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O lugar da estética em Aristóteles

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O LUGAR DA ESTÉTICA EM ARISTÓTELES:
Um estudo dos capítulos I a XII da Poética
Observando o enunciado do primeiro capítulo, podemos partir de uma evidência: “poesia é imitação”. É de Platão que Aristóteles herda a categoria de “arte mimética”, mas, em Aristóteles não há a divisão entre mundo das essências e mundo das aparências, pois para este autor a mímesis não é apresentada, não é compreendida como imitação. A preocupação de Aristóteles está em resgatar aquele valor tradicional de sabedoria e verdade. A mímesis aristotélica é um contraposto à mímesis platônica, está preocupada em resgatar o valor de verdade e não em definir o valor artístico. Se, em Platão, a imitação é considerada distanciamento da verdade e lugar de falsidade e ilusão, em Aristóteles, a imitação é o lugar da semelhança e da “verossimilhança”, o lugar do reconhecimento e da representação.
Dentro da representação mimética, Aristóteles atribui ao poeta uma visada sobre o real que o aproxima da perspectiva universal do conhecimento, como o filósofo. É que o poeta trata em seus enredos daquilo que é possível de acontecer, quando segue as regras da verossimilhança e da necessidade.
No início do IX capítulo da Poética, Aristóteles deixa evidente que o poeta, por mostrar o universal como possível, na imitação de uma ação concretizada num indivíduo, deste modo torna mais evidente o próprio universal, ao criar uma situação exemplar. Assim, o filósofo, principalmente o filósofo que se ocupa de pensar as questões da ação humana, se serve destes modelos de ação que são as personagens das epopéias e das tragédias, com a finalidade de compreender a natureza humana. Um tanto mais difícil é, talvez, refutar o fato de a comedia produzir falta de pudor, e de a tragédia produzir terror e piedade. Para isso, Aristóteles se usa do seguinte escape: os efeitos desses sentimentos nos espectadores não são enfraquecedores, mas, ao contrário, são depurativos, ou seja, são purificantes.
Na teoria da Arte, o que mais chama a atenção é a função de purificação das músicas na transformação das emoções humanas, como por exemplo as paixões e o terror. E a grande tacada de Aristóteles se dá em perceber que a provocação e a transformação das emoções humanas nas obras poéticas é mais importante que a expressão de valores e conteúdos morais. Que a purificação das afeições, das emoções é considerada como a finalidade da tragédia podemos ler na definição do capítulo VI da Poética.
Entretanto, nos falta ainda, constatar em Aristóteles, o caráter propriamente estético da poesia. Usamos essa expressão “propriamente estético da poesia”, nos referindo ao seu caráter sedutor, de sua beleza. Além do mais, a poesia deve ser redimida do dever ser útil, ela deve sim ser plenamente livre para ser bela. Estando, assim, a obra de arte, voltada para a beleza, então, podemos entender que a finalidade primeira da obra de arte está já na sua simples presença, ela deve ser autônoma, ou seja, bastar-se a si mesma, ou de outra forma, de nada mais carecer. 
A finalidade da arte é, por excelência, imitar a natureza da maneira mais perfeita possível. Sendo, portanto, uma imitação da natureza, a obra de artes deve ter características de um ser natural, de um ser animal. É importante, enfim, ter presente que imitar não significa copiar e que, portanto, a obra de arte para ser perfeita deve trazer todos os elementos constitutivos do que ela está se usando para ser imitação, ou seja, deve conter quanto seja preciso para a expressão do que quer exprimir e mais nada, afinal cada indivíduo, cada organismo considerado perfeito é constituído por todos os órgãos que lhe são próprios, somente os que lhe são próprios e nenhum mais.
Por fim, concluído, podemos afirmar que o homem se satisfaz, se “compraz” na representação e na expressão, das quais até pode suceder como conseqüência uma experiência de aprendizagem. O caráter mimético, o caráter imitativo está na natureza do ser humano, e por conta disso ele representa o mundo e tem linguagem, por isso ele se compraz em conhecer e reconhecer. A obra de arte, não é em nenhum momento, um prazer simples, que decorre única e simplesmente da força expressiva da representação, ou, como visto anteriormente, da unidade harmônica das partes. Elas (as obras de arte) devem sim, de maneira mais profunda, suscitar emoções e comoções pelas ações representadas, de tal sorte que provoque em quem contempla sentimentos perturbadores, ou como diria Aristóteles, sentimentos de “terror e piedade”. Assim, podemos dizer, que a beleza mais grandiosa, mais encantadora, mais sublime, pode despertar um sentimento de espanto, pode até mesmo ferir. Porém está dor, que é sentida na beleza, ao invés de repelir atrai, não destrói, mas purifica, limpa.
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