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UNIVERSIDADE PAULISTA (UNIP)
Instituto de Ciências Humanas (ICH)
Campus: Santos - Rangel
Disciplina: 
INTERPRETAÇÃO E PRODUÇÃO DE TEXTOS (IPT)
 
1º SEMESTRE 2014
1º bimestre
Docente: PROFª Ms. e Drª Denise Durante
 
Santos
2014
CRONOGRAMA DE INTERPRETAÇÃO E PRODUÇÃO DE TEXTO
1ae 2a. Aulas - A leitura como fonte de conhecimento e participação na sociedade;
FIORIN, José Luiz e PLATÃO, Francisco. 16ª ed. Para entender o texto: leitura e redação. São Paulo: Ática, 2003. (Lição 3 e 4)
3a. e 4a. Aulas - as diferentes linguagens: verbal, não verbal; formal e informal;
FIORIN, José Luiz e PLATÃO, Francisco. 16ª ed. Para entender o texto: leitura e redação. São Paulo: Ática, 2003. (Lição 40)
5a. Aula - noções de texto: unidade de sentido;
FIORIN, José Luiz e PLATÃO, Francisco. 16ª ed. Para entender o texto: leitura e redação. São Paulo: Ática, 2003. (Lição 1)
6a. Aula - Textos orais e escritos; Textos com temas variados para interpretação e produção;
7a. e 8a. Aulas - Estilos e gêneros discursivos: jornalístico, científico, técnico, literário, publicitário entre outros;
FIORIN, José Luiz e PLATÃO, Francisco. 16ª ed. Para entender o texto: leitura e redação. São Paulo: Ática, 2003. (Lição 34, 38, 44)
9a. e 10a. Aula - Qualidades do texto: coerência, coesão, clareza, concisão e correção gramatical;
FIORIN, José Luiz e PLATÃO, Francisco. 16ª ed. Para entender o texto: leitura e redação. São Paulo: Ática, 2003. (Lição 29, 30 e 31)
11a. e 12a. Aula - Complemento gramatical;
FARACO, Carlos Alberto e TEZZA, Cristovão. 11ª ed. Prática de texto para estudantes universitários. Petrópolis: Vozes, 2003. (os itens indicados em Tópicos da Língua Padrão, distribuídos ao longo do livro)
Bibliografia Básica
FARACO, Carlos Alberto e TEZZA, Cristovão. Prática de texto para estudantes universitários. 13. ed. Petrópolis: Vozes, 2003.
FIORIN, José Luiz e PLATÃO, Francisco. Lições de texto: leitura e redação. São Paulo: Ática, 2004. 
Bibliografia Complementar
BLIKSTEIN, Izidoro. Técnicas de comunicação escrita. 21.ed.São Paulo: Ática, 2005.
EMEDIATO, Wander. A fórmula do texto: redação, argumentação e leitura. São Paulo: Geração Editorial, 2004.
FERRARA, Lucrécia. Leitura sem palavras. São Paulo: Ática, 1997. 
GRION, Laurinda. Dicas para uma boa redação: como obter mais objetividade e clareza em seus textos. São Paulo: Edicta, 2004.
LUFT, Celso Pedro. Moderna gramática brasileira. Rio de Janeiro: Globo, 1997.
NUNES, Marina Martinez. Redação eficaz: como produzir textos objetivos. São Paulo: Sagra Luzzatto, 2000.
PERISSÉ, Gabriel. Ler, pensar e escrever. São Paulo: Arte e Ciência, 2004.
TRAVAGLIA, Luiz e KOCH, Ingedore. A coerência textual. São Paulo: Contexto, Dicionários diversos, jornais e revistas.
SEJA UM LEITOR PROFICIENTE!
1 – Mantenha o hábito da leitura 
Cuide da sua educação e do seu desenvolvimento intelectual continuamente. Comprometa-se a ler jornais, revistas, crônicas diariamente, além de dedicar-se à leitura regular de romances, poemas e textos acadêmicos. 
2 - Aprenda a resumir
É fundamental realizar a leitura metódica dos textos acadêmicos. Para todo texto lido é fundamental compor um fichamento com os dados bibligráficos do texto e com as ideias centrais apresentadas pelo autor.
3 – Leia mais de uma vez o mesmo texto ou enunciado
A leitura eficiente e aprofundada de um texto é um processo que exige tempo. A leitura rápida e superficial não conduz à compreensão adequada. É preciso ler, reler e sublinhar as informações mais relevantes do texto.
4 – Mantenha um diálogo com o texto
Estabeleça relações entre seus conhecimentos prévios e entre todos os textos lidos. Faça perguntas ao texto, como: qual é o gênero textual? Trata-se de um texto do gênero jornalístico, publicitário, literário (romance ou poesia?), didático etc. Quem é o autor do texto? Quais podem ser as intenções do autor? A qual público se destina o texto? 
Lembre-se das palavras do educador Paulo Freire:
“A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta
não possa prescindir da continuidade da leitura daquele.”
(Freire, Paulo. A importância do ato de ler. São Paulo: Cortez, 1982)
Biblioteca Nacional – Rio de Janeiro
INTERPRETAÇÃO E PRODUÇÃO TEXTUAL
 Saber ler, escrever, analisar e interpretar um texto é direito de todos. Cada homem e mulher necessitam, por natureza, expor suas ideias, seus pensamentos, súplicas, inquietações. É através do professor e, ordinariamente, da prática da leitura que tais ferramentas – escrita, leitura, análise e interpretação – podem ser estendidas às mãos e mentes escurecidas.
Platão, filósofo grego de contexto social longínquo, já nos dera exemplo sobre a leitura, escrita e seus benefícios para o homem por meio de sua bem conhecida caverna escura de ignorância. De acordo com este pensador, o ser que não possui as ferramentas precípuas para a elevação intelectual do homem encontra-se aprisionado, trancafiado num tipo de caverna escura que ele mesmo deixou se desenvolver, cabendo a ele o passo inicial para escapar da mesma.
Sua libertação só poderá ser integral se o esforço empregado aos braços, pernas e, sobretudo, ao cérebro partir dele próprio, o que nos remete que a elevação mental/intelectual é um exercício de via pessoal e muito particular de cada ser. 
Verifica-se que a leitura pode, mediante o apoio do professor e esforço de cada indivíduo, propiciar a libertação das garras do senso comum – muito latente em nosso tempo -, delegando a esse homem obstinado por liberdade autonomia pessoal e intelectual. O resultado final deste esforço compreende um ser preparado a enxergar de maneira analítica e crítica o mundo/contexto no qual está inserido.
Manifestações de interesse à arte da escrita e leitura podem ser compreendidas, também, em períodos pretéritos cuja datação marca 5000 a.C. aproximadamente, na era antiga oriental, em específico na Mesopotâmia, onde os sumérios, instigados pela necessidade de numerar, registrar, relatar, produzir anais desenvolveram a escrita e, por conseguinte, a prática da leitura, mediante especialistas deste campo de estudo histórico.
Outras civilizações que podem ser citadas por razão de seu constante interesse à articulação com a arte da escrita e leitura são a egípcia, grega, eblaíta, e muitas outras. Portanto, é perceptível já nesta era remota que leitura e escrita se configuravam como ferramentas de trabalho – no caso dos escribas egípcios e filósofos gregos, o primeiro exercendo a produção relatorial e o segundo a abordagem filosófica – imprescindíveis para a manutenção e, posteriormente, consolidação da maior parte da cultura e pensamento da época, se alongando até a atualidade.
Eis, pois, acima, em sintética explanação, razões que propõem a nos instigar à não projeção indiferente para com o apoio aos muitos cidadãos e aspirantes universitários que se encontram até certo momento “desprovidos” desta prática que em outras palavras, ditas pessoais, devem por direito humano fazer parte de qualquer vivente pensante.
O QUE É LER?
Toda leitura é sempre uma leitura do mundo, ou seja, um ato de compreensão do que se vê ou se sente. A criança inicia seu aprendizado a partir de sentidos anteriores aos da visão: aprende a respirar e, aos poucos, troca um modo de viver por outro, percebendo novas realidades através do tato, olfato, paladar etc. Adapta seus instintos às condições que o meio lhe oferece, estabelecendo desse modo relações de sentido para acompanhar o sigiloso mover-se da vida.
Acrescenta, mais tarde, a essa vida quase apenas sensitiva o mundo da linguagem oral e depois o da escrita que a primeira lida inaugura. E ler significará para sempre o ato de compreender, estabelecer relações inicialmente individuais com cada objeto ou ser que nomeia,ampliando-as mais tarde. Ao fazê-lo, descobre a função desse objeto no contexto onde está inserido. E quanto maior o número de relações estabelecidas, mais importância adquire, maior riqueza lhe oferecerá o objeto da leitura, o livro, ou similar – e a realidade que lhe deu origem.
Aprofundando mais essa breve reflexão sobre o ato de ler posso, com Paulo Freire, entender o processo de leitura como o estabelecimento de uma relação dinâmica que vincula a linguagem à realidade. Essa vinculação me faz perceber melhor a mim mesma, o universo das palavras e o contexto a que se referem.
A palavra ler vem do latim legere, significando ler e colher. Ler, portanto, significa colher conhecimentos e o conhecimento é sempre um ato criador, pois me obriga a redimensionar o que já está estabelecido, introduzindo meu mundo em novas séries de relações e em um novo modo de perceber o que me cerca.
Nasce, desses jogos da percepção, um olhar mais crítico para o contexto, inaugurado pela reinterpretação. Quando leio sou criadora, transformadora da ordem, sempre. E não existe revolução maior do que aquela que se opera em todo ato de fala ou de leitura. Quando leio, reescrevo, recrio a cada palavra o que já está aí. O que o mundo me oferece só através da leitura (ou seja, minha ligação efetiva com o que me cerca) adquire sentido, existência e valor.
Bibliografia complementar:
FIORIN, José Luiz e PLATÃO, Francisco. Pata entender o texto: leitura e redação. 16ª ed. São Paulo: Ática, 2003. (Lições 3 e 4).
Atividade:
1. Leia o texto acima mais de uma vez.
2. Retire de cada parágrafo a ideia central.
3. Esquematize as ideias e numere-as.
4. Reescreva o texto, usando apenas o esquema do item 3.
TEXTO PARA ANÁLISE:
Que informações você consegue extrair dos seguintes textos?
Texto 1:
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Texto 2: 
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Usted puede empezar el curso y acabarlo el dia que quiera; 
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Usted toma parte en absolutamente todas las actividades y excurasiones de la Escuela; 
El curso individual representa un metodo ideal de aprendizaje de un idioma, es intensivo y a la vez perfectamnte adaptable. 
Precio - 9.50 Euros/hora lectiva. 
Texto 3: 
Texto 4: 
A Guerra Civil Espanhola (1936-1939) serviu para os fascistas, representados pelas Falanges de Francisco Franco (1892-1975), como uma preliminar da II Guerra Mundial. Às 16:40 horas do dia 26 de abril de 1937, os bombardeiros alemães Heinkel e Junker, da Legião Condor, foram testados durante três horas na destruição da cidade basca de Guernica, ao norte da Espanha. Cerca de 2500 pessoas foram mortas nesse que foi o primeiro ataque aéreo da história feito a uma localidade desmilitarizada. Ao todo, 600 mil pessoas morreram durante os três anos dessa guerra civil que contou com a ingerência estrangeira de 40 mil voluntários das Brigadas Internacionais, em apoio aos republicanos, e outros 60 mil que lutaram ao lado dos nacionalistas de Franco. O painel de Pablo Picasso havia sido encomendado pelo governo da República Espanhola em janeiro de 1937, mas os primeiros croquis de Guernica só começaram a ser feitos a primeiro de maio, em seu ateliê de Paris, sendo apresentado na Exposição Mundial de Paris, em junho. Muitos consideraram o quadro excessivamente abstrato e de difícil compreensão, mas o tom de denúncia era claro e só comparado com a fase negra de outro espanhol, Francisco Goya.
SOBRE OS TEXTOS: 
Esses textos têm importantes informações. Quem é capaz de fazer uma leitura de todos os textos?
Em que línguas estão os textos?
Se você pudesse classificar-se com relação à leitura que fez dos textos em analfabeto, semi-analfabeto, alfabetizado ou letrado, como seria sua classificação?
	
Sugestão de atividade: assista ao documentário A escrita, da série ECCE HOMO, disponível em:
http://www.youtube.com/watch?v=TOHP71q_VDU
Leia abaixo o texto de Sousa e Mendes sobre o conceito de texto:
O que é um texto?
Vamos partir de um exemplo: 
A Água
A água é uma substância fria e mole. Não tão fria quanto o gelo nem tão mole quanto gema de ovo porque a gema de ovo arrebenta quando a gente molha o pão e a água não. A água é fria mas só quando a gente está dentro. Quando a gente está fora nunca se sabe a não ser a da chaleira, que sai fumaça. A água do mar mexe muito mas se a gente põe numa bacia ela pára logo. Água serve pra beber mas eu prefiro leite e papai gosta de cerveja. Serve também pra tomar banho e esse é o lado mais ruim da água. Água é doce e é salgada quando está no rio ou no mar. A água doce se chama assim mas não é doce, agora a água salgada é bastante. A água de beber sai da bica mas nunca vi como ela entra lá. Também no chuveiro a água sai fininha mas não entendo como ela cai fininha quando chove pois o céu não tem furo. A água ainda serve também pra gente pegar resfriado que é quando ela escorre do nariz. Fora isso não sei mais nada da água.
Esse exemplo poderá levar o leitor a formular algumas indagações: trata-se realmente de um texto ou de um amontoado de frases óbvias sobre a água? Isso só pode ser coisa de quem não sabe escrever, coisa de criança. É isso! É uma redação que o aluno escreveu na aula de ciência quando a professora pediu para ele falar sobre a água, suas propriedades e utilidade. O problema é que ele nem sabe escrever, nem sabe o que dizer. Imagine! Onde já se ouviu dizer que fria, quente, mole, inquebrável (não arrebenta), doce, salgada são propriedades da água? E dizer que a água serve para pegar resfriado? O texto está muito ruim mesmo – se é que isso pode ser chamado de texto! 
Vamos então chamar o professor de português e ver o que ele pode fazer. O professor de português, diante desse exemplar, pensará: não sei nem por onde começar a correção: o autor repete incansavelmente a palavra água; há frases incompreensíveis, truncamentos sintáticos, anacolutos, comparações absurdas... quem já viu comparar água com gema de ovo? Como eu vou explicar uma frase como essa: “Quando a gente está fora nunca se sabe a não ser a da chaleira, que sai fumaça.”?Aliás, quem disse que isso é uma frase? Veja que faltam termos: “quando a gente está fora”... fora de quê? “Nunca se sabe” de quê? Vamos fazer um exercício de compreensão desse texto, iniciando por essa frase. 
A primeira questão a observar é que um texto não é um amontoado de frases e que existem aspectos que não se esclarecem nos limites de uma frase tomada isoladamente de seu contexto. Senão vejamos. Vamos inserir essa frase em um maior fragmento do texto: 
A água é fria mas só quando a gente está dentro. Quando a gente está fora nunca se sabe a não ser a da chaleira, que sai fumaça. 
A frase agora não nos parece tão incoerente ou tão lacônica, se a relacionarmos com o sentido da antecedente. Antes nós acusamos o autor de ser repetitivo. Agora notemos que ele usou o recurso linguístico da elipse para evitar repetição, caso contrário esse trecho ficaria:
A água é fria mas a gente só sabe que a água é fria quando a gente está dentro da água. Quando a gente está fora da água a gente nunca sabe se a água é fria ou se é quente a não ser a água da chaleira, porque da água da chaleira sai fumaça e a fumaça denuncia (mostra pra gente) que a água é quente.
Observe que, para chegar a essa paráfrase, usamos o princípio da solidariedade entre as frases no texto: uma frase se articulando à outra, completando, explicitando seus termos. Expliquemos: só pudemos explicitar a articulação sintática entre os termos na primeira oração porque levamos em conta o verbo saber (“nunca sabe”) que está explícito na segunda oração e porque repetimos as expressões a gente, a água é fria e da água. A explicitação dos termos ausentes na segunda oração foi possível a partir de dois processos: novamente a repetição dos termos “água” e “a gente” e a inferência do adjetivo “quente”, a partir do adjetivo “fria” e do substantivo “fumaça”. O leitor inconformado dirá: ora, mas isso não resolve o problema. O texto continua sendo um amontoado de bobagens sobre a água e muitas vezes incoerentes. Pois, é. Então, relembremos a observação anteriormente feita e acrescentemos uma outra lição sobre o texto: 
O texto não é um somatório de frases, nem o seu sentido se constrói pelo somatório dos sentidos de suas frases. 
Aliás, não podemos nos esquecer de que o texto pode ser composto de uma única palavra. A palavra “Silêncio!”, por exemplo, escrita na entrada de um hospital ganha ares de um texto, cumpre uma função comunicativa, qual seja: lembrar ao visitante de que aquele é um lugar de pessoas doentes que precisam repousar e para isso o silêncio é fundamental. 
Mas isso não diz tudo. Uma mesma e só palavra pode construir sentidos diferentes. A mesma palavrinha “Silêncio!”, escrita na entrada de um campo de futebol, provavelmente, será entendida como uma brincadeira do torcedor, visto que esse é um dos lugares menos prováveis para que ocorra silêncio. Mas e quando o jogador faz um gol e se vira para sua torcida ou para a torcida adversária e faz um gesto semelhante àquele que também encontramos em portas de hospitais, substituindo a palavra silêncio, será que estamos diante do mesmo texto? Certamente, não. Então, vamos acrescentar algo mais a nossa formulação anterior sobre o texto: O texto não é um somatório de frases, nem o seu sentido se constrói pelo somatório dos sentidos das suas frases. A coerência de um texto não depende apenas de elementos linguísticos. Dito isso, voltemos ao texto “A água” e passemos a explicitar alguns elementos fundamentais para a construção do sentido daquele texto. 
O texto “A água” foi escrito por Millor Fernandes e compõe o livro “Compozissõis imfãtis”, publicado em 1975. Fazem parte desse livro outros tantos textos que seguem o mesmo estilo: “A banana”, “O leão” ... O leitor, sabendo quem é Millor Fernandes, e atentando para o título do livro do qual foi retirado esse texto, será levado a imaginar que o autor escreveu aquele texto imitando a escrita de uma criança. Imaginamos ser desnecessário dizer que essas informações – que remetem para o contexto de produção do texto – obrigarão o leitor a fazer outra leitura. Então, a coerência de um texto depende tão somente dos recursos linguísticos empregados e do seu autor? Não só. Depois voltaremos a esse texto para enfocar as condições de produção da leitura. Por hora, gostaríamos de concluir esse item dizendo:
O texto é um todo significativo, é uma unidade de sentido que não depende
apenas do seu autor, mas da relação entre leitor-texto-autor.
Fonte: Sousa, Maria Ester Vieira de; Pereira, Regina Celi Mendes. LEITURA E PRODUÇAO DE TEXTO Do texto para o mundo e do mundo para o texto: movimentos de leitura e de escrita. Universidade Federal da Paraíba. Disponível em: http://portal.virtual.ufpb.br/biblioteca. Acesso em 26.02.2013.
O conceito de “texto”
A palavra “texto” é bastante familiar no âmbito escolar e fora dele, embora, de modo geral, não o reconheçamos em diversas de suas ocorrências. Certamente já ouvimos: “Que texto interessante! Seu texto está confuso! Faça um texto sobre “suas férias”... 
No entanto, no que diz respeito especialmente à leitura, muitas vezes os alunos leem fragmentos do texto e buscam entender partes isoladas que, sem relação com as demais — com o todo —, levam o leitor, provavelmente, a chegar a conclusões precipitadas e até mesmo erradas sobre o sentido do texto. 
Os estudos mais avançados na área da Linguística Textual, a partir da década de 60, detiveram-se em explicar as características próprias da linguagem escrita concretizada em forma de texto e não em forma de um mero amontoado de palavras e frases. 
Para a Linguística Textual, a linguagem é o principal meio de comunicação social do ser humano e, portanto, seu produto concreto — o texto — também se reveste dessa importante característica, já que é por intermédio dele que um emissor transmite algo a um receptor, obedecendo a um sistema de signos/regras codificado. O texto constitui-se, assim, na unidade linguística comunicativa básica. 
Inicialmente, faz-se necessário expor o conceito de “texto”, por ser ele o elemento fundamental de comunicação. Vejamos o conceito proposto por Bernárdez (1982):
Texto é a unidade linguística comunicativa fundamental, produto da atividade verbal humana, que possui sempre caráter social: está caracterizado por seu estrato semântico e comunicativo, assim como por sua coerência profunda e superficial, devida à intenção (comunicativa) do falante de criar um texto íntegro, e à sua estruturação mediante dois conjuntos de regras: as próprias do nível textual e as do sistema da língua. (1982)
 
 Alguns elementos nos parecem centrais nessa definição. São eles:
a. Um texto não é um aglomerado de frases; o significado de suas partes resulta das correlações que elas mantêm entre si. Uma leitura não pode basear-se em fragmentos isolados do texto. Observe a sequência:
	Marilene ainda não chegou. Comprei três melancias. O escritório de Sérgio encerrou o expediente por hoje. A densa floresta era assustadora. Ela colocou mais sal no feijão. O vaso partiu-se em pedacinhos.
Essa sequência apresenta um amontoado aleatório de frases, já que suas partes não se articulam entre si, não formam um todo coerente.
Portanto, tal sequência não constitui um texto. 
Agora, observe a tira:
Inicialmente notamos que os personagens curtem o sol num momento de lazer. No segundo quadro da tira, ao lermos “mas, infelizmente...”, acreditamos que o personagem vai interromper o agradável momento por conta de alguma obrigação que deva cumprir. No terceiro quadro, porém, somos obrigados a reinterpretar o significado anteriormente atribuído e verificar que ambos estão, mesmo, dispostos a aproveitar o sol sem qualquer pressa. Como vemos, o sentido global de um texto depende das correlações entre suas partes. 
Veja como isso se dá no texto que segue.
Em Circuito fechado não há apenas uma série de palavras soltas; temos aqui um texto. E por quê? Apesar de haver palavras, aparentemente,sem relação umas com as outras, é possível reconhecer, depois de uma leitura atenta, que há uma articulação entre elas. A escolha dos substantivos e a sequência em que são empregados revelam um significado implícito, algo que une e relaciona essas palavras, formando um texto. Podemos, assim, dizer que esse texto se refere a um dia na vida de um homem comum. 
Enfim, o texto Circuito fechado é uma crônica — um texto narrativo curto —, cujo tema é o cotidiano e leva o leitor a refletir sobre a vida. Usando somente substantivos, o autor produziu um texto que termina onde começou. Essa estrutura circular tem relação com o título e com a rotina que aprisiona o homem nos dias atuais. 
b. O texto tem coerência de sentido e o sentido de qualquer passagem de um texto é dado pelo contexto1. Se não levarmos em conta as relações entre as partes do texto, corremos o risco de atribuir a ele um sentido oposto àquele que efetivamente tem. 
c. Todo texto tem um caráter histórico, não no sentido de narrar fatos históricos, mas no de revelar as concepções e a cultura de um grupo social numa determinada época.
http://www.propagandasantigas.blogger.com.br/ 
(acesso em 05/01/2007) 
1Contexto: unidade maior em que uma unidade menor está inserida. Exemplo: a frase serve de contexto para a palavra, o texto para a frase etc. 
O ato de ler
O ato de ler é soberano. Implica desvendar e conhecer o mundo. É pela leitura que desenvolvemos o processo de atribuir sentido a tudo o que nos rodeia: lemos um olhar, um gesto, um sorriso, um mapa, uma obra de arte, as pegadas na areia, as nuvens carregadas no céu, o sinal de fumaça avistado ao longe e tantos outros sinais. Lemos até mesmo o silêncio!
 Nos dias de hoje, a comunicação, mesmo presencial, está mediada por uma infinidade de signos. Na era da comunicação interplanetária, estabelecemos infinitas conexões com pessoas de todos os cantos do mundo, o que nos obriga a decodificar um universo poderoso de mensagens e a nos adaptar a elas: comunidades virtuais do Orkut, conversas pelo MSN, compras e negócios fechados pela rede e, se essa informação foi dominantemente verbal até então, agora se torna também visual com a chegada do YouTube.
Sabemos o quanto a força da imagem exerce fascínio e entendemos, definitivamente, que não há mais como sobreviver neste mundo sem que haja, de nossa parte, uma adaptação constante no que se refere ao acesso às diferentes linguagens disponíveis.
É fundamental reconhecer que o sentido de todas as coisas nos vêm, principalmente, por meio do olhar, da compreensão e interpretação desses múltiplos signos1 que enxergamos, desde os mais corriqueiros – nomes de ruas, por exemplo – até os mais complexos – uma poesia repleta de metáforas. O sentido das coisas nos vem, então, por meio da leitura, um ato individual de construção de significado num contexto que se configura mediante a interação autor/texto/leitor. 
 A leitura é uma atividade que solicita intensa participação do leitor e exige muito mais que o simples conhecimento linguístico compartilhado pelos interlocutores: o leitor é, necessariamente, levado a mobilizar uma série de estratégias, com a finalidade de preencher as lacunas e participar, de forma ativa, da construção do sentido. Dessa forma, autor e leitor devem ser vistos como estrategistas na interação pela linguagem para que se construa o sentido do texto.
Segundo Koch & Elias (2006), 
[...] numa concepção interacional (dialógica) da língua, os sujeitos são vistos como atores/construtores sociais, sujeitos ativos que – dialogicamente – se constroem e são construídos no texto. [...} Nessa perspectiva, o sentido de um texto é construído na interação texto-sujeitos e não algo que preexista a essa interação. A leitura é, pois, uma atividade interativa altamente complexa de produção de sentidos, que se realiza evidentemente com base nos elementos linguísticos presentes na superfície textual e na sua forma de organização, mas requer a mobilização de um vasto conjunto de saberes no interior do evento comunicativo. 
Para esclarecer as ideias até aqui apresentadas, leia a tira a seguir:
	
	http://tiras-hagar.blogspot.com/ (acesso em 16/02/2007) 
Na tira, Hagar, o viking, revela o papel do leitor que interage com o texto, no caso, da placa, e atribui-lhe o sentido, considerando tanto as informações explícitas, como também o que é sugerido de maneira implícita, subentendida. 
Podemos, então, concluir que 
a) a leitura de qualquer texto exige do leitor muito mais do que o conhecimento do código linguístico;
b) o leitor realiza um trabalho ativo de compreensão e interpretação do texto, a partir, entre outros aspectos, de seu conhecimento linguístico, textual e, ainda, de seu conhecimento de mundo. 
Leitura é, assim, uma atividade de produção de sentido. É nesse intercâmbio de leituras que se refinam, se reajustam e redimensionam hipóteses de significado, ampliando constantemente a nossa compreensão dos outros, do mundo e de nós mesmos. O exercício pleno da cidadania passa necessariamente pela garantia de acesso aos conhecimentos construídos e acumulados e às informações disponíveis socialmente. E a leitura é a chave dessa conquista. 
1Signos: entidades linguísticas dotadas de duas faces: o significante (imagem acústica) e o significado (conceito). 
A linguagem é o instrumento com que o homem pensa e sente, forma estados de alma, aspirações, volições e ações, o instrumento com que influencia e é influenciado, o fundamento último e mais profundo da sociedade humana. 
L. Hjelmslev
Sobre a noção de signo, considere a obra de arte abaixo reproduzida, do artista Joseph Kosuth�:
Reflita: Quais relações podem ser identificadas entre o objeto e os signos nessa obra?
________________________________________________________________________________
Para dar início às suas reflexões a respeito do tema a ser estudado, leia o texto que segue. 
	Comunicação 
É importante saber o nome das coisas. Ou, pelo menos, saber comunicar o que você quer. Imagine-se entrando numa loja para comprar um... um... como é mesmo o seu nome? 
“Posso ajudá-lo, cavalheiro?” 
“Pode. Eu quero um daqueles, daqueles...” 
“Um... como é mesmo o nome?” 
“Sim?” 
“Pomba! Um... um... Que cabeça a minha. A palavra me escapou por completo. É uma coisa simples, conhecidíssima.” 
“Sim senhor.” 
“O senhor vai dar risada quando souber.” 
“Sim senhor.” 
“Olha, é pontuda, certo?” 
“O quê, cavalheiro?” 
“Isso que eu quero. Tem uma ponta assim, entende? Depois vem assim, assim, faz uma volta, aí vem reto de novo, e na outra ponta tem uma espécie de encaixe, entende? Na ponta tem outra volta, só que esta é mais fechada. E tem um, um... Uma espécie de, como é que se diz? De sulco. Um sulco onde encaixa a outra ponta, a pontuda, de sorte que o, a, o negócio, entende, fica fechado. É isso. Uma coisa pontuda que fecha. Entende?” 
“Infelizmente, cavalheiro...” 
“Ora, você sabe do que estou falando.” 
“Estou me esforçando, mas...” 
“Escuta. Acho que não podia ser mais claro. Pontudo numa ponta, certo?” 
“Se o senhor diz, cavalheiro...” 
“Como, se eu digo? Isso já é má vontade. Eu sei que é pontudo numa ponta. Posso não saber o nome da coisa, isso é um detalhe. Mas sei exatamente o que eu quero.” 
“Sim senhor. Pontudo numa ponta.” 
“Isso. Eu sabia que você compreenderia. Tem?” 
“bom, eu preciso saber mais sobre o, a, essa coisa. Tente descrevê-la outra vez. Quem sabe o senhor desenha para nós?” 
“Não. Eu não sei desenhar nem casinha com fumaça saindo da chaminé. Sou uma negação em desenho.” 
“Sinto muito.” 
“Não precisa sentir. Sou técnico em contabilidade, estou muito bem de vida. Não sou um débil mental. Não sei desenhar, só isso. E hoje, por acaso, me esqueci do nome desse raio. Mas fora isso, tudo bem. O desenho não me faz falta. Lido com números. Tenho algum problema com os números mais complicados, claro. O oito, por exemplo. Tenho que fazer um rascunho antes.Mas não sou um débil mental, como você está pensando.” 
“Eu não estou pensando nada, cavalheiro.” 
“Chame o gerente.” 
“Não será preciso, cavalheiro. Tenho certeza de que chegaremos a um acordo. Essa coisa que o senhor quer, é feito do quê?” 
“É de, sei lá. De metal.” 
“Muito bem. De metal. Ela se move?” 
“Bem... É mais ou menos assim. Presta atenção nas minhas mãos. É assim, assim, dobra aqui e encaixa na ponta, assim.” 
“Tem mais de uma peça? Já vem montado?” 
“É inteiriço. Tenho quase certeza de que é inteiriço.” 
“Francamente.” 
“Mas é simples! Uma coisa simples. Olha: assim, assim, uma volta aqui, vem vindo, vem vindo, outra volta e clique, encaixa.” 
“Ah, tem clique. É elétrico.” 
“Não! Clique, que eu digo, é o barulho de encaixar.” 
“Já sei!” 
“Ótimo!” “O senhor quer uma antena externa de televisão.” 
“Não! Escuta aqui. Vamos tentar de novo...” 
“Tentemos por outro lado. Para o que serve?” 
“Serve assim para prender. Entende? Uma coisa pontuda que prende. Você enfia a ponta pontuda por aqui, encaixa a ponta no sulco e prende as duas partes de uma coisa..” 
“Certo. Esse instrumento que o senhor procura funciona mais ou menos como um gigantesco alfinete de segurança e...” 
“Mas é isso! É isso! Um alfinete de segurança!” 
“Mas do jeito que o senhor descrevia parecia uma coisa enorme, cavalheiro!” 
“É que eu sou meio expansivo. Me vê aí um... um... Como é mesmo o nome?” 
(Luís Fernando Veríssimo. Para gostar de ler. v.7. São Paulo, Ática, 1982.)
A linguagem nasce da necessidade humana de comunicação; nela e com ela, o homem interage com o mundo. Para tratarmos das diferentes linguagens de que dispomos, verbais e não verbais, precisamos, inicialmente, pensar que elas existem para que possamos estabelecer comunicação. Mas o que é, em si, comunicar? 
Se desdobrarmos a palavra comunicação, teremos: 
	Comunicação: “comum” + “ação”, ou melhor, “ação em comum”.
De modo geral, todos os significados encontrados para a palavra comunicação revelam a ideia de relação. Observe: 
Comunicação: deriva do latim communicare, cujo significado seria “tornar comum”, “partilhar”, “repartir”, “trocar opiniões”, “estar em relação com”. 
 Podemos assim afirmar que, historicamente, comunicação implica participação, interação entre dois ou mais elementos, um emitindo informações, outro recebendo e reagindo. Para que a comunicação exista, então, é preciso que haja mais de um pólo: sem o “outro” não há partilha de sentimentos e ideias ou de comandos e respostas. 
Observe o cartum a seguir e procure reconhecer como o humor se produz na situação apresentada. 
	Para que a comunicação seja eficiente, 
é necessário que haja um código comum aos interlocutores. 
O que é a linguagem?
Linguagem é a capacidade humana de articular conhecimentos e compartilhá-los socialmente. Assim, todo e qualquer processo humano capaz de expressar e compartilhar significação constitui linguagens: tirar fotos, pintar quadros, produzir textos e músicas, escrever jornal, dançar, etc. As linguagens fazem parte das diversas formas de expressão representadas pelas artes visuais, pela música, pela expressão corporal e pela escrita.
A linguagem, portanto, nomeia, fixa e concebe objetos, utiliza conceitos e tem por função permitir a comunicação.
Encontramos a língua pronta quando nascemos e aprendemos a utilizá-la com as pessoas mais velhas. É a partir dessa aprendizagem que passamos a reproduzi-la.
Muitas das expressões artísticas atuais têm origem conhecida: a fotografia surgiu no século XIX; o teatro ocidental surgiu na Grécia e na Idade Média. Já a escrita surgiu há milhares de anos. 
Tomemos, agora, o conceito apresentado por Bechara (1999) para fundamentar o conceito de linguagem: 
Entende-se por linguagem qualquer sistema de signos simbólicos empregados na intercomunicação social para expressar e comunicar ideias e sentimentos, isto é, conteúdos da consciência. (1992, p. 28)
A linguagem é, então, vista como um espaço em que tanto o sujeito quanto o outro que com ele interage são inteiramente ativos. Por meio dela, o homem pode trocar informações e ideias, compartilhar conhecimentos, expressar ideias e emoções. Desse modo, reconhecemos a linguagem como um instrumento múltiplo e dinâmico, isso porque, considerados os sentidos que devem ser expressos e as condições de que dispomos em dada situação, valemo-nos de códigos diferentes, criados a partir de elementos como o som, a imagem, a cor, a forma, o movimento e tantos outros. 
Vale salientar a ideia de que o processo de significação só acontece verdadeiramente quando, ao apropriarmo-nos de um código, por meio dele nos fazemos entender. 
Chamamos de linguagem a todo sistema de sinais convencionais que nos permite realizar atos de comunicação. Certamente, você já observou que o ser humano utiliza as mais diferentes linguagens: a da música, a da dança, a da pintura, a dos surdos-mudos, a dos sinais de trânsito, a da língua que você fala, entre outras
Como vemos, a linguagem é produto de práticas sociais de uma determinada cultura que a representa e a modifica, numa atividade predominantemente social.
Nossa língua apresenta uma imensa possibilidade de variantes linguísticas, tanto na linguagem formal (padrão) quanto na linguagem informal (coloquial). Elas não são, assim, homogêneas. Especialmente no que se refere ao coloquial, as variações não se esgotam. Alguns fatores determinam essa variedade. São eles: 
• diferenças regionais: há características fonéticas próprias de cada região, um sotaque próprio que dá traços distintivos ao falante nativo. Por exemplo, a fala espontânea de um caipira difere da fala de um gaúcho em pronúncia e vocabulário;
• nível social do falante e sua relação com a escrita: um operário, de modo geral, não fala da mesma maneira que um médico, por exemplo; 
• diferenças individuais. 
É importante salientar que cada variedade tem um conjunto de situações específicas para seu uso e, de modo geral, não pode ser substituída por outra sem provocar, ao menos, estranheza durante a comunicação. O texto de Luis Fernando Veríssimo ilustra uma dessas situações inusitadas: 
Podemos concluir daí que cada variedade tem seus domínios próprios e que não existe a variedade “certa” ou “errada”. Para cada situação comunicativa existe a variante “mais” ou “menos” adequada. É certo, no entanto, que é atribuída à variante padrão um valor social e histórico maior do que à coloquial. Cabe, assim, ao indivíduo – competente linguisticamente - optar por uma ou outra variante em função da situação comunicativa da qual participa no momento. 
Por fim, ressaltamos o que afirma Bechara (1999): a linguagem é sempre um estar no mundo com os outros, não como 
um indivíduo em particular, mas como parte do todo social, de uma comunidade. 
Considerando o sistema de sinais utilizados na comunicação humana, costumamos dividir a linguagem em verbal e não verbal. Assim, temos: 
a. Linguagem verbal: aquela que utiliza as palavras para estabelecer comunicação. A língua que você utiliza, por exemplo, é linguagem verbal, assim como a literatura. 
b. Linguagem não verbal: aquela que utiliza outros sinais que não as palavras para estabelecer comunicação. Os sinais utilizados pelos surdos-mudos, por exemplo, constituem um tipo de linguagem não verbal. 
Para viver em sociedade, o ser humano — possuidor de capacidade criativa e cumulativa — cria um arsenal de códigos, que se entrecruzam e atendem às suas necessidades de sobrevivência, de intercâmbio com o outro, de satisfação afetiva, de aprimoramento intelectual. 
A comunicação dá-se, assim, por intermédio de algum tipo de linguagem que, como vimos, altera-se de acordo com o uso que as pessoas fazem dela. Verbais ou não verbais, criamos sinais que têm significado especial para o grupo humano do qual fazemos parte.
Veja, por exemplo, a tela de Portinari: 
Ao pintar os trabalhadores rurais em atividade,Portinari revela, com precisão, uma importante questão social: a vida sofrida dos lavradores nas lavouras do café que, ao cumprir longas jornadas de trabalho, misturam-se à terra, numa interminável fila de homens e mulheres anônimos, com mãos e pés enormes, sugerindo, talvez, o excesso e a força de tanto trabalho. Não há céu, não há horizonte; o predomínio da cor marrom reforça o drama vivido por esses trabalhadores. 
Diante do não verbal, como espectadores, experimentamos a emoção que o quadro desperta, não porque seu significado esteja expresso em palavras, mas porque ele exibe a síntese do sentimento do artista. 
Podemos concluir, assim, que a linguagem é múltipla e, a partir da combinação de seus variados códigos, promove a interação entre os seres humanos, permitindo a expressão do que pensa e do que sente. 
Teste: Certo ou Errado?
Para mim estudar foi difícil. (_____________________________)
Ela já teve duas gravidezes. (_____________________________)
Quando ela vir aqui darei o recado. (_______________________)
Os alunos têm medo de não passar de ano. (_________________)
Em 1955 surgiu a TV a cores. (___________________________)
As eleições ocorrerão a nível de município. (________________)
Pré - questionamento:
O que é mais importante: comunicar-se ou não cometer erros linguísticos?
TEXTO PARA REFLEXÃO: 
	Lula e a língua do povo
Josué Machado
O português falado pelo presidente do Brasil levanta debate sobre a influência da oralidade no idioma culto e no ensino de gramática nas escolas
Na última campanha eleitoral, parece que nenhum candidato criticou outro pela indigência formal do discurso ou por supostos erros gramaticais, embora tivesse havido abundantes escorregões nas falas de improviso de todos eles. Escorregões em relação à língua culta, claro. Nas gravações dos programas eleitorais, no entanto, havia equipes filtrando bobagens agudas. Mas nos debates brotaram "enganos" frequentes. Não houve quem não escorregasse de vez em quando. 
A maioria dos olhares e ouvidos, no entanto, estava voltada para Lula. Ele até que se saiu bem, embora às vezes devorasse o "s" de um ou outro plural ou escorregasse na concordância de algum verbo que aparecia antes do sujeito. Ou pluralizasse verbos indevidamente ("Haviam problemas sérios."). Todos os outros candidatos, aliás (como todos nós), cometeram as mesmas distrações. 
gramática 
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sf. 1. Ling. Conjunto de regras que normatizam o falar e o escrever corretamente, segundo a língua-padrão.
2. Ling. Estudo em que se expõem essas regras.
3. Obra em que esssas regras são expostas de maneira racional e didática: Escreveu uma gramática de alto nível.
4. Exemplar dessa obra: Ia sempre às aulas com a sua gramática na mão.
5. Ling. Estudo sistemático dos elementos (palavras, fonemas etc.) que constituem o sistema de uma língua: Gramática do tupi-guarani.
6. Conjunto de normas, regras, técnicas etc. que regem uma arte, ciência etc.: Seus filmes têm uma gramática própria e surpreendente.
7. PE Gír. Qualquer bebida alcoólica, esp. a cachaça.
[F.: Do lat. grammatica,ae ou grammatice,es. Hom./Par.: gramática (fem. de gramático), gramatica, gramaticas (flex. de gramaticar)]
Gramática normativa: 1 Ling. Estudo dos elementos de uma língua a partir de normas que não podem ser transgredidas, e que determinam o que usar e o que não usar, como e como não usar, estabelecendo com isso um padrão de correção a ser observado no que considerar falar e escrever bem; gramática prescritiva.
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Fonte: http://aulete.uol.com.br/site.php?mdl=aulete_digital&op=loadVerbete&pesquisa=1&palavra=gram%E1tica#ixzz2uShot8Ml
ATIVIDADES DE INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
NÍVEIS DE LEITURA DE UM TEXTO: FIORIN & PLATÃO
Existem três níveis de leitura, dependendo do grau de abstração. Pode-se considerar que o texto admite três planos distintos na sua estrutura:
uma estrutura superficial, em que afloram os significados mais concretos e diversificados. È nesse nível que se instalam no texto o narrador, os personagens, os cenários, o tempo e as ações concretas;
uma estrutura intermediária, na qual se definem basicamente os valores com que os diferentes sujeitos entram em acordo ou desacordo;
uma estrutura profunda, em que ocorrem os significados mais abstratos. É nesse nível que se podem postular dois significados abstratos que se opões entre si e garantem a unidade do texto inteiro.
TEXTO PARA INTERPRETAÇÃO 1
LEIA O TEXTO E IDENTIFIQUE OS TRÊS NÍVEIS POSSÍVEIS DE LEITURA:
	O galo que logrou a raposa
 Um velho galo matreiro, percebendo a aproximação da raposa, empoleirou-se numa árvore. A raposa, desapontada, murmurou consigo: “Deixe estar, seu malandro, que já te curo!...” E em voz alta:
_ Amigo, venho contar uma grande novidade: acabou-se a guerra entre os animais. Lobo e cordeiro, gavião e pinto, onça e veado, raposa e galinhas, todos os bichos andam agora aos beijos, como namorados. Desça desse poleiro e venha receber o meu abraço de paz e amor.
_ Muito bem! – exclama o galo. Não imagina como tal notícia me alegra! Que beleza vai ficar o mundo, limpo de guerras, crueldades e traições! Vou já descer para abraçar a amiga raposa, mas... como lá vêm vindo três cachorros, acho bom esperá-los, para que também eles tomem parte na confraternização.
 Ao ouvir falar em cachorro, Dona Raposa não quis saber de histórias, e tratou de pôr-se ao fresco, dizendo:
_ Infelizmente, amigo Co-ri-có-có, tenho pressa e não posso esperar pelos amigos cães. Fica para outra vez a festa, sim? Até logo.
E raspou-se.
Contra esperteza, esperteza e meia.
(LOBATO, Monteiro. Fábulas. 19 ed. São Paulo. Brasiliense)
Primeiro nível de leitura - significados concretos:
	
	
	
Segundo nível – dados concretos do primeiro nível organizados em um plano mais abstrato:
	
	
	
Terceiro nível – uma leitura mais abstrata que resume o texto todo:
	
	
	
TEXTO PARA INTERPRETAÇÃO 2
Inácio da Catingueira e Romano
	Li, há dias, numa revista a cantoria ou "martelo" que, há perto de setenta anos, Inácio da Catingueira teve com Romano, em Patos, na Paraíba. Inácio da Catingueira, um negro, era apenas Inácio; Romano, pessoa de família, possuía um nome mais comprido ─ era Francisco Romano do Teixeira, irmão de Veríssimo Romano, cangaceiro e poeta, pai de Josué Romano, também cantador, enfim, um Romano bem classificado, cheio de suficiência, até com alguns discípulos.
	Nessa antiga pendência, de que se espalharam pelo Nordeste muitas versões, Inácio tratava o outro por "meu branco", declara​va-se inferior a ele. Com imensa bazófia (presunção), Romano concordava, achava que era assim mesmo, e de quando em quando introduzia no “mar​telo" uma palavra difícil com o intuito evidente de atrapalhar o ad​versário. O preto defendia-se a seu modo, torcia o corpo, inclinava​-se modesto: Seu Romano, eu só garanto é que ciência eu não tenho".
	Essa ironia, essa deliciosa malícia negra, não fez mossa (pertubação) na casca de Francisco Romano, que recebeu as alfinetadas como se elas fossem elogios e no fim da cantiga esmagou o inimigo com uma razoável quantidade de burrices, tudo sem nexo, à-toa: "Latona, Cibele, Ísis, Vulcano, Netuno..." Jogou o disparate em cima do outro e pediu a resposta, que não podia vir, naturalmente, porque Inácio era analfabeto, nunca ouvira falar em semelhantes horrores e fez o que devia fazer – amunhecou (acovardou-se), entregou os pontos, assim: "Seu Romano, desse jeito eu não posso acompanhá-lo. Se desse um nó em 'martelo', viria eu desatá-lo. Mas como foi em ciência, cante só, que eu já me calo".
	Com o entusiasmo dos ouvintes, Romano, vencedor, ofereceu umas palavras de consolação ao pobre do negro, palavras idiotas que serviram para enterrá-lo.
 	Isto aconteceu há setenta anos. E desde então, o herói de Patos se multiplicouem descendentes que nos têm impingido (constrangido) com abundância variantes de Cibele, Ísis, Latona, Vulcano, etc.
RAMos, Graciliano. Viventes das Alagoas; qua​dros e costumes do Nordeste. 4. ed. São Paulo, Martins, 1972. p. 137-8.
	Muita gente aceita isso. Nauseada, mas aceita, para mostrar sabedoria, quando todos deviam gritar honestamente que, tratan​do-se de "martelo", Netuno e Minerva não têm cabimento.
	Inácio da Catingueira, que homem! Foi uma das figuras mais interessantes da literatura brasileira, apesar de não saber ler. Co​mo os seus olhos brindados de negro viam as coisas! É certo que temos outros sabidos demais. Mas há uma sabedoria alambicada (pretensiosa) que nos torna ridículos.						
RAMOS, Graciliano. Viventes das Alagoas
1 - O produtor do texto construiu uma narrativa em que aparecem dois personagens com características diferentes. Situe os dois personagens e discrimine as diferenças básicas que, segundo o produtor do texto, distinguem um do outro.
2 – Em um nível abstrato de leitura, pode-se afirmar que Inácio e Romano cultivam valores diferentes. Basicamente, quais são os valores que caracterizam a cultura de um e de outro?
3 - Cite uma passagem do texto que sirva para ilustrar que Romano é mais reconhecido socialmente do que Inácio.
4 - O texto coloca em confronto dois tipos distintos de cultura, cada um valorizado de modo diferente segundo o ponto de vista de quem analisa.
a) Segundo o ponto de vista da sociedade em que vivem Inácio e Romano, qual das duas formas de cultura é mais valorizada?
b) Segundo o ponto de vista do narrador, que cultura tem mais valor?
5 - O texto em questão sobre uma oposição básica: superioridade versus inferioridade. Segundo o narrador, esses conceitos são relativos ou absolutos? Explique sua resposta.
TEXTO PARA INTERPRETAÇÃO 3
OS DESASTRES DE SOFIA, de Clarice Lispector
Qualquer que tivesse sido o seu trabalho anterior, ele o abandonara, mudara de profissão e passara pesadamente a ensinar no curso primário: era tudo o que sabíamos dele.
O professor era gordo, grande e silencioso, de ombros contraídos. Em vez de nó na garganta, tinha ombros contraídos. Usava paletó curto demais, óculos sem aro, com um fio de ouro encimando o nariz grosso e romano. E eu era atraída por ele. Não amor, mas atraída pelo seu silêncio e pela controlada impaciência que ele tinha em nos ensinar e que, ofendida, eu adivinhara. Passei a me comportar mal na sala. Falava muito alto, mexia com os colegas, interrompia a lição com piadinhas, até que ele dizia, vermelho:
_ Cale-se ou expulso a senhora da sala.
Ferida, triunfante, eu respondia em desafio: pode me mandar!
Ele não mandava, senão estaria me obedecendo. Mas eu o exasperava tanto que se tornara doloroso para mim ser o objeto do ódio daquele homem que de certo modo eu amava. Não o amava como a mulher que eu seria um dia, amava-o como uma criança que tenta desastradamente proteger um adulto, com a cólera de quem ainda não foi covarde e vê um homem forte de ombros tão curvos. (...)
LISPECTOR, Clarice. A legião estrangeira. São Paulo. Ática, 1977. p. 11.
Questões:
No segundo parágrafo, o narrador afirma que o professor tinha “ombros contraídos”. Essa característica fora do contexto em que está inserida, pode sugerir várias interpretações. Enumere-as. Mas, levando em conta o contexto, apenas uma dessas possibilidades contém uma interpretação adequada. Indique qual é essa possibilidade e, com outras passagens do texto, justifique a sua escolha.
Há várias passagens do texto em que o narrador dá a entender que o professor era uma pessoa que tomava atitudes contrárias à sua vontade ou tinha características que não combinavam entre si. Cite ao menos duas passagens do texto que comprovem essa afirmação.
Segundo o texto, os sentimentos da aluna pelo professor eram ambíguos, isto é, eram sentimentos que se contrariavam.
Cite algumas passagens em que se manifesta essa contradição.
Qual o motivo dessa ambiguidade?
O professor diz: “Cale-se ou expulso a senhora da sala”. Perante essa explosão, a aluna tem dupla reação. Procure explicar: a) por que se sentiu ferida? b) por que se sentiu triunfante? 
A menina diz que amava o professor “com a cólera de quem ainda não foi covarde”. Tente explicar o significado de ainda nesse contexto.
Segundo o texto, em que consistia a covardia do professor?
Como se sabe, todo texto revela a visão de mundo de quem o produziu. No caso desse texto, pode-se dizer que ele foi produzido para mostrar que:
todo aluno nutre pelo professor um grande afeto e se irrita quando não é correspondido.
todo professor se dedica à tarefa de ensinar com extremo cuidado e prazer.
o professor não tinha mais condições físicas para executar seu trabalho.
a relação professor-aluno é sempre tensa e contraditória.
as contradições da vida prática e a necessidade de seguir regras e normas podem levar o homem a reprimir suas emoções.
8. Escolha uma das alternativas acima, troque ideias com seu grupo e, a seguir, faça uma produção textual a respeito do assunto.
Clarice Lispector
TEXTO PARA INTERPRETAÇÃO 4
DOM CASMURRO
Capítulo CXXIII – Olhos de ressaca
 Machado de Assis
 Enfim, chegou a hora da encomendação e da partida. Sancha quis despedir-se do marido, e o desespero daquele lance consternou a todos. Muitos homens choravam também, as mulheres todas. Só Capitu, amparando a viúva, parecia vencer-se a si mesma. Consolava a outra, queria arrancá-la dali. A confusão era geral. No meio dela, Capitu olhou algumas instantes para o cadáver tão fixa, tão apaixonadamente fixa, que não admira lhe saltassem algumas lágrimas poucas e caladas...
 As minhas cessaram logo. Fiquei a ver as dela; Capitu enxugou-as depressa, olhando a furto para a gente que estava na sala. Redobrou de carícias para a amiga, e quis levá-la; mas o cadáver parece que a retinha também. Momento houve em que os olhos de Capitu fitaram o defunto, quais os da viúva, sem o pranto nem palavras desta, mas grandes e abertos, como a vaga do mar lá fora como se quisesse tragar também o nadador da manhã.
TEXTO PARA INTERPRETAÇÃO 5
O Carioca É. Antes de Tudo.
Millôr Fernandes
Os paulistanos (!) que me perdoem, mas ser carioca é essencial. Os derrotistas que me desculpem, mas o carioca taí mesmo pra ficar e seu jeito não mudou.
Continua livre por mais que o prendam, buscando uma comunicação humana por mais que o agridam, aceitando o pão que o diabo amassou como se fosse o leite da bondade humana. O carioca, todos sabem, é um cara nascido dois terços no Rio e outro terço em Minas, Ceará, Bahia, e São Paulo, sem falar em todos os outros Estados, sobretudo o maior deles o estado de espírito. Tira de letra, o carioca, no futebol como na vida. Não é um conformista -- mas sabe que a vida é aqui e agora e que tristezas não pagam dívidas. Sem fundamental violência, a violência nele é tão rara que a expressão "botei pra quebrar" significa exatamente o contrário, que não botou pra quebrar coisa nenhuma, mas apenas "rasgou a fantasia", conseguiu uma profunda e alegre comunicação -- numa festa, numa reunião, num bate-coxa, num ato de amor ou de paixão -- e se divertiu às pampas. Sem falar que sua diversão é definitivamente coletiva, ligada à dos outros. Pois, ou está na rua, que é de todos, ou no recesso do lar, que, no Rio é sempre, em qualquer classe social, uma open-house, aberta sob o signo humanístico do "pode vir que a casa é sua".
Carioca, é. Moreno e de 1,70 metro de altura na minha geração, com muitos louros de 1,80 metro importados da Escandinávia na geração atual, o carioca pensa que não trabalha. Virador por natureza, janota por defesa psicológica, autocrítico e autogozador não poupando, naturalmente, os amigos e a mãe dos amigos -- ele vai correndo à praia no tempo do almoço apenas pra livrar a cara da vergonhosa pecha de trabalhador incansável. E nisso se opõe frontalmenteao "paulista", que, se tiver que ir à praia nos dias da semana,vai escondido pra ninguém pensar que ele é um vagabundo.
Amante de sua cidade, patriota do seu bairro, o carioca vai de som (na música),
vai de olho (é um paquerador incansável e tem um pescoço que gira 360 graus),
vai de olfato (o odor é de suprema importância na fisiologia sexual do carioca).
Sem falar, que, em tudo, vai de espírito; digam o que disserem, o papo, invenção carioca, ainda é o melhor do Brasil, incorporando as tendências básicas do discurso nacional: o humanismo mineiro, o pragmatismo paulista, a verborragia baiana.
E basta ouvir pra ver que o nervo de todas as conversas cariocas, a do bar sofisticado como a do botequim pobre e sujo, por isso mesmo sofisticadíssimo, a do living-room granfa, a da cama (antes e depois), é o humor, a crítica, a piada, a graça, o descontraimento. Não há deuses e nada é sagrado no Olimpo da sacanagem. O carioca é, antes de tudo, e acima de tudo, um lúdico. Ainda mais forte e mais otimista do que o homem da anedota clássica que, atravessado de lado a lado por um punhal, dizia: "Só dói quando eu rio", o carioca, envenenado pela poluição, neurotizado pelo tráfego, martirizado pela burocracia, esmagado pela economia, vai levando, defendido pela couraça verbal do seu humor.
Só dói quando ele não ri.
Só dói quando ele não bate papo.
Só dói quando ele não joga no bicho.
Só dói quando ele não vai ao Maracanã.
Só dói quando ele não samba.
Só dói quando ele esquece toda essa folclorada acima, que lhe foi impingida anos a fio com o objetivo de torná-lo objeto de turismo, e enfrenta a dura realidade... carioca.
Texto extraído do livro "Que País é Este?", Editora Nórdica - Rio de Janeiro, 1978, pág. 50.
Tudo sobre Millôr Fernandes e sua obra em "Biografias".
TEXTO PARA INTERPRETAÇÃO 6
O Verbo For
João Ubaldo Ribeiro
Vestibular de verdade era no meu tempo. Já estou chegando, ou já cheguei, à altura da vida em que tudo de bom era no meu tempo; meu e dos outros coroas. Acho inadmissível e mesmo chocante (no sentido antigo) um coroa não ser reacionário. Somos uma força histórica de grande valor. Se não agíssemos com o vigor necessário — evidentemente o condizente com a nossa condição provecta —, tudo sairia fora de controle, mais do que já está. O vestibular, é claro, jamais voltará ao que era outrora e talvez até desapareça, mas julgo necessário falar do antigo às novas gerações e lembrá-lo às minhas coevas (ao dicionário outra vez; domingo, dia de exercício).
O vestibular de Direito a que me submeti, na velha Faculdade de Direito da Bahia, tinha só quatro matérias: português, latim, francês ou inglês e sociologia, sendo que esta não constava dos currículos do curso secundário e a gente tinha que se virar por fora. Nada de cruzinhas, múltipla escolha ou matérias que não interessassem diretamente à carreira. Tudo escrito tão ruybarbosianamente quanto possível, com citações decoradas, preferivelmente. Os textos em latim eram As Catilinárias ou a Eneida, dos quais até hoje sei o comecinho.
Havia provas escritas e orais. A escrita já dava nervosismo, da oral muitos nunca se recuperaram inteiramente, pela vida afora. Tirava-se o ponto (sorteava-se o assunto) e partia-se para o martírio, insuperável por qualquer esporte radical desta juventude de hoje. A oral de latim era particularmente espetacular, porque se juntava uma multidão, para assistir à performance do saudoso mestre de Direito Romano Evandro Baltazar de Silveira. Franzino, sempre de colete e olhar vulpino (dicionário, dicionário), o mestre não perdoava.
— Traduza aí quousque tandem, Catilina, patientia nostra — dizia ele ao entanguido vestibulando.
— "Catilina, quanta paciência tens?" — retrucava o infeliz.
Era o bastante para o mestre se levantar, pôr as mãos sobre o estômago, olhar para a platéia como quem pede solidariedade e dar uma carreirinha em direção à porta da sala.
— Ai, minha barriga! — exclamava ele. — Deus, oh Deus, que fiz eu para ouvir tamanha asnice? Que pecados cometi, que ofensas Vos dirigi? Salvai essa alma de alimária. Senhor meu Pai!
Pode-se imaginar o resto do exame. Um amigo meu, que por sinal passou, chegou a enfiar, sem sentir, as unhas nas palmas das mãos, quando o mestre sentiu duas dores de barriga seguidas, na sua prova oral. Comigo, a coisa foi um pouco melhor, eu falava um latinzinho e ele me deu seis, nota do mais alto coturno em seu elenco.
O maior público das provas orais era o que já tinha ouvido falar alguma coisa do candidato e vinha vê-lo "dar um show". Eu dei show de português e inglês. O de português até que foi moleza, em certo sentido. O professor José Lima, de pé e tomando um cafezinho, me dirigiu as seguintes palavras aladas:
— Dou-lhe dez, se o senhor me disser qual é o sujeito da primeira oração do Hino Nacional!
— As margens plácidas — respondi instantaneamente e o mestre quase deixa cair a xícara.
— Por que não é indeterminado, "ouviram, etc."?
— Porque o "as" de "as margens plácidas" não é craseado. Quem ouviu foram as margens plácidas. É uma anástrofe, entre as muitas que existem no hino. "Nem teme quem te adora a própria morte": sujeito: "quem te adora." Se pusermos na ordem direta...
— Chega! — berrou ele. — Dez! Vá para a glória! A Bahia será sempre a Bahia!
Quis o irônico destino, uns anos mais tarde, que eu fosse professor da Escola de Administração da Universidade Federal da Bahia e me designassem para a banca de português, com prova oral e tudo. Eu tinha fama de professor carrasco, que até hoje considero injustíssima, e ficava muito incomodado com aqueles rapazes e moças pálidos e trêmulos diante de mim. Uma bela vez, chegou um sem o menor sinal de nervosismo, muito elegante, paletó, gravata e abotoaduras vistosas. A prova oral era bestíssima. Mandava-se o candidato ler umas dez linhas em voz alta (sim, porque alguns não sabiam ler) e depois se perguntava o que queria dizer uma palavra trivial ou outra, qual era o plural de outra e assim por diante. Esse mal sabia ler, mas não perdia a pose. Não acertou a responder nada. Então, eu, carrasco fictício, peguei no texto uma frase em que a palavra "for" tanto podia ser do verbo "ser" quanto do verbo "ir". Pronto, pensei. Se ele distinguir qual é o verbo, considero-o um gênio, dou quatro, ele passa e seja o que Deus quiser.
— Esse "for" aí, que verbo é esse?
Ele considerou a frase longamente, como se eu estivesse pedindo que resolvesse a quadratura do círculo, depois ajeitou as abotoaduras e me encarou sorridente.
— Verbo for.
— Verbo o quê?
— Verbo for.
— Conjugue aí o presente do indicativo desse verbo.
— Eu fonho, tu fões, ele fõe - recitou ele, impávido. — Nós fomos, vós fondes, eles fõem.
Não, dessa vez ele não passou. Mas, se perseverou, deve ter acabado passando e hoje há de estar num posto qualquer do Ministério da Administração ou na equipe econômica, ou ainda aposentado como marajá, ou as três coisas. Vestibular, no meu tempo, era muito mais divertido do que hoje e, nos dias que correm, devidamente diplomado, ele deve estar fondo para quebrar. Fões tu? Com quase toda a certeza, não. Eu tampouco fonho. Mas ele fõe.
Esta crônica foi publicada no jornal "O Globo" (e em outros jornais) na edição de domingo, 13 de setembro de 1998 e integra o livro "O Conselheiro Come", Ed Nova Fronteira - Rio de Janeiro, 2000, pág. 20.
Tudo sobre o autor e sua obra em "Biografias".
Texto disponível em: http://www.releituras.com/joaoubaldo_overbofor.asp
Releia o texto e, em seguida, responda:
A)      Qual é o gênero textual do texto lido?  ___________________________________________________________
B)       Qual é o assunto abordado no texto de João Ubaldo? ____________________________________________________________
____________________________________________________________
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____________________________________________________________
C)      Há ironia no último parágrafo dotexto? Por quê?
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D) 	Como se caracteriza a linguagem empregada pelo autor?
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Língua portuguesa
Última flor do Lácio, inculta e bela, 
És, a um tempo, esplendor e sepultura: 
Ouro nativo, que na ganga impura 
A bruta mina entre os cascalhos vela... 
Amo-te assim, desconhecida e obscura. 
Tuba de alto clangor, lira singela, 
Que tens o trom e o silvo da procela, 
E o arrolo da saudade e da ternura! 
Amo o teu viço agreste e o teu aroma 
De virgens selvas e de oceano largo! 
Amo-te, ó rude e doloroso idioma, 
Em que da voz materna ouvi: "meu filho!", 
E em que Camões chorou, no exílio amargo, 
O gênio sem ventura e o amor sem brilho! 
Olavo Bilac
NÍVEIS DE LINGUAGEM
LÍNGUA OFICIAL ESCRITA - é uniforme e visa padronizar a linguagem.
LINGUAGEM FALADA - é individual, flexível, varia de acordo com idade, sexo, cultura, posição social.
LINGUAGEM CULTA/PADRÃO: é utilizada pelas classes intelectuais da sociedade como nós, ensinada nas escolas e usada para transmitir informações filosóficas e científicas. 
Reflete - prestígio social e cultural.
LINGUAGEM COLOQUIAL: É utilizada pelas pessoas que fazem uso de um nível menos formal, mais espontâneo, usando criatividade e intimidade. Apresenta mais liberdade de expressão. É a comunicação de massa em geral.
Me diga a verdade.
Senta aí, tá!
Cuidado pra não falar besteira.
Me faça um favor.
LINGUAGEM POPULAR: é utilizada pelas pessoas de baixa escolaridade. De menor cultura. Não há preocupação com as regras gramaticais. Apresenta vícios de linguagem:
Mãi, não vou aumoçá em casa, pruque meu amigo mi convidô prá aumoçá com ele.
Hoje eu vou sai ca minha namorada.
Eu vi ela.
Olha eu aqui.
CULTA: Estou preocupada.
COLOQUIAL: Tô preocupada.
POPULAR: Tô grilada.
REGIONAL: falar nordestino, gaúcho, carioca, caipira etc.
O sinhô, voismecê
Quar quê
Pra mode
Deveras importante
Bestaiado
Oh! chente bichinho, ocê não sabe isso.
Ele buliu ca moça
-PÓ PÔ PÓ?
-PÓ PÔ.
UMA FRASE SÓ DE VOGAIS;
-OU, OU . Ó O AUÊ AÍ Ó!
Nível informal (Coloquial)			Nível formal (Culto)
Isso é pra você				Isso é para você.
Ocê contou o fato pra ela			Você contou o fato para ela / Você lhe contou o fato.
Ela ligou pro namorado			Ela ligou para o namorado
A gente quebrou o vidro			Quebramos o vidro
Domingo, nós devia ter ido lá.		Domingo, devíamos ter ido lá. 
Eu tô aqui/ Tá pensando o quê?		Eu estou aqui/O que você está pensando?
Se agasalha, que tá frio			Agasalhe-se, que está frio
Me empresta o teu caderno Empreste-me o seu caderno/ Empresta-me o
teu caderno.
Me deixa sair/ Deixa eu sair	 		Deixe-me sair.
- AMBIGUIDADE
Ele comeu um doce, e sua namorada também.
Mataram o porco do meu tio. / Morreu a galinha da minha vizinha.
A besta do meu marido sumiu. /Coitado! O burro do meu primo morreu.
Ele surpreendeu o ladrão em sua casa.
Tomei o ônibus correndo.
Presidente e governador desentenderam-se por causa de sua má administração.
Eu vi o desmoronamento do barracão.
Vi enfeites de natal andando na rua.
Visitei a casa da minha avó cujos fundos dela dá para o mar.
Pedro visitou seu amigo, depois saiu com sua namorada.
Vi uma foto sua no metrô.
Pedro encontrou seu amigo que perdeu seu relógio.
- CACOFONIA
Nunca ganho - Eu nunca ganho em jogos (
Boca dela - As palavras saíram da boca dela ( 
Mande-me já isso - Não vou falar mais, mande-me já isso ( 
Por cada- Isso será feito por cada um ( 
Ela tinha - Ela tinha muito jeito ( 
Ti gela - Meu coração por ti gela (
Cinco cada - Quanto cada um recebeu? Cinco cada um (cocada). (
Vou-me então - 
Vou-me já - 
Por radiação - 
- PLEONASMO
Vamos conviver juntos. Criar novos. Elo de ligação. Encarar de frente. Entrar para dentro
Sair para fora. Descer para baixo, descer lá embaixo. Subir para cima, subir lá em cima
Ganhar grátis. Monopólio exclusivo. Planos para o futuro. Repetir de novo.
Começar pelo começo. Sorriso nos lábios. Sua própria autobiografia. Plebiscito popular.
Vi com os meus próprios olhos. A brisa matinal da manhã. Rolou pela escada abaixo.
Pomar de frutas. Colaborar juntos. Moça virgem. Hemorragia de sangue.
Hepatite no fígado. Ele vive uma vida difícil. Sonhei um sonho. Protagonista principal
Bibliografia
BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. 37.ed. Rio de Janeiro: Ed. Lucerna, 2001.
EMEDIATO, Wander. A fórmula do texto: redação, argumentação e leitura. São Paulo: Geração Editorial, 2004.
FARACO, Carlos Alberto e TEZZA, Cristovão. 11ª ed. Prática de texto para estudantes universitários. Petrópolis: Vozes, 2003.
FÁVERO, Leonor. 9ª ed. Coesão e coerência textuais. São Paulo: Ática, 2003. 
FIORIN, José Luiz e PLATÃO, Francisco. 16ª ed. Para entender o texto: leitura e redação. São Paulo: Ática, 2003.
FIORIN, José Luiz e PLATÃO, Francisco. Lições de texto: leitura e redação. São Paulo: Ática, 2004. 
KATO, Mary. No mundo da escrita. 7.ed. São Paulo: Ática, 2003.
KOCH, Ingedore; TRAVAGLIA, Luiz Carlos. A Coerência textual. São Paulo: Contexto, 2001.
SEVERINO, Antonio Barbosa. Redação: Escrever é desvendar o mundo. Campinas, SP: Papirus, 2001.
TERRA, Ernani.Linguagem, língua e fala. São Paulo: Scipione, 2001.
VANOYE, F. Usos da linguagem: problemas e técnicas na produção oral e escrita. 7.ed.
São Paulo: Martins Fontes, 1987.
 
COMPLEMENTAÇÃO GRAMATICAL
EMPREGOS DO PORQUÊ
POR QUE
- interrogativa com preposição (por) e um pronome interrogativo (que):
	“― Por que devemos nos preocupar com o meio ambiente?”
	“Não é fácil saber por que a situação persiste em não melhorar”.
			
- preposição (por) e pronome relativo (que), equivalendo a pelo qual.
 	“O túnel por que deveríamos passar desabou ontem”. 	 
- expressão equivalente a por qual razão ou por qual motivo: 	 
	“Os motivos por que não veio são desconhecidos”.
	“Não sei por que você se comportou daquela maneira”.
POR QUÊ
- final de frase: 
― Você ainda tem coragem de perguntar por quê?
― Não sei por quê! 
PORQUE
- conjunção indicando explicação ou causa, equivalendo a: pois, já que, uma vez que, como:
 	“Volte durante o dia, porque a estrada é muito ruim”.
 	“A situação agravou-se porque ninguém reclamou”.
 	“Porque, sempre que a gente olha, o céu está em cima... “
- conjunção indicando finalidade, equivalendo a para que, a fim de:
 	“― Não julgues porque não te julguem.”
PORQUÊ
- substantivo, sendo acompanhado de palavra determinante:
“Não é fácil encontrar o porquê de toda essa confusão”.
“― Dê-me ao menos um porquê para sua atitude”.
		
1. Complete com por que (interrogativa direta ou indireta, equivale a pelo qual, indica razão motivo) ou por quê (final de frase).
— _________________ devemos falar a verdade?
Não é fácil saber _________________ ele persiste em mentir.
A estrada _________________ deveríamos passar está interditada.
Os motivos _________________ não vieram são desconhecidos.
Não interessa _________________ você se comportou daquela maneira.— Você ainda tem coragem de perguntar _________________ ? 
2. Complete com porque (explicação ou causa, equivalendo a pois, já que, como) ou porquê (substantivo).
Faça silêncio, ___________________ você está em um hospital.
A situação agravou-se ___________________ ninguém reclamou.
Resta ainda descobrir o ___________________ dessas declarações.
Todos desconhecem o __________________ de sua revolta.
DIFICULDADES DE USO DA LÍNGUA:
I - PONTUAÇÃO
1. Dos fragmentos abaixo, o único que contém erro de PONTUAÇÃO é:
Em virtude de as despesas ordinárias terem sofrido pequenos reajustes ao longo dos últimos meses e de a receita, não ter sido reajustada, fomos autorizados a aumentar a mensalidade.
Sem mais para o momento e à inteira disposição de V. Sª para maiores esclarecimentos, subscrevemo-nos;
Com isso, sugerimos a convocação de nova assembleia para a apreciação dos atuais valores, bem como para a fixação de nova quota, se for o caso;
A esposa trocava as fraldas do bebê, e o marido lavava os pratos.
O presidente mandou lavrar esta ata, que assina juntamente com o secretário que a lavrou.
2. “O salário pode ser estipulado com base no tempo, na produção, na tarefa e no lucro.”
As vírgulas empregadas na frase acima se justificam pela necessidade de:
indicar a presença de um aposto explicativo;
destacar termos importantes do enunciado;
separar os termos de uma enumeração;
mostrar que os termos citados não são sinônimos;
desmanchar uma ambiguidade do texto.
3. Qual a justificativa do uso de vírgulas no seguinte trecho do texto: 
“Ele citou, entre a lista de paradoxo que o panorama mundial oferece, o fato de que os gastos militares de todo o mundo aumentaram em proporções ...”?
a presença de um vocativo;
a delimitação de um aposto;
a necessidade de ênfase;
a inversão de termos;
a divisão de orações.
4. Na frase: “A dupla articulação da linguagem caracteriza-se ( a) pela combinação e b) pela comutação” o sinal de pontuação adequado a preencher a lacuna (indicada por um quadrado) é:
ponto-e-vírgula;
dois pontos;
vírgula;
reticências;
travessão.
5. A pontuação mal colocada prejudica a compreensão da frase em:
O caso, a meu ver, exige maiores reflexões.
O governo, todo ano, tomava novas medidas.
Ele, engenheiro daqui, é excelente companheiro.
A mãe, destes dois alunos, Ana, está chegando.
6. Há uma vírgula usada para separar uma oração reduzida de gerúndio na frase da alternativa:
Apesar das tentativas de descrédito, foi a reação da sociedade civil que impulsionou a queda do ex-presidente.
Portanto, o momento histórico apresenta facetas negativas e positivas.
São partes de um todo, são dimensões inseparáveis do mesmo processo.
Por um lado, assistimos revoltados ao desfile de corruptos e criminosos.
Há um amplo espectro de iniciativas, envolvendo diferentes atores e segmentos sociais.
7. As aspas usadas em “É difícil expressar o sentimento do povo neste doloroso momento”, sublinhava um leitor do Estado. servem para:
fazer sobressair estrangeirismos, arcaísmos e neologismos
acentuar o valor significativo de uma expressão
realçar ironicamente uma palavra ou expressão
indicar, num diálogo, a mudança de interlocutor
destacar uma citação ou transcrição
8. A vírgula que separa a oração sublinhada em: “Os ídolos cumprem um papel importante. São geradores de entusiasmo e alegria. Ayrton Senna foi um semeador de otimismo. O Brasil esquecia suas mazelas, e os nossos domingos se vestiam de verde e amarelo.” da oração seguinte se justifica porque esta oração:
tem sujeito diferente
é oração adverbial
é coordenada à anterior
é oração reduzida
não tem nenhum elemento coordenativo
9. Na frase: “Os economistas clássicos falavam em três fatores de produção ( terra, capital e trabalho”, o sinal adequado a preencher a lacuna (indicada por um quadrado) é:
ponto-e-vírgula
dois pontos
reticências
vírgula
ponto
10. “A favela é um sintoma – grave – da doença brasileira.”
Na frase acima, os travessões foram usados para:
evitar a repetição de um termo já mencionado;
explicar, com um sinônimo, o termo anterior;
enfatizar a adjetivação atribuída ao substantivo anterior;
interromper o pensamento, desviando-o para outro assunto;
intercalar uma ideia estranha à que vinha sendo enunciada.
11. O presidente descobriu que tinha aliados virou a agenda de cabeça para baixo e partiu para a reforma administrativa.” (retirada do J.B. de 13/10/95 sem a pontuação).
Ela teria, de acordo com as regras de uso da vírgula a seguinte pontuação correta: 
 
presidente descobriu, que tinha aliados, virou a agenda de cabeça para baixo e partiu para a reforma administrativa.
O presidente, descobriu que tinha aliados, virou a agenda de cabeça para baixo e partiu para a reforma administrativa.
O presidente descobriu que tinha aliados, virou a agenda de cabeça para baixo e partiu para a reforma administrativa.
O presidente descobriu que tinha aliados virou a agenda de cabeça para baixo, e partiu para a reforma administrativa.
O presidente descobriu que tinha aliados, virou a agenda, de cabeça, para baixo e partiu para a reforma administrativa.
12.“No Rio de Janeiro, que não produz cocaína, a partir dos anos 70 houve o fortalecimento gradual do seu consumo.”
No texto, a oração está assinalada está separada por vírgulas. Esta mesma regra do uso da vírgula foi empregada na seguinte frase:
“Meu canto de morte, guerreiros, ouvi!”
Este projeto, embora seja bom, não será aprovado.
Ela falou com um homem de quarenta anos, bem magro, baixo.
Iracema”, cujo autor é José de Alencar, narra o amor infeliz da heroína.
“Grande Sertão: Veredas”, a obra prima de Guimarães Rosa, apresenta grandes inovações linguísticas.
 II- EMPREGO DA CRASE
  Crase é a fusão (ou contração) de duas vogais idênticas numa só. Em linguagem escrita, a crase é representada pelo acento grave.
  Exemplo:
	Vamos 
	à 
	cidade logo depois do almoço.
	
	a
|
prep. 
	+  
	a 
|
art. 
	
  Observe que o verbo ir requer a preposição a e o substantivo cidade pede o artigo a.
Ocorrência da crase
1. Preposição a + artigos a, as:
   Fui à feira ontem.
   Paulo dedica-se às artes marciais.
OBSERVAÇÕES
a) Quando o nome não admitir artigo, não poderá haver crase:
   Vou a Campinas amanhã.
   Estamos viajando em direção a Roma.
No entanto, se houver um modificador do nome, haverá crase:
   Vou à Campinas das andorinhas.
   Estamos viajando em direção à Roma das Sete Colinas.
b) Ocorre a crase somente se os nomes femininos puderem ser substituídos por nomes masculinos, que admitam ao antes deles:
   Vou à praia.
   Vou ao campo.
Portanto, não haverá crase em:
   Ela escreveu a redação a tinta.
   (Ela escreveu a redação a lápis.)
   Compramos a TV a vista.
   (Compramos a TV a prazo.)
2. Preposição a + pronomes demonstrativos aquele(s), aquela(s), aquilo:
   Maria referiu-se àquele cavalheiro de terno cinza.
   Depois nos dirigimos àquelas mulheres da Associação.
   Nunca me reportei àquilo que você disse.
3. Na indicação de horas:
   João se levanta às sete horas.
   Devemos atrasar o relógio à zero hora.
   Eles chegaram à meia-noite.
4. Antes de nomes que apresentam a palavra moda (ou maneira) implícita:
   Adoro bife à milanesa.
   Eles querem vitela à parmigiana.
   Ele vestiu-se à Fidel Castro.
   Ele cortou o cabelo à Nero.
5. Em locuções adverbiais constituídas de substantivo feminino plural:
   Pedrinho costuma ir ao cinema às escondidas.
   Às vezes preferimos viajar de carro.
   Eles partiram às pressas e não deixaram o novo endereço.
6. Em locuções prepositivas e conjuntivas constituídas de substantivo feminino:
   Eles vivem à custa do Estado.
   Estamos todos à mercê dos bandidos.
   Fica sempre

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