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trabalho de antigona

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X Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 2009 
 
 
X Salão de 
Iniciação Científica 
PUCRS 
 
 
A Lei em Antígona: 
a escolha de viver sob o direito 
 
Cibele Almeida Nunes¹, Prof. Dr. Luis Fernando Barzotto¹ (prof. orientador) 
 
1Faculdade de Direito, UFRGS 
 
 
Resumo 
 
O presente trabalho tem por proposta analisar a tragédia grega Antígona a partir do 
significado de viver sob o Direito, explorando as leis escolhidas por cada personagem para 
serem seguidas. A pesquisa não visa à mera descrição dos atos e decisões da peça teatral, mas 
sim a entender e questionar valores e conceitos sobre a questão ética e a submissão às normas. 
A tensão entre obediência e transgressão, qualquer seja a natureza da regra (jurídica, 
moral, cultural) existe desde a formação da sociedade – e também do Direito. Basilar para a 
distinção do justo, a lei entra em conflitos com decisões políticas e tradições, por vezes até 
contrariando o próprio princípio que a criou. No entanto, este conflito toma novas 
configurações na era pós-moderna: liquidez e velocidade das ações, individuais e coletivas, 
contrastam com a lenta marcha do Judiciário e Governo nas suas respostas sociais. A 
obediência encontra é questionada não só pelo conteúdo da regra, mas também pela demora 
da solução. 
 
 
Introdução 
 
A história do dramaturgo Sófocles remonta à época de governo de Péricles, apogeu da 
cultura helênica. Antígona deseja enterrar o irmão Polinice, que atacou a cidade de Tebas; 
mas Creonte, então tirano da polis, promulgou uma lei impedindo o enterro daqueles que 
houvesse atentado contra a cidade – uma grande ofensa para o morto e sua família, pois a 
alma não faria a transição adequada ao mundo dos mortos. Antígona vai contra a lei da cidade 
e enterra o irmão, por isso sendo capturada e levada até Creonte. Este a sentencia a ser 
enterrada viva, de acordo com a lei. Hemom, filho de Creonte e noivo de Antígona, tenta 
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X Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 2009 
persuadi-lo a revogar a condenação, sob ameaça de também matar-se. Creonte não ouve os 
apelos, ocasionando a morte de Antígona, do filho e também de sua esposa, que comete 
suicídio ao saber da morte do filho. 
A justificativa para o tema está na nova interpretação que pode ser trazida a esta 
tragédia, tantas vezes lida como simples entrechoque de opostos. A visão aqui pretendida para 
Antígona e Creonte, longe de apenas oposição entre direito natural e direito positivo, refere-se 
a ambos como uma busca desequilibrada por certeza e justiça. No entanto, feita a escolha pela 
obediência, qual é a Lei certa, a Lei justa para ser seguida? É possível viver com ética e ser 
submisso às normas? 
 
 
Metodologia 
 
A pesquisa divide-se em duas fases principais. A primeira com o estudo de Antígona e 
também de outras obras sobre o tema, relacionando os aspectos da tragédia como as escolas 
jurídicas jusnaturalista e positivista. A segunda fase do projeto volta-se para a pós-
modernidade: como Antígona está refletida nos problemas contemporâneos, envolvendo a 
experiência jurídica e manifestações artísticas (cinema, teatro, literatura). 
Sendo assim, a metodologia a ser empregada difere de acordo com as fases da 
pesquisa. Na primeira fase, a metodologia será a analítica, uma vez que a proposta para os 
primeiro semestre é explorar a tragédia em seus detalhes, perspectivas e valores, relativos ao 
contexto histórico da época. Já em relação à segunda fase, com os primeiros resultados 
elaborados, será utilizada a dialética entre as visões de Direito e Lei representadas por cada 
personagem, bem como entre o significado da tragédia na Antigüidade e no mundo Pós-
contemporâneo. 
Para a interpretação da tragédia, o trabalho tem como obra principal o livro de Zenon 
Bánkowski, Vivendo plenamente a Lei, e como obra acessória os livros The fragility of 
goodness: luck and ethics in Greek tragedy and philosophy, de Martha Nussbaum, e Sófocles 
e Antígona, de Kathrin Rosenfield. Além da bibliografia relacionada, posteriormente serão 
usados materiais provindos de outras áreas do conhecimento como as Artes (filmes, teatro, 
obras literárias), complementando o olhar jurídico. 
 
 
 
 
 
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X Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 2009 
Resultados 
 
O objetivo geral da pesquisa está em avaliar a questão de obediência e transgressão da 
Lei e do Direito, levantando como questionamento principal limites e valores empregados 
para tal escolha. Será levantado também o diálogo entre jusnaturalismo e positivismo quanto à 
separação entre Direito e Moral. 
Como o trabalho encontra-se em estágio inicial, os resultados são parciais, mas 
apontam a direção de um equilíbrio entre obediência e transgressão, estes mediados pela 
justiça da lei e pela ética do ser humano. 
 
 
Conclusão 
 
Como conclusão, entende-se que o pensamento clássico é em fonte segura para a 
compreensão do presente, uma vez que as tragédias fornecem rico material para o estudo do 
homem. E a tragédia de Antígona mostra-se como exemplo brilhante de compreensão da 
conduta humana, instigando, simultaneamente, perguntas e respostas para os conflitos 
universais. 
 
 
Referências 
 
ALVEZ, Marcelo. Antígona e o Direito. Curitiba: Juara Editora, 2007. 100 p. 
ARENDT, Hanna. A condição humana. 10 ed. Rio de Janeiro: Forense universitária, 2004. 
352 p. 
BÁNKOWSKI, Zenon. Vivendo plenamente a lei. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. 328 p. 
FINNIS, John Mitchell. Lei natural e direitos naturais. São Leopoldo: UNISINOS, 2006. 403 
p. 
JAVIER, Hervada. O que é o direito?: a resposta moderna do realismo jurídico; uma 
introdução ao direito. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2006. 176 p. 
HART, Herbert L. A. O conceito de direito. 2 ed. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1994. 
NUSSBAUM, Martha Craven. The fragility of goodness: luck and ethics in Greek tragedy 
and philosophy. Cambridge: Cambridge University Press, 1986. XVII, 544 p. 
ROSENFIELD, Kathrin Holzermayr. Sófocles e Antígona. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002. 
76 p. 
SÓFOCLES. A trilogia tebana. 11. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004. 262 p. 
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