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Componente Curricular: Patologia Prof.ª Dr.ª Mércia Tancredo Toledo Curso de Fisioterapia, Terapia Ocupacional, Nutrição e Enfermagem Doença Autoimune da Tireóide Ana Paula Ribeiro da Silva – RA 00081799 Bianca Targa – RA 00080830 Cleber Muratt – RA 00081029 Jéssica Azevedo Ribeiro – RA 00082534 Larissa F. Thomaz Soares – RA 00081639 Nayara Miranda de Almeida – RA 00074849 Renata Leopisi Diniz – RA 00079690 Sorocaba - 2015 Doença Autoimune O organismo diante de bactérias, vírus, parasitas, fungos e outros seres estranhos desencadeiam uma resposta imunitária, com a finalidade de destruir o possível agente invasor. Se esta resposta perde a capacidade de distinguir entre o antígeno e o que faz parte do próprio corpo e não causa nenhum tipo de dano, destinando ao próprio organismo células de defesa e anticorpos, denomina-se autoimunidade. As doenças autoimunes são divididas em dois grupos, a primeira em que a auto-agressão é direcionada a órgãos específicos e a segunda sendo o alvo os autoantígenos ubiquitários, comprometendo vários órgãos. As doenças por autoagressão, sistêmicas ou órgão-específicas, têm algumas características comuns, sendo mais frequente no sexo feminino. Embora não comprovada, há suspeita da participação de agentes infecciosos no desencadeamento de muitas delas. Apesar de ser detectada a presença de auto-anticorpos e células T sensibilizadas a diversos antígenos, não se conhece a o papel patogenético dessas respostas imunitárias, se são desencadeantes da doença ou se são consequência de lesões existentes. Quando se trata da autoimunidade atingindo a tiróide (DAIT), é representada do ponto de vista clínico de duas formas: o hipotireoidismo autoimune, que inclui a Tireoidite de Hashimoto e Hipotireoidismo Primário, o qual a tireoidite é atrófica, caracterizada quando a glândula é pequena, com infiltrado linfocítico e fibrose substituindo o parênquima glandular; e o hipertireodismo, com Bócio caracterizado na infiltração de linfocítico difuso, com ocasionais centros germinativos. Não há evidência clara de causalidade em que fatores ambientais desencadeariam a autoimunidade tiroidiana, uma das hipóteses é que o mecanismo de desenvolvimento parece ocorrer desde a vida intrauterina combinada ao baixo peso fetal. Outros possíveis fatores associados são o estresse, tabagismo, algumas drogas e agentes infecciosos. Imunopatologia A tireoidite autoimune compreende ser causada por uma reação inflamatória iniciada, seguindo por uma resposta auto-reativa do sistema imune. A resposta autoimune pode resultar de uma susceptibilidade genética do hospedeiro a exposição de autoantígenos. Os principais autoantígenos associados a tireoidite são: a tireoglobulina (Tg), a peroxidase ti-reoidiana (TPO), o receptor da tireotropina (R-TSH) e o co-transportador de sódio-iodeto (synporter sodiumiodide-NIS), uma proteína específica da tireóide responsável pela captação de iodo. O mecanismo atual de iniciação e progressão da destruição celular na tireóide não está inteiramente esclarecido e várias teorias e hipóteses têm sido aventadas. Tireoidite de Hashimoto O termo tireoidite vem de um conjunto de processos que segue com inflamação da glândula tiroidea. A doença é mais comum em mulheres, aumentando de freqüência com o avançar da idade. Cerca de 10% das mulheres e 3% dos homens assintomáticos, possuem anticorpos antimicrossomos da tireóide, dos quais 10 a 20% podem se tornar sintomáticos. Macroscópicamente, a tireóide apresenta-se com tamanho normal ou aumentado, consistência firme, lobulada ou finamente nodular. Ao microscópio, encontra-se inflamação crônica com infiltrado de mononucleares formando numerosos folículos linfóides, muitas vezes volumosos e com centros germinativos evidentes; cerca de 50% dos linfócitos têm marcadores para linfócitos B. Os folículos tireoidianos remanescentes são hipotróficos e frequentemente sofrem metaplasia oxifílica. Histológicamente, apresenta intenso infiltrado linfomacrofágico na glândula, indicando que as lesões têm mecanismos eminentemente celular. Não se sabe se a lesão dos folículos é mediada por células T citotóxica, por células T inflamatórias e macrófagos, por ADCC ou por todos eles. Pesquisas laboratoriais apontam a possibilidade que haja agressão celular (células T inflamatórias) associada à lesão intermediada por anticorpos, justificando a grande presença de linfócitos B na lesão. Figura 1 Intenso infiltrado linfocitário Estudos de ligações gênicas evidenciaram duas regiões associadas com a tireoidite de Hashimoto; uma no cromossomo 13q33 (HT1) e outra no cromossomo 12q12 (HT2). Na raça branca, os alelos mais estudados são os que estão associados à tireoidite autoimune crônica e pós-parto são HLA- DR3,HLA-DR4 e HLA-DR5. Alguns polimorfismo do CTLA-4, gene envolvido na regulação da resposta imunitária e localizado no cromossomo 2q33, também estão ligadas a esta patologia. A combinação desses fatores pode aumentar bastante o risco, já se sabe que alguns polimorfismos do CTLA-4 aumentam por si só 1,5 vezes o risco de doença, enquanto que os alelos HLA podem aumentar o risco de duas até quatro vezes. Contudo, hoje apenas conhecemos dois loci genéticos não específicos, não existindo nenhum fator que possa exemplificar a função tecidular. Hipotireodismo Primário O Hipotireoidismo é classificado em primário e secundário, o primário pode ser causado por um problema na tireóide que impeça a secreção de seus hormônios ou secundário, que por um problema na hipófise que impossibilita a secreção de TSH, inibindo consequentemente a produção de T3 e T4. Portanto, hipotireoidismo primário ocorre por meu funcionamento na tireoide e hipotireoidismo secundário por falha na hipófise. A distinção entre hipotireoidismo primário e secundário é muito fácil, sendo feita através do doseamento do TSH e do T4 no sangue. Tratamento O principal tratamento é a reposição hormonal levotiroxina, com dose inicial de 25 a 75 mcg/dia. Se o paciente apresentar mais de 65 anos ou manifestar coronariopatia, a reposição deve ser iniciada com dose menor, em torno de 12,5 a 25 mcg/dia, sendo aumentada posteriormente em intervalos não menores que uma semana, conforme tolerabilidade. Nas primeiras semanas de reposição, o TSH não representa um bom marcador de controle da doença, mas, após 8 a 12 semanas de reposição, volta a ser confiável para o controle da doença. Conclusão A patologia autoimune da tiróide compreende assim um conjunto de quadros com uma base fisiopatológica comum mas com manifestações clínicas variadas. Apesar dos avanços recentes, muito há ainda a confirmar no que diz respeito à etiopatogenia destas doenças. O tratamento continua também a levantar algumas questões: se no caso da disfunção clínica existe unanimidade, na disfunção subclínica continuam a existir dúvidas em relação aos reais benefícios da terapêutica. Bibliografia KUMAR, Vinay. ABBAS, Abul K. FAUSTO, Nelson. ASTER, Jon C. Patologia: Bases Patológicas das Doenças. 8º Edição.Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. FILHO, Geraldo Brasileiro. Bogliolo: Patologia Geral. 2º Edição, Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1998. BECKER, Paulo F.L. Patologia Geral. Rio de Janeiro: Savier, 1997. 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