Buscar

Aula antropologia - CULTURA - Tylor

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 7 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 7 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

ANTROPOLOGIA 
INTRODUÇÃO 
 
Uma primeira distinção deve ser feita, entre Antropologia Física e 
Antropologia Cultural e/ou Social (Etnologia). Sendo esta última o nosso objeto/foco 
de estudo. 
A antropologia física seria ciência que estuda o Homem (Humanidade) a 
partir de seus caracteres físicos, ou seja, seu corpo. Uma das técnicas mais famosas 
desta seria a Antropometria, que consiste na medição de partes e órgãos de corpos 
humanos (principalmente crânio e cérebro) a fim de traçar comparações. Por se 
associar a teorias de cunho racista, tal abordagem se encontra desacreditada nos dias 
de hoje e inclusive recebeu o status pejorativo de pseudociência. 
Já a antropologia cultural e/ou social, também conhecida como 
etnologia, é a ciência (social) que estuda o Homem (Humanidade) a partir da Cultura, 
sendo este o seu conceito chave. Mas de onde vem a ideia de CULTURA? 
 
Pequena história da ideia de Cultura 
 
A origem do termo é francesa, e seu significado inicial é de cultivo de 
plantas e animais, mas que posteriormente veio a englobar a ideia de cultivo do 
‘espírito’, no sentido de educar-se, formar-se. Esta segunda definição foi adotada pelos 
filósofos iluministas, para quem ‘cultura é a soma dos saberes acumulados e 
transmitidos pela humanidade, considerada como totalidade, ao longo de sua historia’. 
O termo era utilizado pelos iluministas sempre no singular, o que reflete o 
universalismo e o humanismo dos filósofos. E, que se traduz na ideia de “cultura da 
humanidade”. Que, por sua vez, se associava às ideias de progresso, evolução e razão, 
centrais para o pensamento da época. 
Porém, o termo cultura era utilizado pelos iluministas na maioria das 
vezes a partir de seu sinônimo na época, o termo “Civilização”. Enquanto ‘cultura’ dizia 
respeito aos indivíduos (tal pessoa possui cultura, por exemplo), ‘civilização’ se referia 
mais ao coletivo. Na definição iluminista: Civilização é o processo de melhorias das 
instituições, da legislação, da educação, etc. Trazendo a ideia de libertar a Humanidade 
da irracionalidade/religião. Colocando a humanidade no centro do universo e da 
reflexão. 
Outra ideia de cultura surgiu também na Alemanha praticamente na 
mesma época em que o termo adquiriu seu sentido francês de ‘civilização’. A ideia de 
Kultur nasce a partir do empréstimo do termo francês ‘cultura’, mas adquire outro 
significado. Bastante marcado pelo nacionalismo alemão da época, Kultur se refere à 
ideia de valores “espirituais” de um povo, baseados na ciência, arte, filosofia e religião. 
Com um sentido estritamente particularista (o oposto do universalismo do termo 
francês), Kultur vai se referir mais à ideia de culturas nacionais. Como por exemplo, a 
cultura alemã, ou a cultura francesa, ou a cultura inglesa. 
 
O Conceito de CULTURA na Antropologia 
 
A antropologia (etnologia) nasce como disciplina científica com o intuito 
de dar uma resposta objetiva à questão (já antiga) da diversidade humana. Como 
pensar a especificidade humana na diversidade dos povos? 
Os primeiros antropólogos partilham de um mesmo postulado: o da 
unidade do ser humano, herança filosófica do Iluminismo. A grande dificuldade para 
eles era pensar a diversidade na unidade (psíquica) da humanidade. 
A ideia de unidade da Humanidade rejeita de início qualquer explicação 
biológica de cunho racial, na qual a diversidade humana seria produto da diversidade, 
ou melhor, diferença racial. 
O início da disciplina é marcado pelo surgimento de dois “caminhos” ou 
maneiras de explorar essa diversidade: um que privilegia a unidade e minimiza a 
diversidade, reduzindo-a a uma diversidade temporária, segundo um esquema 
evolucionista; e outro, que ao contrário, dá toda importância à diversidade, 
preocupando-se em demonstrar que ela não é contraditória com a unidade 
fundamental da humanidade. 
Um conceito vai emergir como instrumento privilegiado para pensar 
este problema e explorar os as diferentes respostas possíveis: o conceito de CULTURA. 
Inicialmente o conceito recebe um conteúdo puramente descritivo, ou seja, não se 
trata de dizer “o que é” ou “o que deve ser” a cultura, mas sim de descrever o que ela 
é, tal como aparece nas sociedades humanas. 
A primeira definição/formalização do conceito de cultura do ponto de 
vista antropológico foi elaborada pelo antropólogo britânico Edward Tylor em seu livro 
Cultura Primitiva lançado em 1871: 
 
‘Cultura, tomada em seu amplo sentido etnográfico é este todo complexo 
que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer 
outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de 
uma sociedade.’ 
 
Com esta definição Tylor abrangia em uma só palavra todas as 
possibilidades de realização humana, além de marcar fortemente o caráter de 
aprendizado da cultura em oposição à ideia de aquisição inata, transmitida por 
mecanismos biológicos. 
 
A Escola Evolucionista e Tylor 
 
Tylor, no uso que faz da palavra ‘cultura’, foi influenciado pela 
concepção alemã de ‘Kultur’. Para o mesmo, a hesitação entre ‘Kultur/Cultura’ e 
‘Civilização’ é característica do contexto da época. Se ele privilegia finalmente ‘cultura’, 
é por compreender que ‘civilização’, mesmo se tomada em um sentido puramente 
descritivo, perde seu caráter de conceito operatório desde o momento em que é 
aplicado às sociedades “primitivas”. ‘Cultura’, para Tylor, na nova definição dada, tem 
a vantagem de ser uma palavra neutra que permite pensar toda a humanidade e 
romper com uma certa abordagem dos “primitivos” que os transformava em seres à 
parte. 
 Tylor tinha fé na capacidade do homem de progredir e partilhava dos 
postulados evolucionistas de seu tempo. Ele não duvidava tampouco da unidade 
psíquica da humanidade, que explicava as similitudes observadas em sociedades muito 
diferentes: segundo ele, em condições idênticas, o espírito humano operava em toda 
parte de maneira semelhante. Herdeiro do Iluminismo, ele aderiu igualmente à 
concepção universalista da cultura dos filósofos do século XVIII. 
Ele tentava conciliar em uma mesma explicação a evolução da cultura e 
sua universalidade. Em seu livro Cultura Primitiva (1871), obra considerada como o 
momento em que é fundada a etnologia enquanto ciência autônoma, Tylor examina as 
“origens da cultura” (título do primeiro tomo) e os mecanismos de sua evolução. Ele 
foi o primeiro etnólogo a abordar efetivamente os fatos culturais sob uma ótica geral e 
sistemática. Ele foi também o primeiro a se dedicar ao estudo da cultura em todos os 
seus aspectos, materiais, simbólicos e até corporais. 
Tylor elaborou seu método de estudos da evolução da cultura pelo 
exame daquilo que ele chamava de “sobrevivências”, que para ele era a coexistência 
de costumes ancestrais e traços culturais recentes. Pelo estudo das “sobrevivências”, 
ele pensava que deveria ser possível retornar ao conjunto cultural original e 
reconstituí-lo. Generalizando este princípio metodológico, chegou à conclusão de que 
a cultura dos povos primitivos contemporâneos representava globalmente a cultura 
original da humanidade: ela era uma sobrevivência das primeiras fases da evolução 
cultural, fases pelas quais a cultura dos povos civilizados teria passado 
necessariamente. 
O método de exame das sobrevivências levava logicamente à adoção do 
método comparativo que Tylor introduziu então na etnologia. Para ele, o estudo das 
culturas singulares não poderia ser feito sem a comparação entre elas, pois estavam 
ligadas umas às outras em um movimento de progresso cultural. Pelo método 
comparativo, ele tinha como objetivo estabelecer ao menos uma escala grosseira dos 
estágios da evolução da cultura. Umaescala de civilização, na qual as nações europeias 
se encontravam num dos extremos da série e no outro as tribos selvagens, dispondo o 
resto da humanidade entre os dois limites. Tylor desejava provar a continuidade entre 
a cultura primitiva e a cultura mais avançada. Para ele, entre primitivos e civilizados 
não há uma diferença de natureza, mas simplesmente de grau de avanço no caminho 
da cultura. 
Tylor se preocupava em mostrar a igualdade existente na humanidade. 
A diversidade é explicada por ele como o resultado da desigualdade de estágios 
existentes no processo de evolução. 
 Para entender Tylor, é necessário compreender a época em que viveu e 
consequentemente seu background intelectual. O seu livro foi produzido nos anos em 
que a Europa sofria o impacto do livro A Origem das espécies de Charles Darwin, e que 
a nascente antropologia foi dominada pela estreita perspectiva do evolucionismo 
unilinear. 
 
Boas e a Escola Culturalista 
 
A principal reação ao evolucionismo, então denominado método 
comparativo, inicia-se com o alemão, naturalizado americano, Franz Boas. A sua critica 
ao evolucionismo está, principalmente, contida em seu artigo As limitações do método 
comparativo da antropologia, lançado em 1896, no qual atribui à antropologia a 
execução de duas tarefas: a reconstrução da história de povos ou regiões particulares, 
e; a comparação da vida social de diferentes povos, cujo desenvolvimento segue as 
mesmas leis. 
Além disso, insistiu na necessidade de ser comprovada, antes de tudo, a 
possibilidade de os dados serem comparados. E propôs, em lugar do método 
comparativo puro e simples, a comparação dos resultados obtidos através dos estudos 
históricos das culturas simples e da compreensão dos efeitos das condições 
psicológicas e dos meios ambientes. 
De acordo com Boas, são as investigações históricas o que convém para 
descobrir a origem deste ou daquele traço cultural e para interpretar a maneira pela 
qual este toma lugar num dado conjunto sociocultural. Em outra palavras, Boas 
desenvolveu o particularismo histórico ( ou a chamada Escola Cultural Americana, mais 
conhecida por Culturalismo), segundo o qual cada cultura segue os seus próprios 
caminhos em função dos diferentes eventos históricos que enfrentou. 
Toda a obra de Boas é uma tentativa de pensar a diferença. Para ele, a 
diferença fundamental entre os grupos humanos é de ordem cultural e não racial. Ao 
contrário de Tylor, de quem ele havia no entanto tomado a definição de cultura, Boas 
tinha como objetivo o estudo “das culturas” e não “da Cultura”. Muito reticente em 
relação às grandes sínteses especulativas, em particular à teoria evolucionista unilinear 
então dominante no campo intelectual, apresentou em uma comunicação de 1896, o 
que considerava “os limites do método comparativo em antropologia”. Ele recusa o 
comparatismo imprudente da maioria dos autores evolucionistas. Para ele, havia 
pouca esperança de descobrir leis universais de funcionamento das sociedades e ainda 
menos chances de encontrar leis gerais da evolução das culturas. Ele fez uma crítica 
radical da tentativa de reconstituir os diferentes estágios de evolução da cultura a 
partir de pretensas origens. 
Boas é reconhecido na História da Antropologia como fundador do 
método intensivo de campo. Ele concebia a etnologia como uma ciência de observação 
direta: segundo ele, no estudo de uma cultura particular, tudo deve ser anotado, até o 
detalhe do detalhe. Na sua preocupação de contato com a realidade, não apreciava 
muito o recurso a informantes. O etnólogo, se quer conhecer e compreender uma 
cultura, deve aprender a sua língua vernacular. E, ao invés de apenas realizar 
entrevistas formais em maior ou menos grau, deve estar atento principalmente a tudo 
o que se diz nas conversas “espontâneas”, e acrescenta, até “escutar atrás das portas”. 
Tudo isso supõe que se permaneça por um longo tempo junto à população cuja cultura 
esta sendo estudada. 
Devemos a Boas a concepção antropológica do “relativismo cultural”, 
mesmo que não tenha sido ele o primeiro a pensar a relatividade cultural nem o 
criador dessa expressão que apareceu somente mais tarde. Para ele, o relativismo 
cultural é antes de tudo um princípio metodológico. A fim de escapar de qualquer 
forma de etnocentrismo no estudo de uma cultura particular, recomendava abordá-la 
sem a priori, sem aplicar suas próprias categorias para interpretá-la, sem compará-la 
prematuramente a outras culturas. Ele aconselhava a prudência, a paciência, os 
“pequenos passos” na pesquisa. Tinha consciência da complexidade de cada sistema 
cultural e julgava que somente o exame metódico de um sistema cultural em si mesmo 
poderia chegar ao fundo de sua complexidade. 
Além do principio metodológico, o relativismo cultural de Boas 
implicava também em uma concepção relativista da cultura. De origem alemã, 
formado em diversas universidades alemãs, não poderia não ter sido influenciado pela 
noção particularista alemã de cultura. Para ele, cada cultura é única, especifica. Cada 
cultura representava uma unidade singular e seu esforço consistia em pesquisar o que 
fazia sua unidade. Daí sua preocupação de não somente descrever os fatos culturais, 
mas de compreendê-los juntando-os a um conjunto ao qual eles estavam ligados. Um 
costume particular só pode ser explicado se relacionado ao seu contexto cultural. 
Trata-se assim de compreender como se formou a síntese original que representa cada 
cultura e faz sua coerência. 
Cada cultura é dotada de um “estilo” particular que se exprime através 
da língua, das crenças, dos costumes, também da arte, mas não apenas desta maneira. 
Este estilo, este “espírito” próprio a cada cultura influi sobre o comportamento dos 
indivíduos. Boas também pensava que uma das tarefas do etnólogo era elucidar o 
vinculo que liga um individuo à sua cultura.

Outros materiais