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A importância do brincar na educação infantil Tiziane e Rafaella

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rafaella maria de oliveira (8051811)
TIZIANE MARIA MAGALHÃES RONCHESEL (8051415)
Pedagogia
A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Tutor: Prof. Alexandre José Cruz
Claretiano - Centro Universitário
CAMPINAS - SP
2018
A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Resumo: O objetivo deste artigo foi conhecer e explicar o "brincar" nas práticas pedagógicas da Educação Infantil. Assim, procurou caracterizar a Educação Infantil, seus objetivos e bases conceituais e legais; discorrer sobre os conceitos fundamentais do jogo e do lúdico; estabelecer a importância do lúdico para a aprendizagem, a socialização e a expressão da criança e identificar de que forma o lúdico pode ser aplicado em sala de aula para favorecer o alcance dos objetivos da Educação Infantil. O estudo seguiu a metodologia da pesquisa bibliográfica, onde os dados para a elaboração do estudo foram buscados em livros, teses e dissertações e artigos disponíveis nas bases de dados da internet. Com o resultado da pesquisa foi possível concluir que a ludicidade na educação infantil é um importante estímulo à aprendizagem, pois através dela a criança experimenta, explora, se expressa, descobre seu entorno e aprende. O brincar, portanto, é fundamental para a construção do conhecimento, da competência comunicativa, a socialização e o desenvolvimento da criança no âmbito da Educação Infantil.
Palavras-chave: brincar; educação infantil; importância; desenvolvimento; socialização.
1. INTRODUÇÃO
A brincadeira, o lúdico, os jogos, estão presentes desde os primeiros momentos da vida da criança, visto que desde o estágio sensório-motor, definido por Piaget, ela se apropria do meio e começa a agir sobre ele, em uma espécie de atividade lúdica. 
Também de acordo com o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil, as atividades de caráter lúdico permitem mobilidade à criança, sendo eficazes também do ponto de vista da ordem, sem, contudo, limitarem as possibilidades de expressão da criança ou talharem suas iniciativas próprias.
Justifica-se a escolha do tema pela constatação de que cada vez mais existe uma preocupação em humanizar as práticas docentes e em fortalecer aprendizagens em todos os níveis de ensino. 
Por isso se destaca a importância de refletir sobre a importância do brincar na Educação Infantil e sobre o lúdico como um caminho fundamental para construção do conhecimento.
É essencial também refletir sobre o modo de transformar a brincadeira em aprendizagem, de forma agradável, sem deixar de ver a criança como criança, mas sim como ser que, ao brincar, reflete sobre si própria e sobre o que aprende.
Considerando que o lúdico garante que a criança construa saberes sobre o funcionamento da escrita e socialize suas descobertas com seus companheiros, tendo o professor como mediador da situação de aquisição desse conhecimento, o problema de pesquisa é: “Qual a importância do brincar na Educação Infantil?”
O objetivo geral do artigo é conhecer e explicar o "brincar" nas práticas pedagógicas da Educação Infantil. Como objetivos específicos, procura caracterizar a Educação Infantil, seus objetivos e bases conceituais e legais; discorrer sobre os conceitos fundamentais do jogo e do lúdico; estabelecer a importância do lúdico para a aprendizagem, a socialização e a expressão da criança e identificar de que forma o lúdico pode ser aplicado em sala de aula para favorecer o alcance dos objetivos da Educação Infantil.
Para sua realização, o estudo seguirá a metodologia da pesquisa bibliográfica, definida por Gil (2010) como aquela na qual o centro das atenções está na comparação entre teorias, autores, práticas profissionais, instituições, entre outros, tendo como o centro da investigação a ótica de diversos estudiosos sobre o tema.
Os dados para a elaboração do estudo serão buscados em livros, teses e dissertações e artigos disponíveis nas bases de dados da internet.
A análise das informações, diante da aplicação desse método, interpretará as informações obtidas em relação aos objetivos específicos definidos, buscando alcançar o objetivo principal proposto neste projeto.
O levantamento dos dados será realizado através de consulta a autores reconhecidos como autoridades no tema, por meio de publicações em livros, artigos e sites autorizados.
2. DESENVOLVIMENTO 
2.1 A Educação Infantil: abordagem conceitual e legal
A Educação Infantil é uma etapa evolutiva de estimulação sensorial, na qual as crianças desenvolvem suas capacidades cognitivas, intelectuais, motoras, sociais, etc., adquirindo aprendizagens significativas através do jogo, sendo também preparadas para enfrentar diversas situações com as quais se defrontarão no futuro. (ZABALZA, 2011).
O pressuposto da Educação Infantil, para Zabalza (2011), é a socialização da criança. A socialização, que é a base da interpretação e da construção da realidade, serve ao indivíduo como filtro do mundo social e de identidade, ainda que somente seja relativa ao estrato social, impondo-lhe padrões e posições na sociedade. 
Essa posição se legitima em sua vida cotidiana e pode ser afetada, na vida do indivíduo, por sua socialização secundária, sobre a qual ponderam Berger e Luckmann:
A socialização secundária não comporta um envolvimento emocional, mas é efetiva em reproduzir antigos paradigmas que embasam alguns aspectos da realidade construída durante sua socialização primária. Nesse sentido, assenta-se sobre quatro pilares fundamentais: aprender, ser, fazer e viver juntos. Essa socialização secundária implica no fortalecimento do conhecimento sobre a emoção. As mudanças que ocorrem através da razão, a possibilidade de mudar a realidade percebida através do conhecimento é um caminho de libertação. O conhecimento nos liberta. (BERGER; LUCKMANN, 2014, p. 147)
Sobre o aprender, Fernández (2016, p. 37) observa que “esse pilar tem como fundamento construir o próprio conhecimento”. O aprendizado necessita de elementos que são fundamentais para que seja efetivo: o prazer e a vontade despertados no aprendiz por parte daquele que ensina, a autonomia dada ao aprendente para “recriar” o que aprende, as condições oferecidas a este para que possa e deseje aprender e a convicção por parte daquele que ensina, da capacidade e da inteligência daquele que aprende. 
Para que alguém aprenda, é imprescindível o desejo de aprender, a realização de experiências diversas que promovam a possibilidade de reinventar o objeto que se conhece. Para que alguém deseje aprender, não são necessárias cobranças, mas sim atitudes de quem ensina que demonstrem que ele também aprende, a partir do conhecimento que proporciona. (FERNÁNDEZ, 2016)
Finalmente, não se pode deixar de evidenciar que aprender é um processo e, como tal, é complexo e seus resultados dependem de vários fatores, muitos dos quais extrapolam o universo institucional. Para Fernández (2016), de uma maneira geral, o ensino dirigido a capacitar o aluno para enfrentar problemas e situações deve mobilizá-lo a buscar respostas para seus questionamentos, construindo o conhecimento pelo diálogo e a participação. 
O essencial do aprender é o desejo, a disposição para fazer algo, para realizar uma experiência de satisfação, desvinculada do dever de cumprir uma tarefa ou da cobrança de um resultado. Segundo Fernández: 
Os métodos, a técnica, os diferentes procedimentos pedagógicos, muitas vezes, transformam a escola em um campo de treinamento e competição, no momento em que o desejo de conhecer deixa de ser desafio para tornar-se expectativa no resultado esperado, retirando daquele que aprende a responsabilidade pela construção de seu conhecimento. (FERNÁNDEZ, 2016, p. 43) 
Aprender, portanto, na perspectiva de Fernández (2016), significa dominar os instrumentos do saber, é um meio e uma finalidade humana, na qual cada pessoa compreende o mundo que a rodeia, para vivercom dignidade, desenvolver-se e relacionar-se com as demais, baseando-se no despertar de estímulos para a aprendizagem.
Ensinar, pressuposto da aprendizagem, portanto, para Carvalho (2012) consiste em criar situações favoráveis para que a criança aprenda, envolvê-la em atividades, provocar discussões e reflexões, problematizar. Quanto a fazer, pressupõe que a educação é uma tarefa de transformação interior, de descoberta e de invenção, capacitando à adaptação para viver e sobreviver. Em segundo lugar, é um trabalho de mobilização e de engajamento, de fazer com que o homem descubra em si mesmo e por si mesmo a capacidade de criar, de criticar o que já existe e buscar o novo, de confiar em si próprio e ter coragem de ser agente de transformação.
As estruturas do pensamento, a inteligência e a aprendizagem necessitam de mobilização. Contudo, sem referência à emoção, às ligações e inter-relações sócio afetivas, seria impossível mobilizar esse desenvolvimento e tampouco compreender a importância do interesse para a aprendizagem. (CARVALHO, 2012).
Segundo Freire (2014), os seres humanos sempre poderão saber, descobrir, fazer coisas novas, diferentes; não se pode dizer que são obras terminadas, mas, pelo contrário, são seres em projeto de mudança constante. Essa afirmativa faz cair por terra a tese de que alguém está totalmente pronto para ensinar e alguém está totalmente pronto para receber. Reforça, ainda, que a compreensão de um objeto de conhecimento depende das trocas entre o sujeito e esse objeto, que respondem igualmente pelo nível de compreensão do mundo a que cada indivíduo pode atingir. A condição primeira para que essas trocas se estabeleçam é a ação, vista como forma de atuar diretamente sobre os objetos, é o fazer, o construir. 
Já em relação a ser, destaca-se que para ser, para realizar-se como pessoa, não basta conhecer, mas viver o conhecimento, refletir e discutir, expressar sentimentos, aceitar, respeitar, para agir com acerto.
Observam Bassedas et al:
O que a escola pode fazer é propor diversas maneiras para que cada aluno desenvolva sua identidade pessoal, para que descubra aqueles aspectos de sua personalidade que os tornam único e irrepetível, identificar o que o une ao seu grupo, descobrir e desenvolver sentimentos pessoais e coletivos, conformar uma imagem mais clara de si mesmo e desenvolver a autoestima, expressar sentimentos e emoções, tomar consciência de si mesmo. Isso favorece o desenvolvimento de estratégias para controlar a ira, vencer o medo ou a apatia, resolver conflitos de maneira positiva e construir vínculos mais positivos com os demais (BASSEDAS et al, 2011, p. 60).
Para que seja possível ao aluno vir a ser, é necessário que conheça suas responsabilidades quanto às decisões pessoais, as causas e consequências de seus atos, os motivos e as reações, construindo uma liberdade responsável, “que inclui tanto a expressão autêntica do ser como a responsabilidade diante dos outros e a aceitação de si próprio para aceitar os outros” (BASSEDAS et al., 2011, p. 60).
Acrescenta Zabalza:
A formação da personalidade se produz através de um complexo processo de identificações. Portanto, o estudo da identidade e as identificações sociais desenvolve a capacidade do aluno para se autodesenvolver como sujeito individual e reconhecer sua pertinência a uma coletividade, com a qual compartilha história, valores e projetos comuns (ZABALZA, 2011, p. 86).
Ser, ainda, de acordo com Aguado (2013), é desenvolver o espírito crítico diante dos modelos e estereótipos propostos pela sociedade, construindo modelos melhores através da reflexão e análise de valores, da discussão de problemáticas e da proposição de alternativas. Em se tratando da ideia de viver juntos, compreende-se que todo espaço educacional pressupõe a convivência entre os pares. 
A possibilidade de conviver, trocar e vivenciar situações do cotidiano é um objetivo implícito no processo de aprendizagem, bem como no desenvolvimento humano. Para que os alunos aprendam a viver juntos, é necessário que os envolvidos na tarefa educativa se deem conta da importância da interação que se estabelece entre o aluno com os colegas, com o professor, com a escola e com a comunidade escolar (AGUADO, 2013).
Ainda, também são importantes as interações que o aluno estabelece com as pessoas que o rodeiam, devendo ser analisada a influência educativa que exerce o professor e os colegas nesse sentido, sobre o que Aguado ressalta:
Quando se participa de grupos de trabalho, de estudo, de caráter social ou de qualquer natureza, se observa que há pessoas que se distinguem pelas ideias que aportam e pelas ações que realizam, em benefício do trabalho que deve ser desenvolvido pelo grupo. Também se observa que há pessoas que fazem todo o possível para obstaculizar o trabalho, encontrando em tudo dificuldades e defeitos. (AGUADO, 2013, p. 123)
No aprendizado da convivência, portanto, são muito importantes as atitudes e as qualidades favoráveis do caráter e da personalidade, pois o bom êxito da ação cooperativa se apoia nas manifestações positivas que permitem alcançar, da melhor forma possível, os objetivos propostos.
De qualquer modo, não se pode evocar a Educação Infantil sem aludir à infância, definida por Kishimoto (2010, p. 12) como “o período decisivo em que se desenvolve a pessoa humana. A socialização que se inicia na infância prossegue na adolescência para a aquisição da consciência moral”.
De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB – a Educação Infantil é a primeira etapa da educação básica e sua finalidade é promover o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementado a ação da família e da comunidade. Esse objetivo, conforme se observa, enfatiza a necessidade de as crianças contarem com a garantia de tempo e espaço físico que possibilitem condições para seu desenvolvimento integral. (BRASIL, 1996).
Essa legislação não define as abordagens mínimas indispensáveis, deixando em aberto a possibilidade de que os currículos e conteúdos sejam modificados e evoluam para desenvolver cada vez mais novas capacidades e aptidões. Em seu artigo 6º, afirma que as propostas político pedagógicas devem respeitar princípios éticos, políticos e estéticos, para que a criança tenha autonomia, responsabilidade, solidariedade, respeito ao bem comum, ao meio ambiente e às diferentes culturas, desenvolva sua identidade e solidariedade. Também é necessário que conheça seus direitos como cidadão, tendo criticidade e respeito à ordem democrática, sendo sensível, criativa e conte com liberdade de expressão. (BRASIL, 1996).
Do mesmo modo, os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs –, objeto do artigo 26 da LDB, trazem a disposição do currículo básico da Educação Infantil, dando às instituições de ensino independência para atingi-los. Os PCNs referenciam a prática docente, objetivando proporcionar a todos os alunos a oportunidade para tomarem contato com as aprendizagens básicas que lhes proporcionam exercer sua cidadania de modo pleno. (BRASIL, 1997)
Como observa Kuhlmann Júnior (2015, p. 13-14), o maior desafio na Educação Infantil é deixar de ser uma educação compensatória que considerava a criança como um ser que necessitava apenas de cuidados para que os pais pudessem trabalhar, primando pela formação de uma criança cidadã. Isto significa perceber a criança como um sujeito social, pessoa que como tal é determinada pelos aspectos históricos, econômicos, políticos e socioculturais do meio em que está inserida.
“Cuidar” e “educar” são novas funções desta etapa básica, que trabalhadas de forma indissociável formará a criança de forma integral. Cuidar e educar crianças nesta etapa significa atendê-las nas suas necessidades básicas de saúde, alimento, higiene, proteção, como também nas demais questões relativas a afetividade, à sociabilidade e à apropriação de conhecimentos sobre o mundo físico e social. Portantoé preciso oferecer uma educação de qualidade, o que exige tanto políticas tanto financeiras como de formação de recursos humanos (KUHLMANN JÚNIOR, 2015, p. 14).
Qualquer atividade planejada na Educação Infantil, tendo como objetivo esses dois aspectos, para Kuhlmann Júnior (2015, p. 15), possibilitará à criança desenvolver competências e habilidades necessárias para a sua aprendizagem. Dessa forma, a seleção dos conteúdos e dos objetivos deve levar em conta tanto as necessidades das crianças como as experiências que são oferecidas pelo seu entorno.
A base legal destacada da Educacao Infantil é o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil – RCNEI –, que contribui decisivamente para o trabalho profissional da Educação Infantil. Ter consciência dos propósitos a serem obtidos nas faixas etárias de zero a seis anos é o primeiro passo para entender o universo das crianças.
É importante também que as carências sejam satisfeitas, contraindo hábitos de cuidar do seu corpo, de sua própria saúde, aprender a relacionar-se em grupo, para aos poucos deixar o individualismo de lado e relacionar-se com os companheiros. O professor necessita ter em mente que o trabalho na Educação Infantil é de maneira continua, onde a criança prossegue enraizando tudo que aprendeu antes.
A respeito da interação o RCNEI estabelece:
A interação social em várias situações é uma das estratégias mais importantes do professor para o incentivo de aprendizagem pelas crianças. A ação do professor , como conciliador, é proporcionar condições, para sucessivamente, desenvolver capacidades ligadas à tomada de decisões, implantação de regras, à cooperação, ao diálogo, solidariedade, ao respeito a si mesmo e ao outro. Com conversas, brincadeiras e jogos, que assegurem a troca entre as crianças, que possam repartir, expressar, comunicar, demonstrando seu modo de agir, pensar, sentir, são ações que benefeciam a aprendizagem (BRASIL, 2001).
O RCNEI determina que, na definição dos conteúdos, devem ser consideradas as diferenças e particularidades afetivas, emocionais e sociocognitivas das crianças na faixa etária dos zero aos seis anos. (BRASIL, 2001).
Além disso, considera fundamental a qualidade das experiências que esses conteúdos ofereçam às crianças, para que contribuam para o exercício da cidadania, com base nos seguintes princípios:
a) o respeito à dignidade e aos direitos das crianças, consideradas nas suas diferenças individuais, sociais, econômicas, culturais, étnicas, religiosas etc.;
b) o direito das crianças a brincar, como forma particular de expressão, pensamento, interação e comunicação infantil;
c) o acesso das crianças aos bens socioculturais disponíveis, ampliando o desenvolvimento das capacidades relativas à expressão, à comunicação, à interação social, ao pensamento, à ética e à estética;
d) a socialização das crianças por meio de sua participação e inserção nas mais diversificadas práticas sociais, sem discriminação de espécie alguma;
e) o atendimento aos cuidados essenciais associados à sobrevivência e ao desenvolvimento de sua identidade. (BRASIL, 2001, p. 13).
O RCNEI acrescenta a consideração do direito fundamental das crianças a viverem experiências prazerosas na escola e, dessa forma, a seleção dos conteúdos e dos objetivos deve levar em conta tanto as necessidades das crianças como as experiências que são oferecidas pelo seu entorno:
A proposição de conteúdos através desse documento é feita em uma perspectiva conceitual, em uma perspectiva procedimental e em uma perspectiva atitudinal. Os conteúdos conceituais são aqueles que se referem à capacidade operativa com símbolos, ideias, imagens e representações, ou seja, destinados a fazer com que a criança atribua sentido à realidade através das experiências e vivências que lhe são proporcionadas, aproximando-a de conhecimentos que virá a desenvolver posteriormente. Os conteúdos procedimentais envolvem o desenvolvimento de ferramentas culturais que possibilitem realizar ações e tomar decisões. Isso implica em aprender a manipular de forma correta objetos com os quais a criança tem contato, desenvolver a independência na execução de tarefas corriqueiras, manifestar suas dúvidas, colaborar com os colegas, auxiliar e solicitar ajuda quando necessário, num sentido de cooperar, ser solidária e respeitar. Os conteúdos atitudinais são relativos a valores, regras e atitudes, que devem ser compreendidos, aprendidos, planejados, interiorizados de forma inconsciente. A socialização da criança é o fundamento desses conteúdos, desenvolvida através de uma prática pedagógica e educativa nas quais valores, ações e regras permeiam o trabalho em sala de aula, o relacionamento entre colegas e com o professor, a organização do espaço da sala e da própria escola. (BRASIL, 2001, p. 13-14).
Para que esses valores adquiram sentido e se tornem importantes para a criança, devem ser trabalhados através do exemplo, o que exige dos professores e todos os envolvidos com a Educação Infantil uma reflexão sobre os valores que transmitem às crianças e os valores que desejam desenvolver, tornando-se responsáveis pelo desenvolvimento pleno dos alunos. (BRASIL, 2001).
2.2 O lúdico e a brincadeira na Educação Infantil
O movimento é essencial para o desenvolvimento das potencialidades biológicas, psíquicas e físicas, é inerente à natureza humana. É sinônimo de saúde, de qualidade de vida e de bons hábitos, sendo que a partir da necessidade de brincar a criança inicia sua exploração do mundo e do entorno. 
De acordo com Antunes (2011), brincando a criança adquire novas aprendizagens e cada aprendizagem é uma nova experiência, que se complementa com todas aquelas que são adquiridas ao longo de seu crescimento e desenvolvimento e que vão dando a possibilidade de que se incorpore de forma efetiva e afetiva em seu espaço, os objetos e os demais. 
Uma das atividades importantes nesses momentos e para atingir essas finalidades é o jogo. Para Antunes (2011), o jogo é responsável pelo fortalecimento das ferramentas compreensivas da realidade escolar e extraescolar em termos emocionais, sociais, afetivos, motores e intelectuais. É responsável pela motivação, pelo interesse, pelo despertar do desejo de estar na escola. A brincadeira é essencialmente importante no desenvolvimento integral da criança. No aspecto motor, desenvolve habilidades que se relacionam com os movimentos de locomoção, manipulação e equilíbrio, as quais vão avançando naturalmente, em relação à idade. 
Na necessidade infantil de conhecer e aprender em contato com a exploração do meio e do movimento se inicia a geração de avanços e adaptações de suas potencialidades físicas e mentais, estabelecendo relações com os demais e seu espaço imediato. Na medida em que cresce, estas mudanças vão adquirindo sentido de perfectíveis, ou seja, têm a capacidade de ser melhoradas e aperfeiçoadas, conforme o modo como vão sendo executadas, já que as experiências motoras iniciais são fundamentais para alcançar um melhor desenvolvimento da motricidade. (KUHLMANN JÚNIOR , 2015).
Em todos os momentos em que a criança se encontra na escola é importante considerar que ela aprende constantemente através do brincar: explora, descobre, comunica, expressa, experimenta e, sobretudo, se integra, motivada somente pela sensação de desfrutar da brincadeira e, nesse sentido, Chateau (2011) comenta que, para que os princípios da formação motora sejam fortes, é necessário relacionar outros âmbitos que a acompanham e fortalecem, tais como: a) Hábitos, mantendo uma alimentação sadia e balanceada; b) Saúde, melhorando o rendimento das habilidades e capacidades motoras; c) Ergonomia, através de uma correta utilização dos movimentos; d) Educação, com as aprendizagens cognitivas; e) Brincadeiras e jogos, na relação com seus pares.
Estas cinco áreas, presentes no desenvolvimento motor, quando exploradas através de brincadeiras monitoradas, facilitarão uma melhor educação da criança, favorecendo sua formaçãointegral como pessoa. Cada criança está se formando e, portanto, necessita das diretrizes suficientes, eficientes e eficazes para que essas aprendizagens sejam complementares e integradas. (CHATEAU, 2011).
Assim, a brincadeira é um recurso didático, funcionando em relação a diferentes aspectos do ambiente da criança, como crescimento, alimentação, relação afetiva e social com seus pares, colegas e professores, a estimulação motora e cognitiva. Quanto mais se relacionem e interajam entre si, mais favorável será a formação das crianças nos aspectos fundamentais e na qualidade de vida. Essas aprendizagens se produzem quando provocam uma mudança duradoura, quando o aprendido se transfere para situações novas. 
Considerando que a Educação Infantil é um período da vida da criança que pode ser considerado, dentre outros fatores, como um período de educação peculiar e relevante, o lúdico transpõe para o contexto escolar situações vividas em outros contextos, assim como, marcas vivenciadas num determinado momento. Na escola, o jogo constrói identidade e subjetividade, sendo a condição de possibilidade para “produzir” o corpo. Segundo Antunes (2011), o que a escola de Educação Infantil deve considerar, nessa questão, é que a criança se expressa através do lúdico, que é no jogo que o corpo dialoga com outros corpos, para manifestar o prazer de algumas ações, para propor novas maneiras de jogar e para esperar a volta, o que o outro vai fazer com seu corpo e preparar o próprio para responder a esse corpo que, sem dúvidas, merece ser ouvido, interpretado, compreendido, questionado. 
O jogo, o lúdico, traz a possibilidade de mobilizar estruturas de pensamento, ao perguntar-se, o que pode fazer com um objeto, e é a partir disso que a criança desenvolve sua capacidade de observar, de investigar, de surpreender-se, de ressignificar os objetos e os contextos ambientais, criando estratégias, dentre outros. Além disso, o lúdico traz a oportunidade ímpar para que o professor esteja com a criança, construindo um vínculo, reconhecendo através de seus gestos as expressões de alegria, tristeza, inconformidade, aborrecimento, etc. (ANTUNES, 2011).
No mesmo sentido, Cabral (2014) resume a aprendizagem infantil, dos zero aos seis anos, possibilitando verificar as etapas que o sujeito percorre para chegar a atividades mais complexas que exigem maior elaboração durante uma atividade lúdica. Vejamos a seguir da seguinte forma:
a) às doze semanas, a criança entende a relação causa-efeito, aprendeu que chorando pode conseguir as coisas e também aprende a escutar. Aos seis meses, é sensível às diferenças matemáticas sabendo, por exemplo, diferenciar entre um boneco e dois bonecos e que um boneco não é igual a dois. Aos quinze meses, começa a experimentar, descobrindo que a água não tem as mesmas propriedades que o ar. O pensamento não somente é científico como também criador. Primeiro, aprende a copiar, após a improvisar e, mais tarde, a criar.
b) entre três e seis anos, o reconhecimento é bom, a lembrança parcial, e ambos se aprimoram entre dois e cinco anos. O reconhecimento da criança melhora consideravelmente a partir dessa idade.
c) entre quatro e seis anos, a criança pensa que seu ponto de vista é o único possível. Entre seis e oito anos, dá-se conta de que outras pessoas podem interpretar uma situação de forma diversa dela.
De um modo geral, também se evidencia que é o ato de brincar que beneficia a socialização, a criatividade, a coordenação motora e outros aspectos. O jogo promove ao sujeito a O jogo, a atividade, orientam para a realização de descobertas por conta própria, por um lado através da atividades espontâneas e, por outro, através do material colocado à disposição.
Em relação ao jogo e à brincadeira, Cabral (2014) sugere propostas por idades, que não são exclusivas da idade, mas que permanecem e se transformam de acordo com o processo de desenvolvimento das crianças. Para a faixa etária compreendida pela Educação Infantil, sugere:
a) A partir dos 3 anos: aparecem os jogos simbólicos, os quais se evocam personagens e situações que não estão presentes no momento, permitindo ressignificar os objetos e dar-lhes um uso diferente (por exemplo, a caixa usada para guardar objetos pode se converter em uma casa para bonecas ou uma vassoura pode se converter em um cavalo). Os jogos simbólicos mais usuais nesta idade são os relativos à imitação das ações cotidianas dos adultos e embora as crianças compartilhem o espaço da sala, nesta idade não compartilham a brincadeira e cada um desenvolve sua própria brincadeira.
Outros jogos simbólicos que se desenvolvem ser relacionam à imitação de animais, super-heróis, com fantasias ou sem elas. As brincadeiras turbulentas, de girar e correr, são jogos de contato nos quais se joga a luta corpo a corpo, jogos rudes e aparentemente desordenados, bem como jogos de empurrar uns aos outros.
Também há as brincadeiras de construir torres ou filas, para derrubá-las posteriormente, que tem relação com ordem e desordem.
b) De 3 a 4 anos: no jogo de papéis se assume o papel do outro e se sente grande prazer em representar, atuar como outro e fazer crer ao companheiro de jogo que o papel assumido é caracterizado de maneira fiel à realidade. Muitos dos jogos de etapas anteriores se tornam mais complexos, ricos e variados. O jogo é reflexo da sociedade e da cultura e brincar do que faz o médico, o professor, o policial, o bombeiro, transferindo atitudes que, em algum momento, são sentidas e vividas é muito importante para a criança nessa idade.
2.3 A brincadeira em sala de aula
Na sala de aula, o ambiente acolhedor, a disposição das mesas em círculo e a liberdade de escolha do local onde as crianças querem sentar, o espaço livre para a movimentação, a proposição da “hora da novidade”, onde cada um conta os acontecimentos da sua vida diária fora da escola e as atividades pedagógicas variadas incentivam a criação e a imaginação. (CABRAL, 2014, p. 61).
Da mesma forma, de acordo com Cabral (2014), a exploração de brincadeiras onde todos participam, o momento de ouvir histórias, as dinâmicas de grupo, recortes, colagens, pinturas, representações teatrais, filmes infantis, brincadeiras no parquinho, atividades dirigidas, são constantes na rotina da sala, o que torna os alunos mais colaborativos, mas abertos à participação e ao convívio, com maior autonomia em aprender e descobrir, facilitando a interação e a construção da compreensão e do conhecimento a partir das próprias crianças.
Todos esses elementos, combinados, trazem à tona a comprovação de que o jogo, a brincadeira, o lúdico, são fundamentais para o desenvolvimento físico, intelectual e social da criança, do que se depreende a importância do mesmo nas escolas, para a construção de um efetivo e verdadeiro conhecimento.
Observa Maluf (2012) que uma das brincadeiras comuns às crianças é a dramatização, que é poderoso recurso didático para os professores, integrando duas formas de conceber as atividades dramáticas no ensino-aprendizagem, ambas igualmente válidas. A dramatização, mais centrada no desenvolvimento pessoal, encontra no teatro a realização de práticas artísticas. Essa dupla perspectiva têm uma raiz comum: a linguagem dramática. Nesse sentido, as atividades centradas na dramatização e nas atividades teatrais utilizam o corpo, a voz, o espaço e o tempo cênicos para expressar e comunicar ideias, sentimentos e vivências.
Ferreira reforça essa afirmativa:
A dramatização pode ser entendida como um procedimento consistente em dar forma teatral a algo que, em princípio, não a possui: um poema, uma anedota, uma obra de arte, etc. É uma forma de expressão (do mesmo nível que a expressão oral, a escrita e a rítmico-musical), que utiliza os signos e a sintaxe próprios da linguagem dramática. Caracteriza-se por integrar as diferentes linguagens (verbal, plástica, rítmico-musical, corporal) e por ser um poderoso meio de aprendizagem, já que implica, simultaneamente, aspectos cognitivos, afetivose psicomotores. (FERREIRA, 2010, p. 16).
Além disso, a dramatização, por seu caráter transversal e interdisciplinar, se revela como instrumento didático capaz de desenvolver aspectos de todas as competências básicas e, especialmente, as competências em comunicação linguística; cultural e artística; social e cidadã; para aprender a aprender; em autonomia e iniciativa pessoal. (FERREIRA, 2010).
Complementando, Ferreira observa:
A dramatização, a arte dramática, é uma atividade que busca um produto-espetáculo e que requer uma repetição através de ensaios, para obter determinados resultados estéticos, faz surgir papéis (diretor, ator, cenógrafo, crítico, etc.) e necessita de espectadores. O teatro, entendido como ferramenta de ensino, não deve consistir somente em “fazer e assistir teatro”. Deve, sim, se optar por enfoques mais flexíveis e didaticamente mais ricos, centrados no processo de compartilhar a aportar ideias e no processo de criação, constituir um processo de aprendizagem da expressão, da comunicação e da criatividade. (FERREIRA, 2010, p. 27)
Acrescentam Edwards et al (2016) que as crianças são artistas por natureza, inventores, poetas e músicos: é através da Arte que se abre caminho para a aprendizagem de todo tipo de conhecimento e para o desenvolvimento de todas as habilidades. A Arte é, portanto, não apenas um produto ou uma prática educativa, mas uma maneira de ver o mundo e de senti-lo. 
Considerada em toda sua complexidade, a criança tem ideias, saberes e linguagens próprias, utilizadas na comunicação. Por se expressar por meio de “cem linguagens”, precisa da escuta ativa do adulto, para que este cumpra a função de um professor competente em compreender suas diversas formas de expressão. “As coisas relativas às crianças e para as crianças somente são aprendidas através das próprias crianças”. (EDWARDS et al, 2016)
Com base nessa proposição, Edwards et al (2016) afirmam que é preciso acatar e compreender o tempo de amadurecimento, o processo de evolução das ferramentas do fazer e do entender, da emergência plena, lenta, extravagante, lúcida e em constante mudança das capacidades de cada uma das crianças: essa é uma medição do bom-senso cultural e biológico. Para isso, é importante valorizar a brincadeira, o lúdico, o faz-de-conta, as imitações, os desenhos, as histórias, a fala, a narrativa, etc. Ainda, a independência se constrói por meio da responsabilidade em realizar tarefas e em assumir e honrar compromissos assumidos com o grupo. 
Nas ações do cotidiano do ambiente escolar é que a concepção pedagógica se realiza, desde o planejamento das atividades do professor até a conscientização e sensibilidade para reconhecer que cada criança é única, como sujeito histórico e social. Portanto, a criança não cabe dentro de uma “caixinha” organizada a partir de parâmetros definidos por uma escola, um docente. (MESQUITA, 2015, p. 35).
A criatividade demanda que a escola detentora do saber construa sinapses com a escola que permite a expressão, abrindo as portas para as cem linguagens das crianças. A tarefa, em relação à criatividade, é auxiliar as crianças a escalar a própria colina, o mais alto possível. Não se pode fazer mais que isso. Um aumento excessivo de funções e poderes daria à escola um papel exclusivo que esta não deve e não pode ter. (EDWARDS et al, 2016).
Vygotsky (2009, p. 17) também ressalta que desde a mais tenra idade, as crianças apresentam processos criativos que expressam o lúdico, especialmente através do jogo e do desenho, manifestações da imaginação na infância que dependem da riqueza e da variedade de experiências prévias que possuam. Nesse sentido, afirma que “é precisamente a atividade criadora do homem que faz dele um ser projetado para o futuro, um ser que contribui a criar e que modifica o presente”. 
Essa afirmativa pode ser complementada pela consideração que combinando ficção com a realidade, ao reproduzir o mundo dos adultos, a criança o incorpora nas representações de sua vida real, de seus desejos e de seus sentimentos, sobre o que manifesta Ostetto: “Não se pode pensar em processo de criação, em interações, brincadeiras, expressões, interpretações e faz-de-conta sem refletir sobre a íntima relação que existe entre organização dos espaços, exploração e ampliação das múltiplas linguagens”. (OSTETTO, 2008, p. 67)
Também, no que diz respeito à imaginação, Vygotsky (2009) se refere a esta como a atividade criadora do cérebro humano, identificando-a com o irreal (o que não se ajusta à realidade e então não possui valor prático). Dentre desse fenômeno da imaginação, a plasticidade é uma forma de adaptação. Observa também que há quatro fenômenos básicos que ligam essa imaginação à realidade: a) vincular a fantasia com a realidade por meio da realidade e extrair destes elementos da experiência anterior; b) como vincular a fantasia e a realidade, o que não se realiza construindo fantasia, mas sim com produtos preparados com esta fantasia; c) relação entre função imaginativa e a realidade por meio das emoções expressas em imagens; d) conectar estas três formas, a fim de representar algo novo, diferente.
Igualmente, Vygotsky (2009) menciona que para que ocorra a imaginação, devem existir certos fatores psicológicos que sejam origem ou base desse fenômeno e define atividade, quanto à imaginação, como:
a) Criadora (combina e cria). O cérebro é um órgão combinado, capaz de reelaborar e criar com elementos de experiências passadas novas formas e ideias (cria novas imagens e ações). Esta lhe permite ser um indivíduo projetado para o futuro e capaz de modificar seu presente.
b) Fantasia cristalizada. Todos os objetos da vida diária, inclusive os mais simples e habituais (uma mudança do mais simples ao mais aperfeiçoado).
c) Reprodutiva. O indivíduo reproduz ou permite (com maior ou menos pressão algo já existente) normas de conduta já criadas e elaboradas ou ressuscita aspectos de antigas impressões. Vinculada com a memória (fundamento orgânico).
d) Plasticidade. É a propriedade de uma substância para adaptar-se e conservar as marcas de suas mudanças.
A imaginação criadora, nesse contexto, segundo Vygotsky (2009) não aparece repentinamente, mas lenta e gradualmente, evoluindo de formas elementares e simples a outras mais elaboradas, possuindo os seguintes aspectos:
a) toda imaginação se compõe sempre de elementos retirados da realidade, extraídos da experiência anterior;
b) não se realiza entre elementos de construção fantástica e realidade, mas sim entre produtos preparados da fantasia e determinados fenômenos da realidade;
c) possui um vínculo emocional, pois toda emoção tende a se manifestar na forma de determinadas imagens com as quais tem referência. Todo sentimento possui uma expressão interna que se manifesta na forma de pensamentos, imagens e impressões;
d) toda experiência cria uma nova (objeto) que não existia na realidade – imagem cristalizada.
O desenho é outra das formas de expressão lúdicas que trazem grande prazer à criança e que representa também uma forma de brincadeira através da qual ela se expressa, revela sua vivência interior e se comunica com o seu entorno. Pressupõe, ainda, uma forma pela qual a criança pode, através do brinquedo, ser levada a determinar respostas em relação a si mesma e ser colocada em contato com o objeto do conhecimento. (DEBIENNE, 2015).
Debienne (2015) afirma que o desenho é uma atividade lúdica de grande valor para a criança, levando-a a explorar fantasias e motivos inconscientes para ações e reações, possibilita reativar sua natural curiosidade, bem como um contato mais realístico e adequado com seus mundos interno e externo. O desenho é uma atividade que deve ser estimulada para auxiliar a criança a superar ansiedades que bloqueiam o pensamento e o conhecimento, ajudando no uso de suas capacidades simbólicas, de julgamento, de discriminação e busca de prazer em exercitar a curiosidade e o pensamento.
Ajudar a criança a experimentar suas capacidades dese expressar, de investigar, de ser curiosa, de criar simbolicamente, aprendendo a pensar sobre si mesma, seus sentimentos, seus pais, seus amigos, sua escola, fará com que se torne consciente de suas próprias capacidades mentais e de aprender com a experiência. 
No mesmo sentido, é possível explorar, na sala de aula, a contação de histórias, atividade que proporciona uma oportunidade para que a criança desenvolva diversas ações e que é uma prática que acompanha toda criança desde o nascimento, que agrada a qualquer criança e estimula sua imaginação e seu desenvolvimento.
De acordo com Sousa (2016, p. 35), ouvir histórias equivale, para uma criança, a brincar, tamanho é o impacto que essa atividade tem sobre ela, em nível afetivo, principalmente, mas que pode ser explorada de inúmeras formas. Ainda, as palavras, para a criança, estão vivas, porque nomeiam uma realidade, coisas e sentimentos. Reconhecer as construções do idioma, as formas de falar, as entonações que dão cor à palavra, a mudança de significados segundo os sentimentos que expressam; a emoção e o alento da pausa, a diferença entre o relato da ação e o diálogo, a estrutura rítmica do período, o apoio sonoro, as fórmulas rimadas, tudo isso proporciona à memória o enlace com a língua como veículo de expressão e de comunicação: “as histórias nos põem em contato com forças que podemos ter esquecido, conhecimentos que se desvaneceram e esperanças que caíram na obscuridade”.
Contar histórias, portanto – e paradoxalmente – é uma antiga e moderna forma de comunicar, através de recursos de adaptação, de linguagem, de ludicidade, que se realiza através de imagens que são suscitadas e não impostas. Desta forma, contar não é o mesmo que ler, já que implica em utilizar recursos expressivos, mímicos e de interatividade, que não ocorrem na leitura. Contar é gerar uma comunicação interpessoal. 
Ainda, observa Mesquita:
Quando se conta uma história, a comunicação estabelecida ultrapassa fronteiras, porque acompanha o homem desde a infância até a morte, e cada geração desde seu surgimento. Mas este conhecimento não é somente cultural, mas também envolve uma transmissão de valores éticos e morais, que não podem ser interpretados de maneira relativista. Devem ser defendidos alguns valores éticos-morais universais, que permitam a convivência harmônica entre as pessoas, como pertencentes a uma mesma categoria: a de seres humanos. É por isso a responsabilidade de transmitir valores positivos que, em definição filosófica, é a qualidade que possuem algumas realidades, consideradas bens e que, por isso, são queridas, apreciadas, estimadas e desejáveis. (MESQUITA, 2015, p. 254) 
                                                                                                                         
Principalmente, a par de suas funções históricas e sociais, a narrativa oral é importante porque supre um desejo interior inconsciente de que os adultos ensinem às crianças a sua experiência, que possam situá-las no mundo real através da fantasia, [“facilitando a adoção de uma consciência de que há caminhos a percorrer, decisões a tomar, boas e más, temores e esperanças, quedas e novos inícios, heróis e covardes..]” (POLETTO, 2010, p. 164).
A narrativa oral promove a imaginação, a curiosidade, o encontro de soluções e de alternativas, esclarecendo as próprias dificuldades e ensinando a procurar novos caminhos. Como analisa Poletto (2010, p. 166), a partir da contação de histórias inúmeras outras atividades podem ser incrementadas, gerando movimento, dança, música, jogos de palavras, jogos motores, encenações, etc., que divertem e ensinam, aproveitando-se do lúdico para o estabelecimento de uma relação mais íntima e mais estreita entre a criança e a escola, os colegas, o professor e, finalmente, com o saber.
3. CONCLUSÃO
A força motivadora e o interesse que os alunos alcançam através do lúdico nascem da própria natureza epistemológica do ser humano. Por isso, o lúdico e a aprendizagem estão intrinsecamente relacionados, pois a atividade lúdica possui um potencial privilegiado para que se desenvolva a aprendizagem.
O lúdico é a linguagem natural do ser humano, pois é precisamente nos momentos em que o indivíduo realiza atividades lúdicas que tende a se expressar com maior naturalidade, a motivar-se para aprender mais, através da própria experiência.
A partir dos estudos apresentados, se torna evidente a excelência na condução de um trabalho que se serve da ludicidade, a brincadeira, como ferramenta para que a prática pedagógica na Educação Infantil se transforme em um meio para que a criança se desenvolva, estabeleça uma relação prazerosa com o conhecimento e se sinta motivada para aprender. 
Este estudo não pretende esgotar o assunto, mas inaugura a possibilidade de aprofundamento sobre as infinitas possibilidades de abordar o brincar na educação infantil, para atribuir maior excelência ao trabalho com crianças nesse nível de ensino.
Assim, conclui-se que a ludicidade na educação infantil é um importante estímulo à aprendizagem, pois através dela a criança experimenta, explora, se expressa, descobre seu entorno e aprende. O brincar, portanto, é fundamental para a construção do conhecimento, da competência comunicativa, a socialização e o desenvolvimento da criança no âmbito da Educação Infantil.
REFERÊNCIAS
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