Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
associaço dos geografos brasfleiros Cl mébdo eoho e S E L L 0 L 13 [1111Th apresentacäo - o quo a oeografia dove ser - camps, fabricas y talleres - la conquista del pan JOSÉ WILLIAM VESFNTINI PIOTR KROPOTKIN coidção AGB-sp*P\GB-nociono SELEcAO DE TEXTOS N.o 13 SELECAO DE TEXTOS tern como objetivo por em crise a teoria e a pratica da Geografia atual, estimulando o debate e a critica; repensando os rumos da Geografia no Brasil de modo a cob- ca-la pari passo a reconstrucao da sociedade e facilitar o aces- so dos estudantes e leitores em geral a textos de circulacao restrita, em especial aqueles publicados originalmente em lin- gua estrangeira. NUMERO 13 SAO PAULO MARCO 1.986 COORDENADORIA DE PUBLICACOES Associacao dos Geografos Brasileiros - Secao Sao Paulo Agb - Diretoria Executiva Nacional Edificio Geografia e Historia Cidade Universitaria - Butanta Caixa Postal 8105 - tel.: 210.2122 R. 637 CEP 01.000 - So Paulo - SP Distribuicao Interna Co-Edicao : Agb Nacional/Agb So Paulo fi r. "^ -. I APRESENTAcAO: "(EOGRAFIA E LIBERDADE EM PIOTR KROPOTKIN" José William Vesentini Piotr Ayexeyevich Kropotkin (1842-1921), moscovita de t'a- mIlia rica e aristocrática mas que decidiu viver inodestamente de seu préprio trabaiho - como ge6grafo e secretário, durante alguns anos, da Sociedade Geográfica Russa, como professor, co so jornalista e ate como tipégrafo - , representa seguramente o grande enigma da cincia geogrfica entendida como tradiço discursiva: trata-se, gem diivlda alguma, do principal omitido em todas as obras que buscam historiar essa modalidade do sa- ber, da fala que é via de regra ignorada e assim silenciada, e isso numa proporco muito major do que em relaço a glis6e Re- clus, seu grande amigo; entretanto, ease anarquista russo cons titui provavelmente o geógrafo que, desde Humboldt e Ritter (e incluindo a ambos), recebeu major quantidade de citacoes - cr1 ticas ou elogios - oriundas de no-ge6grafos: inimeros biélo- gos, antropólogos, filésofos, militantes politicos de esquer- da, escritores, etc., de várias partes do globo, referem-se a E qual é o inotivo dessa exc1uso? Por que ease lndivI- duo, que chegou a receber usa medalhn de ouro da Soctedade Geo gráfica Russa pelas suas investigaçoes sobre aspectos da geo- grafia fisica da Siberia, e qua ate 0 fim da sua vida escreveu sobre o ensino da geografia, sobre as relaçes homem/natureza e outros temas congneres, acabou sendo marginalizado pelo dig curso geográfieo academico? E per que mesmo hoje as ani1ises ______ II ditas radicais ou criticas relutam em levar Kropotkin em con- ta, preferindo normalnrente a cinoda (e incorreta) atitude de o identificarem corn Reclus, passando ento a falar quase que to somente deste tiltimo? Ocorre que Kropotkin é dificil de ser enquadrado. Em Re- clus 6 possIvel separar o joio do trigo: suas obras anarquis- tas, como o relato sobre a Comuna de Paris ou a exposiço de principios libertrios, no so apresentadas como geografia e, de fato, diferem bastante dos trabaihos geográficos como L'Hornme et la Terre ou a Nouvelle G4ographie ijniverseiie(2). Já em Kropotkin, salvo raras exceçes - como em trabalhos de juventude, sobre geomorfologia em especial; ou na colahoraco corn Reclus na parte sobre a Rtssia da enciclopdia deste -, os aspectos "geográficos" e "libertrios" entrelaçam-se, so na realidade inseparáveis. Para ele, inclusive, a filosofia anar quista (vista como ser-em- cons truço) caminha junto e enleada corn a cincia moderna tanto na perspectiva metodol6gica quan- to ma contribuiço conjunta para a libertaço da humanidade do reino da necessidade e da opresso de alguns sobre muitos'. Quando critica a Darwin e a Huxley, mostrarido como a ajuda mu- tua é to ou mais Importante para a evoluço das esp4cles que a luta pela sobrev1vnc1a', ou quando critica a diviso do trabalho e a hierarquizaço das tarefas, propondo uma reorde- naco societária e espacial baseada em comunas autogeridas e gem os poderes politicos instituidos nos Estados nacionais, Kropotkln logra ser ao mesmo tempo anarquista e geógrafo. Ou meihor, Kropotkin - apesar de reconhecer as diferenças mdlvi- duals e as aptidoes de ctida inn, que deverlam ser respeltadas e ate estimuladas - argilmenta que a verdadeira liherdade pressu- MI 1 pe a supresso da oposico entre trabalho manual e intelec- tual, incluindo-se toda a compartimentacao rigicla que a dlvi- so capitalista do trabaiho engendra no conhecimento cientIfi- (6) Co Ademais, Kropotkin abominava o Estado-naço (assim como qualquer outra forma de Estado), as fronteiras poifticas, os chauvinismos e a glorlficaco da "pátria". 9 tarefa da geogra Na mostrar que a humanidade 4 ua só, que as diferenças naclo- nais ou locais no devem servir para ocultar a imensa. sernelhan ça que existe especialmente entre as classes trabaihadoras de todo o mundo, que as fronteiras poilticas so relIquias de urn passado bárbaro e que Os nacionalismos exareebados, as guerras e os preconceitos entre as nacoes ou em relaçao hs "ragas in- feriores" so servem para manter ou reforcar Os interesses de grupos on Classes dorninantes, afirmou o geógrafo-anarquista (7) russo Como se va, alguns dos escopos que ele propunha a geogra- fia colidiam frontalmente corn as deterrninaçes essencials que originaram a lnstitucionalizaço da ciencia geográflca. De fa to, essa InstitucionalIzaço acadmica no século XIX - on, pe- la 6tica oficlal, 0 "nascimento" da geografia moderna -, ease lugar ento conseguldo Junto a div1so capitalista do trabaiho intelectual, fundamentalmente pela via dos patrocInios esta- tais, 6 Inseparável do engendrarnento dos EFtados-naçes e do processo de escolartzaço nas socledades ocidentais desenvol- vidas. No contexto de rápida lndustrIalIzaço e urbnn1zaço, a construço dos Estados especificamente capitalistas, Iota 4, 08 Estados-nacoes, toi urn processo onde a papel descmpenhado por 1nstituIçes que inipunharn urna unidada naclonal, corno a es- Iv cola e 0 exército, foi crucial. A consolidaco de urna certa geografia no sistema ecolar em expansao, desde as universida- des at4 o ensino elementar, ligou-se a ttnatura1izacao! do Es- tado-naco, a nfase no território em sua conceituaço: o "pals", corn as suas fronteiras, sua populacao, sua econornia, sua "organlzaco politico-administrativa" e as suas tradlçes, passa a ser entendido corno entre tel1rico, fruto de lets natu- rai s ( 8 ). No foi por acaso que inilmeros ge6grafos ilustreg, tidos por fundadores de "escolas geogrficas", eram bern relacionados corn Importantes personagens Ilgados a unificaço nacional via expanso da escola enquaito instituic&o subordinada ao Estado qué se fortalecia. Por exemplo, o irrno do nosso Alexander, Wilhelm von Humboldt, fol o escoihido por Bisinark para cons- truir urn modelo de universidade - curne de todo 0 sistema esco- lar - apropriado ao Estado-naço que se uniti-cava; e Vidal de la Blache, como pe sabe, elaborou urn modelo de geografia carac terizado pela sua eficácia no sistema escolar francs reformu- lado por Jules Ferry. Já Kropotkin trilhou urn carninho inverso. Mesmo tendo on gens nobres, tendo cursado as melhores escolas de Moscou, onde foi sempre o aluno main brllhante, chegando ate a receber do- gios do tzar Njcolau I, e corn urn eventual futuro garantido co- mo urn dos mjs jovens generals do ex4rcito russo, Kropotkin, para decepço da familia, resolve tornar-se ge6grafo e, poste- riormente, o que é mats grave ainda, anarquista, inimigo decla rado de qualquer forma de autoridadee hierarquia. Sua opcao de vida acabou por levá-lo, em 1874, a prlso-fortaleza de Pe- tro-e-Paulo por- promover e participar de. algumas revoltas cam- V ponesas. Crcere de onde consegue fugir dais anos depois, in- do para certos palses da Europa Ocidental (Suica, Franca e In- glaterra), nos quais viveu durante cerca de 40 anos e onde pu- blicou suas obras mais importantes. Sua concepçao llbertárla fez corn quo ele acabasse sendo marginalizado pela geografla acadrnica, j que esta sempre foi ligada ao Estado, e igual rnente marginalizado por todas as hist6rias oficials do pensa- mento geogrfico, pois toda hist6ria linear, evolutiva, corno nos ensina Walter Benjamirn, 6 sempre urn discurso dos vencedo- res ( 10 ). No interior do anarqnismo, Kropotkin represents, 0 princi- pal teórieo de urna corrente denorninada anarco-cornunismo oU 00- munismo libertário. Outros nornes representativOs dessa tend cia dentro do anarquisrno ago: Errico Malatesta (o mais impor- tante após Kropotkin), Carlo Cafiero, Françols Durnartheray e os irrnos Elie e glis6e Reclus, entre outros. 0 anarnuismo, que caracteriza-se pela recusa radical do Estado (mesmo que "provisório" ou de transiço) e de qualquer forma de autorida- de - dal ento ser conhecido corno acracia (a = ausncia; era- cia = poder) -' sempre foi marcado por diferencas de teridn- cias, por posices extrernas que vo do Individualismo mais ar- raigado ate urn coletivismo social, alérn, evidenternente, da clás sica oposIço entre os que apregoarn a violncia, Os atOs terro ristas, os assassinatos do personagens ligados ao poder, eaque lea que condenarn ease tipo do violnc1a e defendern o pacifis- o, a reaço no-violenta (no estilo da "desobedinciacivil"). Se o anarquisrno fol individualista - e at6 sirnØtico ao egoismo - corn Max Stirner (que chegou a exercer urna certa in- fluncia ern Nietzsche), por outro lado, toi tainbém coletivista VI ou mutualista corn Proudhon, passarido por posicoes intermediá- rias que se inanitestarn de forma especial no contradlt6rio (mas senipre fértil intelectualmente) Bakunin. Dentro desse ernaranhado de posiçes, Kropotkln possui urna posiço de realce por dois motivos principals: pelo seu pad- fismo e recusa dos métodos violentos e individual istas, pela sua crenca na solidariedade huuiana e no progresso da clnoia, ele contribulu para que o anarquisrno deixasse de se identifi- car como urna doutrina de violncia e destruiço indiscrimina- das para se tornar num projeto de reordenaço social pela via da aço conjunta dos povos2); e sua lnspiraço baseada nas Cornunas, Assernbléias ou Sovietes, possui como escopo a criaço de urna socledade comunista (o termo veni de Comuna, tendo como grande exemplo a de Paris de 1871, embora Kropotkin tenha tel- to algurnas criticas e esta pelo fato de haver aplicado em al- guns casos o sisterna representativo ao luvés da democracia di- (13) reta) Kropotkin foi vftlmadeum grande mal teórico do século XIX: o clentificisnIo. Bastante próximo ao marxismo nesse pon- to, ele acreditava que a sociedade seria regida por "leis" - termo inspirado na metodologla das cincias naturais - e que esse meCanismo oculto que norteia o funcionarnerito e a evoluço histórica do social tenderia naturammente ate o cotnunismo: uma sociedade se-n classes e sem Estado. Influencia do iluminismo, sen diiivida. E crenca na "cientifizaço" progressiva da socie- dade humana e da sua acao sobre a natureza. tirna concepçao, por tanto, de "sentido" unIvoco para a histdria, de progresso. Mas, diferenternente do "socialismo autoritério" (é assmrn que ele denomlnava o marxisrno), o "socialismo 1lbertrio" que VII propunha no fazia nenhuma concesso ao Estado e nem conhecia nenhum pvriodo de transiçao entre 0 capitalismo e 0 comunismo. Comunismo e socialismo, assiin, seriam de fato sinnimos. 0 Es tado no deveria eato ser "tornado", instrurnentalizadoporquai quer classe revolucionária, mas pura e simplesmente extinto. No seu lugar, deveria ser construlda uma nova forma de gesto do social, que iria das Comunas autogeridas (ou corn democracia direta, e onde todos se conhecessern) ate a Federaço rnundial formada por várias naces (mas no Estado-naç6es), que no fun- do nada main seriam que a reuniao dan Cornun1dadesautnomas(14). Ele rnanifestou uma grande sensibilidade, e ainda no final do século passado, para a situaco dan mulheres: de nada adian taria uma libertaçao do homem do capital, afirmou, Se as mulhe res continuarern subord.inadas iia famfila, fazendo on servicos domésticos; ele propunha que tais serviços fossem mecanizados e que aqueles que restassem fossem realizados tanto pelas mu- iheres como pelos homens, e que aquelas tivessem também uma participaço no trabaiho extra-lar e na conduço dan questes po iiti eas 15 ). Era radicalmente contrérlo a qualquer forma de hierarquia e diferenças non rendimentos, além de abomlnar 0 sistema de as salarlarnento. Urna dan mats Acidas criticas que fez a Marx foi na questo da hiearquia dos rendimentos numa sociedade socia- lista: para este deve haver ("provisorlamen.e") ursa diferencla çao salarial entre, por exemplo, urn engenheiro (que teria urn "custo de producao" maior devido a necessidade de sua fox-ma... co) e, urn faxineiro, que terla de ganhar menos; já Krupotkin rio aceitava nem a d1terenciaço doe rendimentos desses dois canoe e nem essa diviso do trabaiho entre urn lndlvIduo qUe 11 VIII casse a vida inteiTa como faxineiro e outro como engenheiro: para ele as pessoas deverlam realfzar tAnto atividades intelec tuals corno manuals e, se ocorressem diferenciaçes em funces de forma permanente, estas deveriam ser produzidas naturalmen- te pelos gostos e aptldes de cada urn e nunca premeditadas, sendo que, dessa forma, no poderlam Implicar em diferencla- ces ao nIvel dos rendimentos(16). Frente a Marx, Kropotkin adota urna posico critica mas de respelto a obra intelectual desse autor: apesar de considerar o "pai do socialismo clentifico" como urn "revolucionário de ga binete", que apenas prop6e autoritarlarnente seus esquemas te6- ricos pra a "classe revoluclonária" e que, a seu ver, estaria em grande parte ligado ainda aos valores mentais do capitalls- no (pela aoeitacodadiviso do trabaiho e pela atltude dibia frente 30 poder politico lnstituido, entre outras coisas), o teórico do t'socialjcrno llbertrio" corn freqtlencla cita 0 Capi- tal em suas obras, muitas vezes de forma elogiosa, corn urn res pelto que advem especlalmente do estorco intelectual desse c1ssico, da dedieacao deste aos estudos da realidade so- ciai'. Contudo, frenteao rnarxismo em geral, princlpalmen- te frente ao boichevismo, Kropotkin assume uma posicao de en- tica radical, que ficou patente no seu posiciOflamento por oca- sio da revoiuçao russa de 1917. Para ele, a revo1uço de fa- to ocorreu en fevereiro, ocaslao em que houve urna tilultiplica- ço espontnea dos sovietes corn o correlato enfraquecimento do poder do Estado (o poder "a margern" do Estado, criado pela ex- panso dos sovietes de operánios, soldados ou moradores, ales das 000perativas espontaneas dos camponeses, competia corn a au toridade estatal e, em multos locais, ate prescindia desta). Quando os boicheviques chegaram ao poder estatal em outubro, corn o apoio de grande parte dos setores populares e at6 mesmo da maioria dos anarquistas (devido a promessa de acabar corn a guerra e ao slogan de L4nin: "Todo poder aos sovietes"), Kro- potkin, ao saber da notIcia por urn seu amigo euf6rico, decla- rou, para decepcio deste: "Isso enterra a revoiucot(8). Palposico 6 compreenslvel tendo-se em vista a idéia kro potkiniana de revoluço como aco popular contra (e nunca via) o Estado. A própria nOcao de "governo revolucionár1o' era pa- ra ele urn absurdo, uma verdadeira contradiço nos termos, urna vez que o objetivo de uma revoluço social seria abolir o go- verno e fundar uma nova forma de gesto do social corn base na democracia direta. As palavras que Kropotkin proferiu em 1919, relativas a atuaço dos bolcheviques pelo fortalecimerito do Estado, foram modelares: "A fhissia mostrou-nos a maneira co mo o socialismo no deve ser teito... A idia de conseihos operários Para controle da vida poiltica e econmiea do pals em si mesma, de extraordinária importancla... mas, enquanto o pals estiver dominado por uma ditadura de partido, os conse- itios de operários e camponeses perdem naturaimente o signifi- cado. Esto degradados num papel passivo Identico no que de- sempenhavam on representarites dos estados na monarquia absolu- tj s ta. ( 2 ) Kropotkln, por sinai, jA havia desenvolvido em 1905, num verbete sobre "Anarqulsmo" que escreVeu para a Enciclopédia Britanica, urn conceito de Capitalismo de Estado, quo aplicou posteriormente a Thissla: "Os anarquistas considoram, portanto, que entregar ao Estado todas as l'ontes principals cia vida eco- nm1ca (a terra, as minas, as ferrovtas, Os hancos, os segu- -1 - - x ros, etc.), assim corno o controle de todos Os principais ramos da indistria, alérn do todas as runçes que acumula j em suas rnos (educaco..., defesa do território, etc.), sinificaria criar urn novo instrumento de dominio. 0 capitalismode Estado riio faria rnais que incrementar Os poderes da burocracia e o pr6prio capitalismo. 0 verdadeiro progresso consiste na des- centralizacao, tanto territorial corno funcional, em clesenvol- ver o espirito local e de iniciativa pessoal, e numa federaço livre que esteja construIda de baixo para cima, ao invs da hierarquia atual que val do centro para a perireria.i(2 Kropotkin, no iniclo do ano de 1919, enviou umacartaaber ta aos trabaihadores da Europa Ocidental(22) explicando a si- tuaçio russa de niornento e solicitando aos trabaihadores quo pressionem seus governos no sentido de evitar intervenes ar- madas na Russia, pois esse "cerco", essas invases e o apoio ocidental aos mulitares tzaristas revoltosos, a seu ver, inn resultar to somente no fortalecimento dos bolcheviques (e do poder estatal), devido a unio frente ao inimigo conium e no enaltecimento da ideologia nacionalista. Percepçao, sern duIvl- da algunTa, bastante perspicaz, pois o aue ocorreu a partir des se momentofoi do fato urn fortalecirnento do Estado - e, portan to, dos boicheviques - e urn progressivo enfraquecimento dos so vietes e demais árgaos populares de gesto da ecOflOrnia 011 de micro-espaços. E esse fortalecimento estatal e da burocracia, junto corn o atrelamento dos sovietes, das cooperativas espon- taneas e dos sindicatos ao partido uinico (os demais forainde- clarados ilegais), além da proibico de qualquer forma de gre- ye, das violentas restr1çes a liberdade de imprensa, da im- plantaço do taylorismo na 1nthstria e do fortlecimento do XI exórcito e da pol.icia (a Tcheka), realmente muito se heneti- ciou da guerra civil e clas invasoes ocidentais na Russia. A "pátria em perigo" toi urna palavra de ordem e de mobilizaço muito utilizada pelos bolchevistas para reforcar Os aparatos estatais de repressaO e 0 seu controle sobre esse poder insti- tuldo que renascia ap6s ter sido semi-destruldo pela revo1uço dos sovietes. 8 por dernais sabido que esse perfodo de 1918 a 1921, corn urn certo eaos na economia e no abastecimento agrico- Ia ?us cidades, corn a guerra civil e as invases, significouuma quase total liquidaco do oporariado mais avancado politicainen te da Ruissla: a produco industrial cal para menos de 20% do seu total em 1916, 0 operariado passa de cerca de 3 inj1hes em 1917 para inenos de 1,5 rnilhes em 1921. Nesse contexto, apreo cupaco de Kropotkln em 1919 demonstra uma acuidade espantosa, urna Iueidez Impar em relaçao ao que estava acontecendo e ao fu turo provável da mssia(23). Encerrando esta sucinta exposlço sobre Kropotkln(24), ca be deixar claro que, pelo que Já tot dito, pode-se deduzir que Geogratia e Liberdade so inseparáveis na acepco kropotkinla- na. Uma Geogratia Llhertria? Talvez, embora esse rótulo nun ca tenha sido usado por Kropotkln. Mae a sua percepcodec1n cia expressa Ule engajamento do sujelto do conhecimento ma 11- bertaçao dos homens frente aos imperativos cia natureza e, prin cipalmente, frente a domlnaço de alguns sabre mutton. No se trata apenas do combate ao capital, da ingnua (mae politica- mente "realista", num realismo burocrático) jdla que a soda- llzaço dos melOs de produço vat trnzer naturalmente a node- dade sern classes e sem exploraço. Trata-se, antes de male na da,de dar primazia as reLaçes de domlnrtçio, de combater qiial- A 1 XII quer forma de autoridade(25) e, principalmente, a Estado. Em que isso poderia subsidiar a geografia radical ou crftica? Ora, neste momento em que a problemt1ca da eonstruço de urna geografia crItica ou radical (uso indistintamente os dais ter- urns porque no crelo que o fato de uma delas ter se iniciado nos Estados tlnidos e a outra na Franca seja motivo para estabe lecer diferenças essencials; pelo angulo das preocupacoes, dos temas, dos pressupostos, etc., que é 0 mais relevante, nao hi de fat.o nenhuma separaço significativa entre essas duas ten- dncias recentes da geografia) se coloca, nota-se ia certos descaminhos, certos percalços. Um certo marxismo vulgar e me- canicista rnuitas vezes substitui a criticidade ou tenta enco- brir uma nusncia de reflexao filosófica adequada, e urn certo stalinismo - mesmo que "renovado" via Althusser ou o velho Lukacs - algumas v.ezes serve apenas como amparo para fr4geis eriticas It geografia tradicional que escondem corn dificuldade o desejo de dominaço, de instrumental izar essa "nova" geogra- fia para fins burocrático-estatais Nesses termos, urna "recupe raco" critica da obra de Kropotkin, além de outrosautorés (co mo, por exemplo, Foucault, Castoriadis e o préprio Marx li-do de forma no mecanicista), bern que poderia eontrabalancar esse dogmatisino que cornça a se fazer presente, essa crença soterio 16glca na unidade, na unitormidade, na recusa das diferenças. Pois Kropotkin, apesarde urn otimismo acrIticoemrelacao ao Ca-. nhecimento cjentIfico e ao "progresso" da hurnanidade, manifestou no final do século flX uma salutar sensibilidade frente Its di ferencaseàs part icularidades, assim corno uma agudacompreensao do fato de queaquesto do Poder transceride (e incorpora) 0_pr! blema econmico stricto sensu. XIII NOTAS (1) - Juntamente come Pierre-Joseph Proudhon, Mikail Bakunin, William Godwin e Max Stirner, Kropotkin representaum dos cinco grandes noises do anarquismo. Ele sempre extensi vamente arialisado nas obras que abordam as idéias liber- tárias do século passado e dos prim6rdios deste: ao con- trrio de E. Reclus, que costurna apenas ser lembrado de passagern - e nern seinpre -' Kropotkin é corn freqt1ncia ob jeto de capitulos inteiros por parte de autores come Da- niel Guérin, George Woodcock, Ivan Ivakumovic, Paul Avrich, I.L. Horowitz, James Jell e outros. Tambérn os estudiosos que trabaiham corn as idéias urbanhsticas - co mo 6 o case de Lewis Muntord e de Françoise Choay -, e aqueles que tratam da evoluçao humana - come Ashley Mon- tagu, por exemplo -, costumam fazer longas referncjas a Kropotkin. Literateseminentes escreveram sobreele: des de Tolstoi ate Noam Chomsky, passando per autores to di fererites come Bernard Shaw, Paul Goodman, Oscar Wilde e Hebert Read, pode-se encontrar em suas obras considera- çes elogiosas sobre o "principe anarqulsta". (Kropotkin foi rotulado dessa forma per alguns blógrafos pelo fato de descender da antiga Casa Real de Rurik, que governara a Russia antes dos Rornanov; todavia, desde 08 22 anon de idade que deixa de receber ilinheiro da famIlia, passando a athrogar 0 tim dan desigualdades ceonomicas e da domina ço social). Suns ldéias nxeronram influencia sobre vá- non movimentos populares, corn especial destaque para as experincias de autogeatno na Espariha revoluc1onn1a de XIV 1936-37. E na Revo1uço Russa de 1917, Kropotkin, ape- sar de veiho e debilitado, bus.cou contribuir paraquecer tos sovietes e cooperativas se desenvolvessem de forma esporrtnea, de baixo para dma, sem subordinaço ao Es- tado. Kerensky Ihe ofereceu urn cargo de ministro em seu governo, que Kropotkin recusou; ap6s a ascensao dos bol- cheviques ao poder, Lenin Ihe solicitou uma co1aboraco corn o "governo revo1ucionrio", tendo proposto urna edi- çao em russo das principals obras de Kropotkln, sendo que este recusou por no aceitar ajuda ou alianças corn qual- quer tipo de governo. (2) - bm verdade que Ells4e Reclus, especialmente na obra L'Homme et la Terra (cujo tftulo, por sI SO, representa uma inverso do rótulo que simboliza o paradigma da geo- graria tradicional: a Terra e o Homem), aborda temas avan çados para o discurso geográfico da sua época, tais como a luta de classes, a educaço e as cinclas, as formas de propriedade, o colonialismo e a dominaço dos palses desenvolvidos em re1aço aos demais. Todavia, apesar de Reclus proclarnar sen ideal libertário na introduço e/ou na conc1uso das suas obras geográficas, predomina em L'Homme et la Terra e, principalmente, nos 19 volumes da sua Nouvelle Géoraphie TTniverselle, uma geografia sepa- ravel do anarquismo e onde os elementos fIsicos, em es- pecial as bacias hidrográficas e. as unidades do relevo quo servem como seus divisores, tern destaque como agen- tes definiriores das paisagens. Mas Reclus, longe de re- presentar uma "geografia descritiva", que teria se tor- nado ultrapassada corn o surgimento da obra de Vidal de xv La Blache (comb argumentain certos trabalhos que temati- zarn a denominada história do pensamento geográfico), na realidade aponta para caminhos negligenciados ate muito recentemente pela geografia, corno demonstraram muito bern LACOSTE, Yves - "Géographicité et géopolitique: glis4e Reclus", in HCrodote, Paris, F. Maspero, n 9 22, 1981, pp. 14-55, e GIBLIN, Beatrice - "Reclus: un écologiste avant I'heure?", in Hérodote n 2 22, pp. 107-118 (3) - Cf. KROPOTKIN, Piotr - "La ciencla moderna y el anarquis mo", in HOROWITZ, I.L. (org.) - Los anarguistas, Madrid, Alianza, 1975, pp. 181-201. (Trata-se de uma parte da obra de Kropotkin corn o mesmo nome, publicada original- mente em francs no ano de 1913). (4) - Cr. KrtOPOTKIN, Piotr - El apoyo mutuo, tin factor de evo- lucion, Buenos Aires, Proyecci6n, 1970. (Original de 1902, em ing1s). 0 w (5) - Cf. KROPOPKIN, Piotr - Campos, fabriens y talleres, Ma- drid, ediciones Jilcar, 1978. (Original de 1898, em in- gias). (6) - Cr. KROPOTKIN, Plotr - Campos, fabricas v talleres, op. cit., especialmente o capitulo VIII, pp. 142-164. (7) - KROPOTKIN, Plotr - What geography ought to be", In An- tipode, vol. 10/11, n 2 1/3, p. 7 (8) - Cf. HOBSBAWN, E. e RANGER, P. (org.) - A inveflcao das tradiqeS, Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1984; e tambem HOBSBAWN, E. - era do Carittal, 2a. ed., Rio do Janei- ro, Paz e Terra, 1979, espectalmente "A construçao das Nages", pp. 101-116 xv.' (9) - Cf. RAFFESTIN, Claude - Pour tine geographie du pouvoir, Paris, LITEC, 1980 (10) - Cf. BENJAMIN, W. - resis de filosOfia de la histjrla", in Discursos interrumpidos I, Madrid, Taurus, 1972, pp. 177-191. Posto que Os vencidos representaram sempre al ternativas possiveis mas no efetivadas, o coniinuun da história, o procedimento historicista de estabelecer c nexes causais, subsume-se indefectivelmente na memó- na construfda pelos vencedores. No é passivel nenhu- ma hist6ria dos vencidos linear, mas apenas criticas a momentos especificos onde Se recuperam fragmentos de al ternativas que rompeniarn corn esse continuun. Assim, ape sar das diferenças te5rico-rnetodológieas entre as inthne ros autores que construfram esse objeto denoininado his- t6ria do pensamento geográfico, todos eles reproduziram por distintos vieses o diseurso do Poder na medida em que visaram fixar essa história como processo coma sen tido univoco. Kropotkin no tern realmente lugar nesse tipo de construco ideol6gica - a no ser como cunlosi- dade, ou ento como caricatura, como "discipulo de Re- clus" que afinal nao teria dito coisas muito diterentes dos seus contemporneos -, pois foi urn dos que "combate S ram contra a história" (para usar uma expreSsaO de Nietzsche) e, portanto, ao ser registrada corn fidelida- de, senia usia fala que implodinia essa imagem de "evo- iuçao", esse sentido hist6rico elaborado a partir de pretensas necessidades inelutáveis. Cf. ARVON, H. - j. Anarnuismo, Buenos Aires, Paldos, 1971; eGURIN, Daniel -Anarqujsmo, Rio de Janeiro, Ger- minal, 1968 XVII (12) - Cf. WOODCOCK, George - Anargiusmo - uma hist6ria das idéias e movirnentos libertdrios, vol. 1 - A idia, Por- to Alegre, L&PM, 1983, pp. 163-170 (13) - Cf. KROPOTKIN, Piotr - Cornuna de Paris, 1871d, in WOOD- COCK, George (org.) - Os grandes escritos annrgiiistas, Porto Alegre, L&PM, 1981, pp. 211-218 (14) - Cf. KROPOTKIN, Piotr - Campos, fabricas y talleres, op. cit. (15) - Cf. KROPOTKIN, Piotr - La conguista del pan , in KROPOP- KIN - Obras, Org. de M. Zemliak, Barcelona, Anagrarna, 1977, pp. 80-126 (16) - Cf. KROPOPKIN, Piotr - La conquista del pan, op. cit., especialmente pp. 119-126 (17) - Note-se que Kropotkin também fol urn investigador infati gve1 e crItico da neutralidade do labor cientIfico; daI ento sua simpatia para corn o esrorço do autor de O Capital, mesmo possuindo sérias divergncias corn este no tocante ao significado do soclalismo e de revo1uço. Sua obra de major vigor teórico - Mutual 1: a Factor of Evolution, trabaihada de 1888 ate 1902 (trad. espa- nhola: El apoyo mutuo, un factor de evoluclon, Buenos Aires, Proyección, 1970) -, por exemrlo, representa urn tour de force iritelectual que dificilmente encontra pa- ralelos. Nessa obra Kropotkin etta docurnentos e 11- vros de quase urea dIzia do idiomam Ilferentes, do russo ao alemo, passando pelo latin e par dialetos m'd1evais (coma certas lInguas eslavas OU latinas falaclas no Fie- - xv" culo XI em cidades que interessam a Kropotkin devido a organizaco comunitria qué adotavam, etc.), alm de ci tar (e, em alguns casos, realizar) investigaç6es avanca das naépoca de biologia e antropologia. Mas Kropotkin no foi apenas urn te6rico. Ele corn freqt1ncia disfar- co-se de campons ou de operrio (adotandopseudnirnos), trabalhou na lavoura ou na inthistria e participou nessa condico de revoltas e movimentos populares. Quando fol preso em 1874, ele estava usando a identificaço de "o campons Borodin" para eneobrir agitaçes que promo- via, junto corn amigos, em bairrog operários e areas ru- rais vizinhas a So Petersburgo. (18) - Citado por WOODCOCK, George - Anarguismo - uma hist6ria das idélas e movimentos 1ibertrios, op.cit., p.193 (19) - Cf. JOLL, James - Anarguistas e anarguismo, Lisboa, Pu- bllcaç6es Dom Quixote, 1977, pp. 177-180 (20) - Citado per CHOMSKY, Noam - 0 Poder americano e os novos mandarins, Lisboa, Portugália, s/d, p. 33 (21) - KROPOTKIN, Pedro - Folletos Revoluc-ionarios fl, Barcelo na, Tusquets Editor, 1977, p. 126 (22) - KROPOTKIN, Pedro - 'Carta a los trabajadores de la Euro- pa occideritaf', in Folletog Revolucionarios II, op.cit. pp. 87-93 (23) - Salvo engano, somente Rosa Luxemburg teve na mesma épo- ca uma perCepcaO tao aguda do que ocorria na revoluço russa. Para ela, a coflcepçao leninista de partido se levada As dltimas consequenclas tericleria a ditathira de WDA uma minoria de burocratas sobre a massa; sua percepco da "(litadura do proletariado" implicava numa afirmaco radical da democracia: "A liberdade reservada apenas aos partithrios do governo, apenas aos membros do partido, por mals nurnerosos que eles sejam, no 4 liberdade. A liberdade 6 sempre a liberdade de quem pensa diferente- mente." (LUXEMBURG, Rosa - A revoIuo russa, Lisboa, Ijlmeiro, 1975, p. 65). Mas Kropotkin, ao inverso de Ro sa Luxemburg (que escreveu sua obra sobre a revo1uço russa em 1918), no raclocinava em termos de partido e de "tomada do poder" (do Estado), mas percehia elaramen te urn antagonismo entre 0 projeto de revo1uço alicerça do em partidos (e organizacao nacional via Estado) e o projeto de revoiucao oriundo dos sovietes, dos conse- Ihos, das comunas (corn organizaq6es locals, regionais e ate mundlal, corn base na destruiço do Estado e a estru turaco de rinhtiplas forinas de autogesto). (24) - evidente que muita coisa ficou sem ser dita, mas esta apresentaqo j ficou bern malor do que o previsto ml-. 1. cialmente. Deve-se menclonar ainda que hi na obra kro- potkinlana muita novidade (em relaço ao discurso geo- gráfico) para ser retomada, como a sun preocupaço corn os jovens e corn Os conflitos de geraçes, a sun preocu- paço corn 0 ensino e a sua Percepco de natureza. So- öre este iiltmmo Item, urn elemento interessante para ser registrado aqui 6 que ICropotkln JA havia superado (e an tee rnesmo que 000rresse) a querela sobre quem domina quem: o homem cu a natureza. Para ele era óbvto que a evoluço teenol6gica trazia o dornmnio do homem sobre a natureza; o problema que via nessa qUestao era que esse domInio, essa instrumentallzaçao das forças naturals p la soelédade moderna, poderia trazer Conseqttencias ne- gativas e, a1m disso, o essencial af seria verificar a quem exatamente (em termos de diferenças sociais) essa forma de progresso beneficiava. (25) - No próprio enterro de Kropotkin, em 1921, acompanhado por cerca do 100 mil-pessoas, haviam inimeras faixas on de se ha unia das ldias mais veementernente defendidas por ele: "Onde ha autoridade no h liberdade". 1 110 QUE A GEOGRAFIA DEVE SER" Piotr Kropotkin Era fcll prever que o grande renaseimento das cincias naturals, o qual nossa geraco tern tido a sorte de acompanhar desde ha trinta anos, assirn como a nova orientaco dada a lite ratura cientifica por urn grupo.de homens eminentes, que se dig puseram a apresentar Os resultados dam maim complexas investi- gaces clentIficas de forma acessIvel ao ptiblico em geral, de- veriam ne.cessariamente provocar urn renascimento equivalente na Geogratia. Esta ciencia, que torna em consideraco as leis des cobertas pelas suas eieneias-irms e coloca em pauta sua aco e seus eteltos mütuos em re1aco a superffcie do globo, no po deria permanecer a margem do movimento eientffico em geral; e assistimos na atualidade o despertar de urn interesse pela Geo- grafia que relembra o interesse por ela suscitado na geraço anterior, durante a primeira metade do nosso século. E verda- de que no temos contado corn urn viajante e fil6sofo to capaz como fol Humboldt; porém, as recentes expedices ao Artico e as investlgaçes nas profundidades abissais, e, maim ainda, os. rápidos progressos experitnentados pela Biologia, pela Climato- logia, pela Antropologia e pela Etnologia comparada, tm con- (x) Excertos selecionados, traduzidos de Antipode: a Radical Journal of Geography, vol. 10/11, n 9 1/3, 1976, pp. 6-15. Kropotkin esc.reVeu 0 ensalo em ing1s e publlcou-o origi-. nalmente em The Nineteenth Century, XXI, Londres, dezembro de 1885. (Traduço de Jos4 William Vesentini) 2 cedido aos trabaihos geogrfieos usia atraço to considervel e urn significado to profundo, que os próprios métodos de des- criço da Terra vm experimentando desde ha' algum tempo uma profunda modificaço. Reaparece novamente na literatura geo- gráf lea o mesmo nivel de explicaço clentifica e de fundamen- taco fllos6fiea a que Humboldt e Hitter nos haviam. acostuma- dos. NO se deve estranhar, portanto, que Os livros de via- gens e Os de descriçes geogrficas gerais estejam voltando a ser o tipo mais popular de leltura. Era tamb6m totalmente natural que o renascimento do inte- resse pela Geografla dirigisse a atenco do piiblico para a t Geo grafia na eseola. Realizaram-se pesquisas e descobriu-se, corn estupor, que havainos conseguido que esta cincia - amaisatra tiva e sugestiva para pessoas do, todas as idades - resulte em nossas escolas corno urn dos temas rnais áridos e carentes de sig nificado. Nada interessa tanto as criancas como as viagens; e nada 4 mais árido e menos atrativo, em muitas escolas, que aqui lo que nelas 4 batizado oem o none de Geografla. 0 mesmo p0- de-se dizer, quase que corn as mesmas palavras e corn raras ox.- cec6es, em relaço a FIsiea, a Quimica,.à Botanica, a Geolo- gia, a História e as Matemticas. (TJma reforma em profundidade no ensino de todas as ciencias é tao necessária quanto ilma re- forma na edueaço geogrfica. Todavia, apesar da opifliO pi- blica ter pernianecido bastante indiferente a respeito de ama reforma geral de nossa educaçao cientiflca - mesmo quando os homens mais eminentes deste s6cuIo a tenham preconizado -, ela parece, em troca, ter entendido rapidamente a necessidade de reformar o ensino da Geografia: a dlseusso recentemente ml- dada pela Sociedade Geogrflca... tern sido acoihida corn sin- 3 patia geral por parte da imprensa. /Nosso mercantilizado scu- lo parece haver entendido melhor a ncessidade de uma reforma na medida em que foram colocados em pauta os chamados interes- ses "prticos" da colonizaçao e da guerra. Ilma discusso ri- gorosa deve forçosamente demonstrar que nao se pode chegar a nada de s6rio nesse sentido desde que no se empreenda uma cor relativa, porém muito mais ampla, reforma geral do nosso siste ma de educaço. quase seguro que nao existe outra ciencia que possa tor nar-se to atrativa para a crianca como a Geografia, e que pos sa se constituir trnm poderoso instrurnento para o desenvolvimen to geral do pensamento, assim como para familiarizar 0 estudan te corn o verdadeiro tn4todo de investigaço cientffica e para despertar sua afeicao pela ciencia natural. As criancas no so verdadeiras admiradoras da Nature7a enquanto esta nao te- nha ligacoes corn o Homem.! 0 sentimento artistico, que desem- penha urn to linportante papel no deleite intelectual do natu- ralista, 4 demasiado debil na crlanca. As harmonias da Natu- reza, a beleza de suas formas, as admiráveis adaptaçoesdeseus organismos, a satisraco obtida pela inteligencia no estudo das leis ffsicas - tudo isso pode vir depois, porem nao ainda na prirneira infancla. cA criança busca em todas as partes o ho mern, a sua luta contra os obstáculos, a sua atividade.j Os ml- nerais e as plantas deixam-na fria; ela está atravessando uma etapa emque prevalece a lmaginacao..' Quer dramas humanos, o que significa que a meihor maneira de suscltar-ihe 0 iesejo de estudar a Natureza 6 pelos relatos de pescadores e caçadores, de navegantes, de enfrntamentos corn os perigos, de costumes e hábitos, de tradlces e migraces. Alguns "pedagogos" moder- 4 nos buscam matar a imaginaço das criancas. Os meihores so aqueles conscientes de at4 que ponto imaginaço constitut uma ajuda excelente para o raciocfnio cientIfico. Entendern en to o quo o Mr. Tyndall procurou certa vez incutir em seus ou- vintes, isto 4, quno 6 possIvel urna expilcaco cientIfica profunda sern a ajuda de urn poder de imaginaco bastante desen- vo]vido; e utilizarn a imaginaçao da criança no para abarrotá- -la do superstiçes, mas aim para despertar seu amor pelos es- tudos cientfficos. A descriço da Terra e de seus habitantes constituith corn toda segurança urn dos meihores meios para al- cançar tal firn. Relatos do homem lutando contra as forças hos tis da Natureza - o que se poderi encontrar de meihor para ins t pirar na criança o desejo de averiguar os segredos dessas for- gas? Pode-se despertar facilmente nas crlanças a feiço por "colöcionar", transformar seus quartos em exposiqes de curio- sidades, ao passe que, naS idades mais prematuras, no 4 fIcl1 despertar-ihes o desejo de investigar as leis da Natureza; na- da 4 mais fci1 que despertar nurna mente infantil a capacidade de comparaço mediante o relato das hist6rias de palses distan tes, de suas plantas e animais, de suas paisagens e fenmenos, sempre que plantas e animals, cielones e tormentas, erupçoes vuicanicas, guardem reiaço corn 0 hornets. Esta 6 a tarefa da Geografia na prirneira lnfncia: tomando corno intermediário ao hornets, iñteressar as crianças pelos grandes fenmenos da Natu- reza, despertar seu desejo de conhec-1os e expilcá-ios. 4Geograria deve cumprir, tarnbérn, urn serviço muito mais itnportante. Deve ensinar-nos, desde nossa mais tenra infn-. cia, que todos sornos irmos, quaiquer que seja a nossa nacio- na1idade Nestes tempos de guerras, de ufanismos nacionais, rm 5 de ódios e rivalidades entre naces habilmente alimentados por pessoas que perseguern seus próprios e egoisticos iriteresses, pessoais ou de classe, a Geografia deve ser - na medida em que a escola deve fazer algo para contrabalançar as influncias hostis - urn melo para anular esses estereótipos (prejudices) criar outros sentimentos mais dignos e humanos. Deve mostrar que eada nacionalidade contribui corn sua pr6pria e indispens- vel pedra para o desenvolvimento geral da cornunidade, e que so mente pequenas fraçes dé cada naco esto interessadas em man ter Os 6dios e rivalidades nacionais. Deve reconhecer que, além de nutras causas que nutrem as rivalidades nacionais, as diferentes naces no se conhecem suficientemente bern entre si; as espantadas perguntas sobre seu pals, que se fazem a urn estrangeiro; Os absurdos preconceitos (prejudices) mituos, que se estendem aos extremos de urn continente - e ate a ambos os lados de urn canal - so prova suficiente de que, mesmo entre aqueles que se costuma denominar gente cu].ta, a Geografla é apenas conhecida pelo norne. As pequenas diferenças de caracte rfsticas nacionais, que aparecem especialmente entre as clas- ses médlag, tendern a ocultar a irnensa semelhanca que existe en tre as classes trabaihadoras de todas as nacionalidades, seme- lhança que se converte no fato mais significativo it medida que se obtém urn major conhecimento. E tarefa da Geografia escia- recer essa realidade, e corn grande nfase devido ao contexto de mentiras acumuladas pela Ignoranela, presunco e egolemo. Deve reforçar nas mentes das crianças que todas as nacional.1- dades sao valiosas umas para as outras; que quaisquer que se- jam as guerras que tenham ocorrido, subjaz sempre no funcio destas 0 male miope doe egolsmos. Dove realçar que o desenvol- 6 vimento de cada naçao tern sido conseqUncia de iniimeras leis naturals, interligadas as caracterIsticas fisicas e 4tnicas da regiao gue habita; que os esforcos realizados por outras na- Moo ces para irepedir seu desenvolvimento natural constituem-se era simples erros; que as fronteiras polIticas so reliqulas de urn passado brbaro, e que o intercambio entre os diferentes pai- ses, suas relaçes e influncias enituas, estao submetidos a leis que dependem tm-ito da vontade individual coma as leis que regulam o movimento dos planetas. Esta segunda tarefa 4 suficientemente importante; porm, existe uma terceira, que talvez o seja ainda mais: a de comba- ter os preconceitos que nos foram tnoulcados em reiacao as ch madas "raças inferiores" - e isto numa 4poca em que tudo leva a crer que os cantatas que vamos ter corn elas vo ser eada vez mais intensos. Quando urn politico francs proclamava recente- mente que a missao dos europeus 4 civilizar algumas delas - ou seja, corn as baionetas e as matanças de Bac-leh -, no fazia mais que elevar a categoria de teoria os mesmos fatos que os europeus estao pratloando diariamente. E no poderia ser de outra maneira, pois desde sua mais tenra inrancia inculca-se o desprezo pellos "selvagens", ensina-se a considerar coma crimes eneobertos As verdadeiras virtudes dos pagaos, a tratar-as "ra- gas inferiores" como urn simples cancer - cancer que sornente de ye ser tolerado enquanto o dinheiro no o penetrou. His dos malores serviços que a Etnografia receriternente prestou consis tlu em demonstrar que esses pretensos "selvagens" conseguem de senvolver em alto grau, em suas sociedades, os mesmos sentimen tos humanitrios de sociabilidade, sentimento que nos, as eu- ropeus, estamos to orguihosos de professar, porém que raramen 7 te praticamos; que Os "brbaros costumes" que prontamente dene grimos, ou que as vezes sornente Ouvimos falar corn desgosto, respondem seja a uma brutal necessidade (como no caso da mae esquimó que mata o seu recém-nascido a rim de poder amamentar aos demais, aos quals cuida e atende muito meihor do que o ta- zem milhes de nossas maes européias), seja a umas formas de vida as quais nós, os orgulhosos europeus, ainda estamos vi- venciando, depois de as ter modificado lentarnente; e que as Sn perstices que achamos tao divertidas entre os "selvagens" apa recem ainda entre n6s da mesma fox -ma que eritre eles, corn alte- raçoes apenas no nome. Ate agora Os europeus tern "civjlizado Os selvagens" corn whisky, tabaco e seqUestros; 08 t&n [nocula- do corn seus vicios; Os tm escravizado. Porém, é chegado o mo mento em que nos devemos considerar obrigados a oferecer-Ihes algo meihor - isto 4, o conhecimento das forças da Natureza, a forma de utilizá-las, e formas superlores de vida social. Tu- do isso, e muitas outras coisas, deve ser ensinado pela Geo- grafia so de fato pensa-se em convert;-la num ineiode educacao. 0 ensino da Geografia deve, pois, perseguir urn triplo ob- ,jetivo: deve despertar nas crianças a afeicao pela oincja na- tural em seu conjunto; deve ensinar-lhes que todos Os homeng sao irmaos, quaisquer que sejam suas naclonalidades; e deve en sinar-ihes a respeitar as "ragas inferiores". Desde que se act mita Isso, a reforma da educaçao geográrica 4 Imensa: consists nada menos que na completa renovaçao (Ia totalidade do Si8tema de ensino de nossas escolas. ( ... ) Existe atualmente em pedagogia, devemos reconhec-lo, urna tendncia no gentido de euldar demaslado da mente Infantil. ate o ponto de frear 0 raciocmnio individual e do restringir a originalidade; e existe tambérn uma tendncia dirigida no sen- tido de facilitar dernasiado a aprendizagem,ate 0 ponto de de- sacosturnar a criança a reaiizaço do esfrco intelectual, no lugar de acostumá-la a ir gradualmente reaiizando-o. Ambas tendncias existem, porém devem ser consideradas antes de mats nada como uma reaço contra m6todos que antes erarn usuals, e seguramente tero uma vida enfrma. Concedamos a nossos esco- lares mais liberdade para seu desenvoivimento intelectualt Del xemo-lhes mais espaco para seu trabaiho independente, sern mats ajuda do professor do que a estritamente necessáriat (...) Onde encontrar professores pr levar a cabo essa irnensa tarefa de educaço? Esta 6, nos retrucam, a grande dificulda- de que todo piano de reforina do ensino encontra. Onde encon- trar, de fato, vrias centenas de miihares de Pestalozzis e Frobeis, que dm urna instruco verdadeiramente sólida as nos- sas pequenas criancas? Seguramente no nas filas desse triste exército de professores aos quals condenamos a ensinar durante toda gus vida, desde a juventude ate o tiimuio; que so envia- dos a urn povo corn o quai carecem de toda relaço inteiectuai de reciprocidade, e que prontamente se acosturnam a considerar seu trahaiho como uma maidico. Seguramente que no nas fuel ras daqueles que vm no ensino nina profisso essalariada .e na da rnais. Apenas personalidades excepcionais podem continuar sendo bong professores, nessas eondiç6es, at4 urns idade avança da. Estes homens e muiheres preciosos devem constituir , Va- iha diz-lo, Os irmos malores de urn ex6rcito de ensinadores cujas fileiras devem ser preenchidas corn voiuntrios orlenta- dos em seu labor por aqueles que tm consagrado toda sua vida a nobre tarefa da pedagogia. .Jovens, hornens e muiheres, que dediquem uns anos de sua vida ao ensino porque so movidos pe- 10 desejo de ajudar Os mais novos em seu desenvolvirnento inte- lectual; gente de mais idade, que está disposta a consagrar de terminadas horas a ensinar temas de sua preferncia - uns e ou tros constituiro provavelmente o ex6rcito de ensinaclores de urn sistema de educaco menos organizado. Em todo caso, claro esti que nao 6 precisamente convertendo o ensino em ursa pro- tisso assalariada que conseguiremos ursa boa educaço para non- sas crianças, e manteremos em nossos pedagogos esse espirito aberto e receptivo que 6 imprescindve1 para ajustar-seàs ores centes necessidades da cincia. 0 professor somente será urn verdadeiro professor quando sinta verdadeiro amor tanto pelas crianças como pelos temas que ensina, e esse sentimento nao po de perdurar durante anon Se 0 ensino 6 apenas uma profisso. Pessoas dispostas a dedicar suits energias e ensinar, e sufi- cientemente capazes de faze-b, nao faltam em nossa sociedade. Falta saber como descobrI-las, como interess-1as pela educa- ço e combinar seus esforços; e em suas rnos, corn a ajuda de gente mais experimentada, nossos col6gios serao muito rapida- mente diferentes do que sao agora. Sero lugares onde jovens geraces assimilarao conhecimentos e exper1nc1as das main ye- ihas, ao passo que estas, em contato corn as primeiras, recupe- raro novas energias para urn trabaiho conjunto em beneflejo da humanidade. "CAMPOS, FABRICAS Y TALLERES" U Piotr Kropotkin LA DESCENT RALIZACION DE LA INIMJSTRIA 4Qui6n no recuerda el notable capItulo con que Adam Smith comienza Sn investigación sobre la naturaleza y lag causas de la riqueza de lag naciones? Ann log econoniistas que rara vez vuelven la vista a lag obras del padre de la economfa politi- ca, y con frecuencia olvidan lag ideas que lag inspiraron, sa- ben ese capitulo de memoria; con tanta frecuencia ha sido co- piado, ilegando a convertirseenartloulo de fe. La historia económica del siglo que ha transcurrido, desde que Adam Smith 10 escribió, ha sido, por decirlo aef, Sn comentario. "La división del trabajo" fue su bandera; y la divisi6n y subdivision permanente de funciones (esta ültima sobre todo) se han llevado tan lejos, que han conseguido dividir a la huma nidad en castas, casi tan fuertemente constituidas coino lag de la antigua India. Tenemos, primero, la division en producto- res y consumidores: despuOs, la de productores que consumen p0 co, y consuinidores que producen poco. Y luego, entre log pri.- meros, usa eerie de nuevas subdivisiones: el trabajador manual y el intelectual, profundarnente separados, en prejuicio de am- bog; el trabajador del campo y el de la fabrica; y entre la ma () Trochos selecionados, extraIdos de P. Kropotkin - Campos, cas y Talleres, Madrid, Ediciones .Jticar, 1978, pp. 7- -15, pp. 66-79 e pp. 142-164 (Original de 1898). 12 sa de los fltirnos, nuevas subclivisiones, tan miniisculs, que la idea moderna de un trabajador parece ser un hombre o una mu jer, y hasta una nhia 0 Un muchacho, sin el conocimiento de ningn oficio, sin la menor idea de la industria emque se em- plea, no siendo capaz de hacer en el curso de la vida entera más que la misma infinitésima parte de una cosa: empujando una vagoneta de carbón en una mina, desde los trece aiios a los Se- senta, o haciendo el muelle de un cortaplumas o "la clécimoeta- Va parte de un alfiler". Meros sirvientes de una máqulna de-. terminada, simples partes de came y hueso do alguma maquina- na inmensa, no teniendo idea de cómo y por qué la mquina eje cuta sus ordenados movimentos. La destreza del artesano se ye despreciada, como resto de un pasado condenado a desaparecer. El artista, que antiguamen te hallaba un placer estético en sus obras, ha sido sustitui- do por el esclavo humano unido a otro de hierro. Hasta el tra bajador del campo, que antes acostumbraba a encontrar Un con- suelo a las penalidades de su vida en la casa de sus antepasa- dos, en su amor al terruilo y su Intima relaei6n con la natura- leza, ha sido condenado a desaparecer, para bien de la dlvi- sión del trabajo. Es un anacronismo, se nos dice: debe ser sustituj.do en el cultivo en grande, por un sirviente acciden- tal tornado para el verano y despedido al venir el otono; un desconocido, que no volveri ms a ver el campo que regó una vez en su vida. "El reformar la agricultura, de acuerdo con los verdaderos principios de la division del trabajo y la orga nizaciOn industrial moderna - dicen los economistas - es cues- tiOn de pocos anos." Deslumbrados por Ins resultados que ha obtenido nuestro 13 siglo de maravillosas invenciones, especialmente en Inglater- ra, los economistas y hombres politicos han ido todavia rnás lejos en sus sueiios de división del trabajo. Proclarnaron la necesidad de dividir a humanidad entera en talleres naciona- les, teniendo cada uno de etlos su especialidad particular. Se nos decla, por ejemplo, que Hungria y Rusia son naciones pre- destinadas por la naturaleza para dar trigo, a fin de alimen- tar a los paIses manufactureros; que Inglaterra tiene que pro- veer a todos los mercados de algodones, tejidos, ferreterla y carbon; Bélgica de géneros de lana, etc. Hasta suponIan que dentro de cada naci6n, cada regiOn ha de tenersu especialidad. As1 ha sucedido durante algi'in tiempo, y asi dehe continuar. De este modo se han hecho fortunas y se seguirán creando otrag nuevas. HablOndose proclamado que la riqueza de Ins naciones ha de rnedirse por la cantidad de beneficios obtenidos y que Ins mayores utilidades se realizan por rnedio de In especializacjón del trabajo, resultaba lOgico especializar a las naciones como se hace con los obrerog. La estrecha concepciOn de la vida, que consiste en pensar que el negocio ha de ser el iinico y principal estimulo de la sociedad humana, y la obstinada idea que supone que lo queexis tiO ayer ha de existir siempre, se hallanen desacuerdo con las tendenclas de la vida humana, In cual ha tornado otra di- recclOn. Nadie negarA el alto grado de producci6n a que puede liegarse por medlo do la especializaciOn. Pero, precisamente, a medida que el trabajo que se exige al indivlduo en la pro- ducc16n moderna se hace més simple y fácil de aprender, y por consecuencia ms monOtono y cansado, la necessidad qua siente pppl^ 4-wwww' 14 el individuo de 'rariar de trabajo, de ejercitar todas sus fa- cultades, se hace más imperiosa. La humanidad comprende que ninguna ventaja aporta a la comunidad el condenar a un ser hu- mario a estarsieinpre en el mismo lugar, en el taller o la mi- na, y que nada gana privndole de un trabajo, que lo pusiera en libre contacto eon la naturaleza, haciendo de 61 una parte consciente de un gra-todo, un partleipe de los ms elevados placeres de la.ciencia y el arte, del trabajo libre y de la concepción. Tamblén las naclones se niegan a ser especializadas. Ca- dauna es Un compuesto agregado de gusto e inclinaciones, de necesidades y recursos, de aptitudes y facultades. El territo rio ocupado, por cada nación es igualmente un tejido muy varia do de terrenos yclimas de montes y valles, de declives, que conducen a variedades ain mayores de territorios y de razas. La variedad es el carcter distintivo, tanto del territorio Co no de sus habjtantes; y es l6gico también una variedàd en las ocupaciones. La agricultura llama a la vida a la rnanufactura, y 4sta sostiene a aquélla; ambas son inseparables, y su mutua combi- naci6n produce los más grandes resultados. A medida que el 00- nocimiento t6enico se hace del dominlo general, a medida que se corivierte en internacional y no es posible tenerlo oculto por ms tiewpo, cada nación adquiere los medios de aplicar to- da la variedad de sus energias a la variedad de erflpresas indus triales y agrIcolas. El entendimiento no distingue los artificiales llmites po IIticos; lo mismo le ocurrIa a la industria, y la tendencia act-ual de la humanidad es a tener reunidas en cada pals y en 15 cada regi6n la mayor variedad posible de industrias colocadas al mismo nivel que la agricultura. Las necesidades de lasaglo meraciones humanas corresponden a las mismas del individuo, y mientras que una divisi6n temporal de runciones sigue siendo la más segura garantfa de 6xito en cada empresa particular, la division permanente estA condenada a desaparecer, siendo sus- tituida por una variedad tie ocupaciones intelectuales, Indus- triales y agrlcolas, correspondientes a las diferentes aptitu- des del individuo, as1 coino a la variedad de las mismas dentro de cada agregación de seres humanos. Cuando nosotros, separándonos de la escolstica tie flues- tros libros de texto, examinamos la vida humana en su conjun- to, pronto descubrimos que, inientras que todos los beneticios de una division temporal del traba,Jo deben conservarse es ya hora tie reclainar los que corresponden a la integracl6n del ml smo. La economIa poiltica ha insistido hasta ahora principal- mente en la division. Nosotros proclamamos la jntegracjOn, y sostenernos que el ideal de la sociedad, el estado hacia el cual marcha Osta, es una sociedad de trabajo integral, una sociedad en la cual cada indlviduo sea un productor de trabajo manual e intelectual; en la que todo ser humano que no estO impedido sea un trabajador, y en la que todos trabajen, lo mismo en el campo que en el taller industrial; donde ca a reuniOn tie mdi- viduos, bastante numerosa para disponer tie cierta varledad de recursos naturales, ya naciOn o regiOn, produzea y consuma la mayor parte de sus productos agrIcolas e Industriales. Pero iniltil es decir que mientras que la socledad perma- nezca organizada tie Un modo que permita a log duenos tie la 1 tierra-y del capital apropiarse para. SI, bajo la protección del Estado y de derechos históricos el sobrante anual delapro ducci6n hurnana, no será posible que se efectüe por completo Se mejante cambio. Pero el presente sistema industrial, basado sobre especializaci6n permanente de funciones, ileva ya en si inismo los g6rmenes de su propia ruina. Las crisis industriales, cada dia rns agudas y extensas agravndose y empeorndose ms adn por los armamentos y las guerras que trae el sistema actual, son causas de que su sos- tenimiento se haga cada vez rnás difleil. Ya los trabajadores manifiestan claramente su lntencidn de no suportar por más tiempo con paciencia Ian rniserias que cada crisis origina, y cada una de êstas acelera el momento en ci cual las instituciones de propiedad individual y producei6n sean par completo derribadas por medio de luchas internas, cu- ya violeneiae intensidad dependern del mayor o menor grado de buen sentido de las actuales clases privilegiadas. Pero nosotros sostenemos también que aualquier intento so cialista eneaminado a restaurar las actuales relaciones entre el capital y el trabajo, fracasará por completo si no se tie- men presentes las tendencias antes mencionadas hacia la Inte- graci6n. Estas tendencia5 no han recibido aimn, en nuestra opi nión, la atenci6n debida de parte de las diferentes escuelas socialistas; cosa que, forzosamente, tendrá que suceder. Una sociedad reorganizada, tendrA que abandonar ci error dè especializar las naciones, ya sea para la producción indus- trial o la agricola, debiendo cada una contar consigo misma pa ra la producción del alimento y de mucha parte, o casi toda, de las primeras materias, teniendo al mismo tiempo que buscar 17 los mejores medios de combinar la agrictiltura con la manufactu ra, el trabajo del campo con una iridustria descentralizada, y vindose obligada a proporcionar a todos una "educaci6n inte- gral", la cual, per SI sola, ensenando ciencia y oficlo desde la niiiez, dote a la sociedad de las mujeres y los hombres que verdaderainente necesita. Cada nación debe ser su propio agri- cultor y inanufacturero; cada individuo debe trabajar en el earn po y en algin arte industrial; cada uno debe combinar el cono- citniento cientIfico con el prctico. Esta es la presente ten- dencia de las naciones civilizadas. El prodigioso crecimiento de la industria en la Gran Bre- taiia, y el desarrollo simultáneo del trafico internacional, quo ahora permite el transporte de la materia prima y de los articulos de alimentaci6n en una escala gigantesca, han moti- vado da creencia de quo dos o tres naciones do la Europa Occi- dental estaban destinadas a ser las ünicas manufactureras del niundo, no necesitando más, segin so argflIa, que ahastecer el mercado de artIculos manufacturados y sacar de todos los pue- blos de la tierra el alimento que ellas no puedem producir, as1 come las primeras materias necesarlas para su fabrjcacj6n. La continua y creciente rapidez de las comunicaciones marIti- mas y la facilidad siempre en aumento del embarciue, han contri buido a fortalecer dicha opin16n. Si contemplamos los cuadros seduetores del trirleo Inter- nacional, pintados tan admirablernente per Neumann Spullart (el estadIstico y easi el poeta del comercio del mundo), non sen- timos inclinados a caer en un profundo éxtasls ante los resul- tados obtenidos. "LPor qué hcmos do cultivar el trigo, criar ganado vacuno y lanar, dedicarnos a culdar Arboles frutales, 18 labrar la tierra y sufrir todas las penalidades a que se halla sujeto el agricultor, teniendo oue mirar siempre con temor ha- cia el cielo, temiendo una mala cosecha, cuando podemos obte- ner con mucha menos fatiga montaiias de grano de la India, Ame- rica, HungrIa 0 Rusia; came de NuevaZelanda, legumbresdelas Azores, manzanas del Canada, pasas de Malaga, y asI sucesiva- menteV', exôlaman los europeos occidentales. "Ya hoy---dicen- nuestro alimento se compone, aun entre las familias poco aco- modadas, de productos trados de todas las partes del mundo; nuestras telas estan tejidas con fibras que han nacido y con lanas que se ban esquilado en todo el globo; las praderas de America y Australia, las montaas y estepas de Asia, los de- siertos helados de las regiones árticas, los calidos de Africa y las profundidades de los oc4anos, los trópicos ylas tierras donde se ye el sol a media noche, todos son nuestros tributa- rios. Los hombres de todas las razas eontribuyen, con su par- ticipaci6n, a suministrarnos nuestros principales alimentos y articulos de lu.jo, telas sencillas y géneros ricos, en tanto que nosotros les enviamos, en carnbio, el producto de nuestra superior Inteligencia, nuestro conocimiento practico y flues- tras poderosas facultades de organización, industriáles y co- merciales. ZNO es un gran espectáeulo este activo y complica- do cambio de produotos entre todos los pueblos que tan rapida- mente se ha desarollado en pocos aios?" Concedemos que lo pueda ser; ,pero acaso no será una qui- mera? Es, por Ventura una necesidad? iA qué preclo se ha ob tenido, y cuanto durará? Volvamos la vista ochenta aios atras. Francla se hallaba desangrada al terninar las guerras napoleénicas. Su naciente ) 19 industria, que habfa empezado a crecer al terminar el silo pa sado, fue aniquilada. Alemania é Italia eran impotentes en ci terreno industrial; los ejrcitos de la gran Repibiica hablan dado un golpe mortal a la servidumbre en ci continente; pero con la vuelta de la reaccidn se haci:an esfuerzos para reanimar a la decadente opresión y la servidumbre implica la ausencia de todaindustria digna de este nombre. Las terribles guerras entre Francia e Inglaterra, que se han explicado con frecuen- cia como hijas de meras causas polIticas, tenhan Un origen ms profundo: la cuestión econ6tnica. Habfan sido prornovidas por alcanzar la supremacia del mercado del mundo, iban contra ci comercio y la industria francesa, y la Gran Bretana ganó la ha taila haciéndose duena de los mares. Burdeos dejó de ser ri- val de Londres, y la industria francesa pareció muertaenfior. Favorecida por el poderoso impulso de Ins ciencias naturales y por la gran era de los inventos, no encontrando competencia se na en Europa, la Gran Bretana empezó a desarrollar su poder industrial. Producir en gran escala, en inmensas cantidades, fue el lena de su bandera. Las fuerzas humanas necesarlas se encontraban al alcance de In mario entre los campesinos, en par te arrojados por fuerza de la tierra y en parte atraidos a las ciudades par la eievaci6n de los salarios. Se creó In maqiti- nania necesaria, y In producctdn bnitánlca de artIcuios manu- facturados march6 con una rapidez gigantesc... En el transcur- so de ruenos de setenta anon ('lesde 1810 a 1878, ci rendimiento de Ian mines (Ic carbon aument6 desde 10 a 133 rnillones (Ic tone ladas) Ins Importaciones (Ic In materla prima se elevaron de 30 a 380 millones (Ic toneladas, y Ins exportaciones de gOneros manufacturados de 40 a 200 millones (Ia libras esterilnas. El fl 21 rIl tarios territoriales, que gozaron cerca de medlo siglo de un relativo bienestar, o al menos de un trabajo seguro y las fi- las de los trabajadores de las ciudades sólo aumentaban lenta- mente. Pero la revoluci6n de la clase media de 1789-1793 ha- bla ya hecho una dlstinci6n entre el campesino propletario y el proletarlo de la aldea, y al favorecer al prilnero en detri- mento del segundo, oblig6 a los trabajadores que no tenIan tierra ni hogar a abandonar sus pueblos, formando asI el pri- mer nuicleo de las clases trabajadoras entregadas a merced de los industriales. Además, los mismos pequeiios propietarlog territoriales después de haber disfrutado de un perfodo de in- discutible prosperidad, comenzaron a su vez a sentir la pre- si6n de los malos tiempos, vi6ndose obligados a bugear ocupa-- cióri en la industria. Las guerras y la revolución habfan con- tenido el desarrollo de ésta; pero empezó a crecer de nuevo du rante la segunda mitad de nuestro siglo, desarrollándose y me- jorándose. Ahora mismo, a pesar de haber perdido Francia Al- sacia no es ya tributaria do Inglaterra en cuanto a productos manufactureros, como lo era hace cuarenta aios. Hoy 8mg expor taciones de articulos manufacturados se evaltan en cerca de la mitad de los de la Gram Bretaiia, y las dos terceras partes de ellos sort textiles mientras quo sus importaciones consistem principalrnente en hilo torcido de algodón y lana de lag dames más superiores, que en parte son reexportados despus de teji- dos, y una peaueiia cantidad de géneros de lana. En lo referen te a mu consumo interior, Francis manit1sta unatenderiojabjen marcada a liegar a ser completarnente Un pafs aue me baste a sI unisuno, y en cuanto a la yenta de sum manufacturas lacuna a confiar, no en sue colonlas, sino especlairruente en su proplo y I 1,111 www 20 I tonelaje de la fiota comercial casi se triplicd, y se constru- yeron quince mil millas de ferrocarriles. Es intitil repetir a qué precio se obtuvieron los anterlo- res resultados. Las revelaciones de las cosisiones parlamen- tarias de 1840 al 42 respecto a las terribies condiciones de los trabajadores industriaies, las relaciones de terrltorios despoblados" y los ro.hos de niiios están awl frescos en la me- mona; serán eternos inonumentos que de.uestren por qui medios la gran industria se implantó en este pals. Pero la acumulac16n de la riqueza en nanos de las ciases privilegladas marchaba con una velocidad jaAs so.ada. Las in creibles riquezas que ahora sorprenden al extranj ero en las en sas particulares de Inglaterra seacumularon durte ese perlo do; las condiciones de vida que hacen que una persona conside- rada rica en ci continente aparezca como de una posición modes ta en Inglaterra, fueron introdueldas en asuella época. La propiedad imponible se dupiioó durante los üitimos treinta aiios del anterior perIodo, en tanto oue en ci curso de esos mismos aios (1810 a 178), no hajd de 27.500 ulilones de franeos (cerca de 50.000 miliones en la actualidad), el capi- tal colocado por los capitalistas lnzleses en industria 0 em- préstitos extranjerOs. Pero el monopollo de la produccldn industrial no podia ser eternarnente de Inglaterra, ni ci conocimiento industrial ni ci espiritu de empresa podlan consPrvarse para siempre coulo privileglo de esta islas. Neesaria y fatalmente comenzaron a cruzar el canal y a extenderse por ci continente. La gran Re- volucién habIa creado en Francia una numerosa clase de propie- tarios territoria1e relativo bienestar, las de los trabajad mertte. Pero la rev bla ya hecho una rIi ci proletario de la mento del segundo, tierra flu hogar a a] mer n6c1eo de las e los industriales. territoriales despu discutible prosperi sién de los malos t ción en la industri tenido ci desarroll rante la segunda ni jorándose. Ahora rn sacia no es ya trib manufactureros, corn taciones de artIcul mitad de los de la ellos son textiles principalmnente en más superlores, que dos, y una peaueia te a su consumo mt marcada a liegar a mismo, y en cuanto confiar, no en sus 21 tarios territoriales, que gozaron cerca de medio siglo de un relativo bienestar, 0 al menos de tin trabajo seguro y lag fi- las de los trabajadores de lag ciudades solo aumentaban lenta- mente. Perola revoluclOn de la clase media de 1789-1793 ha- bIa ya hecho una distinciOn entre el campesino propietario y el proletarlo de la aldea, y al favorecer al priinero en dtr1- mento del segundo, obligO a los trabajadores que no tenfan tierra ni hogar a abandonar sus pueblos, tormando asI el pri- mer niicleo de lag clases trabajadoras entregadas a merced de los industriales. Además, los mismos pequenos propietarios territoriales despuOs de haber disfrutado de un perfodo de in- discutible prosperidad, cornenzaron a su vez a sentir la pre- dOn de los malos tiempos, viOndose obligados a busear ocupa-- ciOn en la industria. Las guerras y la revoluci6n habfan con- tenido el desarrollo de ésta; pero empezO a crecer de nuevo du rante la segunda mitad de nuestro siglo, desarrollándose y me- jorándose. Ahora mismo, a pesar de haber perdido Francia Al- sacia no es ya tributarla de Inglaterra en cuanto a prothictos manufactureros, como lo era hace cuareata aiios. Roy sits expor taciones de artIculos manufacturados se eva1ian en cerea de la mitad de los de la Gran Bretajia, y lag dos terceras parteg de ellos son textiles mientras quo sus Importaciones Consistem principalmente en hilo torcido de algodOn y lana de lag cla8es más superlores, que en pane son reexportados despus de teji- dos, y una peaueii-a cantidad de géneros do lana. En Ic referen te a su consumo interior, Francis manlfltsta unatendenojablen marcada a liegar a ser completamente un pafs que se baste a sI mismo, y en cuanto a la yenta de sue Inanufacturas Inclina a confiar, no en sue colonias, sine especinirnente en su rroplo y 22 rico mercado Interior. Alemania sigue la niisma marcha. Durante los tfltimos vein ticinco arms, y especialmente desde la i51tlma guerra, su indus tria ha experimentado una verdadera reorganización. Su maqui- naria ha mejorado por completo, y sus nuevas fábrieas están provistas de mquinas que, casi puede decirse, representan la fltima palabra del progreso téenico.. Tiene muchos operarios y obreros dotados de una educacióri ténciea y cientIfiea supe- rior, encontrando su industria.un auxiliar poderoso en un ejér cito de ilustrados qulmicos, medicos e Ingenieros. Considera- da en su totalidad, Alemania ofrece boy el espectáculo de una nación en un perIodo de fiebre, con todas las fuerzas de una nueva Impulsión en todos los terrenos. Race treinta aiios era tributaria de Inglaterra: ahora es ya su competidora en los mercados del Sur y del Este, y dada la rapidez con que su industnia camina, su competencia ha de hacerse seritir a6n más vjvaineflte. La ola de la producci6n industrial, despu4s de haber te- nido su origen en el Noroeste de Europa, se extiende hacia el Este y Sudeste, cubriendo por momentos un cfrculo mayor; y a medida que avanza hacia Oriente y penetra en paIses ma's j6ve- flee, implanta allf todas las mejoras debidas a un siglo de in- ventos mecánicos y quImicos: toma de la ciencia todo lo que és ta puede prestar a la industria, encontrando pueblos deseosos de utilizar los imitimos resultados del progreso moderno. Las nuevas fimbricas de Alemania empiezan donde llegd Man- chester después de Un siglo de experimentos y tanteos. Rusia principia donde Manchester y Sajonia han liegado en ha actua- lidad. Rusia, par s de la Europa occiden dos los géneros que de Gran Bretaiia, ya Los derechos de ocasiones, favorecer siempre a expensas d evitando el mejorawi lizaeidn de ha indu o sin ellos. Y hast Austria, Hungri rrollando sus indusi van a unirse a ha f hay mae: hasta Ia hr tales e inteligenci cer industrias pro; competidor, los Est todos los paIses in( cación técnlca se v crece en los Estado dad americana) que, ahora son neutrales canoe. El monopolio d trial, ha dejado de par grandes que sea para volver a Un es historia. Hay que vas: el pasado ha v hw- 23 lidad. Rusia, por su parte, trata de emanciparse de la tutela de la Europa occidental, y empieZa rápidamente a fabricar to- dos los géneros que anteriormente acostumbraba a importar, ya de Gran Bretana, ya de Alemania. Los derechos de importaci6n pueden, tal vez, en ciertas ocasiones, favorecer el nacimiento de nuevas industrias, pero siempre a expensas de otras que se hallen en el mismo caso, y evitando el mejoramiento de las existentes, pues la descentra.- iización de la industria se efectuará con derechos protectores o sin ellos. Y hasta dirla que a pesar de ellos. Austria, Hungria e Italia siguen la inisina senda, desa- rrollando sus industrias nacionales, y hasta Espaiia y Servia van a unirse a la familia de los pueblos manufactureros. Aln hay rnás: hasta la India, el Brasil y Méjico, apoyados por capi tales e inteligencias inglesas y alemanas, empiezan a estable cer industrias propias en su suelo. Finalmente, un terrible competidor, los Estados Unidos, se ha prestado ultimamente a todos los palses industriales de Europa. A medida que la edu- cación técnica se va extendiendo allI ms y ms, la inthistria crece en los Estados; y 10 hace con tal velocidad (una veloci- dad americana) que, dentro de muy pocos arms, los mercados que ahora son neutrales se verán irwadidos por los géneros amen- canoe. El monopoliO de los que pnimero ocuparon el campo indus- trial, ha dejad.o de existir. Y este monopollo no resucjtará por grandes que sean los movimientos espasmédicos que se hagam para volver a un estado de cosas que pertence al domjnjo de la historia. Hay que buscar nuevos senderos, orientaciones flue- vas: el pasado ha vivi do, pero no pucdeseguirv1vipridorng.( ... ) 24 LOS RECURSOS DE LA AGRICULTURA Pocos libros han ejercido una influencia tan perniciosaso bre el desarroilo general del pensamiento econ6mico coma la que ci Estudio del principlo de poblaci6n, de Malthus, ha teni do durante tres generaciones consecutivas. Apareció en un mo- mento oportuno, como todos los libros que han alcanzado aiguna influencia, asociando ideas ya existentes en el cerebro de la minorIa privilegiada. Era precisamente cuando las ideas de igualdad y libertad, despertadas por las revoluciones francesa y americana, pugnabam por penetrar en la mente del pobre, mien tras que los ricos se habian ya cansado de ellas, cuando Mal- thus vino a afirmar, contestando a Godwin, que la igualdad es imposible; que La pobreza de los ms no es dehida a las insti- tuciones, sino que es una icy natural. "La poblaci6n - decla- crece con demasiada rapidez; los iiltimos recin venidos no en- cuentran sitio para ellos en ci festIn de la naturaleza; y es- ta icy no puede ser alterada por ningtSn cambio de instituclo- nes." Dc este modo de daba al rico una especie de argumento cientIflco contra las ideas de igualdad; y bien sahemos que, aunque todo dominio est basado sobre la fuerza, 4sta comienza a vacilar desde ci momento que deja de estar sostenida por una firme creencia en su propia justificación. Respecto a las cia ses desheredadas, las cuales siempre sienten la influencia de las ideas predominantes en Un momento determinado entre las clases privilegiadas, MRlthus las priv6 de toda esperanza de mejora; las hizo escépticas respecto a los ofrecimientos delos reformadores sociales, y hasta nuestros dIas, los reformadores ms avanzados abrigan dudas en cuanto a ia posibilidad de sa- tisfacer las aecesidad las reclamase, y de ur ra por resultado un at. La ciencia, haste doctrina. La economi mientos sobre una tic a mentar rápidamente la poder dar asf satisfac sici6n permanece indi nornha polItica, clásic br de cambio, salari: cambio y consumo. EU Un suministro limjtadc
Compartilhar