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Equações Diferenciais de segunda ordem Uma Equação linear de segunda ordem tem a forma: (1) Onde P, Q, R e G são funções contínuas. Estudaremos o caso em que G(x) = 0, para todo x na Equação (1). Tais equações são chamadas Equações Homogêneas. Assim a forma de uma equação diferencial linear homogênea de segunda ordem é: (2) Se G(x) ≠ 0 para algum x, a equação (1) não é homogênea. Um fato básico permite-nos resolver equações lineares homogêneas. Se conhecermos duas soluções y1 e y2 de tal equação, então a combinação linear y = c1y1 + c2y2 também será uma solução. Teorema 1:Se y1(x) e y2(x) forem ambas soluções da equação linear homogênea (2) e se C1 e C2 forem constantes quaisquer, então a função y(x) = c1y1(x) + c2y2(x) também será uma solução da equação (2). Teorema 2: Se y1 e y2 forem soluções linearmente independentes da equação (2) e P(x) nunca for zero, então a solução geral será dada por: y(x) = c1y1(x) + c2y2(x) onde C1 e C2 são constantes arbitrárias. O Teorema 2 é muito útil, pois diz que, se conhecermos duas soluções particulares LI, então conhecemos todas as soluções. Em geral, não é fácil conhecermos soluções particulares de uma equação diferencial de segunda ordem, mas é sempre possível fazer isso se as funções coeficientes P, Q e R forem funções constantes, isto é, se a equação diferencial tiver a forma: ay ” + by’ + cy = 0 (3) onde a, b e c são constantes e a≠ 0. Sabemos que a função exponencial y = e rx (onde r é uma constante) tem a propriedade de que sua derivada é um múltiplo por constante dela mesma: y’ = rerx . Além disso, y” = r2erx, se substituirmos essas expressões na equação (3) veremos que y = erx é uma solução se: ar 2 e rx + bre rx + Ce rx = 0 (ar 2 + br + c) e rx = 0 Como e rx é diferente de zero. Assim, y = e rx é uma solução da equação (3). Se r é uma raiz da equação: ar 2 + br + c = 0 (4) A equação (4) é chamada “equação auxiliar ou equação característica” da equação diferencial ay” + by’ + cy = 0. Observe que é uma equação algébrica que pode ser obtida da equação diferencial susbtituindo-se y” por r2, y’ por r e y por r0. Temos três casos a analisar, de acordo com o sinal do . Caso I: > 0 Neste caso, as raízes r1 e r2 são reais e distintas, logo y1 = e r1x e y2 = e r2x , são duas soluções linearmente independentes da equação (3). (e r2x não é múltiplo constante por constante de e r1x ). Então a solução geral será: y(x) = C1 e r1x + C2 e r2x Exemplo: Resolva a equação: y” + y’ – 6y = 0 Caso II: b 2 – 4ac = 0 Neste caso, r1 = r2, Isto é, são raízes reais e iguais. Se r1 = r2 = r = (5) Sabemos que y1 = e r1x da equação (3). Agora verificamos que y2 =xe rx também é solução. ay”2 + by2 ’ + cy2 = 0 Se y2 =xe rx y2 ’ =e rx + xe rx .r y2 ’ = e rx + xre rx y2 ” = 2re rx + r 2 xe rx Logo, a(2re rx + r 2 xe rx )+ b(e rx + xre rx ) + C(xe rx ) = 0 (2ar + b)e rx + ( 2ar 2 + br + c)xe rx = 0 0.e rx + 0. xe rx = 0 Logo, y1 = e rx e y2 = xe rx são soluções linearmente independentes. Se a equação auxiliar ar 2 + br + c = 0 tem apenas uma raiz real r, então a solução geral de ay ” + by’ + cy = 0 é y = C1e rx + C2xe rx Exemplo: Resolva a equação: 4y” + 12y’ + 9y = 0 Caso III: b 2 – 4ac < 0 Neste caso, as raízes r1 e r2 são números complexos. Podemos escrever: r1 = a + ib e r2 =a – ib. Duas soluções linearmente independentes são: e (a + ib)x e e (a –ib)x . y = d1e (a + ib)x + d2e (a – ib)x Utilizando as relações de Euler, temos: e ibx = cosbx + isenbx e -ibx = cosbx – i senbx Podemos escrever a solução geral como: y = d1e ax e ibx + d2e ax e -ibx y = e ax (d1e ibx + d2e -ibx ) y = e ax ((d1(cosbx + isenbx) + d2(cosbx – isenbx)) y = e ax ((d1 + d2)cosbx + i(d1 – d2) senbx) ) Se C1 = d1 + d2 e C2 = d1 - d2, como duas novas constantes: y = C1e ax cosbx + C2e ax senbx Exemplo: Resolva a equação: Y” – 6Y’ + 13Y = 0 Problemas de Valor Inicial e Contorno Um problema inicial ou de contorno para a Equação (1) de segunda ordem consiste em determinar uma solução y da equação diferencial que satisfaça as condições inicias da forma: y(x0) = y0 y’(x0) = y1 onde y0 e y1 são constantes. Se P, Q, R e G forem contínuas em um intervalo onde P(x) ≠ 0, então o Teorema da Existência e Unicidade garante a existência e unicidade de uma solução para esse valor inicial. Exemplo: Resolver o problema de valor inicial Y” + y’ – 6y = 0 y(0) = 1 y’(0) = 0 Resumo das soluções de ay” + by’ + cy =0 Raízes de ar 2 + br + c =0 Solução geral r1 e r2 reais e distintas y(x) = C1 e r1x + C2 e r2x r1 = r2 = r y = C1e rx + C2xe rx r1, r2 complexas (a + ib) y = C1e ax cosbx + C2e ax senbx Exercícios: Resolva as seguintes equações diferenciais. a) y” – y = 0 b) y” – y’ – 30y = 0 c) y” – 2y’ + y = 0 d) y” + y = 0 e) y” + 2y’ + 2y = 0 f) y” – 7y = 0 g) y” + 6y’ + 9y = 0 h) y” + 2y’ + 3y = 0 i) y” + y’ + ¼ y = 0 Equações Lineares não homogêneas As equações lineares não homogêneas são equações da forma: ay” + by’ +cy = G(x) (6). onde, a, b e c são constantes e G é uma função contínua. A equação homogênea correspondente ay” + by’ +cy = 0 (7) é chamada “equação complementar” e desempenha um papel importante na solução da equação não homogênea (6). Teorema 3: A solução geral da equação não homogênea (7) pode ser escrita como: y(x) = yp(x) + yc(x) onde yp é uma solução particular da equação (6) e yc é a solução da equação complementar (7). Há dois métodos para determinar a solução particular. O método dos coeficientes a determinar (simples, mas funciona apenas para uma classe restrita de funções) e o método da variação dos parâmetros (funciona para toda função G, mas em geral é mais difícil aplicá-lo). 1. Método dos coeficientes indeterminados Vamos ilustrar o método dos coeficientes indeterminados para a equação: ay” + by’ + cy = G(x) onde G(x) é um polinômio. É razoável prever que exista uma solução particular yp que seja um polinômio de mesmo grau de G, pois, se y for um polinômio, então ay” + by’ + cy também será um polinômio de mesmo grau de G, na equação diferencial e podemos determinar os coeficientes. Exemplo: Resolva a equação: y” + y’-2y = x2 Solução: A equação auxliar de y” + y’-2y = 0 é: r 2 + r – 2 = 0 (r – 1)(r+2) = 0 r1= 1 e r2 = -2,logo a solução da equação complementar é: yc = C1 e x + C2 e -2x Se G(x) = x 2 , e é um polinômio de grau dois, procuramos a solução particular da forma: Yp = Ax 2 + Bx + C Então: y’p(x) = 2Ax + B e y”p(x) = 2A, Assim, substituindo na equação diferencial dada, temos: 2A + 2AX + B – 2(Ax2 + Bx +C) = X2 -2Ax 2 + (2A – 2B)x + (2A + B – 2C) = x2 Polinômios são iguais, quando seus coeficientes são iguais, assim: -2A = 1; 2A – 2B = 0; 2A + B – 2C = 0 A solução desse sistema de equação é: A = -1/2 ; B = -1/2 e C = -3/4 Uma solução particular é: yp(x) = -1/2x 2 – 1/2x – ¾ E pelo Teorema 3, a solução geral é: y = yc +yp y(x) = C1 e x + C2 e -2x + -1/2x 2 – 1/2x – ¾ Se G(x) é da forma Ce kx , onde C e K são constantes, então tomamos como tentativa de solução uma função de mesma forma yp(x) = Axe kx , pois as derivadas de e kx são múltiplas por constantes de e kx . Exemplo: Resolva y’ – 5y = 2e5x Solução: r – 5 = 0 r = 5 yc(x) = C1e 5x Se G(x) = 2e 5x Logo, yp(x) = Ax e 5x Então: y’p(x) = Ae 5x + 5A xe 5x , substituindo na ED, dada: Ae 5x + 5Ax e 5x – 5. Ax e5x = 2e5x e 5x (A + 5Ax – 5Ax) = 2e5x A = 2 Logo, Yp(x) = 2xe 5x E y(x) = C1e 5x + 2xe 5x Exercícios: Determine a solução geral das seguintes equações diferenciais. a) y” – 2y’ + y = x2 – 1 b) y” – 2y’ + y = 3e2x c) y” -2y’ + y = 3ex d) y’ – y = ex
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