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37 - introdução histórica ao direito página 129 a 208

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- 0 Paquistao, 0 Bangladesh, a Malasia, a Nigetia do Norte
influenciados pelo common law ingles;
- a Indonesia (na sua parte muc;ulmana) pelo direito holandes;
- a Africa do Norte (0 Maghreb), e tambem 0 Irao, peio direito frances; mas "-
situa<;ao e diferente em cada wn dos tres Estados do Maghreb: Marrocos continua a se:
mais tradicional e ao mesmo tempo mais frances; a Tunisia adopta urn direito socialis "-
de tipo ocidental, a Argelia tambem, aproximando-se, no entanto, mais dos direit
socialistas dos paises da Europa oriental.
- as republicas socialistas sovieticas do centro da Asia (Casaquistao, Usbequistao.
Turcomenistao, ete.) adoptaram oficialmente 0 direito socialista conforme a doutrina
marxista-leninista; mas subsistem, de facto, sobrevivencias mw:;ulmanas;
- a Albania, pais mu<;ulmano, adoprou a concepc;ao maoista da doutrina
marxista-leninista.
XII, 21: Ala e soberano (senhor) da sua ordem, mas a maior parte dos homens nao 0 sabe.
XVI, 69: Dos fruros das palmeiras e das vinhas, vos tirais uma bebida inebrianre e urn
alimenro excelenre. Na verdade, nisto esta seguramenre urn sinal para criar urn povo sabio.
II, 216: Os crenres inrerrogam-te sobre as bebidas fermentadas e os jogos. Responde-
-lhes: Ambos san para os homens urn grande pecado e uma urilidade, mas 0 pecado que neles
reside e maior que a sua utilidade.
II, 226: Aqudes que fazem jur~menro de nunca mais se aproximarem das suas
mulheres, e-Ihes concedido urn prazo de quatro meses; se voltarem arras quanto a sua decisao, esta
sera anulada. Deus absolve e e-indulgente.
II, 227: Se, pelo contrario, des mantem a sua decisao, 0 repudio tomar-se-a efeerivo.
Deus ouve tudo, sabe tildo.
II, 234: Em caso de mone do marido, as viuvas san obrigadas a urn prazo de viuvez de
quatro meses e oiro dia..>.Passado este prazo, poderao dispor de si proprias, segundo 0 costume
reconhecido: nao tereis nada a censurar quanto a este facro. Deus esta informado, na verdade, de
tudo 0 que fazt'is.
«Cap. XLII: 0 pai, mesmo ele, nao puae casar com a mulher virgem nem com a que ja foi
casada, sem 0 consentimento delas».
Abou-Horaira relatou que 0 Profeta disse:
«A mulher que ja foi casada nao pode ser dada em casamento senao por sua propria ordem;
a virgem nao pode ser dada em casamento senao depois de se the ter pedido 0 seu consentimenro.
- E como dara ela 0 seu consentimenro, 6 Enviado de Deus' perr-untaram entao os fieis.
Manrendo-se em silencio, respondeu 0 Profeta».
Ahou'-Amr, 0 liberto de 'Aicha, relata que esta disse: «6 Enviado de Deus. a vir,szem rem
gonha». «0 seu consentimentO, respondeu eIe, eraduz-se pelo seu silencio».
III, 569.
a) lhn Nujaym f'Egyptien (falecido em 970 da Hegira = 1592 depois de Crisro):
Segundo principio: para apreciar urn actO, deve investigar-se a intenc;ao.
Terceiro principio: urn facto averiguado nao pode ser conresrado pela unica razw de que 0
rnirio e possivel, donde se deduz que, em principio, se' fica livre de qualquer obriga<;ao.
QuintO principio: deve-se pOr fim a rudo aquilo que possa causar urn prejuizo.
ecessidade rorna IicitO aquilo que e proibido ... 0 que e jusrificado por essa desculpa. cessa
om 0 seu desaparecimento ... Urn dano nao pode fazer desaparecer urn ourro dano.
Decimo segundo principio: ... La yunsab ila sakir qawl (= em prinCipio, manter 0
- .encio nao tern significado juridico).
AJhah u'a-/-nazd'ir (Trarado de direiro sabre as similirudes
e as semelhan<;as).
b) AJ SarahJi(falecido em 438 da Hegira = 1060 da era de Crisro):
«0 silencio do proprierario que assisre, impassivel, a venda do seu proprio bem por urn
-E ceiro a quem ele nao deu qualquer poder, e equivoco; isro pode constituir urn consentimento,
pode tambem ser urn efeitO da surpresa ou urn sinal de desprezo».
a/-MahJiit, XXX, 140 (Trarado de direiro hanifira, 15 vol.).
Exrracros publicados por Y. LINANT DE BELLEFONDS.
Traire de droit mUJu/man compare. t. 1°, 1965, p. 55-56
e 142.
ABU ISHAC IBRAHIM ABD AL-RAHMAN de Granada, cadi de Maiorca. (h. 1200')
s quesroes em que se disringuem os espanhois da escola de Malic:) (1) Sao quaero. Nao tern em
ora nos julgamentos as rela<;6esque possam existir entre 0 demandante e 0 demandado. (2) Nao
mirem a prova por uma so resremunha confirmada por juramento. (De quem calha beneficio
om esre restemunho). CI) Julgam IicitO pagar 0 prec;o do arrendamento de rerras com uma pane
os fruros nelas obridos. Nesras soluc;6es seguem a escola de Lait ben Saad. (4) Permirem plantar
~:-\'ores nas mesquiras, no que seguem a escola de Auzai.
TUNISIA: Code du starur personnel, decreto de 13 Agosto de 1956 (6 moharem 1376).
An. 12. - 0 dore pode ser constiruido por qualquer bem licitO avaliavel em dinheiro.
o montante do dore deve ser serio. 0 seu maximo nao pode ser limitado. 0 dore consrirui
a a esposa urn bem do qual ela dispOe livremente.
An. 13. - 0 marido nao pode, se nao pagou 0 dote, consrranger a mulher a consumac;ao
o casamento.
Depois da consumar;ao do casamento, a mulher, credora do seu dote, nao pode senao
reclamar 0 seu pagamento. A falta de pagamento pelo marido nao constitui caso de divorcio.
Art. 14. - Os impedimentos ao casamento·sao de dois tipos: permanentes e provisorios.
Os impedimentos permanentes resultam do parentesco da alianr;a, do aleitamento ou do
triplo div6rcio.
Os impedimentos provisorios resultam da existencia dum casamento nao dissolvido e da
nao expirar;ao do prazo de viuvez.
Comentario: Nao ha qualquer duvida de que 0 legislador entende por «triplo divorcio»
os repudios sucessivos realizados em tempos diferentes atingindo 0 numero de tres, e nao aqueles
em que 0 marido diz numa s6 vez ou num so momento, por exemplo:
Tu es repudiada - Tu es repudiada - Tu es repudiada.
M. T. Es-SNOUSSI, Code du Statut personnel annote,
Tunes 1958, p. 17-18.
CAPiTULO 4
DlREITOS EUROPEUS
MEDIEV AIS EMODERNOS
No seculo IV, no fim da Antiguidade, 0 Imperio Romano divide-se em dois
perios: 0 Imperio do Ocidente (Roma) e 0 Imperio do Oriente (Constanti-
- pia = Bizancio = Istambul). Ele ocupa urna larga metade da Europa, desde a Inglaterra
- ~eaos confins da Esc6cia), a Galia, a Iberia, a Idlia, a parte meridional da Germania ate a
e insula Baldnica ao suI do Danubio; por outro lado, fora da Europa, 0Norte de Africa e
::.;:naparte da Asia ocide·ntaI. Na Europa continental, 0 Reno e 0 Danubio constituem mais
__ menos 0 limite setentrionaI.
A Norte e a Leste destes rios encontram-se povos germanicos e eslavos, ainda mais
menos n6madas. Sob a pressao dos povos vindos da Asia central, aqueles povos
rnanicos deslocam-se para Ocidente; os Germanos penetram na orbita do Imperio
--= omano a partir do seculo III; no seculo V, invadem 0 Imperio do Ocidente que
-esaparece; estabelecem-se af reinos germanicos.
Os povos eslavos deslocam-se igualmente para 0 Oeste e 0 SuI, atingem a regiao do
er e do Elba no Norte e passam 0 Danubio ao SuI.
No extrema ocidental da Europa, mantem-se ainda alguns povos celticos.
o Imperio do Oriente - ou Imperio Bizantino - resiste no entanto a estas
:::-ess6es; 0 direito romano sobrevive ai, enquanto direito bizantino.
No Imperio Romano, urn religiao nova, pregada por Cristo e pelos seus disdpulos
- seculo I, impos-se no seculo IV; 0 Imperio torna-se cristao. Urn sistema juridico proprio
comunidade dos cristaos, 0 direito canonico, desenvolve-se a margem do direito
mano, sem 0 absorver; instala-se urn sistema dualista - direito laico e direito religioso
- que se vai manter ate ao seculo XX.
Assim, na aurora cia IcladeMedia, enconrram-se na Europa os sistemas juridicos seguintes:
- 0 direito romano que sobrevive no Sudesre como direiro bizanrino;
- 0 direitO canonico;
- os direitOs germanicos:
- os direitOs eslavos;
- 0 direitO celra.
o Imperio Bizanrino manrem-se no Sudesre da Europa; conhece uma grande
expansao sob Justiniano (seculo VI), mas sofre seguidamenteos assaltos de povos eslavos
(Bulgaros, ere.) no Norre e sobrerudo, a partir dos meados do seculo VII, os dos
Mu~ulmanos no Sul; uma grande parte ciaAsia e roda a Africado Norte romam-se mw;ulmanas.
Os Mw;ulmanos penetram igualmente na Peninsula Iberica e na Galia; a sua
expansao para 0 Norte e conrida pelos Francos em 732, na batalha de Poitiers; comec;a
entao 0 seu lento recuo, embora se mantenham no SuI de Espanha ate ao seculo XV.
Nos rerrirorios do antigo Imperio Romano do Ocidente, tanto no Norte como no
Lesre des res terrirorios, formam-se reinos de origem germanica: 0 reino dos Visigodos (na
Espanha e no Sudoeste da Galia), 0 reino dos Burgundios (no Sudeste da Galia), 0 reino dos
Francos (no Norte da Galia e no Oeste da Germania), 0 reino dos Ostrogodos, depois dos
Lombardos (na Iralia), ete. 0 direito romano continua ai a ser aplicado as populac;6es de
origem romana, enquanto os invasores continuam a viver segundo 0 seu direito de origem
germanica (direito visigotico, franco, lombardo, ete.); a amalgam a faz-se lentamente, do
seculo V ao seculo VIII.
Ourros direitos germanicos mantem-se fora da esfera de influencia romana,
nomeadamenre os direiros dos Anglos e dos Sax6es, os direiros dos povos escandinavos
(Vikings = Normandos). 0 mesmo aconrece com os direitos dos povos eslavos, mais a Leste.
Do seculo VI ao seculo IX, 0 reino dos Francos estendeu-se progressivamente para 0
SuI e para 0 Nordeste. Sob Carlos Magno, 0 reino torna-se urn imperio (800), no qual os
soberanos tentam unificar 0 direito. Os seus esforc;os, muito limitados, nao podem impedir
o desmembramento do territorio ao mesmo tempo que se veri fica urn enfraquecimento do
poder a favor dos senhores locais; 0 regime politico e social torna-se feudal, sobretudo em
Franc;a e na Alemanha, e, em menor medida, na Italia e na Inglaterra.
Durante dois a tres seculos - fim do seculo IX ao seculo XII -, 0 direito feudal
domina na Europa Ocidental; ele nao desaparecera definitivamente senao nos fins do
seculo XVIII em Franc;a e na Belgica, e, quanto a Alemanha, no seculo XIX.
Assim, do seculo VI ao seculo XII, encontramos na Europa:
- 0 direito muc;ulmano, no Sudoeste;
- 0 direito bizantino, no Sudeste;
- 0 direito romano que sobrevive durante os seculos VI a VIII.
- os direitos dos povos germanicos tornados sedenrarios: Visigodos, Franco.
Lombardos, Anglos, Saxoes, Normandos, ete.;
- 0 direito do Imperio Carolingio (seculos VIII-IX);
- 0 direito dos povos eslavos, no Leste;
- 0 diteiro feudal;
- 0 direito canonico.
3. A Baixa Idade Media e os Tempos Modernos
(seculos XII a XVIII)
A partir do seculo XII e sobretudo do seculo XIII, os reis e certos grandes
senhores territoriais conseguem refor<;ar0 seu poder: rei de Fran<;a, rei de Inglaterra, rei
de Aragao, ete., conde da Flandres, duque de Brabante, conde de Hainaut.
principe-bispo de Liege, ete. nos territorios belgas. A este refor<;o do poder tendente
para a soberania, correspondem urn enfraquecimento do feudalismo; ao mesmo tempo.
em cada reino e grande senhorio, urn sistema jurfdico proprio deste territorio
desenvolve-se na base dos costumes locais, da legisla<;ao real ou senhorial, das decisoes
das jurisdi<;oes reais ou senhoriais.
Assim se formam progressivamente os direiros dos Estados modernos: direito
frances, direito ingles, direito espanhol, direiro dinamarques, direito sueco, ete..
Considerando urn quadro territorial mais resrrito: direito flamengo, braban<;ao, de
Hainaut, de Liege, de Namur, ete. Uma evolu<;ao similar, urn pouco mais tardia e
contudo mais lema, produz-se no .Leste da Europa onde, no seio dos povos eslavos (e
outros) se formaram reinos e principados, que dao origem a direitos estatais: direito
polaco, direito lituano, direito checo, direito hungaro, direito russo, ete.
No centro da Europa, manteve-se, como sobrevivencia do Imperio Carolingio, 0 Sacra
Imperio, chamado finalmente Sacro Imperio Romano-Germanico; 0 poder dos imperadores
enfraqueceu no emanto, sobretudo a panir do seculo XIII, a favor dos senhorios territoriais
e das cidades; desapareceu mesmo inteiramente em Italia, tornada.um conjunto complexo
de principados e de cidades autonomas, para alem dos Estados pontificios, e na Suf<;a,que
se transformou numa confedera<;ao de cant6es autonomos.
Estes sistemas juridicos muito numerosos nao evolufram todos da mesma maneira
durante a Baixa Idade Media e a Epoca Moderna; os factores politicos, economicos e sociais
desempenharam urn pape! considerave!, favorecendo tanto a unifica<;aodo direito, como 0
particularismo local, como ainda 0 aparecimento de institui<;6es novas sob a pressao do
desenvolvimemo economico.
Urn factor que influenciou profundamente a evolu<;ao do direito na Europa, foi 0
renascimemo do'direito romano a panir do seculo XII; come<;ouna halia, desenvolveu-se
em Fran<;a, na Alemanha, na Espanha, na Polonia, mas muito pOucoem Inglaterra.
~ "'maram-se assim progressivamente dais tipos de direito na Europa: urn no continente (e
- = Escocia), outro na Inglaterra. 0 direito ingles desenvolveu-se a partir do seculo XIII na
=s.se das decisoes judiciarias das jurisdi<;oes reais; tornou-se urn sistema de direito,
-~" ado common law, muito diferente dos outros sistemas dos paises da Europa
inental, desde entao chamados direitos romanistas. A romaniza<;ao varia no entanto de
--ensidade de regiao para regiao; certos direitos escapam-Ihe quase inteiramente,
- meadamente os direitos escandinavos e a maior parte dos direitos eslavos.
o direito canonico desempenhou urn papel importante durante toda a Idade Media;
ua decadencia come<;a na epoca da Reforma (seculo XVI). 0 direito bizantino
teve-se no Sudeste ate ao seculo XV, 0 direito mu<;ulmano no SuI da Espanha ate
esma epoca, seguidamente no Sudeste da Europa, no quadro do Imperio Turco.
Assim, os grandes sistemas jurfdicos na Europa dos seculos XII a XVIII sao:
- os direitos romanistas;
- 0 common law ingles;
- os direitos eslavos;
- 0 direito bizantino;
- 0 direito canonico;
- 0 direito mu<;ulmano.
A Epoca Contemporanea (1789 aos nossos dias)
Sob a influencia das ideias poHticas e jurfdicas dos pensadores dos secw.osXVII e XVIII,
- sistemas jurfdicos existentes sofrem rransforma<;oes capitais. As Revolu<;oes Americana
: - 6) e Francesa (1789) concretizam as ideias novas nos textos de constitui<;oes e de leis.
- ultimos vesdgios de feudalismo desaparecem, com algumas excep<;6es apenas; as
rdades publicas garantem os direitos subjectivos dos cidadaos, livres e iguais perante 0
-' -eito; a soberania passa das maos dos reis e dos prfncipes para a Na<;ao; a unifica<;ao do
- eito prossegue no quadro estatal.
Cada Estado soberano tern 0 seu proprio direito, fixado por orgaos legislativos; a lei
- rna-se, quase por toda a parte, a fonte principal do direito.
A Inglaterra mantem todavia 0 seu proprio sistema jurfdico, 0 common law; ela
.rta-o, de resto, para as suas numerosas colonias; os Estados Unidos, embora tenham
.:npido os seus lal;;osde dependencia em relal;;aoa Inglaterra, conservam 0 common law.
Nos outros Estados europeus, os direitos continuam romanistas, ainda que a
uencia directa do direito romano tenha cessado em Franl;;aa partir dos finais do secw.oXVIII;
Alemanha, ela persiste ate 1900. Os direiros de certos Estados europeus (Espanha;
::r-anl;;a, Portugal, Paises Baixos, Belgica, ete.) saD exportados para as suas colonias.
o nacionalismo dos sistemas jurfdicos tern tendencia a recuar a partir dos mead os do
seculo XX; urn direiro europeu esta em vias de elabo~ao, pelo menos no quadro limitado
dos paises do Mercado Comum. Urn novo sistema juridico nasceu no Leste da Europa, na
sequencia da Revoluc;ao Russa em 1917. Sob a egide da doutrina marxista-leninista, a
Russia e, depois de 1945, outros paises, procuram transformar a sociedade capitalista em
sociedade comunista, sem Estado e sem direito; segundo esta dourrina,uma fase
inrermedia e necessaria no quadro dos Estados socialistas.
Assim, os tres grandes sistemas juridicos da Europa sac:
o common lau':
os direitos romanistas;
os direitos socialistas dos paises de tendencia comunista.
No quadro da evoluc;ao complexa dos sistemas juridicos na Europa a partir dos fin
da Anriguidade, examinaremos brevemenre:
o direito canonico;
os direitos celticos;
os direitos germanicos;
os direiros da Alta Idade Media;
as direiros romanistas;
a common lair:
as direiros socialistas dos paises de tendencia comunista.
a) Decrelo ck Graciano (= CrmcfwdJa di-fmrdanllJ1m (anonum). Divide-se em treS partes.
A primeira parte divide-se em (101) disrincriones que, por sua vez, se dividem em canones e, estes, em capirulos.
A segunda parre esta dividida em (36) causas, das quais a causa 33 e a unica que leva uma epigtafe (Df pflfflitmtia). As causa;
5ubdividem-se em quaestiones e canones, excepro a segunda que, tal como as partes I e III, se subdivide em dislinetiones, canones ~
capitulos.
A terceira parte, subotdinada a epigrafe Of consurationf, divide-se, taJ como a I parre, em (5) dlJtinetionfJ, subdivididas.
como na primeira, em canones e, estes, em capirulos.
o pracesso de citat;"ao e0 seguinre:
• as cira<;6es nunca SaD anrecedidas de indica.c;ao de que se trata do deeretum, aO conrrario, como veremos, do que sucede
(om as outras partes do CorpUJ iuris cannnici.
• os rexros da I parte (iram-se indicando 0 numero do canone (em al~arismos arabes e antecedido de t.) e 0 da distin(io (err.
nume""ao romana, amecedida de d.) - ex.: r. 13. d. XXXVIII:
• os textOs da II parre (salvo os da causa 33, Df pomitmtia) sao C;[ados indicando 0 canone (c.), a causa (C.) e a questao
(Q.), podendo estar inverrida a ordem destas duas ultimas indica~Oes; 0 numero imermedio vai em tomano; os outros dois em arabe
- ex.: (.39, C. II. Q. 7.
• os textos da causa De pnenitmtlo cia II parte e os da rer(eira parte (De mnsecrolione) ciram-se indicando 0 canone (c.), a
distinctio (d.) e a epigrafe Df pom. ou Duom. - ex. c. 15. d. I. tk pom. au c. 2. d. V. tk com.
Nas obras mais amigas, a indica~ao dos numeros dos canones e substituida pelas sUas primeiras palavras (v.g. SpomUJ "
SprinSO, Testes ahsque, ere.). Neste caso tern que se recorrer aos indices (alfabericos) dos canones existences no inicio de quase rodas as
edi~oes.
b) DICTltail. Dividem-se em cinco livros, por sua vez subdivididos em drulos e, estes, em capitulos.
a processo de cira<;ao e a seguinre:
• indica-se, a cabel;a, a capirulo (c.); segue-se a sigla das Decretais - a lena X (au X aspado. au in X); termina-se com a
do tirulo (esta dada pelo nllinero do livro e do tirulo) - ex. c. 7. X, 11.311 (= c. 7. In X. Deconfirmallane utIli).
c) Sexto (= Liber sextum decretaliurn). Divide-se em cinco (pequenos) livros; estes. como as Decretais, em titulos e
. A forma de cirar e idenrica, excepro quanro a sigla que e Via (au in V/O) - ex. c. I. In Via, Y.12 (= c. I. In Via. 0,
llgnificaliane).
d) ClemenrinaJ (= Clemenlis V conJlilullOnes). Mesma sistematiza~ao e forma de cita~ao do anrerior. com a unica diferen~a
pafe - Clem. au In Clem.
e) Extravagantes (omunJ. Mesma sistematizat;ao e forma de citac;ao, salvo para a epigrafe, que e Ex/r. (f)mm. ou In ex/r, mmm,
f) Exrravaganres de )oio XXII. Divididas em titulos. Cita~ao como no anrerior. salvo ,uanro a epigrafe, que e Extr.
XXII.
a) Imliluliones. Divididas em quarro livros, estes em druIos, por sua vez divididos em fragmenros e esres em panigrafos.
A forma de cita<;ao e a seguinre:
• a sigla I. indica que se trata das Instirutiones, seguem-se a numero do livro, do rirulo e, quando 0 hauver, do paragrafo
rafo inicial chama-se principiurn au proemiurn e indica-se pela siglapr.); nas edi~6es mais anrigas a indicacan do tirulo faz-se.
temenre, pelas suas primeiras palavras, 0 que obriga a recorrer aos indices de drulos existenres em quase todas as
- ex.: 1.,2, 12,pr.
b) Dil(eSla au Pantkclas. Esta dividido em 50 livros, por sua vez sub-divididos em titulos (salvo os livros -'0 a .'>2.
inados ao tirulo unico de De lel(alis el fitkicomiHis), fragmenros (ou leis) e paragrafos. Na idade media. a Digesro foi dividido em
Velho (livros I a 24), Dil(esla Novo (Iivros 39 a 50) e EsforradiJ (/nfortiatum) Oivros 24 a -'8).
E a seguinre a forma de cira<;ao:
• indica-se que se trata de urn texto do Digesro pela sigla D., seguem-se a indica,ao do titulo, do fragmenro e,
0-0, do paragrafo (sendo a proemium indicado por pr.); assim, as cirac6es do Digesro sao constituidas por uma lena (D.) e au por
por quatro numeros; no primeiro caso, tratando-se dos livros 30 a 32 (i.e., sendo 0 primeiro numero -'0, -'Iou .'>2), 0 segundo
, mero do fragmenro e 0 rerceiro i: 0 do paragrafo; rrarando-se de outros liveos, 0 segundo numero i: 0 do tirulo e 0 terceiro 0 do
enro; tambem no Digesro, uS numeros dos tirulos (e ate fragmenros ou leis) podem ser substituidos, nas edic6es mais antigas
suas primeiras paJavras. Exs. - D., 19. I, 6. 1. 0, 30, 8, I Oivro, fragmemo, panigra!O); 0 .. 511. 16. 2211 Oivro, tirulo,
enrol.
c) Codil(a. Dividido em 12 livros, subdivididos em titulos e estes em fragmenros ou leis. a COdigo foi, na Idade Media.
·do em duas panes: as nove primeiros livros Jormavam 0 Codex; os ulrimos rres (Ires libri) , junramenre com as Ins/tllI/fOeJ, as
e as Libri feudorum, formavam a Anrhenlirum au Volumen parvum.
Cira-se de forma semelhame as Instituic6es. As siglas sao: do COdigo, c.. das Novelas N. e dos Lihri feTIdorum I..F. (ou
d) Novelas. Ver a amerior.
e) Libri feudorum. Yee endi!!o.
o direito canonico e 0 direito da comunidade religiosa dos cristaos, malS especial-
ente 0 direito da Igreja catolica. 0 termo «canon» vem do termo grego X!J.'I(DV
noon = regula, regra), empregado nos primeiros seculos da Igreja para designar as
-ecis6es dos concilios.
(J) ). GAUDEMET. «Droie canonique». in). GILISSEN (ed.!. In/rnd. hiM/o!!r .. n.O B/9. Bruxelas 196'1: G Le BRAS
""'.), Hislaire du Drail el tks InJlilUlions tk /'El(lise en Occitknl (em curso de publica,ao desde 1955); W. M. PLOCHL, Geschicbte tkJ
Qualquer estudo historico do direito na Europa seria incompleto se nao englobas -
urn esbo~o da evolu~ao do direito canonico. Com efeito, por urn lado, a Igre'L
desempenhou urn pape! consideravel na sociedade medieval; por outro, foi durante es ~
mesmo periodo urn poder temporal muito poderoso, pelo menos em certas epocas e e
certas regioes. No principado de Liege, por exemplo, 0 principe-bispo era ao mesm~
tempo 0 chefe da Igreja no seu episcopado e 0 chefe temporal no seu principado
Para compreender a importancia consideravel do direito canonico na Idade Medi::.
e preciso ter em considera~ao os factores seguintes:
a) 0 caracter ecumenico da Igreja: desde os seus primordios, 0 cristianism
coloca-se como a unica religiao verdadeira para a universalidade dos homens; a Igre·;;.
pretende impor a sua concep~ao ao mundo inteiro. Nao conseguini realizar esta ambir,ao.
como sabemos; mas na Europa Ocidental, pelo menos entre os seculos VIII e XV, ~
religiao crista impos-se por toda a parte. Esta tendencia universalista deu ao direito d;;.
Igreja urn caracter unirario. Ainda que - e so em Fran<;a - se encontrem mais de 60
costumes laicos mais ou menos diferentes durante a Idade Media, nao existiu senao urn
direito canonico, unico e comum a todos os paises da Europa Ocidental. A unidade e ~
uniformidade do direito canonico em toda a Igreja foram proclamadas pelo Papa ne
tempo de Gregorio VII; ele nao podia ser interpretado senao pelo proprio Papa.
b) Certos dominios do direito privado foram regidos exclusivamente pelo direito
canonico, durante varios seculos, mesmo para os laicos: nestes dominios, qualque
conflito era resolvido pel os tribunais eclesiisticos, com exclusao dos tribunais laicos.
Assim, qualquer litigio relativo ao Cal:amento ou ao divorcio foi da competenciada
jurisdi~ao eclesiastica a partir do seculo VIII. Foi assim em Franc;a ate ao seculo XVI, e
na Belgica ate ao seculo XVIII. Por isso, 0 direito canonico est<!.na base de numerosas
disposi~6es do direito civil moderno.
c) 0 direito canonico foi, durante a maior parte da Idade Media, 0 unico direito
escrito. Enquanto 0 direito laico permaneceu essencialmente consuetudinario durante toda
a Idade Media, enquanto as primeiras redacc;6es de costumes remontam a epoca nao
muito anterior ao seculo XIII, 0 direito canonico foi redigido, comentadoe analisado
a partir da Alta Idade Media. As compilac;6es de direito canonico conheceram uma
larg.a difusao. Assiste-se mesmo, a partir do seculo XII, a uma redacc;ao mais ou
menos sistematica do direito canonico, uma especie de codificac;ao que se perpetuani
ate aos nossos dias.
Kirchenrechts, 4 vol., 1959-1966; H. E. FEINE, Kirrhliche RechtSf(eschichte, t. I: Die Katholisrhe Klrche, ~. a ed .. 1972; Dietionnaire de
droit canoniqlle, 7 vol., Paris 1935-1965; Histoire de tEKlise dePllis les Or/Kineslusqu'(j '1OJ ,oun. publicado sob a direccao de A. FUCHE e
V. MARTIN, 21 vol., Paris desde 1934, nomeadamenre a t. XII: G. LE BRAS, InJtltutirms euHsiaJtlqueJ de la Chretlenti medietale.
2 vol., 1964-1965; A. GARCIA Y GARCIA, Historia del Dcrerho Canonico, Salamanca 1967: E. DE MOREAU S. J., Histoi" de
/'EKliseen Be/Kique, 5 vol.. Bruxelas 1940-1952 (ate 1663).
d) 0 direito CanOOlCOconstituiu objecto de rrabalhos dourrinais, muito mais
o que 0 direito laico; constituiu-se assim uma ciencia do direito canonico. 0 direito
~ onico, sendo pois urn direito escrito e urn direito erudito muito antes do direito laico
::.a Europa Ocidental, exerceu uma profunda influencia na formulac;ao e desenvolvimento
-- e direito laico.
o direito canonico e urn direito religioso, como 0 sac 0 direiro hebraico, 0 direiro
du e 0 direito mu<;ulma~o. Ele retira, como estes rres outros sistemas juridicos, as
regras dos preceitos divinos, revelados nos livros'sagrados: 0 Antigo e 0 Novo
~5 amento. Ele e 0 direito de todos os que adoptam a religiao crista, onde quer que se
~- onrrem. Mas existem duas diferen\as substanciais que e conveniente sublinhar:
- na dourrina crista, a o<x;aode direito e conhecida e reconhecida, enquanto que
Mw;ulmanos e nos Hindus, 0 direito se confunde com urn con junto de regras do
portamento religioso, ritual e moral: a char'ia ou 0 dharma. 0 cristianismo nasceu e
-: envolveu-se no quadro geogniftco do Imperio Romano; os conceitos de direito romano
-- uenciam desde 0 inicio a forma\ao da concep\ao crista do direiro:
- a Igreja admitiu (quase sempre) a dualidade de dois sistemas juridicos: c
- Leito religioso e 0 direito laico. Cristo tinha estabelecido 0 principio que 0 seu «reino nao
= este mundo» (evangelho segundo SaoJoan, XVIII, 36); «Dai a Cesar 0 que e de Cesar,
a Deus 0 que e de Deus» (Evangelho segundo Sao Mateus, XXII, 15-22;
- doc. n.O 1, p. 151)121. Pela sua voca\ao universal, a Igreja nao se identificou com
~ quer Estado. A Igreja pretende ocupar-se apenas das almas; deixa ao poder temporal,
soberanos dos Estados, 0 cuidado de regulamentar 0 comporramento dos homens, na
-'edida em que este nao interessa a sal~ao das almas. Assim se puseram os problemas
-, relac;6es entre a Igreja e 0 Estado, entre as jurisdi\6es eclesiasticas e as jurisdi\6es
:; cas. A influencia do direiro canonico sobre 0 direito laico sera, de resto, fun\ao das
c;6es entre a Igreja e 0 Estado e da extensao da competencia dos rribunais eclesiasticos.
o direito canonico e urn direito ainda bem vivo. Apesar da secularizac;ao das
- cituic;6es publicas e privadas e da separac;ao da Igreja e do Estado estabelecidas em
- _:nerosos paises, 0 direito canonico continua a reger as rela\Oes entre os membros da
: iIlunidade crista, uma vez que estes se the submetem voluntariamente. Isto e evidente
-:; 0 clero cuja hierarquia e organizaC;ao sao regidas peIo direito canonico. Em alguns
_ 'ses, certas materias de direito privado, sobretudo 0 casamento e 0 divorcio, continuam
=_ metidas ao direito canonico; esta foi a situa\ao vigente em Italia ate ha pouco tempo e
-:: Irlanda ate a actualidade. Enfim, por rodo 0 lado os cristaos podem submeter-se
luntariamente aos principios e regras do direito canonico e deferir os seus litigios neste
;:: minio para rribunais eclesiasticos; assim, na Belgica, numerosos catolicos continuam a
considerar-se submetidos as regras canonicas em materia de casamento e de div6rcio; os
tribunais eclesiasticos funcionam na Belgica para decidir nomt>adamente nos processos de
anula<;ao do casamento religioso.
Cronologicamente, podem distinguir-se tres perfodos na hist6ria do direiro
canonico nas suas rela<;6escom 0 direito laico:
- fase ascendente: dos seculos III a XI;
- apogeu: nos seculos XII e XIII;
- decadencia, a partir do seculo XIV, mas sobrerudo a partir do see. XVI, na
sequencia da Reforma e da laiciza<;aodos Estados - e portanto do direito -
da Europa Ocidental.
A Igreja Jeixou subsistir 0 poder dos soberanos laicos, 0 que nao impediu que e!a
tenha querido servir-se dos orgaos do Estado para 0 seu proprio desenvolvimento. Os
Estados cristaos, sobretudo os de tendencia imperialista, pretenderam servir-se da Igreja
como de urn servi<;o publico. Assim, os conflitos entre os dois poderes - 0 temporal e 0
espirirual - foram numerosos, tendo chegado a solu<;6esmuito variadas, que vao desde
a teocracia a separa<;ao da Igreja e do Estado.
a) Imperio Romano e Bizantino
Se a Igreja come<;a a desempenhar urn pape! na vida poHtica e social do Imperio
Romano a partir dos meados do seculo III, a data capital na historia da Igreja e, contudo,
313: Constantino, senhor de Roma pela sua vit6ria sobre Maxencio, publicou, com 0 seu
colega Licinio, 0 Edito de Tolerancia de Milao, proclamando a liberdade dos cultos' e a
restirui<;ao aos Cristaos de todos os bens que lhes tinham sido confiscados no decurso da
ultima persegui<;ao. Pouco depois, 0 cristianismo torna-se religiao do Estado; todas as
outras religioes sac proibidas.
Saindo da sua semiclandestinidade, a Igreja torna-se assim uma institui<;ao do
Estado. A sua organiza<;ao territorial e estabelecida de acordo com 0 modelo de
administra<;ao do Imperio Romano. E, alias, gra<;as a Igreja que alguns vesdgios desta
administra<;ao subsistirao em plena Idade Media. Em cada provincia romana, havia urn
arcebispo; em cada civitas (que se tornara diocese ou episcopado), urn bispo, que tinha
sob a sua dependencia 0 clero das par6quias. A competencia do bispo era muito extensa;
ele era auxiliado, no dominio religioso, por padres e no dominio laico (nomeadamente
para a administra<;ao dos bens da Igreja) por arquidiaconos e diaconos.
o Imperio Bizantino tornou-se uma teocracia no sentido de que 0 imperador
acumula os poderes temporal e espitirual; Justiniano, por exemplo, intervem na
disciplina da Igreja e mesmo nas quest6es de fe e de dogma.
Na sequencia do desmembramento do Imperio do Ocideme no seculo V, 0 poder
-=~poral enfraqueceu. A Igreja ja nao cominua submetida ao Estado, mas, tendo.
-- ~inuado como unica, constitui a autoridade comum aos fieis dos diferemes Estados.
~ :> influencia os governames, obtem 0 seu auxilio para a evangelizar,;ao,mas nao os
_ ;:lete a sua autoridade.
Os primeiros Carolitigios estahelecem uma estreita alianl;a com 0 papado. Retiram
parte da sua autoridade da sua sagrac;aopelo Papa: Pepino, 0 Breve, e proclamado
os Francos em 75 1 com 0 acordo do papa Zacarias e recehe a unl;iiode Sao Honifacio
issons; em troca, cede ao Papa uma parte das suas conquistas na ltaIia Central, que
- ituirao ate 1870 os Estados temporais do Papa (donatio Peppini). Carlos Magno e
do imperador pelo papa LeiioIII em 800; intervem na eleil;aodos bispos e promulga
- _. Oes de concilios como leis do Imperio (capitularia ecclesiastica). Mas os seus
- sores, sobretudo depois de LotarioI, ficam cada vez mais submetidos as altas
idades eclesiasticas.
as confliros emre a Igreja e 0 Santo Imperio sao constames nos seculos XI e XII;
~ lizam-se em redor da «Querela das Investiduras», relativa ao poder de conferir
~os eclesiasticos. Finalmeme, e 0 papado que sai, de facto, vencedor do confliro,
- a que, na concordata de Worms (1122), tenha admitido 0 principio da separal;ao dos
eres espiritual e temporal. 0 poder pomifical atinge 0 seu apogeu nos seculos XII e
1. De acordo com a concep<;aodos grandes papas da epoca (Greg6rio VII, Inocencio
Bonifacio VIII), os reis detem 0 seu poder da Igreja que os sagra e os pode
om ungar; no emamo, nao se trata de uma teocracia, pois 0 Papa nao pode exercer 0
P[ temporal, salvo nos seus pr6prios Estados.
Em seguida, a sirual;ao muda rapidamente a favor do poder real. Conflitos graves,
eiro em Inglaterra (Thomas Becket comra Henrique II), mais tarde em Franl;a
. e, 0 Belo, e Bonifacio VIII), provocam 0 enfraquecimemo da autoridade do Papa,
- quecimento agravado pelo Cisma do Ocidente: papas de Avinhao e papas de Roma (3).
c) As concordatas
Durante os ultimos secuIosda Idade Media, hem como na EpocaModema e Contem-
ea, as relal;Oesentre a Igreja e 0 Estado sao muitas vezes regidas por concordatas,
enl;oes estabelecidas pelos dois poderes, nomeadamente no sentido de organizar a
enl;ao do Estado na nomea~ao dos altos funcionarios eclesiasticos. Assim, ·em
gal, foram aprovadas diferentes concordatas pelo Papa Nicolau IV, a partir de
ell G. LEPOINTE, LeJrapporl1 de I'El(lise et de I'Etat en France, col. Que sais-je', Paris 1960: M. PACAUT, l.a theocratie,
" Ie pouvotr au moyen dl(e, Paris 1957;J. RIVIERE, Le prohleme de FEI(/;se et de I'Etat au temps de Phitippele Bel, Lovaina 1926;
OOSEN, Papaute et pouvoir ei,·it a l'ipoque de Gref(oire VI I. Contrihution a I'histoire du droit puhlic, Gernbloux 1927.
1289 14~ em Fran~a, a concordata de 1516 entre Francisco I eo Papa LeaoX permitiu
rei fazer propostas re1ativas a nomea~a-bdos bispos e dos abades. A concordata de ISO 1
entre Bonaparte, Primeiro Consul, eo Papa Pio VII, deu ao Chefe do Estado 0 direito e
nomear os bispos, reservando a investidura canonica para 0 Papa. A concordata de Isr
entre 0 reino dos Paises Baixos (lOcluindo as provincias belgas) e 0 Papa, manteve ~
grandes linhas do sistema de lS01 (ver documento n. 05, p. 154) m.
d) Separarao da Igreja e do Estado
A Constitui~ao Be1ga de lS31 estabeleceu urn regime sem concordata; regime
hibrido,. bastante proximo da separa~ao completa da Igreja e do Estado, 000 permit
a interven~ao do Estado nos assuntos da Igreja, nem a da Igreja nos assuntos do Estado.
mas a Igreja permanece podetosa como grupo de pressao; as remunera~6es e pens6es
dos minisrros do culto estao a cargo do Estado Belga (Constitui~ao, art.o 117) ( .
Em Fran~a, a separa~ao da Igreja e do Estado e completa a partir da Lei de 9 de
Dezembro de 1905; 0 Estado nao reconhece, nao remunera nem subsidia nenhum
culto (art. 02).
3. A jurisdi~ao eclesiastica
A influencia do direito canonico sobre os direitos da Europa Ocidental explica-se
em parte pela exte-nsao da competencia dos tribunais eclesiasticos, nao apenas relati-
vamente aos membros do clero, mas tambem, na Idade Media, em rela~ao aos leigos c.
a) Origem da competencia dos tribunais edesidsticos
Os Cristaos encontraram nos ensinamentos de Cristo alguns prindpios a seguir
no caso de se levantarem diferendos entre e1es. Assim, segundo as Epfstolas de Sao Paulo.
e aconse1hado procurar a concilia~ao ern caso de desacordo entre Cristaos e, havendo
(4) NUNO ESPINOSA G. DA SILVA, HistOria do direito portuf:uis. I, Lisboa 1985, 121, 163: E. BRAZAo, Coleceaotit
Concordatas estabelecidas entre Portuf(al e a Santa se de 1238 a 1940, Lisboa, s.d.: para a conjunro da Crisrandade, a obra esseneial e a de
A. MERCATI, Raccolta di Concordati. 2.' ed., r. I: 1098-1914; t. II, 1914-1954, Vaticano 1954.
(ll H. WAGNON, Concordat et droit international. Fondement. elaboration. valeur et cessationdu droit concordataire, rese de
Direito, Lovaina 1935; THOMAS, Lt concordatde 1516, 3 vol., Paris 1916; H. ELIAS, Kerk enStaat in de Zuidelijke Nederlanden ondertit
regeerinp, der Aartshertogen Albrecht en Isabella r 1598-1621 i, Anruerpia-Lovaina 1931; L. PRENEEL, •Bonaparte, Ie Concordat er Ie.
nouveaux dioceses en Belgique .., Rer'ue d'hist. ecdisiast., r. 57. 1962, p. 871-900: A. LATREILLE, Napoleon et Ie Saint-SiIR'
r 1801-1808 I, rese em Letras, Paris 1926; A. DEBIDOUR, Histoire des rapports de I'Ef(liseet de tEtat en France. 1789-1870, Paris 1898.
(6) H. WAGNON, .Le Congces national de 1830 et 1831 a etabli la separation de l'Eglise et de l'Etat'" Etudes ... Lt
Bras, t. I, Paris 1965, p. 753-781; R. AUBERT, «L'Eglise et l'Etar en belgique au XIX' siecle», Res Publica, r. 10. 1968, p. 9-31:
R. GEORGES, «La nature juridique des traitemenrs du c1ergecatholique beige de 1830.., Annales dedroit et sc.pol., t. 22, 1962, p. 85-122
(7) W. TRUSEN, «Die gelehrte Gerichtsbarkeit der Kirehe ... in H. COING led. l, Handbuch der Quellen und Literatur der
neueren europiiischen Prillatrechtsgeschichte, r. I, Munique 1973. p. 467-504;]. F. LEMARIGNIER,]. GAUDEMET e G. MOLLAT,
«Institutions ecclesiasriques», in F. LOT e R. FAWTIER led.), HiS/oire des institutions franeaiIeS au moyen af(e, r. 3, Paris 1962:
R. GENESTAL, Le prilli/egiumfori en France. du Deere! de Gratien a lafin du XIV" siecle, 2 vol., Paris 1921-1924: L. BEAUCHET,
Orif(inej de la furidiction ecdisiastique et son diveloppernent en France jusqu'au 12' siecle, Paris 1883: ]. PROOST. «Les tribunaux
ecclesiastiques en Belgique», Bull. A cad. archeo/. Be/R., r. 28,1872, p. 5-93.
fracasso, recorrer a arbitragem da comunidade crista; a excomunhao, ou seja, a exdusao
o membro que nao se submete a decisao'da comunidade, e a sanc;aosuprema. Vivendo
uma semidandestinidade, os Cristaos deviam evitar a intervenc;ao dos jufzes romanos
ao cristaos; ao mesmo tempo, deviam submeter-se a autoridade disciplinar dos seus
efes religiosos, os padres e os bispos.
o poder jurisdicional da Igreja tern portanto urIia dupla origem: arbitral e
'·sciplinar.
A partir de 313, Constantino favoreceu 0 desenvolvimento da jurisdic;ao episcopal.
"';lermitiu as partes submeterem-se voluntariamente a decisao do seu bispo, isto e, inter
:olentes, dando a decisao episcopal 0 mesmo valor da decisao de urn julgamento.
Em materia penal, os imperadores romanos reconheceram, nos seculos IV e V, a
ompetencia dos bispos para todas as infracc;oespuramente religiosas ou espirituais, isto
e. para tudo aquilo que dissesse respeito a fe, ao dogma, aos sacramentos, a disciplina no
: io da Igreja. Os canonistas dirao mais tarde: a materia a davibus, aquela que diz
respeito «as chaves» da Igreja.
Em relac;ao aos clerigos (isto e, aos eclesiasticos: padres, bispos, ete.), aparece no
-' ulo V 0privilegium fori, «privilegio de foro» ou «de clerezia», em virtude do qual estes
:' podem ser julgados em quaisquer materias, penais ou civis (com reserva de algumas
=xcepc;6es), pelos tribunais da Igreja. Esta regra, inicialmente limitada, foi ampliada nos
:' ulos VI e VII e permal]eceu em vigor durante toda a Idade Media.
Na epoca carolfngia, em virtude de uma confusao crescente entre 0 espiritual e 0
-<=mporal, a Igreja atribuiu-se urna certa competencia nas quest6es temporais que se
""lacionassem, mais ou menos directamente, com materias a clavibus, sobretudo com
::- uelas que dissessem respeito aos sacramentos. Foi assim que os tribunais eclesiasticos se
-ornaram os unicos competentes para todas as questoes relativas ao casamento.
-=-"na!mente, constituindo 0 casamento urn sacramento, os rribunais laicos enrregam toda
;, "urisdic;;aoaos tribunais eclesiasticos no domfnio desta materia.
E desde entao, toda uma serie de materias conexas, em relac;;aodirecta ou indirecta
_om 0 casamento, entra na competencia jurisdicionalda Igreja, nomeadamente:
,: itimidade dos filhos, div6rcio, ruptura de esponsais, rapto, ete. (8).
Nesta epoca, as jurisdiC;;6eslaicas estao em plena decadencia na sequencia do
~~ aquecimento do poder real pelo feudalismo. A Igreja, na maior parte da Europa
idental, atinge 0 seu apogeu e teve a possibilidade de conhecer urn largo domfnio de
er jurisdicional, mesmo em rela;:aoaos leigos.
(8) P. DAUDET, Etude sur /'histoire de la juridiction matrimoniale. Les oril(ineJ camlinl(iennes de la mmperenceexc/mil" d, /'El(liJ'.
de Direito, Paris 1933; L'etabliJSement de la competencede l'El(lise en matiere de di"orce et de mnsanl(umite. Paris 1941.
Os tribunais eclesiasticos sao competentes para julgar:
- OS eclesiasticos, tanto os cIerigos regulares como os cIericos seculares (pri: -
legium fori);
- os cruzados (aqueles que tomaram a cruz, que pattern em cruzada: prit,ijef!,iI.
crucis = privilegio de cruz);
- os membros das universidades (professores e estudantes), uma vez que todas ::...
universidades eram (ate ao seculo XVI) institui<;6es eclesiasticas;
- as miserabiles personae (viuvas e 6rfaos) quando pedem a protec<;ao da Igrej~
o privilegium fori e absoluto: os cIerigos nao podem renunciar a ele; os tribunal:
laicos devem dec1arar-se incompetentes. Este privilegio estende-se ao dominio do penal =
do civil; desde que um cIerigo seja parte numa causa, como reu ou como queixoso,
tribunais ec1esiasticos san os unicos competentes, apenas com algumas excep<;~
(nomeadamente tudo 0 que diz respeito as tenencias f~udais e outtas). Houve muitO'S
confliros de jurisdi<;ao e tambem muitos abusos; a prova do estado eclesiastico n-
resultava senao de certos elementos aparentes: habitos e tonsura; disse-se que teri;.
havido, nos finais do seculo XIII, 20 000 cIerigos falsos em Fran<;a!
As outras pessoas (cruzados, estudantes, ete.) podem renunciar a competencia dO'S
tribunais eclesiasticos.
Competencia «ratione materiae»:
Em certas materias penais e ClVlS, os tribunais eclesiasticos julgam todas as
pessoas, leigos e cIerigos.
Em materia penal, julgam todas as pessoas:
- em caso de infrac<;aocontra a religiao (heresia, apostasia, simonia, sacrilegio.
feiti<;:aria, ete.);
- em caso de algumas outras infrac<;6es, desde que atentassem contra as regras
can6nicas; tal eo caso do adulterio e da usura (isto e, 0 simples emprestimo a juros, que
era proibido pela Igreja); nestas materias, havia contudo competencia concorrente da
jurisdi<;:ao laica.
Em materia civil, as jurisdi<;:6eseclesiasticas san competentes para julgar todas as
conresta<;:oesque digam respeito nomeadamente:
- aos beneffcios eclesiasticos (rendimentos atribuidos a urn eclesiastico sobre
os bens da Igreja para lhe permitir exercer a sua missao);
- ao casamento (porque sacramento) e a todas as materias conexas: esponsais.
div6rcio e separa<;:aode pessoas, legitimidade dos fiIhos, ete.;
- aos testamentos (quando estes continham urn legado pio a favor de uma insti-
tui<;:aoeclesiastica);
- a nao execw;ao de uma promessa feita sob juramenro (porque se tratava de falta
a uma promessa :>olenefeita a Deus).
Os tribunais laicos conrestavam muitas vezes a competencia das jurisdic;6es
- esiasticas nestas duas ultimas materias; pretendiam que tinham pelo menos competencia
corrente, com preferencia pelo tribunal invocado em primeiro lugar. A partir do
o XIV, os tribunais eclesiasticos perderam a sua competencia nestas materias; a
__estao foi por vezes regulamenrada por acordos locais (por exemplo: concordata de
__ 8, entre 0 bispo de Cambrai e 0 bailio e 0 Conselheiro de Hainaut; concordata de
_-=90, entre este bispo de Cambrai e a cidade de Anvers.
o processo aplicado peranre os tribunais eclesiasticos era bastanre diferenre do dos
unais laicos desta epoca.
No dvel, 0 processo era essencialmenre escrito. 0 queixoso devia enrregar 0 seu
.do por escrito (libel/us) a urn oficial que convocava 0 reu. Em presenc;a das duas
- es, 0 oficial lia 0 libel/us; 0 reu podia opor excepc;6es; depois do exame destas, 0
rrato judiciario ficava fixado pela litis contestatio (cujos efeitos eram no entanto urn
:' co diferentes da do direito romano). As partes submetiam seguidamente as provas
~onfissao, testemunhos, documenros) das suas asserc;6es ao juiz; na falta de prova
lciente, 0 juiz podia ordenar urn juramento litisdecisorio (cf. infra: «A Prova», III.4).
No dominio penal, 0 processo permaneceu durante muito tempo dependente de
_eixa (isto e, acusatorio) que se desenrolava mais ou menos como 0 processo dye!. Nos
is do seculo XII apareceu 0 processo oficioso, por inquiric;ao (inquisitio) ordenada pelo
~ desde que tivesse conhecimento de uma infracc;ao (procedimento inquisitorial). Este
-~ocesso foi largamente aplicado pelo Santo Oficio na luta contra as heresias; levou a
missao de ordenar a tortura (quaestio), instituiC;ao recebida do direito romano e aplicada
_ mra os hereticos por uma bula de Inocencio IV de 1252. (9)
c) Decadencia dos tribunais eclesiasticos
A partir do seculo XVI, 0 direito canonico deixa progressivamente de de~empenhar
c-. apel que tinha tido na Idade Media. A sua influencia limita-se cada vez mais as quest6es
:digiosas. As causas desta decadencia sao multiplas: causas internas e causas externas a
reja. A Igreja encontra-se dividida pela Reforma; numerosos paises, a Inglaterra, as
P ovincias Unidas, os paises escandinavos, a maior parte da Alemanha, deixam de estar
- b a obediencia de Roma. Mesmo onde 0 catolicismo se mantem, 0 Estado hliciza-se;
(9) H. C. LEA, The InqlliJition of the Middle AKel (with an histotical introduction by W. ULLMANN), Londres 1963;
: GUIRAUD, Histoire de l'lnquisition du 1IWJen aKe. 2 vol., Paris 1935-1938; G. DEROMIEU, L'lnquisition, Paris 1946;
~. MAISONNEUVE, Etude sur lel rwiKinel de /'Inquisition, Paris 1942; G. ROSSI, Comi/ium sapientis iudiciale. Studi e ricerche per la
. . del procmo romano-canonico (sec% Xll-Xlll i, Milao 1958; 1. WAHRMUD, Quell", tier Gelchichte des romisch-kanonische PrOWIeJ im
'lIe/altei', 4 vol., 1905- f925.
a) 0 ius ditJinum
o direito divino e 0 conjunto das regras juridicas que pode ser extraido da Sagrada
Escritura (Antigo e Novo Testamento), bem como dos Escritos dos Apostolos e Doutores
da Igreja (sobretudo Santo Ambrosio, Sao Jeronimo, Santo Agostinho e Sao Gregorio de
Nazianzo). A doutrina patristica, isto e, a doutrina dos Patres, dos Doutores da Igreja,
exp6e a explicac:;ao autorizada da Sagrada Escritura.
rejeita a interven,ao da Igreja na organizac:;ao e funcionamento dos seus orgaos politi~
e judiciarios.
E por isso que a competencia dos tribuna is eclesiasticos e cada vez mais restri
Em Franc:;a, pela ordonnance de Villers-Cotterets de 1539, a competencia em qtialq
materia para alem da espiritual e retirada as instituic:;6es eclesiasticas, a favor da jUSL
real: as contestac:;6es relativas ao casamento e a outras materias de direito civil ja nao =
pois julgadas pelos juizes eclesiasticos. Na Belgica, foi preciso esperar pela ordonnar
sobre 0 casamento de Jose II em 1784 para assistir a mesma transformac:;ao;a influencia
direito canonico foi, partanto, ai muito mais duradoira do que em Franc:;a.
Nos seculos XIX e XX, os tribunais eclesiasticos perderam toda a competenc
exclusiva e ate concorrente, mesmo relativamente ao clero, salvo evidentemente lli.'o
materias disciplinares internas da Igreja.
Os catolicos continuam no entanto a dirigir-se aos tribunais eclesiasticos pa.
obterem a anulac:;ao dos seus casamentos, independentemente das decisOes da jurisdic:;'"
laica em materia de nulidade de casamento, de divorcio ou de separa,ao de pess02.5
Obispo e 0 juiz ordinario'oa Igreja. Mas desde os seculos V e VI delega as suz
fum.;6es nos arquidiaconos. Nos seculos XII e XIII, retira-lhes a fun,ao jurisdicional para :.
confiar a oficiais episcopais. A historia dos tribunais eclesiasticos sera brevementeexpasta -
segunda parte (capitulo I, D. Organiz~ao Judiciaria pp. 360-361).
Como para os outros direitos religiosos, a principal fonte do direito canonico, e a
vontade de Deus tal como esta revelada nos livros sagrados, especialmente na SagradE.
Eseritura. Este direito divino e completado por actos de caracter legislativo que emanam
das autoridades constituidas da Igreja catolica (concilios e papas) e pelo costume. Por
fim, 0 direito romano representou papel capital como fonte supletiva de direito na Igreja 11
1101 A. M. STICKLER. HiJlflria /U,.i.1 commie; latini. InstillllionfJ a(.:Jckmicoe. t. I: HiJ/o,.ia {rJntilim. Turim 1950: A. VAl'
HOVE. CnmmentariumIAf'animreinCndirem/llrisCannnlfi. vol. I. I' ProleKnmena. 2.'ed., Malines-Roma 1945:G. LE BRAS.
CH. LEFEBVRE e J. RAMBAUD, CaKe daHique (//40-137R I. SnllrceJ et thinrie du droit. Paris 196~: J. F. VON SCHULTE.
Die Geifhirhte der Qllellen und Literatur deJCannniJrhen RechtJ. 3 vol., 1875-1883: reimp. anase. 19%: S. KUTTNER, Repertnrillm der
Kannnistik ( //40-/2.l;i I:ProdromuJ CnrpnriJ GlnHarum. cidade do Varicano 1937 (reimp. 1972): J. C. BESSE. HiJtnire deJ texleJ du dr01:
de /'EKlrre dll moven aKe. de Denl" a Gratien, Paris 1960.
Atraves dos ius divinum, 0 direito oriental e 0 direito grego exerceram grande
- •.uencia na forma~ao do direito canonico. 0 Antigo Testamento foi redigido pelos
...•e reus entre os seculos XV e V antes da nossa era (cf. supra); assim, 0 antigo direito
raico constitui uma das fontes historicas do direito canonico. 0 Novo Testamento
_ os Actos dos Apostolos reflectem a doutrina de Cristo, que era amplamente
- •.uenciada pela evolu~ao das religi6es, da filosofia e do direito no mundo helenistico do
o IV ao seculo I (cf. quadro comparativo das fontes do direito hebraico e do direito
--: 6nico, supra, p. 73).
b) A legislafao canonica
E constituida pelas decis6es das autoridades ec1esiasticas. Estas decis6es formam a
- -re viva do direito canonico; conhecem urn desenvolvimento consideravel, pelo menos
--.= ao seculo XVI. Estas decis6es foram muitas vezes teunidas sob a forma de compila~6es
olec~6es canonicas.
Distinguem-se os decretos dos condlios e as decrerais dos papas.
b 1) Os decretos (ou canones, xavov£c) sao as decis6es dos condlios. Entre estes,
-- :nais importantes sao os condlios ecumenicos, assembleias gerais de tad os os bispos da
-tandade.
o primeiro condlio ecumenico reuniu-se em Niceia em 325. Desde entao, houve
:=:: a de vinte, mais ou menos urn par seculo. Depois do Cisma do Oriente (054) e a
_-frela das investiduras, tados os condlios ecumenicos se reuniram no Ocidente:
ilios de Latrao (Roma) em 1123, 1139, 1179 e 1215, condlios de Liao em 1245 e
de Viena em 131.1, de Constan~a 0414-18), de Basileia (1431-42) e, por fim, 0
ilio da Contra-Reforma de Trento 0545-1563). Nao houve quaisquer outros
dlios ate ao seculo XIX: Vaticano I (1869-1870) decretando nomeadamente 0 dogma
-:; alibilidade do Papa, e recentemente Vaticano II (1962-1965) (Ill.
Para lutar contra a Reforma, 0 longuissimo condlio de Trento tomou importantes
'das, nomeadamente em materia de casamento. Mas certos Estados opuseram-se a
_ =?~ao dos decretos deste condlio. Foi assim em Fran~a onde, em nome das liberdades
. reja galicana, 0 rei e os parlamentos nao admitiam a promulga~ao dos decretos e
tais se nao depois de verifica;ao; os decretos do condlio de Trento nao foram
Q idos ai, mas certos prindpios adoptados pelo condlio, nomeadamente em materia
--:;- 'monial, foram promulgados, mais ou menos modificados, pelo rei na sua ordonnance
-;. lois (579) (12).
Oil C. J. HEFELE e H. LECLERCQ, HiJlOire des eoneiles, 16 vol., Paris 1907-1921. Numerosas edi~6es gerais da
~ - conciliar, desde P. CRABBE em 1538. 0 rexeo das decis6es dos concilios ecumenicos, com uma orienca~iiobibliogrmca,
_ ALBERIGO e oueros, sob a direc~iio de H. JEDIN, Coneiliorum oeeumenicorum Deere/a, 2.a ed .. Basileia eec., 1962.
(2) Edi~iio quase oficial dos dnones e decreros do Concilio de Trenco em 1564, reproduzida por J. LE PLAT. Ancuerpia
- Edi~iio moderna: A. MICHEL, us dicre/s du Coneile de TrenJe, Paris 1958.
b2) As decretais (/itterae deeretales) ou constitutiones san escritos dos papas
respondendo a uma consulta ou a urn pedido emanado de urn bispo ou de uma al .
personagem eclesiastica ou laica. Sao, como os reescritos dos imperadores romanos
decis6es dos papas, complementares dos decretos dos diversos condlios, tenden
nomeadamente a dar a explica~ao autorizada e a indicar as modalidades de aplica~ao dess~
regras conciliares. De facto, 0 poder legislativo no seio da Igreja passou progressivamenre
em larga medida, dos condlios para os papas.
Uma das mais antigas decretais e a do Papa Ciricio (384-399) aos bispos da Galia. "
decretais foram muito numerosas na epoca do apogeu do papado, nos seculos XII a XIV /1<
Nao houve muitas decretais entre 891 e 1049, do mesmo modo que nao houve nes -
epoca qualquer condlio ecumenico. A legisla<;aocanonica conhece portanto urn declinio -
mesma epoca da legislasao laica.
b3) Actualmente, os papas fazem ainda constitui<;6es pontificais, que san verdadeirzs
leis da Igreja. Mas dirigem-se aos bispos sobretudo atraves de endclicas, isto e, bulas 01:
carras solenes contendo mais conselhos do que instrw;6es. Vma vez que 0 Papa fo.
dec1arado infalivel pelo condlio de 1870, as suas directivas gozam de urn grande alcance_
As encfclicas san geralmente designadas pelas duas primeiras palavras do texto latino, po
exemplo, Mirari Vos (1832) contra 0 indiferentismo, Rerum novarum (1891) sobre a
Nas provincias belgas, os decretos do condlio de Trento foram recebidos se-
dificuldade no reinado de Filipe II. Foi no entanto introduzido 0 prindpio do aco
previo do rei para a publica<;ao dos decretos e decretais: 0 rei dava 0 seu assentime -
sobre a forma de «placet» ((\1. 0 mesmo se passou em Portugal, desde 0 seculo XV
Para alem dos condlios ecumenicos, existem numerosos condlios region
provinciais (por exemplo de Africa, da Galia, ete.) e diocesanos.
A assembleia das auroridades eclesiasticas de urn bispado chama-se sinodo; as s
decis6es san «estaturos diocesanos» ou «estatutos sinodais». Aparecem no seculo IX
tornam-se muito numerosos a partir do seculo XIII; algumas compila~6es constitue-
pequenos codigos de direito canonico, adaptados as necessidades locais de urn bispad-
por exemplo, os estatutos sinodais de Joao de Flandres, bispo de Liege, que datam
1288 e compreendem 321 artigos, tratando de diferentes materias nomeadamente
direito civil (casamento, testamento, ete.) (I~).
CI» F. WILLOCX, L'/nlroducrion deJdkrell du Coneile de Trente dam leJ PaYl-B", el dam la PrineipaUle de Liel(e, Lovaina 1929
L. WILLAERT, .Le placet royal aW<Pays-Bas», Rev. bell(ePhil. Hill., <. 32, 1954, p. 466-506 e 1075-1117; <.13, 1955, p. 20- f,
(14) CHAVES E CASTRO, 0 BeneplaeilO Rel(io em Porlul(al, Coimbra 1885; M. CAETANO, ..Recepc;iioe execuc;iiodos
decretas do Concilio de Trenta em Portugal», ReviJla da Faeuldade de Direilo da Vnivmidade de Li.rbna, <. 19, 1965, p. 5-8-
(1~) F. SCHOOLMEETERS, Leulaluuynndaux deJean de Flandre. ivique de Liel(e (]6 de Fevereirn de /2RRI, Lie,l(e 1901'
M. LAVOYE, Le texle oril(inal del Slaluls synndaux deJran de Flandre. Lie,l(e1934; A. VAN HOVE, -Les statuts synodaux lie,l(eoisde
1585», Ana/eeleJ Hill. ecclh. Be/I(., <.33,1907, p. 5-51 e 164-214; P. C. BOEREN, «Les plus anciens statuts du diocese de Cambra.
(XIIUsiecle)., Revue.dr. eanonique. t. 3,1953, p. 1-32, 131-172,377-415; t. 14,1954, p. 131-158.
(16) G. FRANSEN, LeJdimlafer et fermlltrltOnJde dimlafer. Temhout 1972, co!. Typologie des sourcesdu moyen ii,l(eoccidental
di~ao dos openirios, Populorum Progressio (967) do Papa Paulo VI sobre a situa~olo dos
ises em vias de desenvolvimento.
o costume a que se chama jus non scriptum, direiro noloescriro em direiro canonico
o na doutrina romanfstica da BaixaIdade Media, nolo desempenha urn papel
ideravel na evolu~olodo direiro canonico, em razolOda abundancia das regras jurfdicas
ritas. Na Idade Media, os canonistas construfram alguns prfncipios para reconhecer 0
I ner obrigatorio do uso jurfdico; para ser valida, 0 costume canonico deve obedecer,
::--ao, as condi~6es seguintes: ser seguido desde ha urn certo tempo (30 anos pelo menos),
~: azoavel (isro e, nao ofender a razolo),serlegftimo (isro e, ser conforme ao direiro divino,
- decreros e ao ensino aurorizado pela Igreja).
Em certa medida, 0 costume foi muitas vezes consagrado pela jurisprudencia dos
nais eclesiasticos como fonte local de direito, mais raramente como fonte geral do
- :ei co canonico (17).
d) Principios recebidos do direito romano
o direiro romano constituiu 0 direiro supletivo do direiro canonico. A Igreja catolica
<>nvolveu-se no Imperio Romano; depois da queda do Imperio do Ocidente, ela
- --' nuou a viver segundo 0 direiro romano. Aplica-o na medida em que ele nao e conwirio ao
""- 'inum e aos decreros e decretais. Assim, 0 direiro canonico recebe do direito romano uma
_ ·~de parte da sua teoria das obrig~6es e os elementos essenciais do seu processo civil fiR).
Verdadeiros cOdigos de direiro canonico so foram redigidos a partir do seculo XII.
entanto, a partir do seculo III, aparecem numerosas colecr;6es de texros canonicos.
ra fossem obra de particulares, algumas colecr;6es foram no entanto reconhecidas
.- - 'a1mente pelas auroridades eclesiasticas.
As mais antigas compilar;6es foram redigidas em lingua grega, na parte oriental do
- . io Romano (Grecia, Asia Menor) fl9)
1-) R. WEHRLE. De la muturm dans Ie droit canonique. EHal hIJtorique "etendant de, f!1"il(ineJde /'El(/i" au pontificat de Pie Xl,
.- Direito. Paris 1929.
I I P. LEGENDRE. La penetration du droit romain dans Ie droit canonique claHique. rese em Direiro (dou,-), Paris 1957:
'- - HOVE, • Droir ]us,inien er droi, canonique depuis Ie Deerer de Grarien jusqu'aux Deererales de Gregoire IX-, Miml/anea
- - >en. '- 1,1947, p. 257-271.
191 Ciremos a riruJo de exemplo 0 .\IO'2X~ )(OP'OU 0,,, ~WV O';'OE)('2 'A1to'r~0),",V (Ensino do Senhor pelos 12 Ap6stolos),
_ • eme a mais amiga colecranea, do sec. 1II, e os )('2VOVE; ~WV 'A1<O-r.OAWV (Canones dos Ap6stolos), do see. IV, que foram
pelo Concilio de Consranrinopla em 381. Ed. F. X. FUNK, Dida1Ca!ia et Constitution" ApoJlolorum, 1905.
A mais antiga colec<;ao escrita em larim e a de Dinis, 0 Pequeno, (Dionys
Exiguus), escrita em Roma por volta de 510 (20). Completada por virias vezes, -
reconhecida como oficial pelo Papa Adriano I em 774 (Collectio Hadriana) e enviada '"
tarde a Carlos Magno que a promulgou no seu Imperio na dieta reunida
Aix-Ia-Chapelle em 802.
Outra continua<;ao da compila<;ao de Dinis, 0 Pequeno, foi a Collectio lsidori .•
(tambem conhecida por Collectio Hispana) que teve grande difusao em Espanha. Foi, mal _
bern, atribuida ao grande bispo Isidoro de Sevilha (falecido em 694). 0 Papa Alexandre
no seculo XII, deu a esta colectanea 0 titulo de Corpus authenticum, reconhecendo ass -
a autenticidade dos actos reproduzidos (21)
Nos meados do seculo IX, uma outra colec<;aochamada a Pseudo-Isidoriana m1, t
uma larga repercussao na Gilia; continha nurnerosos docurnentos falsos tendentes a afirmcr
autoridade do Papa sabre os bispos e a alargar a competencia dos tribunais eclesiasticos e-
detrimento dos tribunais laicos; esta falsa colec<;aodesempenhou no entanto urn grande pa -
na evolu<;ao do direito medieval, pois a sua falsidade nao foi estabelecida senao no seculo X\-'::
o hibito de reunir em compila<;6es mais ou menos extensas os principais textos ~
direito canonico, persistiu no decutso dos seculos X, XI e XII, numa epoca em que e:-
todos os outros dominios da vida juridica no Ocidente, as Fontes escritas do direito tinha'-
desaparecido quase completarnente; 0 direito canonico permaneceu entao como 0 unic
direito escrito. Contam-se mais de quarenta colec<;6es canonicas redigidas no Ociden :0
entre meados do seculo IX e meado':ido seculo XII (23).
6. Codifica<.;oes do direito canonico
Uma destas colec<;6es,a que foi escrita por Graciano em Idlia, por volta dos mead05
do seculo XII, iria em breve eclipsar todas as outras. Foi completada no decurso dos tees
seculos seguintes por quatto compila<;;6es; 0 conjunro destas recolhas fC'i oficialmen e
(20) Ed. MIGNE, Patrolof(ia latina, r. 67. E a Dinis, 0 Pequeno, que se atribui 0 uso de contar os anos a partir C'
nascimento de Cristo.
(21) Ed.: Collectio canonum ece/eliae Hilpanemil, Madrid 1808; G. MARTINEZ DIEZ. La Co/mion Canonica fIJ.,p.:n.:
Madrid 1966.
(22) Assim chamada segundo 0 pseudonimo do seu auror, Isidorns Mercaror, que parece rer querido fazer-se passar
Isidoro de Sevilha. A base da falsa coleccao e. alias, a Colleaio /lidoriana. ed. P. HINSCHIUS. DelTflaleJ pJeudo-lJIdorian.:e et Capllu ..:
Anf(elramni, Leipzig 1863.
(23) No seu conjumo, esras colecc6es distinguem-se das do periodo precedente pela c1assificacao sistemarica das mart'nas
abandonando portamo 0 metodo de c1assificacao purameme cronologico das fomes. adoptado are entao. Entre esras colecc6es
citamos: os Libri de lynodalibul caulil redigidos cerca de 906 por Reginon, abade de Priim (ao norte de Treves), led
WESSERSCHLEBEN, 1840), a Decretum de Burchard de Worms, escriro por volra de 1012. 0 Decretum de Yves de Chartres. esctlt"
cerca de 1095 (ed. MIGNE, Patrolof!,ia latina, r. 140, 1880, col. 337-1058 e t. 161, 1889, col 47·1428), cujo resumo. a I'onorm/a.
exposi~ao met6dica e clara destinada a pratica, reve urn sucesso consideravel. sobrerudo em Fran~a.
Urn teologo de Liege, Alger, inspecror eclesiasrico de Sao Bartolomeu e conego de Sao Lamberto em Lie!!e. es((eveu. pouc"
antes de 1130, urn Liberdemijfficordiaet;ustitia(ed. MIGNE, PatroloRia latina, r. lRO, 1902, co!. R57-968: cf. G. LE BRAS."1.<-
Liber de misericordia er justitia, d'AIger de Liege", ReI!. hilt. dr.fr .. 1921, p. 80-1 IR.
Bib!.: P. FOURNIER e G. LE BRAS, HiJtoire del Collection.<eanoniqueJ en Occident depuij leJ FauHtJ DelTftalr, IU-'qr'-au Deer,:
de Gratien. 2 vol., 1931-1932.
-pconhecido como 0 cOdigo do direito canonico, 0 Corpus ;ur;s canon;c;, editado em 1582.
~ -re permaneceu em vigor ate 1917, data em que foi substituido pelo Codex ;ur;s canon;c;.
Assim formou-se a partir do seculo XII urn novo direito canonico, 0 direito canonico
- assico, imposto por Roma a toda a Cristandade do Ocideme. Sob 0 impulso da reforma
- egoriana, este direito canonico unico e formado pela fusao de velhos textos da
= riguidade, italianos, espanhois e franceses, com as decretais dos papas.
Esta codificac;ao comp6e-se de cinco partes, redigidas sucessivameme do seculo XII
seculo XV:
o Decreto de Graciano (cerca de 1140);
as Decretais de Gregorio IX (1234);
o Livro Sexto (1298);
as Clememinae (314);
as Extravagames de Joao XXII (1324) e as Extravagames Comuns (seculo XV).
Graciano (Gratianus), urn monge professor de teologia em Bolonha, redigiu ai, por
Ira de 1140, uma Concordia discordantium canonum, a qual deu de seguida 0 nome de
eretum. 0 titulo da obra era urn programa: estabelecer uma coordena<;aoemre os canones
- - cordames, peia compara<;ao e cIassifica<;aodos textos de acordo com 0 seu valor juridico.
metodo nao era novo, mas foi aplicado a urn grande numero de textos (cerca de 3800) e com
uito senrido critico. Graciano foi influenciado pela dialetica dos primeiros escohisticos,
retudo Pedro Abelardo; procurou explicar a discordancia dos textos por distin<;6esde tempo
e lugar, par excep\6es e dispensas aos principios de acordo com as necessidades da pcitica.
o Decreto de Graciano nao era apenas uma recolha de textos; 0 autor tinha
:escemado a cada conjunto de documemos sobre uma questao determinada urn dictum,
-eve comennirio pessoal, no qual resumia 0 problema e propunha uma solu<;ao para as
nrradi<;6esconstatadas. Os dicta Gratiani conuibuiram muito para 0 merito da colec<;ao.
/14) Edi~OeS muiro numerosas. A mais comum: FRIEDBERG. Cnrpus iuris cannnici. Leipzig, 2 vol., 1879-\88\;
erosas reedi~Oes, a ultima das quais em Graz, 1955-1959; 0 r. I comem 0 Decreto de GraCiano, 0 r. II as outras partes do Corpus.
ed- ao de ].H. BOEHMER, Cnrpus iuris cammia, Halle 1747, seria melhor; K.W. NORR, .Die Enrwicklung des Corpus iutis
nic;., in H. COING (ed.), Handhuch de.- Quellen ....• p. cit .. r. I, 1973, p. R35-848. Sobre 0 titulo do Dectero, v. P. PINEDO,
·orno al titulo del Decreta de Graciano: Decretum seu Concordia discordantium canonum>t, in Anuario his:. dt..,.. esp_, 1955.
Metodo de cita~Oes:
Decreta de Graciano:
D = 1.' parre, composta por 101 distinct inn"
C = 2.' parte, composta por,6 causae (algumas parricularidades; de con. D = 3.' parre, chamada De comecratinne,
. subdividida em ;; distinctirmes.
Decretais de Gregorio IX: X (por Extra).
Liber Sextus: VI.
elememinae: Clem.
Redigida em Bolonha na mesma epoca em que os primeiros glosadores ai
entregavam ao estudo do direito romano (infra), a obra de Graciano conheceu urn vi
sucesso; constituiu a partir da segunda metade do seculo XII a principal base para 0 estuc
do direito canonico nas universidades nascentes. Embora se tratasse de uma obra privad
foi reconhecida de facto pelas autoridades eclesiasticas; mas, nao tendo caracter oficial, n;:~
obrigava os jutzes.
o esfon;o feito por Graciano devia revelar-se insuficiente em breve: os condlios e _
papas legislaram muito nos fins do seculo XII e no seculo XIII; por outro lado, numeros~
decretais nao tinham sido reproduzidas por Graciano. Varias actualizal;6es da obra cO'
Graciano tornaram-se assim necessarias a partir de 1150 (2~).
bb. As «Decretais» de GregOrio IX (1234) e as ou:ras partes do Corpus iuris canonici.
o Papa Gregorio IX quis encontrar urn remedio para a multiplic~ao das colecc:;~
pos-gracianas ordenando a redacc:;aooficial de urna compil~ao dos textos canonicos que nao s.e
encontravam na obra de Graciano. Redigida Pelo dominicano espanhol Raymond de Peiiafort.
professor da Universidade de Bolonha, a nova compilal;ao compreendendo 1500 textos fo.
completada em 1234; foi chamada Deeretales extra Deeretum Gratiani vagantes. 0 Papa enviou c
texto, como urn c6digo oficial, as Universidades de Bolonha e de Paris para at servir in judiciis c-..
schoNs (para 0 julgamento dos processos e para 0 ensino), proibindo para alem disso a realiz~-
de outras compilac:;6essem autori~ao da Santa se.
Varios papas tomaram seguidamente a iniciativa de completar a obra de Graciano e de
Peiiaforr. Assim, Bonifacio VIII enviou em 1298 as universidades urna nova compilac:;ao
chamada Liber sextus; Clemente V, Papa de Avinhao, acrescentou em 1314 urna outrE
compilac:;ao, intitulada Comtitutiones Clementinae; Joan XXII fez 0 mesmo em 1324, com 0
nome de Extravagantes; outras Extravagantes communes foram-Ihe acrescentadas nos finais do
seculo XV. Estas colecc:;6es sa<> quantitativa e mesmo qualitativamente muito mais
imporrantes que as duas precedentes.
Por imitac:;aodo nome dado a codific~ao de Justiniano, comec:;ou-sea partir do seculo
XIII a dar 0 nome de Corpus juris canonici as grandes colecl;6esde Graciano e de Gregorio IX.
Jean Chapuis, professor em Paris, publicou em 1500 urna primeira edil;ao do Corpus.
compreendendo as cinco partes. 0 Papa deu em seguida ordem de preparar urna edil;ao oficial
das colecc:;6escanonicas. As grandes compi~6es da Idade Media foram submetidas ao exame
duma comissao de canonistas e de cardeais, os carrectores romani. A edic:;aooficial do Corpus
apareceu em 1582 (26).
Este Corpus continuou em vigor ate 1917 como c6digo oficial do direito canonico. Nao
(2~) Entre os rrabalhos recenres sobre 0 Decreta de Graciano, ver sobrerudo os escudos apresentados ao Congresso em honea
do VIII centenario do Decreta em 1952 e, desde entao, os Srudia Grariana, 20 vol., publicados em Bolonha a parrir de 1954.
(26) CH. 'LEFEBVRE, M. PACAUT e L. CHEVAlLLER, L'Epoque moderne (1563-1789). Us JourceJdu droir erla Jecond<
centraliJarion romaine. Paris 1976, co!. "Hisr. Droir er Insrir. EgJise", r. XV, I.
do actualizado, era necessario completa-Io pelos canones dos condlios dos seculos XV e
e pelas novas decretais dos papas, isto e; 0 jus novissimum.
Obruimur legibus (somos esmagados pelo grande nllinero de leis), tinham dico os bispos
ceses cbarnados ao condlio do Vaticano em 1869, pedindo urna nova codific~ao do direico
- onico.
Por iniciativa do Papa Pio X, a redaq;ao de urn novo c6digo foi com~ada em 1904; foi
__ mulgado em 1917 sob 0 titulo de Codex iuriscanoniei. Obra da responsabilidade, sobretudo,
cardeal Gaspari, 0 Codex retoma na maior parte os texCOsmedievais do direito canonico,
adaptando-os as necessidades ciaIgreja do seculo XX.
Na sequencia das decis6es comadas no decurso do condlio do Vaticano II (1965), a
c~ao de urn novo c6digo do direico canonico esta actualmenre em curso.
o ensino do direico canonico estava inicialmente anexo ao ensino da reologia.
esenvolvimenro do estudo do direito romano em Bolonha e a importancia comada peIo
rew de Graciano levararn assim, nos finais do seculo XII, a que se formassem escolas de
- :ei to canonico, a par d~ escolas de direito romano. Em Bolonha, Monrpellier, Toulouse,
;: eiies, mais tarde nas universidades ibericas e alemiis e em Lovaina coexistiram os dois
'nos: muitas vezes os estudantes seguiam os cursos das duas faculdades e cornavam-se
- ~ utriusque juris (doutor em ambos os direicos). Em Paris, a partir de 1219, so 0 direito
- onico continuou a ser ensinado, situac;ao que subsistiu ate ao seculo XVII.
Os metodos de estudo do direito canonico evoluiram do mesmo modo que os do
do do direito romano: metodo dos glosadores, seguido pelo dos comenradores (d.
_-a, p. 317 e ss.). Os canonistas sao classificados em Decretistas e Decretalistas, sem que
distin~ao corresponda exactamenre a que existe enrre glosadores e comenradores (27).
a) Os Deeretistas sao os que tomaram 0 decreco de Graciano como base dos seus
- alhos. Tal como os glosadores, fazem sobretudo glosas (sobre 0 Decreco) e Summae
si~6es surnarias). Enrre os decretistas mais celebres, citemos Paucapalea, aluno de
':.:aciano (anrerior a 1148), Rufino, professor em Paris, (falecido em 1170), Etienne de
. nai (falecido em 1203), frances formado em lralia que se cornou bispo de Tournai,
(27) K. W. NORR, «Die KanoniseischeLieeraeur», in H. COING (ed.), HandhuchderQuellen ... "po <"il.. t. 1,197:>.
- -382 (concern uma lisea das edi~6es ancigas e modemas dos Canoniseas). Ver eambem S. KUTINER. Repertorium der
isrik 0140-1234), Vaeicano 1937; VAN HOVE, Prolef<omena.op. (il.; LE BRAS, LEFEBVRE e RAMBAUD. L'a;e damqllf
1378!. op. cil., e P. OURLIAE e H. GILLES, La periode posl-clamqlle ( 1378- I 500), col. Hislnire du drOll 'I de.• In.llilllli'JnI de
=.,= en Occident, t. XIII, 1, 1971. AII'm desses: R. C. VAN CAENEGEM. "Notes on Canon Law books in medieval Belgian
-lises», SludiaGraliana, t. 12,1967, p. 265-296.
donde the advem 0 nome (2Rle sobrerudo Huguccio (falecido em 1210), de Pisa. As glosas
foram finalmente compiladas por Johannes Teutonicus (joao, 0 Alemao) (falecido en:
1245) no seu Apparatus, urna especie de Klosa ordinaria, comparavel a de Acursio para 0
direito romano.
b) as Decreta/istas devem 0 seu nome ao facto de se terem consagrado sobretudo
(mas nao exclusivamente) ao comentirio das Decretais de Gregorio IX. Inicialmente, Ot!
seja, nos dois ultimos ter<;osdo seculo XIII, eles aplicaram ainda 0 metodo dos glosadores:
mais tarde, inspirara,m-se no dos comentadores.
Citemos de entre os mais importantes, Tancredo, autor de urna glossa ordinaria
(cerca de 1215-1220), Hostiensis (Henrique de Susa, 1271), italiano que ensinou e
Paris; a sua Summa tornou-se tao celebre que foi chamada a Summa aurea; e no seculoXV 0
italiano Panormitanus (Nicolau de Tudeschis), autor de importantes Lecturae sobre as
Decretais, 0 Sexto e as Clementinas. Entre os numerosos decretalistas espanhois e
portugueses, citemos Vicente Hispano que escreveu urn Apparatus e urn comentirio dos
canones do IV condlio de Latrao, 0 compostelano Juan Hispano de Petesella, professor em
Bolonha e em Padua, autorde urn comentario escrito em 1241-1243,0 portuguesJoao de
Deus, igualmente professor em Bolonha, que escreveu urn ouero entre 1247 e 1253.
c) A partir do seculo XVI, 0 ensino do direito canonico perdeu progressivamente
o interesse para os laicos, inicialmente em Fran<;a, mais tarde noutros paises.
A universidade de Lovaina concinuou ate ao secuIo XVIII (e mesmo ao secuIo XX) a ser
urn dos principais centros de escudo do direito canonico na Europa; alguns dos sellSprofessores
contam-se entre os mais eminences canonistas dos seculos XVII e XVIII, como Van
Espen (1646-1728), autor de urn importance [us ecclesiasticum universum (1700) (29).
o benepl';cito re~io foi imroduzido em Portugal pouco ames de 136!, dara em que os preiados ja se queixam dele em
Cortes (Elvas, 1361 doc. ll, p~. 156), embora D. Pedro 0 mamenha, tal como fara 0 seu Iilho, nas cortes de Santarem de 14r
(v. doc. 9, p~. 156), e D. Afonso V. (Ord. Aj.. II, 12: onde se especificam os casos normais de dene~a<;ao - falsidade, sub-ptep~ao.
ofensa da iurisdi~ao e direitOs do rei). Abolido em 1487, foi, na pratica, restabelecido em 1495 e sucessivameme estendido no seu
ambiro (cf. Ord. Fif .. II, 14 e 15; Const. 11122 art° 123.", XII: Carta const. Art.o 75.°, § 14); enrre os muiros documemos
pomificios a que foi ne~ado (Iista em BERNARDINO)OAQUIM DA SilVA CARNEIRO, Ele17lnJIIIJde direilo rdesia.flicoPorluKuez, Coimbra 1896,
25), coma-se a celebre -Bula da ceia. (In coma Domim). Bibliografia: GABRIEL PEREIRADE CAsTRO. Trfll1us de manu "Kia. I, Lugduni
1673. 36.3; MANUEt CHAVES e CN>TRO, 0 brnepkU'ilo riKin e17lPOr/UKal. Coimbra 18115; MARQUESDE S. VICENTE, Conridrral,J" re/aliz;as
an henepl,kiln, Rio de Janeiro 11l73; art° -Beneplaciro re~io. do Dic-iondrio de HlJloria dr PorluKal (dir. JOEL SERRAo), PortO 1963.
Quanta aos privileRios do foro. Embora em PortuRal renham sido recebidos os respeetivos principios do direita can6nico.
desde cedo () poder temporal reclamou para si a competencia jurisdicional sobre ecIesiasticos. em certas circunstancias. Uma lei dos
(2R) A Summa de Etienne de Tournai foi parcialmenre editada por J. F. VON SCHULTE. 1891, (repr. Aulen 1965).
Cf. J. WARICHEZ, -Etienne de Tournai et son temps (] 1211-120}) .. , Ann. SOl" Hi". A,ch. Tournai. r. 20, 1936. p. 1-455.
(29) G. LECLERC, Zey,er Bernard Van Espen et taulmli ecdiJiaJ/iqu<, Zurique 1964; ... el la hiirarchie ecdiJiaJiique, Roma 1961.
do see. XIV. rranscrira no Livro de leis e posruras (pg. 380), hem como os arr'gos das concordatas dos rirs. 1 a 7 do l.iv. das
r. SaD si,eniftc3rivQs da polfrica real de resrri<;3o da iurisdi(ao da Igreja. As OrdJ, Fd. II. 1 fazem uma lisragem exrensa desres
cf. doe. 10. pg. 157). Os principios gerais na mareria sao os seguinres. Quanto a sujeicao (ou nao) ao direire remporal:
-~ era iSen(30 nas marerias puramenre espirituais e eclesiasricas. submissao nas remporais. Quanta 30 foro competence: isen(ao
-:- eta nas marerias remporais, mesmo nas parrimoniais e penais. As excep<;Oes. oeste ultimo plano. sao as (onstantes do cicada
das Ord, Fi!. (II, I). E so no seculo XIX que a Igreja perde 0 principal da sua ;urisdicao: os privilegios de foro sao abolidos pela
1822, arr.O 9° e pela Carta Const., anO 145°, H 15 e 16; os casos mixti fori sau abolidos pelo art. U 177.0 do dec. U 24, de
= I 32 e, depois. pela Reforma Judiciaria. parre II. arro 70°: Bibliografia: BAPTISTAFRAGOSO. Ref.umen reipublrcae cbwtlanae.
'2 1737, pr. I, 1. II, d. IV: GABRIEL PEREIRADE CASTRO. Traetatus. .. , cir.: PASCOALDE MHO FREIRE. InstitutloneJ iuriJ (lnlis
-<1, Conimbricae 1818, I, rir. V (maxime, §§ 14 e 15);ALVESDE SA, 0 (atholimmo e as "aroe! (athol,(as - d4s IrberdadeJ da Ix",a
~f!ja, Coimbra 1881; BERNARDINOJOAQUIMDASiLVACARNEIRO,ElemerrlOJde direilOefdeJlaJtim... cir.
Quanta as rela(Oes entre 0 direito civil eo direito canonico. materia abundantemente tratada pela historio.'!rafia. v .. por
, GUILHERME BRAGA DACRUZ, -0 direire subsidiario na hisroria do direire porrugues«. R"". pnrl. hiJl. XIV (1973>: ANTONIO
= HESPANHA, Hisroria das instirui~6es. Epeeas medieval e moderna, Lisboa 1982: NUNO ESPINOSAGoMES DA SILVA, HlJlona
_ 'Q portulluiJ, cit.: MARTIM DE ALBliQUERQUEe RUY DE ALBUQUERQUE. HiJt';"la do dlre"n P()f'tuf.iuiJ.Lisboa 1984/~. As principais
do direiro eclesiastico est30 reunidas nas cicadas obras de Pereira de Castro e de Silva Carneiro e ainda em JOAQl;IM DOSSANTOS
- SCHES, Bullae et brt'f'iae pro LUJita"iae ... , Vlissipone 1856, 2 rem.: Fonte.e dn dire/lo eccle!iaJlirn portuf.iue:. Summa do bullann_= Coimbra 1895; ANTONIO GARCIA RIBEIRO DE VASCONCELOS, .Nova chrenologia das consriruic;6es diocesanas porruguesas
'e impressas», 0 imtituto 58(911) 491-505.
EV ANGELHO SEGUNDO sAo MATEUS, XXII, 15-22:
"Dai a Cesar 0 que e de Cesar, , .. "
Entao os fariseus, tendo-se retirado, combinaram surpreender Jesus nas suas palavras.
viaram-lhes alguns dos seus discipulos, com seguidores de Herodes, para the dizer:
«Mestre, nos sabemos que vos sois verdadeiro, e que vas ensinais a via de Deus na verdade,
atenderdes a considerac;6es pessoais; pois vas mio olhais para a aparencia dos homens.
Di-nos, pois, 0 que vos parece: E permitido ou nao pagar tributo a Cesar)". Jesus, conhecendo
~ malicia, disse-Ihes: «Hip6critas, porque me tentais) Mostrai-me a moeda do tributo», Eles
entaram-Ihe urn denario. E Jesus disse-Ihes: «De quem e esta imagem e esta inscriC;ao)- De
», disseram-Ihe eles. Entao Jesus respondeu-lhes: «Dai, pois, a Cesar 0 que e de Cesar, e a
o que e de Deus». Esta resposta encheu-os de admiraC;ao, e, deixando-o, foram-se embora.
Nouveau Testament, trad. A. Crampon, Paris.
Tournai 1923, p, 26.
GRA TIANUS: Concordia discordantium canonum (± 1140).
Distinctio III:
I. Pars. Omnes he species secularium legum partes sunt, Sed quia constitutio alia est
s, alia ecclesiastica ...
§ 1. Ecclesiastica constitutio nomine canonis censetur. Quid autem canon sit, Ysidorus
VI Ethim (30) declarat dicens:
c.I. Quid sid canon.
Canon grece, latine regula nuncupatur.
C. II. U nde regula dicatur.
Regula dicta est eo quod re:;te ducit, nee aliquando aliorsurn trahit. Alii dixerunt reRuJam
dieram, vel quod regat, vel normam recte vivendi prebeat vel quod distorrum pravumque est corrigat.
II. Pars. Gratian. Porrocanonum alii sunt decreta Pontificum, alii statuta conciliorum.
Conciliorum vero alia sunt universalia, alia provincialia. Provincialium alia celebrantur auerorita-
te Romani Pontificis, presente videlicet legato sanctae Romanae ecclesiae; alia vero auctoritate
patriarcharum, vel primatum, vel metropolitanorum eiusdem provinciae. Hec quidem de
generalibus regulis intelligenda sunt.
§ 1. Sunt aurem quedam privatae leges, tam ecclesiasticae quam seculares, que privilegia
appellatur. De quibus in V. lib. Ethim Ysidorus ait:
C. III. Quid sit privilegium.
Privilegia sunt leges privatorum, quasi privatae leges.
1.a Parte: Todas esrns espeeies constituem tipos de leis seculares. Pois das constitui<;6es(= leis)
umas sac civis, outras eclesiasticas.
§ 1.0 A constitui<;ao (= lei) eclesiastica recebe 0 nome de dinone. Isidoro de Sevilha, no livro
VI das suas «Etimologias», diz:
C.I. 0 que e urn canone.
Gnone, em grego, traduz-se em latim por regra.
C. II. 0 que e uma regra.
Chama-se regra aquilo que conduz em linha recta e niio de ourro modo. Outros dizem que uma
regra e aquilo que governa, 0 que fornece uma norma para viver reeramente (= honestamente).
2.a Parte: Graciano. Alem dos canones, ha por urn lado as decretais dos papas, por ourro
os estatutos

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