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A QUEM SE DESTINA A PSICODRAMATERAPIA

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A QUE E A QUEM SE DESTINA A TERAPIA PSICODRAMATICA
 A psicodrama se destina a terapia de grupo ou individualmente, desenvolvendo uma ação representada pela situação em que restabelece a percepção sobre si mesmo e o outro, dando uma visão mais clara de como vem agindo nesse meio.
A terapia psicodrama tem como base ajudar o cliente a experiênciar a sua existência, buscando a compreensão fenomenológica do ser existente. Partem do princípio de que o homem é construtor de si próprio e do seu mundo. 
 O psicodrama busca fazer o indivíduo alcançar uma existência autêntica, espontânea e criativa. Nas abordagens vivenciais, a técnica e a teoria são secundárias em relação à pessoa e à importância da relação terapeuta e cliente. 
 Nas abordagens fenomenológico-existenciais busca-se o desenvolvimento da intuição, da liberdade e da sensibilidade; não se utilizam enquadramentos diagnósticos psicopatológicos. Vê-se o neurótico como alguém que ainda não encontrou seu caminho de crescimento, ou seja, que se submeteu ás conservas culturais, cristalizou papéis e deixou de ser espontâneo criativo, perdeu o sentido da sua vida. Enfim, para o psicodrama, o neurótico tem dificuldade de viver o aqui - e – agora, o momento, pois falsifica o fluxo das suas vivências. 
Os existencialistas e psicodramatistas concebem o homem como um ser inacabado, em eterno devir. 
 Enfim, as terapias vivenciais de base fenomenológico-existencial, têm como objetivo fazer com que o indivíduo possa resgatar a liberdade de poder utilizar suas próprias capacidades para existir, para reaprender a utilizar a sua liberdade de forma responsável, para ser o que ele é. Para tal, promovem uma relação terapêutica que privilegia o encontro existencial eu - tu, que recria e permite o encontro na vida, em outras relações sociais. 
Segundo Gonçalves Etali (1988:39), As psicoterapias de base fenomenológico-existenciais procuram, a partir da análise existencial de Ludwig Binswanger (1881-1966), que por sua vez inspirou-se em Freud e Heidegger, o sentido da vida e da luta do homem . 
Pretendem ter uma dimensão maior, além dos níveis psicológico e psicopatológico, estabelecendo como meta a busca de referências éticas, espirituais, filosóficas e axiológicas. Surgiram como oposição ao determinismo das terapias chamadas científico-naturalistas ou explicativo-causais. 
 Moreno pretendeu que cada sessão psicodramática fosse uma experiência existencial. Através do discurso Moreniano, podemos encontrar os conceitos básicos da fenomenologia existencial, tais como: existência, ser, temporalidade (o aqui - e - agora), espaço, encontro, liberdade, projeto, percepção, corpo, imaginário, linguagem, sonhos, vivência, etc. 
 No método fenomenológico em geral encontramos o método psicodramático em seus princípios básicos, quando, por exemplo, defende o exercício da intuição, da redução fenomenológica da arte da compreensão, da atitude ingênua
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diante dos fenômenos, sem definições a priori. 
A atitude ingênua, a intersubjetividade a intencionalidade e a intuição estariam na relação eu - tu defendida também pelo psicodrama, e não na relação eu - ele, eu - isso ou eu - aquilo. 
 O método psicodramático também é um método sempre aberto a novas investigações, como é o fenomenológico. Para Moreno, "uma resposta provoca cem perguntas". Por ser um método aberto, não se conclui que o método psicodramático seja caótico e desordenado, mas pelo contrário, ele permite acompanhar um mundo em constante movimento de criação (GONÇALVES et ali, 1988, p.28). 
 Moreno, considerou Kierkegaard um "psicodramatista frustrado", mas admirava sua filosofia e compartilhava de suas posições. Reconheceu que o grande êxito do filósofo foi ter sido sincero consigo mesmo, analisando sua própria existência, levando uma vida pessoal de acordo com sua verdade subjetiva. Moreno tencionava, com o psicodrama, permitir que as pessoas vivessem em plenitude suas inquietações psicológico-existenciais, de modo a não ficarem estratificadas nas páginas de um diário. 
A teoria socionômica de Moreno 
 Os principais ramos da teoria socionômica são: a sociodinâmica, a sociometria e a sociatria. A socionomia, como a totalidade da obra Moreniana, significa o estudo das leis que regem as relações humanas; a sociodinâmica é a parte da socionomia que estuda o funcionamento das relações interpessoais (seu principal método é o role playing); a sociometria estuda a estrutura destas relações e a mensuração de relação entre as pessoas (seu principal método é o teste sociométrico). Por fim, a sociatria, que é a terapêutica das relações sociais, onde 
encontramos o psicodrama, a psicoterapia de grupo e o sociodrama. Enfim, existem três formas de trabalho em grupos: o psicodrama é o tratamento através da ação dramática do protagonista em grupo, o sociodrama tem como protagonista sempre o próprio grupo e a psicoterapia de grupo que prioriza o tratamento das relações interpessoais, inseridas na dinâmica do grupo. 
A espontaneidade-criatividade 
 Assim, o objetivo terapêutico do psicodrama é tentar recuperar cenicamente o momento em que um papel, cristalizado e adoecido, ainda não era conservado, o instante em que ainda estava situado no contexto que o engendrou (o momento da sua criação). Mas, se o psicodrama caminha em direção à origem, buscando cenas, é para recuperar o momento da criação, não para buscar “causas”. 
 A cena psicodramática deve oferecer novas possibilidades do protagonista se 
posicionar, mais criativamente - no aqui e agora da dramatização (NAFFAH NETO, op. cit.). 
 Segundo Alfredo Naffah (ibidem), psicodramatizar é um ato de busca, um processo de descoberta. É entrar no drama para desmascará-lo, desmistificar sua trama, mergulhar nos mitos, enfrentar fantasmas, etc. Mas o drama sempre traduz e reproduz, em última instância, um momento sócio - histórico - político coletivo. 
A dimensão terapêutica está ancorada num comprometimento social e político, visto que o Psicodrama trabalha sempre considerando as relações indivíduo - grupo - sociedade, em três contextos: social, grupal e psicodramático. 
 
A filosofia do momento: 
 A principal base filosófica básica do psicodrama é a filosofia do momento. O tempo também foi um dos temas na teoria de J. L. Moreno, pois ele aponta que o momento é uma espécie de curto-circuito, um instante. O momento é quando no tempo a duração é subitamente alterada, caracterizando a transformação do ser no instante do encontro e da criação. 
Moreno conceitua o aqui e a gora, enfatizando o tempo presente e não o tempo passado pois as correntes afetivas dos relacionamentos estão acontecendo sempre no aqui e a gora. 
 Segundo Moreno, o homem primitivo viveu e criou no momento, mas logo que os momentos de criação passaram, ele se mostrou muito mais fascinado pelo conteúdo dos atos criadores pretéritos, sua cuidadosa conservação e avaliação do seu valor, do que pela manutenção e continuação dos processos da própria criação. Pareceu-lhe ser u m estágio mais elevado d a cultura desprezar o momento, sua incerteza e desamparo, e empenhar-se em obter 
conteúdos, proceder a sua seleção e idolatrá-los, lançando assim os alicerces de um novo tipo de civilização,
a civilização da conserva (MORENO, 2000, p.83). 
 Com a teoria do momento, Moreno buscava res gatar, dentro d essa sociedade da conserva, a importância do viver o momento, ainda que este guarde em si a lógica do imprevisível. 
 O momento será a produção do novo e, por isso, guardará sempre a incerteza; era essa dimensão social que Moreno buscava resgatar em uma sociedade extremamente cristalizada. 
	
Fonte Bibliográfica
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GONÇALVES, Camilla Salles. Técnicas Básicas: duplo, espelho e inversão de papéis. In: 
MONTEIRO, Regina (org). Técnicas Fundamentais do Psicodrama. São Paulo: Editora 
Brasiliense, 1993. 
GONÇALVES, C. WOLLF, J . & ALMEIDA, W. Lições de Psicodrama – introdução ao pensamento de J. L. Moreno. São Paulo: Ágora, 1988
pensamento de J. L. Moreno. São Paulo: Ágora, 1988. 
150 
 
NAFFAH NETO, Alfredo. Psicodrama: descolonizando o imaginário. São Paulo; Editora 
Brasiliense, 1979.
MORENO, Jacob Levy. Psicodrama. São Paulo: Edit ora Cultrix, 1975. 
______________. Psicoterapia de grupo e psicodrama. Rio de Janeiro: Ed. Mestre Jou, 1966. 
______________. Fundamentos do Psicodrama. São Paulo: Summus, 1983. 
______________. Quem Sobreviverá? As bases da sociometria. Vol. 1, Goiânia: Dimensão, 
1994. 
MORENO, Zerca, BLOMKVIST e UTZEL. A Realidade Suplementar e a arte de curar. São 
Paulo: Ágora, 1994

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