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Aula 8 Brincadeira é Coisa Séria Hist. e geog.

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Aula 8: Brincadeira é Coisa Séria? Hist. e geog.
Ao final desta aula, o aluno será capaz de:
1. Demonstrar a importância da atividade para o aprendizado; 
2. compreender que a brincadeira como Metodologia não deve ser exclusiva da educação infantil; 
3. identificar a força do jogo pedagógico como impulsor dos esquemas de pensamento do Aluno; 
4. destacar a importância da Concepção interacionista/construtivista no processo de aprendizagem; 
5. reconhecer a necessidade de o professor conhecer as três referências do mundo educacional (Freinet, Piaget e Vygotsky) que analisam como a criança aprende; 
6. verificar as semelhanças e diferenças entre Freinet, Piaget e Vygotsky.
O jogo pedagógico: o jogo na aprendizagem: importância
Construir conhecimentos, a partir de experiências em grupo, ricas em diversidade sociocultural, que permitam ao aluno sentir a importância transformadora do saber, são os passos fundamentais para o desenvolvimento da prática democrática em seu diálogo com a sociedade.
Assim, o jogo como metodologia de ensino é mais que uma estratégia didática, pois pressupõe o comprometimento integral do indivíduo numa atividade que une o interesse à inteligência.
Pensar o jogo remete ao lúdico, o que imediatamente nos aproxima da criança e do adolescente.
Nas suas brincadeiras, os alunos representam com o corpo, palavras e/ou objetos as situações  com os quais vivem e interagem.
Constroem, através dessas  ações, o conhecimento de si próprio, das relações humanas, de como as coisas funcionam e se caracterizam.
No cotidiano, o jogo, em seu sentido amplo, está sempre presente, proporcionando o crescimento na interação com o outro sujeito, além dos momentos de alegria, descontração. É comum brincarmos com as palavras, movimentarmos nossos corpos e usarmos gestos recheados de conteúdo lúdico. Conjugar aprendizagem e ludismo é aproximar o prazer do conhecimento.
 Fonte: Sugestões Metodológicas –SME RJ 1992
Até onde vai o jogo
Motivados por nossa certeza da importância dos jogos na vida escolar das crianças, é relevante neste momento tecer algumas considerações a respeito dos mesmos.
O jogo é uma característica do comportamento infantil.
A criança devota ao jogo a maior parte do seu tempo e este é um fato sobre o qual não paira nenhuma dúvida.
O jogo, enquanto atividade espontânea da criança, foi exaustivamente analisado, pesquisado e explicado por centenas de estudiosos das mais variadas áreas do conhecimento. Psicólogos, psiquiatras, pedagogos, filósofos e outros pensadores se utilizaram do jogo para melhor compreender o comportamento humano.
O jogo assume proporções quase ilimitadas quando faz parte de um projeto pedagógico, aproveitando o grande interesse e afinidade que as crianças demonstram por essa atividade. Quando a criança joga, todo o seu esquema motor é acionado, suas emoções afloram, sua socialização é mais solicitada e o esquema cognitivo é estimulado.
Os professores devem explorar exaustivamente o jogo se estiverem interessados realmente em promover o desenvolvimento integral da criança que é considerada como ser pensante , pois o jogo é compatível com os esquemas de pensamento da criança.
O jogo é um dos meios mais propícios para a construção do conhecimento. Para tanto, o professor deverá oferecer uma multiplicidade de ações, desafiadoras que motivem diferentes respostas, estimulando a criatividade e a redescoberta. Um jogo pode abarcar centenas de variações, gerando novas dificuldades que, quando propostas para os alunos, podem levá-los a se tornarem conscientes da atividade realizada.                           
 (Fonte: Proposta Curricular da Prefeitura de São Paulo – 1992)
A atividade como metodologia
Historicamente, diferentes teorias tentaram explicar como se dá o processo de desenvolvimento da criança e da aprendizagem.
Algumas, explicando “o desenvolvimento pela aprendizagem, superestimando o papel da experiência acumulada;
outras, subestimando a experiência, e explicando a atividade mental superior por uma organização interna, súbita e imediata e, portanto, sem uma história genética”.
 (CASTRO, AMÉLIA. Piaget e a didática. São Paulo: Saraiva, 1974.)
Já um terceiro grupo de teorias situa a questão do desenvolvimento da criança e da aprendizagem em função do desenvolvimento e não do contrário. 
Isso significa que o desenvolvimento dos esquemas e das estruturas mentais dos indivíduos é o que lhes permite a aprendizagem.
Essa última concepção é  definida como interacionista e construtivista do conhecimento.
Segundo a concepção interacionista e construtivista do conhecimento, é a atividade do sujeito, a autoatividade, que permite a organização interna, isto é, a estrutura mental, e a adaptação ao meio. Essa adaptação nunca é passiva, mas sim ativa: ela modifica a organização interna do sujeito, em nível acima do esquema ou estrutura anterior.
Assim entendida, a atividade tem, em cada etapa do desenvolvimento, uma forma própria. É uma atividade manipuladora e concreta nas primeiras etapas onde a própria manipulação é um exercício dos esquemas a dominar. Nas etapas seguintes, ela é operatória, mas continua concreta, e as ações mentais são coordenadas em conjuntos reversíveis.
Na adolescência, a atividade atinge gradualmente a formalização, mas só a partir de um certo nível de desenvolvimento a  atividade de investigação pode ser exercida somente pela reflexão e pela manipulação verbal.
Piaget classificou os conhecimentos em três tipos, de acordo com a origem e o modo de estruturação de cada um: conhecimento físico, conhecimento lógico-matemático e conhecimento social.
O conhecimento físico está ligado às propriedades físicas dos objetos, a tudo o que se pode observar neles e à sua realidade externa. Como exemplos, temos a cor, a forma e até mesmo o fato de que algo cairá se o deixarmos solto no ar.
O conhecimento lógico-matemático refere-se às relações que estabelecemos mentalmente. Assim, quando estamos na presença de um quadrado azul e de um vermelho e identificamos sua diferença, estamos diante do conhecimento lógico-matemático. A diferença não está em uma ou outra figura, mas sim na mente de cada um que a observa. Frente ao mesmo material, há outras relações que um indivíduo pode estabelecer: parecidas, da mesma forma, etc.
O conhecimento social é o convencional, arbitrário, determinado pelo grupo social. Como exemplos, podemos citar o nome das coisas, a utilização do garfo para levar os alimentos à boca, regras de trânsito etc.
A atividade mobiliza esses tipos de conhecimento e leva o aluno à aprendizagem.
Em História e Geografia, como em todos os componentes curriculares, deve haver o intercâmbio constante entre os conceitos espontâneos da criança, construídos através de sua experiência pessoal, e os conceitos científicos sistematizados pela escola. A maneira de conseguir esse objetivo é oferecer inúmeras atividades à criança.
Como exemplo, poderíamos citar as dramatizações: quando a criança finge que é um trabalhador da fábrica, ela constrói concretamente vários conceitos, como: indústria, matéria-prima, instrumento de trabalho, divisão de tarefas etc. Ao construir maquetes, seja da sala de aula, do bairro, do relevo do  município ou Estado, ela estará elegendo referências, trabalhando tanto as relações topológicas como as projetivas e principalmente articulando o observado com a representação.
Autores da atividade:  Freinet, Piaget e Vygotsky  
Hoje em dia, temos três referências importantes no mundo educacional que nos indicam como as crianças aprendem: a pedagogia do trabalho, o construtivismo e a teoria sociointerativa.
Pedagogia do trabalho- Essa teoria, do francês Célestin Freinet,considera a cooperação como motor básico dos processos educacionais. Segundo esse autor, a cooperação e o trabalho produtivo são formas naturais de interação entre as crianças e, portanto, elementos essenciais à ação educativa.
Celestin Freinet se diferencia da maioria dos outros pensadores e teóricos da educação por ter sido um professor primário que atuou em sala de aula por quase toda a sua vida. Sue proposta pedagógica deriva diretamente  do trabalho desenvolvido com os alunos, na busca de um processo que os levassem a ser cidadãos conscientes e participantes críticos do seu meio social.
Esta proposta é conhecida  como "Pedagogia Freinet”, "Pedagogia do Trabalho", "Pedagogia do Bom Senso" etc. Propõe uma prática pedagógica centrada na produção do estudante e na cooperação entre pares. Sampaio (1989) diz que a Pedagogia Freinetiana surgiu para atender à necessidade vital da criança: chegar ao seu pleno desabrochar como um ser social responsável, codententor e coedíficador de uma cultura.
A Pedagogia Freinet não deve ser entendida como uma camisa de força que nos amarra e impede modificações. Ao contrário, ela se preocupa permanentemente com a atualidade, em estar a serviço da compreensão e de preparação do estudante para o mundo real. Ele sugere que se usem todos os recursos que a sociedade fornece a cada momento. De acordo com suas palavras, podemos...
“...tentar modernizar os utensílios da escola , melhorar as suas técnicas para modificar progressivamente as relações entre a Escola e a Vida, entre as crianças e os professores, de maneira a adaptar ou a readaptar a escola ao meio, para obter um melhor rendimento de nossos esforços comuns.”
Construtivismo 
Deriva da epistemologia genética de Jean Piaget. Ele nos diz que o ser humano constrói o conhecimento a partir das interações que estabelece com os objetos do mundo real. Mostra como, ao manusear esses objetos, ao resolver os problemas que esta interação lhe apresenta, o sujeito desenvolve as suas estruturas mentais.
Jean Piaget, biólogo suíço, sustenta em sua Teoria do Desenvolvimento que a inteligência do homem é constituída por estruturas e que elas são construídas e desenvolvidas pelo próprio homem pelas ações que ele opera sobre os objetos do mundo real.
Piaget percebeu em suas observações que o desenvolvimento ocorre em uma sequência fixa de quatro grandes estágios: sensório-motor, pré- operatório, operatório-concreto e operatório-formal. A evolução de um estágio a outro é feita por assimilações e acomodações dentro dessas estruturas e subestruturas.
Esta evolução decorre da necessidade de o homem estruturar e organizar as informações que recebe do meio. A inteligência é construída como estrutura necessária para suportar o conhecimento, que é produzido pelo sujeito, na interação com os objetos e problemas que o meio oferece.
Dessa teoria, derivou uma proposta  pedagógica chamada Construtivismo. O nome decorre da premissa de que o conhecimento é uma construção mental,  produto da interação do homem com o meio assim como a inteligência.
Essa linha de atuação em  educação preconiza que a escola deve proporcionar ao estudante um ambiente que o leve a operar com os objetos reais, proceder as experiências, tirar suas próprias conclusões, registrá-las e testá-las em novas experiências, para verificar sua validade. 
A partir do trabalho de Piaget, foi criada uma proposta pedagógica que visa à reconstrução do currículo, tendo como foco central o desenvolvimento das capacidades dos estudantes.
A escola tradicional tinha como meta a instrução do aluno e entendia que o desenvolvimento das habilidades viria  como decorrência de aquisição de conhecimentos. Na escola, a pedagogia vigente propunha levar a informação ao estudante que a receberia como um repositório de saber passivo e silencioso. 
A pedagogia construtivista afirma que o conhecimento é reconstruído pelo aluno quando interage com o ambiente: o aluno age sobre os objetos e esta ação modifica sua compreensão acerca dos mesmos objetos. Na escola construtivista, é reservado ao aluno o papel de sujeito, no processo de  aprendizagem.
O construtivismo se baseia nos seguintes pressupostos: 
o conhecimento, assim como a inteligência, são construtos mentais, produtos da relação do homem com o meio. 
o pensamento se constrói, destrói e reconstrói.
a aprendizagem é uma construção. 
a inteligência é um potencial que precisa ser desenvolvido.
o pensamento é construído a partir de contradições, da necessidade de argumentação. 
o pensamento resulta da ação do homem sobre o mundo.
a moral também é um construção mental a qual é socialmente determinada.
A prática pedagógica da escola construtivista é tal que leva o aluno a produzir e a refletir sobre sua produção. Em vez de respostas, deve-se levar questões aos alunos.
O que cabe ser feito na escola é levar o aluno a construir o seu próprio conhecimento, experimentando e registrando  o resultado de suas experimentações e observações. Nesse ambiente, o papel reservado ao professor é de provocador e estimulador de novas experiências e não mais repositório de todo saber.
A Teoria Sociointerativa
L. Vygotsky destaca a importância do papel da interação entre os pares no desenvolvimento das estruturas superiores de pensamento. Vygotsky demonstra que a cooperação entre os pares em diferentes estágios de desenvolvimento mental, não só facilita como instiga o crescimento intelectual.
A base dessa teoria se encontra nos estudos que esse psicólogo russo, que viveu no início do século, fez. Talvez seja a mais importante contribuição ao construtivismo pós-piagetiano e que  deu origem no chamado Construtivismo Sociointeracionista. São nesses escritos de Vygotsky que achamos explicitada a relação existente entre a cooperação dentre pares e o potencial de  aprendizagem.
Ele cria os conceitos em "nível de desenvolvimento real" e de “zona de desenvolvimento proximal" para estabelecer o que chama de uma visão mais adequado de relação entre desenvolvimento e aprendizagem.
Define o nível de desenvolvimento real, como as funções mentais do indivíduo, que já estão estabelecidas, decorrentes das etapas de desenvolvimento já inteiramente cumpridas pelo sujeito. Esse nível de desenvolvimento seria aquele que é observável ou verificável através de testes e verificações.
Mas é no conceito de desenvolvimento proximal que encontramos a justificativa teórica, os indicadores de quais ações podem de fato ser auxiliares e provocadoras do desenvolvimento da criança quando interage com outras e observa como estes enfrentam e resolvem problemas.
Muitas vezes essas soluções são compreensíveis pelo educando, entretanto ele não consegue chegar a elas exclusivamente por meios próprios. A interação com os colegas, portanto, permite que atinja graus mais elevados de desenvolvimento intelectual.
A linguagem tem para esse autor um papel fundamental no desenvolvimento da inteligência. Ele diz que a criança percebe o mundo não só através dos olhos mas também da fala. Vygostsky mostra que a criança usa a fala não só para perceber, mas também para pensar.
A fala solitária é uma forma de a criança organizar suas percepções de mundo e planejar soluções para os problemas que tem que resolver.
Apesar dessas teorias apresentarem divergências em alguns aspectos, não chegam a se incompatibilizar. Podemos somá-las para fundamentar uma proposta pedagógica consciente e sólida. A reunião desses estudos nos permite vislumbrar o potencial de desenvolvimento intelectual que reside na interação entre alunos, mediado pelo professor, na conquista do conhecimento de forma comprometida com o desenvolvimento socioafetivo do grupo.

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