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CADERNO DE DIREITO CONSTITUCIONAL
1	Constitucionalismo
1.1	Conceito
1.2	Três fases do Constitucionalismo
1.2.1	Primeira fase – Constitucionalismo Antigo
1.2.2	Segunda fase – Constitucionalismo clássico ou liberal
1.2.2.1	A experiência norte-americana
1.2.2.2	A experiência francesa
1.2.2.3	A separação dos poderes e o Constitucionalismo
1.2.2.4	Consagração da Primeira geração/dimensão de direitos
1.2.2.5	Liberalismo
1.2.3	Constitucionalismo moderno ou social
1.2.3.1	Consagração da segunda geração/dimensão dos direitos fundamentais
1.2.3.2	Novo modelo de Estado: Estado Democrático → Estado Social.
1.2.3.3	Garantias Institucionais
1.2.4	Constitucionalismo Contemporâneo
1.2.4.1	Novas gerações de direitos fundamentais
1.3	O Estado Democrático de Direito (Estado Constitucional Democrático)
2	Pós-Postivismo e Neoconstitucionalismo
2.1	Visão a respeito das duas concepções
2.2	Pós-positivismo
2.3	Neoconstitucionalismo
2.3.1	Neoconstitucionalismo como modelo de Estado e de Constituição
2.3.2	Neoconstitucionalismo teórico
2.3.3	Classificação Ontológica
3	Princípios Instrumentais de Direito Constitucional
3.1	Princípio da unidade da Constituição
3.1.1	Tese da hierarquia das normas constitucionais
3.2	Princípio do Efeito Integrador
3.3	Princípio da concordância prática ou harmonização
3.4	Princípio da relatividade ou convivência das liberdades públicas
3.5	Princípio da força normativa da Constituição
3.6	Princípio da Máxima Efetividade
3.6.1	Distinção entre Efetividade, Eficácia e Validade
3.6.2	Greve de militares
3.7	Princípio da Justeza ou Conformidade Funcional
4	Controle de Constitucionalidade
4.1	Teoria Geral do Controle de Constitucionalidade
4.1.1	Supremacia da Constituição
4.1.2	Parâmetro de Controle ou Norma de Referência ou Objeto
4.1.2.1	Bloco de Constitucionalidade
4.1.3	Formas de Inconstitucionalidade
4.1.3.1	Quanto ao tipo de conduta praticada pelo Poder Público
4.1.3.2	Quanto à norma constitucional ofendida
4.1.3.3	Quanto à extensão da inconstitucionalidade
4.1.3.4	Quanto ao momento (em que ocorre a inconstitucionalidade)
4.1.3.5	Quanto ao prisma de apuração
4.1.4	Formas de Controle de Constitucionalidade
4.1.4.1	Quanto à natureza do órgão
4.1.4.2	Quanto ao momento
4.1.4.3	Quanto à finalidade principal do Controle
4.1.4.4	Quanto à competência jurisdicional
4.2	Controle Difuso de Constitucionalidade
4.2.1	Aspectos Gerais
4.2.2	Efeitos da decisão (no controle difuso exercido pelo STF)
4.2.3	Papel do Senado.
4.2.4	Cláusula de Reserva de Plenário
4.2.5	Ação Civil Pública como instrumento de controle
4.2.6	Cláusula de Reserva de Plenário (full bench)
4.3	Controle Concentrado Abstrato de Constitucionalidade
4.3.1	Introdução
4.3.2	Aspectos comuns a ADI, ADC e ADPF
4.3.3	Legitimidade ativa
4.3.4	Capacidade postulatória
4.3.5	Objeto
4.3.5.1	Natureza
4.3.5.2	Aspecto temporal
4.3.5.3	Aspecto espacial
4.3.6	Liminar e decisão de mérito
4.3.6.1	Quorum
4.3.6.2	Efeitos da Decisão
4.3.6.3	Eficácia temporal da decisão
4.3.6.4	Extensão da declaração
4.3.7	Inconstitucionalidade consequente ou por arrastamento ou por atração.
5	Teoria dos Direitos Fundamentais
5.1	Introdução
5.1.1	Aplicação imediata das normas definidoras de direitos fundamentais
5.1.2	Teoria material dos direitos fundamentais
5.1.3	Tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos
5.2	Classificações dos direitos fundamentais
5.2.1	Constituição Federal de 1988
5.2.2	Classificações doutrinárias
5.3	Características dos Direitos Fundamentais
5.4	Eficácia vertical e horizontal dos direitos fundamentais
5.4.1	Eficácia vertical vs. Eficácia horizontal
5.4.2	Teorias da eficácia horizontal dos direitos fundamentais
5.4.2.1	Teoria da ineficácia horizontal dos direitos fundamentais
5.4.2.2	Teoria da eficácia horizontal indireta
5.4.2.3	Teoria da eficácia horizontal direta
5.4.2.4	Teoria integradora
5.5	Princípio da proporcionalidade
5.6	Princípio da proibição de proteção insuficiente ou proibição por defeito
5.7	Distinção entre regras e princípios
5.8	Dignidade da pessoa humana
6	Direitos e Garantias Individuais em Espécie
6.1	Destinatários
6.2	Estrutura de análise dos direitos
6.2.1	Espécies de reserva legal
6.3	Direito à vida
6.3.1	Restrições (intervenções constitucionalmente fundamentadas)
6.3.2	Aborto
6.4	Direito à igualdade
6.4.1	Âmbito de Proteção.
6.4.2	Intervenção violadora
6.4.3	Restrições
6.5	Direitos fundamentais à liberdade
6.5.1	Liberdade negativa vs. Liberdade positiva
Liberdade negativa (liberdade dos modernos)
Liberdade positiva (liberdade dos antigos)
6.5.2	Liberdade de manifestação do pensamento
6.5.2.1	Âmbito de proteção
6.5.2.2	Restrições admitidas
6.5.3	Liberdade de consciência, crença e culto
6.5.3.1	Âmbito de proteção
6.5.3.2	Restrições
6.5.4	Liberdade de comunicação
6.5.4.1	Âmbito de proteção
6.5.4.2	Intervenção
6.5.4.3	Restrição
6.5.5	Direito à privacidade
6.5.5.1	Âmbito de proteção
6.5.5.2	Intervenção violadora
6.5.5.3	Restrições
6.6	Direito de propriedade
7	Direitos Sociais
7.1	Introdução
7.2	Reserva do possível
7.3	Mínimo existencial
7.4	Proibição de retrocesso social
8	Poder Constituinte
8.1	Poder constituinte originário ou propriamente dito
8.2	Poder constituinte decorrente
8.3	Poder constituinte reformador ou derivado ou instituído
8.3.1	Limitações do poder reformador
8.4	Direitos adquiridos e o Poder Constituinte
9	Normas Constitucionais no Tempo
9.1	Teoria da Desconstitucionalização
9.2	Recepção
9.3	Constitucionalidade superveniente
9.4	Efeito repristinatório tácito (ou repristinação tácita)
9.5	Mutação constitucional
10	Direito de Nacionalidade
10.1	Espécies de nacionalidade
10.1.1	Critérios de aquisição da nacionalidade primária
10.1.2	Critérios de aquisição da nacionalidade secundária (naturalização)
10.1.3	Quase-nacionalidade (CF, art. 12, § 1º)
10.2	Diferenças de tratamento entre brasileiros natos e naturalizados
10.2.1	Cargos (CF, art. 12, § 3º)
10.2.2	Assentos no Conselho da República (CF, art. 89, VII)
10.2.3	Propriedade de empresa jornalística (CF, art. 222)
10.2.4	Extradição (CF, art. 5º, LI)
10.3	Perda da nacionalidade (CF, art. 12, § 4º)
11	Direitos políticos
11.1	Direitos políticos positivos
11.2	Direitos políticos negativos
12	Organização do Estado
12.1	Distinções preliminares
12.1.1	Formas de Governo
12.1.2	Sistemas de governo
12.1.3	Formas de Estado
12.2	Características essenciais do Estado Federal
12.3	Soberania e Autonomia
12.4	Repartição de competências
12.4.1	Introdução
12.4.2	Critérios utilizados na repartição de competências
12.5	Organização político-administrativa (CF, art. 18)
12.6	Tipos de federalismo
13	Organização dos Poderes
13.1	Poder Legislativo
13.1.1	Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI)
13.1.1.1	Introdução
13.1.1.2	CPI Federal
13.1.1.3	CPI Estadual
13.1.1.4	CPI municipal
13.1.2	Garantias do Poder Legislativo
13.1.2.1	Aspectos introdutórios
13.1.2.2	Imunidade material (inviolabilidade) ou imunidade absoluta.
13.1.2.3	Imunidade formal (ou imunidade relativa)
13.1.2.4	Prerrogativa de foro
13.1.2.5	Estatuto dos congressistas estaduais e distritais
13.1.2.6	Estatuto dos congressistas municipais
13.1.2.7	Quadro – Competências
13.1.3	Organização do Poder Legislativo da União
14	Processo Legislativo
14.1	Introdução
14.2	Processo legislativo ordinário
14.2.1	Iniciativa
14.2.2	Debate (ou discussão)
14.2.3	Votação
14.2.4	Sanção ou veto
14.2.5	Promulgação e Publicação
14.3	Processo legislativo sumário
14.4	Processo legislativo especial
14.5	Processo legislativo da Proposta de Emenda à Constituição (PEC)
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Constitucionalismo
Conceito
Constitucionalismo: é a história das constituições analisadas a partir do ponto de vista da busca pela limitação do poder.
Nesse sentido, o constitucionalismo é oposto ao absolutismo.
Três ideias principais em torno da ideia de constitucionalismo:
Limitação do poder
Garantia dos Direitos
Separação dos poderesTrês fases do Constitucionalismo
Primeira fase – Constitucionalismo Antigo
É nessa fase que surgem as primeiras tentativas de limitação do poder.
Duração: Antiguidade clássica → final do século XVIII.
Primeira experiência constitucional: Estado Hebreu. Trata-se de um Estado Teocrático no qual a limitação do poder se dá por meio dos dogmas religiosos.
Outros exemplos: Grécia antiga, República Romana, Inglaterra (Rule of Law).
Características principais:
Constituições consuetudinárias: isto é, baseada nos costumes e precedentes, principalmente os judiciais.
Garantia da existência de direitos perante o monarca, limitando o seu poder.
Supremacia do Parlamento (essa características é mais específica para a Inglaterra).
Segunda fase – Constitucionalismo clássico ou liberal
Duração: final do século XVIII → até o fim da I Guerra Mundial (1918).
Período das primeiras constituições escritas, sendo duas experiências marcantes, que exerceram influência decisiva no período.
A experiência norte-americana
Constituição escrita datada de 1787 e vigente até hoje.
Constituição rígida, isto é, assegura um processo mais solene de alteração da Constituição em comparação ao processo normal de promulgação das leis.
Dotada de supremacia pela garantia jurisdicional da Constituição
Fortalecimento do Poder Judiciário, decorrente da característica anterior.
Controle de Constitucionalidade
Surge por meio da jurisprudência
Caso Marbury vs. Madson, de 1803, decidido pelo Juiz Marshall.
Outras contribuições:
Sistema presidencialista
Forma federativa de estado
A experiência francesa
Constituição escrita datada de 1791.
Normalmente mencionada como a primeira constituição escrita da Europa (na verdade, é a Polonesa).
Separação dos poderes
Garantia dos direitos
Distinção entre Poder Constituinte Originário e Derivado.
Distinção pensada pelo Abade Sieyès, a partir do paralelo com os três estados.
Supremacia do Parlamento
Em março de 2010, ocorreu na França o primeiro exemplo de controle de constitucionalidade repressivo, e não apenas preventivo, como até então ocorria.
A separação dos poderes e o Constitucionalismo
Art. 16 da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (Revolução Francesa): a sociedade em que não esteja assegurada a garantia dos direitos nem estabelecida a separação dos poderes não tem Constituição.
Assim, fica conceituada a matéria constitucional, isto é, constitui matéria constitucional o que trata a) garantia dos direitos e b) separação dos poderes, acrescentando, ainda, c) estrutura do Estado.
Distinção entre Matéria Constitucional Formal e Material: nem tudo que consta na Constituição constitui matéria constitucional material, mas apenas formal quando a questão não tratar de nenhum dos tópicos a, b e c acima mencionados.
Consagração da Primeira geração/dimensão de direitos
Notas da classificação dos direitos em gerações:
Classificação feita por Karel Vazak (1979).
Divulgação feita por Norberto Bobbio (no mundo) e Paulo Bonavides (no Brasil).
Três principais gerações dos direitos fundamentais, cada uma ligada a um dos valores fundamentais da Revolução Francesa:
Liberdade
Igualdade
Fraternidade
Característica marcante dos direitos de primeira geração:
São direitos ligados ao valor liberdade (direitos civis e políticos).
Direitos civis: são direitos de defesa, pois exigem uma abstenção do Estado (conduta omissiva).
Direitos políticos: são direitos de participação.
Liberalismo
Características:
Político (Estado limitado): limitação do poder pelo direito se estende ao soberano. A atuação da Administração Pública é pautada pela legalidade.
Econômico (Estado mínimo): o Estado deve atuar basicamente na defesa da ordem e da segurança públicas. As questões econômicas devem ser deixadas à livre iniciativa.
Constitucionalismo moderno ou social
Duração: período entre guerras (1918 – 1945).
Contexto: a crise econômica gera a crise do liberalismo, impondo reformas no modelo constitucional liberal.
Dois exemplos marcantes:
Constituição Mexicana de 1917.
Constituição de Weimar de 1919.
Características:
Prolixa em direitos
Assegura direitos individuais
Assegura direitos sociais
Garante as instituições
Consagração da segunda geração/dimensão dos direitos fundamentais
Característica marcante: geração de direitos ligada ao direito de igualdade material, já que a igualdade formal já estava consagrada na primeira geração de direitos.
Trata-se dos direitos sociais, econômicos e culturais.
Constituem o direito a uma prestação do Estado.
Novo modelo de Estado: Estado Democrático → Estado Social.
O Estado abandona sua postura abstencionista e passa a adotar uma postura de intervenções nas relações sociais, econômicas e laborais.
Exemplos:
LOAS (Lei Orgânica da Assistência Social): garantia de um mínimo de bem estar social.
Garantias Institucionais
O Estado passou a garantir, além dos direitos individuais, as próprias instituições democráticas.
Conceitos de garantias institucionais: são garantias de determinadas instituições consideradas importantes para uma sociedade e que a protegem sobretudo contra o Poder Legislativo.
Exemplo: direito a uma imprensa livre, à família, proteção ao serviço público.
Constitucionalismo Contemporâneo
Normalmente referido como neoconstitucionalismo. No entanto, o constitucionalismo contemporâneo equivale ao neoconstitucionalismo em apenas um das acepções, que é o neoconstitucionalismo como modelo de Estado.
Duração: final da Segunda Guerra Mundial (1945) até os dias de hoje.
Constituído por um amálgama do constitucionalismo francês + norte-americano.
Francês: “rematerialização” da constituição, ou seja, a constituição passa a ganhar um novo conteúdo. São consagrados novos direitos fundamentais, além de diretrizes e opções políticas. Constituições prolixas.
EUA: garantia jurisdicional da supremacia da Constituição. Deslocamento de Constituições Políticas para Constituições Jurídicas. Ativismo judicial.
Novas gerações de direitos fundamentais
Terceira geração: ligadas ao valor fraternidade/solidariedade.
Paulo Bonavides traça um rol exemplificativo:
Direito ao desenvolvimento ou progresso.
Direito ao meio ambiente.
Autodeterminação dos povos (que na CF/88 constitui um princípio nas relações internacionais).
Direito de propriedade sobre o patrimônio comum da humanidade / Perez Luño trata como direito de vistia ao patrimônio histórico/cultural.
Direito de Comunicação
Outros autores:
Direito dos consumidores
Direito dos idosos
Direito das crianças
Quarta geração
Direito à democracia
Direito à informação (por exemplo, art. 5º, XXXIII: “todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado”
Respeito ao pluralismo: fundamentos da Rep. Fed. Brasil (art. 1º, V):
Pluralismo político não se restringe apenas à diversidade de concepções político-partidárias. Abrange também o respeito à diversidade artística, cultural, religiosa e de opções de vida.
Está ligada ao direito da diferença.
Boaventura Souza Santos: “temos o direito de ser iguais quando a diferença nos inferioriza; temos o direito de ser diferentes quando a igualdade nos descaracteriza.” Reconhecer para Libertar.
Quinta Geração
Paz
O Estado Democrático de Direito (Estado Constitucional Democrático)
A ideia de Estado de Direito está relacionada à ideia de império da lei. A ideia de império da lei é substituída pela ideia de supremacia e normatividade da constituição. O Estado de Direito é uma tentativa de sintetizar as conquistas e superar as deficiências dos modelos anteriores.
Características:
Universalização do sufrágio e ampliação dos mecanismos de participaçãodemocrática direta.
Exemplos de institutos de democracia direta:
Plebiscito;
Referendo;
Iniciativa popular de leis;
Ação popular (não é novidade, vem desde Roma).
Recall: consulta feita à população para aferir a manutenção de um governante no poder.
Ampliação do conceito de democracia do aspecto meramente formal para uma dimensão também material.
Dimensão formal: regra da maioria ou premissa majoritária. A vontade da maioria não é absoluta e ilimitada. Há diversos limites materiais.
Dimensão material: pressupõe o respeito aos direitos fundamentais de todos, inclusive das minorias.
Preocupação com a efetividade e com a dimensão material dos direitos fundamentais.
Há uma relação intrínseca entre Estado de Direito e Direitos Fundamentais.
Os direitos fundamentais já foram consagrados nos textos. A preocupação agora é tornar os direitos fundamentais efetivos.
A limitação do Poder Legislativo passa a abranger também o conteúdo das leis e as hipóteses de omissões inconstitucionais.
Kelsen defende uma supremacia formal da Constituição.
Hoje, a dimensão material vincula o legislador, que deve respeitar os direitos fundamentais em sua atividade legislativa.
Controle das omissões das inconstitucionalidades.
A primeira constituição a fazer isso foi a constituição da Iugoslávia de 1974.
Na CF/88 há duas previsões: ADO e Mandado de Injunção.
Surgimento de uma jurisdição constitucional para assegurar a supremacia da Constituição e a proteção efetiva dos direitos fundamentais.
Exercício pelo Poder Judiciário do controle de constitucionalidade.
Difuso
Concentrado
Pós-Postivismo e Neoconstitucionalismo
Visão a respeito das duas concepções
Primeira: o termo neoconstitucionalismo passou a ser utilizado no lugar de pós-positivismo.
O pós-positivismo é o marco filosófico do neoconstitucionalismo (Luís Roberto Barroso).
Pós-positivismo
É uma concepção filosófica do direito. Deve ser entendido como uma meta-teoria, ou seja, uma teoria sobre a teoria do direito. Obs.: o pós-positivismo é uma terceira via entre o jusnaturalismo e o juspositivismo, tentando conciliar as duas concepções do pospositivismo.
Formas de Positivismo:
Positivismo jurídico exclusivo – chama-se exclusivo porque exclui qualquer possibilidade de se incorporar argumentos morais ao direito. Não se pode trazer para o direito argumentos morais.
Positivismo jurídico inclusivo - a incorporação de argumentos morais é possível, mas não necessária. Só será possível se a constituição consagrar valores morais, caso contrário não será possível.
As duas teorias do positivismo entendem que não há uma relação necessária entre o direito e a moral.
Formas de Não-positivismo:
“Tese forte” (seria o correspondente ao não-positivismo exclusivo) – sustenta que os defeitos morais sempre tem como efeito a perda da validade jurídica. Se o direito for moralmente injusto ele não vale, então ele exclui a validade jurídica não podendo ser considerado direito.
“Tese fraca” (não-positivismo inclusivo) – Robert Alexy não se denomina pós-positivista ele se denomina não-positivista. Essa fórmula na Alemanha é chamada de “Fórmula de Radbruch”, e sustenta que “o direito extremamente injusto não é direito”, isto é, Direito pode até ser injusto, porém só perderá sua validade jurídica se for extremamente injusto. Ex.: durante o nazismo a constituição Alemã dizia que todos os bens dos judeus deveriam ser confiscados, após o término da guerra uma senhora contestou dizendo que apesar de constar da constituição a norma era extremamente injusta e o tribunal reconheceu a injustiça e ordenou a indenização à senhora judia. Essa tese corresponde ao pós-positivismo no Brasil.
As duas teorias do não positivismo entendem que há uma relação necessária entre o direito e a moral.
Neoconstitucionalismo
É uma teoria do direito. Premissa: as transformações no modelo de constituição e de estado tornaram as teorias juspositivistas tradicionais insuficientes para dar conta das complexidades que envolvem o novo modelo.
Dois caráteres: Teoria de caráter descritivo e prescritivo – esta concepção de duplo caráter é chamada de neoconstitucionalismo metodológico ou pós-positivismo metodológico. Não deve dizer só como o direito é, mas deve dizer como o direito deve ser. Diferencia-se da concepção positivista de acordo com a qual a teoria do direito deve ter um caráter meramente descritivo (princípio da neutralidade).
Caráter descritivo – descreve as mudanças ocorridas no modelo de constituição e de estado.
Caráter prescritivo – prescreve mecanismos aptos para operar o novo modelo.
Neoconstitucionalismo como modelo de Estado e de Constituição
Características:
1ª reconhecimento definitivo da força normativa da constituição – sobre o assunto Konrad Hesse(1959) escreveu um livro que foi traduzido por Gilmar Mendes. Por ele todo conteúdo da constituição é obrigatório e vinculante, tem que ser seguido.
2ª superioridade formal e material – as constituições européias eram vistas como documento vinculante para o legislador apenas no aspecto formal, hoje no Brasil a Constituição vincula materialmente o legislador.
3ª rematerialização das constituições (prolixas) 
4ª centralidade da constituição e dos direitos fundamentais – conhecida com a expressão “constitucionalização do direito”. Caracteriza-se por três aspectos da centralização do direito:
Consagração de um grande número de normas de outros ramos do direito nas constituições;
Interpretação conforme a constituição – as normas devem ser interpretadas conforme a constituição; 
Eficácia horizontal dos direitos fundamentais – os direitos fundamentais quando surgiram nas constituições eram direitos que protegiam os indivíduos do próprio Estado. Hoje os direitos fundamentais se aplicam nas relações entre particulares;
Fortalecimento do poder judiciário – como o judiciário dá a última palavra na forma como a interpretação da constituição deve ser feita, ele sai fortalecido, é a “judicialização” das relações políticas e sociais ex.: os partidos de minorias vão ao Supremo tentar fazer valer seus direitos quando vencidos em votação em suas respectivas casas.
Neoconstitucionalismo teórico
Ele contrapõe-se ao positivismo teórico tradicional (século XIX). As teorias são as seguintes:
Teoria das fontes do direito – substituição do legicentrismo juspositivista pela centralidade da Constituição;
Teoria das normas - a distinção que se fazia é que o princípio era uma diretriz apenas, e a norma era obrigatória. Hoje as normas tem princípios e regras. Esta teoria foi influenciada pelas obras de Ronald Dworkin e Robert Alexy;
Teoria da interpretação – substituição do formalismo interpretativo “juiz como boca da lei” (o juiz apenas dizia o que estava escrito na lei, e não interpretava a lei) e a idéia de subsunção (aplicação da norma ao fato) são substituídos por procedimentos com argumentação jurídica e a ponderação (além da subsunção aplica-se a ponderação).
Classificação Ontológica
Conceito: ontológico é o que se refere à ciência do ser (Karl Lolwenstein)
Critério: concordância das normas constitucionais com a realidade do processo de poder. Vai verificar se a constituição condiz com a prática.
Semântica ou de Fachada: utilizada pelos dominadores de fato visando sua perpetuação no poder ex.: constituição cubana de 1952 e constituição brasileira de 1967 e 1969. A constituição semântica é aquela constituição feita não para limitar o poder do governante, mas para perpetuar o governante que está no poder.
Nominal: apesar de válida do ponto de vista jurídico, não consegue conformar o processo político às suas normas, carecendo de força normativa adequada. O que impede ela ter uma força normativa adequada são os pressupostos econômicos e sociais.
Obs.: nos concursos públicos a constituição brasileira é considerada normativa, ex.: constituição de Weimar.
Normativa: as normas constitucionais efetivamente dominam o processo políticoex.: a constituição alemã de 1949. Alguns autores classificam a constituição brasileira como normativa.
Princípios Instrumentais de Direito Constitucional
Outras denominações: postulados normativos/meta-normas/princípios interpretativos.
Conceito: situadas no nível da argumentação jurídica, as meta-normas (ou postulados normativos) não estabelecem diretamente um dever de adotar determinadas condutas (regras), nem de promover um estado ideal de coisas (princípios), mas sim o modo como esses devem ser realizados. Esses princípios foram extraídos da obra de Konrade Hesse e Friedrich Muller.
Distinção entre princípios instrumentais e princípios materiais.
Os princípios materiais estabelecem um estado ideal de coisas a ser realizado (exemplo: isonomia, liberdade, dignidade humana).
Os princípios instrumentais são aqueles utilizados na interpretação e aplicação de outras normas.
Níveis do sistema jurídico, segundo Robert Alexy.
Primeiro nível: argumentação jurídica → atuação dos princípios instrumentais.
Segundo nível: princípios → princípio materiais
Terceiro nível: regras.
Princípio da unidade da Constituição
Conceito: a constituição deve ser interpretada de modo a evitar conflitos, contradições e antagonismos entre suas normas. É como se fosse uma subespécie da interpretação sistemática. Como a norma pertence a um sistema, ela deve ser interpretada em conjunto com as demais.
Exemplo:
Direito de propriedade e sua função social.
Proteção do consumidor e livre iniciativa.
Tese da hierarquia das normas constitucionais
O princípio da unidade da Constituição afasta a tese da hierarquia entre as normas de uma constituição. Esta tese foi defendida por Otto Bachof, na obra “Normas constitucionais inconstitucionais?”. Neste livro, o autor comenta situações nas quais algumas normas constitucionais seriam consideradas superiores, enquanto outras seriam inferiores.
Exemplo: STF, ADI 40/97.
O PSC ajuizou a ação para declarar a inconstitucionalidade do art. 14, § 3º, da CF, por violar normas superiores da CF, como a isonomia, o sufrágio universal, a não discriminação.
CF, art. 14, § 4º - São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.
O STF usou o princípio da unidade para afastar esta tese, e indeferiu a petição inicial por impossibilidade jurídica do pedido.
Princípio do Efeito Integrador
Conceito: nas resoluções de problemas jurídico-constitucionais, deve ser dada primazia às soluções que favoreçam a integração política e social, produzindo um efeito criador e conservador dessa unidade.
A ideia é que a Constituição Federal é o documento que serva para a integração comunitária.
Este princípio é, de certa forma, englobado pelo princípio da unidade.
Princípio da concordância prática ou harmonização
Conceito: cabe ao intérprete coordenar e combinar os bens jurídicos em conflito realizando a redução proporcional de cada um deles. Também é muito semelhante ao princípio da unidade.
Exemplo: STF e o direito à privacidade, no caso do sigilo bancário vs. arrecadação tributária eficiente.
Princípio da relatividade ou convivência das liberdades públicas
Conceito: não existem direitos absolutos, pois todos encontram limites em outros direitos ou interesses coletivos também consagrados na Constituição.
Na doutrina, alguns autores defendem que a dignidade da pessoa humana é um princípio absoluto. No entanto maior parte da doutrina considera que os direitos são sempre relativos.
Problema: ADPF 54 – Feto Anencefálico.
Pró antecipação terapêutica do parto: defendem com base no princípio da dignidade da pessoa humana da mãe.
Contra a antecipação terapêutica do parto: defendem com base no princípio da dignidade da pessoa humana do feto.
Bobbio considera dois direitos absolutos:
Direito a não ser torturado.
Direito a não ser escravizado.
Princípio da força normativa da Constituição
Conceito: na aplicação da Constituição, deve ser dada preferência às soluções concretizadoras de suas normas, que as tornem mais eficazes e permanentes. A principal função desse princípio é afastar interpretações divergentes, pois estas enfraquecem a força normativa da Constituição.
Exemplo: súmula 343 do STF: Não cabe ação rescisória por ofensa a literal dispositivo de lei, quando a decisão rescindenda se tiver baseado em texto legal de interpretação controvertida nos tribunais.
Todavia, quando a controvérsia se refere a interpretação de texto constitucional, o STF admite o cabimento de ação rescisória.
“Inaplicabilidade da Súmula 343 em matéria constitucional, sob pena de infringência à força normativa da Constituição e ao princípio da máxima efetividade da norma constitucional. Precedente do Plenário.”
O princípio é utilizado para relativizar a coisa julgada.
Princípio da Máxima Efetividade
Conceito: geralmente invocado no âmbito dos direitos fundamentais, este princípio impõe lhes seja atribuído o sentido que confira maior efetividade possível, para que ele possa cumprir sua função social. Este princípio se relaciona com o princípio da força normativa da Constituição. Alguns defendem que este princípio seria exclusivo dos direitos fundamentais.
Distinção entre Efetividade, Eficácia e Validade
Efetividade ou Eficácia Social: ocorre quando a norma cumpre sua finalidade, atinge o objetivo para o qual ela foi criada. Trata-se da produção de efeitos concretos, como pretendido pelo legislador.
Eficácia jurídica: é a aptidão da norma para cumprir os efeitos que lhe são próprios. Toda norma constitucional possui eficácia, mas nem toda possui efetividade.
Eficácia positiva: é a aptidão da norma para ser aplicada ao caso concreto independentemente de outra vontade intermediária.
Exemplo: CF, art. 53: Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos.
Contraexemplo: CF, art. 37, VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica.
Eficácia negativa: consiste na aptidão da norma para invalidar outras normas que lhes seja contrária. Toda norma constitucional possui eficácia negativa.
Validade. Trata da relação de conformidade de uma determinada norma com aquelas que estabelecem o seu procedimento de elaboração e limitam o seu conteúdo.
Greve de militares
A CF garante a greve na iniciativa privada e dos servidores públicos civis.
A CF proíbe expressamente greve dos militares das forças armadas.
E os policiais civis e militares? Não há nada expresso na Constituição, porém, o STF definiu que Policial Civil e Militar não tem direito de greve.
Princípio da Justeza ou Conformidade Funcional
Conceito: tem por finalidade impedir que os órgãos encarregados da interpretação constitucional cheguem a um resultado que subverta ou perturbe o esquema organizatório-funcional estabelecido pela constituição. Cada Poder agindo conforme a função que lhe foi atribuída. Trata-se de princípio dirigido especialmente ao STF.
Exemplo: a doutrina tem usado esse princípio para criticar a posição do Gilmar Mendes na Rcl 4335/AC, em torno da questão dos crimes hediondos.
O STF decidiu o HC 82.959/SP, entendendo que a vedação à progressão de regime é inconstitucional. Trata-se de controle difuso de constitucionalidade.
Na Rcl 4335/AC, Gilmar Mendes e Eros Grau entendeu que o efeito é erga-omnes da decisão no HC. No entanto: CF, art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal: X - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal.
Ao atribuir à sua própria decisão um efeito que não é constitucionalmente previsto e, por consequência, usurpar uma competência do Senado, este entendimento dos ministros Gilmar Mendes e Eros Grau seria incompatível com o princípio da conformidade funcional.
Controle de Constitucionalidade
Teoria Geral do Controle de Constitucionalidade
Supremacia da Constituição
O controle de constitucionalidade somente fazsentido se a Constituição possuir supremacia.
Duas espécies de supremacia: material e formal, sendo que para fins de controle de constitucionalidade, apenas a supremacia formal possui relevância.
Material (conteúdo): as normas constitucionais são dotadas de supremacia material por tratarem de certos assuntos considerados fundamentais: direitos fundamentais, estrutura do Estado e organização dos Poderes.
Trata-se das matérias constitucionais propriamente ditas, isto é, das normas constitucionais materiais.
Lembrando que norma constitucional formal é aquela que está na Constituição, mas não trata de tais assuntos.
Toda Constituição tem supremacia material.
Formal: a supremacia formal é uma característica exclusiva das constituições cujo processo de elaboração é mais solene que o das leis ordinárias, ou seja, das constituições rígidas.
Só possui supremacia forma as constituições rígidas, com a brasileira.
Parâmetro de Controle ou Norma de Referência ou Objeto
Distinção entre parâmetro e objeto:
Parâmetro é a norma constitucional atingida por um ato.
Objeto é o ato do Poder Público impugnado.
O que serve e não serve de parâmetro:
Podem ser invocadas como parâmetro para o controle de constitucionalidade todas as normas formalmente constitucionais (no sentido de ter procedimento mais solene).
A CF/88 possui três partes: i) preâmbulo; ii) parte permanente (art. 1º ao 250) e iii) atos das disposições constitucionais transitórias. A única parte da constituição que não pode ser invocada como parâmetro é o preâmbulo.
Princípios implícitos: servem de parâmetro também princípios constitucionais implícitos.
Tratados Internacionais de Direitos Humanos servem de parâmetro. Art. 5º, § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
O Pacto de San José da Costa Rica possui apenas supremacia material, pois não foi aprovado, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos.
No STF não prevalece o entendimento que qualquer Tratado Internacional de Direitos Humanos serve de parâmetro.
Há apenas um: decreto 6.949/2009, Promulga a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova York, em 30 de março de 2007.
Bloco de Constitucionalidade
Surgimento do termo. Surgiu no direito francês por Louis Favoreu. Esta expressão foi criada para designar normas com status constitucional. Na França, o bloco de constitucionalidade, além da Constituição, fazem parte dele a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1.789, o preâmbulo da Constituição francesa de 1.946, e os princípios formulados pelo Conselho Constitucional, como o princípio da dignidade da pessoa humana.
Acepções. O termo Bloco de Constitucionalidade, passou a ser utilizado em dois sentidos:
Sentido estrito: a expressão é utilizada no mesmo sentido de parâmetro para o controle. Sentido que o Min. Celso de Mello, na ADI 595/ES e ADI 514/PI.
Sentido amplo: abrange não apenas as normas constitucionais, mas também normas infraconstitucionais vocacionadas a desenvolver preceitos da Constituição.
Formas de Inconstitucionalidade
Quanto ao tipo de conduta praticada pelo Poder Público
No sentido que a Constituição utiliza, apenas cabe controle de constitucionalidade contra atos do Poder Público. Mas nada impede que haja inconstitucionalidade em atos de particulares, especialmente levando-se em conta a eficácia horizontal dos direitos fundamentais.
Duas formas de inconstitucionalidade levando-se em conta o prisma do ato do Poder Público:
Inconstitucionalidade por ação.
Definição: ocorre quando há uma conduta comissiva (ou seja, um agir) do Poder Público incompatível com a Constituição.
Exemplo: HC 82.959/SP, que definiu a inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei 8.072/90 (Crimes Hediondos).
Inconstitucionalidade por omissão.
Definição: ocorre quando o Poder Público se omite diante de um dever estabelecido pela Constituição. Normalmente, nesses casos, o parâmetro, ou seja, a norma constitucional ferida pela omissão constitucional, é dirigida diretamente ao Poder Público.
Exemplo: CF, art. 37, VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998).
Dois instrumentos/remédios para sanar a inconstitucionalidade por omissão.
Mandado de Injunção: assegurar direitos individuais. Art. 5º, LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania.
Ação direta de inconstitucionalidade por omissão (ADO)
Omissão parcial e total.
Total. CF, art. 37, VII. Como não houve lei nenhuma, a inconstitucionalidade é total.
Parcial. Exemplo: salário mínimo. O STF julgou que havia uma inconstitucionalidade por omissão parcial, pois o valor afixado era insuficiente. Nota-se que a inconstitucionalidade por omissão parcial se identifica com a inconstitucionalidade por ação parcial. Exemplo: Mandado de Injunção 708.
Fenômeno da erosão: quando os poderes públicos não cumprem o dever de legislar, estimulam o preocupante fenômeno da “erosão da consciência constitucional” consistente no processo de enfraquecimento funcional da Constituição escrita (expressão de Karl Loewenstein). ADI 1484/DF.
“A inércia estatal em adimplir as imposições constitucionais traduz inaceitável gesto de desprezo pela autoridade da Constituição e configura, por isso mesmo, comportamento que deve ser evitado.” Celso de Mello.
As omissões provocam na consciência das pessoas a ideia que a Constituição não tem eficácia, passando-as a desacreditar na Constituição.
Quanto à norma constitucional ofendida
Inconstitucionalidade Formal (nomodinâmica)
Inconstitucionalidade forma propriamente dita
Subjetiva
Objetiva
Inconstitucionalidade formal orgânica
Inconstitucionalidade forma por violação dos pressupostos objetivos.
Inconstitucionalidade Material (nomoestática)
Inconstitucionalidade formal propriamente dita.
Ocorre quando há violação de uma norma constitucional referente ao processo legislativo.
Exemplo: CF, art. 59 e seguintes estabelecem o processo legislativo. Ou seja, as normas que estabelecem a dinâmica de produção de outras normas.
Fases relevantes do Processo Legislativo:
Iniciativa
Quórum
Sanção e Veto
Promulgação
Publicação
Inconstitucionalidade formal subjetiva.
Ocorre quando a inconstitucionalidade formal decorre de um vício de iniciativa no processo legislativo.
Exemplo: CF, art. 61, § 1º - São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que: II - disponham sobre: c) servidores públicos da União e Territórios, seu regime jurídico, provimento de cargos, estabilidade e aposentadoria;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998)
ADI 3739
A sanção do Presidente sana o vício de iniciativa, em legislação sobre matéria a ele privativa?
Súmula 5 do STF superada: A sanção do projeto supre a falta de iniciativa do Poder Executivo.
O STF vem adotando o entendimento de que o vício de origem é insanável.
Inconstitucionalidade formal objetiva.
A inconstitucionalidade ocorre quando a norma violada se refere às demais fases do Processo Legislativo.
Exemplo: CF, art. 69. As leis complementares serão aprovadas por maioria absoluta (isto é, por mais de metade dos seus membros).
Inconstitucionalidade formal orgânica.
Ocorre quando a norma constitucional violada estabelece uma competência para legislar sobre determinada matéria. Refere-se ao órgão legislativo para legislar.
Exemplo: CF, art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho. Segundo o STF, Súmula 722, “são da competência legislativa da União a definição dos crimes de responsabilidade e o estabelecimento das respectivas normas de processo e julgamento.” A Constituição Estadual de São Paulo previu normas relativas ao julgamento do Governador em crimes de responsabilidade. ADI 2220/SP.
O STF não utiliza a expressão “inconstitucionalidade orgânica”, tratando apenas por inconstitucionalidade formal.
Inconstitucionalidade formal por violação de pressupostos objetivos
Ocorre quando a norma constitucional violada estabelece pressupostos objetivos para a criação de um ato infraconstitucional.
Exemplo: CF, art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
Requisitos para o controle de constitucionalidade por violação de pressupostos objetivos:
O STF admite a análise dos pressupostos constitucionais da Medida Provisória apenas quando a inconstitucionalidade for flagrante e objetiva.
Inconstitucionalidade material
Ocorre quando o conteúdo de um ato infraconstitucional viola o conteúdo de uma norma constitucional.
Princípio da unidade do ordenamento jurídico: princípio que impede que haja duas normas incompatíveis em seu conteúdo no mesmo ordenamento jurídico.
Quanto à extensão da inconstitucionalidade
A avaliação da inconstitucionalidade total ou parcial vai depender do prisma do qual se observa a lei:
Total: ocorre quando o vício atinge toda a lei ou quando atinge todo o dispositivo ao qual se esta fazendo referência.
Normalmente, uma inconstitucionalidade total decorre de uma inconstitucionalidade formal.
Exemplo: ADI 2808/ES
Parcial: ocorre quando o vício atinge apenas uma parte da lei ou uma parte de um determinado dispositivo.
Veto parcial presidência. CF, art. 66. A Casa na qual tenha sido concluída a votação enviará o projeto de lei ao Presidente da República, que, aquiescendo, o sancionará.§ 2º - O veto parcial somente abrangerá texto integral de artigo, de parágrafo, de inciso ou de alínea.
O mesmo não ocorre no controle jurisdicional de constitucionalidade. É possível declarar-se a inconstitucionalidade até de palavras e expressões, desde que a palavra ou expressão só seja admitida quando não alterar o sentido originário da norma. Exemplo: ADI 2645/MC/TO.
Quanto ao momento (em que ocorre a inconstitucionalidade)
Originária: ocorre quando o surgimento do objeto é posterior ao surgimento do parâmetro constitucional.
Superveniente: ocorre quando a criação da norma impugnada é anterior ao surgimento do parâmetro invocado.
Não recepção: a inconstitucionalidade superveniente é denominada de não recepção. No Brasil, prevalece a utilização da terminologia “não recepção”, não sendo utilizada a inconstitucionalidade “superveniente”. Na Constituição de Portugal, há menção expressa à inconstitucionalidade superveniente.
Exemplo: ADPF 130, que declarou não recepcionada a Lei de Imprensa pela Constituição Federal de 1988.
Ação cabível.
Por não se tratar de controle de constitucionalidade, mas sim de aferição da recepção ou não de determinada norma pela Constituição Federal, a ação cabível não é a ação direita, mas sim a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental.
Quanto ao prisma de apuração
Pressuposto: o fundamento de validade de um decreto é a lei, que por sua vez encontra seu fundamento de validade na Constituição.
Prisma de apuração:
Direta: ocorre quando o ato impugnado viola diretamente a Constituição. Ou seja, não há nada interposto entre o ato impugnado e a Constituição Federal.
Indireta.
Consequente: ocorre quando a inconstitucionalidade de um ato é uma consequência da inconstitucionalidade de outro.
Exemplo: decreto que regulamenta uma lei inconstitucional. Logo, o decreto é, por consequência, inconstitucional.
Teoria da inconstitucionalidade por arrastamento, também conhecida como inconstitucionalidade por atração ou inconstitucionalidade consequente de preceitos não impugnados, deriva de uma construção jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal. Portanto, não se encontra positivada em qualquer norma constitucional ou legal de nosso sistema jurídico. Por esta teoria, o Supremo Tribunal Federal poderá declarar como inconstitucional, em futuro processo, norma dependente de outra já julgada inconstitucional em processo do controle concentrado de constitucionalidade. 
Reflexa ou Mediata ou Oblíqua: ocorre quando um ato é diretamente ilegal e indiretamente inconstitucional.
“Tem-se inconstitucionalidade reflexa - a cuja verificação não se presta a ação direta - quando o vício de ilegitimidade irrogado a um ato normativo é o desrespeito à Lei Fundamental por haver violado norma infraconstitucional interposta, a cuja observância estaria vinculado pela Constituição.” (ADI 3132)
Diferença entre ambas: a diferença é basicamente uma, na indireta por consequência, o ato inconstitucional por consequência ocorre em decorrência da inconstitucionalidade de uma lei, e na reflexa, a lei é constitucional, mas o ato a viola, e por isso, ele é ilegal e, de forma reflexa, também inconstitucional.
Também é possível que um decreto seja legal e ao mesmo tempo inconstitucional.
Formas de Controle de Constitucionalidade
Quanto à natureza do órgão
Classificação quanto à natureza do órgão que exerce o controle:
Controle Jurisdicional: é aquele exercido por um órgão do Poder Judiciário.
Controle Político: é definido por exclusão. É aquele exercido por um órgão que não tem natureza jurisdicional.
Sistemas de Controle de Constitucionalidade. Da prevalência o controle pela natureza de um ou outro órgão, podemos definir sistemas distintos de controle de constitucionalidade:
Sistema Jurisdicional: o controle, em regra, é exercido pelo Poder Judiciário. Exemplo: Brasil e EUA.
Sistema Político: é adoto por países nos quais o controle de constitucionalidade não é exercido pelo Poder Judiciário.
Exemplo: Na França, existe um órgão chamando Conselho Constitucional. Este não é do Poder Judiciário. Trata-se de órgão de cúpula, mas não é órgão do Poder Judiciário. E, na França, o Poder Judiciário não exerce controle de constitucionalidade algum.
Sistema Misto: nos países que adotam este sistema, algumas leis são submetidas a controle política e outras a controle jurisdicional.
Exemplo: Suíça, onde leis nacionais são submetidas a controle pelo próprio Poder Legislativo e leis locais são objeto de controle pelo Poder Judiciário.
Quanto ao momento
Quanto ao momento, o Controle pode ser:
Preventivo
Repressivo
Preventivo: é aquele que ocorre durante o processo de elaboração do ato normativo. No Brasil, todos os três poderes exercem controle preventivo.
Poder Legislativo.
Comissões de Constituição e Justiça: é o principal órgão responsável pelo controle preventivo de constitucionalidade no Poder Legislativo. As CCJs podem, inclusive, ter parecer terminativo.
Plenário.
Poder Executivo.
Veto: CF, art. 66, § 1º - Se o Presidente da República considerar o projeto, no todo ou em parte, inconstitucional ou contrário ao interesse público, vetá-lo-á total ou parcialmente, no prazo de quinze dias úteis, contados da data do recebimento, e comunicará, dentro de quarenta e oito horas, ao Presidente do Senado Federal os motivos do veto.
Jurídico: veto quando o Presidente considera o projeto inconstitucional. Trata-se de controle de constitucionalidade preventivo.
Político: veto quando o Presidente considera o projeto contrário ao interesse público. Este não implica necessariamente em um controle de constitucionalidade.
Poder Judiciário
Excepcionalmente, o Poder Judiciário exerce controle preventivo, pois, em regra, ele exerce controle repressivo.
A única hipótese de controle preventivopelo Poder Judiciário é no caso de Mandado de Segurança impetrado por parlamentar por inobservância do devido processo legislativo constitucional. Detalhes:
Apenas o parlamentar da casa na qual o projeto esteja em tramitação pode impetrar o Mandado de Segurança.
O Mandado de Segurança é para proteger precipuamente um direito subjetivo do parlamentar.
O Mandado de Segurança apenas cabe em face de norma da Constituição. Se a norma for exclusiva do Regimento Interno não cabe.
Exemplo: CF, art. 60, § 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: I - a forma federativa de Estado; II - o voto direto, secreto, universal e periódico; III - a separação dos Poderes; IV - os direitos e garantias individuais.
Repressivo: em regra, quem exerce o controle repressivo é o Poder Judiciário. Mas há exceções.
Poder Legislativo:
Sustar atos. CF, art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional: V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa.
Decretos e Regulamentos. O congresso pode exercer o controle repressivo suspendendo a parte do decreto que extrapolou os limites do poder regulamentar. CF, art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução.
Leis Delegadas. Quando o Presidente da República exorbita os limites da delegação legislativa, o Congresso Nacional pode editar um decreto-legislativo suspendendo a parte da lei delegada que ultrapassou os limites. CF, art. 68. As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República, que deverá solicitar a delegação ao Congresso Nacional.
Obs: (i) o ato por meio do qual o Congresso Nacional suspende os atos normativos do Presidente é o decreto-legislativo; (ii) CF, art. 68, § 2º: A delegação ao Presidente da República terá a forma de resolução do Congresso Nacional, que especificará seu conteúdo e os termos de seu exercício.
Medidas Provisórias.
CF, art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
Dois aspectos do controle: i) aspectos formal/pressupostos objetivos (relevância e urgência); ii) aspecto material/conteúdo (CF, art. 62, § 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria..)
Trata-se de um controle também repressivo, já que a Medida Provisória tem eficácia/produz efeitos desde a sua edição.
Tribunal de Contas.
Súmula 347 do STF: O Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode apreciar a constitucionalidade das leis e dos atos do poder público.
O Tribunal de Contas é órgão auxiliar do Poder Legislativo. CF, art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete.
Apreciar não significa retirar/declarar uma lei inconstitucional, mas pode o Tribunal de Contas pode deixar de aplicá-la a um determinado caso concreto. “Questão importante: o Ministro Gilmar Mendes questiona a validade dessa súmula, propondo a revisão: “Assim, a própria evolução do sistema de controle de constitucionalidade no Brasil, verificada desde então, está a demonstrar a necessidade de se reavaliar a subsistência da Súmula 347 em face da ordem constitucional instaurada com a Constituição de 1988.”
 A súmula continua válida, não tendo ainda ocorrido o seu afastamento. Ver MS 29.123/MC/DF.
Poder Executivo.
Negar cumprimento. O chefe do Poder Executivo pode negar cumprimento a uma lei que entenda ser inconstitucional. Para isso, é necessário motivar e dar publicidade ao seu ato. Caso ele não motive ou não dê publicidade, e negue o cumprimento de lei, poderá incorrer em crime de responsabilidade.
Normalmente, isso é feito por meio de decreto.
O Chefe do Poder Executivo pode negar cumprimento até que haja uma decisão do Poder Judiciário no sentido da constitucionalidade do ato normativo.
Fundamentos:
Não existe hierarquia entre os poderes. Porque, então, o Poder Executivo e o Poder Judiciário se submetem às leis do Poder Legislativo? Porque, ao fazê-lo, eles estão se submetendo à Constituição. Trata-se do princípio da supremacia da Constituição. Logo, se uma lei é inconstitucional, o Poder Executivo de obediência primeiro à Constituição.
Exemplo: No caso do apagão, o Governador de MG Itamar Franco, negou cumprimento à Medida Provisória. Nesse caso, o STF decidiu em Medida Cautelar pela constitucionalidade da Medida Provisória.
Divergência.
Essa questão não é pacífica após a CF/88.
O Governador e o Presidente possuem legitimidade para propor Ação Direta de Inconstitucionalidade. Logo, ele não deve negar cumprimento, mas sim propor a ADI se ele julgar que determinada lei é inconstitucional.
Após a CF/88, não houve muitas decisões. Mas há julgados admitindo a negativa de cumprimento: STJ REsp 23.121/GO e STF ADI 221/MC/DF.
Três posicionamentos sobre a negativa de cumprimento:
Após a CF/88 → não pode.
Pode (STF e STJ)
Após a CF/88, o chefe do Poder Executivo pode negar cumprimento, mas, por uma questão de coerência, deve simultaneamente ajuizar uma ADI. Trata-se de entendimento pessoa de Gilmar Mendes, na AO 1415/SE. Obs.: o Prefeito não pode propor ADI, mas pode negar cumprimento.
Quanto à finalidade principal do Controle
Quanto à finalidade, o controle de constitucionalidade pode ser:
Concreto.
Abstrato.
A supremacia constitucional é protegida pelos dois modos (concreto e abstrato), pois ao se defender direitos, defende-se, reflexamente, a supremacia constitucional, assim como a defesa da supremacia constitucional acaba refletindo na proteção de direitos subjetivos.
Controle de Constitucionalidade Concreto.
Definição. É aquele que surge a partir de um caso concreto e que tem como principal finalidade a proteção de direitos subjetivos.
No controle concreto, a pretensão é deduzida em juízo por meio de um processo constitucional subjetivo.
A inconstitucionalidade é apenas uma questão incidental em um processo que visa assegurar um direito subjetivo.
Outras denominações: controle incidental, controle por via de exceção, ou por via de defesa.
Controle de Constitucionalidade Difuso.
No controle abstrato, a pretensão é deduzida em juízo por meio de um processo constitucional objetivo. Visa à proteção da ordem constitucional objetiva.
A inconstitucionalidade da lei não é incidental, mas sim a questão principal.
Quanto à competência jurisdicional
Por ser jurisdicional, só vale para o Poder Judiciário. Quanto à competência jurisdicional, o controle pode ser:
Difuso
Concentrado
Regra: todo controle difuso é concreto e todo controle concentrado é abstrato. Exceção: ADI Interventiva e ADPF Incidental (exemplos de controle concentrado concreto). No Brasil, todo controle difuso é também concreto, não há exceções.
Difuso:
Definição. É aquele que pode ser exercido por qualquer juiz ou tribunal. Também é chamado de controle aberto, pois não existe reserva para o exercício desse controle ou de americano, por ter surgido nos EUA.
Histórico (surge nos EUA):
Primeiro precedente: Hayburn´s Case (1792). Foi reconhecida a inconstitucionalidade, mas a decisão foi proferida pelas “cortes do circuito”.
Segundo precedente: Case Hylton vs. USA (1796). Foi julgado pela Suprema Corte, no entanto, esta declarou a constitucionalidade da lei.
Terceiro precedente: Caso Marbury vs. Madison, decidido pelo juiz Marshal. Esse é considerado o caso no qual surge o controle difuso de constitucionalidade, pois este foi o primeiro caso no qual a Suprema Corte decidiu pela inconstitucionalidade de lei, além de assentar os fundamentos filosóficos do controle.
No Brasil, o controle difuso surge na Constituição de 1891 (primeira Constituição da República).
Concentrado.
Definição: éaquele cuja competência é reservada a determinado órgão do Poder Judiciário. Conhecido como sistema austríaco, pois foi criado na Áustria, em 1920, em ideia de Hans Kelsen.
No Brasil, o Controle Concentrado foi introduzido pela EC 16/1965, na Constituição de 1946.
Misto.
O sistema jurisdicional brasileiro adota um modelo de controle misto ou combinado. Vale dizer, o controle jurisdicional pode ser difuso ou concentrado.
Não confundir com o sistema misto (na tripartição de Político, Jurisdicional e misto), pois o sistema brasileiro é Jurisdicional Misto.
Controle Difuso de Constitucionalidade
Aspectos Gerais
Competência: qualquer órgão do Poder Judiciário.
Legitimidade: qualquer pessoa que tenha um direito subjetivo violado por um ato do Poder Público incompatível com a Constituição.
Parâmetro: norma constitucional revogada pode servir de parâmetro no controle difuso? Sim, qualquer norma formalmente constitucional, mesmo que já tenha sido revogada, pode servir de parâmetro. Uma norma revogada pode produzir efeitos durante a sua vigência (tempus regit actum). No controle difuso concreto, o que deve ser levado em consideração é a Constituição e a lei vigentes na época em que o fato ocorreu.
Objeto. No controle difuso concreto não existe qualquer restrição em relação à natureza do ato. Mesmo atos privados podem ser objeto de controle, como um possível contrato inconstitucional.
Efeitos da decisão (no controle difuso exercido pelo STF)
Aspecto Subjetivo: a regra é o efeito inter partes. Não atinge terceiros. Exemplo: RCL 10.403/RJ de 2010.
Aspecto Objetivo: refere-se à parte da decisão na qual a inconstitucionalidade é apreciada.
O pedido é a proteção de um direito subjetivo.
A inconstitucionalidade somente é discutida na fundamentação, não sendo apreciada no pedido. Por isso, a questão da inconstitucionalidade é incidental (incidenter tantum).
Aspecto Temporal.
Em regra, efeitos ex tunc (retroativo).
No Brasil, a lei inconstitucional tem natureza de ato nulo.
Se a lei inconstitucional é ato nulo, seu vício é de origem. Sendo assim, os efeitos da declaração de inconstitucionalidade retroagem à data de sua criação.
Logo, a declaração de inconstitucionalidade, em regra, tem efeitos ex tunc.
Exceção da regra do efeito ex tunc.
Possibilidade de “modulação temporal” dos efeitos da decisão.
Isso pode fazer com que os efeitos da decisão tenha efeitos ex nunc ou pro futuro.
Requisitos para a modulação temporal:
razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social;
a decisão deve ser proferida por maior de dois terços, isto é, oito ministros.
Não há previsão expressa dessa modulação. O STF a aplica por analogia ao art. 27, da Lei 9.868/99: Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, e tendo em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o Supremo Tribunal Federal, por maioria de dois terços de seus membros, restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado.
Exemplos: Ex nunc: RE 556.664/RS; Ex tunc: RE 197.917/SP, AI 531.013/AGR/RJ – STF menciona a modulação temporal
Papel do Senado.
O Controle Difuso de Constitucionalidade tem efeito inter partes. Logo, quando o STF julga a inconstitucionalidade de uma lei, em decisão definitiva, a Constituição Federal prevê, no art. 52, X, a possibilidade do Senado, por meio de resolução, suspender a execução da lei declarada inconstitucional. Trata-se de mecanismo constitucional que torna erga omnes os efeitos que são normalmente inter partes da decisão em controle difuso.
CF, art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal: X - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal.
Este dispositivo somente tem aplicação no Controle Difuso (RI STF, art. 108).
Cláusula de Reserva de Plenário
CF, art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público.
No âmbito dos tribunais, não pode haver declaração de inconstitucionalidade pelos órgãos fracionados, mais apenas pelo pleno ou órgão especial (se este existir).
Ação Civil Pública como instrumento de controle
Possibilidade de Admissão. O STJ e o STF admitem a possibilidade de utilização da Ação Civil Pública como instrumento de controle incidental. Para que não haja uma usurpação de competência do STF, a inconstitucionalidade não pode ser objeto do pedido, mas apenas o seu fundamento ou uma questão incidental. (STJ, REsp 557.646 e REsp 294.022; STF RE 227.159 e RCL 1733).
Requisito. A inconstitucionalidade não pode ser objeto do pedido. Caso contrário, a Ação Civil Pública estará sendo utilizada como um sucedâneo da ADI. Logo, a inconstitucionalidade deve ser sempre uma questão incidental.
Remédio em caso de usurpação. Caso a Ação Civil Pública seja utilizada como espécie de ADI, admite-se a propositura de Reclamação perante o STF.
Cláusula de Reserva de Plenário (full bench)
CF, art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público.
Aplicação:
A regra se aplica apenas aos tribunais, e não aos juízes singulares e turmas recursais dos juizados especiais, não se aplicando ao próprio STF, no julgamento, por seus órgãos fracionários, do Recurso Extraordinário.
Deve ser observada tanto no exercício do controle difuso, como no concentrado.
No controle difuso, a declaração de constitucionalidade não precisa ser remetida ao pleno ou órgão especial.
Incidente de inconstitucionalidade no âmbito dos tribunais: arguida a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público, a turma decidirá sobre a inconstitucionalidade. Se esta for reconhecida, a questão deverá ser remetida para o pleno ou órgão especial. Ou seja, a questão somente é remetida ao pleno ou órgão especial se for reconhecida a inconstitucionalidade (CPC, arts. 480 a 482).
Divisão horizontal de competência funcional entre o plenário ou órgão especial e a turma que decide o caso: o julgamento do caso concreto é feito pelo órgão fracionário, e o pleno/órgão especial apenas avaliará a constitucionalidade da lei em concreto.
Exceções à cláusula de reserva de plenário (casos em que a inconstitucionalidade pode ser reconhecida pelo órgão fracionário):
CPC, art. 481, Parágrafo único. Os órgãos fracionários dos tribunais não submeterão ao plenário, ou ao órgão especial, a arguição de inconstitucionalidade, quando já houver pronunciamento destes ou do plenário do Supremo Tribunal Federal sobre a questão.
Vinculação horizontal: a decisão do pleno/órgão especial acerca da constitucionalidade vincula os órgãos fracionários do respectivo Tribunal (e não os juízes de 1º grau, nem outros órgãos do Poder Judiciário).
Vinculação vertical: decisão do pleno do STF sobre a matéria vincula o pleno/órgão especial dos demais Tribunais.
Hipóteses de desnecessidade de observância:
Reconhecimento da constitucionalidade.
Casos de interpretação conforme a Constituição.
Normas pré-constitucionais (casos de não-recepção, e não de inconstitucionalidade).
Consequência da inobservância da cláusula de reserva de plenário: nulidade absoluta da decisão proferida pelo órgão fracionário.
Súmula Vinculante nº 10
Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público, afasta sua incidência, no todo ou em parte.
O objetivo da Súmula é evitar declarações de inconstitucionalidade escamoteadas, não se aplicando aos casos de interpretação conforme de uma lei, ou quando uma lei não é aplicadaao caso concreto por circunstâncias específicas deste, como na interpretação ab-rogante, na qual a incidência de uma regra específica é afastada para a aplicação de um princípio geral ou de um grupo de princípios.
Controle Concentrado Abstrato de Constitucionalidade
Três ações serão estudadas:
Lei 9.868/99:
Ação Direita de Inconstitucionalidade (ADI)
Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC)
Lei 9.882/99:
Ação de Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF)
Introdução
Caráter dúplice. A ADI e a ADC possuem um caráter dúplice ou ambivalente. Isto é, são ações com o sinal trocado. Ambas possuem a mesma natureza, o que se muda é que em uma se pede a declaração da constitucionalidade, e, na outra, o reconhecimento de sua inconstitucionalidade.
Lei da ADI/ADC, art. Proclamada a constitucionalidade, julgar-se-á improcedente a ação direta ou procedente eventual ação declaratória; e, proclamada a inconstitucionalidade, julgar-se-á procedente a ação direta ou improcedente eventual ação declaratória.
O STF reúne as ações quando versarem sobre a mesma lei, o que ocorreu com as ADC 19 e ADI 4277, no julgamento da Lei Maria da Penha.
Pressuposto de admissibilidade específico da ADC – controvérsia judicial relevante. A ADC possui um pressuposto de admissibilidade específico que a ADI não apresenta, que é a “controvérsia judicial relevante”. Isso porque, as leis possuem presunção de constitucionalidade. Logo, é preciso que haja uma razão plausível para que se requeira a declaração e sua constitucionalidade.
Lei da ADI/ADC, art. 14. A petição inicial indicará: III - a existência de controvérsia judicial relevante sobre a aplicação da disposição objeto da ação declaratória.
Requisito específico da ADPF – caráter subsidiário. Só é cabível ADPF quando não existir outro meio igualmente eficaz para sanar a lesividade.
Meio igualmente eficaz – deve ter a mesma efetividade, amplitude e imediatidade da ADPF.
Normalmente, o meio igualmente eficaz é a ADI e ADC, pois dificilmente haverá outro meio que seja tão efetivo, amplo e imediato que não sejam estas duas ações.
Não cabe ADPF contra Súmula Vinculante. O STF entendeu que o Pedido de Revisão ou Cancelamento de Súmula Vinculante é meio tão eficaz quanto à ADPF. Assim, o STF rejeita ADPF que questiona a constitucionalidade de súmula vinculante.
Lei 11.417/2006 - Disciplina a edição, a revisão e o cancelamento de enunciado de súmula vinculante pelo Supremo Tribunal Federal.
Aspectos comuns a ADI, ADC e ADPF
Inadmissibilidade de intervenção de terceiros. Não se admite desistência (princípio da indisponibilidade), assistência, nem intervenção de terceiros (ver amicus curiae). A assistência não é mencionada expressamente, mas está prevista no Regimento Interno do STF.
Lei ADI/ADC, art. 18. Não se admitirá intervenção de terceiros no processo de ação declaratória de constitucionalidade.
Causa de pedir aberta. A causa de pedir é aberta, ou seja, abrange todos os dispositivos da Constituição, independentemente daqueles que foram invocados na inicial. O STF não está adstrito ao dispositivo constitucional invocado como parâmetro.
Por isso, o que identifica a identidade entre duas ações (ADI, ADC e ADPF) é apenas o pedido (sendo irrelevante a causa de pedir e a parte autora).
Irrecorribilidade. A decisão de mérito é irrecorrível, salvo embargos declaratórios. Também não cabe ação rescisória.
Lei ADI/ADC, art. 26. A decisão que declara a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade da lei ou do ato normativo em ação direta ou em ação declaratória é irrecorrível, ressalvada a interposição de embargos declaratórios, não podendo, igualmente, ser objeto de ação rescisória.]
Legitimidade ativa
Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade: I - o Presidente da República; II - a Mesa do Senado Federal; III - a Mesa da Câmara dos Deputados; IV - a Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal; V - o Governador de Estado ou do Distrito Federal; VI - o Procurador-Geral da República; VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; VIII - partido político com representação no Congresso Nacional; IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.
Considerações gerais:
A legitimidade ativa é idêntica na ADI, ADC e ADPF.
A finalidade principal do controle abstrato de constitucionalidade é a própria supremacia da Constituição Federal. Assim, qualquer um tem, em tese, interesse no objeto da ação. Por isso, a CF limita os legitimados.
O art. 103 da CF não menciona a ADPF, no entanto, a Lei da ADPF afirma expressamente, em seu art. 2º, que “podem propor arguição de descumprimento de preceito fundamental os legitimados para a ação direta de inconstitucionalidade.”
O rol de legitimados é exaustivo. Trata-se de numerus clausus.
Legitimados universais vs. legitimados especiais. Os legitimados ativos especiais precisam demonstrar a existência de pertinência temática, o que não é exigido dos legitimados universais.
Pertinência temática: nexo de causalidade entre o interesse defendido pelo legitimado ativo e o objeto impugnado.
	
	Executivo
	MP
	Legislativo
	Judiciário
	Outros
	Universais
(União)
	Presidente
	PGR
	Mesas: Câmara e do Senado
	Nada!
	Partido Político (com rep. no C.N.) e OAB
	Especiais
(Estados)
	Governador
	Nada!
	Mesas: AL e Câmara Legislativa
	Nada!
	C. S. e E. C., ambas de âmbito nacional.
Questões pertinentes:
Vice Presidente e Vice Governador não possuem legitimidade, exceto quando ele estiver em exercício. Caso a ação seja proposta quando o Vice não mais estiver na titularidade, esta será rejeitada.
Mesa do Congresso Nacional não possui legitimidade
Partido Político que, no curso da ação, perde o seu único representante no Congresso Nacional. O entendimento do STF é de que a legitimidade do Partido Político deve ser aferida no momento da propositura da ação. Portanto, ainda que o partido perca o seu único representante após a propositura da ação, a legitimidade ativa permanece.
O que se entende por âmbito nacional - Confederação Sindical com âmbito nacional.
Estrutura sindical:
Local – Sindicato.
Estadual – Federação.
Nacional – Confederação.
A entidade deve ser representativa de uma única determinada categoria profissional, social ou econômica.
Logo, CUT e CGT não possuem legitimidade ativa.
O que se entende por nacional?
Por analogia com a Lei dos Partidos Políticos (Lei 9.096/95, art. 7º, § 1º), a entidade deve estar presente em pelo menos um terço dos Estados (ou seja, nove estados).
Exceção: quando a atividade desempenhada pelo legitimado possui relevância nacional, ainda que a entidade não esteja presente em no mínimo nove Estados (ADI 2866 - inaplicabilidade, no caso, do critério adotado para a definição do caráter nacional dos partidos políticos, haja vista a relevância nacional da atividade dos associados da ABERSAL, não obstante a produção de sal ocorrer em poucas unidades da federação.)
As Confederações Sindicais e as Entidades de Classe podem ser compostas por Pessoas Jurídicas (entendimento alterado pelo STF).
Capacidade postulatória
Dentre os legitimados, os únicos que não têm capacidade postulatória são os Partidos Políticos e as Confederações Sindicais e as Entidades de Classe de âmbito nacional.
Objeto
Natureza
CF, art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: I - processar e julgar, originariamente: a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal; § 1.º A arguição de descumprimento de preceito fundamental, decorrente desta Constituição, será apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei.
ADI/ADC → Lei ou ato normativo.
ADI/ADC/ADPF somente admitem violação direta. Ou seja,não se admite a inconstitucionalidade reflexa ou oblíqua.
Leis de efeitos concretos podem ser objeto de ação direta.
Leis de efeitos concretos são aquelas que têm um destinatário certo ou objeto determinado (isto é, não são gerais e abstratas).
ADPF → Lei, ato normativo e qualquer ato do Poder Público (cf. art. 1º da Lei 9882/99).
Lei 9882/99, art. 1o A arguição prevista no § 1o do art. 102 da Constituição Federal será proposta perante o Supremo Tribunal Federal, e terá por objeto evitar ou reparar lesão a preceito fundamental, resultante de ato do Poder Público.
Ou seja, determinados atos que não podem ser objeto de ADI/ADC, como decisões judiciais, podem ser objeto de ADPF (ADPF 101 – pneus usados).
Exegese do dispositivo. O objeto é o ato do Poder Público, o objetivo é evitar ou reparar a lesão a preceito fundamental.
Atos que o STF entende que não podem ser objeto de ADI/ADC:
Atos tipicamente regulamentares.
P. ex., decretos podem ser admitidos como objeto, salvo se estiverem regulamentado lei, como no caso dos decretos autônomos. ADI 3664.
Normas constitucionais originárias.
Trata-se da aplicação do princípio da unidade da Constituição. ADI 4097
Leis ou normas de efeitos concretos já exauridos.
ADI 2980
Leis ou atos normativos com eficácia suspensa pelo Senado (CF, art. 52, X). ADI 15.
Norma declarada constitucional pelo pleno do STF, ainda que no controle difuso.
Exceção (ADI 4070 – AGR):
Quando houver mudanças significativas na situação fática.
Superveniência de novos argumentos nitidamente relevantes.
Leis revogadas.
Exceção: fraude processual. Ocorre quando as leis são sucessivamente revogadas com a intenção de burlar a jurisdição constitucional. ADI 3306.
Leis temporárias.
Exceção:
Impugnação em tempo adequado e sua inclusão em pauta antes do exaurimento da eficácia.
Quando, apesar do fim do lapsto temporal fixado para sua duração, ela produzir efeitos para o futuro. ADI 4426.
Na ADI 1244-Q.O. o Min. Gilmar Mendes propõe a revisão desse entendimento, por violação do princípio da máxima efetividade e da força normativa da Constituição.
Atos que o STF não admite como objeto da ADPF.
Proposta de Emenda à Constituição (ADPF 43 0 AGR). Pois PEC não é um ato completo, tratando-se de ato ainda em formação.
Veto presidencial (jurídico e político). Trata-se de ato de natureza política que não cabo ao Poder Judiciário analisar.
Súmulas comuns (ADPF 80 – AGR) e Vinculantes (ADPF 147 – AGR).
No caso de súmulas comuns, seus enunciados surgem a partir da consolidação da jurisprudência. Este também deve ser o meio pelo qual se revê uma súmula.
No caso de súmulas vinculantes, a Lei 11.417/2006, prevê o procedimento próprio para sua revisão. Logo, não cabe ADPF dado o seu caráter subsidiário.
Atos tipicamente regulamentares (ADPF 169 e 192), por se tratar de inconstitucionalidade meramente reflexa ou oblíqua.
Aspecto temporal
ADI/ADC. Apenas admitem como objeto atos criados após o surgimento do parâmetro. A lei ou ato normativo devem ter sido criados posteriormente ao parâmetro invocado. Isto é, não se admite aferição de inconstitucionalidade superveniente.
ADPF. Admite como objeto atos anteriores e posteriores à criação do parâmetro invocado. Ou seja, admite-se a aferição de inconstitucionalidade superveniente, tratada como “não recepção”. Isso porque, descumprimento de preceito fundamental é conceito mais amplo que inconstitucionalidade.
Fungibilidade: O STF converte ADI em ADPF quando não for cabível aquela, mas for cabível esta.
Aspecto espacial
ADC → Lei ou ato normativo federal.
ADI → Lei ou ato normativo federal e estadual.
ADPF → Ato do Poder Público federal, estadual e municipal.
DF. As leis distritais tratam de matéria de competência estadual e municipal. Logo:
ADC → não cabe ADC contra leis distritais.
ADI → cabe ADI contra leis distritais no exercício de competência estadual.
STF, súmula 642. Não cabe ação direta de inconstitucionalidade de lei do Distrito Federal derivada da sua competência legislativa municipal.
ADPF → cabe ADF contra qualquer lei distrital.
Lei 9882/99, art. 1º, Parágrafo único. Caberá também argüição de descumprimento de preceito fundamental: I - quando for relevante o fundamento da controvérsia constitucional sobre lei ou ato normativo federal, estadual ou municipal, incluídos os anteriores à Constituição.
Liminar e decisão de mérito
Quorum
Ministros presentes para ocorrer o Julgamento: 8 Ministros (2/3).
Mérito: maioria absoluta (6 Ministros).
Lei 9868/99, art. 23. Efetuado o julgamento, proclamar-se-á a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade da disposição ou da norma impugnada se num ou noutro sentido se tiverem manifestado pelo menos seis Ministros, quer se trate de ação direta de inconstitucionalidade ou de ação declaratória de constitucionalidade. Parágrafo único. Se não for alcançada a maioria necessária à declaração de constitucionalidade ou de inconstitucionalidade, estando ausentes Ministros em número que possa influir no julgamento, este será suspenso a fim de aguardar-se o comparecimento dos Ministros ausentes, até que se atinja o número necessário para prolação da decisão num ou noutro sentido.
Liminar.
Regra: maioria absoluta de seus membros. Ou seja, a liminar é uma decisão do pleno (6 Ministros).
Exceções:
Período de recesso, a liminar é concedida pelo Presidente do STF.
Fora do período de recesso, mas havendo urgência e relevância, o Relator poderá conceder liminar.
Lei 988/99, art. 5o O Supremo Tribunal Federal, por decisão da maioria absoluta de seus membros, poderá deferir pedido de medida liminar na argüição de descumprimento de preceito fundamental. § 1o Em caso de extrema urgência ou perigo de lesão grave, ou ainda, em período de recesso, poderá o relator conceder a liminar, ad referendum do Tribunal Pleno.
Efeitos da Decisão
Regra geral (tanto para decisão de mérito quanto para liminar).
Efeitos erga omnes.
Efeito vinculante.
Efeitos específicos da liminar.
ADI/ADC. Suspende-se o julgamento de processos.
Lei 9868/99, art. 21. O Supremo Tribunal Federal, por decisão da maioria absoluta de seus membros, poderá deferir pedido de medida cautelar na ação declaratória de constitucionalidade, consistente na determinação de que os juízes e os Tribunais suspendam o julgamento dos processos que envolvam a aplicação da lei ou do ato normativo objeto da ação até seu julgamento definitivo.
O STF aplica esse artigo à ADI, por analogia, já que o dispositivo apenas menciona a ADC.
Prazo é de 180 dias. Em tese, após esse prazo, a liminar perde eficácia. Mas o STF vem prorrogando o prazo reiteradamente.
ADPF, Lei 9.882, art. 5º, § 3º.
Lei 9.882, art. 5º, § 3º - A liminar poderá consistir na determinação de que juízes e tribunais suspendam o andamento de processo ou os efeitos de decisões judiciais, ou de qualquer outra medida que apresente relação com a matéria objeto da argüição de descumprimento de preceito fundamental, salvo se decorrentes da coisa julgada.
Efeitos erga omnes vs. efeito vinculante.
Diferença quanto ao aspecto subjetivo.
Erga omnes: atinge a todos, tanto particulares quanto poderes públicos.
Vinculante: atinge diretamente apenas alguns poderes públicos. Refere-se ao Poder Judiciário (exceto o STF) e à administração pública, direta e indireta, em âmbito federal, estadual e municipal.
O Legislador não fica vinculado pela decisão do STF. A rigor, a decisão do STF não vincula atos relativos à função legiferante.
A não vinculação do STF e do legislador tem por finalidade evitar o inconcebível fenômeno da fossilização da Constituição.
CF, art. 102, § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, nas ações diretas de inconstitucionalidade e nas ações declaratórias de constitucionalidade produzirão eficácia contra todos e efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta

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