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Farmacologia do Trato Gastrointestinal A aula é dividida em três partes: 1. Emese (Vômito) 2. Úlceras pépticas e secreção ácida 3. Doença inflamatória intestinal 1 Fármacos antieméticos Substâncias químicas no sangue e no trato gastrointestinal, assim como estímulos sensoriais são os principais estímulos eméticos. Eles podem estimular a zona de gatilho de quimiorreptores, o núcleo do trato solitário ou os centros superiores; estes por sua vez, atuam no centro do vômito que envia sinais eferentes, causando o vômito (Figura 1). Nestas áreas há grande número de receptores H1, D2, M e 5-HT3. Figura 1: Esquema da fisiologia do vômito. Os principais mediadores deste processo são a histamina, dopamina, acetilcolina e serotonina; que atuam, respectivamente, nos receptores H1, D2, M e 5-HT3. Em outras palavras, a histamina, dopamina, acetilcolina e serotonina estimulam o vômito quando se ligam aos seus receptores nas áreas responsáveis pela emese (zona de gatilho de quimiorreptores, núcleo do trato solitário, centros superiores, centro do vômito). Portanto, impedir a ligação destes moduladores em seus receptores, evita o vômito! Para tal, são utilizados a ciclizina, metoclopramida, escopolamina e ondanssetrona que são antagonistas de receptores H1, D2, M e 5-HT3, respectivamente. 2 Tratamento farmacológico das Úlceras pépticas e secreção ácida As úlceras pépticas (úlceras gástricas ou úlceras duodenais) são causadas por um desequilíbrio entre fatores protetores e fatores lesivos da mucosa gástrica, além da presença da bactéria Helicobacter pylori (tratamento à base de antibióticos). Antes de começar a estudar farmacologia, vale a pena relembrar como é a fisiologia da secreção ácida do estômago (Figura 3 e Figura 4): Figura 2: Esquema da secreção de H+ e Cl- pelas células parietais. Figura 3: Esquema da histamina, gastrina, acetilcolina e prostaglandina atuando sobre a secreção ácida das células parietais. Também vale a pena relembrar um pouco de histologia: Célula epitelial o Secreção de muco e bicarbonato Célula parietal o Secreção de H+ e Cl- Célula semelhante às células enterocromoafins (ECL) o Secreção de histamina Neurônio do SNE o Secreção de acetilcolina Célula G o Secreção de gastrina O tratamento farmacológico das úlceras gástricas consiste na utilização de: 1. Antiácidos a. Exemplos: NaHCO3, CaCO3, Na2CO3, Mg(OH)2, Al(OH)3. b. Mecanismo de ação: neutralizar o HCl no estômago. 2. Antagonistas dos receptores H2 a. Exemplos: cimetidina, ranitidina, famotidina, nizatidina. b. Mecanismo de ação: antagonismo competitivo dos receptores H2 3. Inibidores da bomba de prótons (K+/H+ ATPase). a. Exemplos: omeprazol, lansoprazol, pantoprazol, rabeprazol. b. Mecanismo de ação: Inibir a atividade da K+/H+ ATPase irreversivelmente. c. IMPORTANTE: o omeprazol é um pró-fármaco que após ser absorvido no intestino delgado, ele se acumula nos canalículos das células parietais ativas, onde é convertido em sulfenamida cíclica (forma ativa) na presença de íons H + , a sulfenamina liga-se, covalentemente, com grupos sulfidrilas na K + /H + ATPase, inibindo irreversivelmente a sua atividade (Figura 4). Figura 4: Esquema do mecanismo de ação do omeprazol. 4. Citoprotetores a. Exemplo: misoprostol (análogo da prostaglandina E2). b. Mecanismo de ação: inibe a secreção de ácido gástrico das células epiteliais e também estimulam a secreção de muco e bicarbonato. c. IMPORTANTE: a prostaglandina E2 aumenta a motilidade da musculatura uterina. Este fármaco é, portanto, um abortivo. O nome comercial do misoprostol é Citotec ® . a’. Exemplo: sucralfato. b’. Mecanismo de ação: em pH ácido, o sucralfato forma um polímero de consistência de gel que recobre a úlcera a superfície lesionada, servindo de barreira física contra o ácido. 3 Doença inflamatória intestinal A Doença Inflamatória Intestinal (DII) é uma doença sem cura, multifatorial e network; engloba principalmente a Doença de Crohn (DC) e a retocolite ulcerativa (RCU). Tanto a DC quanto a RCU são caracterizadas por processos inflamatórios crônicos, com intervalos de remissão e exacerbação da doença. A associação de fatores genéticos e ambientais pode desencadear uma série de processos inflamatórios (Figura 5). Figura 5: Esquema dos principais processos inflamatórios envolvidos na patofisiologia da DII. A terapia farmacológica da DII é realizada, principalmente, por quatro classes de fármacos: 1. Amissolicilatos: mesalazina (5-ASA), sulfassalazina, olsalazina, balsalazina. 2. Glicocorticoides: prednisolona e prednisona. 3. Imunossupressores: azatioprina, metotrexato e ciclosporina. 4. Terapia biológica: infliximabe e adanimulabe. Estes fármacos podem ser eficientes em induzir e manter um estado de remissão, porém não levam à cura da DII. Aliás, esta doença não possui cura, mesmo após remoção cirúrgica das áreas afetadas pela doença. Os pacientes acometidos com DII também fazem acompanhamento psicoterapêutico e devem seguir uma dieta saudável. 4 Referências bibliográficas e leitura adicional Capítulo 29: Rang & Dale – Farmacologia. 7ª ed. Capítulos 45, 46 e 47: As Bases Farmacológicas da Terapêutica de Goodman & Gilman.12ª ed. Site: Associação Brasileira de Colite e Doença de Crohn: http://abcd.org.br/
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