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ÉTICA E RESPONSABILIDADE 
SOCIOAMBIETAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROFESSOR: DANIEL VIEGAS RIBAS FILHO 
 
2019_01 
 
Material base desenvolvido pela professora Gisele Walczak da Silva 
Professor Daniel Viegas Ribas Filho 
 2 
 
SUMÁRIO 
 
 
1. OBJETO E OBJETIVO DA ÉTICA ................................................................ 3 
2. CONCEITO DE ÉTICA ................................................................................. 11 
3. O CAMPO DA ÉTICA .................................................................................. 16 
4. FONTES DAS REGRAS ÉTICAS ................................................................ 24 
5. COMPORTAMENTO ÉTICO ........................................................................ 26 
6. CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL ......................................................... 37 
7. O PROFISSIONAL E O EXERCÍCIO DA PROFISSÃO ................................ 39 
8. ÉTICA E QUALIDADE ................................................................................. 47 
9. A ÉTICA E A LEI ......................................................................................... 49 
 
Professor Daniel Viegas Ribas Filho 
 3 
 
Ética é a disciplina que dispõe sobre o comportamento humano adequado 
e os meios de implementá-lo, levando-se em consideração os 
entendimentos presentes na sociedade. 
 
 
1. OBJETO E OBJETIVO DA ÉTICA 
 
A convivência em sociedade conduz as pessoas a travarem entre si grande 
número de relacionamentos. Esse quadro tem por base a necessidade de se 
atingirem determinados objetivos, os quais podem ser de natureza individual ou 
coletiva. 
 
Tais relacionamentos são influenciados por aspectos ligados ao 
comportamento humano que, por sua vez, recebe influencia das crenças e 
valores que cada pessoa carrega. É neste contexto que podem surgir conflitos 
entre as pessoas envolvidas nestes relacionamentos sociais, visto que é 
comum a busca de objetivos antagônicos. 
 
Um exemplo é uma pessoa que adentra uma loja a procura de um aparelho 
eletrodoméstico e certamente na mesma encontrara alguém com o objetivo de 
vender eletrodomésticos. Para que ambos objetivos se concretizem é essencial 
um relacionamento entre as partes. 
 
No exemplo temos pessoas com objetivos opostos e surgirão questões 
relacionadas ao produto tais como: marca, preço, condições de pagamento e 
entrega. Na discussão para resolução de tais questões cada lado assumira 
uma posição e um comportamento próprio dentro daquilo que acredita ser certo 
e justo para a situação; assim os objetivos individuais só serão atingidos caso 
as pessoas cheguem a um ponto de um entendimento comum. 
 
Esta situação é comum em nossa sociedade e requer decisões simples, já 
outras questões de caráter coletivo requerem discussões mais complexas. O 
principal desafio destas questões é encontrar um “ponto de entendimento”, 
Professor Daniel Viegas Ribas Filho 
 4 
eliminando ou atenuando o conflito de interesses que envolve as pessoas em 
cada situação. 
 
Para que haja uma convivência pacifica no âmbito de cada sociedade faz-se 
necessário que cada pessoa, dentro das fronteiras delimitadas por suas 
crenças e valores, assuma comportamentos tais que respeitem seus 
semelhantes naquilo que é de seu direito. 
 
O Homem em Sociedade 
 
Desde seu nascimento e em toda sua existência o homem vive em sociedade. 
O termo sociedade pode ser definido de várias maneiras, sempre em função do 
contexto no qual ele encontra-se inserido. Tome-se a seguinte definição: 
“integração verificada entre duas ou mais pessoas, que somam esforços para 
que determinados esforços sejam alcançados.” 
 
A integração entre pessoas só se torna possível a partir do momento em que 
exista um relacionamento estabelecido entre as mesmas, ou seja, viver em 
sociedade significa a manutenção de relacionamentos entre os membros que a 
compõem. 
 
Muitos e de diversas naturezas são os relacionamentos estabelecidos no 
cotidiano do ser humano. Partindo do relacionamento primário que envolve pais 
e filhos, é possível enumerar diversos outros que podem ocorrer na escola, no 
trabalho, no lazer, na religião. 
 
Cada um destes relacionamentos tem uma razão particular para existir e, 
naturalmente, busca objetivos específicos. Podemos então olhar cada um deles 
como uma sociedade particular. 
 
A quantidade de relacionamentos existentes entre os membros de determinada 
sociedade torna complexa a vida em comum. Em principio essa complexidade 
reside no fato de uma mesma pessoa fazer parte de várias sociedades que 
podem buscar atingir objetivos opostos. 
Professor Daniel Viegas Ribas Filho 
 5 
 
É de se notar que a participação de cada pessoa em determinada sociedade 
tanto pode acontecer por escolha própria (torcer por um time) como pode advir 
de um fato relacionado à natureza (constituição de família), ou ainda por uma 
imposição normalmente de caráter legal (forças armadas). 
 
Deve ser lembrado ainda que o fato de cada tipo de sociedade ter um motivo 
especifico para existir e objetivos próprios para perseguir não significa que as 
sociedades existam independentemente umas das outras. Na verdade, existe 
um inter-relacionamento direto e constante entre diversos tipos de sociedades, 
ou seja, os objetivos de cada uma delas para serem atingidos depende do 
relacionamento que a sociedade mantém com as demais. 
 
Todos os tipos de sociedades podem ser vistos como uma sociedade mais 
ampla, limitada por fronteiras geográficas tais como vilas, bairros, cidades, 
estados e países. Sociedades deste tipo têm seus próprios objetivos, entre os 
quais se destacam a conservação dos costumes e bem-estar de seus 
habitantes, dentre outros. 
 
Todas estas sociedades estão relacionadas entre si de alguma forma, inclusive 
no que diz respeito aos países. Com base nesta visão ampliada todos os 
homens formam uma única sociedade, a sociedade dos habitantes terrestres, 
sendo as demais sociedades derivadas desta. 
 
Independente de sua vontade cada homem está obrigado a conviver com os 
demais e esta convivência transcende fronteiras entre as pessoas, isto porque, 
para atender seus anseios ao longo de sua vida, cada pessoa em particular e a 
sociedade na qual ela convive esta obrigada a manter relacionamentos com as 
demais. 
 
 
 
 
 
Professor Daniel Viegas Ribas Filho 
 6 
Ética e Valores 
 
Ao nascer cada pessoa tem seu “berço” que lhe serve como primeira referência 
na vida e sobre a vida e é representado pelo conjunto de referências que o 
cercam, entre as quais estão: família, raça, religião, país. 
 
Parte destas condições iniciais pode ser alterada ao longo da existência 
enquanto outra parte lhes acompanhara ao longo de toda vida. É importante 
lembrar que estas condições estarão influenciando as pessoas em todo 
momento. 
 
Adicionalmente às condições que a cercam, cada pessoa recebe desde cedo 
um conjunto de informações a respeito da vida, informações estas que tratam 
de assuntos a respeito da sociedade e que abrangem questões ligadas à 
justiça social entre os homens. 
 
Nos primeiros anos a pessoa não possui discernimento suficiente para 
entender de forma completa as informações que lhe são passadas, e por isso 
ela simplesmente aceita aquelas informações. Com o passar do tempo esta 
situação de passividade diminui à mediada que as pessoas recebem tais 
informações elas apreendem a analisá-las e aceita-las ou não. 
 
Como é de se esperar, o comportamento das pessoas é fortemente 
influenciado pelascondições que cada uma tem a seu redor, da mesma forma 
que pelas condições adicionais que recebe pela vida afora. 
 
Afirmar que cada pessoa tem sua visão própria da vida significa dizer que elas 
atribuem valores diferentes para fatos; significa que cada um tem sua própria 
reação e seu próprio comportamento diante de um mesmo fato. 
 
O fato de pessoas distintas apresentarem comportamentos distintos diante de 
situações iguais, nem sempre implica que exista uma parte “certa” e outra 
“errada”. Significa tão somente que cada parte tem sua visão da própria vida 
isto em decorrência das condições que possui e das informações que recebe. 
Professor Daniel Viegas Ribas Filho 
 7 
 
Vale destacar que o comportamento das pessoas não é estável, em face das 
modificações sofridas nas condições que acompanham cada pessoa durante a 
vida. Não é imutável também em virtude da capacidade que cada uma tem de 
analisar e entender as informações que lhes são passadas, caso em que pode 
modificar seus valores e transformar seu comportamento. 
 
Uma visão clara da diferença entre valores das pessoas, e em conseqüência 
dos comportamentos, pode ser vista naquilo que diz respeito ao atendimento 
de suas necessidades no dia-a-dia. 
 
É próprio do ser humano buscar satisfazer a uma série de necessidades como 
alimentar-se, vestir-se, abrigar-se. Essas necessidades têm seu atendimento 
diretamente atrelado às condições que os cercam em cada fase da vida. 
 
Na escala de valores de uma família de baixa renda, o valor atribuído às 
necessidades básicas certamente encontra-se em patamar superior ao do valor 
atribuído às necessidades menos imediatas, como lazer. Esse quadro é 
diferente quando a escala de valores é de uma família de alta renda, cujas 
necessidades básicas já estão supridas. 
 
Como é natural, quanto maior o distanciamento verificado entre as condições 
de vida das pessoas certamente maior será a diferença no que se refere ao 
conjunto de informações a respeito da vida recebido de forma individual, da 
mesma forma que diferente serão as necessidades a que cada uma busca 
atender de maneira mais imediata, ou seja, maior será o distanciamento de 
seus valores. 
 
Um exemplo é que determinadas sociedades veneram alguns tipos de animais 
como se deuses fossem. Para esse tipo de sociedade é inconcebível o 
sacrifício destes animais, fato este que não tem nenhum significado em outras 
sociedades. Para o primeiro tipo de sociedade o valor atribuído ao animal é 
superior ao valor atribuído pelo segundo tipo de sociedade, que enxerga aquele 
Professor Daniel Viegas Ribas Filho 
 8 
animal tão somente como um simples animal e às vezes como fonte alternativa 
de alimento. 
 
As diferenças verificadas entre as pessoas provocam o aparecimento de 
conflitos no meio da sociedade, uma vez que colocam frente a frente pessoas 
que buscam atingir vários objetivos e que enxergam a vida através de seus 
valores. 
 
Ética e Formas de Conduta 
 
O fato de as pessoas fazerem parte de uma mesma sociedade não implica que 
elas sejam iguais, isto é, que pensem da mesma forma, que acreditem nas 
mesmas coisas e que individualmente busquem o mesmo objetivo, que 
desejem atender as mesmas necessidades. Cada pessoa carrega seus 
próprios valores e suas próprias crenças. É natural, adicionalmente a 
constatação de que cada sociedade tem seus interesses próprios, cada pessoa 
tem seus interesses particulares. 
 
A perseguição de objetivos diferentes por parte de pessoas que se comportam 
de maneira desigual, isto é, a busca de interesses distintos, intra e inter-
sociedades, conduz ao surgimento de conflitos de interesses, algumas vezes 
entre indivíduos, outras entre indivíduos e a sociedade, o que significa que em 
determinados momentos as pessoas precisam decidir qual interesse atender 
em primeiro plano, qual comportamento adotar diante de determinadas 
situações ou, de outro modo, decidir o que é justo, o que é certo, o que é 
errado, o que é bom, o que é ruim. 
 
Tais conflitos de interesses em várias situações, em face do comportamento 
adotado pelas pessoas, individualmente ou pelas sociedades como um todo, 
podem trazer como conseqüências prejuízos capazes de atingir tanto quem 
assumiu o comportamento em defesa de seus interesses, como quem teve seu 
interesse contrariado. 
 
Professor Daniel Viegas Ribas Filho 
 9 
O cotidiano nos apresenta muitas situações nas quais, em virtude das decisões 
tomadas, dos comportamentos assumidos e dos interesses contrariados 
prejuízos individuais ou coletivos são causados, exemplos: 
 
✓ Carro que avança um sinal vermelho; 
✓ Funcionário que aceita um suborno; 
✓ Marginal que realiza um assalto; 
✓ Briga entre torcidas de times adversários; 
✓ Proibição de pessoas de determinada raça de freqüentar um local; 
✓ Guerra entre dois povos. 
 
Ainda que o ser humano seja obrigado a viver em sociedade, tal convivência 
nem sempre é pacifica, sendo tão mais difícil quanto maiores forem os conflitos 
de interesses nela existentes. Vale lembrar que quanto maior for a distancia 
existente entre as condições de vida de cada segmento da sociedade, mais 
complexa se torna a solução para tais conflitos. 
 
A questão que se coloca é: o que é direito quando o interesse de determinada 
pessoa contraria o de outra, isto é, o que é certo ou errado? 
 
Todos esses problemas tão presentes em qualquer sociedade, e relacionados 
com o comportamento das pessoas, podem ser apontados genericamente 
como problemas ligados à Ética. 
 
Sociedade e Ética 
 
Entender os conflitos existentes entre as pessoas, buscando suas razões, 
como resultado direto de suas crenças e valores, e com base nisto estabelecer 
tipos de comportamentos que permitam a convivência em sociedade, é o 
objetivo de estudo da Ética. 
 
Da mesma forma que para o homem se torna necessária à convivência em 
sociedade para alcançar seus objetivos particulares, para cada sociedade é 
Professor Daniel Viegas Ribas Filho 
 10 
imprescindível à presença da Ética, sem a qual fica difícil sua própria 
sobrevivência. 
 
De modo que, é de se esperar que a Ética esteja na base de toda e qualquer 
norma que dite comportamentos a serem seguidos. Tal regra torna-se tão 
significativa quanto maior for o numero de participantes de uma determinada 
sociedade. 
 
A Ética tem por objeto o comportamento humano no interior de cada 
sociedade. O estudo deste comportamento com o fim de estabelecer os níveis 
aceitáveis que garantam a convivência pacifica dentro das sociedades e entre 
elas constitui o objetivo da Ética. 
 
Professor Daniel Viegas Ribas Filho 
 11 
2. CONCEITO DE ÉTICA 
 
De forma simplificada pode se definir o termo Ética como um ramo da filosofia 
que lida com o que é moralmente bom ou mau, certo ou errado. Pode se dizer 
que Ética e “Filosofia da Moral” são sinônimos. 
 
Esta definição apesar de parecer simples, na realidade trata-se de um conceito 
complexo, pois engloba juízos de valor não tão fáceis de ser aplicados. 
 
O uso popular do termo Ética tem diferentes significados, um deles é que Ética 
diz respeito aos princípios de conduta que norteiam um individuo ou um grupo 
de indivíduos. 
 
Os filósofos se referem à Ética para denotar o estudo teórico dos padrões de 
julgamento morais inerentes às decisões de cunho moral, tal como os físicos 
usam o termo física para aludir a investigação entre os campos de força e os 
meios materiais. 
 
Entretanto a reflexão ética não pode pretender converter os agentes sociais em 
indivíduos éticos, mas pode instrumentaliza-los para que decidamconsequentemente, de acordo com o que a coletividade espera deles. 
 
A Ética representa uma tomada de posição ideológico-filosofica que remete aos 
interesses sociais envolvidos. Assim dependendo da posição dos agentes, 
pode se ter mais de uma posição ética segundo a ótica de cada um. 
 
Um caso a ser mencionado é o da bomba atômica, do ponto de vista dos EUA, 
das tropas combatentes e dos fabricantes, a produção e lançamento desta 
bomba sobre as cidades de Hiroshima e Nagasaki constituíam uma atitude 
ética. É claro que tal posição não era compartilhada pelos japoneses nem pelas 
entidades oposicionistas da sociedade civil norte-americana. O que era ético 
para alguns agentes coletivos não era para tantos outros. 
 
 
Professor Daniel Viegas Ribas Filho 
 12 
A Ética 
 
A palavra Ética tem como base etimológica a palavra grega ethos. 
 
Ethos significa domicílio, moradia humana: maneira de ser habitual, o caráter 
ou disposição interna da vontade. 
 
A ética, como morada humana, não é algo pronto e construído de uma só vez. 
O ser humano está sempre tornando habitável a casa que construiu para si. 
 
Contando uma história: “O Carpinteiro” 
 
Um velho carpinteiro, que construía casas, estava pronto para se aposentar. 
Ele informou ao chefe seu desejo de sair da indústria da construção e passar 
mais tempo com sua família, ele ainda comentou que sentiria falta do salário, 
mas estava mesmo decidido a se aposentar. 
 
A empresa não seria muito afetada pela saída do carpinteiro, no entanto, o 
chefe estava triste em ver um bom funcionário partindo. De qualquer modo, 
pediu ao carpinteiro para que trabalhasse em mais um projeto, como um favor 
pessoal. 
 
O carpinteiro não gostou do pedido, mas acabou concordando, porém, foi fácil 
ver que ele não estava entusiasmado com a idéia, pois ele prosseguiu fazendo 
um trabalho de segunda qualidade e usando materiais inadequados. Foi uma 
maneira negativa de este terminar sua carreira. 
 
Quando o carpinteiro concluiu o projeto, seu chefe veio fazer a inspeção da 
casa construída e, depois lhe deu as chaves e disse: “Essa é sua casa, ela é 
meu presente para você”. 
 
O carpinteiro ficou muito surpreso. Que pena! Se ele soubesse que estava 
construindo sua própria casa ele teria feito tudo diferente. 
 
Professor Daniel Viegas Ribas Filho 
 13 
Pense nisso: “A vida é um projeto que você mesmo constrói”. Suas atitudes e 
escolhas de hoje estão construindo a “casa” que você vai morar amanhã. 
 
A ética é uma característica inerente a toda ação humana e, por esta razão, é 
um elemento vital na produção da realidade social. Todo homem possui um 
senso ético, uma espécie de "consciência moral", estando constantemente 
avaliando e julgando suas ações para saber se são boas ou más, certas ou 
erradas, justas ou injustas. 
 
Existem sempre comportamentos humanos classificáveis sob a ótica do certo e 
errado, do bem e do mal. Embora relacionadas com o agir individual, essas 
classificações sempre têm relação com as matrizes culturais que prevalecem 
em determinadas sociedades e contextos históricos. 
 
A ética está relacionada à opção, ao desejo de realizar a vida, mantendo com 
as outras relações justas e aceitáveis. Via de regra está fundamentada nas 
idéias de bem e virtude, enquanto valores perseguidos por todo ser humano e 
cujo alcance se traduz numa existência plena e feliz. 
 
O estudo da ética talvez tenha se iniciado com filósofos gregos há 25 séculos 
atrás. Hoje em dia, seu campo de atuação ultrapassa os limites da filosofia e 
inúmeros outros pesquisadores do conhecimento dedicam-se ao seu estudo. 
Sociólogos, psicólogos, biólogos e muitos outros profissionais desenvolvem 
trabalhos no campo da ética. 
 
Ao iniciar um trabalho que envolve a ética como objeto de estudo, 
consideramos importante, como ponto de partida, estudar o conceito de ética, 
estabelecendo seu campo de aplicação e fazendo uma pequena abordagem 
das doutrinas éticas que consideramos mais importantes para o nosso 
trabalho. 
 
Relação com a Filosofia 
 
Como um ramo da Filosofia, a Ética a influenciou e foi por ela influenciada. 
Professor Daniel Viegas Ribas Filho 
 14 
 
A palavra filosofia é de origem grega, sendo ela composta por duas outras 
palavras: Philo e Sophia. 
 
Philo: deriva-se de philia, que significa amizade, amor fraterno, respeito entre 
iguais. 
Shofia: quer dizer sabedoria e dela vem à palavra sophos, sábio. 
 
Filosofia significa, portanto, amizade pela sabedoria, amor e respeito pelo 
saber, bem como o filósofo é aquele que ama a sabedoria, tem amizade pelo 
saber, deseja saber. 
 
Atribui-se ao Filósofo grego Pitágoras que viveu no século V a.C a “invenção” 
da palavra filosofia. Pitágoras teria afirmado que a sabedoria plena e completa 
pertence aos deuses, mas os homens, seres imperfeitos, limitados podem 
desejá-la, ou amá-la tornando-se o filósofo. 
 
A Filosofia até hoje guarda o sentido de busca do saber por inteiro, busca da 
“inteireza” do saber que se revela a reflexão filosófica. Em outras palavras, 
filosofia é um modo de pensar e exprimir os pensamentos. 
 
Quando estamos filosofando? 
 
Quando tomamos a decisão de não aceitar como óbvias e evidentes as coisas, 
as idéias, os fatos, as situações, os valores, os comportamentos de nossa 
existência cotidiana; jamais aceitá-los sem havê-los investigados e 
compreendidos. 
 
Filosofar é dar sentido à experiência 
 
“Não se pode pensar em nenhum homem que não seja também filósofo, que 
não pense, precisamente porque pensar é próprio do homem como tal”. Isso 
significa que as questões filosóficas fazem parte do cotidiano de todos nós. 
 
Professor Daniel Viegas Ribas Filho 
 15 
A Filosofia surge no momento em que o pensar é posto em causa, tornando-se 
objeto de reflexão. 
 
Refletir (reflectare em latim) significa “fazer retroceder”, “voltar atrás”. Portanto, 
refletir é retomar o próprio pensamento, pensar o já “pensado”, voltar para si 
mesmo e colocar em questão o que já é e conhece. 
 
Não somos, porém, somente seres pensantes. Somos também seres que 
agem no mundo, que se relacionam com os outros seres humanos, com os 
animais, as plantas, as coisas, os fatos e acontecimentos, e expressamos 
essas relações tanto por meio da linguagem quanto por meio de gestos e 
ações. 
 
A atitude filosófica inicia-se indagando: O que é? Como é? Por que é? 
Dirigindo ao mundo que nos rodeia e aos seres humanos que nele vivem e com 
ele se relacionam. São perguntas sobre a essência, a significação e a origem 
de todas as coisas. 
 
Já a reflexão filosófica indaga: Por quê? O quê? Para quê? 
Dirigindo-se ao pensamento, aos seres humanos no ato da reflexão. São 
perguntas sobre a capacidade e a finalidade humana para conhecer e agir. 
 
Onde está a necessidade da Filosofia? 
 
A necessidade da Filosofia está no fato de que, por meio da reflexão, a 
Filosofia permite ao homem ter mais de uma dimensão, além da que é dada 
pelo agir imediato no qual o “homem prático” se encontra mergulhado. 
 
Portanto, a Filosofia é a possibilidade da transcendência humana, ou seja, a 
capacidade de que só o homem tem de superar a situação dada e não 
escolhida. Pela transcendência, o homem surge como ser de um projeto, capaz 
de liberdade e de construir o seu destino. 
Professor Daniel Viegas Ribas Filho 
 16 
3. O CAMPO DA ÉTICA 
 
Os dilemas morais surgem como conseqüência do comportamento dos 
indivíduos. Estão, assim, diretamente relacionados com o cotidiano de cada 
sociedade, o que nos permite afirmar que um mesmo comportamentopode ser 
visto por uma sociedade como desprovido de moral, enquanto em outra 
sociedade pode ser considerado como moralmente aceito. 
 
Se, por exemplo, no meio de nossa sociedade, uma pessoa resolve sair à rua 
sem roupa, certamente terá seu comportamento condenado e reprimido. 
Todavia em uma tribo indígena localizada no meio da floresta amazônica o ato 
seria visto com naturalidade. 
 
Da mesma forma que entre sociedades distintas, no seio de uma mesma 
sociedade, é comum pessoas diferentes enxergarem determinado fato através 
de óticas diferenciadas, muitas vezes conflitantes. 
 
Exemplificando, é normal em nossa sociedade a condenação do ato de roubar; 
não obstante isso, um chefe de família pode acreditar que possa fazê-lo em 
virtude das privações por que passa sua família, e justificar-se sobre este 
pretexto. 
 
A existência de um dilema moral implica que a ação de determinado individuo, 
ou mesmo a ação de um grupo de indivíduos, contrariou aquilo que 
genericamente a maioria da sociedade acredita ser o comportamento 
adequado para aquela situação. 
 
Deve ser lembrado que a definição de um comportamento moral adequado 
para uma situação qualquer nem sempre é pacífica. Tome-se, por exemplo, a 
clássica história de Robin Hood. Caso alguém queira analisá-la apenas por 
suas ações como saqueador, certamente enxergara ali um comportamento que 
apresenta ausência de ética. 
 
Professor Daniel Viegas Ribas Filho 
 17 
Por outro lado, se o mesmo comportamento for analisado em função do motivo 
que o conduziu àquelas ações, o sofrimento do povo em conseqüência da 
tirania do soberano, é possível que aquele comportamento seja visto como 
ético. 
 
Da mesma forma que este exemplo, muitas situações apresentadas no 
cotidiano ensejam uma discussão sobre ética. O caso do chefe de família que 
se obriga a roubar para assegurar o sustento de sua família, já mencionado, é 
um exemplo típico desta situação. 
 
Função da Ética 
 
A história da humanidade nada mais é do que o retrato da ação das pessoas 
através do tempo. Essa história teve, e certamente ainda terá, seu rumo 
alterado, seja de maneira brusca, seja paulatinamente através dos tempos. 
 
Pode-se afirmar que as pessoas mudam de comportamento ao longo de suas 
vidas. Essas alterações são resultado de vários fatores, dentre eles, uma nova 
descoberta tecnológica, uma epidemia de largas proporções, ou a ascensão ao 
poder de uma nova vertente de pensamento. 
 
É de se entender que quando ocorrem mudanças no rumo da humanidade ou 
mesmo de uma sociedade composta por um agrupamento menor de pessoas, 
como habitantes de um país, tais alterações ocorrem em nível das pessoas. 
Desse modo as mudanças no âmbito de uma sociedade só acontecem caso a 
maior parte das pessoas que a compõem assumam novos hábitos de vida. 
 
No plano individual, uma pessoa pode alterar seu comportamento, refletindo 
essa mudança em suas ações, independentemente de qualquer mudança 
ocorrida nas demais pessoas da sociedade. 
 
A capacidade de imprimir alterações no curso da própria vida esta relacionada 
com a capacidade de raciocinar, a qual permite ao ser humano escolher, com 
Professor Daniel Viegas Ribas Filho 
 18 
base em sua própria experiência de vida, qual o caminho a seguir e em qual 
momento a rota deve ser alterada. 
 
As modificações no modo de agir representam tão somente um aspecto pratico 
no cotidiano das pessoas. Como é de se esperar, elas não ocorrem sem 
razões que as sustentem, que representam um aspecto conceitual, relacionado 
com a justificação de crenças e valores que cada pessoa tem da vida. Deve ser 
lembrado, ainda, que o ser humano ao mesmo tempo em que se mostra 
racional, a ponto de refletir sobre a sua vida, mudando o rumo até então dado à 
mesma, ele carrega uma carga muito grande de sentimentos, que podem 
conduzi-lo a irracionalidade. 
 
Ambos os fatores, racionalidade e sentimento, provocam alterações nas 
crenças e, por conseguinte, nos valores que cada pessoa traz consigo. O 
passo seguinte, portanto, é representado pela mudança das ações, refletindo 
um novo comportamento, que pode apresentar um caráter temporário ou 
definitivo. 
 
Quando por exemplo um país se envolve em uma guerra, os habitantes desse 
país estão assumindo um comportamento que normalmente condenam em 
tempo de paz, qual seja, matar seus semelhantes. 
 
O envolvimento de um país em uma guerra pode ocorrer em virtude de varias 
razões, tais como defesa própria, agressão fundamentada em um motivo 
qualquer, defesa de terceiros. Quaisquer que sejam os motivos que levam um 
país a guerra, é certo que caberá sempre uma discussão a respeito da validade 
dos valores que sustentam esses motivos e da moral ou falta dela nas ações 
assumidas pelos que participam dos conflitos. 
 
Essa discussão ganha maior relevância à medida que possa influir no sentido 
de evitar que ocorram novos conflitos da mesma natureza, com todas as 
atrocidades e prejuízos que eles acarretam. 
 
Professor Daniel Viegas Ribas Filho 
 19 
A história contemporânea nos traz o exemplo de alguns presidentes de nações 
democráticas que em virtude do comportamento antiético no exercício do poder 
foram obrigados a renunciar, antecipando assim o final de seu mandato. Entre 
eles figuram o ex-presidente dos Estados Unidos Richard Nixon, devido ao 
caso “Watergate”, e o ex-presidente do Brasil Fernando Collor de Mello. 
 
Este fato torna-se ainda mais relevante se levado em consideração pelos 
eleitores em pleitos futuros. A sociedade brasileira, com a renuncia de 
Fernando Collor de Mello, passou a dedicar atenção maior a respeito do 
comportamento dos políticos, suas relações dentro do poder e fora dele. 
 
Da mesma forma que nos exemplos citados, que envolvem nações inteiras, 
problemas de comportamento menos relevantes são encontrados no cotidiano 
por qualquer pessoa. Assim é comum ouvirmos falar em pessoas que dirigem 
embriagadas, empresas que lesam seus clientes, policiais envolvidos com 
bandidos. 
 
Quando nos referimos aos problemas de comportamento humano estamos 
adentrando o campo da ética e discutindo problemas éticos. 
 
Neste contexto a Ética tem como função essencial a tarefa de investigar a 
realidade dentro da qual cada momento da história foi vivido e explicar os 
valores que conduziram a determinado tipo de comportamento. 
 
Ainda que não se possa esperar da ética uma correção dos atos praticados no 
passado, não se pode desprezar suas contribuições no sentido de, a partir do 
entendimento do passado, evitar a aceitação de comportamentos não éticos no 
futuro. 
 
Os problemas relacionados com o comportamento do ser humano encontram-
se inseridos no campo de preocupações da Ética. Ainda que não torne os 
indivíduos “moralmente perfeitos” a Ética tem por função investigar e explicar o 
comportamento das pessoas ao longo das várias fases da história. 
 
Professor Daniel Viegas Ribas Filho 
 20 
Essa função apresenta-se como de grande relevância, tanto no sentido de se 
entender o passado, quanto de servir como parâmetro para a fixação de 
comportamentos padrões, aceitos pela maioria visando diminuir o nível de 
conflitos de interesses dentro da sociedade. 
 
Problemas Morais e Problemas Éticos 
 
A ética não é algo superposto à conduta humana, pois todas as nossas 
atividades envolvem uma carga moral. Idéias sobre o bem e o mal, o certo e o 
errado, o permitido e o proibido definem a nossa realidade. 
 
Em nossas relações cotidianas estamos sempre diante de problemas do tipo: 
 
✓ Devo sempre dizer a verdade ou existem ocasiões em queposso 
mentir? 
 
✓ Será que é correto tomar tal atitude? 
 
✓ Devo ajudar um amigo em perigo, mesmo correndo risco de vida? 
 
✓ Existe alguma ocasião em que seria correto atravessar um sinal de 
trânsito vermelho? 
 
✓ Os soldados que matam numa guerra, podem ser moralmente 
condenados por seus crimes ou estão apenas cumprindo ordens? 
 
Essas perguntas nos colocam diante de problemas práticos, que aparecem nas 
relações reais, efetivas entre indivíduos. São problemas cujas soluções, via de 
regra, não envolvem apenas a pessoa que os propõe, mas também a outras 
pessoas que poderão sofrer as conseqüências das decisões e ações, 
conseqüências que poderão muitas vezes afetar uma comunidade inteira. 
 
Professor Daniel Viegas Ribas Filho 
 21 
O homem é um ser no mundo que só realiza sua existência no encontro com 
outros homens, sendo que, todas as suas ações e decisões afetam as outras 
pessoas. 
 
Nesta convivência, nesta coexistência, naturalmente têm que existir regras que 
coordenem e harmonizem esta relação. Estas regras, dentro de um grupo 
qualquer, indicam os limites em relação aos quais podemos medir as nossas 
possibilidades e as limitações a que devemos nos submeter. São os códigos 
culturais que nos obrigam, mas ao mesmo tempo nos protegem. 
 
Diante dos dilemas da vida, temos a tendência de conduzir nossas ações de 
forma quase que instintiva, automática, fazendo uso de alguma "fórmula" ou 
"receita" presente em nosso meio social, de normas que julgamos mais 
adequadas de serem cumpridas, por terem sido aceitas intimamente e 
reconhecidas como válidas e obrigatórias. 
 
Fazemos uso de normas, praticamos determinados atos e, muitas vezes, nos 
servimos de determinados argumentos para tomar decisões, justificar nossas 
ações e nos sentirmos dentro da normalidade. 
 
As normas de que estamos falando têm relação como o que chamamos de 
valores morais. São os meios pelos quais os valores morais de um grupo social 
são manifestos e acabam adquirindo um caráter normativo e obrigatório. 
 
A palavra moral tem sua origem no latim "mos"/"mores", que significa 
"costumes", no sentido de conjunto de normas ou regras adquiridas por hábito. 
Notar que a expressão "bons costumes" é usada como sendo sinônimo de 
moral ou moralidade. 
 
A moral pode então ser entendida como o conjunto das práticas cristalizadas 
pelos costumes e convenções histórico-sociais. Cada sociedade tem sido 
caracterizada por seus conjuntos de normas, valores e regras. São as 
prescrições e proibições do tipo "não matarás", "não roubarás", de 
cumprimento obrigatório. Muitas vezes essas práticas são até mesmo 
Professor Daniel Viegas Ribas Filho 
 22 
incompatíveis com os avanços e conhecimentos das ciências naturais e 
sociais. 
 
A moral tem um forte caráter social, estando apoiada na tríade cultura, história 
e natureza humana. É algo adquirido como herança e preservado pela 
comunidade. 
 
Quando os valores e costumes estabelecidos numa determinada sociedade 
são bem aceitos, não há muita necessidade de reflexão sobre eles. Mas, 
quando surgem questionamentos sobre a validade de certos costumes ou 
valores consolidados pela prática, surge a necessidade de fundamentá-los 
teoricamente, ou, para os que discordam deles, criticá-los. 
 
Como podemos entender então o conceito de ética? 
 
A ética, tantas vezes interpretada como sinônimo de moral aparece exatamente 
na hora em que estamos sentindo a necessidade de aprofundar a moral. 
Geralmente a ética apoia-se em outras áreas do conhecimento como a 
antropologia e a história para analisar o conteúdo da moral. Seria o tratamento 
teórico em torno da moral e da moralidade. 
 
Uma disciplina originária da filosofia, há muito discutida pelos filósofos de todas 
as épocas e que se estende a outros campos do saber como teologia, ciências 
e direito. 
 
Ética e Moral 
 
Alguns diferenciam ética e moral de vários modos: 
 
1. Ética é princípio, o moral trata de aspectos de condutas específicas. 
 
2. Ética é permanente, moral é temporal. 
 
3. Ética é universal, moral é cultural, é proibição moral. 
Professor Daniel Viegas Ribas Filho 
 23 
 
4. Ética é filosofia da moral, a moral é conduta. 
 
5. O Moral é regra. Ética é questionamento: Por quê? 
 
Um exemplo a ser mencionado é: 
A lei moral judaica proíbe comer carne de porco, e certos indianos não comem 
carne de vaca. 
 
A Ética diz: se estiver faminto mate o porco e mate a vaca e coma, pois o 
princípio da vida está acima das leis morais e religiosas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ética = ethos Moral = mos
Princípios Universais
(pressão interna)
Regras p/ as ações coletivas 
(pressão externa)
Reflexão e Valores Hábitos e Costumes
A ética pressupõe análise e reflexão antes do agir. Toda existência 
tem o lado da alteridade, isto é, da dimensão do OUTRO.
Ética = ethos Moral = mos
Princípios Universais
(pressão interna)
Regras p/ as ações coletivas 
(pressão externa)
Reflexão e Valores Hábitos e Costumes
A ética pressupõe análise e reflexão antes do agir. Toda existência 
tem o lado da alteridade, isto é, da dimensão do OUTRO.
Professor Daniel Viegas Ribas Filho 
 24 
4. FONTES DAS REGRAS ÉTICAS 
 
O fato de se considerar a Ética como expressão única do pensamento correto 
implica a idéia de que existem certas formas de ação preferíveis a outras, às 
quais se prende, necessariamente, um espírito julgado correto. Tomando-se 
por base esta definição, existiria uma natureza humana “verdadeira” que seria 
a fonte primeira das regras éticas. 
 
Essa natureza humana verdadeira seria aquela do homem sadio e puro, em 
que habitariam todas as virtudes de caráter integro e correto. Toda ação do 
homem ético seria uma ação ética (universalidade da ética). 
 
Existem, ainda, normas de caráter diverso e até mesmo oposto à idéia da 
universalidade da ética: as relacionadas à forma ideal universal e comum do 
comportamento humano, expressa em princípios validos para todo pensamento 
são. Esta seria a segunda fonte das regras éticas. 
 
O termo ética pode assumir diferentes significados, conforme o contexto em 
que os agentes sociais estão envolvidos. Assim, existe a ética dos negócios, a 
ética na profissão do contador. 
 
A terceira fonte de normas éticas seria a conseqüência da busca refletida dos 
princípios do comportamento humano. Assim, cada significado do 
comportamento ético tornar-se ia objeto de reflexão por parte dos agentes 
sociais. Essa seria a procura racional das razões da conduta humana. 
 
A quarta fonte de regras ética seria a legislação de cada país, ou de foros 
internacionais, ou mesmo os códigos de ética empresarial e profissional. 
 
A quinta fonte de normas éticas vem dos costumes e exprime a excelência 
daquilo que “na parte irracional é acessível aos apelos da razão”. 
 
Nossos movimentos e paixões estão inscritos em nosso aparelho psíquico e 
não podemos deixar de senti-los. Ninguém se encoleriza intencionalmente. 
Professor Daniel Viegas Ribas Filho 
 25 
Ora, a qualificação bom/mau supõe que aquele que assim julga escolheu agir 
assim. Um homem não escolhe suas paixões: ele não é então responsável por 
elas, mas somente pelo modo como faz com que elas se submetam a sua 
ação. É deste modo que os outros o julgam sob o aspecto ético, isto é, 
apreciando seu caráter. Um juízo ético seria simplesmente impossível se não 
houvesse como regular as paixões. 
 
Em suma, podemos afirmar que as fontes das regras éticas podem ser 
divididas em cinco categorias: 
 
1. A naturezahumana “verdadeira”; 
2. A forma ideal universal do comportamento humano, expressa em 
princípios validos para todo pensamento sadio; 
3. A busca refletida dos princípios do comportamento humano; 
4. A legislação; 
5. Os costumes. 
 
Essa relação não tem o consenso dos estudiosos. Na opinião de alguns 
filósofos não existiriam duas naturezas humanas, uma verdadeira e outra falsa, 
mas só uma. 
 
Segundo outros autores, a própria realidade social seria fonte maior das regras 
éticas, porquanto ela influencia o comportamento das pessoas, mostrando-lhes 
ao longo da vida e que é certo e o que é errado. 
 
A reflexão do cotidiano das pessoas ao longo de suas vidas irá indicar, com 
clareza, quais as origens do comportamento socialmente aceito, o 
comportamento ético. 
 
 
 
 
 
 
Professor Daniel Viegas Ribas Filho 
 26 
5. COMPORTAMENTO ÉTICO 
 
Diariamente, as pessoas deparam com cenas nas quais a falta de ética pode 
ser facilmente visualizada. Implica dizer que, diante de determinadas situações, 
as pessoas apresentam um comportamento que contraria as normas 
estabelecidas pela sociedade. Tais cenas podem ser vistas em qualquer 
ambiente, como ruas, escolas, repartições públicas, templos religiosos. 
 
A rigor, nem mesmo se faz necessário que alguém esteja fora de sua moradia 
para presenciar cenas nas quais regras éticas são quebradas. Os meios de 
comunicação, especialmente a televisão, retratam cotidianamente estas cenas, 
seja na forma de acontecimentos reais, seja na forma de ficção. 
 
Da mesma forma que independem de local, as regras éticas são 
desrespeitadas dentro de qualquer sociedade, não importando seu tipo, 
natureza ou objetivo que busca alcançar. Muitas vezes, a ausência de ética é 
percebida no seio de uma família, outras vezes em empresas. 
 
As regras que regem a ética em qualquer sociedade, estejam elas definidas de 
maneira formal ou não, são estabelecidas tendo-se por base uma situação 
qualquer e contemplam o comportamento considerado adequado dos 
participantes da sociedade diante de tal situação. 
 
Pode-se afirmar, portanto, que a pratica de qualquer ato que desrespeite uma 
regra estabelecida e aceita pela sociedade, independente de sua natureza, 
representa falta de ética. 
 
O ato de sonegar o Imposto de Renda, além de representar uma transgressão 
às regras fiscais, é um ato desprovido de ética. No mesmo sentido, quando 
alguém assalta um banco, além de crime penal, essa pessoa agiu de forma 
antiética. 
 
De forma geral, o estabelecimento de normas no seio de uma sociedade busca 
proteger o direito das pessoas e da própria sociedade. É de se entender, 
Professor Daniel Viegas Ribas Filho 
 27 
portanto, que à medida que uma dessas regras é violada, o infrator fica sujeito 
a algum tipo de penalidade, mesmo que seja tão-somente uma condenação 
moral. 
 
As pessoas, sem exceção, são colocadas constantemente diante de situações 
nas quais elas têm de decidir entre cumprir ou quebrar uma regra. É provável 
que neste momento dois fatores pesem na decisão: o beneficio que a violação 
da regra proporcionara; e o custo de sofrer a penalidade que será imposta pela 
quebra da regra. 
 
Como é normal na natureza humana, algumas pessoas farão opção, em 
determinadas situações, pela obediência às regras, enquanto outras optarão 
pelo descumprimento das mesmas. Neste contexto, outra questão pode ser 
colocada: o que leva uma pessoa a preservar, ou não, os valores éticos de 
uma sociedade da qual faz parte? 
 
Risco e Chance 
 
Qualquer sociedade organizada não pode prescindir de um conjunto de regras 
que normatize o convívio de seus participantes. Tal conjunto de regras terá sua 
extensão determinada em função do tamanho e da natureza da própria 
sociedade, assim como dos níveis de relacionamento nela existentes. 
 
Ainda que convivendo em uma mesma sociedade, nem sempre os interesses 
particulares de uma pessoa convergem para o interesse dos demais 
participantes da sociedade. Daí a importância de regras que fixem as fronteiras 
do relacionamento interpessoal, que devem ser respeitadas quando cada 
pessoa busca atender a seus próprios interesses. 
 
Da mesma forma que no interior das sociedades, o relacionamento de duas ou 
mais sociedades, sejam elas grandes ou pequenas, não podem dispensar um 
conjunto de regras que balizem seu cotidiano. 
 
Professor Daniel Viegas Ribas Filho 
 28 
Em outras palavras, pode-se afirmar que nenhuma sociedade pode abdicar de 
um conjunto de “regras de convivência”, conjunto este que induza ao respeito 
entre seus participantes e assegure o direito dos mesmos. Tal observação é 
valida também no que se refere ao relacionamento existente entre duas ou 
mais sociedades. Vale ressaltar que, no caso de uma dessas regras não ser 
observada, certamente surgirão prejuízos, seja para as pessoas, seja para a 
sociedade. 
 
No liminar da história humana as sociedades configuravam-se sob a forma de 
tribos nas quais o papel a ser desempenhado pelos componentes era bem 
definido: os homens asseguravam a sobrevivência, o que significa dizer a caça 
e a segurança, enquanto as mulheres asseguravam o bem-estar da família e a 
organização do lar. 
 
Considerando-se os conhecimentos do ser humano naquela época, 
especialmente no que diz respeito aos meios de sobrevivência, era natural 
também que cada tribo-sociedade tivesse seu próprio território de atuação, nos 
limites do qual todos os problemas deveriam ser solucionados. A invasão deste 
território por outra tribo significava a quebra de uma regra de convivência e, 
quase sempre, o inicio de uma guerra. 
 
Daquela época até os dias atuais, as sociedades evoluíram e surgem novas 
regras de convivência a cada dia. 
 
Atualmente, considerado o grau de complexidade dos relacionamentos 
existentes, intra e inter-sociedades, para que se compreenda o conjunto de 
regras que regem seu cotidiano, torna-se necessário que elas sejam 
segregadas em função de algum fator, tal como natureza, objetivo, 
competência de quem as determina, abrangência. 
 
Certamente, um dos primeiros critérios deveria ser a segregação destas regras, 
segundo sua natureza, entre formais e informais. As regras formais são 
aquelas escritas, emitidas por quem de direito para tanto. Como exemplo desse 
tipo de regra temos o conjunto de leis de um país. 
Professor Daniel Viegas Ribas Filho 
 29 
 
Já as regras informais têm origem na própria cultura da sociedade, não são 
escritas, mas ainda assim são observadas pela maioria das pessoas tornando 
habito como: auxiliar um deficiente da visão a atravessar a rua, ceder o próprio 
assento para uma pessoa idosa, cumprimentar as pessoas conhecidas. 
 
Outro critério de segregação das regras existentes em uma sociedade seria 
segundo a competência de quem as estabelece, entre coercivas e facultativas. 
As primeiras, para que sejam obrigatórias, precisam ser escritas, portanto, 
formais. As facultativas normalmente estão ligadas ao relacionamento social 
das pessoas, aos “bons modos” como, por exemplo, falar baixo, vestir-se de 
maneira adequada ao ambiente. 
 
A existência de uma regra qualquer, independentemente de sua natureza e da 
competência de quem a elabora, não garante por si só que os objetivos sejam 
alcançados. Desse modo, é de se esperar que para cada regra exista uma 
“penalidade” estipulada para quem a desobedecer. 
 
Para determinados tipos de regra, como leis, a penalidade é de fácil 
visualização e entendimento por todos. Assim, caso alguém sonegue impostos, 
por exemplo, se sujeita a todas as sanções previstas na lei tributaria.Quando a 
pessoa é agredida física ou moralmente, o agressor fica sujeito às penalidades 
previstas na lei penal. 
 
Para outros tipos de regras nem sempre a penalidade é clara, todavia, ela 
existira sempre. Se, por exemplo, alguém vai a uma festa de gala vestido de 
maneira inadequada, certamente esta pessoa será preterida pelos demais 
participantes da festa e talvez não mais receba convites para festas similares. 
Estas serão suas punições. 
 
No mesmo sentido, quando alguém não respeita os idosos, passa a ser 
considerado, pelas demais pessoas, como uma pessoa sem educação, sem 
caráter. 
 
Professor Daniel Viegas Ribas Filho 
 30 
Independentemente das características de cada uma, essas regras visam 
organizar a sociedade, assegurando o bem geral, a segurança da mesma, uma 
convivência pacífica entre seus componentes. Ainda assim, problemas de 
varias ordens continuam a existir nas sociedades, fato este que indica que 
regras, não obstante as penalidades, não estão sendo observadas. 
 
Diante do exposto, a questão que pede uma resposta é: considerando as 
regras, seus objetivos e as penalidades a elas inerentes, por qual motivo elas 
não são observadas em sua integra, ou seja, quais as razões que levam as 
pessoas a desrespeitá-las? 
 
Dois são os caminhos que conduzem à resposta que se busca: o primeiro 
relaciona-se com o surgimento de novas oportunidades para que uma regra 
seja desrespeitada; o outro caminho diz respeito a seu custo que é a 
penalidade imposta em virtude da quebra da regra. 
 
Em relação ao primeiro dos caminhos, a constatação de que se uma regra foi 
quebrada é porque a oportunidade para tal se apresentou, ainda que óbvia, 
requer analise atenciosa. Alguém pode alegar que o ser humano sente certa 
satisfação ao quebrar uma regra. Todavia, não se pode esquecer que toda vez 
que uma chance de se quebrar uma regra ocorre é porque um conflito de 
interesses esta, no mesmo momento, ocorrendo. 
 
Ninguém sonega um imposto pelo simples prazer de sonegar. Existira sempre 
uma razão individual que sustentara o ato praticado como: “o imposto é injusto 
considerando o meu nível de renda”, “o governo aplica mal os recursos 
arrecadados”, “as pessoas mais ricas não pagam, por que eu tenho de pagar?”. 
 
No mesmo sentido, quando alguém agride outra pessoa é porque em face de 
um motivo qualquer, se sentiu ultrajada, ou ainda, quando alguém não cede o 
assento para uma pessoa idosa é porque tem outro motivo, ou não enxerga na 
pessoa idade suficiente para que ela tenha prioridade. 
 
Professor Daniel Viegas Ribas Filho 
 31 
Em resumo, cada vez que uma oportunidade se apresenta e uma regra é 
quebrada, é porque o transgressor tem um motivo que julga suficientemente 
forte para quebrá-la. Considerando que o ser humano tem uma vocação para 
colocar seus interesses à frente do interesse das demais pessoas e da própria 
sociedade, é fácil de entender que oportunidades de quebrar regras sempre 
existirão em grande quantidade e em praticamente qualquer tipo de 
relacionamento que exista na sociedade. 
 
Se, conforme mencionado, toda vez que alguém desrespeita uma regra esta 
agindo em beneficio próprio, colocando seus interesses a frente dos interesses 
de seus pares e da própria sociedade, esta pessoa deve considerar em sua 
decisão, também, a penalidade imposta pela quebra das regras. Isto conduz ao 
segundo dos caminhos apontados para responder à questão anteriormente 
colocada: o custo. 
 
Quando alguém se dispõe a quebrar uma regra, mesmo tendo consciência de 
que pode sofrer uma penalidade, provavelmente esse alguém julga que o risco 
de ser apanhado não é significativo e, ainda que seja, o beneficio obtido em 
virtude da quebra da regra é maior do que o ônus da penalidade. 
 
Diante deste quadro, seria de supor que um dos caminhos que estimularia o 
cumprimento das regras seria estabelecer mecanismos de controles eficientes 
e penalidades pesadas, de modo que grande parte daqueles que descumprem 
tais regras de sintam atemorizados. 
 
Qualquer que seja a sociedade em foco e, dentro desta, qualquer que seja o 
nível de relacionamento mantido, ainda que totalmente balizado por regras, 
haverá sempre oportunidades para que tais regras sejam quebradas. Isto 
porque existira sempre alguém disposto a assumir os riscos das penalidades 
impostas àqueles que desrespeitam as normas. 
 
 
 
 
Professor Daniel Viegas Ribas Filho 
 32 
Risco e Chance na Profissão 
 
Ao longo da história, o desenvolvimento do ser humano tem sido impulsionado 
por sua busca incessante em atingir dois objetivos: conhecer a si próprio, e 
suprir suas necessidades. Estes continuam vivos até hoje. 
 
À medida que persegue estes objetivos, a espécie humana acumula 
conhecimento e desenvolve-se. O progresso do conhecimento humano é algo 
que desafia a imaginação e que pode ser visto em todos os campos do 
conhecimento humano, da medicina à informática, da tecnologia ao lazer. 
 
Muitos foram os fatores que influenciaram o desenvolvimento do conhecimento 
humano ao longo da historia e, ainda hoje, continuam a influenciá-lo. Entre eles 
temos o fator “especialização”. 
 
Se, no inicio, o homem sabia tão pouco sobre si e sobre a terra em que 
habitava, com o passar do tempo esta tarefa se tornou impossível. A cada nova 
descoberta, mais era preciso descobrir, e o cominho encontrado foi dividir a 
missão. 
 
Temos então, neste contexto, o surgimento de segmentos especializados em 
conhecimentos, ou seja, profissionais especializados, como médicos, 
advogados, contadores. Cada um deles tem preocupações limitadas por campo 
de conhecimentos e destinadas a atender necessidades especificas. 
 
Dentro destas especializações, foram surgindo outras, novas, cujo objetivo era 
explorar campos e necessidades mais especificas. Assim temos médicos 
cardiologistas, contadores auditores, advogados tributaristas. A partir das 
novas especializações chega-se a outras como cardiologistas especializados 
em um único tipo de doença, auditores especializados em instituições 
financeiras, tributaristas especializados em um único tipo de tributo. 
 
Ainda que a especialização tenha contribuído e continue a contribuir de 
maneira valiosa para o desenvolvimento da espécie humana, no que diz 
Professor Daniel Viegas Ribas Filho 
 33 
respeito ao comportamento ético dos profissionais, ela traz consigo algumas 
particularidades que podem acarretar prejuízos para a sociedade ou para quem 
necessita de um especialista. 
 
Imagine-se, por exemplo, que alguém apresentando sintomas de enfarte no 
miocárdio, procura um hospital e, lá chegando, encontra tão somente um 
médico especialista em outro ramo da medicina. A partir daí algumas situações 
podem ser visualizadas: 
 
a) o médico atende com sucesso o paciente salvando-lhe a vida; 
b) o médico atende ao paciente, mas este não sobrevive; 
c) o médico recusa-se a atender ao paciente por este não ser um caso 
dentro de sua especialidade. 
 
Quanto à situação (a) nenhum comentário adicional necessita ser feito. No que 
se refere à situação (b) no mínimo duas questões merecem ser levantadas: se 
tivesse sido atendido por um especialista o paciente teria sobrevivido? e houve 
erro no atendimento? Quanto à situação (c), independentemente do destino do 
paciente uma questão merece ser respondida: o médico agiu corretamente ao 
não atender ao paciente? 
 
Dentro da mesma situação imagine-se que o médico de plantão seja um 
cardiologista. Suponha-se que no momento do atendimento o paciente faleceu. 
Certamente questões do tipo “houve negligência?” e “houve erro médico”serão 
colocadas. 
 
No meio contábil muitas situações análogas podem acontecer e, ainda que não 
envolvendo o risco direto de vidas humanas, também são passíveis de 
discussão. 
 
Tome-se como exemplo a situação de uma empresa falida. Suponha-se que a 
decretação de falência ocorreu logo depois do encerramento de um exercício 
com simultânea divulgação das demonstrações contábeis acompanhadas do 
parecer dos auditores independentes, emitido sem nenhuma ressalva. 
Professor Daniel Viegas Ribas Filho 
 34 
 
A primeira pergunta que vem à tona em situações dessa natureza é: a emissão 
do parecer dos auditores independentes observou todas as regras 
determinadas pelos órgãos competentes? 
 
Outra situação seria aquela de uma empresa cujos administradores procuraram 
seguir corretamente todas as normas fiscais e, de repente, recebe uma 
autuação do fisco em face de irregularidades em sua contabilidade. A pergunta 
seria: onde estava o contador? 
 
Caso se queira resumir todas essas questões em uma única questão, é de se 
perguntar: qual regra deixou de ser observada? 
 
É claro que qualquer profissional, independentemente de sua especialização, 
está sujeito a cometer um erro ainda que busque com total esmero cumprir 
todas as regras aplicáveis. 
 
Quando a pessoa necessita da atuação de uma profissional especialista em 
determinado ramo de atividade, na maior parte dos casos fica totalmente 
dependente daquele profissional, isto porque não conhece a atividade e, 
portanto, não consegue avaliar se seu trabalho está sendo realizado da forma 
que se espera. Em outras palavras, muitas vezes a pessoa não consegue 
avaliar se as regras estão sendo cumpridas adequadamente. 
 
Considerando-se a posição privilegiada que cada profissional especializado 
tem no momento em que atua, ou seja, considerando ser ele “o senhor da 
verdade” em seu campo de atuação, é de se entender que as oportunidades 
para desrespeitar as regras surgem em maior numero de vezes. 
 
Naturalmente este fato não implica que ele aproveitara todas as oportunidades 
que se apresentam para praticar a má ação, até porque, apesar da 
especialização, os riscos continuam a existir e nenhum profissional, por mais 
especializado que seja, é único em seu campo de atuação. Isto quer dizer que 
sempre haverá alguém capaz de avaliar sua performance. 
Professor Daniel Viegas Ribas Filho 
 35 
 
Vale ressaltar que as profissões têm suas regras próprias a serem seguidas e, 
portanto, também suas próprias punições. No caso dos contadores, as 
penalidades ficam por conta do Conselho Federal de Contabilidade, dos 
Conselhos Regionais de Contabilidade e da Comissão de Valores Mobiliários. 
 
Como se percebe, os profissionais especializados, como os contadores, têm 
em seu cotidiano as mesmas chances e riscos que qualquer outro integrante 
da sociedade. Adicionalmente estes profissionais contam com as chances que 
lhes são proporcionadas pela especialização. Em contrapartida, assumem 
tanto os riscos normais, como qualquer cidadão, quanto os riscos advindos das 
regras estabelecidas pelos órgãos reguladores da profissão. 
 
Disposição de Proteger Valores Éticos 
 
Toda e qualquer sociedade guarda seus próprios valores e, portanto, sua 
própria ética. Significa dizer que nenhuma sociedade é desprovida de ética, 
mesmo que esta não seja reconhecida como ética por outras sociedades. 
 
Apesar da presença da ética em todas as sociedades, em algumas delas as 
situações nas quais a ética é afrontada surgem com maior freqüência. Tal fato 
demonstra que determinadas sociedades conseguem proteger seus valores 
éticos com menor ou maior intensidade do que outras. 
 
Algumas sociedades tentam proteger seus valores éticos através de punição, 
esta pode até coibir a transgressão dos valores éticos, contudo não significa 
sua extinção, nem mesmo representa o melhor caminho para tal. Ainda que a 
punição represente um risco, para o infrator, no momento em que o beneficio 
da transgressão superar o custo da penalidade a violação dos valores será 
concretizada. 
 
A proteção dos valores éticos deve representar uma decisão que a sociedade 
precisa tomar em conjunto e jamais uma imposição de cima, ou seja, para que 
os valores éticos sejam preservados é necessário que a maior parte de seus 
Professor Daniel Viegas Ribas Filho 
 36 
participantes assim deseje, que seja educada para tal, que aceite e, mais 
importante, que exercite esta proteção a todo instante. 
 
O exercício pleno dos valores éticos, que significa sua proteção irrestrita, só 
ocorrera de forma satisfatória a partir da compreensão por parte dos 
componentes da sociedade dos benefícios que isso traz. 
 
Outro fator relevante para qualquer sociedade que deseje proteger seus 
valores éticos é o papel do líder. Assim sendo, para que todas as pessoas 
compreendam, exercitem e aceitem a proteção dos valores éticos, é de 
fundamental importância assistir ao exemplo dos líderes. Dificilmente, algum 
valor será preservado pela sociedade se não for preservado por seus líderes. 
 
Certamente, o convívio em sociedade trará benefícios gerais a partir do 
momento e que todos estejam dispostos a proteger os valores éticos. Para 
tanto, é necessário que estes valores sejam claros, amplamente difundidos e 
válidos para todos. 
 
Professor Daniel Viegas Ribas Filho 
 37 
6. CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL 
 
Um código de ética pode ser entendido como uma relação das praticas de 
comportamento que se espera que sejam observadas no exercício da 
profissão. As normas do código de ética visam o bem-estar da sociedade, de 
forma a assegurar a lisura de procedimentos de seus membros dentro e fora da 
instituição. 
 
Um dos objetivos de um código de ética profissional é a formação da 
consciência profissional sobre padrões de conduta. 
 
Os princípios éticos podem existir naturalmente, por consenso na comunidade, 
bem como podem apresentar-se na forma escrita, o código de ética. Esse, 
todavia, torna os princípios éticos obrigatórios aos praticantes, tornando 
possível que seja assegurada sua observância. 
 
Um código de ética contém asserções sobre princípios éticos gerais e regras 
particulares sobre problemas específicos que surgem na prática da profissão. 
 
Nenhum código de ética consegue abarcar todos os problemas que aparecem 
quando do exercício da profissão. Ele deve, por isso, ser suplementado com 
opiniões de órgãos competentes. 
 
Apesar de o código de ética profissional servir para coibir procedimentos 
antiéticos, este não é seu principal objetivo. Seu objetivo primordial é expressar 
e encorajar o sentido de justiça e decência em cada membro do grupo 
organizado. 
 
Um código de ética deve indicar um novo padrão de conduta interpessoal na 
vida profissional de cada trabalhador que esteja exercendo qualquer cargo na 
organização. 
 
 
 
Professor Daniel Viegas Ribas Filho 
 38 
O Código de Ética do Profissional do Contador 
 
Além de servir como guia a ação moral, o código de ética profissional 
possibilita que a profissão de contador declare seu propósito de: 
 
✓ cumprir as regras da sociedade; 
✓ servir com lealdade e diligencia; 
✓ respeitar a si mesma. 
 
O objetivo do código de ética para o contador é habilitar esse profissional a 
adotar uma atitude pessoal, de acordo com os princípios éticos conhecidos e 
aceitos pela sociedade. 
 
O código de ética profissional do contador contém princípios éticos aplicáveis a 
sua profissão. Em resumo, tais princípios dizem respeito à: 
 
a) responsabilidade, perante a sociedade, de atuar com esmeroe 
qualidade, adotando critério livre e imparcial; 
b) lealdade, perante o contratante de serviços, guardando sigilo profissional 
e recusando tarefas que contrariem a moral; 
c) responsabilidade com os deveres da profissão (aprimoramento técnico e 
inscrição nos órgãos de classe); 
d) preservação da imagem profissional, mantendo-se atualizado em 
ralação as novas técnicas de trabalho, adotando, igualmente, as mais 
altas normas profissionais de conduta o contador deve contribuir para a 
difusão dos conhecimentos próprios da profissão; 
e) o respeito aos colegas deve ser sempre observado. 
 
Todo profissional e, principalmente, o contador, experimenta situações 
diferenciadas e provocadoras em seu dia-a-dia, ocasionando dilemas morais e 
colocando à prova seus valores éticos, exigindo, assim, sólida formação moral 
e preparo psicológico, embora a conduta esperada, ou seja, a atitude que deve 
adotar, esteja formalizada no Código de Ética da profissão. 
 
Professor Daniel Viegas Ribas Filho 
 39 
O Código de Ética do Profissional do Contador foi instituído pelo Decreto-Lei 
1.040, de 21.10.69 e aprovado pela Resolução CFC nº 803/96, de 10.10.96, 
com alterações nas Resoluções CFC nºs. 819/97, de 20.11.97, 942/02, de 
30.08.2002, e 950/02, de 29.11.02. Atualmente está em fase de aprovação final 
a NBC PG 01, que atualizará o código de ética e revogará as antigas 
resoluções sobre o tema. Abaixo a nova estrutura do código de ética: 
 
 
NBC PG 01 – CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DO CONTADOR 
 
 
Sumário Item 
Objetivo 1 – 4 
Deveres e proibições 5 – 7 
Valor e publicidade dos serviços profissionais 8 – 17 
Deveres em relação aos colegas e à classe 18 – 21 
Penalidades 22 – 25 
Disposições gerais 26 – 28 
 
 
7. O PROFISSIONAL E O EXERCÍCIO DA PROFISSÃO 
 
A ética é uma importante fonte de diretrizes do homem. Ela o condiciona a 
impor limites a si próprio, de modo continuo, de forma a manter o equilíbrio 
necessário para a vida em sociedade. 
 
O Papel do Contador na Sociedade 
 
O contador desempenha papel relevante na analise e aperfeiçoamento da ética 
na profissão contábil, pois sempre está a volta com dilemas éticos, nos quais 
deve exercer, na plenitude de sua soberania, seu papel de profissional 
independente. 
 
A ética profissional, longe de debilitar a posição social da empresa, fortalece-a. 
 
Professor Daniel Viegas Ribas Filho 
 40 
A respeito de acatar todos os procedimentos contábeis referidos nas leis, foi 
ouvido no interior de uma empresa o seguinte contra-argumento: “Ora, mas 
meus concorrentes na dão importância à contabilidade da empresa. Além de 
utilizar não-contadores para fazer e analisar balanços, meus concorrentes 
costumam apresentar resultados fictícios, sem constituir as necessárias 
provisões. Quando não apresentam resultados é porque constituíram provisões 
em excesso ou porque interpretaram, segundo seus interesses, determinada 
norma legal. Por que nós, então, vamos arcar com o ônus financeiro e político 
de uma contabilidade correta? Por que arcar com a desvantagem competitiva 
em relação à concorrente, de evidenciar todo e qualquer fato econômico-
financeiro que altere a posição da empresa?” 
 
Esse argumento é falho e pode ser assim analisado: 
 
O fato de os concorrentes não darem importância à contabilidade da empresa 
não mostra evidencia de ser esta a posição correta. Ao contrario a pratica 
mostra o quanto a contabilidade é útil no acompanhamento da posição 
econômico-financeira das empresas, na avaliação de seu desempenho e na 
divulgação de informações. 
A hipótese de a concorrente utilizar-se de não contadores para elaboração e 
analise de suas demonstrações possibilita duas interpretações do ponto de 
vista da ética: 
✓ Se o profissional que ela utiliza não é contador, mas é familiarizado com 
a técnica contábil reconhecidamente aceita, tal não se configura falta de 
ética. Este profissional não poderá, no entanto, assinar referidas 
demonstrações, por determinação de normas que regem o exercício da 
profissão; 
✓ Se a concorrente utilizada de profissional ou equipe não qualificada, tal 
se configura falta de ética profissional, pois estará demonstrando 
incompetência. a competência profissional é principio ético que deve 
nortear os procedimentos de elaboração do balanço. 
 
 
 
Professor Daniel Viegas Ribas Filho 
 41 
A hipótese aventada de que os concorrentes apresentam resultados fictícios, 
sem constituírem as necessárias provisões deve ser mais bem formulada. Com 
base em que se faz tal afirmação? O parecer da auditoria independente acusou 
o fato? Houve ressalvas no parecer da auditoria? O balanço será republicado? 
Admitindo-se, após reflexão responsável, que determinada concorrente 
apresentasse falsos resultados, este fato justificaria o mesmo procedimento 
pela empresa reclamante? Correriam elas os mesmos riscos, na fiscalização 
pelos órgãos arrecadadores de impostos? 
 
A hipótese sobre a manipulação dos resultados pelos concorrentes, através da 
constituição de provisões em excesso ou da interpretação enviesada da lei, 
carece igualmente de provas. A não ser que o reclamante mantivesse um 
serviço de acompanhamento sofisticado de concorrentes, ele não poderia 
afirmar e, muito menos, provar a hipótese acima. Mas, também admitindo-se 
que tal afirmação seja responsavelmente formulada, o concorrente de fato não 
atende ao regime de competência de exercícios e à confrontação de receitas e 
despesas, é de se perguntar: Deve o reclamante maldizer-se de sua sorte 
enquanto empresário ético? 
 
O fato de o concorrente não constituir as provisões necessários ou de constituí-
las em excesso, distorcendo o resultado, é problema legal e ético do 
concorrente, que arca com todas as responsabilidades do ato fraudulento. 
Essas responsabilidades incluem: ressalvas no parecer de auditoria, 
republicação de balanços, autuação pelos órgãos arrecadadores, publicidade 
negativa, demissão etc. “Maquiar” balanços é pratica combatida, não estando 
no repertório do bem profissional. Não existe, pois, nível para comparação 
entre o reclamante ético e o concorrente desonesto. 
 
O ônus financeiro da desvantagem competitiva a que se refere o reclamante, 
na verdade, não existe. Isso porque é difícil comprovar a prática dos atos 
ilícitos, bem como mensurar suas vantagens. De qualquer forma, supondo-se 
praticados os procedimentos ilegais, eles têm o grave poder deletério de 
institucionalizar o vício do procedimento errado, gerando uma cultura nociva a 
ser difundida por aqueles funcionários que dele têm conhecimento. 
Professor Daniel Viegas Ribas Filho 
 42 
O importante a enfatizar é que os princípios éticos não são mera figura de 
retórica, à moda em determinadas épocas. São preceitos que a sociedade 
acolhe como verdadeiros e a eles legitima. 
 
Conceitos Relacionados com Dilemas Éticos 
O profissional de contabilidade enfrenta inúmeros dilemas éticos no cotidiano 
do exercício de sua profissão. Essas situações críticas situam-se nas esferas 
dos conceitos de dever, direito, justiça, responsabilidade, consciência e 
vocação. 
 
O dever corresponde à obrigação de oferecer, realizar ou omitir algo diante do 
direito de alguém. A obrigação de um contador é de realizar os serviços de 
natureza contábil da instituição, com qualidade dentro de determinado prazo. 
Tal obrigação é um dever desse profissional e um direito da empresa. 
 
O direito é a contrapartida do dever. É tudo aquilo que uma pessoa pode exigir 
de quem lhe deve. 
 
A justiça tem por axioma dar a cada pessoa o lhe corresponde, permitir que 
possuao que lhe é de direito. Ela e a principal virtude da ética. 
 
A responsabilidade é a capacidade de entendimento do direito e do dever que 
acompanha o exercício de qualquer atividade. Assim, ao realizar um trabalho, a 
pessoa percebe ter assumida uma obrigação, seja de executar bem um 
serviço, seja de cumprir um prazo para sua conclusão. 
 
A consciência é uma regra moral que motiva a pessoa a agir de determinada 
forma, em vez de outra. A consciência age como o “juiz interno” que influencia 
na tomada de decisão. 
 
A vocação é a tendência (baseada nas aptidões) de uma pessoa de dedicar-se 
a determinada profissão. Essa inclinação favorece a qualidade dos serviços 
que ela presta, já que é mais difícil para a pessoa dedicar-se àquilo de que não 
gosta. 
Professor Daniel Viegas Ribas Filho 
 43 
Dilemas Éticos 
 
Os dilemas éticos são situações que forçam alguém a tomar um curso de ação 
que, embora ofereça um potencial beneficio pessoal ou organizacional, ou 
ambos, podem ser considerados potencialmente não-éticos. São situações em 
que as ações devem ser tomadas, mas sobre as quais não há consenso claro 
quanto ao que é certo ou errado. O indivíduo fica com o peso de fazer boas 
escolhas. 
 
A dificuldade chave dos problemas éticos da atualidade consiste em questionar 
interesses pessoais com responsabilidade social, esse debate sobre a ética e a 
responsabilidade social é muito antigo, e acentuou-se recentemente, devido a 
problemas como poluição, desemprego e proteção dos consumidores, entre 
muitos outros que sempre envolvem as organizações, públicas ou privadas. 
 
Fatores que afetam a Ética Gerencial 
 
É fácil demais se confrontar com dilemas éticos na segurança de um livro 
didático ou de uma sala de aula da faculdade. Na prática, um gerente é 
desafiado com freqüência a escolher cursos de ação éticos em situações nas 
quais as pressões podem ser contraditórias e grandes. Uma consciência maior 
dos fatores que influenciam a ética gerencial pode ajudá-los a lidar melhor com 
eles no futuro. Esses fatores emanam da pessoa, da organização e do 
ambiente externo. 
 
a) O gerente como pessoa: A ética gerencial é afetada pelas experiências 
pessoais e as vivências do gerente. Influências familiares, valores religiosos, 
posições pessoais e necessidades financeiras ajudarão a determinar a conduta 
ética de um gerente em uma dada circunstância. Gerentes, que não tem um 
conjunto forte e coerente de éticas pessoais, descobrirão que suas decisões 
vão variar de situação para situação enquanto eles tentam maximizar seus 
interesses próprios. Os gerentes que atuam com fortes arcabouços éticos, 
regras pessoais ou estratégias para o processo decisório ético serão mais 
Professor Daniel Viegas Ribas Filho 
 44 
coerentes e confiantes porque as escolhas serão feitas em confronto com um 
conjunto estável de padrões éticos. 
 
b) A organização empregadora: A organização exerce outra influência na 
ética gerencial, o que pode com certeza afetar as decisões e ações de um 
indivíduo é exatamente aquilo que o superior imediato exige e aquilo que 
resultará em prêmio ou punição. As expectativas e reforços dados por colegas 
e as normas do grupo parecem ter impacto semelhante. Declarações formais 
de políticas e regras escritas, embora não garantam resultados, são também 
muito importantes no estabelecimento de um clima ético para a organização 
como um todo. Elas apoiam e reforçam a cultura organizacional que tem forte 
influência no comportamento ético dos membros. 
 
c) O ambiente externo: As organizações operam em ambientes externos 
compostos de leis e regulamentos governamentais e normas e valores sociais. 
As leis interpretam os valores sociais para definir comportamentos adequados 
para as organizações e seus membros; os regulamentos ajudam o governo a 
monitorar esses comportamentos e a mantê-los dentro de padrões aceitáveis. 
O clima de concorrência numa indústria também estabelece um padrão de 
comportamento para aqueles que esperam prosperar dentro dela. Ás vezes as 
pressões da concorrência contribuem ainda mais para os dilemas éticos dos 
gerentes. 
 
Padrões de Conduta Ética para Contadores Gerenciais 
 
O Contador Gerencial tem obrigações: (a) para com a empresa em que 
trabalha, (b) com o público e (c) consigo mesmo. Essas obrigações consistem 
em manter os mais altos padrões de conduta ética. No reconhecimento dessas 
obrigações o IMA - Institute of Management Accountants tem adotado os 
seguintes padrões de conduta ética para os Contadores Gerenciais. A 
aderência a esses padrões deve ser integral para se atingir os objetivos da 
Contabilidade Gerencial. Os Contadores Gerenciais não podem cometer e nem 
permitir que outras pessoas cometam atos contrários aos padrões 
estabelecidos. 
Professor Daniel Viegas Ribas Filho 
 45 
CCOOMMPPEETTÊÊNNCCIIAA 
 
Os Contadores Gerenciais têm por responsabilidade: 
 
• Manter um nível apropriado de competência profissional com o 
desenvolvimento contínuo de seus conhecimentos e habilidades. 
• Realizar seus deveres profissionais de acordo com as leis, regulamentos 
e padrões técnicos relevantes. 
• Preparar relatórios e recomendações completos e claros após a análise 
apropriada de informações relevantes e confiáveis. 
 
CCOONNFFIIDDEENNCCIIAALLIIDDAADDEE 
 
Os Contadores Gerenciais têm por responsabilidade: 
 
• Não divulgar informações confidenciais adquiridas no curso de seu 
trabalho exceto quando autorizado, a menos que seja obrigado legalmente 
a fazê-lo. 
• Alertar aos subordinados apropriadamente a respeito da 
confidencialidade da informação adquirida no curso dos trabalhos. 
Monitorar suas atividades assegurando a manutenção plena da 
confidencialidade. 
• Não permitir o efetivo ou aparente uso de informação confidenciais 
adquiridas durante o curso de seu trabalho para usufruir vantagens anti-
éticas ou ilegais, pessoalmente ou através de terceiros. 
 
IINNTTEEGGRRIIDDAADDEE 
 
Os Contadores Gerenciais têm por responsabilidade: 
 
• Evitar conflitos de interesses reais e aparentes. Alertar todas as partes 
envolvidas em algum potencial conflito de interesses. 
Professor Daniel Viegas Ribas Filho 
 46 
• Não se envolver em qualquer atividade que possa prejudicar sua 
habilidade em conduzir seus deveres eticamente. 
• Recusar qualquer presente, favor ou hospitalidade que possa influenciar 
ou possa parecer influenciar suas ações. 
• Reprimir ativamente ou passivamente qualquer ato que possa impedir 
que a organização atinja seus objetivos éticos e legítimos. 
• Reconhecer e comunicar limitações profissionais ou outras restrições 
que possam prejudicar julgamentos responsáveis ou o sucesso de um 
trabalho ou de uma atividade. 
• Comunicar informações, julgamentos ou opiniões profissionais 
desfavoráveis de modo semelhante ao usado para as favoráveis. 
• Repudiar o envolvimento ou apoio a qualquer atividade que possa 
desacreditar a profissão. 
 
OOBBJJEETTIIVVIIDDAADDEE 
 
Os Contadores Gerenciais têm por responsabilidade: 
 
• Comunicar as informações de forma satisfatória e objetiva. 
• Revelar por completo quaisquer informações que tenham a possibilidade de 
influenciar a compreensão dos relatórios, bem como dos comentários e 
recomendações apresentadas, por parte de um possível usuário. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Professor Daniel Viegas Ribas Filho 
 47 
8. ÉTICA E QUALIDADE 
 
As relações econômicas mundiais sempre se firmaram em um ambiente 
político e social de transformação e em constante evolução. O significado 
social da moral está

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