimento são dados na
Tabela 8.1. Por que as respostas são diferentes para as culturas e os tipos de
solos?
3.6.4 Exemplos de cálculos com conversão de unidades
a) a análise de um solo indicou o teor de 1,2 g/kg de P total e
densidade de 1,3 g/cm ; então: 3
a1) converter o teor de P para mg/dm ; 3
2 5a2) calcular a quantidade equivalente em P O em kg/ha na
camada superficial (0-20 cm) (P=31; O=16; 1 ha=10.000m ); 2
b) foram adicionadas a um solo 5 t/ha de um calcário com 30% de
CaO, incorporado na camada de 0-20 cm de profundidade. Qual o
caumento esperado no teor de Ca, em cmol /L, no solo da referida
camada, supondo que todo o calcário seja dissolvido? (Ca=40;
O=16);
c) nas mesmas condições da questão anterior, qual a dose de gesso
4 2agrícola (CaSO .2H O) que deveria ser aplicada para suprir ao solo
a mesma quantidade de Ca? (S=32; O=16; H=1).
43
04
Avaliação da Fertilidade do Solo 
_________________________
Vários métodos podem ser utilizados para a avaliação da disponibilidadede nutrientes, com base na observação das plantas ou nos resultadosdas análises físico-químicas do solo. Cada um apresenta algumas
vantagens e limitações, sendo sua utilização dependente da escolha criteriosa
do técnico. 
Os métodos mais empregados são: observação de sintomas visuais de
deficiências; testes com plantas (em vasos ou a campo); e, análises químicas
de tecidos de plantas e/ou análises de solos.
4.1 Sintomas visuais de deficiência
A baixa disponibilidade de um nutriente no solo pode provocar o
aparecimento de um sintoma visual de deficiência na planta, que em algumas
condições é facilmente detectável. Assim, a falta de N geralmente provoca um
amarelecimento das folhas (Capítulo 12), e a falta de K provoca uma clorose
e posterior necrose das folhas a partir dos bordos (em milho).
Existem plantas que mostram claramente esses sintomas, enquanto
outras não apresentam sintomas nítidos, exigindo do técnico um grande
conhecimento e experiência do assunto. Os sintomas podem, também, ser
confundidos com danos causados por insetos, ocorrências de moléstias, ação
do clima ou ainda com danos químicos.
Quando o sintoma característico é observado, a deficiência já é severa,
sendo geralmente muito tarde para a devida correção nas culturas anuais. Em
culturas perenes ou pastagens, embora possa haver um apreciável decréscimo
na produção imediata, as plantas ainda podem ser recuperadas pela adição
do(s) nutriente(s) em deficiência. Sintomas visuais de deficiências são
Carlos Alberto Bissani et al.
44
amplamente documentados na bibliografia [18.10; 18.13].
4.2 Testes com plantas cultivadas em vasos
Além de permitir o estudo simultâneo de um grande número de solos,
os testes em vasos podem ser conduzidos em qualquer época do ano, com
um reduzido tempo de duração (semanas ou meses), e a baixo custo.
Os testes em vasos são utilizados para o reconhecimento de alguns
problemas de solos, principalmente em áreas novas, com pouca informação
disponível. 
Na Tabela 8.1 (Capítulo 8), por exemplo é mostrado o efeito da calagem
e da adubação em 10 tipos de solos com características físico-químicas bem
diferentes, utilizando-se as culuras de milho e de feijão. Diferenças em
rendimentos de matéria seca do milho e de grãos de feijão de 5 a 10 vezes
foram facilmente observadas. Sintomas visuais de deficiências dos nutrientes
mais limitantes (N e P) foram também evidentes, sem caracterizar entretanto
o grau de limitação de cada um deles, assim como um possível efeito nocivo
da acidez. 
No Anexo 7 é mostrada a resposta da cultura da aveia preta às adições
de adubos minerais (fontes de N, P e K), de adubos orgânicos e de resíduos,além dos efeitos da correção da acidez em solo de baixa fertilidade (arenoso).
As curvas de resposta da cultura às adições dos diferentes materiais
possibilitam comparar a eficiência fertilizante dos mesmos, além de indicar o
grau de limitação dos nutrientes ou do corretivo, nas condições em que o
estudo foi conduzido.
A escolha de soluções extratoras de nutrientes do solo empregadas nas
análises é gerlamente feita em estudos em vasos. Nestes trabalhos é
determinada a correlação entre as quantidades do nutriente absorvido pelas
plantas e o extraído na análise química, como por exemplo, o P disponível
[4.1]. Na figura 6.1 é mostrado um exemplo de resultados obtidos com a
utilização de dois métodos de extração de P disponível (estudo de correlação
de métodos). 
A capacidade máxima de suprimento de nutrientes pelo solo, o efeito
de elementos tóxicos no desenvolvimento das plantas, a seleção de estirpes
eficientes de Rhyzobium e a comparação da eficiência de fontes de nutrientes
são estudos que podem ser facilmente executados em vasos. Entretanto, a
remoção do solo das suas condições naturais modifica algumas de suas
propriedades, como a aeração e a estrutura. A utilização de um pequeno
Fertilidade dos Solos e Manejo da Adubação de Culturas
45
volume de solo influi no desenvolvimento radicular e exige a adição dos
nutrientes em quantidades maiores que as necessárias nas condições naturais
de campo. Estes fatos devem ser considerados na interpretação dos
resultados obtidos.
4.3 Experimentos de campo
Num experimento de campo são adicionadas doses crescentes dos
nutrientes em estudo em várias combinações. Pode-se avaliar assim o efeito
isolado de um nutriente no aumento da produção de uma cultura, bem como
a interação entre nutrientes.
Estes experimentos são muito utilizados para a elaboração de
recomendações de adubação e, quando bem planejados, conduzidos e
executados, são a melhor maneira de avaliar a fertilidade de um solo e a
necessidade de adição de fertilizantes (Capítulo 13). 
Entretanto, devido à complexidade da técnica de execução e à
necessidade de conhecimentos básicos de solo e manejo de culturas, esse
método requer maior capacitação do técnico. Além disso, os resultados
somente podem ser aplicados no ano seguinte para a mesma cultura e o
mesmo solo. As condições climáticas, variáveis de ano para ano, também
podem dificultar a interpretação dos dados e as recomendações de adubação.
Na Figura 2.3 são apresentados os resultados de um experimento de
campo com a resposta da cultura trigo à adição de doses crescentes de adubo
fosfatado. Pode-se observar o efeito benéfico da correção da acidez (com
calcário) e que foi obtida resposta positiva do trigo à adubação fosfatada até
à adição de aproximadamente 190 kg/ha. No Capítulo 13 serão estudados os
critérios técnicos para elaborar um sistema de recomendação de adubação e
de correção da acidez dos solos que seja de grande utilidade prática para a
agricultura, utilizando-se dados deste tipo de experimentos (estudos de
calibração) obtidos em vários anos, tipos de solos e diferentes culturas.
4.4 Análises químicas do solo
A análise química é o método mais difundido para a avaliação da
fertilidade do solo, porque:
a) as análises são rápidas e de baixo custo;
b) as análises podem ser feitas em qualquer época do ano;
Carlos Alberto Bissani et al.
46
c) os resultados podem ser interpretados facilmente caso haja
informação básica de pesquisa de apoio; e
d) os resultados possibilitam a elaboração de levantamentos de
fertilidade a nível regional.
Em termos ideais, a análise de solo deveria, portanto, avaliar a
concentração atual do nutriente (altura h na Figura 3.3) e a capacidade de
suprimento do mesmo pelo solo (distância L na Figura 3.3).
A interpretação correta de uma análise de solo exige um bom
conhecimento dos solos de uma região, dos sistemas de culturas utilizados e
do clima. Este conhecimento é obtido em experimentos de campo.
A quantidade de pesquisa necessária e a uniformização dos métodos de
trabalho exigem o esforço cooperativo das instituições de pesquisa numa área
ampla (estado ou região). Por exemplo, o programa de recomendações de
adubação baseado na análise de solos desenvolvido no Sul do Brasil (estados
do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina) foi iniciado em 1966, e conta
atualmente com a colaboração de 20 instituições de ensino, pesquisa e
extensão. De 1966 a 1986 foram conduzidos aproximadamente 1.000
experimentos de campo, com adubação de várias culturas, e
aproximadamente 20.000 observações individuais de caráter demonstrativo
para agricultores. Foram analisadas também, no mesmo período, mais de
600.000 amostras de solo em 17 laboratórios existentes na região (ver item
4.6.1).
A interpretação das análises torna-se mais segura à medida que as
informações de pesquisa são obtidas. O trabalho de atualização das tabelas
é contínuo, pela própria evolução da agricultura, com introdução de novas
variedades, tecnificação da lavoura, alteração nos custos de insumos,
mudanças nos sistemas de produção, etc. O acompanhamento econômico e
da fertilidade do solo das propriedades que adotam as práticas recomendadas
também deve ser feito, com a finalidade de avaliar a eficiência das
recomendações a longo prazo.
O valor de uma análise de solo depende, portanto, da qualidade da
pesquisa que a suporta. Nos Capítulos 5, 6, 7 e 13 serão estudadas em
detalhe as diferentes etapas deste programa.
4.5 Análise de tecido vegetal
Este método de avaliação da fertilidade do solo consiste na
determinação da concentração dos nutrientes no tecido das plantas. A
Fertilidade dos Solos e Manejo da Adubação de Culturas
47
interpretação da análise é feita por comparação com padrões obtidos em
trabalhos de pesquisa. O método tem a vantagem de detectar deficiências de
nutrientes antes da observação do sintoma visual e da conseqüente redução
na produção. Sua utilização em laboratórios para atendimento de agricultores
é recente.
A interpretação dos valores analíticos requer a calibração prévia para
cada nutriente, cultura e, em alguns casos, para a variedade, pois a
concentração dos nutrientes varia com a espécie, idade e estádio de
desenvolvimento da planta. Na a análise completa do tecido de plantas são
determinados os teores de macronutrientes (N, P, K, Ca, Mg e S) e de
micronutrientes (Cu, Zn, Mn, Fe, B e Mo). Além dos teores de cada um,
podem ser observadas as relações entre os mesmos.
Devido ao maior tempo necessário entre a retirada das amostras e a
expedição das recomendações de adubação, as análises de tecido têm maior
aplicação em fruticultura e em pastagens perenes.
A amostra de tecido vegetal deve ser representativa do estado
nutricional das plantas. Em geral, são amostradas folhas recém maduras, num
determinado estádio de desenvolvimento da planta, evitando-se folhas muito
novas ou em senescência. No Anexo 2 são apresentadas as recomendações
referentes à época, ao tipo de folhas e à quantidade de amostra necessária
para a análise foliar.
A interpretação da análise é a etapa crítica do método. Uma
interpretação correta somente pode ser feita se o técnico dispuser de valores-
padrão, obtidos em trabalhos de pesquisa para as variedades em uso. Nos
estados do RS e de SC estão sendo utilizadas tabelas de interpretação para
frutíferas e várias hortaliças [1.7]. Nos Anexos 3 e 4 são apresentados os
teores de macronutrientes e de micronutrientes considerados adequados para
várias culturas, respectivamente.
Em fruticultura, a análise foliar é muitas vezes utilizada conjuntamente
com a análise de solo. Na interpretação e na recomendação de adubação são
levados em consideração também outros fatores como produtividade do
pomar, variedades utilizadas, comercialização, etc.
A análise de tecido de plantas pode ser também utilizada para detectar
desequilíbrios nutricionais, presença

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