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Duvidoso Correto Universidade São Judas Tadeu Faculdade de Tecnologia e Ciências Exatas Laboratório de Física e Química Análise de Medidas Físicas Quando fazemos uma medida, determinamos um número para caracterizar uma grandeza física. Precisamos saber até onde podemos confiar nesta determinação. Com este objetivo iremos introduzir, de maneira sucinta e sem a preocupação de deduzir as expressões matemáticas, o conceito e operações de números significativos e o tratamento estatístico de dados. 1. Algarismos Significativos Os algarismos significativos de uma medida são todos os algarismos corretos mais o primeiro estimado (duvidoso). Exemplo: Leitura: L = 7, 2 cm (2 significativos) Observações: -‐ A quantidade de algarismos significativos não se altera mediante uma transformação de unidade. -‐ Zeros a esquerda não são significativos. -‐ Quantidade de casas decimais não significa quantidade de algarismos significativos. Exemplos: L = 7,2 cm -‐ Uma casa decimal e dois significativos. L = 72 mm -‐ Nenhuma casa decimal e dois significativos. L = 0,072 m -‐ Três casas decimais e dois significativos. É frequente o uso de um resultado experimental em expressões matemáticas para obtermos uma outra grandeza física, o que chamamos de determinação indireta. Devemos tomar cuidado para não cometermos o erro grosseiro de considerarmos todos os números apresentados na calculadora. As regras que serão apresentadas no item 1.2 nos ajudarão a não cometermos tal erro. cm 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 i1 i2 i3 i 1.1 Regras de Arredondamento a) Se o primeiro algarismo suprimido for < 5, o anterior não muda. Exemplos: 2,718281828... arredondando para 3 casas decimais temos 2,718. 4,499 arredondado na unidade temos 4 1136 arredondando na centena temos 1100 b) Se o primeiro algarismo suprimido for > ou = 5, o anterior é acrescido de uma unidade. Exemplos: 4,499 arredondando para 1 casa decimal temos 4,5 115,5 arredondando para a unidade temos 116 1.2 Operações com Significativos a) Adição e Subtração: expressar todas as parcelas da soma e/ou adição na mesma unidade de medida. Procurar, entre as parcelas, aquela cuja último algarismo significativo ocupa a casa decimal mais elevada, isto é, mais a esquerda possível; desprezar os algarismos à direita desta casa decimal no resultados final, de acordo com as regras de arredondamento. Exemplos: 1) Calcule a distância percorrida em metros, por uma partícula que descreveu os seguintes trechos: d1 = 0,125 Km; d2 = 2,5 m e d3 = 535,4 cm. A distância total será: dT = 125 +2,5 + 5,354 = 132,854 m = 133 m 2) Calcule a intensidade de corrente i3 do esquema abaixo, sabendo-‐se que i = 200,2 mA, i1 = 523 mA e i2 = 0,1 A. Pela Lei dos Nós, temos que : i + i3 – i1 – i2 = 0, portanto, i3 = i1 + i2 – i = 0,523 + 0,1 -‐ 0,2002 = 0,42282 A = 0,4 A b) Multiplicação e Divisão: o resultado final deverá apresentar a mesma quantidade de algarismos significativos (ou no máximo 1 elemento a mais) do fator “mais pobre” em algarismos significativos. Exemplos: 1) Calcule o volume, em cm3, do cilindro de uma moto, dados o seu diâmetro = 72,0 mm e o se curso (altura) = 61 mm. V = πD 2h 4 = π . 7,20( )2 .6,1 4 = 248,36175 = 248cm 3 ou V = 2,5 x 102 cm3 2) Calcule: 1000,58,5 = 117,70588...= 118 ou 1,2 x 102 c) Radiciação: o resultado final (raiz) deverá apresentar no máximo a mesma quantidade de algarismos significativos do radicando e no mínimo 1 elemento a menos. 956( ) 1 2 = 30,919...= 30,9 2,0( )12 = 1,4 81( ) 1 2 = 9 64( )13 = 4,0 Observações: -‐ Estas regras também devem ser obedecidas nos cálculos envolvidos na resolução de exercícios prestando atenção na quantidade de algarismos significativos dos dados fornecidos nos problemas. -‐ Para um série de operações matemáticas, adota-‐se o seguinte: o resultado final deverá ter a mesma quantidade (ou no máximo 1 elemento a mais) de algarismos significativos do número “mais pobre” em algarismos significativos que fez parte da série de operações. 2. Erros Toda medida de grandeza física está sujeita a erros, pois a experiência mostra que sendo essa medida repetida várias vezes, com as mesmas precauções, pelo mesmo observador ou vários observadores, os resultados encontrados não são em geral idênticos. Isto ocorre devido ao limiar de percepção, a menor variação de uma grandeza que pode ser medida, que depende dos seguintes fatores: método, instrumento de medida e operador. 2.1 Tipos de Erros a) Erro Sistemático: é aquele devido à equipamentos incorretamente ajustados e/ou calibrados, procedimento incorreto pelo experimentador ou falha conceitual. Este tipo de erro atua demodo constante, sempre positivo ou sempre negativo, devendo ser eliminado ou reduzido ao mínimo pelo experimentador. b) Erro Estatístico: é aquele causado por variações incontroláveis e aleatórias dos instrumentos de medida, e de condições externas tais como temperatura, tensão da rede elétrica, umidade do ar, etc.. Este tipo de erro atua de modo irregular, ora positivo, ora negativo. Quando erros estatísticos têm origem em uma quantidade grande de causas, todas elas provocando variações de intensidades equivalentes e pequenas, eles obedecem leis matemáticas bem definidas. É esta propriedade que nos permite tirar conclusões a partir de medidas experimentais sujeitas a erros. 3. Análise das Medidas 3.1 Série de Medidas Para uma série de medidas de uma grandeza física, definimos: a) Valor Médio G( ) : é a média aritmética das medidas: G = G1 +G2 + ...+Gnn = Gi i=1 n ∑ n onde n é o número total de medidas. Segundo a Estatística o valor médio é a melhor estimativa do valor verdadeiro da grandeza. b) Desvio di( ) : é diferença entre a i-‐ésima medida e o valor médio: di = Gi −G . c) Estimativa do desvio padrão de um conjunto de medidas dp( ) : é a raiz quadrada da razão entre a soma dos quadrados dos desvios e o número de medidas realizadas menos uma: dp = di( )2 i=1 n ∑ n −1 . Por simplicidade, chamaremos dp de desvio padrão do conjunto de medidas. Este mede o quanto o conjunto de medidas se espalha (ou se dispersa) em relação ao valor médio. d) Estimativa do desvio padrão do valor médio dpm( ) : dpm = dp n = di( )2i=1 n ∑ n n −1( ) . Por simplicidade, chamaremos dpm de desvio padrão do valor médio. Na ausência de erros sistemáticos, dpm é a incerteza final na grandeza de medida. Admitindo distribuição gaussiana para erros, podemos afirmar que o valor verdadeiro da grandeza G tem a probabilidade de 68% de pertencer ao intervalo: G − dpm < G < G + dpm . e) Desvio relativo percentual d%( ) : é o desvio relativo expresso em porcentagem. d% = dr ×100% . Finalizando, o resultado experimental de uma grandeza física, determinada por uma série de medidas, deve ser indicado da seguinte forma: G = G ± dpm( )u onde u é a unidade de medida da grandeza física. Exemplo: Com um micrômetro foram feitas 10 medidas do diâmetro de um condutor filiforme. Analise dos dados: i Diâmetro (mm) di (mm) (di)2 (mm2) 1 5,11 0,107 0,01145 2 5,06 0,057 0,00325 3 4,93 -‐0,073 0,00533 4 4,99 -‐0,013 0,00017 5 5,07 0,067 0,00449 6 4,88 -‐0,123 0,01513 7 5,03 0,027 0,00073 8 5,00 -‐0,003 0,000009 9 4,94 -‐0,063 0,00397 10 5,02 0,017 0,00029 SOMA 50,03 -‐-‐-‐ 0,044819 D = 50,0310 = 5,003mm dp = 0,044819 9 = 0,07057 = 0,07mm dpm = 0,07057 10 = 0,02232 = 0,02mm D = 5,00 ± 0,02( )mm dr = 0,02 5, 00 = 0,004 d% = 0, 4% 3.2 Uma Única Medida A indicação do resultado experimental não deve ser alterar, portanto devemos usar: G = ′G ± dG( )u onde ′G é a leitura obtida e dG é a incerteza introduzida pelo instrumento de medida. Por convenção, para instrumentos analógicos, adota-‐se tal incerteza como sendo a metade da menor divisão do instrumento de medida. Exemplo: No item 1 desta apostila, tem-‐se a leitura do comprimento de uma barra (L = 7,2 cm) com uma régua cuja menor divisão é 1 cm. Portanto deve-‐se apresentar o resultado como: L = 7,2 ± 0,5( )cm .
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