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ENGENHARIA ELÉTRICA 7º PERÍODO-2019/ CES-CL PROFESSORA ESPECIALISTA/MESTRANDA THAMÍRIS APARECIDA DOS SANTOS LOPES 1 EMENTA ( ver arquivo word) Teoria: 4 horas-aula/semana; Prática: 0 hora-aula/semana; Total: 4 horas-aula/semana. Carga Horária Total: 80 horas-aula. OBJETIVOS: Introduzir ao aluno conceitos de representações matemáticas de sistemas dinâmicos lineares e da resposta em frequência destes sistemas. Apresentar as especificações básicas de um sistema de controle, além de alguns métodos de sintonia de controladores. EMENTA: INTRODUÇÃO E BREVE HISTÓRICO SOBRE O CONTROLE AUTOMÁTICO; MODELAGEM MATEMÁTICA DE SISTEMAS DINÂMICOS; técnicas de linearização; FUNÇÕES DE TRANSFERÊNCIA; REPRESENTAÇÃO E ÁLGEBRA DOS DIAGRAMAS DE BLOCOS; RESPOSTA TRANSITÓRIA E EM REGIME ESTACIONÁRIO; sensibilidade; critérios de desempenho; estabilidade; método do lugar das raízes; introdução aos métodos de resposta em frequência; diagramas de Bode; critério de estabilidade de Nyquist; projeto de controladores contínuos. BIBLIOGRAFIA BÁSICA: Ogata, Katsuhiko; Engenharia de Controle Moderno EDIÇÃO 5; Dorf, Richard C.; Bishop, Robert H.; Sistemas de Controle Modernos; LTC; 2009. Nise, Norman S.; Engenharia de Sistemas de Controle; LTC; 2009. BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR: HAYKIN, Simon; VAN VEEN, Barry. Sinais e Sistemas. Apostilas recentes Artigos Científicos 2 AVALIAÇÕES Participação em aula Trabalhos Provas 3 INTRODUÇÃO Um sistema de controle é uma interconexão de vários componentes resultando numa conguração que fornece um desempenho desejado. A descrição do sistema se refere à relação causal entre a entrada e a saída do sistema, em geral, descrita matematicamente através de equações diferenciais, equações de diferença, funções de transferência, etc. 4 Um sistema ou processo a ser controlado pode ser representado como um diagrama de blocos como o da Figura 1. Onde: • U(s) é a transformada de Laplace do sinal de entrada u(t), • Y(s) é a transformada de Laplace do sinal de entrada y(t) e • G(s) é a transformada de Laplace da resposta impulsiva do sistema g(t). 5 Problema básico de controle??? Sintetizar um sinal de entrada u(t) tal que o sinal de saída y(t) possua um comportamento desejado. 6 Parece ser fácil, mas... Exemplo: P&ID de uma planta de extração de óleo e gás 7 Considerações Básicas sobre Controle de Processos O investimento das indústrias em sistemas de controle automático está em constante crescimento. Os sistemas de controle buscam manter alguma grandeza física em certa condição ou valor. Controlar um processo significa manter alguma de suas variáveis em uma determinada condição: Sempre igual a um valor desejado; Próxima do valor desejado; Oscilando próxima do valor desejado. 8 Em outras palavras, controlar um processo consiste em medir a variável que se deseja controlar, comparar este resultado de medição com o valor desejado e agir no sistema para que esta diferença seja diminuída, como ilustrado na Figura 1. 9 Seja o exemplo de um controle de temperatura em um ar-condicionado. O objetivo em dias quentes é resfriar o ambiente em que este está instalado. Para conseguir isto, o ar-condicionado possui um sensor de temperatura que está constantemente monitorando a temperatura ambiente. Possui um sistema de comparação com o valor ajustado nos botões de regulagem. Caso a temperatura ambiente fique acima do valor ajustado, o ar-condicionado aciona o compressor que por sua vez começa a jogar ar frio no ambiente. 10 Conforme este ar frio ingresse no ambiente, este começa a se misturar com o ar que já estava lá, fazendo com que a temperatura comece a cair. A partir do momento em que o sensor detectar que a temperatura caiu abaixo de um determinado valor, o compressor é desligado. Desta maneira, a temperatura do ambiente estará sempre oscilando próximo do valor desejado, como mostrado na Figura 2. 11 Definições importantes Processo É todo arranjo de elementos ativos e/ou passivos, organizados de tal forma a executar uma função determinada. Um processo sempre vai envolver alguma operação física, um processo sempre vai envolver transformação ou transporte de matéria ou energia. O exemplo de um processo de tanque de nível pode ser visto na Figura 3, onde Qe é o fluxo de entrada Qs é o fluxo de saída e L é o nível do fluido. 12 Um processo pode ser considerado como uma operação a ser controlada [Ogata], da qual é possível se fazer um modelo matemático por meio de equações diferenciais. Geralmente os processos realizam operações químicas, físicas, biológicas (entre outras) em materiais ou objetos, para a obtenção de produtos. 13 Sistema Pode-se definir um sistema como uma combinação de componentes que atuam conjuntamente para atingir um objetivo comum. Por exemplo: sistema de controle, sistema de alarme, etc. Um sistema é caracterizado por possuir uma relação bem definida de Entrada–Saída. Na Figura 4 é apresentado um sistema de controle de nível, onde SP, MV e PV são as variáveis envolvidas (PV é a variável de saída, que é comparada com SP, variável de entrada), Qe e Qs são os fluxos de entrada e de saída respectivamente. 14 15 Variável de processo (PV) É qualquer quantidade, propriedade ou condição física medida afim de que se possa efetuar a indicação e/ou o controle do processo. Variável Controlada (CV) Dentre todas as PV´s, a variável controlada é aquela escolhida para ser mantida dentro de uma dada especificação, ou em outras palavras, é aquela que se deseja controlar. Em muitos casos, os termos PV e CV se referem à mesma variável. A variável controlada, na maioria dos casos é a saída de um sistema de controle, ou seja, a variável medida. No exemplo da Figura 4, CV se refere ao nível do tanque. 16 Variável Manipulada (MV) É a grandeza que é variada pelo controlador (saída do controlador), de modo a afetar o valor da variável controlada. Na maioria dos casos, MV é a entrada do processo. No exemplo anterior, MV pode ser um sinal de tensão ou corrente que vai regular a abertura da válvula e, por sua vez, vai afetar o nível do tanque. 17 Ponto de Ajuste (SP) Conhecido também como entrada de referência, o ponto de ajuste SP (Set-Point) é o valor desejado estabelecido previamente como a referência que o sistema de controle deverá seguir. No exemplo do ar-condicionado, seria o ajuste feito através dos botões de regulagem, ou seja, seria a temperatura que se deseja obter no ambiente. Este valor é comparado com o valor da saída do processo (CV ou PV) e o resultado desta comparação (chamado de Erro) serve como entrada para o controlador. 18 Perturbação Também conhecido como distúrbio, é qualquer sinal, ruído, ou alteração que afete adversamente o valor de alguma das variáveis do sistema. Na maioria dos casos, a perturbação afeta a variável controlada (saída do processo), mas pode também, em alguns casos, afetar a variável manipulada (entrada do processo). No exemplo de controle de nível, a perturbação pode ser um fluxo de entrada adicional Qp, que altera de forma inesperada o nível do tanque. 19 Erro Também conhecido como Desvio, é a diferença entre o valor desejado e o valor da variável controlada. Em outras palavras, indica o quão diferente está a variável de processo (PV) em relação ao valor desejado (SP). Geralmente o Erro serve como entrada para o controlador. Pode ser calculado por uma fórmula bem simples:20 Ganho Representa o quanto a saída de um processo aumenta em relação a um aumento na entrada deste mesmo processo. Por exemplo, considere um resistor em que a variação da sua corrente dobra o valor da sua tensão. Neste caso, o ganho obtido entre entrada (corrente) e saída (tensão) é de duas vezes (2x). Pode ser calculado por uma fórmula simples: 21 Principais tipos de Controle Controle Manual O controle manual pode ser considerado como o tipo mais simples de controle. No controle manual o operador aplica a energia ao processo através do atuador. O processo usa esta energia e produz uma saída em consequência. Mudando o ajuste do atuador, altera-se a energia no sistema e, portanto, a saída resultante do processo. É conhecido como controle a malha aberta. 22 Exemplo: Um sistema de controle manual bastante comum no dia a dia é o chuveiro elétrico. Neste sistema, a pessoa aumenta ou diminui a vazão do chuveiro (ou a potência do chuveiro) a fim de ajustar a temperatura de acordo com o valor desejado. 23 A principal desvantagem do controle manual é no caso de existir perturbações no sistema. Geralmente estas perturbações não podem ser medidas e o controle manual não consegue estabilizar o sistema corretamente. Somando-se a este fato, todo operador humano tem os seus limites de tempo e “distração”, o que pode ser facilmente superado por um equipamento. 24 Controle Automático Para a correta compreensão do controle automático, deve-se introduzir o conceito de realimentação (ou ainda retroalimentação, feedback). Realimentação é o procedimento em que a informação da saída de um sistema é utilizada na entrada deste mesmo sistema, ou seja, consiste em transformar um efeito em uma causa de si próprio. Controle automático significa utilizar a realimentação em um sistema, permitindo assim que um controlador inserido no sistema possa comparar o valor da saída (PV) com o valor da entrada de referência (SP) para gerar o sinal de controle e assim ajustar o valor de PV para o valor desejado. 25 Com a realimentação, todos os sistemas de controle automático possuem os mesmos elementos básicos: medição, comparação e atuação. A Figura 6 mostra o controle de malha fechada da temperatura de um fluido. Um transmissor de temperatura (TT) envia a temperatura do fluido aquecido para o controlador de temperatura (TIC), que compara este valor com o valor de SP e age sobre a válvula de vapor. 26 Observação! Nesta disciplina , mais especificamente, vamos tratar do Controle Automático de Processos Industriais, em que técnicas são aplicadas ao controle e otimização de um determinado processo industrial. Exemplos: produção de aço (processos siderúrgicos), produção de celulose, extração e beneficiamento de minérios, refino de petróleo, entre outros. 27 Diagrama de blocos A análise de um sistema de controle pode mostrar-se uma tarefa difícil, uma vez que não raramente ele é composto por vários elementos. Para facilitar o entendimento, um processo pode ser adequadamente representado de forma simplificada por um diagrama de blocos. Um diagrama de blocos apresenta uma abstração das funções desempenhadas por cada componente e um fluxo de sinais, como pode ser visto a seguir. 28 As setas identificam a direção da informação, e o bloco representa a operação a ser aplicada à entrada que proporciona a saída. O bloco pode ser identificado a partir de uma legenda, etiqueta ou símbolo do elemento. O diagrama de blocos representado pela figura anterior mostra o sistema como uma caixa preta, no qual não se conhecem detalhes internos e sim as relações entre um sinal de entrada (variável controlada) e o sinal de saída (variável controlada). Observe que esta abstração não necessariamente prejudica o entendimento, uma vez que vários sistemas totalmente diferentes podem apresentar comportamentos ou sinais de saída semelhantes. 29 O diagrama de blocos da Figura a seguir apresenta os componentes principais de um sistema, integrados por meio de linhas que indicam os sentidos de fluxos de sinais entre os blocos. A partir deste diagrama é possível estudar as relações de dependência entre as variáveis que interessam à cadeia de controle. 30 No diagrama, o setpoint expressa a saída desejada (ou ideal) para o sistema, enquanto a variável controlada expressa o que realmente ocorre (saída real). O controlador gera o sinal de controle que atua sobre o processo no sentido de diminuir o erro e, idealmente, levar a zero. 31 Malha aberta x Malha Fechada Os sistemas de controle são classificados em sistemas de controle em malha aberta e sistemas de controle em malha fechada. A diferença entre esses sistemas reside na forma em que o controle atua para produzir a saída desejada. 32 Sistemas em malha aberta Num sistema em malha aberta, o sinal de entrada é um sinal predefinido, baseado em experiências passadas, de forma que o sistema forneça o sinal de saída desejado. Um sistema de controle em malha aberta utiliza um dispositivo para controlar o processo diretamente sem a utilização de realimentação negativa (negative feedback). Dessa forma, o sistema de controle não sabe qual o valor do sinal de saída y(t) (variável controlada). Um exemplo prático desse tipo de sistema é o forno de micro- ondas. Após ter sido programada a função “descongelar”, com tempos pré determinados, não há possibilidade de verificar se ela foi efetuada de forma correta. Torna-se necessário retirar o alimento e verificar se ele está nas condições desejadas pelo usuário. 33 As principais vantagens desse tipo de malha são a simplicidade e o baixo custo. As desvantagens são a imprecisão devido à falta de realimentação. Os elementos básicos de uma malha aberta são: Controlador – composto por um elemento de controle e um elemento de correção que envia um ou mais sinais ao processo, conforme os ajustes predeterminados, para se obter a saída desejada. Processo – sistema no qual a variável é controlada. 34 Exemplo Máquina de lavar roupas: Numa máquina de lavar roupas todos os ciclos do processo (lavar, enxaguar, etc.) são controlados através do tempo da duração de cada tarefa. Nenhuma variável é medida para controlar a qualidade do processo. 35 Controle em malha fechada Num sistema em malha fechada o sinal de saída é realimentado, fazendo-se uma comparação com o sinal de entrada, o que gera um sinal corrigido que entra novamente no sistema de forma a alcançar o sinal de saída desejado. Este tipo de malha apresenta como vantagens a compensação de erros, saída constante e robustez (menor sensibilidade a distúrbios). A complexidade e o maior custo são desvantagens. 36 Os elementos básicos de uma malha fechada são: Comparador – compara o valor de referência com o valor medido na saída e gera um sinal de erro que indica o quanto o sinal de saída está longe do sinal de entrada. Controlador – determina a ação a ser tomada com base no erro enviado pelo comparador. Atuador – a partir do sinal recebido do controlador, atua sobre a variável manipulada para ajustar e alterar a variável controlada de modo a corrigir o erro. Processo – é o sistema no qual a variável está sendo controlada. Sensor – lê a variável controlada na saída e envia sua condição na forma de sinal para o comparador, fechando o laço. 37 O sinal enviado por um sensor pode ser elétrico, digital, mecânico e outros. Conforme mostra a Figura a seguir, um sensor lê informações da variável controlada e as transmite, através de um equipamentoadequado para o comparador que calcula o desvio e que fornece informações necessárias para o controlador atuar sobre o processo. 38 Os sistemas em malha fechada apresentam uma sensibilidade a mudanças de carga muito menor do que sistemas em malha aberta e são, consequentemente, muito mais estáveis que as malhas abertas. Para que um sistema em malha fechada consiga reduzir o erro no decorrer do tempo, ele deve ser capaz de gerar internamente, a partir de um sinal de perturbação, um sinal a fim de cancelá-lo. 39 Exemplo: robô industrial - Kuka Titan 40 Exemplo Vamos supor que um determinado sistema pode ser descrito pela seguinte função de transferência: 41 Deseja-se projetar um sistema de controle que faça com que o sistema passe a ter um comportamento dinâmico descrito pela seguinte função de transferência: A seguir apresenta-se uma solução em malha aberta e outra em malha fechada. Dois cenários são apresentados: • distúrbio na entrada da planta d(t), • variação da planta do sistema. Comparações são realizadas sob o ponto de vista do comportamento estático. Malha aberta 42 Malha fechada 43 Malha aberta × Malha fechada - Efeito do distúrbio na entrada da planta d(t) Inicialmente vamos comparar o comportamento da malha aberta e da malha fechada considerando a presença de um sinal de referência r(t) = 1,t ≥ 0 e de um sinal de distúrbio na entrada da planta d(t) = 0.5,t ≥ 5seg 44 Open Loop - saída y(t) 45 Open Loop - erro e(t) 46 • Excita-se o sistema através de um sinal de referência do tipo degrau unitário r(t) = 1. • O sinal de saída y(t) converge para um valor estacionário ySS = 1. Ou seja, eSS = 0. • O aparecimento do sinal de distúrbio d(t) = 0.5 na entrada da planta em t = 5seg provoca uma mudança no valor do sinal de saída para o valor de regime estacionário ySS = 6. • Não é possível compensar o efeito do sinal de distúrbio d(t). 47 Closed loop - modelo simulink - distúrbio na entrada da planta 48 Closed Loop - saída y(t) 49 Closed Loop - erro e(t) 50 • Excita-se o sistema através de um sinal de referência do tipo degrau unitário r(t) = 1. • O sinal de saída y(t) converge para um valor estacionário ySS = 1 que equivale ao valor do sinal de referência r(t) = 1. Ou seja, eSS = 0. • O aparecimento do sinal de distúrbio d(t) = 0.5 na entrada da planta em t = 5seg provoca uma oscilação na saída y(t) mas em seguida converge novamente para ySS = 1. • É possível compensar o efeito do sinal de distúrbio d(t) utilizando um sistema de controle em malha fechada. 51 Malha aberta × Malha fechada - efeitos da variação da planta 52 Open loop - saída y(t) 53 Open loop - erro e(t) 54 55 Closed loop - saída y(t) 56 Closed loop - erro e(t) 57 58 Resumo Diagramas de blocos podem ser utilizados para representar um sistema de controle a partir de dispositivos abstratos que recebem entradas e produzem saídas como resposta a essas entradas. O controle em malha aberta consiste em aplicar um sinal de controle pré determinado com a finalidade de que, ao final de um determinado tempo, a variável controlada atinja um valor ou determinado comportamento esperado. No controle em malha fechada, é feita uma realimentação da saída para a entrada, de modo a determinar um sinal de controle a ser aplicado ao processo em um instante específico. 59 Atividades 1. O que é processo? 2. Qual é a diferença entre variável controlada (VC) e variável manipulada (VM)? 3. Dê um exemplo prático de um sistema de controle em malha aberta. 4. Dê um exemplo prático de um sistema de controle em malha fechada. 5. Qual o Problema básico de controle de processos? 60
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