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3 - Tributário

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CADERNO DE DIREITO TRIBUTÁRIO
1	Princípios Constitucionais Tributários
1.1	Princípio da isonomia
1.1.1	Princípio da isonomia entre os entes da federação
1.1.1.1	Princípio da uniformidade geográfica
1.1.1.2	Princípio da proibição de isenções heterônomas
1.1.1.3	Princípio da proibição de discriminação de bens e serviços
1.1.2	Princípio da isonomia entre contribuintes
1.2	Princípio da capacidade contributiva
1.2.1	Progressividade
1.2.2	Seletividade
1.2.3	Conceito de carga tributária
1.3	Princípio do não confisco
1.4	Princípio da legalidade tributária
1.4.1	Estrita legalidade/reserva legal/tipicidade fechada
1.5	Princípio da anterioridade tributária
1.5.1	Exceções ao princípio da anterioridade tributária
1.6	Princípio da irretroatividade da lei tributária
1.6.1	CTN, art. 106 – hipóteses de retroatividade
1.6.2	CTN, art. 144, § 1º - retroação da lei tributária na confecção do lançamento tributário
2	Imunidades Tributárias
2.1	Introdução
2.2	Perspectivas conceituais
2.3	Imunidades do art. 150, VI da Constituição Federal
2.3.1	Imunidade recíproca (CF, art. 150, VI, “a”)
2.3.2	Imunidade de templos de qualquer culto (CF, art. 150, VI, “b”)
2.3.3	Imunidade de partidos políticos, entidades sindicais dos trabalhadores, instituições de educação e de assistência social (CF, art. 150, VI, “c”)
2.3.3.1	Requisitos para a imunidade
2.3.4	Questões relevantes aplicáveis aos entes imunes das alíneas “b” e “c”
2.3.4.1	Imunidade ao ICMS e a questão dos tributos indiretos
2.3.4.2	Imunidade ao IPTU
2.3.4.3	Equiparação das entidades de previdência privada a entidades de assistência social
2.3.5	Imunidade dos livros, jornais, periódicos e do papel destinado à sua impressão
2.3.5.1	Conteúdo dos livros, jornais e periódicos
2.3.5.2	Insumos utilizados na produção
2.3.5.3	Livros eletrônicos
3	Tributos (Sistema Tributário Nacional)
3.1	Conceito de tributo
3.2	Espécies tributárias
3.2.1	Impostos
3.2.2	Ideias comuns a contribuições de melhoria e à taxa
3.2.3	Taxa
3.2.3.1	Taxa de Polícia
3.2.3.2	Taxa de Serviço
3.2.4	Contribuição de melhoria
3.2.5	Empréstimos compulsórios
3.2.6	Contribuições
3.2.6.1	Contribuições profissionais
3.2.6.2	Contribuições interventivas (contribuições de intervenção no domínio econômico – CIDEs)
3.2.6.3	Contribuições sociais
4	Fenômeno da incidência tributária
5	Obrigação Tributária
5.1	Sujeito ativo
5.2	Sujeito passivo
5.3	Objeto
5.4	Causa da Obrigação Tributária
5.4.1	Lei vs. Legislação
6	Responsabilidade Tributária
6.1	Aspectos gerais
6.2	Hipóteses de responsabilidade tributária (CTN, arts. 130 a 135)
6.3	Denúncia espontânea
7	Crédito Tributário
7.1	Generalidades sobre o crédito tributário
7.2	Lançamento
7.2.1	Definição
7.2.2	Regras gerais para a realização do lançamento (CTN, arts. 144 e 148)
7.2.2.1	CTN, art. 144.
7.2.2.2	CTN, art. 148 – Arbitramento da base de cálculo
7.2.3	Lançamento misto ou por declaração (CTN, art. 147)
7.2.4	Lançamento por homologação ou “autolançamento” (CTN, art. 150)
7.2.5	Lançamento de ofício (CTN, art. 149)
7.2.5.1	Casos clássicos de lançamento de ofício
7.2.5.2	Lançamento substitutivo
7.2.5.3	Situações de revisão de lançamento anterior
7.3	Decadência
7.4	Constituição do crédito tributário pelo sujeito passivo
7.5	Suspensão do crédito tributário
7.5.1	Considerações gerais
7.5.2	Moratória
7.5.3	Depósito do montante integral
7.5.4	Reclamações e recursos administrativos
7.5.5	Concessão de liminar em mandado de segurança e de tutela antecipada em outras ações
7.5.6	Parcelamento
7.6	Exclusão do crédito tributário
7.6.1	Aspectos gerais
7.6.2	Isenção
7.6.3	Anistia
7.7	Extinção do crédito tributário
7.7.1	Compensação
7.7.2	Remissão
7.7.3	Homologação do pagamento antecipado, nos termos do lançamento por homologação
8	Execução Fiscal: A Cobrança Judicial do Crédito Tributário
8.1	Prescrição (para a Fazenda)
8.2	Medidas preparatórias da execução fiscal
8.2.1	Inscrição em dívida ativa
8.2.2	CDA - Certidão da Dívida Ativa
8.3	Processo de execução fiscal
8.3.1	Causas de interrupção da prescrição e a prescrição intercorrente
8.3.2	Procedimento da execução fiscal (andamento)
9	Garantias e Privilégios do Crédito Tributário
9.1	Garantias do débito tributário
9.2	Privilégios do crédito tributário
10	Tributos em Espécie
10.1	Impostos reais – progressividade de alíquotas
10.1.1	Generalidades
10.1.2	ITR
10.1.3	IPTU
10.1.4	Alíquotas diferenciadas (IPTU e IPVA)
10.1.5	ITCMD e ITBI
10.2	ISS – Imposto Sobre Serviços
10.3	ICMS
10.4	IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados
10.5	Imposto de Renda
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Princípios Constitucionais Tributários
Valores relevantes para o direito tributário: justiça e certeza.
Princípios decorrentes do valor justiça:
Isonomia
Capacidade contributiva
Não confisco.
Princípios decorrentes do valor certeza ou segurança jurídica:
Legalidade
Anterioridade
Irretroatividade
Princípio da isonomia
Dois blocos de análise:
Igualdade entre os entes da federação.
Igualdade entre os contribuintes.
Princípio da isonomia entre os entes da federação
Definição: entre os entes da federação não há hierarquia.
Princípio da uniformidade geográfica
CF, art. 151. É vedado à União: I - instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em detrimento de outro, admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento sócio-econômico entre as diferentes regiões do País;
Definição: trata-se de uma proibição à União quanto à criação de tribunos que não sejam uniformes em todo o território nacional.
Exceção: a uniformidade geográfica pode ser afastada para buscar maior equilíbrio entre as diversas regiões do país (p. ex., Zona Franca de Manaus).
Princípio da proibição de isenções heterônomas
CF, art. 151. É vedado à União: III - instituir isenções de tributos da competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios;
Definição: a competência para isentar decorre exclusivamente da competência de tributar, ou seja, veda-se aos entes em conceder isenções de tributos fora de sua competência.
Isenções heterônomas: é aquela imposta por terceiro em relação ao ente que detém competência para tributar, obrigando-o a deixar de tributar em determinadas hipóteses, embora com competência constitucional para tanto. Ou seja, são isenções criadas pela União e relativas a tributos estaduais e municipais (ou seja, quem não tem a competência tributária não pode criar uma isenção)
Hipóteses de não configuração (“exceções/mitigações”):
Lei Complementar que estabelece isenção de ICMS/ISS
Competências tributárias:
ICMS → Estados e DF.
ISS → Municípios e DF.
As normas gerais do ICMS e ISS são reguladas por Lei Complementar nacional, ou seja, de observância por todos os entes da federação.
ICMS → LC 87/96.
ISS → LC 116/2003.
Admite-se a criação de isenção heterônoma conforme a CF, art. 146, III.
Art. 146. Cabe à lei complementar: III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre: a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes;
ICMS: lei complementar federal poderá isentar de ICMS exportações de produtos (CF, art. 155, §2º, XII, “e”).
ISS: lei complementar federal poderá isentar de ICMS exportações de serviços (CF, art. 156, §3º, II).
Tratados internacionais
Natureza dos tratados: não são normas firmadas pela União, mas sim pela República Federativa do Brasil, isto é, pela nação, e, sendo assim, pode alcançar todos os entes da federação.
O Tribunal deu provimento a recurso extraordinário interposto contra acórdão do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul que entendera não recepcionada pela CF/88 a isenção de ICMS relativa a mercadoria importadade país signatário do Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio - GATT, quando isento o similar nacional. Discutia-se, na espécie, a constitucionalidade de tratado internacional que institui isenção de tributos de competência dos Estados-membros da Federação - v. Informativo 137. Entendeu-se que a norma inscrita no art. 151, III, da CF ("Art. 151. É vedado à União: ... III - instituir isenções de tributos da competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios."), limita-se a impedir que a União institua, no âmbito de sua competência interna federal, isenções de tributos estaduais, distritais ou municipais, não se aplicando, portanto, às hipóteses em que a União atua como sujeito de direito na ordem internacional. RE 229096/RS, rel. orig. Min. Ilmar Galvão, rel. p/ o acórdão Min. Cármen Lúcia, 16.8.2007. (RE-229.096)
Princípio da proibição de discriminação de bens e serviços
Definição: não pode haver discriminação em razão da procedência ou destino dos bens e serviços.
Princípio da isonomia entre contribuintes
CF, art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos;
Definição: todos aqueles que realizarem o fato gerador serão considerados sujeitos passivos da obrigação tributária. Ou seja, é proibido institutos tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente. Deve haver um tratamento desigual àqueles que não se encontrarem em situação de equivalência (desisonomia).
A isonomia tributária nada mais é do que a aplicação da isonomia geral (CF, art. 5º, caput) ao campo tributário.
Nos regimes constitucionais anteriores, havia discriminação entre contribuintes (p. ex., professores e juízes).
* Para Ricardo Lobo Torres, o dispositivo (“parte final”) vem coibir a concessão de privilégios odiosos, evitando que a tributação ocorra em função do cargo ocupado ou função exercida.
Interpretação objetiva do fato gerador: o importante, assim, é a interpretação objetiva do fato gerador, desconsiderando-se quaisquer aspectos externos a ele: incapacidade civil, ilicitude do ato etc. A definição legal do fato gerador é interpretada abstraindo-se da validade jurídica dos atos e dos efeitos jurídicos.
CTN, art. 118. A definição legal do fato gerador é interpretada abstraindo-se: I - da validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes, responsáveis, ou terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos; II - dos efeitos dos fatos efetivamente ocorridos.
Histórico: na época de Roma, o Imperador Vespasiano estabulou um diálogo célebre com seu filho titio, acerca da tributação sobre a utilização de banheiros públicos, do qual se extraiu a vetusta ideia de que pecunia no olet (tributo não tem cheiro).
Consequências:
Nessa medida, a renda oriunda do ilícito (jogo do bicho, tráfico de drogas, lenocínio etc.) deverá ser alcançada pela tributação, uma vez que a hipótese de incidência do tributo (“auferir renda”) jamais será contaminada pela ilicitude.
Mesma ideia: o menor terá capacidade tributária (a incapacidade civil é irrelevante); aquele que tem obstado o exercício de sua atividade profissional (habilitação cassada) – haverá o pagamento de impostos.
CTN, art. 126. A capacidade tributária passiva independe: I - da capacidade civil das pessoas naturais; II - de achar-se a pessoa natural sujeita a medidas que importem privação ou limitação do exercício de atividades civis, comerciais ou profissionais, ou da administração direta de seus bens ou negócios; III - de estar a pessoa jurídica regularmente constituída, bastando que configure uma unidade econômica ou profissional.
Casos de tratamento tributário mais favorecido: trata-se de realização da isonomia, pelo esforço de igualação de entes menos capazes de competir em igualdade no mercado.
CF, art. 146. Cabe à lei complementar: III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre: c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades cooperativas. d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas e para as empresas de pequeno porte, inclusive regimes especiais ou simplificados no caso do imposto previsto no art. 155, II, das contribuições previstas no art. 195, I e §§ 12 e 13, e da contribuição a que se refere o art. 239.
Microempresas e empresa de pequeno porte
Atos cooperativos
Princípio da capacidade contributiva
Previsão constitucional:
CF, art. 145, § 1º - Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.
Definição: sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica de cada um tratar (realização do princípio da isonomia, ao tratar desigualmente os desiguais).
Observações:
O princípio se refere a impostos, salientando-se, entretanto, que a CF de 1946 fazia menção a tributos.
O STF vem aplicando o princípio a outras espécies tributárias (taxas, p. ex.).
“Sempre que possível”: a expressão indica que o princípio será aplicado de acordo com a potencialidade técnica de cada imposto (p. ex., IR, IPTU, ICMS, IPI etc.).
O princípio será concretizado a partir de técnicas de incidência de alíquotas, tias como a progressividade e a seletividade.
Progressividade
Definição: trata-se de um Princípio que consagra o aumento da carga tributária pela majoração da alíquota aplicável, na medida em que há o aumento da base de cálculo. Pelo princípio em tela, as alíquotas progressivas crescem de acordo com a base de cálculo e são fixadas em percentuais variáveis, conforme o valor da matéria tributada.
Três impostos progressivos (STF):
IR (CF, art. 153, § 2º, I).
IPTU (CF, art. 182, § 4º, II c/c 156, § 1º, I e II)
ITR (CF, art. 153, § 4º, I).
Dois impostos com progressividade extrafiscal:
IPTU
ITR
Seletividade
Definição: ténica de incidência de alíquotas que variam na razão inversa da essencialidade do bem (p. ex., cesta básica), e na razão direta da superfluidade do bem (p. ex., cosméticos) e nocividade (p. ex., cigarros e bebidas alcóolicas).
Dois impostos seletivos:
ICMS (CF, art. 155, § 2º, III) – facultativa.
IPI (CF, art. 153, § 3º, I) – obrigatória.
Conceito de carga tributária
Trata-se de conceito relacional em que se confronta o peso do tributo com o Produto Interno Bruto. Por exemplo, a carga tributária brasileira gira em torno de 40% (40% do que o Brasil produz converte-se em tributo pago, que deveria retornar em serviços para a população).
Princípio do não confisco
CF, art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: IV - utilizar tributo com efeito de confisco;
Definição: trata-se de proibição quanto à utilização de tributo com efeito de confisco. Isto é, a tributação não pode ser tão gravosa a ponto de colocar em xeque a propriedade sobre determinado patrimônio.
Critério: não há critério objetivo para definir o confisco. Deve haver uma ponderação com os princípios da razoabilidade e proporcionalidade (a carga tributária deve ser razoável e proporcional).
As multas, assim como os tributos, não poderão ser confiscatórias (ADI 1075).
Princípio da legalidade tributária
CF, art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça;
Conceito: União, Estados, Municípios e Distrito Federal somente podem criar ou aumentar tributos por meio de lei.
Extinção/redução de tributo: também é preciso lei, dado o vetor axiológico “segurança jurídica”, sob perigo de criação de desequilíbrio institucional.
Vetor axiológico:
Segurança jurídica.
Valor democrático: a lei é um produto normativo da vontade do povo. A exigência de lei quer dizer que o “povo tributa a si mesmo” (Pontes de Miranda).
Espécie normativa: em regra, a lei que cria, extingue, aumente ou reduz tributo é lei ordinária.
Exceções: isto é, dependem de lei complementar* (4 tributos federais):
Imposto sobre grandes fortunas (ainda inexistente).
Empréstimos compulsórios.
Impostos residuais.
Contribuições social-previdenciárias residuais.
*Onde a Lei Complementar estiver, a medida provisória não poderá estar.
CF, art. 62, § 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria III - reservada a lei complementar;
Mitigações/atenuações/exceções ao princípio da legalidade tributária: isto é, hipóteses em que o Poder Executivo atua no fenômeno tributário.
Tributos criados por meio de lei, e o Poder Executivo altera supervenientemente suas alíquotas (4 impostos federais cujas alíquotas podem ser alteradas por ato do Executivo – Decreto ou Portaria):
CF, art. 153, § 1º - É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos impostos enumerados nos incisos I, II, IV e V.
II
IE
IPI
IOF
EC 33/2001: trouxe mais dois tributos:
CIDE Combustível
ICMS Combustível
Fundamento: trata-se de tributos extrafiscais, isto é, tributos que funcionam como instrumento por meio do qual se faz uma regulação de mercado ou da economia do país, buscando corrigir externalidades.
Estrita legalidade/reserva legal/tipicidade fechada
CTN, art. 97. Somente a lei pode estabelecer: I - a instituição de tributos, ou a sua extinção; II - a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; III - a definição do fato gerador da obrigação tributária principal, ressalvado o disposto no inciso I do § 3º do artigo 52, e do seu sujeito passivo; IV - a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; V - a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos, ou para outras infrações nela definidas; VI - as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades. § 1º Equipara-se à majoração do tributo a modificação da sua base de cálculo, que importe em torná-lo mais oneroso. § 2º Não constitui majoração de tributo, para os fins do disposto no inciso II deste artigo, a atualização do valor monetário da respectiva base de cálculo.
Elementos tipificantes da lei tributária:
Fato gerador
Sujeito passivo
Base de cálculo
Alíquota
Multa
Estrita legalidade: não se admite, em regra, por vício de legalidade, elemento tipificante previsto por meio de decreto ou portaria.
Alíquota: a lei prevê a alíquota e o Poder Executivo pode supervenientemente alterar as alíquotas dos tributos extrafiscais.
Base de cálculo: a atualização da base de cálculo pode ser feita por ato do Poder Executivo, mediante a utilização de índices oficiais de correção monetária no período (vício de legalidade).
Se o índice utilizado for superior aos índices oficiais de correção monetária no período, isso representará aumento de tributo, dependente de lei.
STJ, súmula 160 - É defeso, ao Município, atualizar o IPTU, mediante decreto, em percentual superior ao índice oficial de correção monetária.
Observações (dicas):
Data de pagamento de tributo: houve uma alteração de data de pagamento do tributo (antecipação) mediante ato do Poder Executivo. Há vício de legalidade?
Para o STF, a data de pagamento de tributo pode ser alterada por ato infralegal, uma vez que o art. 97 do CTN avoca uma interpretação literal. Assim, como o dado consta da lista de elementos estruturantes da lei tributária, nada impede tal episódio (RE 140.669).
Crítica: Por outro lado, a doutrina vê com maus olhos este entendimento, uma vez que a relação entre Estado e contribuinte reclama estabilidade, e o tempo do cumprimento da obrigação tributária é matéria que se liga à substância do vínculo, como o fazem, p. ex., uma alíquota e uma base de cálculo.
Medida Provisória: pode uma Medida Provisória criar tributo? Sim, com previsão constitucional expressa (p. ex., IR e ITR).
CF, art. 62, § 2º Medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
Criação: há um único caso em que Medida Provisória pode criar imposto: imposto extraordinário em caso de situação de guerra (CF, art. 154, II).
Imposto sobre grandes fortunas: embora seja um imposto que ainda não tenha sido criado, não pode ser criado por Medida Provisória por exigir Lei Complementar (onde a Lei Complementar está, a Medida Provisória não pode estar).
Antes mesmo da EC 32/2001, o STF já admitia a validade de uma Medida Provisória na órbita dos tributos. Muitas foram (e continuam sendo) as MPs criadoras de contribuições no Brasil. Portanto, o STF permite que a Medida Provisória seja utilizada para tributos em geral, e não apenas para impostos.
Princípio da anterioridade tributária
CF, art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: III - cobrar tributos: b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou; c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
Conceito: o princípio da anterioridade indica que a lei majoradora ou criadora do tributo levará o sujeito passivo ao pagamento dele após o transcurso de duas esperas no tempo: uma de índole anual (a lei se torna eficaz no próximo 1º de janeiro) e outra de índole nonagesimal (a lei se torna eficaz após 90 dias).
Vetor axiológico: segurança jurídica → busca-se coibir a tributação de supresa.
Eficácia diferida da norma tributária: o princípio da anterioridade prorroga a eficácia da norma tributária.
Ainda que a vigência da norma tributária seja imediata (ou respeitada a vacatio legis de 45 dias), sua eficácia será diferida em respeito às duas esperas (alíneas “b” e “c”, inciso III, art. 150 da CF).
Situações práticas:
Lei aumenta o tributo em 15/12/2011 → a lei se torna eficaz no nonagésimo primeiro dia após 15/12/2011.
Lei aumenta o tributo em 05/10/2011 → a lei se torna eficaz no nonagésimo primeiro dia após 05/10/2011.
Lei aumenta o tributo em 10/08/2001 → a lei se torna eficaz em 1º de janeiro de 2012.
Data de fronteira: a data de fronteira é o dia 02 de outubro (incluído o dia 02 de outubro).
Se o tributo for criado ou majorado entre janeiro e 02 de outubro, a incidência da lei ocorrerá em 1º de janeiro do ano seguinte.
Se isso se der entre outubro e dezembro, a incidência ocorrerá em data posterior a 1º de janeiro.
Exceções ao princípio da anterioridade tributária
CF, art. 150, § 1º A vedação do inciso III, b, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, IV e V; e 154, II; e a vedação do inciso III, c, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, III e V; e 154, II, nem à fixação da base de cálculo dos impostos previstos nos arts. 155, III, e 156, I. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
	Exceções à anterioridade anual
	Exceções à anterioridadenonagesimal
	CF, art. 150, § 1º, parte inicial
	CF, art. 150, § 1º, parte final
	II, IE, IPI e IOF
	II, IE, IR e IOF
	Imposto Extraordinário
	Imposto Extraordinário
	Empréstimo compulsório:
Calamidade púbica
Guerra externa
	Empréstimo compulsório:
Calamidade púbica
Guerra externa
	EC 33/2001:
CIDE Combustível
ICMS Combustível
	EC 42/2003: alterações na base de cálculo do IPTU e do IPVA.
Exceções às duas anterioridades:
II, IE e IOF
Imposto Extraordinário
Empréstimo compulsório:
Calamidade pública
Guerra externa
Observações:
Desde 2004, o IPI, se majorado, é exigido 90 dias depois.
Desde 2001, a CIDE Combustível e o ICMS Combustível, se majorado, é exigido 90 dias depois.
O IR e as alterações na base de cálculo do IPTU e IPVA constituem exceções inexplicáveis ao princípio da anterioridade, mas de constitucionalidade inquestionável.
Em conseguinte, havendo aumento, em qualquer data do ano, incluindo as últimas, a lei incidirá em 1º de janeiro do ano seguinte, sempre.
Decreto municipal publicado em 30/12/2011 atualizou a base de cálculo do IPTU com índices oficiais de correção monetária, passando a incidir em 1º de janeiro de 2012. Há algum vício? Não!
Dicas:
O que não for exceção será regra.
Extinção ou redução de tributo haverá imediata incidência.
Anterioridade ≠ Anualidade: na CF/88, existe a regra da anterioridade e não “anualidade”, como um postulado tributário. A anualidade tem hoje implicações na seara do direito financeiro, uma vez que condiciona a eficácia da norma ao contexto de previsibilidade da Lei Orçamentária. Nas constituições pretéritas, a anualidade esteve ligada a tributos, indicando que a lei tributária só viria a incidir se a matéria tivesse sido previamente estipulada na anual Lei Orçamentária. Na Constituição atual, para fins tributários, isso não existe, mas apenas as duas esperas que estudamos.
Regra especial de anterioridade para as contribuições da seguridade social: noventa ou anterioridade nonagesimal (p. ex., COFINS e PIS).
CF, art. 195, § 6º - As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser exigidas após decorridos noventa dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou modificado, não se lhes aplicando o disposto no art. 150, III, "b".
Data de pagamento de tributo: para o STF, o ato de modificar não equivale à alteração da data de pagamento da contribuição, o que nos parece duvidoso. Entretanto, essa ideia prevaleceu, e o STF editou a súmula 669:
STF, súmula 669 - Norma legal que altera o prazo de recolhimento da obrigação tributária não se sujeita ao princípio da anterioridade.
Medida provisória: caso tenhamos um imposto majorado por Medida Provisória, quando a norma incidirá? Haverá a incidência em 1º de janeiro se houver o cumprimento de duas condições:
Que a Medida Provisória se converta em lei até 31 de dezembro.
Que haja o respeito ao período de 90 dias, a contar da data da Medida Provisória (STF), e não da data da conversão (Sabbag).
Deve-se observar as exceções à anterioridade (II, IE, IPI, IOF e Impostos Extraordinários).
CF, art. 62, § 2º Medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
Princípio da irretroatividade da lei tributária
CF, art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: III - cobrar tributos: a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado;
Definição: a lei tributária não pode retroagir para alcançar fatos passados, aplicando-se a tributos quanto a sua criação, aumento ou redução.
Aplica-se à legislação tributária em sentido material/substancial.
Na dimensão material da legislação tributária, jamais se admitirá a retroatividade.
Exceções:
CTN, art. 106.
CTN, art. 144, § 1º
CTN, art. 106 – hipóteses de retroatividade
CTN, art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II - tratando-se de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de defini-lo como infração; b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática.
Inciso I: lei expressamente interpretativa: é aquela que não inovando no ordenamento jurídico, estabelece uma interpretação de outro dispositivo legal.
Se da nova interpretação resultar penalidade, não haverá retroação.
Inciso II: Ato não definitivamente julgado (“em aberto”): é aquele em que há pendência de processo administrativo ou judicial.
Alínea “a” → Infração: extinção de infração “em aberto” retroagirá para beneficiar o contribuinte.
Alínea “b” → Qualificação de ato contrário à legislação tributária.
Alínea “c” → Redução de penalidade: a penalidade mais benéfica retroage para beneficiar o contribuinte.
CTN, art. 144, § 1º - retroação da lei tributária na confecção do lançamento tributário
CTN, art. 144. O lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e rege-se pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. § 1º Aplica-se ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência do fato gerador da obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliado os poderes de investigação das autoridades administrativas, ou outorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios, exceto, neste último caso, para o efeito de atribuir responsabilidade tributária a terceiros.
Em regra, deve-se aplicar no lançamento a lei vigente no fato gerador, excepcionando-se com relação à multa (em razão do CTN, art. 106).
Exceção (isto é, haverá retroação):
Leis que ampliem os poderes de investigação da autoridade administrativa.
Quebra de sigilo bancário (LC 105/2001): a LC 105/2001 passou a autorizar a quebra sem prévia autorização judicial (arts. 5º e 6º). Tal ampliação dos poderes de investigação aplica-se retroativamente, estendendo-se aos fatos praticados anteriores à edição da lei.
Leis que confiram ao crédito tributário maiores garantias ou privilégios.
Garantias: instrumentos que visam à efetivação da execução fiscal (p. ex., presunção de fraude).
Privilégios: ordem de pagamento do crédito tributário em execução coletiva (p. ex., falência).
Observação: ambas as hipóteses são casos de retroação em benefício da Fazenda.
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Imunidades Tributárias
Introdução
Definição: imunidade é norma constitucional de desoneração de tributos.
A imunidade é sempre constitucional, enquanto que a isenção é sempre prevista em lei.
Exemplos de uso equivocado do termo “isenção” na Constituição Federal (trata-se de casos de imunidades).
CF, art. 195, § 7º - São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei.
CF, art. 184, § 5º - São isentas de impostos federais, estaduais e municipais as operações de transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária.
Espécies de tributos:
Imposto
Taxa
Contribuições
Contribuição de melhoria
Empréstimo compulsório
As imunidades e as espécies de tributos:
Possui imunidade:
Imposto: CF, art. 184, § 5º.
Taxa
CF, art. 5º, XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; b) a obtençãode certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal;
Contribuições: CF, art. 195, § 7º.
Não possui imunidade (não há exemplo na CF):
Contribuição de melhoria
Empréstimos compulsórios
Exemplos de entes imune a duas espécies tributárias:
Entidade de assistência social (impostos – CF, art. 150, VI, “c” – e contribuição da seguridade social – CF, art. 195, § 7º).
Entidade que obtém receita decorrente de exportação:
Imunidade de contribuição social.
Imunidade de CIDE – Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico
Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo.§ 2º As contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico de que trata o caput deste artigo: I - não incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação;
Perspectivas conceituais
Conceitos aprimorados de imunidade:
Imunidade é uma limitação constitucional ao poder de tributar (Hugo de Brito Machado).
A norma de imunidade colabora no desenho das competências impositivas, mostrando-se como regra de “incompetência tributária” (Paulo de Barros Carvalho).
Norma de competência → cria tributo.
Norma de imunidade → constitui a face negativa da competência.
Norma de imunidade é uma norma de não incidência, ou melhor, uma forma qualificada ou especial de não incidência (Misabel Derzi e Amílcar de Araújo Falcão).
Norma constitucional de desoneração tributária que, justificada no conjunto de caros valores proclamados na Constituição Federal, inibe a atribuição de competência impositiva e credita ao beneficiário o direito público subjetivo de não incomodação perante o ente tributante (Sabbag).
Valor: o legislador constituinte admitiu a não incidência quando quis homenagear valores inafastáveis do contribuinte, a saber: liberdade política, liberdade religiosa, liberdade sindical, liberdade de expressão etc.
Imunidade como direito fundamental: a imunidade constitui um direito público subjetivo e não pode ser desafiada pelo Poder Constituinte Derivado, por constituir núcleo imodificável da Constituição (cláusulas pétreas).
Imunidades do art. 150, VI da Constituição Federal
CF, art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: VI - instituir impostos sobre: a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; b) templos de qualquer culto; c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão.
Observações:
O art. 150, VI, trata da imunidade apenas e tão somente de impostos.
A imunidade abrange o rol “patrimônio, renda ou serviços”: esta expressão aparece em todas as alíneas:
Alíneas “a” e “c”: não há vinculação a finalidade especial do ente imune, dando o STF interpretação ampliativa ao rol.
Alíneas “b” e “d”: o rol se faz presente por força do § 4º, que atribui finalidade especial como condição da imunidade.
CF, art. 150, § 4º - As vedações expressas no inciso VI, alíneas "b" e "c", compreendem somente o patrimônio, a renda e os serviços, relacionados com as finalidades essenciais das entidades nelas mencionadas.
Imunidade condicionada: o patrimônio, renda e serviço da entidade serão imunes apenas se estiverem vinculados a suas finalidades essenciais ou às dela decorrentes.
Imunidade recíproca (CF, art. 150, VI, “a”)
Definição: União, Estados, Municípios e Distrito Federal não podem cobrar impostos uns dos outros sobre seu patrimônio, renda e serviços.
Vetores axiológicos:
Pacto federativo, federalismo de equilíbrio ou cooperação: isto é, privilegiar a igualdade entre os entes federativos.
Ausência de capacidade contributiva das pessoas políticas (Regina Helena Costa): o patrimônio dos entes políticos é da própria coletividade, não fazendo sentido tributá-lo por meio de impostos.
Interpretação lata do rol “patrimônio, renda e serviços”: para a alínea “a”, o STF dá interpretação lata para o rol “patrimônio, renda e serviços”, de modo a abranger vários outros impostos, sempre em homenagem ao respectivo vetor axiológico que norteia a imunidade.
Exemplos:
Não incide o Imposto de Importação (II) de máquina por municipalidade.
Não incide Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF) sobre as operações financeiras realizadas pelo município.
Não incide IPTU sobre prédio da União.
Imunidade recíproca por extensão: por força do art. 150, § 2º, da CF, as autarquias e fundações de direito público (fundações autárquicas ou autarquias fundacionais) serão imunes a impostos.
CF, art. 150, § 2º - A vedação do inciso VI, "a", é extensiva às autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes.
Imunidade condicionada: o patrimônio, renda e serviços das autarquias e fundações de direito público, para ser imunes, deverão estar vinculados a suas finalidades essenciais.
Exemplo: terreno baldio de autarquia deve pagar IPTU (STF).
Demais entes da administração indireta: a imunidade abrange apenas autarquias e fundações → os demais entes, serão todos tributos normalmente.
Sociedades de economia mista e empresas públicas serão normalmente tributadas.
Exceções: são imunes, apesar de não serem autarquias ou fundações.
Empresas Públicas: ECT e INFRAERO.
Ponderação do caso ECT: ante o fato de essa pessoa jurídica executar também serviços que, inequivocamente, não são públicos nem se inserem na categoria de serviços postais, a jurisprudência do caso ECT merece ponderação.
Sociedade de Economia Mista: CAERD (Companhia de Águas e Esgotos de Rondônia).
Imunidade de templos de qualquer culto (CF, art. 150, VI, “b”)
Definição: são imunes de impostos a renda, o patrimônio e os serviços dos templos de qualquer culto, desde que vinculados a suas finalidades essenciais.
Vetor axiológico: liberdade de crença.
Conceito de templo (STF): o conceito é amplo, sendo templo uma entidade, e como tal, carrega a ideia de organização religiosa em todas as suas manifestações, direta ou indiretamente ligadas à religiosidade.
Exemplos:
Igreja não paga IPTU sobre o local destinado ao culto.
Não incide IR sobre renda auferida pela Igreja.
Não incide IPVA sobre veículo da Igreja.
ITBI: normalmente, o sujeito passivo do ITBI é o comprador. A Igreja adquirindo imóveis não pagará ITBI portanto.
Casos especiais:
Igreja proprietária de apartamento que é alugado, cuja renda é revertida para suas finalidades essenciais.
Resposta: não incidirá impostos sobre o imóvel e sobre a renda auferida.
Fundamento: o § 4º, do art. 150 menciona patrimônio, renda e serviços relacionados a suas finalidades essenciais, o que permite uma interpretação ampliativa, o que seria diferente se houvesse a utilização da palavra “vinculado”.
Requisitos:
Relação com a finalidade essencial.
Ausência de prejuízo à livre concorrência: dado o fato de que muitas Igrejas acabam exercendo verdadeira atividade empresarial, a atividade em questão deverá ser episódica, e não precípua.
Igreja é proprietária de um terro e o utiliza para estacionamento com o propósito comercial, incide IPTU? Depende. Se a renda for revertida para o propósito religioso, sem prejuízo à livre concorrência, não incidirá IPTU.
Cemitério: Igreja é proprietária de um terreno e o utiliza para o sepultamento de seus fieis, haverá a incidência de IPTU? O cemitérioé considerado extensão da Igreja, estando imune.
Se a propriedade do cemitério é privada, não haverá a imunidade (RE 544.815/SP, ainda sem julgamento definitivo).
Loja Maçônica: é templo, para fins de imunidade?
Sabbag: entende que sim.
STF: decidiu que a Loja Maçônica não é templo, devendo prevalecer a tributação (RE 562.351, ainda sem julgamento definitivo).
Imunidade de partidos políticos, entidades sindicais dos trabalhadores, instituições de educação e de assistência social (CF, art. 150, VI, “c”)
Definição: são imunes a impostos o patrimônio, a renda e os serviços de partidos políticos e suas fundações, entidades sindicais de trabalhadores, instituições de educação e de assistência social, desde que relacionados com suas finalidades essenciais.
Alcance:
Partidos políticos e suas fundações.
Vetor axiológico: liberdade política.
Sindicato de trabalhador (sindicato patronal não é imune).
Vetor axiológico: direitos sociais referentes ao trabalho.
Instituições de educação (inclusive bibliotecas e museus) sem fins lucrativos.
Vetor axiológico: direito a educação (CF, art. 205).
Instituições de assistência social sem fins lucrativos.
Vetor axiológico: seguridade social (CF, art. 203).
Observações:
Entidades de assistência social é o único ente imune, ao mesmo tempo, a impostos (CF, art. 150, VI, “c”) e a contribuições da seguridade social (CF, art. 195, § 7º).
As exigências mencionadas no § 7º, art. 195 da CF são as exigências do CTN, art. 14.
Autoaplicabilidade da alínea “c”, do inciso VI, art. 150 da CF: o art. 150, VI, “c” da CF é o único dispositivo do inciso VI que não é autoaplicável, pois o dispositivo menciona expressamente “atendidos os requisitos da lei”
A lei mencionada deve ser Lei Complementar.
Fundamento: as limitações constitucionais ao poder de tributar deverão ser reguladas por meio de Lei Complementar → no caso, o CTN.
CF, art. 146. Cabe à lei complementar: II - regular as limitações constitucionais ao poder de tributar;
O CTN é formalmente Lei Ordinária e materialmente Lei Complementar (STF). O CTN tem uma natureza jurídica dúplice – é ao mesmo tempo uma Lei Ordinária e Lei Complementar. Quando o CTN foi promulgado, a CF em vigor era a de 1946, e nesta o Direito Tributário era legislado por Lei Ordinária, por isso tem numeração, aparência e forma de LO. O seu conteúdo é de Lei Complementar. A CF/88 determina que matéria tributária seja disciplinada por Lei Complementar – art. 146, portanto, ao recepcionar o CTN, atribuiu a este sua natureza híbrida.
Requisitos para a imunidade
Art. 14. O disposto na alínea c do inciso IV do artigo 9º é subordinado à observância dos seguintes requisitos pelas entidades nele referidas: I – não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título; (Redação dada pela Lcp nº 104, de 10.1.2001) II - aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos institucionais; III - manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades capazes de assegurar sua exatidão. § 1º Na falta de cumprimento do disposto neste artigo, ou no § 1º do artigo 9º, a autoridade competente pode suspender a aplicação do benefício. § 2º Os serviços a que se refere a alínea c do inciso IV do artigo 9º são exclusivamente, os diretamente relacionados com os objetivos institucionais das entidades de que trata este artigo, previstos nos respectivos estatutos ou atos constitutivos.
Se houver lucro, não pode ser distribuído para os mantenedores.
Não ter fins lucrativos não é não ter lucro, mas sim não ter apropriação do lucro.
Se houver lucro, não pode ser remetido ao exterior.
Manutenção da contabilidade em dia.
Observação: os requisitos aplicam-se apenas às entidades referidas na alínea “c”. No entanto, há quem defenda, com razão, sua aplicação para a alínea “b” (templos de qualquer culto).
Questões relevantes aplicáveis aos entes imunes das alíneas “b” e “c”
Imunidade ao ICMS e a questão dos tributos indiretos
Impostos diretos vs. Indiretos:
Diretos: quando o valor econômico é suportado exclusivamente pelo contribuinte, como é o caso do IPVA, em que o proprietário do automóvel arca com a carga do tributo, cujo valor não é repassado a terceiros.
Indiretos: quando a respectiva carga financeira tem condições de ser transferida a terceiros, como ocorre com o IPI, em que o contribuinte, industrial, fica obrigado a recolher o valor do imposto, que, por sua vez, repassa a carga tributária por ocasião da venda ao cliente.
Contribuinte de fato vs. Contribuinte de direito
Contribuinte de direito: é a pessoa natural ou jurídica indicada pela lei tributária para pagar o imposto
Contribuinte de fato é a pessoa que, sem estar obrigada por lei, suporta em definitivo o ônus fiscal.
Repercussão: é definida como fenômeno econômico pelo qual o contribuinte de direito transfere a carga tributária para uma pessoa, denominada contribuinte de fato, que a suporta em definitivo, e em relação a ela ocorre a incidência econômica.
Interpretação substancial vs. Interpretação formal:
Interpretação substancial, ou econômica, defendida pelo ministro Aliomar Baleeiro, a perspectiva da análise deve privilegiar a realidade econômica. Diante disso, em caso de o sujeito que suporta o ônus financeiro do imposto, o contribuinte de fato, ser a entidade beneficiada pela imunidade não haverá incidência: em outras palavras a imunidade prevalece na aquisição dos bens.
Interpretação formal, defendida pelo ministro Bilac Pinto, entende anódina a consideração econômica para fins de verificação da incidência. Para o direito somente o contribuinte de direito, aquele elencado pela lei como sujeito passivo pode ser imune. Assim, para o método formal a imunidade prevalece na venda dos bens e não na compra, irrelevante o sujeito que suportará de fato o encargo.
STF: desconsidera a distinção contribuinte de fato e de direito. No polo passivo, haverá apenas contribuinte, sendo este quem pratica o fato gerado.
Ente imune comprando produto: haverá a incidência normal do imposto, uma vez que o sujeito passivo é o vendedor.
Ente imune vendendo produtos: se a renda for revertida para o propósito institucional, não haverá a incidência do imposto.
Exemplos:
Igreja não recolhe ICMS na venda de produtos sacros, desde que a renda auferida seja revertida em suas atividades.
Igreja adquirindo Kombi pagará normalmente o ICMS.
Municípios pagam o ICMS embutido na conta de energia.
Imunidade ao IPTU
Imunidade do IPTU do imóvel alugado a terceiros.
STF, súmula 724 - Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel pertencente a qualquer das entidades referidas pelo art. 150, VI, c, da Constituição, desde que o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades essenciais de tais entidades.
Entidade é inquilina de imóvel de propriedade de terceiro → incide a cobrança normal de IPTU.
Fundamento: convenção particular não pode ser oposta ao fisco para mudar sujeito passivo de obrigação tributária.
CTN, art. 123. Salvo disposições de lei em contrário, as convenções particulares, relativas à responsabilidade pelo pagamento de tributos, não podem ser opostas à Fazenda Pública, para modificar a definição legal do sujeito passivo das obrigações tributárias correspondentes.
Equiparação das entidades de previdência privada a entidades de assistência social
Problema: as entidades de previdência privada podem ser equiparadas a entidades de assistência social, para serem abrangidas pela imunidade do art. 150, VI, “c” da CF?
Se sim → a entidade de previdência privada será imune a:
Impostos (CF, art. 150, VI, “c”).
Contribuições da seguridade social (CF, art. 195, § 7º)
Dois tipos de entidades de previdência privada:
Abertas: podem ter qualquer pessoa como beneficiária (adesão livre).
Fechadas: adesão limitada a determinado grupo.
STF:
Admite a equiparação somente para as entidades de previdência privadafechada.
A entidade não poderá contar com qualquer contribuição dos beneficiários (ou seja, todos os recursos deverão ser provenientes da própria entidade).
STF, súmula 730 - A imunidade tributária conferida a instituições de assistência social sem fins lucrativos pelo art. 150, VI, c, da Constituição, somente alcança as entidades fechadas de previdência social privada se não houver contribuição dos beneficiários.
Imunidade dos livros, jornais, periódicos e do papel destinado à sua impressão
Vetor axiológico: liberdade de expressão.
Imunidade objetiva: esta imunidade é denominada de objetiva, por incidir sobre o objeto (livro, jornal, periódico e papel destinado à sua impressão).
Impostos imunes → ICMS, IPI, II e IE.
Impostos não imunes → dentre outros, o IR, por não incidir sobre o objeto em si, mas sobre a renda da livraria, editora etc.
Conteúdo dos livros, jornais e periódicos
Não importa o conteúdo, mas sim a forma, isto é, ser ou não livro, independentemente de seu conteúdo.
Casuística:
Lista telefônica é imune.
Álbuns de figurinhas são imunes.
Jornais de supermercados são imunes.
Insumos utilizados na produção
O dispositivo (CF, art. 150, VI, “d”) menciona a imunidade apenas do “papel”.
Tradicionalmente, o STF dava interpretava restritivamente o dispositivo, fazendo alcançar a imunidade apenas ao papel.
Relativizações:
Filmes e papéis fotográficos:
STF, súmula 657 – A imunidade prevista no art. 150, VI, d, da CF abrange os filmes e papéis fotográficos necessários à publicação de jornais e periódicos.
Imunidades das chapas de impressão para jornais (RE 202.149).
Constituição federal. Extraia-se da constituição federal, em interpretação teleológica e integrativa, a maior concretude possível. Imunidade – “livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão” – artigo 150, inciso vi, alínea “d”, da carta da república – inteligência. A imunidade tributária relativa a livros, jornais e periódicos é ampla, total, apanhando produto, maquinário e insumos. A referência, no preceito, a papel é exemplificativa e não exaustiva.
Livros eletrônicos
O meio (físico ou virtual) é essencial para a definição da imunidade?
Doutrina: posiciona-se no sentido de que sendo livro, digital ou físico, deve haver a imunidade.
STF:
RE 330.817: há apenas um voto, no sentido de que não há imunidade.
RE 595.676: foi reconhecida repercussão geral, mas ainda não há voto de mérito, sobrestando o julgamento do RE 330.817.
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Tributos (Sistema Tributário Nacional)
Conceito de tributo
Previsão legal: CTN, art. 3º
CTN, art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.
Conceito: tributo é prestação...
	Pecuniária
	Compulsória
	Diversa de multa
	Instituída por meio de lei
	Cobrada por lançamento
	Não se admite:
Tributo in natura;
Tributo in labore.
Admite, excepcionalmente, dação em pagamento em bem imóvel (CTN, art. 156, VI).
	Tributo não é facultativo, não é voluntário, não é contratual.
	Entretanto, o STF já defendeu a aplicação do princípio tributário que veda o efeito confiscatório a certas multas excessivas, em homenagem ao direito de propriedade e à aplicação dos princípios da razoabilidade e proporcionalidade.
	Princípio da legalidade
	Lançamento:
CTN, art. 142: Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível.
Espécies tributárias
O art. 5º do CTN, respaldado na teoria tripartida, acolheu a existência de apenas três espécies tributárias. Desde a CF/88, evidenciava-se a adoção de uma nova teoria, a pentapartida, segundo a qual os empréstimos compulsórios e as contribuições também desfrutavam da condição de tributos (STF e doutrina majoritária).
STF: existem 5 tributos no Brasil:
Impostos
Taxas
Contribuições de melhoria
Empréstimos compulsórios
Contribuições (especiais)
CTN, art. 5º: só admite impostos, taxas e contribuições de melhoria.
CTN, art. 5º Os tributos são impostos, taxas e contribuições de melhoria.
Impostos
Previsão legal:
CF, 145, I.
CF, art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: I - impostos;
CTN, art. 16.
CTN, art. 16. Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte.
Conceito: imposto é tributo não vinculado à ação estatal.
Atributos:
Tributo unilateral (nós agimos, nós pagamos).
Serve para o custeio difuso dos serviços públicos gerais.
Princípio da não afetação (ou não vinculação) dos impostos: a receito de imposto não pode estar atrelada a órgão, fundo ou despesa (esse princípio comporta exceções).
CF, art. 167. São vedados: IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas a repartição do produto da arrecadação dos impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a destinação de recursos para as ações e serviços públicos de saúde, para manutenção e desenvolvimento do ensino e para realização de atividades da administração tributária, como determinado, respectivamente, pelos arts. 198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de receita, previstas no art. 165, § 8º, bem como o disposto no § 4º deste artigo; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
Lei Ordinária:
Exceções (impostos que dependem de Lei Complementar):
Imposto Sobre Grandes Fortunas
Imposto Residual
Dispositivos constitucionais com menção à “impostos”:
Imunidades tributárias (CF, art. 150, VI, “a”, “b”, “c” e “d”).
Princípio da capacidade contributiva (CF, art. 145, § 1º).
Competência tributária: isto é, o poder político de criação do tributo → campos competenciais privativos: a competência tributária é indelegável.
Municípios → CF, art. 156.
IPTU
ISS (ou ISSQN)
ITBI (ou ITIV)
Estados → CF, art. 155.
ICMS, IPVA e ITCMD
Distrito Federal: municipais (CF, art. 155 c/c 147, parte final) + estaduais (CF, art. 155).
IPTU
ISS
ITBI
ICMS
IPVA
ITCMD
União: “o resto” → CF, art. 153.
II
IE
IPI
IOF
IR
ITR
Imposto Sobre Grandes Fortunas
Imposto Residual (CF, art. 154, I).
Imposto Extraordinário (de guerra – CF, art. 154, II).
Ideias comuns a contribuições de melhoria e à taxa
Tributos federais, estaduais e municipais.
Criado pela União, Estados, Municípios e Distrito Federal.
Lei Ordinária.
Tributos bilaterais/contraprestacionais/sinalagmáticos.
Fato Gerador: ação estatal (o Estado realiza o Fato Gerador).
Aplicam-se os princípios constitucionais tributários.
Isenções: estas, como regra, não são extensivas às taxas e às contribuições de melhoria.
CTN, art. 177. Salvo disposição de lei em contrário, a isenção não é extensiva: I - às taxas e às contribuições de melhoria;
Imputação de pagamento: contribuição de melhoria → taxa → imposto.
CTN, art. 163. Existindo simultaneamente dois ou mais débitos vencidos do mesmo sujeito passivo para com a mesma pessoa jurídica de direito público, relativos ao mesmo ou a diferentes tributos ou provenientes de penalidade pecuniária ou juros de mora, a autoridade administrativa competente para receber o pagamento determinará a respectiva imputação, obedecidas as seguintes regras, na ordem em que enumeradas: II - primeiramente, às contribuições de melhoria, depois às taxas e por fim aos impostos;
Taxa
Previsão legal:
CF, art. 145, II
CF, art. 145. A União, os Estados, oDistrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição;
CTN, arts. 77 a 79.
Súmulas Vinculantes 19 e 29.
Fato gerador: a taxa poderá se manifestar por meio de duas ações estatais, ou seja, dois diferentes fatos geradores:
Serviço Público → taxa de serviço ou de utilização (CTN, art. 79).
Poder de Polícia → taxa de polícia ou de fiscalização (CTN, art. 78).
Taxa de Polícia
Conceito de Poder de Polícia: o poder de polícia é a ação estatal de fiscalização que limita o exercício de direitos e liberdades individuais em prol da coletividade.
“Pista terminológica”: taxa de fiscalização de...
Taxa de Fiscalização Ambiental (TFA): o STF decidiu um importante caso ligado à mencionada taxa, entendendo que não há a necessidade de uma concreta fiscalização, bastando a existência de um aparato administrativo hábil a empreendê-la (RE 416.601).
Taxa de Serviço
Fato gerador: a taxa de serviço será exigida quando este [o serviço público] for específico e divisível. Além disso, a utilização do serviço poderá ser efetiva ou potencial.
Conceitos:
Específico (singular ou ut singuli): é o serviço público prestado em unidades autônomas de utilização, sendo possível detectar o sujeito passivo (CTN, art. 79, II).
CTN, art. 79. Os serviços públicos a que se refere o artigo 77 consideram-se: II - específicos, quando possam ser destacados em unidades autônomas de intervenção, de unidade, ou de necessidades públicas;
Divisível: é o serviço público quantificável (CTN, art. 79, III).
CTN, art. 79. Os serviços públicos a que se refere o artigo 77 consideram-se: III - divisíveis, quando suscetíveis de utilização, separadamente, por parte de cada um dos seus usuários.
Utilização efetiva: é aquela concreta, palpável, materializável (CTN, art. 79, I, a).
CTN, art. 79. Os serviços públicos a que se refere o artigo 77 consideram-se: I - utilizados pelo contribuinte: a) efetivamente, quando por ele usufruídos a qualquer título; b) potencialmente, quando, sendo de utilização compulsória, sejam postos à sua disposição mediante atividade administrativa em efetivo funcionamento;
Utilização potencial: o serviço, sendo de utilização obrigatória, poderá ser colocado à disposição do beneficiário e, mesmo não sendo fruído, provocará a exigência de taxa.
CTN, art. 79. Os serviços públicos a que se refere o artigo 77 consideram-se: I - utilizados pelo contribuinte: b) potencialmente, quando, sendo de utilização compulsória, sejam postos à sua disposição mediante atividade administrativa em efetivo funcionamento (CTN, art. 79, I, b);
Importante: o serviço público contrário aos parâmetros acima não ensejará taxa no Brasil. Ele é chamado de geral (universal ou ut universi), ou seja, aquele prestado indistintamente à coletividade.
Exemplos:
Segurança pública
Iluminação pública
STF, súmula 670 - O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa.
Obs: com o insucesso das taxas, a EC 39/2002 retomou a sua existência por meio da chamada Contribuição para o Serviço de Iluminação Pública (COSIP), pelo art. 149-A da Constituição Federal. Estamos pagando esse tributo até os dias de hoje.
CF, art. 149-A Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma das respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública, observado o disposto no art. 150, I e III. Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que se refere o caput, na fatura de consumo de energia elétrica.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 39, de 2002)
Limpeza pública (de logradouro): varrição, capinação e limpeza de bueiro. Não confundir limpeza pública com a coleta de lixo, uma vez que esta poderá vir dotada de especificidade e divisibilidade. A taxa de limpeza, por outro lado, nunca poderá ocorrer.
STF, súmula vinculante nº 19 - A taxa cobrada exclusivamente em razão dos serviços públicos de coleta, remoção e tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis, não viola o artigo 145, II, da Constituição Federal.
Base de cálculo: custo da ação estatal (tributo bilateral).
Base de cálculo taxa ≠ base de cálculo de imposto: a base de cálculo de imposto é valor, enquanto que a base de cálculo de taxa é o custo da ação estatal.
CF, art. 145, § 2º § 2º - As taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos. CTN, art. 77. Parágrafo único. A taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador idênticos aos que correspondam a imposto nem ser calculada em função do capital das empresas.
STF, Súmula Vinculante nº 29 - É constitucional a adoção, no cálculo do valor de taxa, de um ou mais elementos da base de cálculo própria de determinado imposto, desde que não haja integral identidade entre uma base e outra.
Taxa vs. Tarifa.
	Taxa
	Tarifa (preço público)
	Tributo
	Não é tributo
	Compulsória
	Facultativa/Voluntária
	Princípios tributários
	Não se aplicam os princípios tributários
	Lei
	Contrato
	Obrigação ex lege
	Obrigação ex voluntate
	Receita derivada
	Receita originária
	Exemplo de taxação: TFA.
	Exemplos de tarifação: tarifa de ônibus e pedágio*
Pedágio
O pedágio tem natureza jurídica controvertida, razão pela qual é complexo solicitá-lo em prova de concursos. Entrentanto, o STF já teve oportunidade de julgar o famoso “selo-pedágio”, criado em 1988, tendo sido associado à espécie taxa de serviço (RE 181.475).
Curiosamente, há uma inserção do termo pedágio no texto constitucional, quando se trata do tributário princípio da liberdade ao tráfego de pessoas e bens (CF, art. 150, V). Isso, de certa forma, reforça a natureza tributária do gravame.
CF, art. 150, V - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público;
Por outro lado, o pedágio brasileiro vem assumindo uma feição que o aproxima da tarifação (desrespeito aos princípios tributários; existência de vias alternativas; valores abusivos etc.).
Portanto, entendemos por bem considerar o pedágio como tributo (STF), salientando que no formato doméstico ele mais se aproxima de uma tarifa.
Contribuição de melhoria
Previsão legal:
CF, art. 145, III.
CF, art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.
CTN, arts. 81 e 82.
Fato gerador: é a valorização imobiliária decorrente de uma obra pública (valorização + obra).
Há um nexo de causalidade que relaciona a obra pública à valorização do imóvel.
Obra privada não enseja o pagamento de contribuição de melhoria.
Lista de obras: art. 2º do Decreto-Lei 195/67.
Havendo a obra pública, que promova valorização, o contribuinte poderá ser alvo de dois tributos: a contribuição de melhoria (fato gerador instantâneo – paga-se uma única vez) e o IPTU, com o incremento na base de cálculo, sem se cogitar na impossibilidade da incidência de ambos. Motivo: CTN, art. 4º - a natureza jurídica do tributo é definida pelo fato gerador.
Asfaltamento:
Obra de asfaltamento: já houve a instituição de várias taxas de asfaltamento no Brasil, todas consideradas inconstitucionais, diante da ausência do “serviço público específico e divisível”. Nesse rumo, o STF sacramentou a ideia de que o tributo adequado é a contribuição de melhoria.
Recapeamento: o STF também entendeu que a obra de recapeamento asfáltico não esnejará o tributo, uma vez que gera apenas um “benefício”, sem contar o fato de que é um dever de manutenção da via pública, custeável por meio dos impostos.
Base de cálculo: é o quantum de valorização experimentada pelo imóvel.
A base de cálculo não tem a ver com o custo ou o valor da obra, massim com a valorização experimentada pelo imóvel.
Nota-se, portanto, que não se pode cobrar o mesmo valor de todos os beneficiários.
No Brasil, prevalece o sistema do duplo limite (ou misto)*:
Limite individual: parte-se da valorização individualmente detectada.
Limite global/total: respeita-se o teto de valor gasto com a obra.
* Importante: veja que o tributo vem evitar o locupletamento injustificado do particular e, ao mesmo tempo, obsta que o Estado se locuplete se pudesse arrecadar mais do que gastou.
Quando se paga o tributo?
Pelo fato de a contribuição de melhoria se mostrar como regra à anterioridade tributária (anual e nonagesimal), o tributo terá que respeitar tais esperas.
É importante notar que o pagamento deverá pressupor uma obra finda e, naturalmente, provocadora de valorização.
Ver art. 9º do Decreto-Lei 195/67 que retrata hipótese de obra composta por etapas, ao término das quais o tributo seria exigido.
Procedimento:
O art. 82, I, do CTN prevê a necessidade de publicação prévia de um edital, no qual serão revelados dados sobre a obra: orçamento do custo, zona de benefício etc.
Perceba que isso torna o tributo “democrático, transparente e participativo”. (Hugo de Brito Machado).
A participação está prevista no art. 82, II e III, do CTN, mediante a possibilidade de contraditório em processo administrativo.
Empréstimos compulsórios
Previsão constitucional:
CF, art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios: I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência; II - no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, "b". Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será vinculada à despesa que fundamentou sua instituição.
Características:
Tributo federal (criado pela União).
É tributo, sim! STF.
A súmula 418 do STF está superada pelo próprio STF, não tendo mais aplicação.
O empréstimo compulsório não é tributo, e sua arrecadação não está sujeita a exigência constitucional da prévia autorização orçamentária. (Invalidada pelo RE 111954-RTJ 126/330-1º/6/1988 - Arts. 18, § 3º e 21, § 2º, II CF/1967 - EC-1/1969).
Hugo de Brito Machado: não concorda com a natureza tributária do empréstimo compulsório.
É tributo autônomo, sim!
Sacha Calmon defende-o como imposto restituível.
Lei Complementar.
MP aqui não.
Restituível.
Fato gerador de imposto.
Fato gerador:
Os incisos I e II, art. 148 da CF não hospedam fatos geradores. O tributo não é definido pelo fato gerador, mas por sua finalidade (historicamente, o empréstimo compulsório tem fato gerador de imposto).
Os dois incisos hospedam pressupostos fáticos ou situações deflagrantes.
Histórico: o empréstimo compulsório veio com Fato Gerador de impostos. Empréstimos compulsórios sobre aquisição de veículos e consumo de combustíveis (Decreto-Lei 2.288/86), o qual previa um adicional de ICM. Foi considerado inconstitucional em razão do critério de restituição.
Pressupostos fáticos:
Calamidade pública e guerra externa.
Contexto: para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência.
Ou seja, deve ser provada a inanição estatal, isto é, exaurimento dos recursos estatais.
Conjuntura econômica que exija a absorção de poder aquisitivo da moeda: não é constitucional o empréstimo compulsório criado em face de conjuntura econômica que exija a absorção de poder aquisitivo da moeda.
CTN, art. 15. Somente a União, nos seguintes casos excepcionais, pode instituir empréstimos compulsórios: III - conjuntura que exija a absorção temporária de poder aquisitivo.
O art. 15, III, do CTN não foi recepcionado pela CF/88. Ele, à época, deu ensejo àquele empréstimo compulsório famoso. Hoje, portanto, se a Presidenta Dilma quiser conter inflação, não poderá se valer desse tributo para resolver o problema.
Princípio da anterioridade:
Inciso I (calamidade pública e guerra externa): exceção às duas anterioridades.
Inciso II (investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional): regra às duas anterioridades.
Tributo vinculado: a aplicação dos recursos oriundos desses tributos é vinculada à despesa (não pode haver desvio de finalidade – tredestinação). Trata-se de dispositivo ingressante no ordenamento pela CF/88 (CF, art. 148, parágrafo único).
Observações:
Guerras externas: dois tributos federais:
Empréstimos compulsórios (CF, art. 148, I)
Imposto extraordinário (de guerra) – CF, art. 154, II.
Contribuições
Competência: tributo federal, estadual ou municipal. Entretanto, a regra é a existência de contribuições federais.
Contribuições não federais:
CF, art. 149-A – COSIP (Contribuição de Iluminação Pública) → tributo criado pelos Municípios e DF.
CF, art. 149, § 1º - Contribuição previdenciária que incide sobre a remuneração dos servidores públicos não federais → tributo criado pelos Estados, Distrito Federal e Municípios.
Lei instituidora: lei ordinária, como regra.
Lei Complementar: Contribuição Social-Previdenciária residual (CF, art. 195, § 4º).
Fato gerador: o tributo não será definido por seu fato gerador (ou hipótese de incidência). Com efeito, o art. 4º do CTN, só se aplica a três tributos: impostos, taxas e contribuições de melhoria (art. 5º do CTN). A contribuição será definida pela finalidade que lhe for atribuída (tributo finalístico).
Terminologia: o nome “contribuições”, genericamente posto, é recomendável (Leandro Paulsen). No máximo, devemos aceitar “contribuições especiais”. Problema: cuidado com o qualificativo “sociais”, pois designa espécie, e não gênero.
Três tipos de contribuições:
Sociais
Interventivas
Profissionais
Parafiscalidade: existem certas contribuições que podem ser rotuladas de “parafiscal”. A parafiscalidade é um fenômeno mediante o qual ocorrerá uma delegação da capacidade de arrecadação/fiscalização do tributo por um ente que detém o poder de criá-lo.
Macete: uma pessoa política cria o tributo (competência tributária), e outra, paralelamente localizada, arrecada-o e fiscaliza-o (capacidade tributária ativa).
Bom conceito de parafiscalidade: delegação de capacidade tributária ativa por um ente que detém competência tributária.
Exemplo:
Anuidade paga pelo engenheiro ao CREA (não inserir anuidade da OAB).
Anuidade: tributo federal União criando.
CREA – ente parafiscal arrecadando e fiscalizando.
Lógica: eficiência na administração tributária (o parafisco se apropria de 100% do valor).
Contribuições profissionais
Competência tributária: o tributo será sempre federal (União).
Existem dois bons exemplos de contribuições profissionais no Brasil:
Anuidades pagas pelos profissionais aos respectivos conselhos autárquicos de fiscalização (CREA, CRM, CRO, CRC etc.).
OAB: quanto à anuidade da OAB, e sua natureza jurídica, o tema sempre foi controvertido, quer na jurisprudência (STJ e STF) e na doutrina. A dúvida é se a anuidade é tributo ou não. Para Leandro Paulsen, a anuidade da OAB é uma contribuição profissional. Para Sabbag, a defesa da natureza tributária se tornou problemática diante do posicionamento do STF na ADI 3026, que colocou em xeque a sua natureza autárquica da OAB. De certo modo, a dúvida quanto à sua personalidade jurídica não nos deixa tranquilo para defender a natureza tributária.
Contribuição sindical: é um tributo federal, tratado na CLT e correspondendo a um determinado valor que deve ser pago pelo empregador. Ela não pode ser confundida com a contribuição confederativa, uma vez que esta não é tributo.
CF, art. 8º, IV - a assembléia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva, independentemente da contribuição prevista em lei;CF, art. 8º, IV, parte final – é a contribuição sindical, tem natureza tributária e prevista em lei.
CF, art. 8º, para inicial – é a contribuição confederativa, não tem natureza tributária.
STF, Súmula 666 - A contribuição confederativa de que trata o art. 8º, IV, da Constituição, só é exigível dos filiados ao sindicato respectivo.
Contribuições interventivas (contribuições de intervenção no domínio econômico – CIDEs)
Previsão constitucional:
CF, art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo.
Generalidades:
Trata-se de tributo federal (isto é, só existem CIDEs federais).
Reserva legal: lei ordinária.
CIDEs e imunidades: as receitas decorrentes de exportação são imunes à cobrança de CIDE.
CF, art. 149, § 2º, I - As contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico de que trata o caput deste artigo: I - não incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação;
Exemplos de CIDEs: há muitas CIDEs previstas no ordenamento jurídico. Porém, a CIDE Combustível ganha um certo relevo. Assim, antes de estuda-la, note algumas outras:
AFRMM (Adicional de Frete para a Renovação da Marinha Mercante): trata-se de um tributo cuja intervenção, como a própria sigla antecipa, servirá para fomentar a atividade da marinha mercante no Brasil (construção de navios, preparação de oficiais etc.). Como tributo, há lei, alíquota, base de cálculo, fato gerador (descarga do produto nos portos), etc.
CIDE Royalties: trata-se de tributo cuja finalidade é o fomento de desenvolvimento tecnológico brasileiro, mediante o incentivo da pesquisa. A CIDE é devida por pessoa jurídica adquirente de conhecimentos tecnológicos (transferência de tecnologia).
CIDE Combustível:
Previsão no ordenamento: trata-se de um tributo previsto na EC 33/2001 e instituído pela Lei 10.336/2001.
Incidência: a CIDE Combustíveis incidirá nas operações de comercialização e importação de combustíveis.
Extrafiscalidade: note que as CIDEs têm potencialidade extrafiscal, uma vez voltadas para a regulação do mercado ou da economia do país.
Finalidade da CIDE Combustível: a CF indica três metas (CF, art. 177, § 4º, II, “a”, “b” e “c’).
Pagamento de subsídio a preços ou transporte de combustível.
Financiamento de projetos ambientais (green taxes).
Financiamento de programa de infraestrutura de transportes.
Anterioridade e Legalidade: para relembrar, a CIDE Combustível é uma “exceção” ao princípio da legalidade tributária, bem como ao princípio da anterioridade anual (CF, art. 177, § 4º, I, “b”).
Legalidade: o Poder Executivo pode alterar alíquotas da CIDE Combustíveis por meio de seus Decretos.
Anterioridade: a CIDE Combustíveis deve respeitar apenas a anterioridade de 90 dias.
Tributos incidentes sobre combustíveis:
CF, art. 155, § 3º À exceção dos impostos de que tratam o inciso II [ICMS] do caput deste artigo e o art. 153, I [Imposto de Importação) e II [Impostos de Exportação], nenhum outro imposto poderá incidir sobre operações relativas a energia elétrica, serviços de telecomunicações, derivados de petróleo, combustíveis e minerais do País.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)
Apenas 3 impostos incidem sobre as matérias abaixo:
Operações relativas a energia elétrica.
Serviços de telecomunicações.
Derivas de petróleo
Combustíveis
Minerais
Aos demais impostos, as matérias são imunes (p. ex., combustível é impune a IPI).
A EC 33/2001 trouxe mais um tributo: CIDE Combustíveis (isto é, são 3 impostos e uma contribuição incidente sobre combustíveis).
A Súmula 659 do STF incrementa a lista com PIS, COFINS (FINSOCIAL).
STF, Súmula 659 - É legítima a cobrança da COFINS, do PIS e do FINSOCIAL sobre as operações relativas a energia elétrica, serviços de telecomunicações, derivados de petróleo, combustíveis e minerais do País.
Conclusão: sobre combustíveis, incide ICMPS, II, IE, CIDE Combustíveis, PIS e COFINS.
Repartição tributária
A repartição da receita tributária ocorre com os impostos (nem todos) e com a CIDE Combustíveis, e, quanto a esta, observa os seguintes percentuais:
Da União para os Estados/DF → 29% (CF, art. 159, III).
Dos Estados para o Município → 25% (CF, art. 159, § 4º).
Demais repartições relevantes:
ITR
União → Municípios: 50% (o percentual pode chegar a 100% se o município arrecadar e fiscalizar o imposto, cf. o art. 153, § 4º, III c.c. art. 158, II, parte final, ambos da CF).
Imposto Residual
União → Estados/DF: 20%.
ICMS
Estados → Municípios: 25%
IPVA:
Estados → Municípios 50%.
Os impostos municipais e distritais não sofrem repartição (IPTU, ISS e ITBI).
Contribuições sociais
Espécies: as contribuições sociais podem custear a seguridade social ou não.
Nas contribuições sociais que não custeiam a seguridade social, o STF denomina-as de “Contribuições Sociais Gerais”. Um bom exemplo dela é o chamado “Salário Educação”, que visa custear o ensino público no Brasil (CF, art. 212, § 5º).
STF, Súmula 732 - É constitucional a cobrança da contribuição do salário-educação, seja sob a Carta de 1969, seja sob a Constituição Federal de 1988, e no regime da Lei 9.424/96.
Para as Contribuições Sociais Gerais, o princípio da anterioridade será o comum (anual e nonagesimal), uma vez que os tais 90 dias (CF, art. 195, § 6º) só valem para as contribuições social-previdenciárias.
CF, art. 195, § 6º - As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser exigidas após decorridos noventa dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou modificado, não se lhes aplicando o disposto no art. 150, III, "b".
As Contribuições Social-Previdenciárias constam do art. 195 da CF, em cujos incisos estão previstas 4 fontes nominadas de custeio (incisos I ao IV):
Empregado/Empresa (PIS/COFINS/CSLL).
Empregado.
Receita de loterias (concursos de prognósticos).
Importador (EC 42;03): PIS Importação, COFINS Importação.
Contribuições Social-Previdenciárias Residuais: o STF admite sua existência, com fundamento no art. 194, § 4º da CF, respeitando-se os seguintes pressupostos:
Tributo Federal.
Lei Complementar (MP não, valendo lembrar que vale MP para as nominadas).
Por fim, o STF entende que ela não poderá ter Fato Gerador ou Base de Cálculo próprios dos tributos previstos no art. 195, I ao IV, nada impedindo que haja uma coincidência com Fato Gerador ou Base de Cálculo de impostos.
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Fenômeno da incidência tributária
A relação jurídico-tributária, demonstrada a partir dos artigos do CTN, desdobra-se em uma sucessão lógica e cronológica de acontecimentos.
Tudo se inicia com uma hipótese de incidência tributária, passando por sua materialização que levará ao dever de pagamento do tributo.
O tributo, por sua vez, será exigível no âmbito da cobrança administrativa, que, frustrada, deflagrará a sucessiva cobrança judicial do tributo.
Quando se cobra judicialmente o tributo, o que era exigível será transformando em algo exequível no âmbito do exercício da pretensão executória estatal, à luz de uma execução fiscal proposta.
“Linha do tempo”:
	Hipótese de Incidência
	Fato Gerador
	Obrigação Tributária
	Lançamento
	Crédito Tributário
	Inscrição
	Dívida Ativa
	CDA
	Execução Fiscal
	Cobrança Administrativa (Auditores Fiscais) ←
	→Cobrança judicial (Procuradores)
Hipótese de incidência: trata-se de uma previsão legal dotada de hipoteticidade, o que a insere, naturalmente, no “mundo dos valores” (plano abstrato), vale dizer que o legislador escolhe situações vocacionadas à incidência do tributo, que são revestidas de tributabilidade (exemplos, auferir renda, circular mercadorias, transmitir bens, prestar serviços etc.

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