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ALEGAÇÕES FINAIS SOB A FORMA DE MEMORIAIS

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE BELO HORIZONTE
Autos n.º 2269489-12.2017.4.00.5012
Autor: Ministério Público
Denunciado: TÍCIO EMÍLIO ESCOBAR JR
	TÍCIO EMÍLIO ESCOBAR JR., já qualificado nos autos em epígrafe, vem, respeitosamente, perante V. Exa., por intermédio de seu advogado abaixo-assinado, com fulcro no art. 403, § 3º, do código de Processo Penal, apresentar ALEGAÇÕES FINAIS SOB A FORMA DE MEMORIAIS, conforme os fatos e fundamentos jurídicos a seguir dispostos:
Dos Fatos
Narra a peça acusatória, em síntese, que o denunciado, ora citado, se encontrava em um local conhecido popularmente por beco x, ponto de tráfico de drogas, localizado à rua dos Trevos, nº. 4.000, no bairro Céu nublado, em Belo Horizonte-MG, no dia 12 de Novembro de 2017. 
Ainda de acordo com a denúncia recebida pelo Douto Magistrado, o réu apresentou atitude suspeita quando avistou a viatura da polícia militar vindo em sua direção, esboçando sinais de que iria correr. Aparentemente, o réu estava sob efeito de entorpecentes, com sinais de havia feito uso de cannabis sativa (maconha). Conforme consta na denúncia, na abordagem policial, o réu confirmou ter feito uso da maconha, após passar pela busca pessoal. Foi localizada determinada quantidade de droga, nas proximidades do local onde se encontrava o réu, deduzindo tal denúncia, que seria de propriedade do réu.
Ao final do processo, a acusação pede a condenação do acusado nas penas do art. 33, caput, da Lei 11.343/06. As alegações finais ratificarão os argumentos sólidos, e de forma mais sucinta possível, os motivos de fato e de direito, pelo qual o réu não deve ser condenado, em sua integralidade pelo ilustríssimo julgador. 	
Do suposto tráfico
Cabe fazermos breve exposição a respeito do dispositivo o qual se origina, equivocadamente o processo penal: 
Art. 33.  Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Ocorre que, o réu não se sujeita a tal dispositivo normativo do direito penal, pois, não há provas, e nem se quer, indícios contundentes para gerar um raciocínio bem seguro, e inquestionável que sustente a condenação por condutas puníveis, prevista no art. 33, caput, da Lei 11.343, popularmente conhecida como lei antidrogas, conforme arguiu, equivocadamente, o ilustre promotor de Justiça, representante do Ministério Público, na referida peça acusatória, e, por fim, não apresentou provas. 
É necessária a vontade livre e consciente de praticar uma das ações previstas neste tipo penal, porém, o que facilmente analisamos no caso concreto, Nobel julgador, é a descabida tipificação da conduta para com o agente. Em nenhum momento, pode-se dizer que o acusado teve dolo de traficar drogas. A esse propósito, faz-se mister trazer à colação o entendimento do eminente Vicente Greco Filho, onde leciona que: “[...] O elemento subjetivo é o dolo genérico em qualquer das figuras. É a vontade livre e consciente de praticar uma das ações previstas no tipo, sabendo o agente que a droga é entorpecente". (GRECO FILHO, Vicente. Tóxicos: Prevenção - Repressão. 11ª ed. São Paulo: Saraiva, 1996, p.84-85),
O réu tão somente estava próximo a localidade onde a droga foi localizada, fato que poderia ocorrer com qualquer morador da região, ou mesmo com qualquer errante, no local errado, na hora errada, e o acusado não tinha conhecimento que havia um “ponto de droga” funcionando no local.
 O processo não apresenta qualquer fundamento que leve ao entendimento que a droga encontrada seja, de fato, do réu. O mesmo levou os policiais até sua residência, e autorizou a busca domiciliar, nada foi localizado. Não resta dúvida, que se o acusado fosse traficante, não iria permitir a entrada de policiais em sua residência, pois, não estavam presentes os requisitos do art. 240, I, CPP, por tanto, seria uma ilegalidade a direitos invioláveis, resguardados constitucionalmente no art.5º, X e XI, C.F, porém, como o réu não possui qualquer vínculo ou associação criminosa, consentiu a revista em sua residência.
Na busca domiciliar, nada de ilegal foi localizado, como de fato, não havia para ser encontrado. Fato que reforça a boa conduta do réu, que por sinal, vale ressaltar, é tido como bom filho, bom irmão, dedicado a família, que vem sofrendo cerceamento em sua liberdade, de forma indevida, descabida e infundada. 
De fácil percepção, podemos identificar que o ocorrido se trata, de fato, apenas do fato consumado, ou seja, da materialidade do crime, e em hipótese alguma, se pôde constatar a autoria do crime, sendo este atribuído de forma equivocada, a um indivíduo qualquer, que estava próximo a localidade da matéria criminosa, mas sem qualquer indício de autoria do crime, inexistindo a Justa causa.
Da absolvição necessária
Salienta-se, todavia, em nome do princípio da colaboração e celeridade da justiça, no que tange ao tipo penal, não se aplicaria, se quer, o artigo 28, da Lei 11.343/06, uma vez que o réu, segundo a denúncia, se identificou como usuário de drogas, porém, com ele não foi encontrado drogas em sua posse, portanto, neste não há materialidade de crime.
O fato de constar na denúncia, unicamente que o réu apresentava possíveis sinais de embriaguez, devido uso de drogas se torna, de fato, subjetivo aos olhos da justiça, pois, o agente público, não possui espertize técnica para identificar se o agente está ou não sob efeitos de droga, portanto, uma vez que o mesmo narra em sua literalidade o vocábulo: “Provavelmente o réu estaria sob efeitos da substância cannabis sativa” (Fl. 15) não pode ser tecnicamente avaliada no conjunto probatório acusatório, e, portanto, o réu deve ser absolvido.
Da Possível Fixação da Pena
 Embora nítida a tese da absolvição por não estar comprovado o crime de tráfico, e ainda, a tese da desclassificação inclusive para usuário, convêm demonstrar outras situações que devem ser observadas por Vossa Excelência. Verificando a situação do denunciado, é possível concluir que o réu é primário e de bons antecedentes e possui residência fixa. Assim, ao denunciado deve ser deferida a conversão da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, conforme garantida pela lei penal; e ainda, que sua pena seja fixada no mínimo legal pelas circunstâncias já elencadas, e que o réu possa assim, apelar em liberdade.
Do Pedido
Diante do exposto, requer Vossa Excelência digne-se que: 
Absolvição do denunciado TÍCIO EMÍLIO ESCOBAR JR., pela ausência de provas de que este concorreu para a prática do crime, nos termos do art. 386, V do CPP.
Caso não seja este o entendimento, que seja absolvido por não existir prova suficiente para a condenação, com base no art. 386, VII, do CPP;
Por necessário, ad argumentum, caso Vossa Excelência entenda pela condenação, requer que a pena seja fixada no mínimo legal e que o denunciado possa apelar em liberdade nos termos do art. 283 do CPP, por preencher os requisitos objetivos para tal benefício.
Termos em que,
Pede deferimento.
Belo Horizonte, 25 de Março de 2018.
________________________________
Advogado
OAB xxx

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