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Pesquisa de Depósitos Minerais - Introdução

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PESQUISA MINERAL 
PROSPECÇÃO E EXPLORAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
Israel Rodrigues Teixeira 
Luana Oliveira de Carvalho 
Raphaela de Freitas Mara 
Thiago Garcia Saraiva 
 
 
 
Pesquisa de Depósitos Minerais II 
Professor: Alizeibek Saleimen Nader 
Belo Horizonte, Novembro de 2014 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
LISTA DE FIGURAS .................................................................................................... i 
LISTA DE TABELAS ................................................................................................. iii 
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 1 
2 DEFINIÇÕES E TERMOS ÚTEIS ....................................................................... 4 
2.1 Mineral .................................................................................... 4 
2.2 Rocha ...................................................................................... 6 
2.3 Minério .................................................................................... 7 
2.4 Mineral-Minério ........................................................................ 7 
2.5 Ganga ..................................................................................... 8 
2.6 Afloramento ............................................................................. 8 
2.7 Capeamento ............................................................................ 9 
2.8 Rocha Hospedeira ................................................................. 10 
2.9 Rochas Encaixantes, Capa e Lapa ....................................... 11 
3 RECURSOS X RESERVAS.............................................................................. 12 
3.1 Normas para Classificação de Recursos e Reservas ........... 14 
3.2 Código JORC ........................................................................ 16 
3.3 Caso Bre-X ............................................................................ 17 
4 PESQUISA MIERAL – DEFINIÇÃO E FASES ................................................. 20 
5 PROSPECÇÃO E EXPLORAÇÃO MINERAL.................................................. 20 
6 MAPEAMENTO GEOLÓGICO ......................................................................... 24 
7 AMOSTRAGEM ................................................................................................ 25 
8 POÇOS E TRINCHEIRAS ................................................................................ 27 
9 SONDAGEM ..................................................................................................... 30 
10 GEOFÍSICA ...................................................................................................... 31 
11 SENSORIAMENTO REMOTO .......................................................................... 35 
11.1 Definição ............................................................................... 35 
11.2 História .................................................................................. 35 
11.3 Princípio ................................................................................ 37 
11.4 Aplicações ............................................................................. 41 
12 GEOQUÍMICA .................................................................................................. 42 
12.1 Correlação com demais técnicas e Objetivos........................ 42 
 
 
12.2 Premissas e Aplicações ........................................................ 43 
12.3 Potencializando os Resultados ............................................. 44 
12.4 Vantagens da Utilização de Métodos Geoquímicos .............. 44 
12.5 Background ........................................................................... 45 
12.6 Classificação Geoquímica dos Elementos ............................ 46 
12.7 Dispersão e Concentração .................................................... 47 
12.8 Elementos Farejadores/Indicadores e Mobilidade ................. 48 
12.9 Assinatura Geoquímica ......................................................... 50 
13 ESTUDO DE CASO .......................................................................................... 53 
13.1 Introdução: A geologia dos metais disseminados de 
Nevada. ................................................................................. 53 
13.2 Trinity Mine: Nevada ............................................................. 55 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 67 
 
 
i 
 
 LISTA DE FIGURAS 
Figura 1 – Uso dos bens minerais em um banheiro de uma casa comum. 2 
Figura 2 - Uso dos bens minerais no exterior de uma casa. 3 
Figura 3 - Hematita Fe2O3, mineral portador de Ferro. 5 
Figura 4 - Itabirito, rocha metamórfica rica em hematita e quartzo. 7 
Figura 5 - Quadro esquemático com alguns minérios, seu minerais-minério e suas 
gangas 8 
Figura 6 – Afloramento de granito em Salto, SP. 9 
Figura 7 - Pelito cinza-arroxeados com capeamento laranja-amarelado. 10 
Figura 8 - Jaspilito. Rocha hospedeira de minério de ferro. 10 
Figura 9 - Representação esquemática da Capa e da Lapa. 11 
Figura 10 - Relações entre Resultados de Exploração Mineral, Recursos Minerais e 
Reservas de Minério. 13 
Figura 11 - Evolução dos códigos internacionais. 14 
Figura 12 - Evolução do preço das açoes Bre-X. 19 
Figura 13 - Exemplo esquemático dos riscos e gastos durante a pesquisa mineral. 21 
Figura 14 - As fases da prospecção mineral. 22 
Figura 15 - Mapa geológico da região de Lavras (MG). 24 
Figura 16 - Exemplo de mapa e perfil geológico observados na fase da 
exploração. 25 
Figura 17 - Exemplo de amostragem de sedimentos de corrente. 26 
Figura 18 - Exemplo esquemático de amostragem feita em malha regular. 27 
Figura 19 - Trincheira aberta manualmente e mecanicamente. 28 
Figura 20 - Exemplo esquemático da abertura de trincheiras. 28 
Figura 21 - Exemplo de abertura de um poço. 29 
Figura 22 - Exemplo de malha de sondagem regular. 30 
Figura 23 - Exemplos de mapas de anomalias registradas por análises geofísicas. 34 
Figura 24 - Satélite da série LANDSAT 7. 37 
Figura 25 - Princípio de obtenção de imagens. 38 
ii 
 
Figura 26 – Estações de recepção ao redor do mundo. 40 
Figura 27 - sequência de obtenção das imagens. 40 
Figura 29 - : Exemplo de Formação de Depósito Epitermal. 54 
Figura 30 - Mapa mostrando a geologia da Região de Nevada. 55 
Figura 31 - Localização dos furos em comparação com o contorno da cava final. 57 
Figura 32 - : Fluxograma do Processamento Mineral. 59 
Figura 33 - Gráficos estatísticos dos dados de Trinity Mine. 60 
Figura 34 - : Estística simples paraa população total, aplicando-se o cutoff e excluindo 
os outliers. 61 
Figura 35 - Estatística para as subpopulações. 62 
Figura 36 - Efeito do cutoff grade na média e desvio padrão da população. 63 
Figura 37 - Mapa de contorno do nível 5220 dos teores. 63 
Figura 38 - Mapa dos indicadores teor de prata. 64 
Figura 39 - Semi variogramas para várias direções. 65 
 
iii 
 
LISTA DE TABELAS 
Tabela 1 - Bandas Espectrais e suas Aplicações. 41 
Tabela 2 - Classificação geoquímica dos elementos 47 
Tabela 3 - Classificação geoquímica dos elementos da crosta. 47 
Tabela 4 - Exemplos de elementos farejadores usados para indicar 
mineralizações. 49 
Tabela 5 -Assinatura e elementos farejadores para alguns tipos de depósitos. 51 
Tabela 6 - Dados da Perfuração 57 
Tabela 7 - Classificação do Minério de acordo com os teores 58 
 
 
iv 
 
 
11 INTRODUÇÃO 
Os bens minerais são de importância inestimável à sociedade contemporânea. 
O ser humano moldou ao longo da história o seu modo de viver de forma a sustentá-
lo através do uso de minerais em todas as esferas de sua vida. Desta forma uma das 
premissas básicas das áreas da Geologia e Engenharia de Minas é o entendimento a 
respeito da origem dos depósitos minerais bem como das técnicas utilizadas para 
encontrá-los. 
Um depósito mineral, mesmo os de grandes proporções, é apenas uma ínfima 
parte quando comparado à imensidão da crosta terrestre. Quase todos os grandes 
depósitos minerais considerados de fácil acesso e identificação foram encontrados o 
que torna cada vez mais necessário o emprego de técnicas geológicas, geoquímicas, 
geofísicas e etc. na busca de minérios. 
Entende-se por pesquisa mineral a execução dos trabalhos necessários à 
definição da jazida, sua descoberta, avaliação e determinação da exequibilidade do 
seu aproveitamento econômico. 
O presente trabalho tem como objeto de estudo as técnicas empregadas na 
pesquisa mineral, além das definições comumente utilizadas por Geólogos e 
Engenheiro de Minas quando tratam do assunto. 
Para ilustrar a importância dos recursos minerais em nossas vidas seguem as 
imagens abaixo, as quais exemplificam de forma simplificada algumas utilizações em 
nossas casas. 
 
 
2 
 
 
Figura 1 – Uso dos bens minerais em um banheiro de uma casa comum. 
Fonte: DRM-RJ Serviço Geológico do Estado do Rio de Janeiro 
 
 
 
3 
 
 
Figura 2 - Uso dos bens minerais no exterior de uma casa. 
Fonte: DRM-RJ Serviço Geológico do Estado do Rio de Janeiro 
 
A Mineração é um dos ramos da atividade econômica de maior risco. A seleção 
criteriosa de dados e dos “Alvos” visa reduzir os riscos de investimento e dar subsídios 
para a tomada de decisão mais acertada possível. Do outro lado da balança está a 
performance da commodity no mercado. Se os preços e a demanda estiverem em 
alta, e com tendência de valorização, torna mais estimulante a decisão para o 
investidor. Um “Alvo” ou mesmo um Prospecto desinteressante em determinado 
cenário de mercado, poderá ser muito atrativo num cenário diferente e mais favorável 
àquela commodity. 
4 
 
Como exemplo da dependência entre a pesquisa e o mercado podemos 
lembrar da corrida à tantalita entre 1999 e 2001. Na época o mineral chegou a ser 
cotado pela LME (London Metal Exchange) em Janeiro de 2001 a USD 260 a libra 
peso e caindo aos patamares de USD 25 (e ainda menores para vendas do tipo “spot” 
ou eventuais) em abril daquele ano. Como resultado da grande procura, as Reservas 
Mundiais cresceram em mais de 100% motivadas pelos financiamentos na Pesquisa 
Mineral desta commodity. As razões para esta subsequente queda brusca nos preços 
são as mais variadas, mas a principal é a diminuição na demanda de tântalo para 
capacitores (60% do mercado mundial). 
A pesquisa mineral é a primeira e mais arriscada atividade de todo o processo 
de produção mineral. Isso porque são necessários muitos dados para que se possa 
encontrar e conhecer um depósito mineral, e na maioria dos casos este pode não 
caracterizar uma jazida no momento atual. Por isso a cada fase da pesquisa, o 
profissional responsável pela mesma deve tomar uma decisão entre abandonar o 
projeto, mudar o plano de pesquisa ou continuar com os estudos. 
 
2 DEFINIÇÕES E TERMOS ÚTEIS 
O conhecimento e entendimento dos termos utilizados no ambiente da 
mineração são de grande importância, pois evita que erros de abordagem sejam 
tomados pelo simples desconhecimento do assunto que se trata. Assim é pertinente 
que se desprenda tempo analisando as definições que se seguem. 
 
2.1 Mineral 
A definição de mineral varia de autor para autor, porém, restringindo um pouco 
o seu conceito pode-se chegar a um denominador comum a respeito de sua definição. 
Mineral é um composto sólido, natural e inorgânico, com uma estrutura interna regida 
por uma matriz cristalina que só varia em composição química em certos limites e que 
pode adquirir formas poliédricas. 
5 
 
Abrindo um pouco mais o leque desta definição, pode-se tomar a definição do 
DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral) para mineral: 
“Minerais, do latim minera, são compostos químicos naturais (raramente 
elementos nativos), formados a partir de diversos processos físico-químicos que 
operaram na crosta terrestre. A maioria esmagadora desses compostos ocorre no 
estado sólido e compõem as rochas. Estudos experimentais demonstram que cada 
mineral é formado sob uma condição físico-química específica, ou seja, a uma 
determinada temperatura, pressão e concentração dos elementos químicos presentes 
no sistema. Os minerais se mantêm imutáveis até que as condições ambientais 
atinjam os limites de sua estabilidade, a partir do que são substituídos por outros mais 
estáveis sob a nova condição. Alguns minerais, porém, possuem limites de 
estabilidade muito amplos e são praticamente imutáveis, como o diamante, o 
coríndon, o grafite, etc. Os minerais possuem uma grande variedade de propriedades 
(cor, dureza, brilho, índice de refração, transparência, clivagem, peso específico, etc), 
das quais ao menos uma delas serve para distingui-lo de todos os demais”. 
 
 
Figura 3 - Hematita Fe2O3, mineral portador de Ferro. 
Fonte: Web Mineral 
 
6 
 
2.2 Rocha 
Rocha é um agrupamento sólido de ocorrência natural, o qual é constituído por 
um ou mais minerais. 
As rochas podem ser classificadas (ou segregadas em grupos comuns) de 
acordo com sua composição química, sua forma estrutural, ou sua textura. Porém, a 
forma mais usual de classificá-las leva em conta os processos que formaram uma 
rocha específica, ou seja, sua gênese. Desta forma são segregadas em: Ígneas, 
Sedimentares e Metamórficas. 
 Ígneas: São resultado do resfriamento e consequente solidificação do magma, 
o que pode ocorrer tanto em profundidade (intrusivas ou plutônicas) quanto na 
superfície (extrusivas ou vulcânicas). 
 Sedimentares: São formadas pela consolidação de fragmentos de outras 
rochas, deposição química ou ainda acúmulo de matéria orgânica. Assim, sua 
origem pode ser discriminada como: 
o Clástica: Quando são formadas por fragmentos e detritos de outras 
rochas; 
o Química: Resultam da precipitação de substâncias dissolvidas em água; 
o Biogênicas: São formadas por restos de seres vivos; 
 Metamórficas: Tais rochas são formadas pela transformação de alguma rocha. 
Essa transformação ocorre mediante as condições do ambiente em que a rocha 
se encontra. Por exemplo, uma mudança nas condições de temperatura e 
pressão pode vir a dar origem a uma rocha com características diferentes da 
que outrora existia. 
 
7 
 
 
Figura 4 - Itabirito, rocha metamórfica rica em hematita e quartzo. 
Fonte: UNESP 
 
2.3 Minério 
Minério é um agregado de minerais rico em um determinado mineral ou 
elemento químico que é economicamente viável para a extração. Pode ser uma rocha, 
sedimento ou solo. Assim, levando em conta a viabilidade em diversas esferas, o 
minério pode ser lavrado, processado e comercializado com intuito de se obter lucro. 
Em uma breve análise a respeito dos minérios pode-se observar que a 
premissa básica para ser classificado como tal é a de que, nele, a concentração do 
"material" de interesse é maior que a concentração média crustal de tal bem. 
Os constituintes do minério são o mineral-minério e a ganga, os quais serão 
contemplados a seguir. 
 
2.4 Mineral-Minério 
É a espécie mineral da qual se pode extrair economicamente uma ou mais 
substâncias úteis, sejam metais, elementos oucompostos químicos. Em outras 
8 
 
palavras, é a parte da qual nos interessamos no minério, sendo necessária sua 
segregação da parte restante. 
 
2.5 Ganga 
Fração do minério que não é aproveitada economicamente que ocorrem 
associadas ao mineral-minério. Portanto, é a espécie que não gera interesse, pelo 
simples fato de sua comercialização não ser possível ou não compensar. Em uma 
posterior etapa de beneficiamento mineral é o rejeito. 
 
Figura 5 - Quadro esquemático com alguns minérios, seu minerais-minério e suas gangas 
Fonte: Contribuição dos autores 
2.6 Afloramento 
Um afloramento é uma exposição de uma rocha na superfície. Pode ser 
observado em decorrência de processos naturais ou antropológicos, como por 
exemplo pela erosão do solo que cobria a rocha ou pela abertura de uma estrada, 
respectivamente. 
Os afloramentos são de grande importância nos estudos geológicos pois, 
estando a rocha exposta, sua observação é imensamente facilitada. Um estudo mais 
detalhado também se torna menos trabalhoso, tendo em vista que a coleta de 
amostras é de mais fácil realização. Desta forma ensaios que visam determinar as 
características básicas da rocha (como idade e composição química e mineralógica) 
são empregados com maior fluidez. 
MINERAIS DE 
GANGA
MINERAIS DE 
MINÉRIO
Granito
feldspato / 
quartzo / mica
cassiterita
minério de 
estanho
Pegmatito
feldspato / 
quartzo / mica
espodumênio minério de lítio
Serpentinito
serpentina / 
clorita / talco
amianto
minério de 
amianto
Aluvião
areia / cascalho / 
argila
ouro minério de ouro
9 
 
Além disso, os afloramentos servem de elementos norteadores para que os 
geólogos possam analisar os componentes geológicos de uma área, o que é de 
grande auxílio em fases de pesquisa mineral. 
 
 
Figura 6 – Afloramento de granito em Salto, SP. 
Fonte:Wikipédia - http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Rocha_Moutonn%C3%A9e.jpg 
 
2.7 Capeamento 
No que engloba os processos da mineração em geral o capeamento é definido 
como a camada de estéril consolidada que recobre um mineral ou jazida. Caso a lavra 
seja viável, em sua fase preliminar, se faz necessário a retirada do capeamento para 
que o acesso à jazida seja possível em uma mina a céu-aberto. 
10 
 
 
Figura 7 - Pelito cinza-arroxeados com capeamento laranja-amarelado. 
Fonte:Site Panoramico 
http://www.panoramio.com/photo_explorer#view=photo&position=2623&with_photo_id=87834256&ord
er=date_desc&user=44319 
 
2.8 Rocha Hospedeira 
A rocha hospedeira é aquele que contém o corpo mineral, ou seja, é aquela 
cuja qual serviu de base para a formação do depósito. 
 
Figura 8 - Jaspilito. Rocha hospedeira de minério de ferro. 
Fonte: http://www.earth.northwestern.edu/public/craig/teach/C02-0/jasper.html 
11 
 
 
2.9 Rochas Encaixantes, Capa e Lapa 
As rochas encaixantes são os corpos rochosos cujos quais envolvem o 
depósito mineral. São formados em períodos anteriores ao da formação do jazimento, 
os quais podem ter sido formados pela percolação de fluidos hidrotermais, por 
exemplo. 
A massa de rocha encaixante acima da jazida é denominada Capa, ao passo 
que a subjacente é denominada Lapa. 
É importante atentar para o fato de que a rocha encaixante é mais antiga do 
que a rocha que a encaixou. Assim, no caso de um corpo rochoso ser englobado por 
uma rocha ígnea mais jovem, o termo encaixante não é usado para tal rocha. 
 
 
Figura 9 - Representação esquemática da Capa e da Lapa. 
Fonte: http://pt.slideshare.net/130682/pesquisa-mineral 
 
 
12 
 
3 RECURSOS X RESERVAS 
De acordo com o DNPM, um recurso é uma concentração ou depósito da crosta 
da Terra, de material natural, sólido, em tal quantidade e tal teor e/ou tais qualidades 
que, uma vez pesquisado, exibe parâmetros mostrando, de modo razoável, que seu 
aproveitamento pode ser factível na atualidade ou no futuro. Condicionantes diversos 
podem tornar o todo, ou uma sua parte, uma Reserva Mineral. Pode ser classificado 
como um recurso medido, indicado ou inferido. (DNPM,2003) 
 Recurso inferido: é aquele para a qual a tonelagem ou volume, o teor 
e/ou qualidades e conteúdo mineral são estimados com base em 
amostragem limitada. Admite-se, sem comprovação, que há 
continuidade e persistência das características de modo que o depósito 
tenha potencial econômico. (DNPM, 2003). Ele parte de uma pesquisa 
não detalhada, com estações de amostragem em espaçamento amplo; 
pode incluir exposições naturais e artificiais (trincheiras, poços, galerias 
e furos de sonda). 
 Recurso indicado: é aquela para qual a tonelagem ou volume, o teor e/ou 
qualidades, conteúdo mineral, morfologia, continuidade e parâmetros 
físicos estão estabelecidos, de modo que as estimativas realizadas são 
confiáveis. (DNPM, 2003). Ele parte de pesquisa com amostragem direta 
em estações: afloramentos, trincheiras, poços, galerias e furos de sonda. 
 Recurso medido: é aquela para qual a tonelagem ou volume, o teor e/ou 
qualidades, conteúdo mineral, morfologia, continuidade e parâmetros 
físicos estão estabelecidas com elevado nível de confiabilidade. (DNPM, 
2003). Ele parte de estimativas suportadas por amostragem direta em 
retículo denso: afloramentos, trincheiras, poços, galerias e furos de 
sonda. 
 
Já uma reserva é a parte do recurso mineral para qual está demonstrada a sua 
viabilidade técnica e econômica para produção. Essa demonstração inclui 
considerações sobre elementos modificadores, tais como fatores de lavra e 
beneficiamento, de economia e mercado legais, ambientais e sociais, justificando-se 
13 
 
a avaliação, envolvendo análise de lucratividade, em um dado tempo. Ela pode ser 
classificada como uma reserva indicada ou medida. (DNPM, 2003). 
 Reserva indicada: parcela economicamente lavrável do recurso mineral 
indicado, para qual q viabilidade técnica e econômica foi demonstrada. 
Avaliações apropriadas, além de viabilidade técnica e econômica, são 
efetuadas compreendendo os elementos modificadores pertinentes, tais 
como fatores legais, ambientais e sociais, em um espaço de tempo 
determinado. (DNPM, 2003) 
 Reserva medida: parcela economicamente lavrável do recurso medido, 
para qual a viabilidade técnica e econômica encontra-se tão bem 
estabelecida que há alto grau de confiabilidade na conclusões. 
Compreende a análise de elementos modificadores pertinentes ( lavra, 
beneficiamento, metalurgia, economia, mercado, fatores legais, 
ambientais e sociais) que justificam a extração e os investimentos. 
(DNPM, 2003) 
Com base nos princípios acima citados e definidos, criou-se um esquema da 
que define essa relação geral entre os resultados da exploração, recursos e reservas 
minerais, como podemos ver na figura a seguir: 
 
Figura 10 - Relações entre Resultados de Exploração Mineral, Recursos Minerais e Reservas 
de Minério. 
Fonte: Jorc - http://www.jorc.org/docs/JORC_code_2012.pdf 
14 
 
3.1 Normas para Classificação de Recursos e Reservas 
A classificação de recursos e reservas possui grande importância para a 
exploração mineral. A estimativa dos mesmos determina se um projeto é 
economicamente viável para um certo quadro econômico e a sua veracidade e 
confiabilidade determina a captação de investimentos para os projetos de mineração 
e à operações em bolsas de valores. Dessa forma, tornou-se necessária a criação de 
códigos e regras aceitas internacionalmente para regulamentar as atividades que 
permitissem a obtenção de dados confiáveis, que pudessem impedir possíveis fraudes 
(como o caso Bre-x, que será abordado como estudo de caso nesse trabalho).Figura 11 - Evolução dos códigos internacionais. 
Fonte: http://engenhariademinasufg.com.br/2013-1/TCC_site/paulo_elias.pdf 
 
Em 1971, é fundado pelo Australian Institute of Geoscentists(AIG), Australasian 
Institute of Mining and Metallurgy (AIMM) e Minerals Council of Australia o JORC(Joint 
15 
 
Ore Reserves Comittee). Inicialmente ele é um comitê que publica relatórios com 
recomendações para classificação de recursos e reservas e, apenas em 1988 ele 
publica pela primeira vez as suas normas, que foi transformado em um código 
completo e definitivo em 1999. 
Durante a década de 90, vários países, sobretudo os de língua inglesa, 
grandes produtores de bens minerais, formaram grupos de trabalho, no âmbito de 
sociedades profissionais de direito civil, que, individualmente ou em conjunto, 
discutiram meios de trazer garantias e segurança. Em 1994 um comitê denominado 
de Combined Reserves International Reporting Standards Committee (CRIRSCO), 
inicialmente um grupo de trabalho do Comitê Internacional das Instituições de 
Mineração e Metalurgia (Council of Mining and Metallurgical Institutes – CMMI) foi 
criado com o objetivo de gerar definições internacionais para publicação de recursos 
minerais e reservas de minério, modelados nas normas anteriormente definidas pelo 
JORC. Em 1996 a ONU, com o objetivo de orientar as nações produtoras cria o 
documento “Estrutura para a Classificação de Recursos e Reservas de Combustíveis 
Sólidos e Bens Minerais”. Ele não é um documento mandatório, apenas sugestivo. O 
que diferencia as sugestões da ONU das outras regulamentações é que, além de 
apresentar a classificação e as definições para recursos e reservas minerais, qualifica 
as “pessoas com competência” para conduzir todas as fases da pesquisa mineral, 
incluindo a avaliação dos recursos e/ou reservas, estabelecendo, também, diretrizes 
(“guidelines”) para reportar os resultados. 
Em 1998, os EUA apresentam o código SME, em 1999 o código JORC é 
lançado na Austrália e nos anos 2000 Canadá, África do Sul e Europa também 
apresentam seus respectivos códigos. Todos possuem similaridades, de modo que os 
códigos possuam um padrão internacional. Entre as principais diferenças, estão a 
definição para a pessoa Competente e a regulamentação das normas referentes as 
bolsas de valores dos respectivos países. Os anos 2000 marcam também a criação 
de códigos na América Latina, em países como Chile, Peru e Brasil. 
As normas passaram por revisões e são atualizadas periodicamente. Destaque 
para a norma JORC, atualizada em 2012 e que teve suas alterações em vigor a partir 
de dezembro de 2013. 
16 
 
3.2 Código JORC 
O Código JORC é o mais usado e aceito internacionalmente. Ele serviu de base 
para a criação da maioria dos códigos atuais, inclusive a norma brasileira. A definição 
para recursos e reservas são similares, porém existem definições como a de pessoa 
competente que se diferenciam bastante. 
Os princípios fundamentais, que governam a operação e aplicação da norma 
são: transparência, materialidade e competência. 
 Transparência: requer que um Relatório de Avaliação de Reservas e/ou 
Recursos Minerais esteja abastecido com informação suficiente, cuja 
apresentação é clara e não ambígua. 
 Materialidade: requer que o Relatório de Avaliação de Reservas e/ou 
Recursos Minerais contenha todas as informações relevantes para que 
investidores, consultores e autoridades, possam fazer um julgamento 
racional e equilibrado, em relação à mineralização reportada. 
 Competência: requer que o Relatório de Avaliação de Reservas e/ou 
Recursos Minerais seja baseado em trabalho de pessoa devidamente 
qualificada e experiente, subordinada às restrições do código de ética 
profissional. 
Em relação a competência do profissional, o JORC possui grande rigidez. Por 
definição, uma pessoa “competente” é uma pessoa membro ou associada do 
Australasian Institute of Mining and Metallurgy e/ou do Australian Institute of 
Geoscientists, que tenha um mínimo de cinco anos de experiência relevante quanto 
ao modelo de mineralização e ao tipo de depósito sob consideração e nas atividades 
que está desempenhando. Se a Pessoa Competente está estimando ou 
supervisionando a estimativa de Recursos Minerais, a experiência relevante deve ser 
na estimativa e avaliação de Recursos Minerais. Se a Pessoa Competente está 
estimando ou supervisionando a estimativa de Reservas de Minério, a experiência 
relevante deve ser na estimativa, avaliação e extração econômica de Reservas de 
Minério. (JORC,2004) 
17 
 
As bolsas de valores da Austrália e Nova Zelândia (‘ASX’ e ‘NZSX’) desde 1989 
e 1992, respectivamente, incorporaram as normas do JORC em suas regras de 
listagem. De acordo com essas regras, um relatório público deve ser preparado de 
acordo com as NORMAS se o mesmo incluir uma declaração sobre resultados de 
exploração mineral, Recursos Minerais ou Reservas de Minério. A incorporação das 
normas impõe requisitos específicos às companhias de mineração ou exploração 
mineral que reportam ao ‘ASX’ e ‘NZSX’. As orientações constantes desta parte das 
normas, que explicam estes requisitos, não devem ser utilizadas em lugar das regras 
de listagem correspondentes, porém é altamente recomendável que os usuários das 
normas familiarizem-se com as regras de listagem que se referem a Relatórios 
Públicos de resultados de exploração mineral, Recursos Minerais e Reservas de 
Minério.(JORC,2004) 
As regras de listagem da ASX exigem que seja identificada a Pessoa 
Competente responsável pelas estimativas de Recursos Minerais ou Reservas de 
Minério informadas no Relatório Público. O relatório, ou um anexo, deve conter 
declaração que a pessoa consente com a inclusão, no relatório, nos assuntos 
baseados em sua informação, na forma e no contexto em que aparecem, devendo ser 
citado o nome da firma ou empregador da pessoa. (JORC,2004) 
O código passou em 2012 por uma revisão e foi atualizado. O código JORC 
2012 pode ser encontrado no site do JORC ( 
http://www.jorc.org/docs/JORC_code_2012.pdf) e as alterações realizadas também 
são apresentadas no relatório “Summary of changes between 2004 and 2012 Editions 
of the JORC Code”, organizado pelo JORC 
(http://www.jorc.org/docs/jorc_code_summary_of_changes_2004-2012_revision.pdf 
). 
 
3.3 Caso Bre-X 
O “Caso Bre-x”, como é comumente conhecido, é um dos maiores eventos de 
fraude referente à exploração mineral. Ele serviu como um alicerce na alteração e 
enrijecimento das leis e normas da área, principalmente no Canadá, país do qual 
18 
 
pertencia a empresa que John Walsh criou em 1888 para fins de exploração de 
diamante. 
Em 1993, John Walsh se encontra a beira da falência e com seu dinheiro 
remanescente ele faz uma visita à John Felderhof, geólogo que atuava na exploração 
de ouro na região. Felderhof, que investigava áreas adquiridas por uma empresa 
escocesa, indicou que Walsh adquirisse a prospecção de Busang, onde ele acreditava 
haver ouro. A Bre-x fez perfurações e, em uma delas, afirmaram terem encontrado 
ouro com teor acima de 6,6g por tonelada. 
Com o objetivo de obter recursos para novas explorações, a Bre-x vende ações 
na bolsa de Toronto e no começo de 1995, anunciam a descoberta de um depósito de 
10,3Mt a um teor de 2,9g por tonelada. Em seguida, em outubro de 1995 eles 
anunciam a descoberta na região sudeste da área de um depósito que elevaria para 
até 40 milhões de onças de ouro, o que elevou o preço da empresa a 6 bilhões de 
dólares. A Bre-x contratou uma respeitável empresa canadense que confirmou a 
estimativa da empresa de John Walsh em 47 milhões de onças, baseados em 
informações fornecidaspela própria empresa. O valor de mercado da Bre-x atingiu 16 
bilhões de dólares. 
Nesse estágio, o governo Indonésio se envolve na fraude e confirma os 
resultados da exploração da Bre-x, que é pressionado a se tornar uma joint venture. 
A Bre-x foi dividida em 10% para o governo Indonésio, 20% para as companhias de 
Mohammed Hasan (um indonésio amigo do presidente do país) e 15% para a empresa 
americana Freeport McMoRann, que ficou responsável a investir 400 milhões de 
dólares no projeto. A Freeport realizou perfurações em Busang para validar os 
resultados da Bre-x e enviou as amostras para 4 laboratórios ao redor do mundo. 
Todos os resultados laboratoriais concluíram que as amostras tinham baixa 
concentração de ouro e que o ouro encontrado era muito fino e não se assemelhavam 
as amostras da Bre-x. A fraude havia sido descoberta. Uma consultoria canadense foi 
contratada para auditoria dos resultados e confirmaram os resultados da Freeport. 
As ações da Bre-x caíram de 15,80 doláres para U$2,50 e, após a confirmação 
de que o ouro encontrado nas amostras da Bre-x foram inseridos após a obtenção 
das mesmas. Dentre os reponsáveis da Bre-x, Michael de Guzman (geólogo parceiro 
19 
 
de Felderhof), sofreu um controverso acidente de helicóptero, enquanto Walsh e 
Felderhof se refugiaram em paraísos fiscais e aproveitaram da fortuna adquirida. 
 
 
Figura 12 - Evolução do preço das açoes Bre-X. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20 
 
4 PESQUISA MIERAL – DEFINIÇÃO E FASES 
Segundo o DNPM, entende-se por pesquisa mineral a execução dos trabalhos 
necessários à definição da jazida, sua descoberta, avaliação e a determinação da 
exequibilidade do seu aproveitamento econômico. 
Logo podemos concluir que a pesquisa mineral é o conjunto de trabalhos 
realizados com o intuito de descobrir, conhecer e delimitar uma jazida. “O objetivo é 
sempre reunir a maior quantidade de informações possíveis visando reduzir os riscos 
de retorno do investimento e aumentando a certeza de sucesso. Ao fim de cada etapa 
ou fase do Projeto Mineiro se avalia as informações obtidas e se toma decisões a 
respeito do prosseguimento do Projeto bem como as revisões das estratégias e 
planejamentos da etapa seguinte. Essas informações vão sendo acumuladas a 
medida que o Projeto avança e os riscos vão diminuindo” (Noções de Prospecção e 
Exploração Mineral para Técnicos em Geologia e Mineração) 
A pesquisa mineral se divide basicamente em duas fases, a Prospecção e a 
Exploração. Na fase de prospecção é escolhida uma área a ser analisada e então são 
coletados dados a fim de se determinar o local onde se encontra o depósito mineral 
em questão. Nesta etapa será realizado um planejamento, compilação de dados e 
pesquisa bibliográfica, reconhecimento, identificação do depósito. Com a região do 
depósito definida inicia-se a e fase de exploração, na qual o depósito é investigado a 
fundo, para que se possa conhecer suas características, como teor e tonelagem. 
Nesse estágio da pesquisa serão feitos testes dos alvos, desenvolvimento dos 
estudos sobre o Depósito Mineral. 
 
5 PROSPECÇÃO E EXPLORAÇÃO MINERAL 
“A prospecção mineral é iniciada quando se é decidido qual bem mineral será 
o alvo da pesquisa de acordo com a evolução das necessidades da sociedade perante 
o desenvolvimento econômico e tecnológico” (Alexandre Magno Rocha). 
Prospecção pode ser definida como o conjunto de atividades que almejam a 
descoberta de um depósito mineral sempre levando em conta o tempo que se leva 
para pesquisar e a relação entre o capital investido e o risco de tal atividade, que 
21 
 
usualmente é um dos mais altos se comparando a outros empreendimentos do 
mesmo porte. Portanto a prospecção mineral visa encontrar áreas alvo de exploração 
mineral, a exploração se diferencia da primeira de acordo com o grau de detalhamento 
e risco da atividade. Pode se dizer que a prospecção mineral trabalha em uma escala 
regional, portanto menos detalhada e com um maior risco de não confirmação da 
existência de jazida. Portanto, nesta etapa do processo de pesquisa os custos devem 
ser os menores possíveis. Para tanto é necessário que seja feito um planejamento 
dos métodos a serem utilizados para tal fim. 
 
 
Figura 13 - Exemplo esquemático dos riscos e gastos durante a pesquisa mineral. 
Fonte: Introduction to Mineral Exploration. 
 
A Figura 3 mostra os estágios de um projeto mineral. É possível perceber que 
a medida que os investimentos vão aumentando o risco do empreendimento decresce. 
A prospecção mineral pode ser entendida como a fase que vai desde o plano 
conceitual (Conceptual Planning ) até a fase de avaliação do alvo (Target Appraisal). 
O Fluxograma abaixo retirado do Livro Fundamentos da Prospecção Mineral 
explicita a organização e desenvolvimento da prospecção mineral. 
22 
 
 
Figura 14 - As fases da prospecção mineral. 
Fonte: Fundamentos da Prospecção Mineral 
 
O primeiro passo para a prospecção é sempre a pesquisa bibliográfica 
(relatórios, Mapas, informações de habitantes, histórico da área) da região onde 
possivelmente se encontra o depósito. Isso porque a pesquisa bibliográfica tem 
baixíssimo custo e nos fornece dados em um tempo muito menor que qualquer outro 
trabalho. O objetivo é construir um acervo com o máximo de informações da área. 
Nunca devemos menosprezar a pesquisa bibliográfica porque ela pode ser 
muito útil na elaboração do plano de pesquisa. Sabemos, por exemplo, que alguns 
23 
 
pesquisadores costumam entrevistar garimpeiros ou buscar algum tipo de informação 
com os mesmo. Embora os garimpeiros não possuam uma elevada capacitação e 
base teórica para auxiliar a pesquisa, estes estão disseminados por todo o país com 
equipamentos manuais e bateias em busca de uma mineralização. Assim embora o 
nível de detalhes seja pequeno, talvez a vivência de um garimpeiro possa ser útil na 
fase inicial da prospecção. 
Previamente e ou concomitantemente aos trabalhos geológicos iniciais se faz 
necessário a coordenação dos documentos necessários pra aprovação da atividade 
de pesquisa mineral, que se faz pelo requerimento de pesquisa mediante ao DNPM 
(Departamento Nacional de Produção Mineral) em ordem de se conseguir o alvará de 
pesquisa que possui validade de um ano podendo ser renovado por mais dois. 
Uma das primeiras etapas da pesquisa mineral é a elaboração da base 
cartográfica também chamada de base planimétrica com a abertura de picadas. 
A Planimetria é a parte da Topografia que estuda os métodos e procedimentos 
que serão utilizados na representação do terreno. Adotando-se uma escala adequada, 
todos os pontos de interesse são projetados ortogonalmente sobre um plano (plano 
horizontal de referência), sem a preocupação com o relevo” (Mário Cavalcanti Neto). 
Nesta etapa é muito comum a realização de Levantamentos Expeditos, que são 
métodos rápidos, com baixo custo, porém que fornecem dados pouco precisos para 
se obter registro em mapa da topografia ou geologia de um local. Estes trabalhos 
podem ser feitos com GPS de bolso, ou GPS + Bússola + Trena, Passo e bússola; 
Bússola e trena; somente com Trena, entre outros. Nesta etapa, teremos a ESTAÇÃO 
que é o local de parada para que se possam coletar os dados obtidos no local. Os 
CAMINHAMENTOS são as distâncias percorridas para se realizar um levantamento. 
Caso obtemos pelo uso do GPS, este nos informará as coordenadas e poderá 
também nos dar as cotas. 
Junto a esta atividade se dá a prospecção por martelo que também é feita 
efetuando-se caminhamentos. A procura de indícios de mineralização acontece com 
a observação de feições morfológicas, os tipos de solos e vegetações.”OGuia da 
Prospecção é qualquer aspecto não relacionado com a gênese da mineralização, mas 
24 
 
que pode indicar a sua presença. Citam-se como exemplos: vegetação de menor porte 
e de folhas mais amareladas sobre os “gossans” na região amazônica; pegmatitos em 
altos topográficos na região do Seridó; etc. Cada região e/ou depósito mineral tem 
algumas características que podem ser utilizadas para identificar sua ocorrência.” 
(AUTOR) Outro exemplo é a planta Calamina que identifica alguns depósitos de zinco 
e em regiões de rochas fosfatadas. 
Após a coleta de amostras de solos e rochas alguns testes químicos podem ser 
expedidos. Os testes químicos, e a utilização de técnicas geoquímicas na fase de 
prospecção nos forneceram informações através da associações geoquímicas 
conhecidas, o que será posteriormente discutido com maior detalhe no decorrer deste 
texto. 
 
6 MAPEAMENTO GEOLÓGICO 
No início de uma atividade de prospecção é feita escolha da escala de trabalho. 
Um dos primeiros estudos a ser feito é a análise do mapa geológico geralmente nas 
escalas de 1 : 50.000 e 1 : 100.000. Após essa análise o projeto passa para a fase de 
Prospecção em superfície, na qual engenheiros de minas e/ou geólogos visitam a 
região para buscar evidencias do que está registrado nos mapas. Faz parte disto o 
reconhecimento de seções geológicas, a visita de cavas já existentes na região bem 
como o registro de mineralizações afloradas. 
 
Figura 15 - Mapa geológico da região de Lavras (MG). 
 
25 
 
O mapeamento geológico na exploração é etapa importantíssima e 
imprescindível para se fazer a cubagem de um determinado depósito mineral. Este, 
deve ser realizado em escala regional (ex: 1:5000) e deve conter informações 
detalhadas sobre a mineralogia, rochas, estruturas e topografia. Para isso, além dos 
dados coletados na etapa de prospecção, utilizam-se também informações obtidas 
através de furos de sondagem, trincheiras, poços, análise geoquímica e dados obtidos 
através de métodos geofísicos. 
 
Figura 16 - Exemplo de mapa e perfil geológico observados na fase da exploração. 
Fonte: Revista Brasileira de Geociências 
 
7 AMOSTRAGEM 
Na fase de prospecção deve ser feita a coleta não sistemática de sedimentos 
de corrente, concentrados de bateia e amostras de afloramentos para serem 
posteriormente analisados quimicamente. Desta forma a amostragem geralmente é 
feita de forma pontual e raramente linear nesta fase, além de serem amostradas em 
uma menor quantidade e com maior espaçamento. 
 
26 
 
 
Figura 17 - Exemplo de amostragem de sedimentos de corrente. 
Fonte: Noções de Prospecção e Pesquisa Mineral para Técnicos de Geologia e Mineração. – Mário 
Cavalcanti Neto e Alexandre Magno da Rocha 
 
 
Em fases exploratórias a amostragem tende a ser mais precisa e dotada de 
uma maior utilização de técnicas elaboras. É feita geralmente de forma linear, bulk ou 
em painel o que garante maior organização e precisão nos dados posteriormente 
gerados. 
Nesta fase é comum a utilização de canais, furos de sondagem, trincheiras e 
poços, os quais serão posteriormente abordados. Um grande volume de amostras é 
gerado e, mediante a utilização dos métodos mencionados, os intervalos de 
amostragem são consideravelmente regulares. 
 
27 
 
 
Figura 18 - Exemplo esquemático de amostragem feita em malha regular. 
Fonte: Noções de Prospecção e Pesquisa Mineral para Técnicos de Geologia e Mineração. – Mário 
Cavalcanti Neto e Alexandre Magno da Rocha 
 
8 POÇOS E TRINCHEIRAS 
As trincheiras são valas retilíneas abertas com objetivo de fazer a rocha aflorar 
artificialmente. A vala de atingir a rocha sã cortando o maior número de litologias 
possível. 
Como característica geral, as trincheiras não podem ser muito profundas, 
apesar de não existir um valor de profundidade máxima rigoroso, pois esse aspecto 
varia com a litologia, forma da rocha, região,etc.. Entretanto não se sabe da ocorrência 
de trincheiras maiores que 3 metros, o que limita o conhecimento das rochas que 
estão em maior profundidade. Quando esse conhecimento se torna necessário é 
indicada a abertura de Poços. As trincheiras podem ser abertas manualmente, 
mecanicamente ou por explosivos, dependendo da dureza da rocha e das 
necessidades do local. 
 
28 
 
 
Figura 19 - Trincheira aberta manualmente e mecanicamente. 
Fonte: Google Imagens 
 
As trincheiras podem ser perpendiculares ou paralelas ao 'trend' principal, como 
mostra a figura a seguir. 
 
 
Figura 20 - Exemplo esquemático da abertura de trincheiras. 
 
Com auxílio de programas SIG/GIS (MapInfo, ArcGis, Idrisi, Geosoft etc.) se 
define as coordenadas de localização das trincheiras (início e fim) ainda no escritório. 
A locação da trincheira em campo pode ser feita com GPS, tomando-se as 
coordenadas do início e do final da vala e também dos piquetes, após a piquetagem. 
Se a área está levantada topograficamente com piquetes (Mapeamento segundo 
Piquetes e LB), a Trincheira pode ser locada a partir destes, tomando o rumo e a 
29 
 
distância do piquete até o início e final da vala. Ou, após aberta, a equipe de topografia 
faz os devidos levantamentos. 
Uma trincheira bem executada deve ter, pelo menos, as seguintes 
características, sem descartar outras: (a) Corte até a(s) rocha(s) sã(s) aflorar(em) 
artificialmente. Se a abertura for com retro-escavadeira, ter o cuidado de limpar com 
pás e picaretas, visando a melhor exposição possível das rochas; (b) O material 
desmontado deve estar em local que não propicie o soterramento da trincheira; (c) A 
trincheira deve ser retilínea. 
Conforme citado anteriormente, os poços, são alternativas de maior 
profundidade quando as trincheiras não são viáveis ou não fornecem as informações 
necessárias a pesquisa. A figura a seguir ilustra um mapa de localização dos Poços 
de Pesquisa e de delimitação de laterita. Não foram traçadas todas as picadas para 
não carregar o mapa de informações e para facilitar o entendimento do texto. 
Os poços podem ser abertos manualmente com auxílio de pás e picaretas e 
desde que a rocha tenha estrutura boa não necessitam de escoramento. 
 
Figura 21 - Exemplo de abertura de um poço. 
Fonte: Noções de Prospecção e Pesquisa Mineral para Técnicos de Geologia e Mineração. – Mário 
Cavalcanti Neto e Alexandre Magno da Rocha 
 
30 
 
Após a abertura de um poço, se escolhe a melhor parede para ser mapeada. 
Assim obtemos dados sobre as rochas na sua subsuperfície. 
 
9 SONDAGEM 
Já a Sondagem Geológica tem por objetivo abordar as rochas em 
profundidades que não possam ser atingidas por trincheiras ou poços de pesquisa, 
podendo ser sistemática ou assistemática (eventual), dependendo dos objetivos do 
estudo de Pesquisa Mineral. Por ser uma etapa de alto custo a sondagem é pouco 
usada na fase de prospecção. Geralmente nesta etapa, são furos isolados 
(assistemática) e com equipamentos mais simples, podendo inclusive ser precedida 
por furo de trado, quando as rochas são mais friáveis. 
Na fase da exploração a sondagem é feita de forma que a amostragem dos 
furos tem um caráter notavelmente regular 
 
 
Figura 22 - Exemplo de malha de sondagem regular. 
Fonte: Rem: Rev. Esc. Minas vol.61 no.3 Ouro Preto July/Sept. 2008 
 
31 
 
10 GEOFÍSICA 
Todos os métodos citados até o presente momento neste trabalho de uma certa 
forma são dependentes dos olhos do Geólogo prospector, o que não deixa de ser 
essencial perante a existência de tecnologias para a pesquisa mineral. Muito avanços 
tecnológicos foram obtidos na área da Geofísica e Geoquímica. 
A geofísica é aárea de estudo que utiliza da diferença de propriedades físicas 
dos minerais e consequentemente das rochas. Essas propriedades são citadas 
abaixo: 
• Elasticidade. 
• Resistência elétrica. 
• Condutividade térmica. 
• Susceptibilidade magnética. 
• Radioatividade. 
• Densidade. 
“A geofísica se divide em aerogeofísica que compreende a magnetometria, 
radiometria e gravimetria e a geofísica terrestre que engloba o método VLF, o 
resistivimétrico, polarização induzida e método GPR como exemplos. Levando em 
consideração que a fase de prospecção visa abranger uma grande área, normalmente 
opta-se primeiro pela aerogeofísica, e só então são utilizados métodos terrestres, caso 
seja necessário, já que esta é muito dispendiosa de tempo e recursos financeiros. “ 
(Alexandre Magno Rocha) 
Os levantamentos Aerogeofísicos caracterizam-se porobter resultados 
significativos em curto espaço de tempo, além de poder se utilizar mais de um método 
geofísico em uma única passagem da aeronave. A Aerogeofísica utiliza equipamentos 
sofisticados, modificado e acoplado as aeronaves. Os sensores e/ ou transmissores 
são instalados na aeronave e possuem compensações que eliminam os efeitos do 
vôo. As sondagens por avião ou helicóptero cobrem grandes áreas e viabilizam locais 
inacessíveis à geofísica terrestre, ou quando estas áreas devem ser estudadas 
32 
 
rapidamente. O relativo baixo custo destas sondagens são atrativos para projetos de 
Exploração Mineral e Geotécnicos. 
Sabemos que o maior investimento em geofísica aérea no Brasil se deu nas 
décadas de 40-50, por objetivos militares, durante a ditadura, e proporcionou um maior 
investimento no setor mineral. 
Os Métodos Radiométricos medem anomalias radioativas, podendo utilizar 
para tal aparelho denominado de cintilômetro (cintilometria) para contagem gama total 
visando detectar a presença dos elementos radioativos K40, U e Th. Por meio de 
espectômetros de vários canais (espectrometria gama), pode se determinar a 
radioatividade de cada um desses elementos individualmente. 
Com a radiometria podemos selecionar alvos para depósitos minerais 
radioativos (Urânio, Tório etc) e seus associados geoquímicos em certos ambientes 
geológicos como a tantalita, columbita, cassiterita, wolframita, terras raras, minerais 
de minério de pegmatitos e granitos (especialmente os mais félsicos). Tem sido 
utilizada também para identificação de estruturas e mineralizações fortemente 
controladas por falhas e zonas de cisalhamento. 
A Gravimetria mede as variações do campo gravitacional terrestre provocada 
por diferentes densidades das rochas tendo as mais densas, maior influência no 
campo gravitacional. Dependendo da escala de levantamento aerogeofísico a 
Gravimetria pode ser aplicada para a Detecção de déficit de massa: carvão, depósito 
de sal, etc., Estudo de “placers”, para dar uma idéia do tamanho de depósitos, da 
topografia do embasamento e estudos morfológicos e estruturais do substrato – 
bedrock, estudo de aqüíferos subterrâneos, como auxiliar no Mapeamento geológico 
regional e no estudo do arcabouço estrutural de bacias sedimentares. A anomalia 
Bouger é computada de uma anomalia ao ar livre (free-air) removendo dela, por 
métodos computacionais, a atração do terreno (a Redução de Bouguer) uma correção 
do efeito da variação da distância do ponto de observação em relação ao centro da 
terra, o efeito gravitacional das rochas presentes entre o ponto de observação e o 
nível de referência. A maioria dos levantamentos gravimétricos é apresentada com as 
correções de Bouger (Mapa de Anomalia Bouger). 
33 
 
Uma anomalia Gravimétrica indica que as rochas na região anômala têm 
densidade diferente daquela que é objeto de comparação. A anomalia Bouger é a 
mais utilizada para corrigir as distorções, em detrimento de outros métodos de 
correção. São cálculos realizados visando reduzir os efeitos gravitacionais das rochas 
presentes, variação de distância. Quando o efeito do terreno é removido precisamente 
se denomina “Redução Bouguer refinada ou completa”. No caso de um terreno com 
forma aproximada a uma placa plana de espessura H, a altura do local de medição da 
gravidade acima do nível médio do mar, nós falamos de uma “Redução Bouguer 
simples”. A diferença entre os dois, o efeito diferencial gravitacional dos desníveis do 
terreno, é chamado efeito do terreno. Ele é sempre negativo. A equação para uma 
Redução Bouguer simples é “δG_f = 2Hρπγ”, onde H é a espessura da placa “y” é a 
constante de gravitação e “ρ” é a densidade do material. A FTG (Gravimetria Tensorial 
Total) ou 3D Air-FTG TM mede diretamente os dados do campo da gravidade em 
todas as direções e proporciona ou realça a distribuição da gravidade. Tem sido 
utilizada em Mapeamento Geológico, Localização de corpos superficiais e Kimberlitos 
e Depósitos de área e Cascalhos / Aqüíferos. 
Segundo Alexandre Rocha, a Magnetometria aérea fornece dados sobre as 
variações no campo magnético terrestre, causadas pelas propriedades da 
composição das rochas. A sua utilização na detecção de objetos metálicos enterrados 
(minas explosivas de guerra, dutos, tangues, etc), inspirou os militares a sua utilização 
na década de 40. Em Pesquisa Mineral tal atividade é utilizada na detecção de Ferro 
e outros minerais magnéticos, na localização e caracterização de kimberlitos, 
asbestos e placers, na identificação de estruturas geológicas que envolvem contraste 
de magnetização (falhas, fraturas, dobras, diques, soleiras de diabásio, etc), no 
mapeamento da profundidade de embasamento entre outros. 
Na fase de exploração a geofísica terrestre torna-se imprescindível, para que 
se conheça as características físicas das rochas do depósito, sendo assim, os 
métodos elétricos, eletromagnéticos e sísmicos serão abordados nesta parte do nosso 
trabalho. 
O método da resistividade elétrica baseia-se no fato de, em geral, terrenos 
diferentes apresentam resistividades elétricas também diferentes. O desenvolvimento 
deste método processa-se a partir do estudo do campo elétrico de potenciais, criado 
34 
 
artificialmente pela injeção no terreno duma corrente elétrica, e relacionando-o depois 
com as características geológicas do local. Esse estudo tem por finalidade a 
determinação da resistividade dos terrenos interessados, num ponto ou em vários 
pontos da superfície do mesmo, e o conhecimento da sua repartição segundo a 
profundidade. 
As rochas e minerais apresentam resistividades elétricas que variam entre 
largos limites o que é uma indicação do grande poder de resolução dos métodos 
baseados na resistividade elétrica. 
 
 
Figura 23 - Exemplos de mapas de anomalias registradas por análises geofísicas. 
Fonte: Rev. Bras. Geof. vol.27 no.4 São Paulo Oct./Dec. 2009 
 
 
 
35 
 
11 SENSORIAMENTO REMOTO 
11.1 Definição 
Existem várias definições para o que é de fato o sensoriamento remoto. Alguns 
deles são: 
“Utilização de sensores para a aquisição de informações sobre objetos ou 
fenômenos sem que haja contato direto entre eles.” Evlyn M. L. de Moraes Novo 
(2010). 
“Forma de se obter informações de um objeto ou alvo, sem que haja contato 
físico com o mesmo.” Roberto Rosa (2006). 
“Processo de medição de propriedades de objetos da superfície terrestre 
usando dados adquiridos de aeronaves e satélites.” Robert A. Schowengerdt (1997). 
 
11.2 História 
O sensoriamento remoto tem início a partir da invenção da câmara fotográfica 
(primeiro instrumento utilizado e que, até os dias atuais, são ainda utilizadas para 
tomada de fotos aéreas). A partir dessa máquina o sensoriamento remoto teve grande 
evolução, principalmente para fins militaresnos períodos de guerra. No século 
passado, uma leve câmara fotográfica foi criada com disparador automático e 
ajustável. Essas câmaras, carregadas com pequenos rolos de filmes, eram fixadas ao 
peito de pombos-correio, que eram levados para locais estrategicamente escolhidos 
de modo que, ao se dirigirem para o local de suas origens, sobrevoavam posições 
inimigas. Durante o percurso, as câmaras, previamente ajustadas, tomavam fotos da 
área ocupada pelo inimigo. Vários pombos eram abatidos a tiros pelo inimigo, mas 
boa parte deles conseguia chegar ao destino. As fotos obtidas consistiam em valioso 
material informativo, para o reconhecimento da posição e infra-estrutura de forças 
militares inimigas. 
No processo evolutivo das aplicações militares, os pombos foram substituídos 
por balões não tripulados que, presos por cabos, eram suspensos até a uma altura 
suficiente para tomadas de fotos das posições inimigas por meio de várias câmaras 
36 
 
convenientemente fixadas ao balão. Após a tomada das fotos o balão era puxado de 
volta e as fotos reveladas eram utilizadas nas tarefas de reconhecimento. 
Posteriormente, aviões foram utilizados como veículos para o transporte das 
câmaras. Na década de 60 surgiram os aviões norte americanos de espionagem 
denominados U2. Estes aviões, ainda hoje utilizados em versões mais modernas, 
voam a uma altitude acima de 20.000m o que dificulta o seu abate por forças inimigas. 
Conduzido por apenas um piloto eles são totalmente recheados por sensores, 
câmaras e uma grande variedade de equipamentos. Estes aviões têm sido utilizados 
também para uso civil. Em 1995, um deles foi utilizado pelos Estados Unidos para 
monitoramento de queimadas e mapeamentos diversos, nas regiões Norte e Centro-
Oeste do Brasil. 
A grande revolução do sensoriamento remoto aconteceu no início da década 
de 70, com o lançamento dos satélites de recursos naturais terrestres. Os satélites, 
embora demandem grandes investimentos e muita energia nos seus lançamentos, 
orbitam em torno da Terra por vários anos. Durante sua operação em órbita o 
consumo de energia é mínimo, pois são mantidos a grandes altitudes onde não existe 
resistência do ar e a pequena força gravitacional terrestre é equilibrada pela força 
centrífuga do movimento orbital do satélite. Estes aparatos espaciais executam um 
processo contínuo de tomadas de imagens da superfície terrestre coletadas 24 h/dia, 
durante toda a vida útil dos satélites. 
Existem várias séries de satélites de SR em operação, entre eles podemos 
citar: LANDSAT’s, SPOT, CBERS, IKONOS, QUICKBIRD e NOAA. Os satélites das 
cinco primeiras séries são destinados ao monitoramento e levantamento dos recursos 
naturais terrestres, enquanto que os satélites NOAA fazem parte dos satélites 
meteorológicos, destinados principalmente aos estudos climáticos e atmosféricos. 
 Desenvolvida pela NASA a série de satélites LANDSAT iniciou sua operação 
em 1972. Os primeiros satélites foram equipados com sensores Multispectral Scanner 
System (MSS), já tinham a capacidade de coletar imagens separadas em bandas 
espectrais em formato digital, cobrindo a cada imagem uma área de 185km X 185km, 
com repetição a cada 18 dias. A série passou por inúmeras inovações, especialmente 
os sistemas sensores que atualmente obtêm imagens em 7 bandas espectrais. O 
37 
 
LANDSAT 7, é equipado com os sensores ETM (Enhanced Tematic Mapper) e PAN 
(Pancromático). O termo Pancromático significa uma banda mais larga que incorpora 
as faixas espectrais mais estreitas, por esta razão a quantidade de energia da banda 
Pancromática chega ao satélite com maior intensidade e isto possibilita ao sensor uma 
definição melhor. O Pancromático do LANDSAT chega a uma resolução espacial de 
15 m. Os satélites desta série deslocam a uma altitude de 705 km, em órbita 
geocêntrica circular, quase polar e heliossíncrona, isto é, cruzam um mesmo paralelo 
terrestre sempre no mesmo horário. No período diurno o Landsat cruza o equador às 
9:50 h. Ao longo da história do Sensoriamento Remoto até o ano de 2004, a série 
LANDSAT foi a que mais produziu e forneceu imagens para todos tipos de estudos e 
aplicações. 
 
 
Figura 24 - Satélite da série LANDSAT 7. 
Fonte: http://landsat.gsfc.nasa.gov/?page_id=2281 
 
11.3 Princípio 
A radiação solar ou de uma fonte artificial incidente na superfície terrestre 
interage de modo diferente com cada tipo de alvo. Esta diferença é determinada 
principalmente pelas diferentes composições físico-químicas dos objetos ou feições 
terrestres. Estes fatores fazem com que cada alvo terrestre tenha sua própria 
assinatura espectral. Em outras palavras, cada alvo absorve ou reflete de modo 
diferente cada uma das faixas do espectro da luz incidente. Os sistemas sensores 
instalados nos satélites são sensíveis a estas diferenças, que as registram em forma 
de imagens. 
38 
 
 
Figura 25 - Princípio de obtenção de imagens. 
Fonter:http://2.bp.blogspot.com/-TvQ3R6c5RBI/Udyf-
mFsIzI/AAAAAAAAdow/uR_FNp0ER4E/s1600/Intera%25C3%25A7%25C3%25A3o+sat%25C3%25A
9lite.jpg 
 
Os satélites não geo-estacionários, acompanham a Terra no movimento de 
translação, mas não no movimento de rotação. A Terra desliza sob o satélite no 
movimento de rotação. O movimento do satélite de polo a polo, combinado com o 
movimento de rotação terrestre em torno de seu eixo, faz com que os satélites de 
sensoriamento remoto cubram praticamente todas as regiões do Globo. Enquanto o 
satélite realiza uma volta completa em torno da Terra (aproximadamente 100 a 103 
minutos para os satélites LANDSAT e NOAA), a Terra gira, sob o satélite, um arco ao 
longo do equador, de aproximadamente 3000 km. Portanto, órbitas sucessivas destes 
satélites, têm uma distância de aproximadamente 3000 km, uma da outra. As faixas 
imageadas pelos satélites têm largura inferior a estes 3000 km, (no caso do LANDSAT 
a faixa imageada é de 185 km), por isto, entre passagens sucessivas do satélite, uma 
grande faixa fica sem imageamento. As passagens em dias sucessivos não são 
coincidentes, assim, o satélite passa a imagear outras faixas, e só voltam a revisitar 
uma mesma área após certo período de tempo. O LANDSAT demora 16 dias para 
voltar a uma mesma faixa, o SPOT demora 26 dias, o NOAA cobre uma mesma faixa 
quase todos os dias, devido a sua larga faixa de imageamento. Com períodos orbitais 
de aproximadamente 100 a 103 minutos, no caso do LANDSAT, do SPOT e do NOAA, 
39 
 
os satélites realizam 14 voltas inteiras mais uma fração de volta, em torno da Terra, 
em um período de 24 horas. Isto significa que na órbita de número 15, o satélite passa 
um pouco depois da primeira órbita do dia anterior. Esta defasagem das órbitas faz 
com que o satélite capte imagem de todo o globo terrestre. 
As imagens e informações obtidas pelos satélites são posteriormente 
transferidas para estações de recepção, que são constituídas, basicamente, de um 
bom computador, com software específico, uma antena parabólica direcionável, cabos 
de conexão da antena ao computador e mesa de controle e operação. O sistema da 
estação dispõe, de forma antecipada, das informações de horário e posição de órbita. 
Com base nestas informações a estação posiciona previamente a parabólica para o 
ponto no horizonte onde o satélite surgirá. Feita a comunicação o sistema ajusta o 
sincronismo do movimento e rastreia o satélite de horizonte a horizonte. Este percurso 
é realizado em períodos de aproximadamente 10 a 15 minutos, para os satélites com 
tempo de órbita em torno de 100 minutos. A melhor recepção dos sinais tem início a 
partir de uma elevação de 5o acima do horizonte. Durante o rastreamento a estaçãocapta, em tempo real, as imagens transmitidas pelo satélite e as armazena no 
computador. As imagens são grandes arquivos digitais, por isto os dispositivos de 
armazenamento devem ter grandes capacidades. Os satélites quase sempre têm, a 
bordo, dispositivos de armazenamento temporário de imagens, que são 
posteriormente transmitidas para estações de recepção específicas. Este recurso 
possibilita obter imagens de qualquer local do Globo e capturá-las minutos mais tarde 
em estações de interesse, mesmo que distante das áreas imageadas. 
A estação não rastreia apenas satélites que passam sobre a antena. O rastreio 
também é realizado lateralmente. O alcance da antena, para visualização do satélite, 
depende da topografia de onde a estação esteja instalada. Para regiões altas e planas, 
as estações chegam a alcançar os satélites horizontalmente, em um circulo de 
aproximadamente 3.500 km a partir da estação. Obviamente, rastreios laterais têm 
tempo de duração menor, consequentemente menores áreas de imageamento são 
cobertas nestas passagens dos satélites. 
No Brasil o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), são distribuidores 
das imagens LANDSAT, SPOT e CBERS. O INPE possui uma estação de recepção 
destas imagens em Cuiabá-MT. As instituições proprietárias dos satélites LANDSAT 
40 
 
e SPOT cobram para disponibilizar as imagens nas estações, por isto o custo das 
mesmas é relativamente alto. 
 
 
Figura 26 – Estações de recepção ao redor do mundo. 
Fonte: http://www.conab.gov.br/conabweb/download/SIGABRASIL/manuais/conceitos_sm.pdf 
 
As imagens serão tratadas nas estações de recepção que também aplicarão 
correções importantes para evitar degradações radiométricas devidas a desajustes na 
calibração dos detetores, erros esporádicos na transmissão dos dados, influências 
atmosféricas, e distorções geométricas. A partir disso, elas serão classificadas e 
disponibilizadas. 
 
 
Figura 27 - sequência de obtenção das imagens. 
Fonte: http://www.conab.gov.br/conabweb/download/SIGABRASIL/manuais/conceitos_sm.pdf 
 
41 
 
11.4 Aplicações 
O sensoriamento remoto possui uma extensa faixa de aplicações para as mais 
variadas áreas. Ele é usado no desenvolvimento de mapas, obtenção de informações 
sobre áreas minerais, bacias de drenagem, estimativas sobre desmatamento de áreas 
florestais e agricultura. Em áreas urbanas, ele pode ser usado no planejamento e em 
previsões necessárias para as políticas públicas. Nos mares e oceanos, ele permite 
estudos sobre correntes oceânicas e movimentação de cardumes, aumentando assim 
a produtividade na pesca. 
Cada banda espectral do LANDSAT 7 pode ser responsável por uma respectiva 
aplicação, e elas são apresentadas a seguir: 
 
Tabela 1 - Bandas Espectrais e suas Aplicações. 
 
Fonte: http://www.conab.gov.br/conabweb/download/SIGABRASIL/manuais/conceitos_sm.pdf 
 
 
42 
 
12 GEOQUÍMICA 
12.1 Correlação com demais técnicas e Objetivos 
A Geoquímica é uma das ciências que constituem o escopo da Geologia e tem 
em seu corpo as técnicas de Prospecção e Exploração Geoquímicas. A Geoquímica, 
em geral, estuda a distribuição dos elementos e seus isótopos nos diversos ambientes 
terrestres, sejam eles orgânicos ou inorgânicos. 
Ao longo das últimas décadas o uso da Geoquímica como ciência em geral tem 
tido um grande crescimento. Apesar da grande gama de áreas de seu uso podemos 
discriminar alguns de seus objetivos gerais, os quais são determinar: 
 A origem dos elementos químicos que estão presentes nas rochas, 
sedimentos, solos, água e vegetação; 
 A idade do ambiente genético; 
 Os processos responsáveis pela distribuição dos elementos, bem como 
sua quantificação 
A Figura 10 a seguir é um exemplo esquemático simplificado da relação da 
Prospecção e Exploração Geoquímica com outras áreas da ciência. 
Através da aplicação dos princípios básicos da Geoquímica, a Prospecção e 
Exploração Geoquímica tem como objetivo intrínseco a descoberta de anomalias, as 
quais podem ser utilizadas para definir ocorrências minerais. Essas, por sua vez, 
podem levar à descoberta de jazidas minerais, o que é o objetivo geral de um Geólogo 
ou Engenheiro de Minas em uma campanha de Pesquisa Mineral. 
43 
 
 
Figura 28 - Relação da Geoquímica, Prospecção e Exploração com as demais áreas da ciência. 
Fonte: Adaptado da Figura 2.1 de Prospecção Geoquímica – Depósitos Metálicos, Não-Metálicos, 
Óleo e Gás, CPRM, 2007. 
 
12.2 Premissas e Aplicações 
A Pesquisa Mineral, abrangendo Prospecção e Exploração Geoquímica, 
relaciona entre si aspectos da geologia, física, química, matemática, botânica, 
zoologia, economia, aerofotogrametria, meteorologia, geocronologia, pedologia, do 
meio ambiente entre outros. Tal constatação nos remete à observação de que o 
geoquímico prospector deve ter em mente essas interligações para que seu trabalho 
seja facilitado. Ao levar em conta a constante correlação entre essas áreas o 
prospector pode definir melhor seu método de coleta e análise dos dados. 
Ao se definir como viável a utilização dos princípios geoquímicos como 
auxiliadores na descoberta de um possível depósito mineral é importante garantir que 
o prospector tenha bom conhecimento dos processos geológicos que atuaram na 
região foco dos estudos. Conduzir os demais estudos à partir deste pressuposto 
facilitará o entendimento da distribuição espacial dos elementos químicos nas rochas, 
bem como das transformações pelas quais o ambiente passou durante um período de 
tempo geológico pertinente (milhões ou bilhões de anos). 
FÍSICA E QUÍMICA COSMOQUÍMICAGEOLOGIA
PROSPECÇÃO 
GEOQUÍMICA
EXPLORAÇÃO 
GEOQUÍMICA
GEOQUÍMICA DA 
LITOSFERA
GEOQUÍMICA DA 
HIDROSFERA
GEOQUÍMICA DA 
ATMOSFERA
GEOQUÍMICA DA 
BIOSFERA
GEOFÍSICA
SENSORIAMENTO 
REMOTO
GEOQUÍMICA
44 
 
Além da aplicação como método de localização de jazidas minerais a 
prospecção geoquímica vem sendo cada vez mais utilizada como instrumento de 
estudos ambientais e ligados à saúde. Essa constatação permite que seja percebida 
a importância dos métodos de prospecção geoquímica em questões socioeconômicas 
e ambientais, áreas que afetam diretamente os seres humanos como um todo. 
 
12.3 Potencializando os Resultados 
Como mencionado anteriormente, a geoquímica em geral e consequentemente 
as fases da pesquisa mineral que utilizam seus princípios básicos, tem forte 
interligação com diversas áreas do conhecimento. Desta forma a utilização de dados 
e resultados gerados à partir de análises feitas por meio destas demais áreas elevam 
a confiabilidade, a precisão e o custo-benefício no uso dos métodos geoquímicos. 
Como exemplo de potencialização pode-se citar: O sensoriamento remoto, que 
é uma importante ferramenta auxilia no tocante à identificação de estruturas 
geológicas que podem ser alvos de estudos geoquímicos. Os métodos geofísicos que 
se prestam a identificação de corpos mineralizados sem expressão superficial e que 
foram revelados pela prospecção geoquímica, na forma de anomalias superficiais 
associadas e desenvolvidas ao longo da área foco do estudo. Os levantamentos 
aerofotográficos completam os trabalhos destinados a obter imagens da superfície e 
dados que permitem estudar as variações em propriedades magnéticas, gravimétricas 
e radiométricas, que potencializam a prospecção geoquímica. 
Após o levantamento e análise prévia dos dados, destacam-se também 
técnicas ligadas à cartografia geológica, estatística e informática no tratamento destes 
dados. Assim é possível um maior refinamento dos dados o que aumenta a chance 
de corresponderem com a realidade. 
 
12.4 Vantagens da Utilizaçãode Métodos Geoquímicos 
As técnicas geoquímicas apresentam inúmeras vantagens quando aplicadas, 
dentre as quais é possível se destacar: 
45 
 
 Permite identificar anomalias associadas a ocorrências e possíveis 
jazidas com teores mais baixos e/ou sem expressão superficial; 
 Permitem identificar anomalias, deslocadas ou não, associadas à 
falhamentos que cortem a jazida em profundidade ou sobre cobertura 
sedimentar; 
 Orienta na seleção de métodos geofísicos, os quais são muitas vezes 
utilizados para confirmar anomalias identificadas à partir de trabalhos 
geoquímicos; 
 Constitui uma excelente ferramenta com precisão consideravelmente 
alta e custo baixo (principalmente em sua fase prospectiva); 
 Os mapas constantes de seus resultados analíticos são ferramenta 
importante no refinamento de mapas geológicos de superfície, 
delimitando de uma melhor forma os limites litológicos através da 
associação de elementos químicos próprios de cada rocha. 
 
12.5 Background 
As rochas constituintes dos diversos invólucros componentes da Terra 
apresentam uma elevada heterogeneidade. Contudo, pode-se falar em composição 
média do planeta, da crosta e até mesmo de cada rocha. Mesmo um mineral, pode 
apresentar uma pequena variação em sua composição química. Neste ponto pode-se 
falar no conceito de background. 
Os elementos aparecem em proporções diferentes em cada rocha, as quais 
apresentam ainda uma variação em sua composição química de ponto para ponto em 
seus domínios, sendo observado um valor máximo e um valor mínimo. Essa variação, 
portanto, ocorre dentro de uma faixa de valores, a qual caracteriza cada tipo de rocha. 
Essa faixa de valores, constituída por um conjunto de valores normais é denominada 
background da rocha. 
46 
 
O conceito de background é de grande importância em estudos geoquímicos. 
O background, de acordo com sua definição, nunca será um valor único e sim uma 
curva de valores com distribuição normal (ou lognormal). Eventuais inflexões nesta 
curva indicam a presença de mais de um conjunto de valores normais e, portanto, 
mais de uma população. 
A importância do background se dá pelo fato de que é possível que anomalias 
sejam identificadas quando os valores das concentrações de elementos analisados 
estiverem em discordância com os valores esperados (background). A anomalia é 
positiva para valores de concentrações acima do background e negativa para valores 
de concentrações abaixo dessa faixa de valores. 
 
12.6 Classificação Geoquímica dos Elementos 
A análise das rochas terrestres ao longo dos anos permite observar que alguns 
elementos são comumente encontrados em depósitos minerais, sendo outros 
essencialmente formadores de rochas. Os frequentes em depósitos são chamados 
Metalogênicos, já os formadores de rochas são denominados Petrogênicos. 
A Tabela 1 a seguir é uma exemplificação da classificação geoquímica dos 
elementos com base em V.M Goldshmidit. 
Inegavelmente a parte de interesse direto do geoquímico é a litosfera. Assim, a 
Tabela 2 classifica os elementos de tal área terrestre. Em uma breve análise de tal 
tabela percebe-se a grande afinidade dos elementos químicos da litosfera com o 
oxigênio, formando o grupo dos oxidófilos. Os elementos que formam a base do 
material na crosta são denominados litófilos. Uma quantidade menor de oxidófilos 
tendem a se associar com o ferro nas formações naturais e são denominados 
siderófilos. Além disso são discriminados os elementos nobres e os hidrófilos. 
Os elementos dispersos da Tabela 2 usualmente não formam minerais próprios 
e ocorrem na estrutura de outros minerais isomorficamente, sendo seus minerais 
próprios raros. 
 
47 
 
Tabela 2 - Classificação geoquímica dos elementos. 
Fonte: Prospecção Geoquímica – Depósitos Metálicos, Não-Metálicos, Óleo e Gás, CPRM, 2007
 
 
Tabela 3 - Classificação geoquímica dos elementos da crosta. 
Fonte: Prospecção Geoquímica – Depósitos Metálicos, Não-Metálicos, Óleo e Gás, CPRM, 2007 
 
12.7 Dispersão e Concentração 
A distribuição dos elementos químicos na crosta terrestre caracteriza-se por 
variações relativas quanto a sua abundância. Cada elemento tem um valor de 
porcentagem média de sua concentração na litosfera, o qual é denominado Clarke de 
concentração. Ao analisarmos dados da concentração de um elemento em uma área 
48 
 
qualquer podem ocorrer desvios em relação a essa média. Um desvio rumo a valores 
mais baixos que o Clarke implicam em uma dispersão do elemento, ao passo que um 
desvio rumo à valores maiores que o Clarke implicam em uma concentração do 
elemento. Tal informação é bastante importante para o geoquímico, que poderá focar 
esforços em áreas de concentração, como se espera. 
 
12.8 Elementos Farejadores/Indicadores e Mobilidade 
Para que uma campanha de prospecção/exploração geoquímica seja bem 
sucedida alguns fatores primordiais devem ser levados em conta: 
 Os elementos a serem analisados devem estar necessariamente 
relacionados/associados com o tipo de minério procurado, assim devem 
estar presentes no material amostrado; 
 A escolha dos métodos analíticos deve levar em conta sua 
confiabilidade, rapidez e custo; 
 Os resultados obtidos devem produzir uma relação geoquímica entre os 
elementos. Assim o elemento químico escolhido deve estar em uma 
forma estável na área amostrada; 
 O teor do elemento foco da análise deve crescer ao aproximar-se 
espacialmente de as fonte, a qual é o provável corpo de minério. 
A estabilidade que permite o elemento ser encontrado a uma distância 
“qualquer” do local que lhe deu origem se chama mobilidade geoquímica. 
Como exemplo, ao se procurar uma jazida de cobre, obviamente, a 
determinação da presença de cobre em amostras é um caminho a se seguir. Porém, 
pode ser mais barato e rápido determinar a presença de arsênio, boro, cobalto, níquel 
ou zinco; de acordo com o tipo de minério esperado. A escolha do elemento depende, 
também, de sua mobilidade na área de trabalho. Tal maneira de se conduzir os 
trabalhos de forma indireta é possibilitada pelo uso de elementos 
49 
 
indicadores/farejadores (pathfinders), que indicam a presença de determinados tipos 
de minérios procurados. 
 
Tabela 4 - Exemplos de elementos farejadores usados para indicar mineralizações. 
Fonte: Adaptado de: Prospecção Geoquímica – Depósitos Metálicos, Não-Metálicos, Óleo e Gás, 
CPRM, 2007 
Elementos farejadores Tipos de depósitos 
As Au, Ag; do tipo veio 
As Au-Ag-Cu-Co-Zn, sulfetos complexos 
B W-Be-Zn-Mo-Cu-Pb; Skarns 
B Sn-W-Be; veios ou greisens 
Hg Pb-Zn-Ag, dep. complexos de sulfetos 
Mo W-Sn; dep. metamorfismo de contato 
Mn Ba-Ag; veios, cobre pórfiro 
Se, V, Mo U; tipo arenito 
Cu, Bi, As, Co, Mo, Ni U; tipo veio 
Mo, Te, Au cobre pórfiro 
Pd, Cr, Cu, Ni, Co platina em rochas ultramáficas 
Zn Ag-Pb-Zn; dep. sulfetos em geral 
Zn, Cu Cu-Pb-Zn; dep. sulfetos em geral 
Rn U, todos os tipos de ocorrência 
SO4 depósitos de sulfetos de todo tipo 
 
50 
 
 
Em alguns casos o elemento farejador pode estar associado à ganga do 
minério e em outros casos o indicador pode estar substituindo outro elemento no 
mineral-minério. Geralmente o uso do elemento farejador é empregado mediante a 
sua maior mobilidade geoquímica em comparação com o elemento procurado, sem 
contudo deixar de atender os fatores explanados anteriormente neste texto. 
 
12.9 Assinatura Geoquímica 
Vários métodos são aplicáveis na busca de minérios sendo seu grau de 
aplicabilidade e utilidade diferente para cada tipo de depósito, bem como para cada 
estágio da sequência dos trabalhos de pesquisa. 
Uma maio efetividade

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