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apostila direito empresarial

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Direito Empresarial
Ivelise Fonseca Cruz
Adaptada/Revisada por Luiz Dario dos Santos (setembro/2012)
APRESENTAÇÃO
É com satisfação que a Unisa Digital oferece a você, aluno(a), esta apostila de Direito Empresarial, 
parte integrante de um conjunto de materiais de pesquisa voltado ao aprendizado dinâmico e autôno-
mo que a educação a distância exige. O principal objetivo desta apostila é propiciar aos(às) alunos(as) 
uma apresentação do conteúdo básico da disciplina.
A Unisa Digital oferece outras formas de solidificar seu aprendizado, por meio de recursos multidis-
ciplinares, como chats, fóruns, aulas web, material de apoio e e-mail.
Para enriquecer o seu aprendizado, você ainda pode contar com a Biblioteca Virtual: www.unisa.br, 
a Biblioteca Central da Unisa, juntamente às bibliotecas setoriais, que fornecem acervo digital e impresso, 
bem como acesso a redes de informação e documentação.
Nesse contexto, os recursos disponíveis e necessários para apoiá-lo(a) no seu estudo são o suple-
mento que a Unisa Digital oferece, tornando seu aprendizado eficiente e prazeroso, concorrendo para 
uma formação completa, na qual o conteúdo aprendido influencia sua vida profissional e pessoal.
A Unisa Digital é assim para você: Universidade a qualquer hora e em qualquer lugar!
Unisa Digital
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................... 5
1 TEORIA GERAL DE DIREITO COMERCIAL .............................................................................. 7
1.1 Teoria dos Atos do Comércio ......................................................................................................................................8
1.2 Do Empréstimo.................................................................................................................................................................9
1.3 Empresário Irregular ....................................................................................................................................................10
1.4 Juntas Comerciais .........................................................................................................................................................11
1.5 Espécies de Livro Comercial .....................................................................................................................................12
1.6 Estabelecimento Empresarial ..................................................................................................................................12
1.7 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................14
1.8 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................14
2 TÍTULOS DE CRÉDITO ....................................................................................................................... 17
2.1 Código Civil/Comercial – Tentativa de Unificação ...........................................................................................18
2.2 Regras Gerais ..................................................................................................................................................................18
2.3 Características ................................................................................................................................................................19
2.4 Princípios Gerais do Direito Cambiário, Conhecidos como Requisitos Essenciais ..............................20
2.5 Espécies de Título de Crédito ...................................................................................................................................21
2.6 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................25
2.7 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................25
3 SOCIEDADES EMPRESARIAIS ..................................................................................................... 27
3.1 Classificação das Pessoas Jurídicas ........................................................................................................................28
3.2 Tipos de Sociedade ......................................................................................................................................................29
3.3 Classificação das sociedades Empresariais .........................................................................................................30
3.4 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................34
3.5 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................34
4 SOCIEDADE SIMPLES........................................................................................................................ 37
4.1 Da Responsabilidade e Administração dos Sócios ..........................................................................................37
4.2 Do Contrato Social .......................................................................................................................................................39
4.3 Da Saída de Sócio .........................................................................................................................................................40
4.4 Da Dissolução .................................................................................................................................................................40
4.5 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................41
4.6 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................41
5 SOCIEDADE LIMITADA .................................................................................................................... 43
5.1 Registro, Nome Empresarial, Responsabilidade dos Sócios e Administração .......................................43
5.2 Término do Exercício do Cargo e Renúncia do Administrador ...................................................................45
5.3 Da Assembleia ou Reunião dos Sócios .................................................................................................................46
5.4 Quorum das Deliberações .........................................................................................................................................47
5.5 Do Capital Social ...........................................................................................................................................................48
5.6 Do Contrato Social .......................................................................................................................................................49
5.7 Da Dissolução e Liquidação da Sociedade ......................................................................................................... 50
5.8 Resumo do Capítulo .................................................................................................................................................... 51
5.9 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................51
6 SOCIEDADE EM NOME COLETIVO .......................................................................................... 53
6.1 Regras Gerais .................................................................................................................................................................. 53
6.2 Resumo do Capítulo .................................................................................................................................................... 55
6.3 Atividades Propostas ................................................................................................................................................... 55
7 SOCIEDADE EM COMANDITA SIMPLES ............................................................................... 57
7.1 Regras Gerais .................................................................................................................................................................. 57
7.2 Resumo do Capítulo .................................................................................................................................................... 59
7.3 Atividades Propostas ................................................................................................................................................... 59
8 SOCIEDADES POR AÇÕES ............................................................................................................. 61
8.1 Regras Gerais .................................................................................................................................................................. 62
8.2 Valores Mobiliários ....................................................................................................................................................... 64
8.3 Capital Social .................................................................................................................................................................. 65
8.4 Resumo do Capítulo .................................................................................................................................................... 65
8.5 Atividades Propostas ................................................................................................................................................... 66
RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS ..................................... 67
REFERÊNCIAS ............................................................................................................................................. 71
ANEXO ............................................................................................................................................................. 73
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5
INTRODUÇÃO
Caro(a) aluno(a),
O objetivo geral do curso é oferecer subsídios para um estudo crítico sobre o papel do Direito e sua 
importância para a ciência da Administração.
Utilizando todos os meios ao seu dispor, esperamos que você continue no aprimoramento de se 
tornar um profissional qualificado a organizar e aplicar processos de gestão em diversas áreas da empre-
sa, desde marketing até recursos humanos. 
Esta apostila e esta disciplina, de forma específica, desenvolvem temas numa linguagem clara e 
acessível, procurando dar a definição de cada instituto, desenvolvendo o conhecimento dos Direitos Hu-
manos, que ocupam, hoje, espaço nas gestões das relações econômicas internacionais ou nacionais.
Dentro desse contexto, o conteúdo está dividido em Teoria Geral do Comércio, o entendimento de 
pessoas, as espécies de pessoa, a atividade empresarial, o funcionamento da empresa, o contrato social, 
a importância e as espécies de título de crédito e, ainda, você encontra as espécies de empresa.
Finalmente, disponibilizamos alguns modelos de contratos sociais, para que, no decorrer de seu 
estudo, sua atuação seja sempre preventiva, cautelosa e conhecedora das diversas ordens normativas.
Será um imenso prazer conhecê-lo(a) no desenvolver deste projeto, sucesso!
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7
TEORIA GERAL DE DIREITO COMERCIAL1
Caro(a) aluno(a),
Neste capítulo, trataremos do objeto do 
direito comercial e/ou empresarial, da teoria dos 
atos do comércio e do estudo da figura do empre-
sário, vamos acompanhar?
O Direito Comercial é o ramo do Direito que 
surgiu na Idade Média, com a ascensão da bur-
guesia; enquanto o comércio surgiu na Antigui-
dade. Assim, o Direito Comercial, conjunto siste-
mático de normas disciplinadoras do comércio, é 
fenômeno histórico relativamente recente.
Foram muitas as tentativas de se encontrar 
uma teoria para se entender o direito industrial, 
societário, cambiário e falimentar como um con-
junto.
Inicialmente, a identificação era mediante 
critério corporativo. Se quem praticou o ato per-
tencia à corporação, então se aplicava o direito de 
seus pares, ditado pela corporação.
Com a Revolução Francesa, se fortalece a 
burguesia, que ascende à classe dominante, se 
fortalece o estado moderno e se extinguem as 
corporações de ofício. Logo, surge o direito unifi-
cado para a sociedade, baseado na igualdade.
Não desaparece a disciplina autônoma da 
profissão do comerciante, mas, agora, é produzi-
da pelo Estado e não pelas corporações de ofício.
Então, o Direito Comercial passou a buscar 
sua identificação na natureza do ato jurídico pra-
ticado (critério objetivista) 
e não no sujeito (critério 
subjetivista).
Houve, então, a au-
tonomia do Direito Co-
mercial, havendo a pro-
posição da unificação 
do Direito Privado, unindo o Direito Civil com o 
comercial, no fim do século XIX, apesar de difícil 
realização.
O critério que reafirma a autonomia do Di-
reito Comercial decorre de que, no século XX, os 
comercialistas criaram a teoria da empresa, em 
substituição à teoria dos atos do comércio.
Então, retorna-se ao critério subjetivista, 
pois, embora se referindo à empresa, trata, na 
realidade, do empresário. É que a empresa é a en-
tidade jurídica da burguesia no século XX.
Os três critérios não se sucederam linear-
mente. No caso brasileiro, a transição é prolonga-
da, coexistindo a teoria dos atos de comércio e a 
da empresa.
A partir desses três critérios, o ordenamen-
to jurídico tem destacado a atividade profissional 
exercida pela burguesia, para submetê-la a um re-
gime distinto daquele aplicável às demais.
Esses três critérios delimitam o objeto do 
direito comercial.
Antes da teoria dos atos, vale mencionar o 
conceito do Direito Comercial com duas defini-
ções. Para Sérgio Campinho (2011, p. 5), “é o ramo 
do Direito Privado que regulariza as relações re-
sultantes da atividade do comerciante no exercí-
cio direto ou indireto da sua profissão, além da-
queles atos reputados pela lei como comerciais, 
mesmo que praticados por não comerciantes”; o 
doutrinador comercial Fran Martins (2012, p. 19), 
porém, adota o conceito 
de César Vivante: “é a par-
te do Direito Privado que 
tem principalmente por 
objeto regular as relações 
jurídicas que surgem do 
exercício do comércio.” 
AtençãoAtenção
O Direito Comercial, também conhecido como 
Direito Empresarial, é um ramo do Direito Pri-
vado que tem como principal objeto regular as 
relações jurídicas que surgem do exercício do 
comércio.
Ivelise Fonseca Cruz
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8
O Código Comercial Brasileiro não elencou 
os atos considerados comerciais. Isso foi feito 
pelo Regulamento nº 737, de 1850, o qual, pelo 
art. 19, já revogado, considerava comércio os se-
guintes atos:
a) compra/venda ou troca de bem móvel 
ou semovente para sua revenda, por 
atacado ou a varejo, industrializado ou 
não, ou para alugar o seu uso;
b) operações de câmbio, banco e correta-
gem;
c) empresas de fábricas, de comissões,de 
depósito, de expedição, consignação e 
transporte de mercadorias, e de espetá-
culos públicos;
d) seguros, fretamentos e riscos;
e) quaisquer contratos relativos ao comér-
cio marítimo e à armação de expedição 
de navios.
Logo, conclui-se que compra e venda de 
imóveis estão excluídas do âmbito comercial, vis-
to o Código Civil (CC) tratar do assunto (arts. 481 
a 532, CC).
Há atividades que serão sempre de comér-
cio para o Direito, embora a economia possa tra-
tá-las diferentemente, tais como indústria, banco 
e seguros.
A atividade de transporte só será comércio 
se tiver por objeto mercadorias. O transporte de 
1.1 Teoria dos Atos do Comércio
pessoas é prestação de serviços, no rigor da teoria 
dos atos de comércio, e inscreve-se entre as ativi-
dades civis (arts. 734 a 742, CC).
O transporte marítimo passou a ser reputa-
do como ramo autônomo em relação ao direito 
comercial (comércio marítimo e armação e expe-
dição de navios).
Normas posteriores, em vigor, submeteram 
outras atividades ou pessoas ao regime comer-
cial, como as seguintes: as sociedades anônimas, 
que serão sempre submetidas ao regime jurídico-
-comercial, independentemente de seu objeto; 
por exemplo, uma sociedade que compra e ven-
de imóvel está sob a égide do direito comercial, 
se for uma sociedade por ações (S.A. ou comandi-
ta por ações), e sob a égide do direito civil, se for 
de outro tipo, por exemplo, sociedade limitada ou 
em nome coletivo (art. 2º, § 1º, Lei nº 6.404/1976).
Ainda, outra norma estabelece que as em-
presas de construção se encontram sob o regime 
jurídico-comercial. Assim, se alguém faz compra 
de imóveis para simples revenda, ainda que em 
forma de loteamento, se sujeita ao Direito Civil; se 
construir sobre o imóvel antes de revendê-lo, se 
sujeita ao Direito Comercial (Lei nº 4.068/1962).
Os dois casos acima são atos de comércio 
por força de lei, assim a legislação apregoa, mas o 
Direito excluiu do regime jurídico-comercial algu-
mas outras situações ou instituições.
As cooperativas, apesar de suas atividades 
comerciais do ponto de vista econômico, não se 
submetem ao regime comercial (art. 4º da Lei nº 
5.764/1971).
Sumariamente, pessoa física ou jurídica se 
submete ao Direito Comercial, pela teoria dos atos 
de comércio em vigor no Brasil, se a atividade que 
a pessoa exerce estiver no rol do art. 19 do Regu-
lamento nº 737, de 1850 (já revogado), exceto as 
cooperativas ou se a atividade for de construção. 
O mesmo ocorre se for sociedade por ações, inde-
pendentemente da atividade exercida.
Saiba maisSaiba mais
Semovente é tudo aquilo que não entra na classifica-
ção de bem móvel ou imóvel, por exemplo, animais e 
plantas. Estes também são objetos da relação comer-
cial.
Direito Empresarial
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9
O conceito de empresário também é men-
cionado pelo Código Civil, e, com o auxílio daque-
la legislação, infere-se que qualquer pessoa física 
ou jurídica, nacional ou estrangeira, pode ser co-
merciante ou empresária neste país.
Segundo o art. 966 do Código Civil, consi-
dera-se empresário aquele que exerce profissio-
nalmente atividade econômica organizada para a 
produção ou a circulação de bens ou de serviços; 
no mesmo artigo, o parágrafo único não conside-
ra empresário a pessoa que exerce profissão inte-
lectual, de natureza científica, literária ou artística, 
ainda que seja com o concurso de auxiliares ou 
colaboradores, salvo se o exercício desses profis-
sionais constituírem elemento de empresa.
A palavra comércio vem do latim commer-
cium, com o sentido de ‘comerciante’, ‘comercial’, 
entre outros. 
São proibidas de comerciar as pessoas ab-
soluta ou relativamente incapazes, nos termos do 
Código Civil (arts. 3º e 4º), por exemplo, os loucos 
de todo gênero, ébrios habituais, menores de 16 
anos, entre outros.
Além do rol mencionado anteriormente, a 
partir da própria legislação, ficam proibidos ou 
impedidos do exercício do comércio os funcio-
nários públicos, leia-se presidente da república, 
governadores de estados, entre outros (Lei nº 
8.112/1990, art. 117, inciso X. É o Regime Jurídico 
dos Servidores Públicos Civis da União).
Saiba maisSaiba mais
As pessoas, por determinação da lei, conforme o art. 2º 
do CC e também conforme os arts. 40 e 44, são físicas 
ou jurídicas. As pessoas jurídicas podem ser públicas 
ou privadas. As pessoas privadas podem ser: socieda-
des, associações, fundações, partidos políticos e orga-
nizações religiosas. Fique atento, as sociedades são as 
instituições de nosso estudo.
1.2 Do Empréstimo
A mesma regra é válida para os magistra-
dos, leia-se: juízes, já que estes exercem a ativida-
de de julgar a prática do comércio; sendo válida 
também para os militares, corretores de mercado-
rias e navios e cônsules.
Ainda, destaca-se tal impedimento aos mé-
dicos, exceto para o exercício simultâneo da me-
dicina e farmácia (Decreto nº 20.877/1931).
Os falidos também estão excluídos, como 
apregoam os arts. 972 e 973 do Código Civil e ain-
da cita a Lei Falimentar nº 11.101/2005.
Todos os empresários se submetem a algu-
mas obrigações a ele pertinentes, além de se re-
portarem às leis federais, municipais e estaduais 
ligadas à sua área de atuação. Essas obrigações 
se referem a regras aplicáveis ao nome do esta-
belecimento comercial, registro, contrato social, 
balancetes anuais.
São, resumidamente, as obrigações dos em-
presários (arts. 967 e 1.179, CC):
a) inscrição no registro de comércio antes 
de iniciar suas atividades;
b) escriturar regularmente os livros obri-
gatórios;
c) levantar balancetes patrimoniais e de 
resultado econômico de forma anual.
Ivelise Fonseca Cruz
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10
A inobservância dessas regras ou obriga-
ções não exclui o empresário do regime jurídico 
comercial, mas, sim, importa consequências di-
versas, que visam mais a estimular o cumprimen-
to dessas obrigações do que punir o empresário 
(COELHO, 2011).
O que não significa que tais resultados de 
inobservância não impactem em caráter sancio-
natório, basta ponderar que o descumprimento 
da primeira obrigação citada tem por consequên-
cia a irregularidade do exercício da atividade 
empresarial. Não haverá legitimidade, por parte 
dessa entidade, fazer pedidos de falência e recu-
peração judicial ou extrajudicial em juízo, ainda 
que seja de responsabilidade ilimitada dos sócios 
pelas obrigações da sociedade.
O registro no órgão próprio não é essencial 
para o conceito de empresário, pois este é o exer-
cente profissional de atividade econômica orga-
nizada para a produção ou circulação de bens 
ou serviços, esteja ou não inscrito no registro das 
empresas (COELHO, 2011).
Todavia, o empresário não registrado não 
pode usufruir dos benefícios que o Direito Co-
mercial libera em seu favor, sendo restringido nas 
seguintes situações:
a) não tem legitimidade ativa para pedir 
falência de seu devedor. Mas pode falir 
e pedir autofalência;
b) não pode pedir recuperação judicial ou 
extrajudicial, benefício que advêm da 
Lei de Falências (Lei nº 11.101/2005);
c) não pode ter seus livros comerciais 
autenticados pelo registro de empre-
sa, logo não pode valer-se da eficácia 
probatória. Mais: se for decretada sua 
falência, esta será fraudulenta, e o co-
merciante incurso no crime falimentar;
d) não participa de licitações e está impos-
sibilitado de fazer inscrição no Cadastro 
Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) e no 
cadastro de contribuintes mobiliários: 
ausência de matrícula junto ao Institu-
to Nacional do Seguro Social (INSS) (art. 
49, I, da Lei nº 8.121/1991)1. 
1.3 Empresário Irregular
Às sociedades comerciais: responsabilidade 
ilimitada dos sócios pelas obrigações sociais, proi-
bidas, então, de contratar com o poderpúblico 
(art. 195, § 3º, da Constituição Federal de 1988).
Importância do Registro Público do Comércio
Desde o nascer da empresa, devem-se re-
gistrar todos os seus atos, como apregoa o art. 
1.150 do Código Civil. Se assim ocorrer, a empresa 
tornar-se regular, isto é, uma empresa de direito, e 
com o registro dá-se a publicidade ao ato, adquire 
sua personalidade jurídica e, mais, a publicidade 
lhe confere o direito à consulta de seus livros e 
arquivos e de obter certidões, uma vez pagas as 
taxas fixadas (MAZZAFERA, 2007).
Nesse contexto, as finalidades do registro 
público das empresas mercantis são:
a) garantia, publicidade, autenticidade, 
segurança e eficácia aos seus atos jurí-
dicos;
b) cadastramento de empresas mercantis 
nacionais ou estrangeiras que funcio-
nem no país;
c) matrícula e cancelamento dos agentes 
auxiliares do comércio.
1 Lei nº 8.666/1993, art. 28, II, III.
Direito Empresarial
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11
Havendo o registro de tais atos empresa-
riais, se ratifica a publicidade e importância da 
atividade exercida, além de aumentar a credibili-
dade do empresário para com seus fornecedores.
Se não for assim, a empresa irregular está 
impossibilitada de abrir conta-corrente, não pode 
cobrar judicialmente seus devedores, não pode 
autenticar livros por falta de inscrição e nem go-
zar dos benefícios que a lei oferece às empresas 
que passam por constantes reestruturações.
2 Art. 966, parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou 
artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa.
Ainda, reitera-se que não é o registro que 
constitui o empresário, mas será o registro que 
declarará sua qualidade de regular ou irregular.
Outrossim, vale lecionar que empresas 
compostas por profissionais liberais, leia-se, ad-
vogados, médicos, dentistas, engenheiros, não 
são empresas comerciais, mas são regidas pelo 
Código Civil2.
Saiba maisSaiba mais
O empresário irregular não tem legitimidade para pe-
dir falência de seu devedor. Aproveite para navegar no 
site http://www.dnrc.gov.br, que tem muitas novida-
des para você sobre essa matéria.
O Departamento Nacional de Registro do 
Comércio (DNRC) é o órgão máximo do comércio 
e a ele caberá fiscalizar e coordenar toda a com-
posição do Registro do Comércio no país (MAZ-
ZAFERA, 2007).
Já as Juntas Comerciais são órgãos nos 
quais se registram a atividade empresarial. Estas 
são mantidas pelos governos estaduais. Das deci-
sões desse órgão, cabe recurso junto ao Departa-
mento Nacional do Registro do Comércio.
Cabe à Junta Comercial o registro e assen-
tamento dos usos e práticas mercantis, fixar o 
número, processar habilitação e nomeação, fisca-
lizar os tradutores comerciais, organizar e rever a 
tabela de emolumentos, que são taxas cobradas 
para consultas, certidões ou quaisquer movimen-
tações que exijam o reconhecimento público re-
ferente a uma atividade empresarial. 
Compete, ainda, às Juntas:
1.4 Juntas Comerciais
a) matrículas ligadas a armazéns gerais, 
leiloeiros e corretores de mercadorias;
b) arquivamento ao nascer uma socie-
dade, seu ato constitutivo, bem como 
alterações durante a vida da empresa, 
como mudança no quadro de sócios, 
aumento ou diminuição do capital;
c) autenticação de livros e escriturações 
de empresas.
Vale mencionar que, a despeito das coope-
rativas terem sua natureza civil, estas registram 
seus atos nas Juntas Comerciais.
Encerradas as atividades, todos os atos de-
vem ser cancelados na Junta Comercial, extin-
guindo, assim, a existência e eficácia das ativida-
des empresariais.
Ivelise Fonseca Cruz
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12
Estes podem ser de escrituração obrigatória 
ou facultativa ao comerciante, em vista da legisla-
ção comercial.
Os livros comerciais obrigatórios são previs-
tos em lei para o comerciante e sua ausência traz 
sanções, inclusive penais.
a) Livro Diário, imposto a todos os co-
merciantes (art. 5º do Decreto-Lei nº 
486/1969).
b) Registro de duplicatas, imposto a uma 
categoria de comerciantes (Lei nº 
5.474/1968, art. 19).
c) Registro de entrada e saída de merca-
dorias (para armazém geral – art. 7º do 
Decreto nº 1.102/1903).
d) Livros da Lei nº 6.404/1976 – registro 
de ações nominativas, transferência 
de ações nominativas, atas das assem-
1.5 Espécies de Livro Comercial
bleias gerais, presença dos acionistas e 
outros como – para leiloeiros, bancos, 
corretores navais e outros comercian-
tes.
Já os livros facultativos facilitam a escritu-
ração mercantil ou servem para mantê-la atuali-
zada, não implicando sanções a sua inexistência: 
caixa, conta-corrente, copiador de cartas (obriga-
tório até 1969 e facultativo após, conforme art. 11 
do Decreto-Lei nº 486), estoque, entre outros.
Ainda, a lei permite que o comerciante crie 
novos livros, que serão comerciais.
Para fins penais, os livros mercantis equi-
param-se ao documento público. Quem falsificar 
estará sujeito à pena mais grave que a falsificação 
de documento administrativo não contábil do 
comerciante. O livro falsificado não tem eficácia 
probatória.
Estabelecimento é todo complexo de bens 
organizado, para exercício da empresa, por em-
presário ou por sociedade empresária, pois, para 
exercer essa atividade, há de se ter uma universa-
lidade de bens.
Esse conjunto de bens denomina-se Esta-
belecimento ou Fundo de comércio. Referindo-se 
sempre aos bens de comércio. Logo, o ar atmos-
férico é um bem, mas insuscetível de aferição eco-
nômica.
O conjunto de bens que constitui o esta-
belecimento é o patrimônio de pessoa jurídica, 
leia-se: sociedade ou do empresário, e é esse pa-
trimônio que garantirá todas as obrigações assu-
midas pelo empresário.
1.6 Estabelecimento Empresarial
Os bens do estabelecimento empresarial 
são classificados em (MAZZAFERA, 2007):
a) corpóreos, que compreendem bens 
imóveis (terrenos, construções, depó-
sitos, fábricas) e os móveis (veículos, 
mobiliário, máquinas, ferramentas, ma-
téria-prima, títulos de crédito);
b) incorpóreos, que compreendem o 
nome empresarial, a expressão ou o 
sinal de propaganda, ponto comercial, 
ou seja, o local onde se desenvolvem e 
concentram as atividades comerciais, as 
marcas, as patentes e a clientela.
Direito Empresarial
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Considera-se estabelecimento todo com-
plexo de bens organizado pelo empresário para 
o exercício da atividade empresarial, individual-
mente ou sob a forma de sociedade empresária 
(art. 1.142, CC).
Pode o estabelecimento ser objeto unitário 
de direitos e de negócios jurídicos, mas o contra-
to que tenha por objeto a sua alienação, usufru-
to ou arrendamento só produzirá efeitos quanto 
a terceiros depois de averbado na Junta Comer-
cial e publicado na imprensa oficial (arts. 1.143 e 
1.144, CC).
A eficácia da alienação do estabelecimento 
dependerá do pagamento ou do consentimento 
de todos os credores, de modo tácito ou expres-
so, verificada em trinta dias a partir de sua notifi-
cação (art. 1.146, CC).
Salvo disposição em contrário, a transferên-
cia do estabelecimento importa em sub-rogação 
do adquirente nos contratos existentes para a ex-
ploração do mesmo (art. 1.148, CC).
Vale ressaltar que o adquirente responde 
pelos débitos anteriores à transferência, desde 
que regularmente contabilizados, continuando 
o devedor primitivo solidariamente responsável 
pelo prazo de um ano (arts. 1.146 e 1.147, CC).
Vamos Ver como Funciona o Nome do 
Estabelecimento?
O estabelecimento recebe um nome, um 
título; podendo, até mesmo, ser fantasia, que nor-
malmente são acompanhados de siglas ou em-
blemas,figuras características.
A única restrição para a utilização é respei-
tar as patentes ou marcas já registradas, pois o 
objetivo do nome é dar publicidade.
E a Importância da Marca? Lei nº 9.279, de 14 
de maio de 1966
Marca de produto ou serviço é aquela usa-
da para distinguir produto ou serviço idêntico/
semelhante ou afim, de origem diversa (art. 123, I, 
da Lei nº 9.279/1966).
É o sinal de expressão destinado a indivi-
dualizar os produtos ou serviços de uma socie-
dade ou firma individual, mercadoria ou serviço. 
Exemplo entre Coca-Cola® e Pepsi®.
Logo, há marca de indústria – usada pelo 
produtor industrial para distinguir seus produtos. 
Ainda, a marca de comércio, utilizada pelo em-
presário para artigos e mercadorias. Ou, ainda, a 
marca de serviços usada pelo prestador de servi-
ços, entidade ou empresas.
A função da marca é individualizar o pro-
duto, protegendo o consumidor e resguardando 
o direito do empresário de usá-la para destacar 
seu produto de outros. Também é uma proteção 
contra a concorrência desleal, porque, se em um 
supermercado se encontra um produto sem qual-
quer marca, não mostrando sua procedência, será 
totalmente diferente daquele produto que osten-
ta uma marca pela qual o consumidor identifica a 
origem e seus responsáveis (MAZZAFERA, 2007).
Quais São as Formas de Apresentação da 
Marca?
Uma marca tem várias formas de exteriori-
zação, podendo ser:
a) nominativa: a marca apresentada por 
denominações, vocábulo, palavra, com-
binações de letras, por exemplo: Telefô-
nica, Unimed;
b) figurativa: a marca se apresenta por um 
desenho, figura ou imagem, por exem-
plo: estrela da Mercedes Bens, o M do 
McDonald’s;
c) mista: utilizando-se, então, das duas for-
mas acima, por exemplo, a forma como 
se escreve a palavra Coca-Cola®.
Ivelise Fonseca Cruz
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Prezado(a) aluno(a),
Neste capítulo, estudamos:
O Direito Comercial como ramo do Direito que surgiu na Idade Média, com a ascensão da burgue-
sia; enquanto o comércio surgiu na Antiguidade. Assim, o Direito Comercial, conjunto sistemático de 
normas disciplinadoras do comércio, é fenômeno histórico relativamente recente.
Também se conclui que compra e venda de imóveis estão excluídas do âmbito comercial, visto o 
Código Civil tratar do assunto (arts. 481 a 532, CC).
Em relação às cooperativas, apesar de suas atividades comerciais do ponto de vista econômico, não 
se submetem ao regime comercial (art. 4º. da Lei nº 5.764/1971).
Houve o destaque do conceito de empresário, que também é mencionado pelo Código Civil, e, 
com o auxílio daquela legislação, infere-se que qualquer pessoa física ou jurídica, nacional ou estrangei-
ra, pode ser comerciante ou empresário neste país.
Fique atento às seguintes proibições: são proibidas de comerciar as pessoas absoluta ou relativa-
mente incapazes, nos termos do Código Civil (arts. 3º e 4º), por exemplo, os loucos de todo gênero, ébrios 
habituais, menores de 16 anos, entre outros.
Observou-se que o registro do empresário é obrigatório. Todavia, o empresário não registrado não 
pode usufruir dos benefícios que o Direito Comercial libera em seu favor. O papel das juntas comerciais, 
a importância dos livros comerciais, o conceito de estabelecimento comercial e os bens que o compõem.
Vamos, agora, avaliar a sua aprendizagem?
1.7 Resumo do Capítulo
1. Assinale a alternativa correta: 
a) O direito comercial não regulamenta a atividade que tenha como objetivo o lucro.
b) A sociedade irregular pode pedir a falência do seu devedor.
c) Uma das obrigações dos empresários é inscrever no registro de comércio a empresa antes 
do início de suas atividades.
d) Nenhuma das respostas anteriores.
2. Assinale F ou V para as seguintes sentenças:
a) ( ) As Sociedades empresariais não necessitam de estabelecimento empresarial.
b) ( ) Compete às Juntas Comerciais a autenticação de livros e escriturações de empresas.
1.8 Atividades Propostas
Direito Empresarial
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3. Preencha as lacunas a seguir:
a) O Direito Empresarial é um ramo do _______________________ que tem como principal 
objetivo regular as relações jurídicas que surgem do exercício do comércio.
b) O ____________________________________ é o órgão máximo do comércio e a ele cabe 
fiscalizar e coordenar toda a composição do Registro do Comércio no país.
c) O __________________ não tem legitimidade para pedir ____________ de seu devedor.
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17
Caro(a) aluno(a), neste objeto trataremos 
das espécies e origens do título de crédito, vamos 
começar?
O primeiro título de crédito que surgiu foi a 
Letra de Câmbio, que é uma ordem de pagamen-
to escrita, dada por alguém a uma terceira pessoa 
para que esta pague a quem nela estiver indica-
da a ordem como beneficiário (COSTA, 2009). É o 
saque que representa essa ordem de pagamento 
que exige a participação de três pessoas, via de 
regra:
a) sacador: devedor ou quem dá a ordem 
de pagamento assinado;
b) tomador/beneficiário: credor, é quem 
recebe do terceiro;
c) sacado: quem realiza a ordem de paga-
mento.
Os romanos consideravam indigna a ativi-
dade mercantil/comercial e, por isso, aos escravos 
cabiam as atividades de negociações de vinhos, 
perfumes, animais.
Contudo, a presença da atividade comer-
cial é visível em todos os povos da Antiguidade, 
sejam árabes, romanos e, até mesmo, indianos, 
mas a sinalização desta tem origem na Idade Mé-
dia, a partir do século XIII até o século XVII, época 
em que surgem as Ordenanças de Comércio, em 
1673.
A Itália tem um grande marco nessa his-
tória, pois lá aconteciam as chamadas Feiras da 
Idade Média e, nessas, era comum a necessidade 
da troca de moeda, principalmente por parte do 
forasteiro: daquele que chegava à cidade e não 
possuía a moeda local.
TÍTULOS DE CRÉDITO2
Também, na época, era difícil o transporte 
de grandes quantias de dinheiro, pelas condições 
más das estradas, insegurança e grandes assaltos. 
Então, o carregavam em animais.
Dessa forma, os banqueiros da época tive-
ram a ideia de criar uma carta (littera) que seria 
levada até seu correspondente em determinada 
cidade, informando que o portador tinha deixado 
com eles as moedas locais equivalentes às moe-
das de destino, o que tranquilizava o adquirente 
frente aos assaltos.
Assim, o comerciante comprador não carre-
gava mais dinheiro e sim uma carta ou documen-
to, chamado quirógrafo, autorizando a receber do 
correspondente o valor em moeda. Era uma ope-
ração de câmbio.
Foi a partir de 1673, com as Ordenanças de 
Comércio na França, que a letra de câmbio pas-
sou a ser um instrumento de pagamento. Inclu-
sa tal ideia no Código Comercial de 1808, o que 
influenciou também todos os outros Códigos da 
Europa e América Latina.
Isso porque, com o endosso, o título tornou-
-se instrumento de pagamento, surgido da “cláu-
sula a ordem”, e permitiu o beneficiário a trans-
ferir o título a quem quisesse, sem necessidade 
de autorização. Até esse período, era obrigatório 
lançar a provisão no título, ou seja, a razão de sua 
emissão.
Com a vinda da influência alemã, em mea-
dos do séc. XIX, 1848, os juristas passaram a dar 
maior importância à letra de câmbio, com carac-
terísticas de títulos de crédito, sendo dispensada 
a chamada provisão.
A partir disso, o papel assinado por si só, a 
despeito do sacador ter dinheiro ou não, tinha 
validade. Esse sistema influenciou vários países e, 
assim, houve uma uniformização.
Ivelise Fonseca Cruz
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A comissão elaboradora e revisora do an-
teprojeto do Código Civil pretendia uma unifica-
ção dos Códigos, como ocorre no Direito italiano. 
Dessa maneira, sobreviveu a ideia de transferiro 
“direito de empresa” ao Código Civil.
Na verdade, não houve unificação como 
pretendia aquela comissão, mas tão somente um 
destaque da multidisciplinaridade, vista a neces-
sidade de leis extravagantes e comerciais conti-
nuarem regendo certos assuntos.
2.1 Código Civil/Comercial – Tentativa de Unificação
Veja a Lei de Falência (Lei nº 11.101/2005), 
de Sociedade Anônima (Lei nº 6.404/1976) e a de 
Liquidação Extrajudicial (Lei nº 6.024/1974). Para 
um exemplo prático, leia: art. 887 do Código Ci-
vil – o título de crédito só produz efeito quando 
preencher os requisitos da lei; leia-se: lei comer-
cial.
 As leis especiais referentes à letra de câm-
bio, nota promissória, cheques, duplicatas, títulos 
rurais e outros continuam válidas.
AtençãoAtenção
 A lei, no art. 887 do Código Civil, regulamenta 
que: “o título de crédito, documento necessário 
ao exercício do direito literal e autônomo nele 
contido, somente produz efeito quando preen-
cha os requisitos da lei.”
2.2 Regras Gerais
O consentimento do cônjuge passa a ser 
exigido (art. 1647, III, CC) – exceto se o regime de 
bens for de separação total – por questão de ga-
rantia patrimonial da sociedade marital.
A lei também estabelece que a regência 
dessa codificação é secundária, referente a títulos 
de crédito, desde que não contrarie leis especiais 
(art. 903, CC).
Este é um princípio de introdução ao direi-
to – em que Lei especial se sobrepõe à Lei geral, 
mesmo que aquela seja posterior a essa.
Há uma distinção frente à confusão do Có-
digo Civil: os títulos de créditos atípicos – passa-
gem de avião, entrada de teatro, ticket de refeição 
– não são títulos de crédito nos termos do art. 887 
do Código Civil e dos doutrinadores.
A lei apresenta um conceito baseado no au-
tor italiano César Vivante: “é um documento ne-
cessário para o exercício do direito, literal e autô-
nomo, nele mencionado.” (art. 887, CC).
Tais papéis dão velocidade impressionan-
te aos negócios: observa-se o cheque, que, com 
apenas um, se realizam vários negócios ao mes-
mo tempo. De um dia para o outro, o cheque 
pode ser endossado por vários interessados antes 
de chegar ao banco. “São documentos represen-
tativos de obrigações pecuniárias. Não se confun-
dem com a própria obrigação (dar, fazer ou não 
fazer), mas se distinguem dela na exata medida 
em que a representam.” (COELHO, 2011, p. 227). 
Um exemplo a ser analisado: “A” causa aci-
dente e bate no carro de “B”. Sabendo que agiu 
com culpa, “A” reconhece o dano, ao ressarci-lo o 
faz por meio de um cheque no valor de X. Por isso, 
o cheque representa a obrigação, é o instrumen-
to, mas não é a própria obrigação.
Direito Empresarial
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No mesmo caso, outros títulos poderiam re-
presentar a obrigação, por exemplo, uma senten-
ça judicial, se não houvesse reconhecimento de 
culpa ou, ainda, uma confissão.
Natureza jurídica: é o direito de uma só 
parte, assim tem natureza de negócio jurídico 
unilateral, não é receptício, ou seja, produz efeito 
e direitos pela simples emissão (criação), indepen-
dentemente da aceitação de quem quer que seja. 
Seu objetivo é atender às exigências econômicas. 
Do próprio conceito se extrai (COSTA, 2009):
a) confiança: já dito;
b) tempo;
c) requisitos legais: por isso, os títulos de 
crédito são considerados formais, pois 
devem atender às exigências legais (art. 
889, CC: requisitos mínimos da lei, ver 
os parágrafos 1º, 2º e 3º); 
d) função: fomentar a criação de riquezas.
2.3 Características
Os títulos de crédito se diferem de outros 
títulos, pois têm dois aspectos marcantes: 
a) possibilitam uma negociação mais rápi-
da (endosso); 
b) a cobrança judicial é mais eficiente, pois 
se vale do processo de execução, por 
exemplo: contrato de compra e venda, 
sem assinatura e cheque.
Art. 889, CC – “Deve o título de crédito conter a data da emissão, a indicação precisa dos direitos que 
confere, e a assinatura do emitente.
§ 1º É à vista o título de crédito que não contenha indicação de vencimento.
§ 2º Considera-se lugar de emissão e de pagamento, quando não indicado no título, o domicílio do 
emitente.
§ 3º O título poderá ser emitido a partir dos caracteres criados em computador ou meio técnico equi-
valente e que constem da escrituração do emitente, observados os requisitos mínimos previstos neste 
artigo.”
CuriosidadeCuriosidade
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Princípio da cartularidade (incorporação): 
em regra, não há título de crédito sem o referido 
documento, ou seja, sem o original. É a necessida-
de de apresentação de documento para o exer-
cício do Direito (COELHO, 2011): é a materializa-
ção do direito no documento (papel/cártula) – a 
exibição do documento é imprescindível. Já dois 
efeitos desse princípio: 
1. sem apresentação do título pelo pos-
suidor, o devedor não está, em princí-
pio, obrigado a fazer o pagamento a 
que se comprometeu;
2. não existe execução instruída com có-
pia do título/cártula.
Exceções: execução de duplicata não devol-
vida e, com o desenvolvimento da informática, a 
criação de crédito não cartularizado. 
Princípio da literalidade: apenas tem efi-
cácia aquilo que foi expressamente consignado 
no título: o que não está nele não tem validade 
jurídica. É por esse princípio que se determina, 
como diz Borges (1979), a existência, o conteúdo, 
a extensão e a modalidade do direito constante 
no título: a existência do título é medida pelo seu 
teor, somente pelo que nele está escrito. É a forma 
que torna a base sólida e objetiva, quando exa-
tamente escrito do que se trata. O efeito que se 
segue:
a) o devedor não é obrigado a pagar a 
mais, só o que está no título, por exem-
plo: aval concedido fora da nota pro-
missória (em outro documento) não 
produz os efeitos do aval e a quitação 
deve constar no próprio instrumento, 
assim como o valor deve ser o ali con-
signado.
2.4 Princípios Gerais do Direito Cambiário, Conhecidos como 
Requisitos Essenciais
Princípio da autonomia: envolvem a auto-
nomia:
a) direito: o direito do legítimo possuidor 
do título é autônomo, independe das 
relações de antigos possuidores do tí-
tulo;
b) obrigações: as várias obrigações cons-
tantes no título são independentes, de 
tal forma que uma obrigação nula não 
afeta as demais obrigações validadas 
no título.
Por exemplo:
a) um título com assinatura falsa ou de 
pessoa incapaz não invalida as obriga-
ções de outras pessoas que o tenham 
assinado – art. 7º, Lei Uniforme de Ge-
nebra (LUG);
b) Título de Crédito no período em que cir-
cula mediante endosso que vai de sua 
criação a seu vencimento. 
 
Endosso é a transferência do título e do di-
reito dele emergente para uma terceira pessoa 
que não participou da relação inicial. O título en-
dossado a terceiro desvincula-se da causa que o 
criou. Por exemplo: se o comprador de um bem 
a prazo emite nota promissória em favor do ven-
dedor e este paga uma dívida sua perante tercei-
ro, transferindo a nota promissória, o crédito re-
presentado nesta, em sendo restituído o bem ao 
vendedor, por algum vício neste, não se livrará o 
comprador de honrar o título no seu vencimento 
junto ao portador depois regresso.
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Um credor pode receber com segurança, 
em pagamento, um título de crédito de seu de-
vedor, de responsabilidade de um terceiro des-
conhecido. O devedor não pode cobrar mais o 
título (cartularidade), todas as relações jurídicas 
são aquelas que constam, expressamente, no tí-
tulo (literalidade) e nenhuma exceção pertinente 
à relação da qual o credor não tenha participado 
terá eficácia jurídica quando da cobrança do títu-
lo (autonomia).
Esses princípios são frutoda garantia que se 
tenta dar ao comerciante, que vai se sentir seguro 
em receber o seu crédito.
Os títulos são considerados títulos executi-
vos extrajudiciais, por previsão de suas próprias 
leis e do Código de Processo Civil (CPC), no art. 
585. Estando o prazo prescricional vencido, sem 
se ter tido a iniciativa de iniciar a execução, perde-
-se o título executivo, que representa a obrigação, 
mas não o direito ao crédito, que cessa em 10 
anos – art. 205, Código Civil.
2.5 Espécies de Título de Crédito
São estes os mais usuais (MAZZAFERA, 
2007): cheque, letra de câmbio, nota promissória 
e duplicata mercantil.
Cheque é (regido pela Lei nº 7.357/1985) a 
ordem de pagamento à vista. Tal elemento não 
pode ser descaracterizado por acordo entre as 
partes. Qualquer cláusula contrária é considerada 
não escrita e, portanto, ineficaz (art. 32).
Surgiu no séc. XVIII, na Inglaterra, por meio 
da prática bancária. Não é somente um meio de 
pagamento, mas é um título de crédito, principal-
mente quando colocado em circulação.
As partes intervenientes do cheque são:
a) sacador: aquele que emite o cheque: 
requisito essencial da assinatura pelo 
sacador;
b) beneficiário ou portador ou toma-
dor: pessoa em favor da qual é emitido 
o cheque;
c) sacado: estabelecimento bancário em 
poder do qual se acham os fundos e 
que deve efetuar o pagamento. 
Vale esclarecer que o sacado (banco) não 
tem obrigação cambial, ou seja, o credor não 
pode responsabilizar o banco sacado pela insufi-
ciência de fundos. O banco só responde por ato 
ilícito que praticar, como pagamento indevido de 
cheque, pagamento em dinheiro de cheque para 
se levar em conta, entre outras.
Alguns dos requisitos:
a) a expressão, ou seja, o cheque (art. 1º, I);
b) a ordem incondicional de pagar quan-
tia determinada (art. 1º, II);
c) identificação do banco sacado (art. 1º, 
III);
d) local de pagamento ou a indicação de 
um ou mais lugares (arts. 1º, IV, e 2º, I e 
II);
e) data da emissão (art. 1º, V);
f ) assinatura do sacador (admitindo-se 
o uso de chancela mecânica): sacador 
deve ser identificado pelo carteira de 
identidade (RG), Cadastro de Pessoas 
Físicas (CPF), título eleitoral ou carteira 
profissional (Lei nº 6.268/1975, art. 3º).
O cheque no valor igual ou maior a R$ 
100,00 deve adotar a forma nominativa e pode 
conter a cláusula à ordem ou não à ordem (Lei nº 
8.021/1990).
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22
A circulação segue o regramento da circu-
lação da letra de câmbio. O aval em branco (que 
não identifica o avalizado) favorece o sacador (art. 
30) e o devedor principal do cheque é o seu saca-
dor.
A título de curiosidade, o cheque emitido 
para pagamento de dívida de jogo não pode ser 
cobrado, pois a Lei considera ato ilícito. A formali-
zação via cheque não torna exigível crédito ilícito 
(art. 814, CC).
Letra de câmbio3 é uma ordem de paga-
mento (e não promessa de pagamento). Isso quer 
dizer que existe uma pessoa que dá a ordem de 
pagamento (sacador), àquele que recebe a or-
dem, ou seja, deverá fazer o pagamento (sacado), 
e o beneficiário ou credor (tomador). Se não reali-
zado o pagamento, o tomador pode cobrar o pró-
prio sacador. A seguir estão os participantes do 
processo: uma pessoa pode ocupar mais de uma 
dessas situações:
a) sacador: cria a letra, dando a ordem de 
pagamento;
b) sacado: devedor que, aceitando a letra, 
virá a pagá-la no vencimento;
c) tomador: credor que poderá ser o saca-
dor ou terceiro.
Existem alguns requisitos essenciais ao obri-
gado, como, por exemplo, ser sujeito capaz, sem 
vício de vontade, licitude do objeto, sob pena de 
nulidade cambial.
Outros são exigíveis da letra de câmbio:
a) a expressão “letra de câmbio”;
b) o mandato de pagar quantia determi-
nada (valor);
c) o nome do sacado (RG, CPF);
d) lugar de pagamento (indicação ao lado 
do nome do sacado – domicílio);
e) o nome do tomador – não existe letra 
de câmbio ao portador;
f ) local e data do saque;
g) assinatura do sacador (garante o acei-
te);
h) vencimento – se não tiver, entende que 
é à vista.
Esses requisitos devem estar completos 
apenas no momento da cobrança ou para protes-
to.
Letra de câmbio – aceite. A ordem de pa-
gamento apenas vincula o sacado se este concor-
dar – tal ato se denomina “aceite” – ato de livre 
vontade. Reconhecimento do débito. 
Aceite: assinatura no anverso do título ou 
no verso, desde que identificado pela expressão 
“aceito”.
Se o aceitante (devedor principal) não pa-
gar, poderá ser cobrado o título inclusive dos coo-
brigados.
Se o sacado não aceitar a ordem de paga-
mento, o credor (tomador) poderá cobrar o título 
de imediato (vencimento antecipado), art. 43 da 
Lei Uniforme (LU). O mesmo ocorre com a recusa 
parcial.
3 Decreto nº 2.044/1908, alterado pelo Decreto nº 57.663/1966 (Lei Uniforme de Genebra); dados cedidos pela Profa. Daniele 
de Lima de Oliveira, da Unisa, em 1º de fevereiro de 2007. 
Saiba maisSaiba mais
Ainda que dívidas de jogo ou dívidas ilícitas sejam co-
bráveis via cheque, a formalização pelo cheque não 
torna exigível seu pagamento.
Veja o art. 814 do CC: “As dívidas de jogo ou de aposta 
não obrigam a pagamento; mas não se pode recobrar 
a quantia, que voluntariamente se pagou, salvo se foi 
ganha por dolo, ou se o perdente é menor ou inter-
dito.”
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23
Se o sacado não aceitar a ordem de paga-
mento que lhe foi dirigida, o tomador poderá co-
brar o título de imediato do sacador.
Para evitar que a recusa do aceite produza o 
vencimento antecipado, pode-se se valer do art. 
22 da LU – cláusula “não aceitável”. Uma letra de 
câmbio com essa cláusula não poderá ser apre-
sentada ao sacado para aceite antes do venci-
mento. Somente será apresentada no vencimen-
to, para pagamento.
Apresentado o título ao sacado, este pode 
pedir a reapresentação no dia seguinte (art. 24, 
LU). É um prazo de respiro para que o sacado faça 
consultas ou medite acerca da conveniência de 
aceitar ou recusar a letra.
O sacado que retém a letra de câmbio que 
foi apresentada para aceite – ou o devedor, em 
caso de entrega para pagamento – está sujeito 
à prisão administrativa, que deverá ser requerida 
ao juiz, nos termos do art. 885 do Código de Pro-
cesso Civil. Se for devolvido ou pago o título, ou 
se não for proferido julgamento em 90 dias, revo-
ga-se a prisão (divergência doutrinária quanto à 
possibilidade de prisão por dívida).
Nota promissória4 é similar à letra de câm-
bio no que se refere ao endosso, ao pagamento e 
à prescrição, mas é um compromisso escrito pelo 
qual alguém se obriga a pagar a outrem certa 
soma em dinheiro (MAZZAFERA, 2007).
Os intervenientes são conceituados como:
a) emitente: é o que faz a promessa de pa-
gamento – devedor; 
b) beneficiário: é a quem se fez a promes-
sa de pagamento – credor;
c) o emitente corresponde ao aceitante 
da Letra de Câmbio.
Tal doutrinador elenca como requisitos es-
senciais:
a) denominação “nota promissória”;
b) promessa de pagar soma em dinheiro – 
prevalece a que está por extenso;
c) a época do pagamento;
d) indicação do local em que se deve efe-
tuar o pagamento;
e) o nome da pessoa a quem ou à ordem 
de quem deve ser paga;
f ) a assinatura de quem passa a nota pro-
missória – subscritor.
Além desses, a nota promissória deverá 
conter a data e o local de sua emissão; na ausên-
cia desses dados entende-se que o beneficiário 
ou o portador poderá inseri-los no documento.
A forma de pagamento da nota pode ser de 
três maneiras:
a) à vista: é aquele realizado na sua apre-
sentação, devendo ser apresentada 
dentro de doze meses de sua emissão, 
sob pena de o portador perder seu di-
reito de regressoem face de avalistas 
ou endossantes;
b) a dia certo: o próprio título traz o dia e a 
época do vencimento, por exemplo: “No 
dia 24 de outubro de 2008 pagarei...” e 
nesse dia o título torna-se passível de 
exigência, execução ou cumprimento;
c) a tempo certo de data: o vencimento 
será determinado pelo tempo concedi-
do ou do prazo dado a partir da data de 
emissão.
A prescrição da nota promissória, ou seja, a 
perda do direito da ação de cobrar os valores des-
se título, se dá:
a) em três anos, as ações contra o emiten-
te ou avalista;
b) em um ano, do portador contra endos-
sante;
4 Lei nº 2.044/1908 e Lei Uniforme, Decreto nº 57.663/1966; texto interpretado por Mazzafera (2007).
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c) em seis meses, dos endossantes uns 
contra os outros.
Outrossim, a diferença dessa e a letra de 
câmbio é que essa última é uma ordem de paga-
mento, e a nota é uma promessa de pagamento.
Na letra de câmbio, o emitente ordena ao 
sacado para que pague ao tomador, portanto são 
três pessoas. Na nota, tomam parte só duas pes-
soas: o emitente, que é o devedor, e o beneficiá-
rio, que é o credor.
O emitente na nota corresponde ao acei-
tante da letra de câmbio.
Duplicata (Lei nº 5.474/1968) é título de 
crédito criado pelo Direito brasileiro representan-
do uma obrigação cambiária que passou também 
a ser referente à prestação de serviços. Assim, a 
duplicata pode ser emitida em razão de compra e 
venda mercantil ou de prestação de serviços.
Sua emissão é uma opção do credor, uma 
faculdade. O credor, para o recebimento, poderá 
optar:
a) pela cobrança via bancária, emitindo a 
duplicata comercial;
b) por efetuar somente a cobrança com a 
fatura sobre a qual passará recibo;
c) por dar quitação da fatura com recibo 
em separado.
Este é um título de crédito formal, circulan-
te por meio de endosso, constituindo um saque 
fundado sobre crédito proveniente de contrato 
de compra e venda mercantil ou de prestação de 
serviços (MAZZAFERA, 2007).
São requisitos essenciais:
a) expressão “duplicata”, data da emissão 
e nº de ordem (art. 2º, § 1º, I);
b) o número da fatura ou Nota Fiscal/
Fatura (NF/Fatura);
c) data do vencimento ou declaração de 
ser à vista;
d) nome e domicílio do vendedor e do 
comprador (RG, CPF);
e) valor a ser pago;
f ) local de pagamento;
g) cláusula “à ordem”;
h) declaração do reconhecimento do 
débito e da obrigação de pagar, a ser 
assinada pelo sacado, como aceite 
cambial;
i) assinatura do emitente (pode ser 
rubrica mecânica).
A prova do pagamento é a quitação 
no verso do próprio título ou em documento 
separado com referência expressa na duplicata. 
Se o pagamento for em cheque, sua liquidação 
será a prova do pagamento.
Se a duplicata for endossada, quem deve 
receber é o endossatário, sob pena de pagar 
duas vezes o mesmo título e a duplicata pode ser 
garantida por aval.
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Caro(a) aluno(a), neste esteio estudamos a importância dos títulos de crédito, seus conceitos e dis-
tinções em suas espécies e sua origem também. Vamos rever a aprendizagem?
O título de crédito só produz efeito quando preencher os requisitos da lei; leia-se lei comercial.
Conceitua-se título de crédito como “um documento necessário para o exercício do direito, literal e 
autônomo, nele mencionado”.
O princípio da cartularidade representa a necessidade de apresentação de documento para o exer-
cício do Direito; princípio da literalidade é a necessidade de apresentação de documento para o exercício 
do Direito.
Já o endosso é a transferência do título e do direito dele emergente para uma terceira pessoa que 
não participou da relação inicial.
Em relação às espécies do título de crédito mais usuais: cheque, letra de câmbio, nota promissória 
e duplicata mercantil.
A forma de pagamento da nota pode ser de três maneiras: à vista, a dia ou a tempo certo de data 
– o vencimento será determinado pelo tempo concedido ou do prazo dado a partir da data de emissão.
Por fim, a distinção entre a nota promissória e a letra de câmbio é que essa última é uma ordem de 
pagamento, e a nota é uma promessa de pagamento.
2.6 Resumo do Capítulo
2.7 Atividades Propostas
1. Qual é a distinção entre nota promissória e letra de câmbio? Explique.
2. Assinale a alternativa correta:
a) A emissão da duplicata é uma obrigação imposta pela lei ao credor.
b) A expressão “letra de câmbio”deve sempre constar no título de crédito, de espécie letra de 
câmbio.
c) Pelo princípio da cartularidade, é possível e até comum, títulos de crédito sem as espécies 
originais.
d) Os títulos não possibilitam a cobrança na forma de execução judicial.
3. Preencha as lacunas abaixo:
a) As partes intervenientes do Cheque são: __________________, _______________ e o 
__________________.
b) Os intervenientes da nota promissária são conceituados como: ________________, 
_______________ e o __________________.
c) Os princípios do Título de Crédito são: ________________, ________________ e a 
________________________. 
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Caro(a) aluno(a), nesta parte da apostila, 
seu aprendizado está voltado às espécies de so-
ciedade empresarial, seu conceito e sua distinção. 
Está pronto(a) para esta nova jornada?
Os primeiros tipos comerciais surgiram no 
Direito Romano. O desenvolvimento do comércio 
se deu ao surgimento da moeda porque, com seu 
uso, as riquezas começaram a circular de forma 
ágil e o transporte de moedas era mais fácil do 
que transportar mercadorias para troca.
Nasceu, assim, a economia de mercado e, 
com ela, a antiga figura do comerciante, aquele 
que compra e vende mercadorias e que, com a 
diferença de valores, atinge seu objetivo: o lucro.
No entanto, com o grande crescimento do 
comércio e sua enorme dinâmica, foi aumentan-
do a necessidade de proteção àqueles que dele 
participavam. O Direito Comercial surgiu na da 
Idade Média, de forma mais notável na Itália.
Na mesma época, nasce o Direito Canôni-
co para atender ao objetivo da Igreja de separa-
ção da Igreja do patrimônio e, ainda, da grande 
demanda de comércio nas sociedades formadas 
pelo rei e pelos grandes investidores financeiros.
As atividades econômicas de pequeno por-
te eram e são exploradas por uma pessoa (natu-
ral) sem maiores problemas.
Na medida em que se avolumaram e tais 
atividades se tornaram mais complexas, exigiram-
-se maiores investimentos, mais capacitação, pois 
não alcançariam a eficiência necessária se fossem 
realizadas somente por um indivíduo.
Logo, seu desenvolvimento pressupõe a 
aglutinação de esforços de diversos agentes, inte-
SOCIEDADES EMPRESARIAIS53
5 Trechos retirados das aulas presenciais ministradas pela Profa. Ivelise Fonseca da Cruz, na Unisa, Curso de Direito, 2005 e 2006.
ressados nos lucros. Essa aglutinação pode assu-
mir variadas formas jurídicas, entre elas, a socie-
dade.
O trabalho em conjunto abriu perspectivas 
de ampliação aos interessados, no que concerne 
aos lucros, aos interesses e à gestão dos negócios, 
no tocante ao regime tributário.
Mesmo porque o homem, ao desenvolver 
sua atividade empresarial, está sempre na expec-
tativa de lucro. Essa atividade, porém, implica ris-
cos que são endereçados exclusivamente ao em-
presário.
Na verdade, todas as atividades implicam 
risco, mas pode se dizer que o risco da falência é 
um privilégio do empresário.
Hoje em dia, as pessoas podem afirmar 
oralmente que irão desenvolver trabalhos em 
conjunto, acertar por instrumento escrito a obri-
gação de que, na hipótese de serviço relacionado 
ao comércio e ao trabalho, fixa-se a remuneração 
ou, ainda, constituir uma sociedade, que é o grau 
mais elevado de comprometimento entredois 
agentes econômicos.
Saiba maisSaiba mais
O homem, ao desenvolver sua atividade empresarial, 
está sempre na expectativa de lucro. Essa atividade, 
porém, implica riscos que são endereçados exclusiva-
mente ao empresário, como, por exemplo, a falência, 
que só ocorre nas sociedades empresariais e não é 
aplicável às sociedades simples.
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As pessoas jurídicas são divididas em dois 
grupos:
a) direito público;
b) direito privado.
O critério de distinção não é somente a 
questão de recursos, porque há pessoas de direi-
to público que sobrevivem com recursos integral-
mente privados (entidade da OAB, por exemplo).
O que distingue é o tipo de regime jurídi-
co, pois na medida em que o direito estabelece os 
interesses, atribuindo maior importância aos que 
afetam o maior número de pessoas, se percebem 
as prerrogativas desse regime como supremacia 
do interesse público sobre o particular e indispo-
nibilidade do interesse público.
As pessoas jurídicas de direito privado po-
dem ser:
a) estatais, em que importa a origem dos 
recursos, que são públicos;
b) particulares, que são constituídas so-
mente por recursos particulares, onde 
entra a sociedade empresária.
As pessoas jurídicas de direito privado par-
ticular são revestidas de três formas:
a) fundações: surge um patrimônio para 
determinada finalidade reputada im-
portante para o instituidor – não há 
agregação de pessoas; aqui, o objetivo 
sempre é cultural ou social, por exem-
plo: Fundação Carlos Chagas e Funda-
ção Getulio Vargas, que não têm fins 
econômicos; 
3.1 Classificação das Pessoas Jurídicas
b) associações: AACD, por exemplo; 
c) sociedades.
As duas últimas têm como traço caracte-
rístico a união de esforços para uma atividade 
comum, contudo, a diferença está que na asso-
ciação os objetivos não são econômicos, mas fi-
lantrópicos, culturais, sociais; por exemplo, a As-
sociação de Pais e Amigos do Excepcional (APAE) 
e Associação dos Advogados de São Paulo (AASP). 
Já nas sociedades, os objetivos que aproximam os 
sócios são econômicos, lucro.
AtençãoAtenção
Apesar de não constar tal comentário, o Código 
Civil também estabelece como pessoas jurídicas 
as organizações religiosas e os partidos políticos; 
veja:
“Art. 44. São pessoas jurídicas de direito pri-
vado:
I – as associações;
II – as sociedades;
III – as fundações.
IV – as organizações religiosas; 
V – os partidos políticos.”
Direito Empresarial
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Duas são as espécies de sociedade no Direi-
to Brasileiro:
a) simples, que explora atividade econô-
mica específica, exemplo: prestação de 
serviço de advocacia; a própria lei diz 
quais são seus objetos, são exemplos 
destas: art. 982, as cooperativas, cer-
tas sociedades dedicadas à atividade 
agrícola ou pastoril, ou, ainda, como 
preceitua o art. 966, parágrafo único, é 
sociedade simples aquela que tem por 
objeto a atividade relacionada à profis-
são intelectual, de natureza científica, 
literária ou artística (a lei sempre será 
expressa quando a sociedade for sim-
ples, como preceituam o art. 982: esta 
é a antiga sociedade civil, e o art. 966, 
parágrafo único, do Código Civil);
b) empresária é a que tem como ativida-
de econômica o desenvolvimento de 
produção ou circulação de bens ou ser-
viços, sempre com o escopo do lucro, 
por exemplo: agências de viagens, hos-
pitais, casas de saúde, administradoras 
de imóveis.
Efeitos da Personalização
Como a sociedade empresária, no geral, 
é definida como pessoa jurídica, desse conceito 
derivam algumas consequências ou efeitos (COE-
LHO, 2011):
a) titularidade obrigacional: as obri-
gações jurídicas aproximam terceiros 
(fornecedores, consumidores, empre-
gados) a se vincularem à pessoa jurídi-
ca para explorar a atividade econômica, 
os sócios não participam dessa relação, 
por exemplo: constituída uma socieda-
3.2 Tipos de Sociedade
de limitada (Ltda.) e, sendo necessário 
alugar um imóvel para seu estabeleci-
mento empresarial, a locatária será a 
pessoa jurídica da sociedade e não os 
seus sócios (a pessoa jurídica é credora 
ou devedora de suas relações);
b) titularidade processual: a sociedade 
tem legitimidade para demandar e ser 
demandada em juízo, e não seus sócios, 
que, se processados devido a alguma 
obrigação da empresa, o titular da ação 
será carecedor da ação, motivo para ex-
tinção do processo sem julgamento do 
mérito por ilegitimidade passiva;
c) responsabilidade patrimonial: segue 
aqui a separação do patrimônio dos só-
cios do da sociedade. Os bens que inte-
gram a sociedade são seus patrimônios 
e não dos sócios, não existe comunhão 
ou condomínio dos sócios relativamen-
te aos bens sociais. No patrimônio dos 
sócios, encontra-se somente a partici-
pação societária através das quotas da 
sociedade limitada ou das ações das 
Sociedades Anônimas (esta é a diferen-
ça entre patrimônio social, que é da so-
ciedade, e participação societária, que 
são as quotas/ações pertencentes aos 
sócios que incorporam o patrimônio 
dos sócios). Logo, a garantia do credor 
da sociedade será o patrimônio social e 
não o dos sócios, pois somente em ca-
sos excepcionais pela lei que os sócios 
responderão. 
Se não existisse esse postulado jurídico de 
que há autonomia patrimonial, ou seja, os sócios, 
via de regra, não respondem por dívidas da socie-
dade, o potencial econômico do país não estaria 
eficientemente otimizado e as pessoas seriam 
prejudicadas, tendo menos acesso a bens e ser-
viços, pois o risco da atividade empresarial seria 
maior.
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30
Em relação ao início da personalidade jurí-
dica para a sociedade simples ou empresária, a 
regra (art. 983, CC) dita que este se dá com a ins-
crição, no registro próprio e na forma da lei, dos 
seus atos constitutivos (contratos etc.). No caso 
da sociedade simples, o registro é feito no Regis-
tro Civil das Pessoas Jurídicas e, no caso da socie-
dade empresária, na Junta Comercial ou Registro 
Público de Empresas Mercantis.
Tal regulamento é fundamental por tornar 
pública a formação de um novo sujeito de direi-
tos, o que possibilita a extensão da obrigação 
desse novo sujeito.
A importância do registro da sociedade na 
Junta Comercial diz respeito, também, à respon-
sabilidade dos sócios, vale lembrar que a sanção 
para as sociedades não registradas é a subsidia-
riedade da responsabilidade (esta ilimitada) dos 
sócios pela sociedade sem registro.
AtençãoAtenção
A sociedade, ao se tornar pessoa jurídica, tem to-
tal autonomia patrimonial da pessoa de seus só-
cios. O fato de a sociedade ter sócios atende a um 
dos pressupostos para se tornar pessoa jurídica, 
mas deve haver essa autonomia patrimonial, sob 
pena do sócio, excepcionalmente, responder de 
forma pessoal, com seu patrimônio. 
Assim, (art. 1.024, CC) estamos frente ao ins-
tituto determinado como benefício de ordem, em 
que, primeiro, os teus bens (sociedade) e, depois, 
os meus (sócios) são a responsabilidade subsidiá-
ria, diferente da responsabilidade direta (em que 
os credores podem executar diretamente o patri-
mônio dos sócios, mesmo que haja patrimônio da 
sociedade).
Apesar de a regra citada ser aplicada a so-
ciedades irregulares, aquelas não registradas, na 
maioria das vezes, o art. 1.024 do Código Civil é 
aplicável com a responsabilidade subsidiária.
A regra dita que, para o término de uma 
sociedade, este deverá ocorrer após um proce-
dimento de dissolução, que pode ser judicial ou 
extrajudicial, por causa de uma verificação, por 
exemplo, de vencimento do prazo de sua dura-
ção, quando determinado, ou de consenso unâ-
nime dos sócios que optam pelo distrato social.
AtençãoAtençãoCódigo Civil, art. 1.024. “Os bens particulares dos 
sócios não podem ser executados por dívidas da 
sociedade, senão depois de executados os bens 
sociais.”
São cinco tipos e os empreendedores so-
mente se associam através destes:
1. nome coletivo;
2. comandita sim-
ples;
3. comandita por 
ações;
4. anônima; 
5. responsabilidade limitada.
3.3 Classificação das sociedades Empresariais
Na verdade, as de relevância econômica 
para o país são as limitadas e anônimas; as ou-
tras estão à margem da 
economia. A Junta Co-
mercial em 2000 registrou 
231.758 empresas de so-
ciedade limitada, 1.466 
anônimas e 369 socieda-
des de outros tipos.
Observe o Quadro 1, a seguir.
AtençãoAtenção
A sociedade de capital e indústria foi abolida pelo 
Código Civil/2002 do quadro de sociedades em-
presárias.
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31
Quadro 1 – Constituição de empresas por tipo jurídico – Brasil – 1985-2005.
Fonte: Juntas comerciais – http://www.dnrc.gov.br/Estatisticas/caep0101.htm.
CONSTITUIÇÃO DE EMPRESAS POR TIPO JURÍDICO – BRASIL – 1985-2005
ANOS FIRMA INDIVIDUAL
SOCIEDADE 
LIMITADA
SOCIEDADE 
ANÔNIMA
COOPE- 
RATIVAS
OUTROS 
TIPOS TOTAL
1985 168.045 148.994 1.140 363 66 318.608
1986 277.350 238.604 1.034 297 204 517.489
1987 222.847 195.451 857 319 161 419.635
1988 208.017 184.902 1.214 404 128 394.665
1989 240.807 209.206 1.251 437 151 451.852
1990 279.108 246.322 748 438 141 526.757
1991 248.590 248.689 611 447 156 498.493
1992 221.604 207.820 594 515 132 430.665
1993 254.608 240.981 697 757 161 497.204
1994 264.202 245.975 731 657 207 511.772
1995 263.011 254.581 829 879 187 519.487
1996 252.765 226.721 1.025 1.821 360 482.692
1997 275.106 254.029 1.290 2.386 410 533.221
1998 239.203 223.689 1.643 2.258 335 467.128
1999 244.185 229.162 1.422 2.330 246 477.345
2000 225.093 231.654 1.466 2.020 369 460.602
2001 241.487 245.398 1.243 2.344 439 490.911
2002 214.663 227.549 1.012 1.556 371 445.151
2003 228.597 240.530 1.273 1.503 310 472.213
2004 222.020 236.072 1.366 2.438 303 462.199
2005 240.306 246.722 1.800 1.297 413 490.125 
TOTAL 4.569.288 4.300.257 20.080 21.731 4.534 8.915.890
Três são os critérios para classificação das 
sociedades.
 O primeiro leva em conta o grau de depen-
dência da sociedade em relação aos sócios (às 
condições de alienação da participação societá-
ria) – dessa classificação vale ressaltar alguns pon-
tos importantes:
a) numa sociedade contratual, a participa-
ção societária é denominada “cota ou 
quota”;
b) numa sociedade institucional de ação, 
tanto ação como a quota são bens do 
patrimônio do sócio, não pertencem à 
sociedade.
Como pertencem aos sócios, estes podem 
alienar ou dispor dessa participação societária 
como quiserem e, através da aquisição dessas co-
tas/ações, o adquirente passa a exercer os direitos 
que essas lhe conferem.
No entanto, a alienação da participação so-
cietária em sociedades que a característica subje-
tiva dos sócios pode comprometer o sucesso da 
empresa depende da anuência dos outros sócios; 
logo, as sociedades são divididas em:
a) sociedade de pessoas: a pessoa do 
sócio é mais importante, a qualificação 
subjetiva, sua capacitação. Nessas so-
ciedades, a cessão da participação so-
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32
cietária (quota/ação) só se dará com a 
autorização dos demais sócios. São es-
tas: as sociedades em nome coletivo, a 
sociedade em comandita simples, a so-
ciedade limitada e a sociedade simples 
(art. 1.003, CC) – perfil personalístico; 
b) sociedade de capitais: a maior impor-
tância está na contribuição financeira 
para formação do capital social, não im-
portando quem é o titular da participa-
ção. São estas: comandita por ações e, 
também, as anônimas (que podem ser 
de pessoas, quando de capital fechado).
Não existem sociedades sem esses dois ele-
mentos, mas há prevalência de um ou de outro 
em algum momento, dependendo da sociedade.
Consequência I das sociedades de pes-
soas: em função de a sociedade ser preponde-
rantemente de pessoas é que as cotas sociais são 
impenhoráveis por dívidas particulares do seu ti-
tular (essa é uma criação jurisprudencial, pois não 
teria sentido se a cota de um sócio fosse penho-
rada e o arrematante entrasse no quadro associa-
tivo como sócio se a sociedade de pessoas veta o 
ingresso de terceiro).
Consequência II: é a dissolução parcial da 
sociedade por morte de um dos sócios, pois na 
sociedade de capitais os sucessores podem in-
gressar no quadro independente de anuência, na 
de pessoas, não havendo acordo do sócio sobre-
vivente, há a dissolução desta.
Consequências sociedade de capitais: na 
Sociedade Anônima, pelo princípio da Livre Cir-
culação das ações, os sócios não podem intervir 
no ingresso de terceiros no quadro associativo 
(art. 36, Lei nº 6.404/1976).
Ainda, isto resulta na penhorabilidade da 
participação societária e não há dissolução parcial 
da sociedade por morte de um dos sócios, seja a 
pedido dos sobreviventes ou dos sucessores.
O segundo critério diz respeito ao regime 
de constituição das sociedades e dissolução do 
vínculo societário, o ato de criação sempre é vo-
litivo, mas este pode ser revestido de:
a) contratuais: são as criadas através de 
contratos entre os sócios, o vínculo é de 
natureza, se aplicam as regras da teoria 
dos contratos (em nome coletivo, em 
comandita simples, sociedade limita-
da) – contrato social –, essas sociedades 
podem ser de pessoas ou de capitais, o 
contrato social é que irá conferir a natu-
reza, se capitalista/de pessoas, à socie-
dade;
b) institucionais: o ato de criação é insti-
tucional, é ato unilateral que não decor-
re de contrato (anônimas e comandita 
por ações): essas sociedades são sem-
pre de “capital”. 
O terceiro critério é a responsabilidade dos 
sócios: os sócios têm responsabilidade subsidiá-
ria sobre as obrigações sociais, ou seja, enquanto 
não exaurido o patrimônio social, não se cogita 
a ideia de comprometer o patrimônio pessoal do 
sócio para satisfazer as dívidas das sociedades; o 
que se tem em mira é justamente que a eventual 
responsabilização dos sócios pelas dívidas sociais 
pressupõe o integral comprometimento do patri-
mônio pessoal.
Essa regra está no art. 596 do Código de 
Processo Civil. É a regra geral para as sociedades 
simples/empresarias, contudo os sócios solidá-
rios não podem invocar esse benefício de ordem, 
devendo arcar com o total da dívida frente ao cre-
dor e, posteriormente, demandar contra o obriga-
do conforme sua quota/parte de obrigação (art. 
1.024, CC).
Não existe solidariedade entre sócio e so-
ciedade, mas a solidariedade, se existente, dá-se 
entre sócios para a formação do capital social. Ex-
ceção feita aos representantes de sociedades ir-
regulares não registradas na Junta. No caso, tem-
-se responsabilidade direta e não subsidiária (art. 
990, CC).
Essa forma de responsabilização divide as 
sociedades empresarias em três grupos:
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33
a) sociedade ilimitada, em que todos os 
sócios respondem de forma ilimita-
da pelas obrigações sociais: logo, en-
quanto não saldada a dívida social, os 
credores podem alcançar os patrimô-
nios dos sócios, quanto for necessário 
– a única sociedade assim é a em Nome 
Coletivo;
b) sociedade mista: em que apenas parte 
dos sócios responde de forma ilimitada 
– são sociedades em Comanditas Sim-
ples ou por Ações;
c) sociedade limitada em que todos os 
sócios respondem de forma limitada 
pelas obrigações: sociedades Anôni-
ma (S.A.) e Ltda. Nessa sociedade, vale 
observar que o limite de responsabi-
lidade subsidiária dos sócios pode ser 
zero, pois se todo o capital social da so-
ciedade

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