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ARTIGO FISCALIZAÇÃO E CONTROLE NA GESTÃO PÚBLICA 0 1332100 CORRIGIDO

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UNINTER CENTRO UNIVERSITÁRIO
GABINEIA PEREIRA DOS REIS 
FISCALIZAÇÃO E CONTROLE NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
PRAIA GRANDE
2018
GABINEIA PEREIRA DOS REIS 
FISCALIZAÇÃO E CONTROLE NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
Artigo Científico apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Administração Pública e Gerenciamento de Cidades da Escola Superior de Gestão Pública, Política, Jurídica e Segurança do Centro Universitário Uninter, como requisito parcial à obtenção do título de especialista em Administração Pública e Gerenciamento de Cidades.
Orientadora: Prof. Eduardo Vacovski
PRAIA GRANDE
2018
FISCALIZAÇÃO E CONTROLE NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
Gabineia Pereira dos Reis[1: Discente do Programa de Pós-Graduação em Administração Pública e Gerenciamento de Cidades da Escola Superior de Gestão Pública, Política, Jurídica e Segurança do Centro Universitário Uninter]
Eduardo Vacovski[2: Orientador de TCC no Centro Universitário UNINTER, Graduado em Direito, Mestrando em Planejamento e Governança Pública, Especialista em Direito Processual Civil, Advogado.]
RESUMO
Este artigo tem como objetivo demonstrar a importância da fiscalização para o controle orçamentário na gestão pública. A evolução na administração pública ao longo do tempo traz a transparência como uma das principais formas de promoção das atividades e competências, adotando uma perspectiva mais gerencial, o que é sustentado por medidas de fiscalização e controle das atividades públicas, direcionadas aos cidadãos. Foi realizada pesquisa descritiva a partir de revisão bibliográfica em livros sobre fiscalização e controle na administração pública, além de artigos científicos e outros trabalhos acadêmicos. Mostra-se que a Administração pública vem se adaptando conforme as novas necessidades da sociedade brasileira, adotando novos formatos administrativos mais compatíveis com a realidade contextual, o que configura uma fiscalização mais focada em princípios administrativos pautados na qualidade dos serviços públicos. Conclui-se que as medidas de controle evoluíram conforme a exigência dos cidadãos, que atualmente acompanham e cobram de forma mais atenta os representantes do governo e exercem sua cidadania mais plenamente.
Palavras-chave: Fiscalização. Controle. Administração Pública. 
INTRODUÇÃO 
A administração pública no Brasil sofreu períodos de mudanças consecutivas desde a década de 1980, período marcado por crise do Estado. 
Em sequência, o país vivenciou e precisou adequar-se à nova realidade da Globalização, modificando sua estrutura burocrática para uma abordagem gerencial, onde passaram a incidir conceitos e teorias administrativas no exercício da atividade pública, onde as políticas públicas e as atividades estatais passaram a ser pautadas por princípios administrativos modernos.
Com a evolução da sociedade no mundo global, os meios de controle e fiscalização adotados foram os relacionados a administração de empresas, sem intenção de copiar modelos administrativos, mas de inserir na administração pública meios mais eficazes para permitir a prática de novas competências e garantir maior transparência no processo administrativo das atividades públicas.
Nos últimos anos, porém, percebe-se que houve uma crise política na administração pública, o que resultou numa revisão de papéis e mecanismos das atividades e serviços públicos, a partir da descoberta de formas de corrupção e práticas ilícitas na administração pública nas esferas federal, estadual e municipal, ocasionando uma crise econômica e confirmando a necessidade de discussão sobre a fiscalização e controle na administração pública. 
Em contexto de escassez de recursos financeiros por crise econômica e política, aliado à necessidade de reestruturação da administração pública com maior transparência administrativa, questiona-se: Como realizar a fiscalização na administração pública para o controle do orçamento público? 
O objetivo geral desta pesquisa é demonstrar a importância da fiscalização para o controle orçamentário na gestão pública.
Os objetivos específicos são:
Apresentar os conceitos de controle interno e externo do orçamento público;
Investigar a história e evolução da fiscalização da gestão pública no Brasil;
Identificar os princípios legais do controle;
Mostrar as competências para o controle da gestão pública; 
Analisar os tipos de auditorias governamentais.
A justificativa da elaboração do artigo está no desejo de aprofundar o conhecimento nesta área, bem como a aplicação dos conceitos de fiscalização e controle no orçamento público como forma de obter maior eficiência da gestão das competências e dos interesses públicos, que se apresentam em ambiente complexo e diversificado de interesses políticos, institucionais e da população.
2 REFERENCIAL TEÓRICO 
	O tipo de estudo será descritivo visando à identificação, registro e análise das características, fatores ou variáveis que se relacionam com o fenômeno ou processo (PEROVANO, 2016).
	A pesquisa bibliográfica será desenvolvida com base em material científico e publicado, constituído principalmente de livros e artigos científicos.
	A classificação do tipo bibliográfica, para Gil (2010), as pesquisas bibliográficas possuem uma característica lógica: escolha do tema, prévio levantamento bibliográfico, busca de fonte, análise do material, organização coerente do assunto e a redução do assunto.
	Foram pesquisados livros sobre administração pública, assim como artigos científicos e outros trabalhos acadêmicos, como dissertações e teses, que abordam a fiscalização e o controle na administração pública.
2.1 A Evolução da Administração Pública
	Meirelles (2010) define Administração Pública como o aparelhamento do Estado para assegurar a satisfação das necessidades coletivas nos âmbitos de: segurança, saúde, cultura e bem-estar social da população. Suas funções, portanto, são: influenciar relações entre público e privado, garantir a segurança jurídica, publicidade aos atos administrativos do Estado e fiscalização. 
	Já a ação administrativa, conforme o autor, constitui-se no condicionamento de liberdade e de propriedade e exercício do poder de polícia.
	Ressalta-se que, embora haja um conceito de Administração pública, sua prática define-se sem distinção da administração de empresas privadas, pois para ambas podem ser aplicadas teorias e práticas a fim de obter a otimização no uso de recursos, para o alcance dos objetivos institucionais. O que difere são suas finalidades, ou seja, seus objetivos e resultados.
	A Administração pública brasileira fundamenta-se em alguns princípios estabelecidos no artigo 37 da Constituição Federal (CF) de 1988 que definem a estrutura de poder da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, conforme a seguir:
Princípio da legalidade: deve ocorrer a atuação da administração em conformidade com os princípios constitucionais, a lei e o direito; 
Princípio da impessoalidade: a administração pública deverá atuar quanto ao interesse da coletividade, em regime de igualdade e impessoalidade, em favor do interesse público, sem benefícios próprios ou de terceiros;
Princípio da moralidade: a administração deve adotar a ética, moral comum e integridade conforme o contexto e os preceitos legais;
Princípio da publicidade: a administração deve publicar, ou seja, tornar público, divulgar os atos administrativos oferecendo acesso às informações;
Princípio da eficiência: a administração deve apresentar presteza, racionalidade e otimização de recursos na prestação de serviços.
De acordo com Meirelles (2010), a Administração Pública, no Brasil, apresenta divisão em Administração direta e Indireta. No primeiro tipo: o Estado exerce suas funções diretamente no exercício dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. No segundo tipo, há transferência e descentralização na execução de funções pela contratação de outras entidadescom personalidades jurídicas próprias, que são subordinadas ao Estado como, por exemplo, as autarquias, fundações, sociedades de economia mista e demais empresas públicas.
	A Administração pública no Brasil passou por diversas modificações e adequações conforme seu contexto político e econômico. A Constituição Federal de 1988 trouxe três mudanças significativas, conforme Abrucio (2005, p.21):
Em primeiro lugar, a democratização do Estado, que foi favorecida com o fortalecimento do controle externo da Administração Pública, com destaque, entre outras mudanças, para o novo papel conferido ao Ministério Público (MP). Neste aspecto está, também, o reforço dos princípios da legalidade e da publicidade. A descentralização foi outra demanda construída nos anos de luta contra o autoritarismo e que ganhou enorme relevância na Constituição de 1988. Após 20 anos de centralismo político, financeiro, financeiro e administrativo, o processo descentralizador abriu oportunidades para maior participação cidadã e para inovações no campo da gestão pública, levando em conta a realidade e as potencialidades locais.
	A partir dos anos 1990, no Brasil, ocorreram mudanças que culminaram na reforma da administração pública, que deixou de ser um instrumento burocrático, que não atendia as necessidades da sociedade nem da economia brasileira, pois impunha ao mercado o controle econômico e o Estado era reduzido ao mínimo em termos econômicos e financeiros.
	Assim surgiu a abordagem gerencial, de acordo com Bresser Pereira e Spink (2006, p.15):
A abordagem gerencial, também conhecida como nova Administração pública, parte do reconhecimento de que os Estados democráticos contemporâneos não são simples instrumentos para garantir a propriedade e os contratos, mas formulam e implementam políticas públicas estratégicas para suas respectivas sociedades tanto na área social quanto na científica e tecnológica. E para isso é necessário que o Estado utilize práticas gerenciais modernas, sem perder de vista sua função eminentemente pública.
	Para os autores, nesse período, especificamente em 1995, foi estabelecido o Ministério da Administração e Reforma do Estado (MARE), cujo criador foi o então ministro Bresser-Pereira, que implantou a reforma gerencial e estabeleceu o Plano Diretor da reforma do Estado, desenvolvendo a profissionalização do serviço público e atribuindo maior qualidade as atividades públicas.
	Essa postura consolidou a adoção de práticas da administração executadas nas empresas privadas, para serem implementadas na Administração Pública, de forma a constituir um modelo administrativo eficiente para a qualidade nos serviços públicos e atendimento às necessidades da sociedade.
2.2. A Fiscalização na Administração Pública
	A compreensão de que a Administração pública não apresenta diferenças na condução da gestão em relação à Administração privada, fundamenta-se nas influências e impactos sociais e administrativos decorrentes do processo de Globalização.
	Segundo Dropa (2004, p.1):
O governo federal brasileiro vem tentando ampliar e aperfeiçoar os instrumentos que permitem ao cidadão ter participação ativa no exercício da cidadania onde haja também a ação do Estado.
No que diz respeito à gestão pública, observa-se um crescimento cada vez maior no sentido de promover uma abertura e acesso às informações sobre as finanças públicas, como a criação do Caixa Único da União, do Plano de Contas Único da Administração Pública Federal, do acesso aos dados financeiros do governo, tanto por parlamentares quanto pelo Tribunal de Contas da União através de uma homepage on-line, dentre outras.
	Para Torres (2004), o acesso à informação e desenvolvimento de meios tecnológicos facilitou ao cidadão a busca de acompanhamento das funções do Estado e todas as suas atividades e, com isso, as pessoas tornaram-se mais conscientes da atuação da Administração Pública, o que faz com que esta precise estar mais disponível para o atendimento aos interesses e necessidades da coletividade. 
	Por este motivo, a administração deve privilegiar o cumprimento da missão do governo, o que requer uma ação pautada na fiscalização dos serviços públicos.
	Torres (2004, p.8) complementa que a reforma da administração pública passou a vigorar dentro da agenda de diversos países com o intuito de gerar reflexão e novas práticas de atendimento:
A ênfase modernizadora é fruto também e principalmente da relação entre burocracia e democracia uma vez que, a cada estágio mais elevado da noção de cidadania, as cobranças da sociedade por serviços públicos melhores e mais eficientes se intensificam. Não basta mais desempenhar uma quantidade enorme de atribuições sociais, é preciso atender com eficiência, economicidade e agilidade o cidadão/ eleitor, que cada vez mais exige uma administração pública à altura de suas importantes responsabilidades sociais.
	De outro lado, percebe-se que a informação permitiu aos cidadãos o conhecimento sobre as fraudes e corrupção existentes no setor público e que prejudicam a Administração Pública, o que justifica a necessidade de evolução dos meios de fiscalização.
	De acordo com Santos (2014), a crise política e o grave problema da corrupção no Brasil, somando as deficiências na prestação de serviços, perda de autoridade dos governos e o caos das cidades impõem novas formas de reestruturação da gestão pública, e seu maior desafio é fazer com que esta atenda de fato as demandas da sociedade para oferecer suporte eficaz, sendo a fiscalização da gestão um dos pilares dessa reconstrução.
	Bonomo (2008) discute que a ineficiência na gestão é relativa também a ausência de fiscalização e controle:
As consequências de uma gestão ineficiente trazem repercussão nos diversos setores da vida nacional, pois influencia o fluxo de investimentos, o crescimento econômico, a qualidade dos serviços públicos, os índices de desenvolvimento social, dentre outras consequências. Porém, talvez o mais grave problema seja o impacto sobre a credibilidade das instituições democráticas que, uma vez enfraquecidas, abre espaço para a desordem, insegurança, e até mesmo à criminalidade.
	Torres (2004) propõe que a evolução da burocracia para a democracia é um marco na reforma da Administração pública, em seu desempenho e formas de fiscalização, a partir da introdução da Administração pública gerencial.
	A criação da Administração Pública gerencial teve como objetivos o aumento da eficiência e efetivação das entidades públicas a partir de descentralização e delegação de decisões, incentivo à inovação na gestão e nas medidas de controle, a partir de uma perspectiva de transferência de autonomia e maior responsabilidade aos gestores públicos, direcionando o foco da Administração pública para a noção de cidadão-cliente e com maior controle da sociedade. 
	Abrucio (2005) discute a perspectiva da Administração Pública gerencial sob a comparação entre os governos de Fernando Henrique Cardoso e Luís Inácio Lula da Silva sob a análise dos meios administrativos de fiscalização e controle e sob a competência do funcionalismo público. 
	Para o autor, no governo de Fernando Henrique, destaca-se a transparência no desempenho do governo pela organização das informações e disponibilização do governo eletrônico, um instrumento tecnológico que aumentou o acompanhamento da eficiência governamental e democratização no Brasil, aumentando assim a qualidade na prestação de serviços pela observação mais atenta do cidadão. Já no governo sucessor, Lula, implementou um novo sistema de informação de leis e ações governamentais, oferecendo um suporte de ouvidoria, que se constituiu em canal de comunicação entre poder público, funcionários públicos e cidadãos.
	Abrucio (2005, p.2) comenta:
Houve uma grande reorganização administrativa do governo federal, com destaque para a melhoria substancial das informações da Administração Pública antes desorganizada ou inexistente – e o fortalecimento das carreiras de Estado. Uma segunda ordem de mudanças diz respeitoà área legal, especialmente no campo da reforma constitucional, com as Emendas ns. 19 e 20. Medidas que implicaram tetos para o gasto com funcionalismo, alterações no caráter rígido e equivocado do Regime Jurídico Único e introdução do princípio da eficiência entre os pilares do direito administrativo.
	Este novo estilo de gestão repensou o formato e o funcionamento do Estado, aproximando-o à realidade do setor privado de forma a conceder maior celeridade dos processos administrativos, aumento da qualidade em serviços e garantia de direito dos cidadãos às coisas públicas.
	Bonomo (2008, p.3) complementa:
Com a social democracia, torna-se mais instrumentalizados os sistemas de controle da Administração, acompanhando o aumento da preocupação com o controle das atividades administrativas, frente à maior intervenção na sociedade, seja pela prestação de serviços, seja pela atividade regulatória da economia. Novas modalidades de controle dos atos administrativos são criadas, pois, a própria sociedade provoca e cobra a atualização dos mecanismos de censura sobre os atos ilegais da Administração Pública.
	E ainda para Harada (2010, p.86): “A fiscalização e controle orçamentário servem justamente para coibir abusos do Poder Público no que se refere ao dinheiro público e sua destinação dentro da melhor destinação e com responsabilidade”. 
	A fiscalização e controle estão previstos na Constituição Federal de 1988 (CF, 1988), nos artigos 70 a 75, estabelecendo os órgãos competentes para tal finalidade. 
Considera-se que a fiscalização enquanto ação evoluiu conforme a reforma do Estado no Brasil a partir do momento em que a população passou a exercer seu direito de cidadania, cobrando maior transparência na administração pública e atuando com maior acompanhamento da prestação de serviços públicos. 
	Capobianco (2012, p.1) define a decorrência da fiscalização na Administração pública: “A fiscalização ocorre quando se verificam os atos dos órgãos e agentes administrativos, seja perquirindo sua legalidade e probidade, seja observando o atendimento às finalidades públicas a que tais órgãos são incumbidos”.
	De acordo com Dropa (2004), a função de fiscalização do Estado aumenta com a descentralização e delegação de responsabilidade as esferas estaduais e municipais relativas aos setores de saúde, educação e assistência social, por exemplo, o que aumenta por consequência a capacidade de controle social da população.
	O que se percebe nessa visão é que a reforma administrativa permitiu o estabelecimento das relações entre Estado e sociedade, o que enfatiza o exercício da cidadania pela população e envolve os mecanismos de democracia, o que influencia as relações de poder e possibilita a população fiscalizar as atividades governamentais. 
	Essa realidade mostra que ampliou a esfera do controle a partir da permissão de fiscalização por parte dos cidadãos, uma vez que o Estado evidenciava que era limitado nessa função
	Ainda de acordo com Dropa (2004, p.3):
Um Estado Democrático de Direito pressupõe uma Administração Pública mais transparente, pois a transparência torna os governos mais democráticos e não há melhor fiscalização dos atos oficiais do que uma opinião pública bem informada.
Transparência e clareza são fundamentais num Estado Gerencial e num momento de globalização como o que vivemos, atualmente. Com a redução do Estado, alcança-se uma situação em que a administração pública se vê com um espaço restrito para atuar na vida do Estado e da sociedade, deixando para a iniciativa privada e organizações não governamentais a tarefa de promover e fiscalizar determinadas atividades que até então pertenciam à esfera estatal.
	Sendo assim, não há como dissociar a fiscalização do controle na Administração pública, pois o segundo é a continuidade e o exercício do primeiro, uma não caminha sem o outro.
	Também, atualmente, não há como excluir a atuação da população nessas esferas, uma vez que a evolução na fiscalização, por parte dos cidadãos no exercício de sua cidadania, é uma medida de controle.
2.3 O Controle na Administração Pública
	O controle é importante a qualquer forma de organização, visto que administrar compreende planejar, dirigir e controlar os recursos organizacionais. Neste sentido, Chiavenato (2004), na teoria da administração, considera que existe uma abundância de princípios defendidos por vários pensadores da ciência administrativa. Dentre estes, destacam-se os quatro princípios da administração, sendo eles: planejamento, organização, direção e controle.
	Os princípios constitucionais de controle estão previstos no artigo 37, conforme mencionado anteriormente: princípio da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
	Carvalho Filho (2005) define o controle na administração pública como os meios utilizados para a fiscalização e revisão dos atos administrativos em qualquer instância de poder, o que é feito a partir de instrumentos jurídicos e administrativos, sendo de competência do Estado. 
	O autor explica as diversas tipologias de controle na Administração pública:
Quanto ao órgão que o exerce:
Administrativo, legislativo ou jurídico.
Quanto ao momento em que se efetua:
a) controle prévio (a priori): refere-se a um controle preventivo para impedir a expedição de ato ilegal ou contrário ao interesse público;
b) controle concomitante: é exercido concomitante a realização da atividade pública;
c) controle posterior: busca reavaliar e revisar os atos já praticados, para corrigi-los, desfazê-los ou confirmá-los. Exemplos: aprovação, homologação, revogação, convalidação.
Quanto à localização do órgão controlador:
a) controle interno: controle exercido pelos Poderes sobre sua própria atividade administrativa, a partir de mecanismos próprios de aferição de sua atividade.
b) controle externo: controle exercido por uma esfera de Poder sobre o outro ou controle da Administração direta sobre a indireta. Exemplos: fiscalização contábil, financeira e orçamentária (CF, art. 71), que prevê o controle externo como função do Congresso Nacional, com o auxílio do Tribunal de Contas.
Quanto ao aspecto da atividade administrativa a ser controlada:
a) controle de legalidade: exercido pelas três esferas de Poder.
b) controle de mérito: exercido pela própria administração.
	Para Meirelles (2010), o controle vai além do resguardo a coisa pública, indo além dos princípios constitucionais, pois atua no desempenho de qualquer organização, seja ela pública ou privada.
	Bonomo (2008) considera que a melhor forma de controle da administração pública é a transparência, que deve ser imposta aos gestores públicos uma vez que estes representam os interesses dos cidadãos.
	Dropa (2004) considera a adoção de modelo de administração pública que contemple uma relação entre governo e sociedade civil a partir da circulação de informações, além de publicização dos atos administrativos, o que pode concretizar-se a partir de maior participação da população na gestão, o que inclui sua atuação desde a criação e implantação de políticas públicas. Esta prática possibilitará maior contato entre sociedade e Estado, efetivando mais a democracia a partir de uma administração mais profissional e adequada à época vigente.
	Para ampliar a discussão sobre o controle na Administração pública, é feita discussão sobre os tipos de controle interno e externo, pois são os mais passíveis de implementações conforme a evolução nas esferas de poder da Administração pública. 
	Segundo Crepaldi (2010) o controle interno depende do tipo de empresa, conforme suas características e no setor público, pela introdução de um sistema de regras, embora a conceituação do controle interno não apresente divergências entre os setores, pois referem-se aos instrumentos organizacionais que exercem vigilância, inspeção e verificação das ações administrativas, o que garante a previsão, observação, direção dos fatos que ocorrem em âmbito interno da organização e refletem sobre seu patrimônio.
	Lenser(2012, p.22) explica a distinção entre o controle da Administração pública e a privada:
Não se pode fazer uma comparação direta entre a Administração Pública e a praticada na iniciativa privada, devido aos processos serem mais morosos pelo atendimento da legislação. No entanto, o administrador deve igualmente planejar, organizar, dirigir e controlar os recursos humanos, técnicos e materiais colocados à sua disposição, precisando, sobre esta gestão, prestar as devidas contas (accountability). 
	Crepaldi (2010) faz uma relação entre o controle administrativo e contábil na esfera da administração pública, sendo que estes se consolidam a partir do planejamento da organização que, na administração, refere-se aos instrumentos de eficiência operacional, e na contabilidade, abrange os registros contábeis e do patrimônio. A relação entre estes se dá a medida em que a administração adota a contabilidade como instrumento de controle.
	Para Lenser (2012), a Constituição Federal, em seu artigo 74, estabeleceu as formas de controle interno, conforme a seguir:
Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma integrada, sistema de controle interno com a finalidade de:
I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execução dos programas de governo e dos orçamentos da União;
II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência, da gestão orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da administração federal, bem como da aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado;
III - exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos direitos e haveres da União;
IV - apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional.
§ 1º Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade, dela darão ciência ao Tribunal de Contas da União, sob pena de responsabilidade solidária.
§ 2º Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para, na forma da lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União.
	A autora ressalta que embora cada esfera de poder tenha autonomia para realizar seu próprio controle, há necessidade de que o sistema tenha operação integrada entre as instâncias. 
	Lenser (2012) ainda ressalta que a CF definiu três instrumentos principais de controle interno da Administração pública, norteados pelo controle do orçamento público, elemento essencial para a efetivação da atividade pública: 
Plano Plurianual: ordenação de ações públicas para médio prazo, com a finalidade de alcance de objetivos e metas, acompanhando a execução e sugerindo medidas a serem seguidas pela administração.
Lei de diretrizes Orçamentárias: define metas e estabelece as prioridades da administração pública em todas as esferas em conformidade com o órgão a que se refere, orienta a elaboração da lei orçamentária anual, define alterações na legislação tributária, assim como a política de aplicação de agências de financiamento.
Lei Orgânica Municipal: abrange o orçamento fiscal; orçamentos de investimento das instituições e orçamento da seguridade social, em conformidade com os objetivos do órgão público e em consonância com as duas leis anteriores.
 
	De acordo com Souza (2009, p.228), o controle interno oferece apoio ao controle externo, sendo que este é exercido pelo Tribunal de Contas e comenta: “Integrados - controle interno, controle externo e administração -, cumpre-lhes promover a realização do bem público, para permitir a obtenção do resultado máximo, com o mínimo de recursos, sem desvios e desperdícios”. 
	O controle externo na Administração pública é definido no artigo 70 da Constituição Federal:
Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder.
Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária.
	Para Aguiar e Albuquerque (2011), o controle na Administração pública revela-se essencial enquanto instrumento de consolidação da legitimidade e da economicidade da atividade pública, cuja finalidade é a maior qualidade e eficiência na prestação dos serviços públicos, assim como sua regularidade jurídica, o que é observado pelo controle externo, que se perpetua na atuação do Tribunal de Contas que, para os autores, é o instrumento de efetivação dos direitos fundamentais da população brasileira. 
	A forma de atuação dos tribunais de contas é a sistematização e fiscalização das competências definidas pela Constituição Federal de 1988 quanto a sua atuação administrativa e orçamentária. 
	Após a discussão sobre os tipos de controle exercidos na Administração pública, ressalta-se o controle externo pela incidência de corrupção no Brasil e os meios ilegais que vem sendo utilizados para deturpar as regras vigentes de garantia ao controle e fiscalização da ação pública.
 	Lenser (2012, p.23) também ressalta um tipo de controle, o social, que a partir da Lei de Responsabilidade Fiscal, passou a ser exercido a partir da transparência na Administração pública:
A própria Constituição Federal dispõe sobre o controle social (art.1º), o princípio fundamental: Cidadania (conjunto de direitos e deveres ao qual cada indivíduo está sujeito em relação à sociedade em que vive), e o exercício da cidadania incentiva o controle praticado diretamente pela sociedade, ou seja, o controle social. Ainda o mesmo artigo, em seu parágrafo único diz que todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos da Constituição.
	O controle social passa a ser exercido pela população como mais uma forma de controle externo com maior eficácia na fiscalização e controle da Administração pública.
	O que também se percebe dentre os autores analisados nesta pesquisa, é que se referem aos meios de controle na Administração pública como forma de atender aos princípios básicos da Administração pública, assim como se perpetuam nesses princípios.
CONCLUSÃO
O debate sobre a fiscalização e o controle na Administração pública brasileira passa predominantemente pela reforma do Estado para a abordagem gerencial, o que implica em mudança de paradigma de burocracia para democracia e consiste em uma nova forma de atender os interesses coletivos dos cidadãos.
A Administração pública vem se adaptando conforme as novas necessidades da sociedade brasileira, adotando novos formatos administrativos mais compatíveis com a realidade contextual, o que configura uma fiscalização mais focada em princípios administrativos pautados na qualidade dos serviços públicos. 
O diferencial quanto a fiscalização na Administração pública é a participação ativa das pessoas no controle e, principalmente, na fiscalização das atividades públicas, pela adoção de instrumentos de gestão e pelo suporte tecnológico, o que permite que conheçam, acompanhem e fiscalizem a prestação de serviços públicos em todas as esferas de governo, implementando melhorias na eficiência das atividades em diversos setores de governo.
Embora existam formas de controle interno e externo que favoreçam a fiscalização e o controle da Administração pública, o controle social apresenta-se como um dos mais efetivos nos tempos atuais para garantia de direitos fundamentais das pessoas na sociedade brasileira, a partir do cumprimento dos atos administrativos em conformidade com os princípios básicos que regem a Administração pública.
Conclui-se que as medidas de controle evoluíramconforme a exigência e participação dos cidadãos, que atualmente acompanham e cobram de forma mais atenta os representantes do governo e exercem sua cidadania mais plenamente.	
REFERÊNCIAS
ABRUCIO, Fernando Luiz. A cooperação federativa no Brasil: a experiência do período FHC e os desafios do governo Lula. Revista de Sociologia Política. Curitiba: Universidade Federal do Paraná, n. 24, 2005.
AGUIAR, U. D.; ALBUQUERQUE, M. A. S. A Administração Pública sob a Perspectiva do Controle Externo. Belo Horizonte: Fórum, 2011.
BONOMO, C. T. B. C. A importância do controle da Administração Pública e o controle financeiro exercido pelo Tribunal de Contas. 12/06/2008. Disponível em: https://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI62546,11049-A+importancia+do+controle+da+Administracao+Publica+e+o+controle. Acesso em: 09 out. 2018.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal, 1988. 292 p.
BRESSER PEREIRA, L. C.; SPINK, P.K. (Orgs.) Reforma do Estado e administração pública gerencial. 7.ed. Rio de Janeiro: Editora Fundação Getulio Vargas, 2006.
CAPOBIANCO, J. M. Composição e atribuições dos tribunais de contas no Brasil. Disponível em: https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/6965/Composicao-e-atribuicoes-dos-tribunais-de-contas-no-Brasil. Acesso em: 04 out. 2018.
CARVALHO FILHO, J. S. Manual de Direito Administrativo. 13. ed. Rio de Janeiro: Lumen Júris, 2005.
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