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REDES DE COOPERAÇÃO - final

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PONTIFICIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL 
FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO, CONTABILIDADE E ECONOMIA 
CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS 
 
 
 
 
TÚLIO JOSUÉ PINHEIRO DOS SANTOS 
 
 
 
 
REDES DE COOPERAÇÃO: UMA SAÍDA PARA A 
SOBREVIVÊNCIA DAS PEQUENAS EMPRESAS DO SETOR 
FARMACÊUTICO DO RIO GRANDE DO SUL NO PERÍODO 
DE 2005 A 2009 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Porto Alegre 
Dezembro/2014
 
 
TÚLIO JOSUÉ PINHEIRO DOS SANTOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
REDES DE COOPERAÇÃO: UMA SAÍDA PARA A 
SOBREVIVÊNCIA DAS PEQUENAS EMPRESAS DO SETOR 
FARMACÊUTICO DO RIO GRANDE DO SUL NO PERÍODO 
DE 2005 A 2009 
 
 
 
 
Projeto de Monografia apresentado como 
requisito à aprovação na disciplina de Técnicas 
de Pesquisa em Economia do Curso de Ciências 
Econômicas da Faculdade de Administração, 
Contabilidade e Economia da Pontifícia 
Universidade Católica do Rio Grande do Sul. 
Orientador: Prof. Carlos Eduardo 
 
 
 
 
Porto Alegre 
Dezembro/2014 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 3 
2 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA DE PESQUISA ..................................................... 5 
3 JUSTIFICATIVA DA ESCOLHA DO TEMA ............................................................... 7 
4 DEFINIÇÃO DOS OBJETIVOS ..................................................................................... 9 
4.1 OBJETIVO GERAL .......................................................................................................... 9 
4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................................ 9 
5 REVISÃO DA LITERATURA ....................................................................................... 10 
6 METODOLOGIA ............................................................................................................ 23 
7 ESTRUTURA PROVISÓRIA ........................................................................................ 24 
8 CRONOGRAMA ............................................................................................................. 25 
9 REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 26 
 
3 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
 
Hoje, cada vez mais as micro e pequenas empresas, para competirem com as médias e 
grandes empresas, buscam alternativas e saídas para ganhar um espaço no mercado. Entretanto, 
esse espaço no mercado se torna cada vez menor. De acordo com os dados da GEM (Global 
Entrepreneurship Monitor) 44% dos brasileiros sonham em ter seu próprio negócio, o que 
aumenta a competitividade entre as pequenas empresas. E não somente o sonho em empreender, 
o Brasil se destaca em relação à probabilidade de abrir um negócio nos próximos 05 anos. 19% 
dos entrevistados, de acordo com a Endeavor, alegam ser muito provável esta hipótese. Se esta 
informação for comparada com a pesquisa GEM 2011, o Brasil fica atrás dos EUA (20%), à 
frente da União Europeia (10%), China (9%), Coreia do Sul (8%) e Japão (4%). 
Com esse aumento da competitividade, novas formas de organizações empresariais, 
como uma alternativa para o ganho do mercado, vem surgindo e tornando-se cada vez mais 
praticáveis no mercado. As Redes de Cooperação, assunto que será explanado ao longo do 
trabalho, é uma das formas organizacionais que não havia se falado nesse termo até antes de 
1990 no Brasil (SILVA, 2005). 
As Redes de Cooperação ou redes empresariais são organizações nas quais empresas 
se agrupam para conseguirem obter ganhos que na maioria das vezes as pequenas empresas não 
conseguem por si só. As Redes de Cooperação reúnem empresas que possuem objetivos 
comuns, em uma entidade juridicamente estabelecida, mantendo, no entanto, a independência 
e a individualidade de cada participante. Sua formação permite a realização de ações conjuntas, 
facilitando a solução de problemas comuns e viabilizando novas oportunidades. As empresas 
que integram uma rede conseguem reduzir custos, dividir riscos, conquistar novos mercados, 
qualificar produtos e serviços e ter acesso a novas tecnologias (SILVA, 2005). 
Uma das vantagens é o ganho de escala. Para exemplificar melhor pode-se considerar 
a seguinte situação: duas empresas decidem comprar 500 unidades de um produto X, cada uma 
por conta própria, talvez elas consigam comprar por um bom preço. Entretanto, se essas mesmas 
duas empresas decidiram fazer uma comprar conjunta, ou seja, comprarem juntas 1000 
unidades desse mesmo produto X, a barganha para redução de custos será maior podendo 
ocasionar uma redução no preço tornando o produto bastante competitivo. 
4 
 
 
No Brasil, o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) identificou 
778 Redes de Cooperação que operam em 79 segmentos diferentes de acordo com a Revista 
Conhecer de abril de 2014. O Rio Grande do Sul possui 168 centrais de negócios, número esse 
que equivale a 21,6% do total de centrais do Brasil, sendo considerado o estado com maior 
número de Redes Empresariais no Brasil. Além disso, as pequenas empresas são a maioria no 
mercado brasileiro. A quantidade de pequenas empresas equivale a 99,1% dos 
empreendimentos que geram 52,3% de empregos e representam 20% do PIB. 
Abaixo somente do setor de supermercados, o setor de farmácias é o segundo no 
ranking de números de Redes de Cooperação existentes no Brasil, com 70 redes operando nesse 
segmento, de acordo com a Revista Conhecer de abril de 2014 - SEBRAE. O segmento 
farmacêutico vem crescendo no Brasil passando da 10ª para a 6ª colocação no mercado 
farmacêutico mundial em 2013. E para o ano de 2016, acredita-se que o Brasil alcance a 4ª 
posição, ficando atrás apenas dos EUA, China e Japão, segundo projeção do IMS Health 
(companhia que mede e pesquisa dados relacionados à saúde mundial) e da OMS (Organização 
Mundial de Saúde). 
É nesse contexto que poderá ser observado e analisado que as empresas do segmento 
de farmácias podem se diferenciar e ganhar cada vez mais espaço no mercado brasileiro apesar 
do grande nível competitivo. Podendo, além disso, sobreviverem mais. 
 
5 
 
 
2 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA DE PESQUISA 
 
 
É pensando no bem estar e em um maior envolvimento das pequenas empresas no 
mercado competitivo, que este trabalho pretende responder como a organização em redes de 
cooperação pode aumentar o período de sobrevivência dos pequenos negócios. 
Os pequenos negócios são partes fundamentais para o desenvolvimento e distribuição 
de renda de um país. Quando verifica-se no âmbito regional e espacial são eles que estão 
ofertando para famílias, os produtos e serviços necessários para complementação das suas 
necessidades. Entretanto, as médias e grandes empresas estão cada vez mais aumentando e 
tentando conquistar um espaço maior no mercado. Para isso, elas precisam expandir seu 
território de atuação e como consequência competirem com as pequenas empresas que estão 
distantes dos centros urbanos instalando-se neste local. 
Com essa competição, as pequenas empresas que não sobrevivem ao grande ataque 
dos “oligopólios”, são na maioria familiares - de acordo com o SEBRAE 90% das empresas 
brasileiras são familiares - que pensam em ter seu próprio negócio e conquistar seu local no 
mercado. Entretanto, para conseguirem se manter, precisam ter as vantagens, ou melhor, 
precisam conquistar as vantagens que as empresas de grande porte usufruem, como um menor 
nível de custo de produção e diferenciação dos produtos. Menor custo de compra em grandesquantidades e obtendo ganhos em escala, e por diferenciação através de métodos inovadores. 
Muitos pequenos negócios possuem barreiras para conseguirem esses dois tipos de saídas, 
porém isso vem mudando com o surgimento de um novo modelo organizacional. 
Podem existir várias saídas para que os pequenos negócios não fiquem vulneráveis a 
este tipo de ataque, porém aqui, irá se tratar das organizações das empresas em Redes de 
Cooperação. As Redes de Cooperação são formas organizacionais onde as empresas que 
possuem um segmento em comum, se unem para que sejam mais competitivas e adquiram 
vantagens. Uma das principais vantagens são os ganhos de escala. Ganhos de escala através da 
redução de custos, uma vez que havendo a redução de custo, há uma redução de preços. Preços 
esses que podem ser competitivos e que podem aumentar a chance de sobrevivência dessas 
empresas. 
Cada vez mais a taxa de sobrevivência das pequenas empresas aumentando. A 
pesquisa Sobrevivência das empresas no Brasil de 2013, realizada pelo SEBRAE, mostra que 
6 
 
 
das empresas constituídas no ano de 2005 a 2007 a taxa de sobrevivência aumentou de 73,6% 
para 75,6% respectivamente. Entretanto, o que irá ser analisado neste trabalho não é se as 
pequenas empresas estão ou não sobrevivendo mais no Brasil, e sim comparar a diferença e 
conseguir demonstrar se as empresas organizadas em Redes de Cooperação tendem a sobreviver 
mais que os pequenos negócios em geral. 
Outro fator que deve ser levado em conta é que nem todos os segmentos são 
beneficiados ao se organizarem em Redes de Cooperação. Estudos ainda não demonstram quais 
setores são mais passíveis para esse tipo de organização, porém, pode-se observar alguns 
segmentos como o de farmácias, materiais de construção, supermercados e imobiliárias por 
exemplo, que se organizam dessa forma e ganham cada vez mais o mercado. 
No decorrer desse trabalho a analise irá se focar apenas no segmento de farmácia. Um 
setor em alta, com grande nível de crescimento. Buscando verificar as empresas desse setor e 
compará-las com as empresas organizadas em Redes de Cooperação desse mesmo segmento. 
Além disso, identificar se as empresas que atuam de forma coletiva tendem a sobreviver mais 
que as empresas que atuam de forma individual no período de 2005 a 2009 no estado do Rio 
Grande do Sul do segmento de farmácias. 
 
7 
 
 
3 JUSTIFICATIVA DA ESCOLHA DO TEMA 
 
 
Tradicionalmente o setor das pequenas e médias empresas é considerado importante 
por suas capacidades de gerar empregos ou contribuir para a produção industrial. Durante os 
anos 80, o interesse em estudar as pequenas e médias empresas aumentou em razão das 
dificuldades das grandes em sustentar o nível de emprego em grande parte da Europa Ocidental 
(SEBRAE, 1996). O que poderá ser visto nesse trabalho é que também durante esse mesmo 
período de 1980, o Brasil foi sustentado pelas pequenas e médias empresas no que se refere a 
geração de empregos e surgimento de novos negócios. 
Apesar das pequenas empresas serem fator importante na economia e no 
desenvolvimento local de determinado território, historicamente, as micro e pequenas empresas 
(MPE) tendem a apresentar dificuldades no mundo da competição em função de itens como: 
custos elevados de produção, escala reduzida, pouca informação gerencial particularmente em 
relação ao comportamento de mercado, colaboradores não suficientemente capacitados, 
deficiência no campo da tecnologia de produto e processo, deficiência em termos das linhas de 
créditos específicas disponíveis e utilização inadequada das práticas e técnicas de gestão 
disponíveis (ANTUNES, BALESTRIN, VERSCHOORE, 2010, p. 19). 
Entretanto, as Redes de Cooperação entre MPEs, têm o intuito de enfrentar e superar 
as dificuldades observadas, sob duas óticas distintas e inter-relacionadas: i) suportando o 
desenvolvimento de ações coletivas das empresas (por exemplo: desenvolvendo uma marca 
comum, incrementando ações de marketing comuns, realização de compras coletivas); ii) 
colaborando para o desenvolvimento de atividades de gestão específicas no âmbito de cada 
empresa individual (ANTUNES, BALESTRIN, VERSCHOORE, 2010, p. 19). 
O segmento de farmácia, que é o setor que será analisado nesse trabalho, passa por um 
período de crescimento. A elevação da renda e a melhora na sua distribuição têm favorecido o 
consumo de medicamentos nos últimos anos no Brasil. Hoje 54% da população brasileira 
consomem remédios regularmente, conforme o estudo Saúde, Medicalização e Qualidade de 
Vida, do Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade (ICTQ). Adicionalmente, a indústria 
farmacêutica, em franca ascensão, contribui de forma decisiva para o crescimento do produto e 
da renda nacional (LEONARDI, 2014). 
8 
 
 
Os pequenos negócios do segmento farmacêutico optam por se organizar em Redes de 
Cooperação para competir com as grandes empresa. Essa melhor condição de competitividade, 
ocorre em função dos ganhos de escala obtidos quando as empresas se organizam em Rede. Os 
três principais ganhos são: Compras conjuntas, Centro de distribuição conjunto e marketing 
compartilhado. Através destas ações em conjunto as pequenas farmácias conseguem negociar 
melhores preços com os fornecedores, dividir custos de armazenamento e distribuição e 
fortalecer a marca no mercado. Da perspectiva do consumidor, aumentam as chances de compra 
de uma empresa vinculada a uma marca forte e reconhecida, do que de uma farmácia que não 
tenha estas possibilidades, portanto, como tendência, acredita-se que não sobrevivam pequenas 
farmácias que não estejam vinculadas à Redes de Cooperação (ZORTÉA, 2014). 
Este trabalho focará em demonstrar que, as empresas organizadas em Redes de 
Cooperação tendem a ficar mais tempo no mercado e competir com as médias e grandes 
empresas. Podendo assim, ser uma forma de apresentar uma saída para a sobrevivência das 
pequenas empresas e explicar as vantagens que estas ganharão ao fazer parte de uma Rede de 
Cooperação. 
Além disso, o estudo desse tema trará para a sociedade todo o benefício para o 
desenvolvimento local e principalmente para o desenvolvimento dos territórios mais afastados 
das capitais. A disseminação das informações para ás micro e pequenas empresas trarão mais 
benefícios que ainda estão sendo usufruídos pelas grandes empresas. 
9 
 
 
4 DEFINIÇÃO DOS OBJETIVOS 
 
 
4.1 OBJETIVO GERAL 
 
O objetivo geral deste trabalho é responder se a organização em redes de cooperação 
é uma opção de saída para a sobrevivência dos pequenos negócios do setor farmacêutico que 
atuam no mercado de forma individual e não colaborativa durante o período de 2005 e 2009. 
 
 
4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 
 
- O que são Redes de Cooperação e abordar o assunto no Brasil e no mundo; 
- Relatar sobre o processo de crescimento das pequenas empresas do setor 
farmacêutico; 
- Analisar a base de dados do SRF cruzando as informações de tempo de 
sobrevivência das empresas individuais e as empresas organizadas em Redes de 
Cooperação para verificar a variação de aumento ou redução do tempo de existência. 
 
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5 REVISÃO DA LITERATURA 
 
 
Não é de um período mais recente que as pequenas empresas vêm a fazer parte do 
processo produtivo da economia. Com a transação do período feudal, no qual prevalecia a 
organização em corporações de oficio, para o capitalismo, houve o surgimento de pequenas 
unidades de produção (AMATO NETO, 2006, p. 22). Com o aumento da divisão econômica 
do trabalho veio também um crescente aumento da produtividade, que foi mais intensivo com 
a chegada da Revolução industrial, trazendo inovações tecnológicas duranteo século XVIII e 
XIX. 
Com inúmeros entraves para o desenvolvimento dessas empresas advindos de duas 
forças: Os oligopólios, que fornecem os insumos para essas empresas e controlam os preços de 
venda, e os oligopsônios, que compram esses produtos determinando o preço de compra. Um 
estudo pela New Scientist realizado no Instituto Federal de Tecnologia de Lausanne, na Suíça, 
pela equipe de matemáticos coordenados pelo Prof. James Glattfelder revelou que 20% das 
vendas mundiais são controladas por apenas 1.318 grandes empresas. Muito nas mãos de 
poucos. E isso não só prejudica o desempenho das micro e pequenas empresas por conta da 
grande competitividade, como também na distribuição de renda para a sociedade. 
Antes de analisar qual a necessidade das empresas organizarem-se em Redes de 
Cooperação, o surgimento dos pequenos negócios no Brasil deve ser conhecido. 
A partir do fim da Primeira Guerra mundial, alguns países europeus ficaram com suas 
economias enfraquecidas, ao contrário dos Estados Unidos que crescia a cada dia e lucrava 
sempre mais com a exportação de alimentos e de produtos industrializados. Com esse 
crescimento vem um aumento de empregos, de renda, preço baixo, ganho de competitividade e 
aumento do consumo (JUNIOR, 2008). 
O problema é que os EUA se acostumaram com o grande crescimento levado pelo 
consumo interno e pelas exportações entre o período de 1918 a 1928. Porém a Europa se 
recuperava e deixava de importar produtos. Os EUA como seu principal ofertante sofreu as 
consequências. Não tendo mais para quem vender uma grande quantidade de produtos surge 
uma série de fatores que levou o mundo a uma das maiores crises do mercado como, queda de 
preço, redução de produção, aumento do desemprego, e mais redução de consumo completando 
o círculo vicioso. A paralisia do comércio era inevitável. 
11 
 
 
Em 1929 a queda das ações da bolsa de Nova Iorque marcou o início da Grande 
Depressão, como ficou conhecida a crise de 1929, atingindo vários países incluindo o Brasil. 
Neste período o Brasil era voltado para a produção agrária, tendo como principal produto o café 
e como principal demandante os EUA. Com essa redução das exportações de café e para que o 
preço fosse mantido grande parte da produção foi comprada pelo governo brasileiro e como 
uma saída para a desvalorização queimou o café para que houvesse a sustentação da demanda, 
do emprego e das causas do efeito multiplicador (JUNIOR, 2008). 
Os produtores de café para sair da crise, são induzidos a investir no setor industrial e 
é a partir da década de 30 que ocorre a expansão desse setor e o PSI (Processo de Substituição 
de Importações). De acordo com os economistas da Comissão Econômica para a América 
Latina e o Caribe (CEPAL), principalmente Celso Furtado e Raúl Prebisch, traduzidas pelas 
palavras de Fonseca, essa 
 
[...] crise da agroexportação induz ao crescimento industrial por forçar o 
governo a adotar políticas voltadas a resolver problemas em seu próprio 
âmbito, como os déficits públicos e do balanço de pagamentos. Para tanto, 
atua em variáveis básicas, como as taxas de câmbio, de juros e de impostos, 
contribuindo para incentivar a industrialização (FONSECA, 2003, p. 3). 
 
Foi a partir desse período que o Brasil passou por transformações estruturais. A 
sociedade passa de um perfil agroexportador para uma base industrializada. Antes, havia 
grandes números de empresas compostas apenas por grupos familiares, de perfil rural, e pouco 
diferenciada, a partir desse período e ao longo das décadas observam-se empresas de grande 
porte, de perfil urbano, com padrões complexo de gestão empresarial e organização interna, 
com estrutura diferenciada e especializada (DINIS E BOSCHI, 1978, p. 21). 
Com essa mudança na estrutura produtiva, estímulos para investimentos foram 
gerados, como pode-se verificar com a criação do CREAI (Carteira de Crédito Agrícola e 
Industrial), em 1937, um sistema de empréstimos para a compra de máquinas e equipamentos 
já que o Brasil não possui uma estrutura produtiva para criação de bens de capital inovadores. 
Além disso, a modernização era necessária, caso contrário, as empresas que não se ajustassem 
ao novo modelo de produção poderiam não sobreviver. As empresas que seguiam o padrão, 
muitas vezes tinham dificuldades para competir diante das grandes empresas que se formavam 
(DINIS E BOSCHI, 1978, p. 21). 
12 
 
 
Cada vez mais o processo de industrialização era crescente, deixando de lado cultura 
agroexportadora, porém os incentivos aos investimentos em equipamentos e tecnologias para a 
modernização eram cada vez mais regrados pelo regime burocrático. As empresas agora passam 
a ser mais dependentes de novos investimentos - capital intensivo - e da utilização de tecnologia 
avançada. É nesse contexto que acontece a crise do sistema de industrialização em 1960 (DINIS 
E BOSCHI, 1978, p. 21). 
No início, o PSI trazia um aumento no nível de emprego e do mercado consumidor. O 
aumento do nível de emprego devido à necessidade de mão-de-obra, apesar de desqualificada, 
para a produção, e consequentemente um aumento do consumo advindo de um aumento de 
renda. Entretanto, esse crescimento não durou por muito tempo. As empresas necessitavam de 
tecnologias mais sofisticadas e poupadoras de mão-de-obra com o avanço da industrialização 
(FONSECA, 2003, p. 22). 
Esse avanço aumentava a necessidade de tecnologias importadas, o que agravada ainda 
mais a balança de pagamentos e o estrangulamento externo. E ainda gerava contradições ao 
modelo que exigia, para sua reprodução, um aumento do investimento em bens de capital e de 
mão-de-obra qualificada, o que não havia em grande quantidade na América Latina. 
 
Um completo divórcio entre as funções macroeconômicas de produção 
(virtuais) que seriam mais adequadas a uma tal dotação de recursos e aquelas 
que resultam por agregação das funções microeconômicas efetivamente 
adotadas pelos empresários no processo de substituição de importações, face 
ao sistema de preços relativos existentes. (TAVARES, 1972, p. 52). 
 
Com a necessidade de máquinas e equipamentos mais sofisticados para reduzir o custo 
de mão-de-obra dentro das empresas, vem um aumento do desemprego gerado não somente por 
esse fator, mas também pelo êxodo rural no início da década de 1960 (FONSECA, 2003, p. 24). 
A crise do processo industrial afetou principalmente a indústria de transformação. 
Somente no estado de São Paulo foram mais 550 mil postos de trabalhos reduzidos durante o 
período de 1981 a 1983 (MASSEI, 1989, p. 71). Com isso, foi necessária uma saída para o 
desemprego, onde surgiram as iniciativas individuais em meados da década de 1980, fazendo 
com que o número de microempresas aumentasse e que o segmento de prestação de serviços, 
onde a exigência de pessoal é mínima, se desenvolvesse no período da “década perdida” como 
ficou conhecida a década de 1980. 
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Com isso, o surgimento do estatuto das microempresas foi criado em 27 de novembro 
de 1984. Denominou-se de Estatuto da Microempresa porque aglutinou, em uma só lei, diversos 
assuntos de interesse das microempresas. Esta lei concedeu tratamento diferenciado, 
simplificado e favorecido às microempresas nos campos administrativo, tributário, 
previdenciário, trabalhista, creditício e de desenvolvimento empresarial (MELCHOR, 1999). 
Além do crescimento do número de micro e pequenas empresas durante o período da 
década perdida, o aumento dos empregos gerados por estas empresas eram de grande 
relevância. Alguns indicadores da indústria de transformação paulista, retratados por 
estatísticas do MTE/RAIS, apontam que só no ano de 1986 surgiram 13.781 novos 
estabelecimentosindustriais contra 13.850 estabelecimentos acrescidos à estrutura industrial 
das Mpe’s no período de 1981 a 1985 (MASSEI, 1989, p. 73). 
A partir dos anos 1990 a dinâmica da economia brasileira começou a se modificar. As 
grandes taxas de inflação, a redução de crédito e o desemprego foram se revertendo, entretanto 
as empresas precisariam se alinhar a um novo padrão organizacional e tecnológico que 
predominava nos países capitalistas avançados (ANJOS, 2002, p. 43). 
Para Olave e Amato Neto (2001), a partir do crescimento da internacionalização da 
economia intensificou-se a necessidade da reorganização dos fatores produtivos e os modos de 
gestão empresarial com a finalidade de compatibilizar a organização com padrões 
internacionais de qualidade e produtividade. Devido a esse fato, as organizações adotam novas 
formas de gestão de trabalho, nos seus produtos e nos seus processos de produção, inovando na 
preocupação de se ajustar com as exigências mundiais. É lógico pensar que o uso da tecnologia 
têm significativas implicações nos processos produtivos e condicionam as empresas na adoção 
de novas estratégias. Entre essas estratégias encontram-se a formação de redes entre empresas, 
uma prática atual que pretende garantir a sobrevivência e competitividade principalmente das 
pequenas e médias empresas, criando desta forma, uma nova arquitetura organizacional e 
inovando na formação de relacionamento entre empresas. 
Um contraponto ao processo de fusão das grandes empresas é a formação de redes 
empresariais. As redes empresariais, ou redes de cooperação são formas organizacionais onde 
empresas com objetivos comuns se unem para melhor competirem no mercado e terem 
vantagens comparativas frentes as outras empresas de pequeno ou grande porte. De acordo com 
Balestrini e Verschoore (2010), dentre as vantagens estão: 
a) ganhos de escala e poder de mercado: 
 
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[...] esta vantagem está associada exclusivamente para o tamanho da 
rede, das empresas que a compõem. Quanto maior o número de 
empresas, maior é o ganho de escala e maior seu poder de mercado. 
Com as empresas comprando insumos de forma ampla, podem 
barganhar com fornecedores, fazendo com que reduza o custo e o preço 
do produto final e ganhe espaço no mercado [...]; 
 
b) acesso a soluções: 
 
[...] onde partes dos problemas das empresas podem ser internalizadas 
como acesso ao crédito, auxílio contábil, capacitação de associados, etc. 
Tudo que esteja vinculado à rede para o desenvolvimento dos seus 
associados [...]; 
 
c) aprendizagem e inovação: 
 
[...] com as empresas agrupadas e cooperando o fator de aprendizagem 
como desenvolvimento de habilidades coletivas, e o fator inovação que 
são desenvolvidas nas redes juntas com os associados, fazem com que 
as empresas se diferenciem [...]; 
 
d) redução de Custos e Riscos: 
 
[...] com as empresas organizadas em cooperação, este fator é reduzido 
e dissipado entre os associados. Os custos estão vinculados não só ao 
ganho efetivo de escala que essas empresas absorvem, mas também 
relacionado aos custos internos advindos do gerenciamento de suas 
dependências, o estabelecimento, a manutenção, etc. Os riscos estão 
ligados à aquisição de recursos. Recursos estes que podem vir da 
própria rede, já que este tipo de organização facilita o relacionamento e 
o acesso a recursos tanto da própria empresa quanto da rede. Porém, há 
15 
 
 
inúmeras dificuldades para geração de recursos, e dificuldades ainda 
maiores quando a aquisição é feita externamente. A complementaridade 
entre as empresas faz com que esses custos e ricos sejam reduzidos [...]; 
 
e) relações sociais: 
 
[...] esta vantagem está associada a como as pessoas de uma 
determinada comunidade se relacionam e trocam informações de forma 
que, isso possa trazer benefícios individuais ou coletivos. Isso 
possibilita um aumento de confiança, das relações entre os associados, 
um maior espaço para contatos e discussões dos problemas internos 
[...]. 
 
Entretanto, essas vantagens estão relacionadas às empresas agrupadas em Redes de 
Cooperação. Os pequenos negócios apesar de estarem a cada ano participando mais do processo 
competitivo entre as empresas, e como um grande aumento de número de empresas de pequeno 
porte no Brasil, estão mais expostos à mortalidade antes dos dois anos de vida. 
As empresas por estarem agrupadas em Redes de Cooperação tendem a sobreviver 
mais, pois possuem vantagens, como já ditas anteriormente, que as pequenas empresas sozinhas 
na maioria dos casos não conseguem obter. Sendo os pequenos negócios responsáveis por 99% 
dos empreendimentos brasileiros, de acordo com o diretor-técnico do SEBRAE, Carlos Alberto 
dos Santos e, apesar do índice de mortalidade está diminuindo a cada ano, como se pode 
observar na pesquisa realizada pelo SEBRAE (Gráfico 1), a sobrevivência dos pequenos 
negócios ainda é uma das preocupações em tempos atuais já que o Brasil passar por problemas 
de produtividade e competitividade. 
 
16 
 
 
 
Gráfico 1 – Taxa de mortalidade de empresas até dois anos, evolução no Brasil. 
 Fonte: SEBRAE, 2013. 
 
Apesar das particularidades históricas e culturais de cada uma das regiões e países, 
muitos ensinamentos podem ser colhidos e aplicados em diferentes partes do mundo. O 
relacionamento entre empresas, pequenas ou grandes, supõe competição e cooperação. A 
competição por novos mercados é uma das atividades que vêm afetando o relacionamento entre 
empresas com maior intensidade. Essa tendência histórica se tornou mais intensa a partir dos 
anos 90, com a plena abertura ao comércio internacional por parte de países da América Latina, 
das repúblicas independentes da então União Soviética, dos países do Leste Europeu, e da China 
(SILVA, 2005). 
No caso japonês esse período teve início em 1947, momento pós-guerra, quando o país 
começou a se reconstruir e assegurar financiamento às pequena e médias empresas. Em 1975 o 
país adotou políticas de reestruturação, abandonando os setores estagnados e valorizando os 
com melhores perspectivas. Em 1980 o Japão utilizou desses mesmos segmentos que 
apresentavam melhoras para começarem a modernização e promover reformas estruturais 
auxiliando o desenvolvimento de grupos locais, na integração em cooperativas, na construção 
de armazéns conjuntos além de proporcionar serviços de consultoria. 
Ainda no caso japonês, pode-se verificar, a partir da concepção de Amato Neto (2000) 
que as pequenas empresas são importantes para o desenvolvimento local e social do país, não 
só porque as pequenas empresas são propícias à inovação e geração de emprego, mas também, 
como sua utilidade de servirem como fornecedoras para as grandes empresas, atuando no 
26,40%
24,90%
24,40%
23,00%
23,50%
24,00%
24,50%
25,00%
25,50%
26,00%
26,50%
27,00%
Empresas constituídas em
2005
Empresas constituídas em
2006
Empresas constituídas em
2007
17 
 
 
interior de uma organização como é o caso da keiretsu do grupo Toyota. Essas interações 
acabaram por servir de paradigma para o estudo de Redes de Cooperação no mundo. 
O sistema de estratégia japonês baseia-se em três forma de integração industrial, que 
segundo Fleury e Fleury (2001) são: A indústria, a empresa e a rede de interempresarial que 
foram se formando ao longo da história do país e que se classificam em três formas: 
a) os agrupamentos horizontais de companhias de diferentes indústrias e setores 
que os japoneses denominam de kijo shudam ou zaibatsu (como é o caso da 
Mitsubishi); 
b) os agrupamentos verticais, os keiretsu, dominados por uma empresacom suas 
fornecedoras (como exemplo a Toyota); e 
c) os agrupamentos ad hoc, em que as empresas participam de um arranjo 
temporário de atividades, com duração limitada, como em determinados projetos 
incentivados pelo governo ou mesmo por iniciativa de associações empresariais. 
No caso italiano ocorreu um pouco diferente do japonês. 
 
A experiência italiana, diferentemente do que ocorreu no Japão, conduziu a 
reconstrução e desenvolvimento do país no período pós-guerra com a criação 
de redes de pequenas e médias empresas dinâmicas e flexíveis em cada região, 
sem o apoio de grandes estruturas industriais, financeiras e comerciais. Assim, 
na Itália, observa-se que os grandes grupos industriais têm sua importância 
reduzida e as empresas de médio porte têm seu valor limitado. Por outro lado, 
as empresas com menos de 100 empregados representam 99% do total e geram 
70% dos empregos. Dessa forma, o país, hoje uma potência industrial de 
destaque no cenário internacional, é um exemplo do papel preponderante das 
redes de cooperação de pequenas empresas no desenvolvimento nacional. 
(SILVA 2005, p. 2). 
 
Ainda na Itália, as empresas de pequeno e médio porte foram essenciais para o 
desenvolvimento e reconstrução do país no período pós-guerra. Sem a ajuda das empresas de 
grande porte e sem auxílio das instituições financeiras, foram se formando, em várias regiões, 
inúmeros grupos industriais. Dessa forma, o país se tornou uma grande potência industrial e um 
grande proponente para o agrupamento das empresas em Redes de Cooperação. 
18 
 
 
Um dos exemplos que pode-se verificar é uma “marca” italiana chamada Benetton. 
Segundo Ribault; Martinet e Lebidois (1995), entende-se como uma “rede de redes”. A 
estrutura de Benetton é formada por um núcleo que compreender várias redes em seu grupo de 
coordenação, como: rede de produção, a rede financeira, rede de vendas, etc. 
Já na Alemanha as pequenas empresas não possuem benefícios em termos legais, 
porém as microempresas estão isentas de várias exigências. Para que haja uma compensação da 
desvantagem em relação as grandes empresas como recursos humanos, recursos financeiros, 
acesso a fornecedores e a capital financeiro, as pequenas empresas buscam se integrar, de forma 
temporária ou permanente. De acordo com a CETEB (Centro de Ensino Tecnológico de 
Brasília), na Alemanha em 1970 as pequenas empresas correspondiam a 98,8% do total de 
empresas do país empregando 44,2% da força de trabalho existente. 
No Chile, segundo Amato Neto (2000), a partir dos anos 90, o Estado valorizou 
medidas de busca de competências e conhecimentos rápidos, por meio da criação de redes de 
confiança. Para isso, uma instituição sistematiza relações de confiança entre empresas com o 
objetivo de estimular as condições locais favoráveis ao desenvolvimento da competitividade e 
da cooperação. 
Amato Neto (2000) cita ainda que na Argentina, a perspectiva não é positiva uma vez 
que sua situação política e econômica vem sendo prejudicada por uma série de fatores, inclusive 
o elevado déficit da balança de exportações dentro do MERCOSUL. O país apresenta altos 
custos de mão-de-obra, frete e energia. Com a crise, agravada pela incerteza e desconfiança, 
cada empresa procura a autossuficiência e isso dificulta a cooperação entre si. 
 
No México, o Programa de Desenvolvimento Empresarial vai além do apoio 
creditício e concentra-se na capacitação tecnológica e gerencial, no acesso à 
informação especializada, à assistência técnica e na criação de novas formas 
de cooperação interempresarial como o associativismo. (AMATO NETO, 
2000). 
 
Na América latina pode-se observar alguns traços em comum. Segundo Amato Neto 
(2000), a grande parte dos países sofreram com a abertura comercial no início dos anos 90 e 
vem sendo ainda mais prejudicados, em relação à economia, com o aumento da globalização, 
fazendo com que os investimentos se enfraqueçam atingindo o governo nacional, aumento o 
desemprego e a perda do poder aquisitivo da população. 
19 
 
 
 
Os pesquisadores apresentados nessa abordagem sobre redes de cooperação 
ao redor do mundo deram maior destaque às experiências que vêm ocorrendo 
no Japão e na Itália. Apesar das particularidades históricas e culturais de cada 
um desses países, muitos ensinamentos podem ser colhidos e aplicados em 
outras partes do mundo, inclusive no Brasil. Na indústria japonesa, há uma 
forte dependência dos pequenos fornecedores para com as grandes empresas, 
e esta relação pode ser duradoura quando há bom desempenho, 
particularmente quanto à qualidade dos produtos fornecidos. Nos distritos 
industriais italianos, verifica-se o agrupamento de pequenas empresas que 
assim conseguem economias de escala semelhantes às das grandes e passam 
a ter maior poder de barganha além de desenvolverem o senso de 
responsabilidade e de confiança entre seus integrantes, permitindo assim 
maior intercâmbio e cooperação. (SILVA 2005). 
 
A exemplo das experiências internacionais, com o sucesso das empresas se agrupando 
em Redes de Cooperação, o Brasil vem tornando-se cada vez mais comum o sistema 
empresariado e também nas universidades estudarem esse tema e se aperfeiçoarem. O sistema 
empresarial busca medidas para que se estabeleça vantagens para competirem com as grandes 
empresas e com o mercado internacional. As universidades buscam entender melhor os ganhos 
obtidos pelas pequenas empresas quando elas agrupam-se em Redes de Cooperação e também 
influenciado a formulação de políticas governamentais para beneficiar ainda mais as pequenas 
empresas. 
Além disso, o setor público foi impulsionado pela criação do Ministério do 
Desenvolvimento, Indústria e Comércio em 1999, que também incorporou o Comércio 
Exterior. O Ministério tinha como função elaborar uma nova política industrial e que englobou, 
em 2000, a formulação de diretrizes para apoiar as micro e pequenas empresas. 
De acordo com Silva (2005) as pesquisas relacionadas à cooperação entre empresas 
tiveram início na década de 1990 e foram realizadas no Estado de São Paulo através do 
acompanhamento de projetos de implementação de Pólos e Distritos Industriais. 
Santos; Pereira e França (1994) falam sobre uma experiência no estado de São Paulo 
com 615 empresas e 9 projetos que foram implementados no ano de 1991 e 1992. Essa análise 
já foi expandida para outras regiões do estado de São Paulo e que poderá ser vista, de forma 
20 
 
 
simplificada, neste trabalho. Abaixo (Quadro 1) poderá ser observado os projetos e as empresas 
associadas que participaram dessa experiência. 
Essa primeira avaliação serviu de base para disseminar a importância e a possibilidade 
de ações cooperativas entre empresas concorrentes serem alastradas para outras regiões e 
estados. 
 
 Quadro 1 – Setores de Redes de Cooperação do estado de São Paulo 
Setores Empresas associadas 
Confecção 155 
Têxtil faccionista 58 
Têxtil industrial 69 
Derivados da mandioca 26 
Cerâmica vermelha 125 
Calçadista 37 
Confecção 32 
Confecção 57 
Moveleiro 57 
 Fonte: Adaptado de Santos; Pereira e França (1994, p.49) 
 
No ano de 1994 foi possível observar os principais resultados obtidos desses 9 Pólos 
que estavam sendo integrados. A seguir segue uma preliminar: 
 O projeto Pólo promove inovação no sentido de introduzir essa cultura de cooperação entre 
empresários brasileiros de micro e pequenas empresas. 
 Promove o fortalecimento das entidades empresariais de base. 
 Os empresários participantes observaram a importância de conhecer as tecnologias emergentes 
em seus respectivos setores de atuação. 
 As empresas estão procurando evoluir sua dinâmicaadministrativa e seus processos produtivos 
com o objetivo de maximizar os seus resultados. 
 Desta avaliação preliminar dois aspectos gerais merecem destaque: 
- O projeto Pólo representa uma grande inovação em termos de metodologia de 
abordagem e mobilização dos empresários com vistas a solucionar problemas comuns; 
- A experiência desenvolvida pode ser aplicada com pequenos ajustes a outros setores 
de atividade e outras localidades do território nacional. 
21 
 
 
 Com a implementação dos projetos propostos em cada área (Marketing, Produção e Gestão 
Empresarial), observa-se um desenvolvimento setorial e regional nas quais as empresas 
integrantes do Pólo atuam. 
 Observa-se a conscientização para a preservação do meio ambiente por parte dos empresários 
integrantes do Projeto Pólo. 
 Propicia um melhor relacionamento entre os setores envolvidos nos diferentes elos que 
compõem a cadeia produtiva. 
 Foram fortalecidas as relações entre as empresas integrantes dos Pólos estabelecidos nas 
diferentes regiões e as comunidades locais. 
 Constata-se que a cooperação entre micro e pequenas empresas é uma estratégia que permite 
atingir dois alvos: 
- Soluciona, através da união de esforços e recursos, a dificuldade que uma pequena 
empresa tem de isoladamente financiar projetos de modernização, como compra de 
equipamentos, pesquisa tecnológica e outros; 
- Através da cooperação, as empresas conseguem resolver problemas comuns ao 
segmento e presentes em todas elas, os quais extrapolam o ambiente de controle de uma só 
empresa (SANTOS; PEREIRA e FRANÇA, 1994, p.160-164). 
No Rio Grande do sul, existe o programa de Redes de Cooperação que é estudado pela 
Universidade Católica de Pelotas (UCPel). Esse programa organizado pela UCPel tem como 
objetivo orientar e incentivar as empresas se organizarem em Redes de Cooperação oferecendo 
toda a base e suporte para que ocorra a colaboração. O Governo do Estado também dá o suporte 
para que o programa aconteça de forma positiva. Como já dito anteriormente a organização das 
empresas em Redes são reafirmadas através das premissas de funcionamento do programa pela 
UCPel: 
 As Redes de Cooperação reúnem empresas que possuem objetivos comuns, em uma 
entidade juridicamente estabelecida, mantendo, no entanto, a independência e a 
individualidade de cada participante. Sua formação permite a realização de ações 
conjuntas, facilitando a solução de problemas comuns e viabilizando novas 
oportunidades. As empresas que integram uma rede conseguem reduzir custos, dividir 
riscos, conquistar novos mercados, qualificar produtos e serviços e ter acesso a novas 
tecnologias. 
 Dispõem de uma central de negócios que permite obter condições mais vantajosas para 
seus integrantes, considerando-se que um volume maior de negócios exige novos 
mercados, possibilitando diminuir os custos na compra de matéria-prima, o ajuste de 
22 
 
 
prazos de pagamento e ganho em qualidade. Assim, fica mais fácil oferecer ao 
empreendedor preços acessíveis e produtos melhores. 
 A central de marketing compartilhado possibilita desenvolver campanhas publicitárias 
para a rede, melhorando a comunicação com os consumidores, fortalecendo a marca, 
firmando um conceito comum a custos acessíveis a todos. 
 É possível estabelecer parcerias com fornecedores, distribuidores, prestadores de 
serviços, consultorias para recursos humanos, entre outros. Dessa maneira, as empresas 
se qualificam e podem competir com mais força no mercado. 
 São destacados os seguintes benefícios às empresas integradas em redes: 
- permite a definição de estratégias conjuntas; 
- preserva a individualidade e protege os dados das empresas; 
- valoriza marcas e possibilita marketing compartilhado; 
- reduz custos de produção e riscos de investimentos; 
- intensifica a comunicação e o acesso à informação; 
- amplia a escala produtiva e as dimensões de mercado; 
- facilita o acesso ao crédito; e 
- facilita a capacitação gerencial. 
De acordo com Silva (2005), 
 
[...] a importância que as redes de cooperação têm para o 
desenvolvimento econômico e social do Brasil, bem como para a 
valorização das microempresas e empresas de pequeno porte como 
agentes desse desenvolvimento [...] Essa contribuição é mais 
significativa e tem maior alcance econômico e social quando conta com 
o apoio de órgãos públicos, não só em forma de subsídio financeiro ou 
tributário mas com assessoria técnica e administrativa, e facilidades de 
acesso e incorporação de novas tecnologias. 
 
23 
 
 
6 METODOLOGIA 
 
 
Para chegar a uma conclusão sobre o problema de pesquisa explanado no início deste 
trabalho, utilizar-se-á dos dados do Secretaria da Receita Federal (SRF), onde irá conter o 
Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ), Classificação Nacional de Atividade Econômica, 
municípios, data de abertura e setor econômico (Serviço, indústria, comércio e agronegócios) 
das empresas do Rio Grande do Sul que será disponibilizada pelo SEBRAE. Com essa base de 
dados poderá ser comparada as empresas que foram criadas e quais destas no período de dois 
anos vieram a fechar, podendo serem comparadas com as empresas agrupadas em Redes de 
Cooperação do setor de farmácia. 
Os dados da SRF serão utilizados para fazer o comparativo das empresas organizadas 
em Redes de Cooperação com as empresas que não fazem parte deste tipo de organização, ou 
seja, empresas que trabalham individualmente. Os dados recolhidos como base serão dos anos 
de 2005 a 2009, podendo ser comparadas em dois períodos de tempo diferentes. 
Além disso, para que a comparação possa ser realizada sem que as conclusões se 
comprometam, técnicas estatísticas serão utilizadas como Teste Não Paramétrico de Médias de 
Mann-Whitney, “[...] usado para testar se duas amostras independentes provêm de populações 
com médias iguais”. 
24 
 
 
7 ESTRUTURA PROVISÓRIA 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
2 BREVE HISTÓRICO DO PROCESSO INDUSTRIAL BRASILEIRO E AS REDES DE 
COOPERAÇÃO NO BRASIL E NO MUNDO 
2.1 PROCESSO DE INDUSTRIALIZAÇÃO BRASILEIRO 
2.2 COMO SURGIRAM AS REDES DE COOPERAÇÃO 
2.3 O QUE SÃO REDES DE COOPERAÇÃO? 
 
3 REDES DO SETOR FARMACÊUTICO NO BRASIL 
3.1 CENÁRIOS ECONÔMICO DO SEGMENTO DE FARMÁCIAS 
3.2 REDES DE FARMÁCIAS NO BRASIL 
 
4 REDES DE COOPERAÇÃO FARMACÊUTICAS NO RIO GRANDE DO SUL: 2005 - 
2009 
4.1 MÉTODOS UTILIZADO - TESTE NÃO PARAMÉTRICO DE MÉDIAS 
4.2 DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS 
 
5 CONCLUSÃO 
 
REFERÊNCIAS 
 
25 
 
 
8 CRONOGRAMA 
 
 
 
2015 
Mar Abr Mai Jun Jul Férias Ago Set Out Nov Dez 
Capitulo 2 x x 
Capitulo 3 x x x 
Capitulo 4 x x x 
Introdução x 
Conclusão x 
Revisão x 
Defesa x 
 
 
26 
 
 
9 REFERÊNCIAS 
 
 
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