Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE INSTITUTO DE MATEMÁTICA, ESTATÍSTICA E FÍSICA ENGENHARIA DE COMPUTAÇÃO UNIDADE 4 - EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS PROFa JURSELEM C. PEREZ JULHO / 2013 FURG - IMEF - CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL II 2 4.1. Equações Diferenciais 3 4.1.1. Definição 3 4.2. Equações Diferenciais Ordinárias 3 4.2.1. Ordem e Grau de uma Equação Diferencial 3 4.2.2. Definição da Solução 3 4.2.3. Equações Diferenciais de 1a ordem 4 4.2.3.1. Forma Normal e Forma Diferencial 4 4.2.3.2. Equações Diferenciais de Variáveis Separáveis 4 4.2.3.3. Equações Diferenciais Homogêneas 4 4.2.3.4. Equações Diferenciais Exatas 5 4.2.3.5. Equações Diferenciais Não Exatas 5 4.2.3.6. Equações Diferenciais Lineares 5 4.2.3.6.1. Equações Diferenciais de Bernoulli 5 4.3. Equações Diferenciais Lineares de ordem n 6 4.3.1. Operador Diferencial 6 4.3.2. Independência Linear 7 4.4. Equações Diferenciais Lineares Homogêneas de 2a Ordem com coeficientes constantes 8 4.4.1. Solução em termos das raízes características 8 4.5. Equações Diferenciais Lineares Homogêneas de Ordem n com coeficientes constantes 9 4.5.1. Solução em termos de raízes características 9 4.6. Equações Diferenciais Lineares Não-Homogêneas 9 4.6.1. Determinação da Solução Particular 9 4.6.1.1. Método dos Coeficientes a determinar 9 4.6.1.2. Método da Variação dos Parâmetros 10 FURG - IMEF - CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL II 3 4.1- Equações Diferenciais 4.1.1. Definição É uma equação que contém as derivadas de uma ou mais variáveis dependentes em relação a uma ou mais variáveis independentes. Exemplos: 1) 35 x xd yd ; 2) 035 2 xd ydx xd ydy 2 3) y’ + 3 y = 0; 4) xe 3 y y 4 Existem dois tipos de equações diferenciais: 1o) Equações diferenciais ordinárias: quando a incógnita é dependente de uma única variável. 2o) Equações diferenciais parciais: quando a incógnita depende de duas ou mais variáveis. 4.2. Equações Diferenciais Ordinárias 4.2.1. Ordem e Grau de uma Equação Diferencial A ordem de uma equação diferencial corresponde a ordem da derivada mais elevada que nela comparece. O grau de uma equação diferencial é a potência a que se acha elevada a derivada de ordem mais alta. Exemplos: 1) 054 23 xy xd yd)x(sen xd yd 23 ; 2) x xd yd y xd ydy xd yd 2 53 2 3 752 3) y’ – 4xy = 2; 4) )xcos(y y 3 4.2.2. Definição da Solução Chama-se solução de uma equação diferencial num intervalo I, a toda função y = f(x) que verifica identicamente essa equação, para qualquer que seja o valor independente em I. O conjunto de todas as soluções de uma equação diferencial é dito sua solução geral. Qualquer solução de uma equação diferencial que se obtém atribuindo-se valores particulares às constantes arbitrárias que figuram na solução geral denomina-se solução particular da mesma. Exemplo: y(x) = c1 cos(2x) + c2 sen(2x) é a solução geral da equação diferencial 04 yy , sendo yp(x) = cos(2x) + 4 sen(2x) as soluções particulares desta equação diferencial. FURG - IMEF - CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL II 4 4.2.3. Equações Diferenciais de 1a Ordem 4.2.3.1. Forma Normal e Forma Diferencial A forma normal de uma equação diferencial de 1a ordem é: y),x(fy ou y),x(f xd yd . A função f(x, y) pode ser escrita como quociente de duas outras funções M(x, y) e – N(x, y). Como xd yd y , podemos reescrever de modo que: y),x(N )y ,x(M xd yd o que equivale à forma diferencial: M(x,y) dx + N(x,y) dy = 0. 4.2.3.2. Equações Diferenciais de Variáveis Separáveis Consideremos a equação diferencial de 1a ordem na forma diferencial M(x,y) dx + N(x,y) dy = 0. Se M(x, y) se reduz a uma função somente de x e N(x, y) se reduz a uma função somente de y, então: M(x) dx + N(x) dy = 0 é uma equação diferencial de variáveis separáveis. Determinação da Solução Geral Seja M(x) dx + N(x) dy = 0 uma equação diferencial de variáveis separáveis, então: c y d N(y) x d )x(M , sendo c uma constante arbitrária, é a sua solução geral. Exemplos: 4.2.3.3. Equações Diferenciais Homogêneas Na equação diferencial homogênea: y),x(f xd yd é homogênea se f(t x, t y) = f(x, y). Então, efetua-se a substituição y = xv e sua derivada correspondente xd v d xv xd yd , obtendo-se uma equação diferencial de variáveis separáveis. Exemplos: 4.2.3.4. Equações Diferenciais Exatas Uma equação diferencial da forma: M(x, y) d x + N(x, y) d y = 0 é exata numa região R do plano xy se ela corresponde à diferencial total de alguma função f(x, y). Teste: Se M(x, y) e N(x, y) são funções contínuas com derivadas parciais de primeira ordem contínuas numa região retangular R definida por a < x < b e c < y < d. Então uma condição necessária e suficiente para que M(x,y) dx + N(x,y) dy = 0 seja uma diferencial exata é: x y)N(x, y y)M(x, . Exemplos: FURG - IMEF - CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL II 5 4.2.3.5. Equações Diferenciais Não exatas Em geral a equação diferencial M(x, y) d x + N(x, y) d y = 0 não é exata. Entretanto, é possível transformá-la numa equação diferencial exata, mediante a multiplicação por um fator integrante adequado. Definição: Uma função I(x, y) é um fator integrante se a equação I (x, y) [ M(x, y) d x + N(x, y) d y = 0 ] é exata. Uma equação diferencial pode admitir mais de um fator integrante. Fatores Integrantes: estes fatores integrantes tornam-se solução de certa equação diferencial quando M(x, y) e N(x, y) satisfazem certas condições: a) Se )x(g x N y M N 1 , então xd g(x) e y)(x, I . b) Se )y(h x N y M M 1 , logo yd h(y) e y)(x, I Exemplos: 4.2.3.6. Lineares É toda equação diferencial de 1a ordem do tipo: y’ + p(x) y = q(x). Tendo como fator integrante: I(x, y) = xd p(x) e . Exemplos: 4.2.3.6.1. Bernoulli É toda equação diferencial de 1a ordem do tipo: y’ + p(x) y = q(x) yn . Portanto, faz-se troca de variável, de modo que z = y1-n, tornando a equação linear. A seguir, aplica-se o fator integrante: I(x, y) = xd p(x) e e determina-se a solução da equação. Exemplos: 4.3. Equações Diferenciais Lineares de ordem “ n “ A equação diferencial linear de ordem “ n “ é definida por: f(x) y(x)by (x)by (x)b........ y(x)by (x)b 01 1-n n n n 21 , onde f(x) e bi(x) com i = 0, 1, 2, 3,....., n dependem somente da variável x. Exemplo: 2 x- 1 x y y 4)(x y x - y x 2 FURG - IMEF - CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL II 6 Teorema: Seja o problema de valor inicial de ordem “ n “ definido como: f(x) yby by b........ yby b 012 1-n 1n n n (1), sendo: y = c0 , y’ = c1 , y’’ = c2 , .... , yn – 1 = cn – 1 e yn = cn , onde ci são constantes arbitrárias para i = 0, 1, 2, 3, ...., n. Se bi n i 0 são aplicações contínuas definidas num intervalo I, então o problema de valor inicial (P. V. I.) tem uma única solução nesse intervalo. Dividindo-sea equação (1) por bn, obtém-se: g(x) yay ay a........ yay 01 1-n n n 21 , onde: nb )x(f)x(g e n i j b ba com n j 0 são aplicações contínuas. Exemplo: y(4) + 2x y’’’ + x y’’ – (x – 2) y’ + 2xy = x2 4.3.1. Operador Diferencial (L) Seja y uma solução de uma equação diferencial linear de ordem “n“ na forma: g(x) yay ay a........ yay 01 1-n n n 21 . Então o operador diferencial L é definido como: L(y) = yay ay a........ yay 01 1-n n n 21 Teorema 1: Se g(x) = 0 então L(y) = 0 é dita uma equação diferencial homogênea de ordem “ n “, caso contrário, a equação diferencial é dita não homogênea. Exemplos: 1) 0 x y y x y 2 2) 2 x x y y x y 3 Teorema 2: Se em L(y) todas as aplicações a j (j = 0, 1, 2, 3, ....., n-1) são constantes, então a equação diferencial é chamada de coeficientes constantes, caso contrário, ela será de coeficientes variáveis. Exemplos: 1) 2x 4y y y 3 2) 0 y x y Observação: O operador diferencial L é linear: L(c1 y1 + c2 y2) = c1 L(y1) + c2 L(y2), sendo: c1 e c2 as constantes arbitrárias e y1 e y2 as funções arbitrárias “n” vezes deriváveis. FURG - IMEF - CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL II 7 4.3.2. Independência Linear Seja um conjunto de funções )x( y, .... ),x( y),x(y n21 , onde yi (x) para i = 0, 1, 2, 3, ..., n, é um conjunto linearmente dependente em I se e, somente se, existirem c1 , c2 , ...., cn , não todas nulas, tais que: 021 )x( yc....)x( yc)x( yc nn21 . Caso contrário, o conjunto é dito linearmente independente. Observação: Uma equação diferencial linear homogênea de ordem “n” da forma L(y) = 0 sempre terá “n” soluções linearmente independentes. Teorema 1: Se y1 , y2 , y3 , ....., yn são soluções L.I. de uma equação diferencial linear homogênea de ordem “n”, então y(x) = )x( yc....)x( yc)x( yc nn21 21 é a solução geral desta equação, onde ci n i 0 são constantes arbitrárias. Exemplo: A equação linear homogênea de 2ª ordem: y’’ – 9 y = 0 possui o conjunto de soluções linearmente independentes da forma: 3x- 3x e ,e , logo a solução geral será escrita como: y(x) = c1 e3x + c2 e- 3x. Teorema 2: Sejam y1 , y2 , y3 , ....., yn funções definidas num intervalo qualquer I e “n-1” vezes deriváveis. O wronskiano do conjunto )x( y, .... ),x( y),x(y n21 é definido por: 11 2 1 1 21 21 1 n n nn n n n2 y....yy ................ y....yy y....yy y,...., y,yw . Teorema 3: Sejam y1 , y2 , y3 , ....., yn soluções de L(y) = 0. O conjunto )x( y, .... ),x( y),x(y n21 é L. I. num intervalo I, onde yi n i 0 estão definidas se e, somente se, w (y1, y2, .... , yn ) 0. Exemplo: y’’ – 9y = 0 FURG - IMEF - CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL II 8 4.4. EQUAÇÕES DIFERENCIAIS LINEARES HOMOGÊNEAS DE 2a ORDEM COM COEFICIENTES CONSTANTES A equação diferencial homogênea de 2a ordem é definida por: 0 y a y ay 0 1 , sendo a1 e a0 coeficientes constantes, cuja equação algébrica é: 01 2 0a a que está associada a equação diferencial homogênea de 2a ordem. Observação: a) é um parâmetro real ou complexo; b) 01 2 0a a , onde 2 e 1 são chamadas raízes características desta equação. Exemplo: y’’ – 3y’ + 2y = 0 4.4.1. Solução em termos das raízes características 1o) Raízes reais e distintas: Se , 21 , ou seja, 2 1 . O conjunto de soluções linearmente dependentes é dado por e , e x x 21 e sua solução geral é igual a: e ce c)x(y x x1 221 . Exemplos: 2o) Raízes reais e simétricas: Se , 21 , sendo 2 - 1 . Desse modo, o conjunto de soluções linearmente independentes é escrito como: e , e x x 2 2 . Tendo como solução: e ce c)x(y x x2 221 . Exemplos: 3o) Raízes reais e iguais: Se , 21 , onde 21 (raiz de multiplicidade dois). O conjunto solução L.I. é dado por: x e , e x x , então escrevemos a solução da equação diferencial da forma: xe ce c)x(y x x 21 . Exemplos: 4o) Raízes complexas: Se C , 2 1 onde i ba 1 e i ba 2 com a, b . O conjunto de soluções L.I. é escrito da forma: e , e xi) b-(a x i ba , logo a solução é dada por: y(x) = ea x [ k1 cos(bx) + k2 sen(bx) ]. Exemplos: FURG - IMEF - CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL II 9 4.5. EQUAÇÕES DIFERENCIAIS LINEARES HOMOGÊNEAS DE ORDEM “n” COM COEFICIENTES CONSTANTES No caso geral, a equação diferencial de n-ésima ordem definida como: 0 yay ay a........ yay 01 1-n n n 21 , onde ai para i = 0, 1, 2, 3, ....., n são coeficientes constantes. A equação característica associada à equação diferencial acima é da forma: 0121 0 21-n n n a a a.... a , sendo um parâmetro real ou complexo. Observação: Todo polinômio de grau ímpar, tem pelo menos, uma raiz real. 4.5.1. Solução em termos das raízes características: 1o) Raízes reais ou complexas distintas: Sendo n.... 21 , então o conjunto de soluções linearmente independentes é da forma: e ,....., e , e x x x n2 1 e a solução geral será: xn x x n1 e c.... e ce c)x(y 221 . Exemplos: 2o) Raízes de multiplicidade “m”: Sendo i ni 1 é uma raiz de multiplicidade “m”, sendo N m , então a ela estão associadas “m” soluções linearmente independentes do tipo: e x....., ,e x, e x , e x 1-m x2 x x m32 1 . A solução geral será da forma: x1-m n x2 x x m31 e xc....e xc e x ce c)x(y 321 2 . Exemplos: 4.6- EQUAÇÕES DIFERENCIAIS LINEARES NÃO-HOMOGÊNEAS A solução geral de uma equação diferencial linear não-homogênea de ordem “n” da forma: g(x) yay ay a........ yay 01 1-n n n 21 , consiste em determinar: 1o) a solução homogênea fazendo L(y) = 0; 2o) a solução particular fazendo L(y) = g(x). Portanto: y(x) = yh(x) + yp(x) FURG - IMEF - CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL II 10 4.6.1- Determinação da Solução Particular 4.6.1.1- Método dos Coeficientes a determinar: Sendo o polinômio a xa xa........ xax a)x(p 01 21-n n n n 21 , então devemos procurar a solução particular do seguinte modo: a) Se g(x) = pn(x), logo n i i ip xa)x(y 0 , onde ai n i 0 são coeficientes a determinar. Exemplos: b) Se g(x) = eax pn(x) a solução particular será da forma: n i i i xa p xa e)x(y 0 , sendo ai as constantes a determinar. Exemplos: c) Se g(x) = eax pn(x) sen(bx) ou g(x) = eax pn(x) cos(bx), onde a e b são constantes conhecidas, então a solução particular será do tipo: cos(bx) xb e)bx(sen xa e)x(y n 0i i i xa n i i i xa p 0 , sendo ai e bi constantes a determinar. Exemplos: 4.6.1.2- Método da Variação dos Parâmetros Seja L(y) – g(x) uma equação diferencial não-homogênea de ordem “n” e a solução homogênea da forma: )x( yc....)x( yc)x( yc)x(y nn21h 21 , sendo )x( y, .... ),x( y),x(y n21 um conjunto de soluções linearmente independentes de L(y) = 0. Então a solução particular de L(y) = g(x) é escrito como: )x( yv....)x( yv)x( yv)x(y nn21h 21 , onde vi n i 0 são constantes a determinar. Para determinação de vi, resolve-se o sistema de equações lineares iv : )x(g yv...... yv yv ................................................y v......y vy v y v......y vy v yv...... yv yv n nn 1-n 2 1-n 1 nn21 nn21 nn21 1 21 21 21 21 0 0 0 Após integra-se cada iv a fim de obter-se vi correspondente. Exemplos:
Compartilhar