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ANÁLISE DE CONTEÚDO
A análise de conteúdo será apresentada como uma das técnicas de tratamento de dados em pesquisa qualitativa e está calcada na proposta da professora da Universidade de Paris V, Laurence Bardin� (2011).
Bardin (2011) indica que a utilização da análise de conteúdo prevê três fases fundamentais, conforme o esquema apresentado na Figura I: pré-análise, exploração do material e tratamento dos resultados - a inferência e a interpretação.
A primeira fase, a pré-análise, pode ser identificada como uma fase de organização. Nela estabelece-se um esquema de trabalho que deve ser preciso, com procedimentos bem definidos, embora flexíveis. Inicia-se o trabalho escolhendo os documentos a serem analisados. No caso de entrevistas, elas serão transcritas e a sua reunião constituirá o corpus da pesquisa.
A pergunta norteadora foi: como são as condições de trabalho que você tem na empresa em termos de equipamentos, suporte, rotina, fluxo de trabalho, dentre outras?
Entrevista 2: Barulho demais atrapalha, telefone demais atrapalha. Você está num processo que você precisa se concentrar e não dá pra quebrar com a ligação porque quando você voltar e começar fazer tudo de novo, voltar seu pensamento, leva certo tempo. E às vezes você não consegue voltar ao mesmo pensamento. Ambiente, computador, essas coisas, a gente já conseguiu melhorar muito. Antes estava ruim, agora está melhor. Nós estamos em ilhas. Em ilhas todo mundo espera que se fale mais baixo entre as pessoas. Principalmente porque é o colega do outro lado da divisória. O ambiente é quente. A sala é quente. Não é um ambiente gostoso, confortável. Dá vontade de pegar a mesa e colocar lá fora. A pessoa usa o ventilador, abana, vai tomar água, amarra cabelo, vem com roupa um pouco mais curta, é o jeito. Quando está muito quente, dificulta porque você fica mais preocupada querendo se refrescar; o calor atrapalha e o frio também atrapalha, incomoda. Quando não há investimento, quando você tem equipamentos e móveis antigos, velhos demais, que se você tivesse um 386 que um processo leva meia hora e num Pentium levaria 5 minutos, você vai ficar com seu técnico, seu analista parado, esperando a máquina processar. É desgastante, estressante, frustrante, porque o negócio não anda, o que poderia fazer em 15 ou 20 minutos ele leva uma hora ou duas pra fazer. Porque o equipamento que ele tem não ajuda.
Com os dados transcritos, inicia-se a leitura flutuante. Em seguida, passa-se a escolha de índices ou categorias, que surgirão das questões norteadoras ou das hipóteses, e a organização destes em indicadores ou temas.
Na segunda fase, ou fase de exploração do material, são escolhidas as unidades de codificação. O próximo passo então será a classificação em blocos que expressem determinadas categorias (no exemplo dado, foram retiradas das entrevistas apenas as falas que se referiam às condições de trabalho), que confirmam ou modificam aquelas, presentes nas hipóteses, e referenciais teóricos inicialmente propostos. 
Assim, num movimento contínuo da teoria para os dados e vice-versa, as categorias vão se tornando cada vez mais claras e apropriadas aos propósitos do estudo. A organização do material ou dados da pesquisa se realiza em colunas, com vazios à esquerda e à direita, para anotar e marcar semelhanças, como o exemplo da entrevista 2, mostrado no Quadro1. 
A seguir, agrupam-se os temas nas categorias definidas, em quadros matriciais, pelos pressupostos utilizados por Bardin (2011). 
Tendo sido elaboradas as categorias sínteses, passa-se à construção da definição de cada categoria. A definição pode obedecer o conceito definido no referencial teórico ou ser fundamentada nas verbalizações relativas aos temas, ambos, título e definição, devem ser registrados nos quadros matriciais. Ainda de acordo com Bardin (2011), as categorias podem ser criadas a priori ou a posteriori, isto é, a partir apenas da teoria ou após a coleta de dados. 
No exemplo dado, o título e a definição da categoria, foram estabelecidos tomando-se por base as falas dos entrevistados, seguindo sugestão de Mendes (2007, p.46) que propõe que “o nome e a definição devem ser sempre criados com base nos conteúdos verbalizados e com um certo refinamento gramatical de forma. Às vezes, o nome da categoria é uma fala do sujeito”. 
Em todo o processo de construção de categorias, procurou-se preservar na íntegra a fala do entrevistado, conforme mostra o Quadro 2. 
A terceira fase do processo de análise do conteúdo é denominada tratamento dos resultados – a inferência e interpretação. Calcado nos resultados brutos, o pesquisador procurara torná-los significativos e válidos. Esta interpretação deverá ir além do conteúdo manifesto dos documentos, pois, interessa ao pesquisador o conteúdo latente, o sentido que se encontra por trás do imediatamente apreendido. A proposição é um enunciado geral baseado nos dados. Enquanto os conceitos podem ou não ajustar-se, as proposições são verdadeiras ou erradas, mesmo que o pesquisador possa ou não ter condições de demonstrá-lo. O certo é que as proposições derivam do estudo cuidadoso dos dados. No exemplo dado, poderia, portanto, ser adotada a seguinte proposição: 
Esta categoria indica como são as condições de trabalho para a realização das atividades. Mostra que os trabalhadores, de modo geral, atuam em um ambiente quente e barulhento, além de que a disposição do mobiliário em “ilhas” interfere na realização das tarefas. Não possuem o número adequado de equipamentos para garantir a segurança física e os que utilizam para a realização das atividades diárias, por vezes são antigos e dificultam o fluxo de trabalho. Há ainda a demora, em função de ausência de verbas ou de burocracia, para a aquisição de material.
Durante a interpretação dos dados, é preciso voltar atentamente aos marcos teóricos, pertinentes à investigação, pois eles dão o embasamento e as perspectivas significativas para o estudo. A relação entre os dados obtidos e a fundamentação teórica, é que dará sentido à interpretação. As interpretações a que levam as inferências serão sempre no sentido de buscar o que se esconde sob a aparente realidade, o que significa verdadeiramente o discurso enunciado, o que querem dizer, em profundidade, certas afirmações, aparentemente superficiais. Assim a interpretação do exemplo dado, ficaria do seguinte modo:
No que se refere às condições de trabalho, os resultados indicaram que não são satisfatórias, pois o ambiente físico é barulhento, quente e inadequado, sendo que os equipamentos não atendem às necessidades de trabalho e às de segurança. Assim, identificou-se que havia elementos que interferiam negativamente no bem-estar do pessoal. 
As condições de trabalho são tidas como elementos estruturais de suporte ao posto de trabalho. De acordo com Ferreira e Mendes (2003), a precariedade das condições de trabalho gera sentimentos de indignação, insatisfação, inutilidade e desvalorização nos empregados. Quando as condições de trabalho não são satisfatórias problemas como desgaste físico, cansaço intenso, desmotivação e vivências de mal-estar no trabalho podem ocorrer. Assim, quanto mais precárias as condições, maior o sofrimento no trabalho e o risco à saúde, o que pode interferir negativamente na qualidade de vida do trabalhador. 
Quando as condições de trabalho são satisfatórias, são de certa forma estruturantes psíquicas para que as pessoas possam trabalhar. É uma forma de valorização do trabalhador, como se ele tivesse um valor para a organização. E é esse sentimento de valia que faz das condições de trabalho um elemento estruturante do trabalho (Ferreira & Mendes, 2003). 
Também Ferreira e Mendes (2003), em estudo com auditores fiscais, corroboraram os achados quando observaram que frequentemente as condições de trabalho desses profissionais eram precárias. Esta falta de apoio institucional, segundo os pesquisadores, gerava um aumento do custo humano do trabalho. Os autores afirmam que se nãohouver melhoria das condições de trabalho, no futuro podem aparecer distúrbios graves de saúde.
� Bardin, L.(2011). Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70.

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