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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ-UFPI PÓLO: CASTELO DO PIAUÍ CURSO BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO DISCIPLINA: SEMINÁRIOTEMÁTICO PRESENCIAL IV-FILOSOFIA PROFESSORA: ANTONELLA MARIA DAS CHAGAS SOUSA ALUNA: MARIA EDINEIME LOPES RESUMO DO ARTIGO “OS DESAFIOS DA ÉTICA CONTEMPORÂNEA” DE AUTORIA DO PROF. DR. PE. MANFREDO ARAÚJO DE OLIVEIRA CASTELO DO PIAUÍ-PI ABRIL DE 2015 No passado, as questões éticas eram postas em um contexto de relações mais próximas e mútuas, o que nos dias atuais se torna algo com valor quase nulo, pois de lá para cá, com o desenvolvimento das ciências, o homem adquiriu um poder muito grande de interferência na ordem natural das coisas. Esse poder é demasiadamente desproporcional em relação aos critérios morais, pois estes se tornam cada vez mais incapazes de dominar essa nova civilização decorrente do desenvolvimento da técnica. Podemos observar essa desproporcionalidade ao refletir sobre em que se tornou o mundo em que vivemos por causa da ação impensada do homem, sejam as guerras, a destruição da natureza, a interferência nos processos químicos responsáveis pelas mudanças naturais no ser humano decorrentes da idade ou de processos biológicos. Com isso o homem tem a sensação de ter se transformado no principal agente que tem o destino em suas mãos e que é capaz de submeter a natureza ao seus mandos e desmandos. Hoje a humanidade dispõe de um poderoso arsenal tecnológico capaz de destruir todas as formas de vida do planeta terra, mas está se mostrando incapaz de reverter ou de pôr um fim nesse espantoso progresso cujo preço é a destruição de si mesmo e da natureza. A nova configuração das relações internacionais que coloca em curso a articulação e um sistema econômico em nível mundial através da inclusão de todas as sociedades no mercado financeiro como forma exclusiva de coordenação de uma sociedade moderna, provocou um acentuado déficit nas condições de vida de milhões de pessoas, pois este processo ocorreu sem referências éticas ou responsabilidade coletiva. Esta nova configuração desencadeou de um lado, o aumento da produção e de outro, o aumento da fome e da miséria. E ainda, o aumento da disparidade da distribuição de renda, a ameaça da destruição da humanidade através de uma guerra nuclear e globalização da violência. Soma-se a isso o arbítrio e o poder, que substituem a relação entre as pessoas que cada vez mais se tornam egoístas, e os crescentes números da criminalidade e das drogas. Segundo H. Jonas, uma das possibilidades de resultado desta análise é o colapso social e ecológico. Isso significa dizer que é um problema ético para o ser humano enquanto tal, pois os problemas fundamentais do nosso tempo dizem respeito à humanidade como um todo. De um lado, o homem usa sua brilhante inteligência para alargar freneticamente as possibilidades da ação humana e, gera-se a partir daí uma necessidade de regrar o uso efetivo do potencial natural. Mas isso é feito de forma ineficaz, reduzindo-se apenas a controle dos fenômenos e põe em dúvida a possibilidade de uma verdade objetiva. Para E. Levinas, os acontecimentos marcantes do século XX nos levaram à crise da racionalidade e à perda do sentido deixando o homem sem rumo e sem orientação na vida individual e coletiva. J. Habermas interpreta as sociedades modernas dotadas de um pluralismo de cosmovisões, o que levou ao desmoronamento das religiões dando lugar às ciências empíricas e mostrando que há uma diferença entre sentenças descritivas e normativas. Para MacIntaire, temos hoje uma competitividade entre as teorias morais, o que as tornam incapazes de resolver os problemas morais atuais, o que nos conduz a dilemas insolúveis e nos tornamos incompetentes na formulação de critérios morais coerentes nos levando ao caos da moralidade contemporânea. Nossa cultura não conseguiu resolver seus problemas práticos e filosóficos. Principais Teorias Éticas abordadas pelo autor e suas teses centrais: Éticas Deontológicas - Contratualismo de J. Rawls: Procura articular um consenso político baseado na concepção neutra da justiça como uma construção racional sem pretensão da verdade, capaz de garantir a todos os cidadãos as mesmas liberdades fundamentais, legitimando normativas para a vida social de tal modo que as pessoas possam conviver com todas as suas diferenças culturais, étnicas e religiosas. A teoria da justiça está no centro da ética está fundamentada em um procedimento de construção que conduz ao objeto do acordo original e que regulam todas as formas de cooperação social. - A Ética do Discurso de K-O Apel A exigência fundamental de nossa época é a fundamentação de um princípio de justiça universalmente válido. Este princípio tem sua fundamentação racional através do retorno reflexivo do discurso humano sobre si mesmo. Numa palavra, entre as condições transcendentais de sentido e validade da argumentação sensata está uma norma que é fundamental para todo uso da razão: a reciprocidade dialógica universal, que implica que todo aquele que argumenta tem o direito de legitimar estas pretensões pela mediação de um discurso responsável frente a si mesmo e aos outros. A ética do Discurso reconhece que todos na qualidade de sujeitos têm o direito de levantar questões e trazer à tona bons argumentos e não aceitar nenhum ato alheio à argumentação, ou seja a exclusão da violência e a utilização do diálogo para resolver todas as suas pretensões em todos os seus níveis. Éticas Teleológicas -Retorno às tradições morais de pesquisa racional de MacIntyre A partir da modernidade perdemos a maturidade para formular ideias de modo integrado e objetivo em virtude da grande rivalidade e competição acirrada existente entre as teorias. A moralidade perdeu o conteúdo racional e o debate é um simples jogo de afirmações e contra-afirmações. Para MacIntaire, este é o resultado da crise da cultura iluminista moderna o que nos deixa diante de um dilema: “sustentar o projeto nietzscheano de uma crítica radical da moralidade ou retomar a perspectiva da ética aristotélica das virtudes como forma de devolver coerência e racionalidade ao desacordo moral que reina na cultura moderna”. -Ética da alteridade de Levinas: Apesar das boas intenções, a ética permaneça sempre à mercê do jogo dos vencedores e a civilização ocidental essencialmente egoísta e penetrada de violência. Impõe-se aqui uma ruptura com a velha ordem inicia-se e a articulação de um novo ponto de partida: a experiência originária de que o ser humano encontra seu sentido maior em sua relação com o outro ser humano, seu próximo, numa relação responsável de tal modo que o outro não seja integrado no mesmo. A ética se instaura, portanto, na relação inter-humana, ela é então essencialmente uma ética da alteridade e constitui o sentido profundo do humano, precedendo a ontologia e enquanto tal é a filosofia primeira. Tem a subjetividade individual como ponto de refúgio e sustento da moral, o inter- relacionamento humano e o método fenomenológico. -Ética da Libertação de E. Dussel E. Dussel vai insistir que o centro da ética é um critério material universal, tendo por referência última toda a humanidade. Para Dussel se trata, no núcleo da ética, da passagem de enunciados descritivos para enunciados normativos pela mediação de uma fundamentação dialético-materialista de juízos normativos a partir de juízos de fato sobre a vida. O procedimento de fundamentação, enquanto dialético, não é dedução formal, comoé o caso da falácia naturalista denunciada por Hume. -Utilitarismo O utilitarismo constitui uma família de éticas com alguns aspectos gerais comuns a todas elas como, por exemplo, a idéia de que a ética tem a ver com o bem-estar das pessoas, que a qualidade moral de nossas ações depende de suas conseqüências, que o bem dos indivíduos em questão deve ser maximizado e seu sofrimento minimizado, que a ética diz respeito a todos os indivíduos capazes de sentir e sofrer. O grande mérito do utilitarismo, é ter reconhecido que a valoração de determinados estados de coisa é algo irrecusável para a ética. -Ética da Responsabilidade de H. Jonas H. Jonas49 põe no centro de sua reflexão ética a idéia de que o ser humano é o único ser que, por ter conhecimento e vontade, pode ter responsabilidade, o que pressupõe a capacidade de escolha entre alternativas. A responsabilidade se revela assim uma consequência necessária da liberdade. Para H. Jonas, sou responsável diante do ser em sua totalidade de tal forma que a responsabilidade é a mediação entre dois polos constitutivos de toda ação: a liberdade e o caráter valorativo do ser. Éticas Sintéticas -Ética da coerência universal de Cirne Lima A questão fundamental aqui, para Cirne Lima, é perceber que a formulação aristotélica não é correta, pois o operador modal “impossível” foi usado de forma imprópria: “O princípio de não-contradição não diz que é impossível dizer ou escrever uma contradição, diz apenas que não devemos fazê-lo, que a contradição deve ser evitada”, o que significa dizer que o dever-ser já está no começo de tudo, pois está no princípio universalíssimo do ser e do pensar, que é assim um princípio ético, formulado através de um operador deôntico, isto é, o primeiro princípio, quando corretamente formulado, já é uma proposição normativa e exprime um dever-ser. Aqui normas e valores se somam para formar uma unidade, antes de pensar a ética como uma ação humana, a própria realidade é pensada como um dever ser. O primeiro princípio quando corretamente formulado, já exprime um dever ser. -Ética intencionalista-teleológica de V. Hösle Para V. Hösle, a ética é uma disciplina racional, que possui proposições normativas e avaliativas. Em relação a elas se põe a questão de sua verdade ou falsidade se tornando central a questão da validade das sentenças éticas, que não pode ser decidida a partir de fatos, pois estes em princípio podem ser sempre postos em questão em relação à sua validade. Nada empírico vale como critério de validade para normas e valores. O dever-ser não se fundamenta no ser real, mas no ser ideal, que é princípio em relação ao ser real e consequentemente transcende o mundo empírico a que pertence também o mundo intersubjetivo. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA OLIVEIRA, Manfredo Araújo de. Os Desafios da Ética Contemporânea. Kairós - Revista Acadêmica da Prainha Ano V/1, Jan/Jun 2008.
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