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59 UNIDADE 2 ANÁLISE PARA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir desta unidade você será capaz de: • calcular os indicadores de liquidez; • calcular os indicadores de estrutura de capital; • apurar os indicadores de rentabilidade; • calcular os índices de lucratividade; • calcular a liquidez dinâmica. Esta unidade está dividida em cinco tópicos. A análise de liquidez demonstra a saúde financeira de uma empresa; a estrutura de capitais envolve as fontes de recursos financiados pela empresa; a análise de rentabilidade é o indi- cador que mede o retorno dos investimentos. Ao final de cada tópico, você encontrará atividades que contribuirão para a compreensão dos conteúdos explorados. TÓPICO 1 – INDICADORES DE LIQUIDEZ TÓPICO 2 – INDICADORES DE ESTRUTURA DE CAPITAIS TÓPICO 3 – INDICADORES DE RENTABILIDADE TÓPICO 4 – INDICADORES DE LUCRATIVIDADE TÓPICO 5 – LIQUIDEZ DINÂMICA 60 61 TÓPICO 1 INDICADORES DE LIQUIDEZ UNIDADE 2 1 INTRODUÇÃO Os índices de liquidez, segundo Matarazzo (2010), mostram a base da situação financeira da empresa. Muitas pessoas os confundem com índices de capacidade de pagamento. Ressalta o autor (MATARAZZO, 2010) que os índices de liquidez não são índices do fluxo de caixa que têm por objetivo comparar as entradas com as saídas de dinheiro, mas, sim, são índices que, a partir do confronto entre os ativos circulantes com as dívidas, procuram medir quão sólida é a base financeira da empresa. Uma empresa que apresenta bons índices de liquidez tem condições de ter boa capacidade de pagar suas dívidas, mas não garante que ela estará, obrigatoriamente, pagando suas dívidas em dia, porque existem outras variáveis como prazo de pagamento, renovação de dívidas etc. Marion (2010) é mais objetivo quando fala nos índices de liquidez. Ele explica que são índices utilizados para avaliar se a empresa tem capacidade de saldar seus compromissos e complementa dizendo que essa capacidade pode ser avaliada a longo e curto prazo e ainda a prazo imediato. Para Silva (2007), a “[...] liquidez decorre da capacidade de uma empresa ser lucrativa, da administração do seu ciclo financeiro e de suas decisões estratégicas de investimento e financiamento”. Em outras palavras, o autor menciona que, através dos índices de liquidez, conhece-se a capacidade de a empresa saldar suas dívidas, comparando os direitos realizáveis e as exigibilidades. Matarazzo (2010) corrobora e apresenta um estudo realizado sobre o índice de liquidez. Explica que, se um analista se deparar com um índice de liquidez inferior a 1,00, não deve, no ato, considerar a empresa sem condições de pagar suas dívidas. Para ficar mais clara esta situação, o autor apresenta a análise de liquidez pelo avesso, e inicia a explicação com a apresentação de um exemplo que comporá o índice de liquidez corrente. Destaca que o capital circulante líquido – CCL – é a diferença entre o ativo circulante e o passivo circulante, e o resultado positivo desta operação representa uma espécie de folga financeira no que se refere à capacidade de pagamento. UNIDADE 2 | ANÁLISE PARA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO 62 2 LIQUIDEZ CORRENTE Conforme foi mencionado no item anterior, Matarazzo (2010) explica a análise de liquidez pelo avesso, e exemplifica através do uso do índice de liquidez corrente partindo de uma situação original em que este índice era de 1,5. O inverso disso é: 1 = 0,666 ou percentualmente igual a 66,6%. 1,5 Acadêmico/a, você deve estar pensando o que isso significa. De acordo com o autor, este resultado significa que 66,6% do ativo circulante estão comprometidos com dívidas a pagar de curto prazo (passivo circulante) e que a diferença, ou seja, 33,33% é o grau de liberdade da empresa. Esses 33,33% são provenientes do Capital Circulante Líquido. O autor (2010) afirma ainda que é importante conhecer a decomposição do financiamento do Ativo Circulante. O que se conhece é que 66,66% são financiados pelo Passivo Circulante e que, dentro do Passivo Circulante, encontram-se basicamente três tipos de crédito: 1) fornecedores; 2) despesas a pagar; 3) bancos. Os fornecedores, em certos níveis não sujeitos a grandes alterações, continuam financiando a empresa, pois concedem-lhe financiamento para cada compra efetuada. As despesas a pagar, decorrentes de: salário dos empregados, governo, prestadores de serviços, locatários, representam financiamento praticamente certo, uma vez que o salário deve ser pago até o quinto dia útil (previsto em lei); os encargos sociais e os tributos também têm vencimento determinado por legislação, os prestadores de serviços também contratam a vencimentos curtos, locatários têm vencimento estabelecido em contrato. Por fim os bancos. Nestes a empresa não encontra nem a certeza da manutenção do nível de financiamento em moeda estável, nem de aumentos nominais para compensar a desvalorização decorrente da inflação. A insegurança quanto à renovação de empréstimos pode levar a empresa a enfrentar sérias dificuldades de pagamento. Se utilizarmos o exemplo anterior (MATARAZZO, 2010, p. 210), onde a liquidez corrente era igual a 1,5 e o seu inverso de 66,6%, tem-se que os 33,3% do Ativo Circulante financiados pelo Capital Circulante Líquido – CCL – equivalem a 50%, ou 0,5 do Passivo Circulante que é o quanto excede de 1,00 o índice de Liquidez Corrente. TÓPICO 1 | INDICADORES DE LIQUIDEZ 63 Assim, o valor de 1,5 da Liquidez Corrente pode ser interpretado da seguinte forma: os créditos tomados a curto prazo (passivo circulante) acham-se aplicados no Ativo Circulante no qual a empresa possui ainda investidos recursos de outras fontes (não correntes) que equivalem a 50% dos créditos de curto prazo e que representam a liberdade da empresa em relação a esses créditos. Numa situação em que a empresa tivesse o índice de liquidez corrente de 0,60, o inverso desta seria: 1 = 1,66 ou 166%, 0,60 o qual mostra que a empresa não tem nenhuma liberdade em relação a créditos de curto prazo, os quais financiam 1,66% dos investimentos no Circulante (pode-se dizer que o Ativo Permanente também depende desses créditos de curto prazo). Nota 1: o índice de liquidez corrente de 0,60 deve ser assim interpretado: a empresa tem uma insuficiência de investimentos no ativo circulante de R$ 0,40 para cada R$ 1,00 de crédito de curto prazo; esta insuficiência é motivada por aplicações desses recursos no ativo permanente, razão por que a empresa não tem nenhuma liberdade em relação aos recursos que os credores de curto prazo suprem. Nota 2: observada a situação acima, infere-se que a empresa depende excessivamente dos credores de curto prazo. Em outras palavras podemos dizer que a empresa está na mão desses credores. Partindo desse pressuposto cabe a seguinte pergunta: e se os credores resolverem reduzir o crédito da empresa, como ficará o seu giro? Acadêmico/a, qual é o seu entendimento? Para o autor (2010), das duas uma: ou a empresa reduz o ritmo de seus negócios, o que poderá ser ruinoso, ou, simplesmente, não pagará seus credores e cairá em situação de insolvência. Nota 3: neste caso a vida da empresa passa a depender de terceiros e a sua continuidade torna-se ameaçada. Esta é uma situação comum que leva as empresas à insolvência, explica o autor (MATARAZZO, 2010). Silva (2007) explica que o índice de liquidez corrente, também chamado de current ratio indica quanto a empresa possui em dinheiro mais bens e direitos realizáveis até o término do exercício seguinte, para pagar as dívidas que vencerão no mesmo prazo. Matarazzo (2010) afirma que o índice de liquidez indica quanto a empresa possui no Ativo Circulante para cada R$ 1,00 que a empresa possui no Passivo Circulante: UNIDADE 2 | ANÁLISEPARA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO 64 LC = AC PC Liquidez Corrente = LC Ativo Circulante = AC Passivo Circulante = PC Interpretação: quanto maior, melhor. EXEMPLO: CIA. MISTERIOSA Contas X2 Resultado X3 Resultado Ativo Circulante 1.250,00 1,23 2.550,00 1,38 Passivo Circulante 1.020,00 1.850,00 FONTE: A autora Liquidez corrente: AC 1.250,00 = 1,23 AC 2.550,00 = 1,38 PC 1.020,00 PC 1.850,00 Interpretação dos resultados obtidos: através deste exemplo, é possível observar que a Cia. Misteriosa, no exercício X2 possuía em caixa R$ 1,23 para cada R$ 1,00 de dívida; e no exercício de X3 este saldo aumentou para R$ 1,38 de dinheiro em caixa para cada R$ 1,00 de dívida. Observa-se que o desempenho do exercício X3 foi melhor que o X2, porque para cada R$ 1,00 de dívida a empresa possui R$ 1,38, ou seja, paga tudo o que deve e sobra R$ 0,38 em caixa. Neste caso, a empresa tem capacidade de saldar suas dívidas. QUADRO 24 – LIQUIDEZ CORRENTE IMPORTANT E Quanto MAIOR for o resultado apurado, MELHOR. 3 LIQUIDEZ SECA Padoveze e Benedicto (2007) explicam que, para fins de análise, este tipo de indicador deve considerar o “tipo de empresa”, haja vista que empresas comerciais tendem a ter estoques que mais facilmente se realizam em dinheiro, ao contrário de empresas industriais que, além de ter um ciclo operacional maior, possuem TÓPICO 1 | INDICADORES DE LIQUIDEZ 65 LS = AC - E PC LS = Liquidez Seca AC = Ativo Circulante E = Estoque PC = Passivo Circulante Interpretação: quanto maior, melhor. três tipos de estoques assim identificados: os estoques de materiais e embalagens; estoques em processo de elaboração; e estoques de produtos acabados. Segundo Marion (2010), nem sempre que uma empresa tenha um baixo índice de liquidez seca, ela está com a situação financeira apertada, e esclarece: um supermercado, por exemplo, cujo investimento de estoque é elevadíssimo e que não há duplicatas a receber, pois só vende à vista, esse índice só pode ser baixo. Neste caso, para determinarmos se um índice de liquidez seca de um supermercado é bom, é necessário comparar seu índice com o índice dos demais supermercados. Explica o autor que o estoque é o item mais manipulável no balanço. Ele pode se tornar obsoleto, antiquado a qualquer momento, ou ainda pode ser um item perecível. (MARION, 2010). IMPORTANT E Este índice representa qual a capacidade que a empresa tem de pagar suas dívidas, na hipótese extrema de a empresa sofrer uma paralisação de suas vendas, ou se o seu estoque se tornasse obsoleto. UNIDADE 2 | ANÁLISE PARA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO 66 EXEMPLO: CIA. MISTERIOSA Contas X2 Resultado X3 Resultado Ativo Circulante 1.250,00 0,90 2.550,00 1,01Créditos 920,00 1.870,00 Estoques 330,00 680,00 Passivo Circulante 1.020,00 1.850,00 FONTE: A autora Liquidez seca: AC - E = 1.250,00 - 330,00 = 0,90 AC - E = 2.550,00 – 680,00 = 1,01 PC 1.020,00 PC 1.850,00 Interpretação dos resultados obtidos: através deste exemplo, que também tem a finalidade de mostrar a capacidade de pagamento da empresa, excluímos o valor dos estoques porque se busca verificar qual é a capacidade de a empresa saldar os seus compromissos na hipótese de não vender nada do seu estoque. Desta forma, é possível observar que a Cia. Misteriosa, no exercício X2, possuía em caixa R$ 0,90 para cada R$ 1,00 de dívida; e no exercício de X3 este saldo aumentou para R$ 1,01 de dinheiro em caixa para cada R$ 1,00 de dívida. Neste caso, a empresa apresenta dependência do capital de terceiros no exercício X2, ou seja, se a empresa desejar pagar seus compromissos no vencimento terá que emprestar R$ 0,10 para cada R$ 1,00 de dívida. No exercício X3, houve uma melhora na empresa e na hipótese de não vender nada do seu estoque a empresa conseguirá saldar suas dívidas no vencimento e ainda assim sobrará em caixa R$ 0,01 para cada R$ 1,00 de dívida. QUADRO 25 – LIQUIDEZ SECA IMPORTANT E Quanto MAIOR for o resultado apurado, MELHOR. 4 LIQUIDEZ GERAL De acordo com Silva (2007, p. 308), o índice de liquidez geral é também conhecido por current and long term assets to liabilities e mostra qual é o valor que a empresa possui em dinheiro, bens e direitos realizáveis a curto e a longo prazo, para fazer face às suas dívidas totais. LIQUIDEZ GERAL = AC + RLP PC + ELP TÓPICO 1 | INDICADORES DE LIQUIDEZ 67 AC = Ativo Circulante RLP = Realizável a Longo Prazo PC = Passivo Circulante ELP = Exigível a Longo Prazo Exemplo: a Cia. Misteriosa, no ano de X1, apresentou os seguintes dados no balanço patrimonial. Ativo Valores R$ Passivo + PL Valores R$ Circulante 16.783 Circulante 11.184 Não Circulante Realizável a Longo Prazo Imobilizado 4.115 10.531 Não Circulante Exigível a Longo Prazo Patrimônio líquido 3.858 16.387 TOTAL DO ATIVO 31.429 TOTAL DO PASSIVO 31.429 FONTE: A autora Calculando a Liquidez Geral teremos: LG = AC + RLP PC + ELP LG = 16.783 + 4.115 = 20.898 = 1,39 11.184 + 3.858 15.042 Interpretação: este resultado significa que, para cada R$ 1,00 de dívida que a empresa possui no curto e no longo prazo, a empresa disponibiliza R$ 1,39 no Ativo Circulante e no realizável a longo prazo. QUADRO 26 – BALANÇO PATRIMONIAL IMPORTANT E Este indicador demonstra que, se a empresa fosse parar de realizar suas atividades naquele momento, pagaria suas dívidas com seu Ativo Circulante e realizável a longo prazo, não precisando, para isto, vender seu imobilizado. Reis (2009) corrobora, vai um pouco além e explica que a liquidez geral mede a capacidade de solvência da empresa, porque ela compara o somatório das dívidas com todos os créditos da empresa independente do seu vencimento (disponíveis e realizáveis) não se preocupando com limites de prazo. Em outras palavras, ressalta o autor (2009) que a liquidez geral expressa a capacidade da empresa de pagar todos os seus compromissos sem ter que vender seu permanente. Interpretação: quanto maior, melhor. UNIDADE 2 | ANÁLISE PARA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO 68 LI = Disponibilidades Passivo Circulante LI = Liquidez Imediata D = Disponível PC = Passivo Circulante 5 LIQUIDEZ IMEDIATA Explicam Padoveze e Benedicto (2007) que este indicador é aquele que realmente se caracteriza como de liquidez, porque ele trabalha com os elementos patrimoniais do ativo circulante que podem ser disponibilizados imediatamente, ou quase, assim denominados de disponibilidades. A fórmula para o cálculo da liquidez imediata é (PADOVEZE; BENEDICTO, 2007, p. 140): IMPORTANT E É a capacidade de que dispomos imediatamente (caixa, bancos, aplicações financeiras de liquidez imediata) para saldar nossas dívidas de curto prazo. TÓPICO 1 | INDICADORES DE LIQUIDEZ 69 Exemplo: CIA. MISTERIOSA Contas X2 Resultado X3 Resultado Ativo Circulante 1.250,00 0,42 2.550,00 0,33Disponibilidades 430,00 610,00 Caixa e Bancos 115,00 135,00 Aplic. F. Liq. Imed. 315,00 475,00 Créditos 490,00 1.260,00 Estoques 330,00 680,00 Passivo Circulante 1.020,00 1.850,00 FONTE: A autora Calculando a liquidez imediata teremos: LI = D PC X2 X3 LI = 430,00 = 0,42 LI= 610,00 = 0,33 1.020,00 1.850,00 Os dados de X2 indicam que a empresa tinha R$ 0,42 em caixa, bancos e aplicações financeiras de liquidez imediata, para R$ 1,00 de dívida a liquidar de curto prazo; enquanto que no ano de X3 este indicador diminuiu para R$ 0,33 de dinheiro em caixa para cada R$ 1,00 de dívida. Padoveze e Benedicto (2007) ressaltam que, se considerarmos a teoria clássica de finanças, observaremos que o excesso de liquidez deve prejudicar a rentabilidade da empresa. Afirmam que não é normal a manutenção constante de elevados indicadores de liquidez imediata. QUADRO 27 – CIA. MISTERIOSA 70 RESUMO DO TÓPICO 1 Este tópico teve por objetivo apresentar e explicar os índices de liquidez, qual a finalidade e aplicabilidade de cada um. Compras demasiadas de mercadorias mexem com o capital de giro e, por conseguinte, podem comprometer a capacidade de pagamento das dívidas da empresa. Através dos índices de liquidez, é possível medir a capacidade imediata de pagamento da empresa, utilizando-se os valores de disponibilidades versus os valores devidos no passivo circulante; também se calculou o índice de liquidez corrente que utiliza os valores a receber até o término do exercício seguinte (AC) e os valores a pagar até o término do exercício seguinte, apurando-se a capacidade que a empresa tem de pagar suas dívidas a curto prazo. Neste índice procurou-se ilustrar com um exemplo desenvolvido por Matarazzo (2010) que apresenta uma análise pelo avesso, o que leva o analista a ter uma visão diferente, mais apurada, sobre o andamento da empresa, podendo chegar à insolvência. Para uma melhor compreensão e absorção, calculou-se o índice de liquidez seco, que se utiliza dos valores a receber e a pagar até o término do exercício seguinte, diminuídos os estoques, pois este índice reflete a capacidade de pagamento da empresa na hipótese de não vender nada do seu estoque; e finalizou-se com o cálculo da liquidez geral, também conhecida por liquidez total, que trabalha com os valores a receber a curto e a longo prazo e valores a pagar a curto e longo prazo. Este índice mostra a capacidade de pagamento da empresa a longo prazo. Por se tratar de capacidade de pagamento, a interpretação dos resultados é quanto maior for o resultado, melhor será para a empresa. Em outras palavras, é possível dizer que um índice superior a um (1,00) significa que a empresa paga suas dívidas e ainda sobra o excedente de um. O contrário, ou seja, o índice inferior a um (1,00) representa que a empresa está dependente do capital de terceiros, devendo alavancar recursos se quiser honrar seus compromissos. 71 AUTOATIVIDADE 1 Analisando do ponto de vista financeiro, o resultado do índice de liquidez seca é interpretado conforme segue: a) ( ) quanto menor, MELHOR; b) ( ) quanto mais próximo do ponto de equilíbrio, PIOR; c) ( ) quanto maior, MELHOR; d) ( ) quanto mais próximo à mediana (padrão), MELHOR; e) ( ) quanto maior, PIOR. 2 A Cia. BYBY SOFT apresentou em 29 de novembro de X1 um Ativo Circulante de R$ 1.800,00 e Passivo Circulante de R$ 700,00. A empresa decidiu adquirir ainda em novembro X1 mercadorias, a prazo, no valor de R$ 400,00. Após esta aquisição, seu quociente de liquidez corrente passou a ser de: a) ( ) 1,50. b) ( ) 2,00. c) ( ) 2,57. d) ( ) 3,14. e) ( ) 4,29. 3 Considerando o quociente de liquidez corrente igual a 0,75, é possível dizer que esta empresa: a) ( ) Precisa diminuir a produção para pagar suas dívidas. b) ( ) Possui muita dívida decorrente de aquisição de imobilizado. c) ( ) Não tem capacidade de saldar suas dívidas. d) ( ) Depende do aumento da rentabilidade. e) ( ) Está falida. 4 Uma empresa que possua a liquidez seca igual a 1,00 e que efetua a maioria de suas vendas a prazo, o índice de liquidez corrente deverá ser: a) ( ) superior a 1,00; b) ( ) inferior a 0,90; c) ( ) inferior a 1,20; d) ( ) inferior a 1,00; e) ( ) igual a 2,00. 5 A Cia. ABC apresentou em seu balanço patrimonial do ano de X1 os seguintes valores de circulante: 72 ATIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE Disponibilidades 300 Salários a Pagar 1.300 Duplicatas a Receber 400 Empréstimos Bancários 600 Estoques 200 TOTAL 900 TOTAL 1.900 A partir das informações dadas, pergunta-se: a) Calcule o índice de liquidez corrente. b) O gerente financeiro decidiu contrair novo empréstimo bancário a curto prazo, no valor de R$ 1.200,00, cujo valor foi creditado na conta bancos conta movimento. Você entende que esta operação melhora a situação financeira da empresa? Calcule o novo índice de liquidez corrente: ( ) Sim. ( ) Não. Por quê? ____________________________________________________________ ___________________________________________________________________. c) Calcule o índice de liquidez seca, antes do novo empréstimo. 73 TÓPICO 2 INDICADORES DE ESTRUTURA DE CAPITAIS UNIDADE 2 1 INTRODUÇÃO Acadêmico/a, no item anterior foram abordados os indicadores de liquidez, ou seja, aqueles que mostram a capacidade que a empresa tem de pagar suas contas. Neste tópico, o foco são os indicadores de estrutura de capital, aqueles que demonstram o grau de endividamento. Na análise de balanços, este é um dos itens mais relevantes porque ele demonstra as grandes linhas de financiamento escolhidas pela empresa. De acordo com Bruni (2010), os indicadores de estrutura de capital ou de endividamento buscam analisar os efeitos que a alavancagem financeira tem sobre os resultados, sobretudo focando o risco da empresa. Portanto, leia com muita atenção o conteúdo a seguir apresentado. 2 QUOCIENTES DE ENDIVIDAMENTO Por se tratar de um tema amplo, não pretendemos esgotar o assunto, mas escolhemos cinco itens relevantes para a abordagem neste tópico, que se denominam: participação de capitais de terceiros; endividamento; composição do endividamento; imobilização do patrimônio líquido; e, por último, a imobilização dos recursos não correntes. 2.1 PARTICIPAÇÃO DE CAPITAIS DE TERCEIROS Também conhecido por debt to equity ratio, este índice representa o percentual de capital de terceiros em relação ao valor do patrimônio líquido, demonstrando a dependência da empresa em relação aos recursos oriundos dos terceiros (SILVA, 2007). Para Marion (2010), é através desses indicadores que se observa qual é o nível de endividamento da empresa. O ativo apresenta a aplicação de recursos que é decorrente do capital de terceiros, assim compreendido o passivo circulante mais o exigível a longo prazo, e do capital próprio, representado pelo patrimônio líquido. UNIDADE 2 | ANÁLISE PARA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO 74 Os indicadores de endividamento demonstram se a empresa está alavancando recursos de terceiros, ou se está apenas utilizando o capital próprio. O autor afirma ainda que a participação exagerada do capital de terceiros em relação ao capital investido pelos sócios deixa a empresa vulnerável a qualquer intempérie. Ressalta que normalmente as empresas que vão à falência apresentam um grau de endividamento elevado em relação ao valor do patrimônio líquido da empresa, o que é decorrente da necessidade de renovação do ativo, para deixar a empresa mais competitiva. 2.2 ENDIVIDAMENTO Os índices de endividamento são de muita importância, pois indicam a relação de dependência da empresa com relação a capital de terceiros. Mostram grandes linhas de decisões financeiras em termos de obtenção e aplicação de recursos. ET = Exigível Total (passivo circulante + exigível a longo prazo) PL = Patrimônio Líquido Este índice: • relaciona o exigível total (capitais de terceiros) com os fundos totais providos (capitais próprios e capitais de terceiros); • expressa a porcentagemque o endividamento representa sobre os fundos totais; • significa a porcentagem do ativo total financiada com recursos de terceiros. Interpretação: quanto maior, pior. PARTICIPAÇÃO DE CAPITAIS DE TERCEIROS SOBRE OS RECURSOS = TOTAIS. ET ET + PL Exemplo: A Cia. ABC apresentou os seguintes resultados nos exercícios de X1 e X2: X1 X2 ET = 396.000 = 0,56 ou 56% 387.000 = 0,52 ou 52% ET + PL 711.000 747.000 TÓPICO 2 | INDICADORES DE ESTRUTURA DE CAPITAIS 75 IMPORTANT E Em X1 56% dos Recursos Totais são oriundos do Capital de Terceiros enquanto em X2 este percentual cai para 52%. A diferença para atingir 100%, ou seja, 44% do Ativo, é financiado com Capital Próprio. 2.3 COMPOSIÇÃO DO ENDIVIDAMENTO A composição do endividamento se faz com as participações das dívidas de curto prazo sobre o endividamento total. ÍNDICE DE PARTICIPAÇÃO DAS DÍVIDAS DE = PC CURTO PRAZO SOBRE O ENDIVIDAMENTO TOTAL ET PC = Passivo Circulante ET = Exigível Total O objetivo deste índice é avaliar o equilíbrio entre os recursos a curto prazo e longo prazo. IMPORTANT E Representa a composição do endividamento total ou qual a parcela que vence a curto prazo, no endividamento total. Entretanto cada empreendimento possui uma estrutura otimizante de composição de recursos e não existem, a rigor, regras fixas. Para Marion (2010), é de muita relevância observar que o endividamento a curto prazo é desfavorável, prejudicando a liquidez corrente da empresa (situação financeira). Interpretação: quanto maior, pior. UNIDADE 2 | ANÁLISE PARA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO 76 2.4 IMOBILIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO A imobilização do patrimônio líquido tem por finalidade demonstrar que percentuais do patrimônio líquido estão aplicados no Imobilizado. IMOBILIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO = IMOB PL IMOB = Imobilizado PL = Patrimônio Líquido Segundo Padoveze e Benedicto (2007), quanto maior for a aplicação de recursos no Imobilizado, maiores serão os custos fixos da empresa, assim representados pela depreciação, seguros e despesas de manutenção, desta forma, elevando o ponto crítico ou o desequilíbrio da condição financeira da empresa. IMPORTANT E Quanto maior for o investimento da empresa, no Imobilizado, menores serão os recursos próprios que sobrarão para o ativo circulante e maior será a dependência de capitais de terceiros para financiar o ativo circulante. Fórmula Ano X0 R$ Índice Ano X1 R$ Índice Ativo Imobilizado Patrimônio líquido 1.198.000 1,50 800.000 1.126.955 1,32 854.015 Interpretação: quanto menor, melhor. Exemplo: No exemplo dado, é possível observar que a empresa aplicou no ativo permanente mais recursos que o valor do patrimônio líquido, ou o capital próprio representado, cuja decisão leva a empresa à dependência de capitais de terceiros para financiar o ativo circulante. TÓPICO 2 | INDICADORES DE ESTRUTURA DE CAPITAIS 77 2.5 IMOBILIZAÇÃO DOS RECURSOS NÃO CORRENTES IMOBILIZAÇÃO DE RECURSOS NÃO CORRENTES = IMOB + Inv. + Int. PL+ ELP IMOB = Imobilizado Inv. = Investimentos Int. = Intangível PL = Patrimônio Líquido ELP = Exigível a Longo Prazo De acordo com Matarazzo (2010), imobilização de recursos não correntes indica o percentual aplicado no Imobilizado. IMPORTANT E Este índice não deve em regra ser superior a 100%, ressalta o autor (2010). Exemplo: A Cia. Misteriosa apresentou os seguintes valores de recursos não correntes: X1 X2 Imobilizado 842.268 1.886.367 Exigível a longo prazo 345.796 1.287.867 Patrimônio Líquido 1.177.947 1.547.903 Recursos não Correntes 1.523.743 2.835.770 Índice de Imobilização de 842.268 = 55,28% 1.886.367 = 66,52% Recursos não Correntes 1.523.743 2.835.770 Através dos resultados apurados é possível observar que a empresa destinou ao Imobilizado, respectivamente, em X1 e X2, 55,28% e 66,52% dos recursos não correntes, tendo sobrado para o ativo circulante 44,72% e 33,48, denominado de Capital Circulante Líquido (CCL). UNIDADE 2 | ANÁLISE PARA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO 78 Ressalta Matarazzo (2010), mesmo que a empresa quase não tenha necessidade de ativo circulante, deve sempre existir um pequeno excesso de recursos não correntes, em relação às imobilizações, destinado ao ativo circulante. O autor complementa citando: a parcela de recursos não correntes destinada ao ativo circulante é denominada capital circulante líquido (CCL). Interpretação: quanto MENOR, melhor. No que diz respeito ao CCL da Cia. Misteriosa ( X1 = 681.475; X2 = 949.403), ressaltamos dois aspectos importantes citados por Matarazzo (2010, p. 97): a) A sua existência. A empresa deve imobilizar apenas parte dos Recursos não Correntes, destinando a outra parte – chamada CCL – ao Ativo Circulante. b) A sua composição. O CCL pode ser formado de Capital Próprio e de exigível a longo prazo. A curto prazo essa composição afeta a capacidade de pagamento. A longo prazo surgem as diferenças, visto que o capital próprio, ou seja, o patrimônio líquido, não precisa ser pago, entretanto o exigível sim. 79 RESUMO DO TÓPICO 2 Os indicadores de estrutura de capitais compreendem os quocientes de endividamento, cuja abordagem limitou-se a cinco itens aqui compreendidos: Participação de capitais de terceiros: representa o percentual de capital de terceiros em relação ao valor do patrimônio líquido e demonstra a dependência da empresa em relação aos recursos oriundos dos terceiros. Mostra o nível de endividamento da empresa. Endividamento: indica qual é a dependência da empresa com relação a capital de terceiros. Evidencia grandes linhas de decisões financeiras em termos de obtenção e aplicação de recursos. Composição do endividamento: busca-se avaliar o equilíbrio entre os recursos a curto e longo prazo. Imobilização do patrimônio líquido: através deste índice é possível observar quanto é o percentual de recursos aplicados no imobilizado e consequentemente quanto sobra para o giro da empresa, isto é, no ativo circulante. Imobilização dos recursos não correntes: indica o percentual aplicado no Imobilizado, nos investimentos e no intangível, o que não deve ser superior a cem por cento (100%). Matarazzo (2010) afirma que, mesmo que a empresa não tenha necessidade de ativo circulante, deve sempre existir uma parcela destinada para o giro da empresa. 80 AUTOATIVIDADE 1 O Banco Enjoadinho S/A dispõe, em seu manual de normas, que o limite de crédito para seus clientes será estipulado de maneira que o capital de terceiros não ultrapasse 60% dos recursos totais antes da concessão do empréstimo. Seu cliente, Raios de Parábolas Ltda., apresenta o seguinte balanço patrimonial resumido (MARION, 2012, p. 54). BALANÇO PATRIMONIAL RESUMIDO ATIVO PASSIVO Circulante 180.000 Realizável a longo prazo 320.000* Imobilizado 700.000* Circulante 400.000 Exigível a longo prazo 200.000* PatrimônioLíquido 600.000* TOTAL 1.200.000 TOTAL 1.200.000 Obs.: * Estes itens fazem parte do grupo no não circulante. Considerando as regras constantes do manual de normas do banco, o limite de crédito desta empresa será de: a) ( ) 720.000,00 b) ( ) 360.000,00 c) ( ) 120.000,00 d) ( ) 60.000,00 2 Identifique os índices de estrutura de capital, indicando verdadeiro (V) ou falso (F). ( ) Imobilização do patrimônio líquido. ( ) Custo do capital de terceiros. ( ) Composição do endividamento. ( ) Participação do capital de terceiros. A sequência CORRETA é: a) ( ) V-F-F-V b) ( ) F-F-V-F c) ( ) V-F-V-V d) ( ) F-V-V-V 3 É correto afirmar: I - Os indicadores de estrutura de capital buscam analisar os efeitos que a alavancagem financeira tem sobre as receitas, sobretudo as receitas operacionais. II - Os indicadores de endividamento buscam analisar os efeitos que a alavancagem financeira tem sobre os resultados, sobretudo focando o risco da empresa. III - Os índices de participação de capitais de terceiros representam o percentual de capital de terceiros em relação ao valor do patrimônio 81 líquido, demonstrando a dependência da empresa em relação aos recursos oriundos de terceiros. IV - Os indicadores de endividamento demonstram quanto a empresa está utilizando dos recursos de terceiros, para aplicar no intangível. Assinale a alternativa com a opção CORRETA: a) ( ) Apenas as alternativas I e II estão corretas. b) ( ) Apenas as alternativas I e III estão corretas. c) ( ) Apenas as alternativas II e III estão corretas. d) ( ) Apenas a alternativa IV está correta. 4 Assinale com X a alternativa CORRETA. Quanto maior for o endividamento, tanto menor será a sua capacidade: a) ( ) técnica. b) ( ) financeira. c) ( ) econômica. d) ( ) operacional. 5 A participação exagerada do capital de terceiros em relação ao capital investido pelos sócios deixa a empresa: a) ( ) mais susceptível a fraudes. b) ( ) mais flexível para a tomada de decisões. c) ( ) menos participativa no mercado. d) ( ) vulnerável a qualquer intempérie. 6 A composição do endividamento representa qual a parcela que vence a curto prazo, no endividamento total. Cada empreendimento possui uma estrutura otimizante de composição de recursos e não existem, a rigor, regras fixas. O objetivo deste índice é: a) ( ) avaliar o equilíbrio entre os recursos a curto prazo e longo prazo. b) ( ) avaliar os recursos não correntes. c) ( ) evidenciar o valor dos investimentos em intangíveis. d) ( ) Nenhuma das alternativas anteriores esta correta. 82 83 TÓPICO 3 INDICADORES DE RENTABILIDADE UNIDADE 2 1 INTRODUÇÃO Os índices deste grupo mostram qual a rentabilidade dos capitais investidos, isto é, quanto renderam os investimentos e qual o grau de êxito econômico da empresa. Segundo Marion (2010), os indicadores de rentabilidade abrangem os aspectos econômicos na análise empresarial, o potencial de vendas, a evolução das despesas etc. e, neste caso, a atenção do gestor deverá estar concentrada na habilidade da empresa de gerar resultados. Denomina-se RENTABILIDADE quando a relação for entre rendimento e capitais investidos pelos proprietários. Segundo o mesmo autor, o ativo significa os investimentos realizados pela empresa com a finalidade de obtenção de receita e, consequentemente, o lucro. Quando o gestor compara o lucro com o ativo da empresa, ou o lucro com o patrimônio líquido, deve levar em consideração os seguintes aspectos: a) Com referência ao lucro, poderão ser utilizados conceitos de: lucro líquido, lucro operacional, lucro bruto, entre outros, entretanto, deve haver coerência no momento da definição dos valores, ou seja: se o gestor estiver analisando a rentabilidade do ativo total, a contrapartida deverá ser o lucro líquido, se for o ativo operacional, no denominador deverá ser utilizado o lucro operacional, e assim sucessivamente. b) Com referência ao ativo e patrimônio líquido utilizado no denominador para cálculo da taxa de retorno, poderá ser utilizado o valor médio, o qual é apurado com a aplicação da seguinte fórmula: Ativo Médio (Ativo do primeiro período + ativo do segundo período), 2 o mesmo procedimento adotado para o patrimônio líquido, isto é: Patrimônio Líquido Médio (PL do primeiro período + PL do segundo período) 2 84 UNIDADE 2 | ANÁLISE PARA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO Importante: para a avaliação de rendimento de uma empresa, os principais indicadores a serem considerados são: a) lucratividade; b) rentabilidade do capital próprio; c) retorno de investimentos. Segundo Padoveze e Benedicto (2007), a rentabilidade envolve todos os elementos operacionais, econômicos e financeiros do empreendimento. Portanto, abordaremos os aspectos econômicos na análise empresarial. 2 TAXA DE RETORNO SOBRE INVESTIMENTOS A Taxa de Retorno sobre Investimentos (TRI) é um índice que mostra quanto a empresa obteve de lucro líquido em relação ao valor aplicado. De acordo com Iudícibus et al. (2010, p. 4), Por meio da DRE - demonstração do resultado do exercício -, é possível conceituar o lucro líquido do exercício, estabelecendo os critérios de classificação de certas despesas. O lucro líquido apurado na DRE é o que se pode chamar de lucro dos acionistas, porque, além dos itens normais, já se deduzem como despesas o imposto de renda e as participações sobre os lucros a outros que não os acionistas, de forma que o lucro líquido demonstrado é o valor final a ser adicionado ao patrimônio líquido da empresa que, em última análise, pertence aos acionistas, ou é distribuído como dividendo. Esta medida não é exatamente de rentabilidade, explica Marion (2010), mas uma medida da capacidade de a empresa gerar lucro líquido e assim poder capitalizar-se. Para apurar a taxa de retorno sobre investimentos, aplica-se a seguinte fórmula: RENTABILIDADE DO ATIVO (conhecida por = LL taxa de retorno sobre investimentos) ATM IMPORTANT E A análise do resultado da TRI poderá relatar sobre o poder de ganho da empresa. TÓPICO 3 | INDICADORES DE RENTABILIDADE 85 Interpretação: quanto maior, melhor. Exemplo: Uma empresa com lucro líquido de R$ 207.380,00, decorrente de um ativo total de R$ 1.036.833,00, obtém uma taxa de retorno de 20%. Isto significa dizer que o poder de ganho desta empresa, para cada R$ 1,00 de capital investido, é de R$ 0,20. Se desejarmos saber quantos anos vai demorar para que a empresa obtenha o valor do capital investido, realiza-se o seguinte cálculo: 100% dividido pelo percentual de ganho apurado no ano (20% de TRI). Então: 100/20 = 5 anos. O cálculo realizado foi payback = tempo médio de retorno. Corroboram Padoveze e Benedicto (2007) explicando que, na taxa de retorno do investimento (TRI), busca-se conhecer a taxa de retorno que iguala os fluxos futuros com os investimentos realizados e confirmam: com o método pay- back é possível descobrir em quantos anos retornará o valor investido. Os autores ressaltam ainda: • para decidir-se por um investimento, primeiro se analisa a sua rentabilidade; • a empresa é vista como um ou mais projetos de investimento operando simultaneamente; • o ativo representa o investimento realizado; • o passivo representa o financiamento obtido para a viabilização do investimento. 3 TAXA DE RETORNO SOBRE O PATRIMÔNIO LÍQUIDO Este índice visa medir se o lucro auferido pela empresa é suficiente para remunerar o capital investido nela pelos sócios, se atrairia,ou não, novos investidores. Rentabilidade do Patrimônio Líquido (conhecida LL por Taxa de Retorno sobre o Patrimônio Líquido = PLM 86 UNIDADE 2 | ANÁLISE PARA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO IMPORTANT E Apura-se o PLM (patrimônio líquido médio) a partir da seguinte operação = patrimônio líquido inicial corrigido + patrimônio líquido final corrigido ÷ por dois. Interpretação: quanto maior, melhor. Exemplo: Uma empresa com lucro líquido de R$ 207.380,00, decorrente de um ativo total de R$ 1.036.833,00 e patrimônio líquido de R$ 829.521,00. TRPL = Lucro Líquido = 207.380 = 0,25 ou 25% Patrimônio Líquido 829.521 Neste caso, o resultado obtido significa que o poder de ganho dos proprietários para cada R$1,00 de capital investido é de R$ 0,25. Se desejarmos saber quantos anos vai demorar para que a empresa obtenha o valor do capital investido, realiza-se o seguinte cálculo: 100% dividido pelo percentual de ganho apurado no ano (25% de TRI). Então: 100/25 = 4 anos em média o proprietário vai demorar para obter o retorno do valor investido. O cálculo realizado foi payback = tempo médio de retorno. 4 TAXA DE RETORNO DO INVESTIMENTO (DA EMPRESA) VERSUS TAXA DE RETORNO DO INVESTIDOR (DO EMPRESÁRIO) ROI, em inglês, significa Return on Investment (retorno sobre investimento), que usualmente é denominado de retorno sobre o ativo ou taxa de retorno sobre o investimento – TRI. ROE, em inglês, significa Return on Equity (retorno sobre o capital investido pelos proprietários), que é conhecido como retorno sobre patrimônio líquido ou taxa de retorno sobre o patrimônio líquido – TRPL. (MARION, 2010). Assim demonstra o autor: TÓPICO 3 | INDICADORES DE RENTABILIDADE 87 ROI = TRI = Lucro Líquido Ativo ROE = TRPL = Lucro Líquido Patrimônio Líquido Complementa que a rentabilidade é medida em função dos investimentos, em que as fontes de financiamento do Ativo são o capital próprio (o patrimônio líquido) e o capital de terceiros (as obrigações). Uma administração adequada proporcionará maior retorno para a empresa, afirma Marion (2010). 88 RESUMO DO TÓPICO 3 Este tópico compreendeu uma abordagem dos indicadores mais comuns que são utilizados no cotidiano dos gestores para tomar decisões financeiras e de rentabilidade. Inicialmente foram apresentados e calculados os indicadores de liquidez, que mostram a capacidade de pagamento. Através dos índices de liquidez, é possível medir se a empresa tem caixa suficiente para honrar seus compromissos. Os resultados apurados quando do cálculo dos índices devem ser superiores a um (1,00), o que representa que a empresa tem excedente de caixa. Também foram abordados neste tópico os indicadores de estrutura de capital, que mostram o grau de endividamento da empresa. Foram abordados diversos indicadores, os mais utilizados pelos administradores em análises menos complexas. Marion (2010) procura distinguir a dívida em três conceitos: bom, razoável, ruim e vai além explicando que o endividamento pode ser a longo prazo (normalmente decorrente do financiamento do ativo permanente) e a curto prazo (normalmente utilizado para financiar o ativo circulante, compra de estoque, por exemplo). Considera dívida favorável quando o maior volume é de longo prazo porque a empresa tem maior tempo para liquidar. Razoável é a dívida concentrada no curto prazo, principalmente se for formada por empréstimos. Ruim é a dívida formada por excesso de duplicatas descontadas e empréstimos de curto prazo. Ressalta o autor (2010) que este índice não deve superar 100% porque a empresa sempre deve ter um valor sobrando no circulante para suprir necessidades não programadas. No que se refere à rentabilidade dos capitais investidos tanto pela empresa quanto pelos acionistas, em determinado período de um ano, o procedimento de cálculo é feito com uso do balanço patrimonial e do demonstrativo do resultado do exercício - DRE. Para apurar o retorno do investimento através do giro, foram utilizadas as seguintes taxas: I) taxa de retorno sobre investimentos; II) taxa de retorno sobre o patrimônio líquido; III) e taxa de retorno do investimento realizado pela empresa versus taxa de retorno do investidor. Com a aplicação destes índices será possível saber quanto foi o lucro da empresa em relação ao valor aplicado. Entende-se que esta medida mostra qual é a capacidade de a empresa gerar lucro, podendo capitalizar-se, evidenciando as fontes de financiamento e o resultado gerado com as mudanças, podendo diagnosticar o desempenho econômico da empresa. 89 AUTOATIVIDADE 1 A Cia. Antenada apresentou os seguintes valores de recursos não correntes em: X0 X1 Imobilizado 673.814 1.509.094 Exigível a longo prazo 276.637 1.030.294 Patrimônio Líquido 942.358 1.238.322 Recursos não Correntes 1.218.995 2.268.616 Identifique com X as respostas CORRETAS para X0 e X1, respectivamente: a) ( ) 55,28% 66,25% b) ( ) 55,30% 66,52% c) ( ) 55,38% 66,25% d) ( ) 55,28% 66,52% e) ( ) 55,83% 66,25% 2 O contador da empresa Bambolê S/A apresentou o balanço patrimonial de forma sintética ao diretor que necessitava de informações sobre o comportamento de alguns indicadores. ATIVO PASSIVO Ativo Circulante 5.000,00 Passivo Circulante 4.000,00 ATIVO NÃO CIRCULANTE 9.000,00 Realizável a Longo Prazo 1.500,00 Imobilizado 7.500,00 PASSIVO NÃO CIRCULANTE 10.000,00 Exigível a Longo Prazo 1.200,00 Patrimônio líquido 8.800,00 TOTAL 14.000,00 TOTAL 14.000,00 Calcule: a) participação de capitais de ET terceiros sobre os recursos totais = ET + PL b) índice de participação das dívidas de = PC curto prazo sobre o endividamento total ET c) imobilização do patrimônio líquido = IMOB PL d) imobilização de recursos não correntes = IMOB PL+ ELP As assertivas apresentaram os seguintes resultados. Identifique com C a resposta correta e com E a resposta errada. 90 ( ) 71,43% ( ) 76,92% ( ) 68,18% ( ) 75,00% Agora assinale a alternativa com a sequência CORRETA: a) ( ) CCCE b) ( ) EECE c) ( ) ECCE d) ( ) ECEC 3 Assinale com X a alternativa CORRETA. Quanto maior for o endividamento, tanto menor será a sua capacidade: a) ( ) técnica. b) ( ) financeira. c) ( ) econômica. d) ( ) operacional. e) ( ) contábil. FONTE: Zdanowicz (1998) 4 Na análise de estrutura, a medida que indica a proporção de cada elemento patrimonial ou de resultado econômico em relação ao todo denomina-se: a) ( ) coeficiente. b) ( ) índice. c) ( ) quociente. d) ( ) indicador. e) ( ) parâmetro. FONTE: Zdanowicz (1998) 5 Assinale com X a alternativa CORRETA. De acordo com Zdanowicz (1998), a análise, o controle e a interpretação da rentabilidade podem ser comparados à: a) ( ) liquidez. b) ( ) taxa de retorno dos investimentos. c) ( ) margem. d) ( ) lucratividade. e) ( ) solvabilidade. 6 Qual é a TRI (taxa de retorno de investimento) e a TRPL (taxa de retorno do patrimônio líquido) da Cia. Misteriosa, que apresentou as seguintes informações: Lucro Líquido – R$ 20.833,00 Ativo Total – R$ 250.000,00 Patrimônio Líquido – R$ 137.500,00 91 Identifique com X a alternativa CORRETA.TRI TRPL a) ( ) 5,8% 9,1% b) ( ) 10,1% 17,9% c) ( ) 8,33% 15,15% d) ( ) 7,4% 16,13% e) ( ) Nenhuma das respostas acima. FONTE: Zdanowicz (1998) 92 93 TÓPICO 4 INDICADORES DE LUCRATIVIDADE UNIDADE 2 1 INTRODUÇÃO Segundo Zdanowicz (1998), quando aborda a lucratividade bruta, a produção e a comercialização de bens e serviços aos consumidores, por um preço que gere lucro, são os objetos básicos de empresas comerciais, industriais e prestadoras de serviços. O total das vendas realizadas no período denominado exercício social constitui a receita operacional bruta. Prossegue o autor evidenciando os diferentes conceitos de lucratividade que se analisa, de acordo com a profundidade e análise que se busca conhecer: lucratividade bruta, lucratividade operacional, lucratividade não operacional, lucratividade do exercício, lucratividade antes dos impostos, lucratividade líquida do exercício. 2 LUCRATIVIDADE BRUTA A partir da exposição sobre lucratividade, Zdanowicz (1998) afirma que a lucratividade bruta é obtida pelo quociente entre lucro operacional bruto (LOB) e a receita operacional líquida (ROL). O lucro operacional bruto é obtido a partir da diferença entre a receita operacional líquida e o custo dos produtos vendidos, ou o custo das mercadorias vendidas, ou o custo dos serviços prestados pela empresa. A receita operacional líquida é a diferença entre a receita bruta de vendas e as deduções de vendas (impostos, devoluções e abatimentos). Exemplo: A Cia. Misteriosa apresentou a demonstração dos resultados do exercício de XX, e o gerente financeiro apurou o quociente de atividade, a partir dos seguintes dados: 94 UNIDADE 2 | ANÁLISE PARA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO XX Receita bruta de vendas de mercadorias e ou serviços 6.210 Deduções de vendas 530 Receita operacional líquida 5.680 Custo dos produtos vendidos 2.640 Lucro bruto 3.040 Despesas operacionais 490 Lucro operacional líquido 2.550 Outras receitas e despesas 150 Lucro antes do IR e da CSLL 2.700 Imposto de Renda e Contribuição Social 350 Lucro Líquido 2.350 FONTE: A autora QUADRO 28 – DRE XX LB = LOB x 100 ROL LB = 3.040 x 100 = 53,52% 5.680 A lucratividade bruta representa 53,52% da receita líquida. 3 LUCRATIVIDADE OPERACIONAL Apurado o lucro operacional bruto, devem ser deduzidas as despesas operacionais, ou seja, despesas administrativas, comerciais, financeiras, tributárias e outras despesas gerais. Este procedimento gera a lucratividade operacional (LO) que é calculada através do quociente entre o lucro operacional líquido (LOL) e a receita operacional líquida (ROL). (ZDANOWICZ, 1998). Exercício: LO = LOL x 100 = ROL LO = 2.550 x 100 = 44,89% 5.680 A lucratividade operacional representa 44,89% da receita operacional líquida. TÓPICO 4 | INDICADORES DE LUCRATIVIDADE 95 IMPORTANT E Deverão ser consideradas as despesas financeiras líquidas, ou seja, serão deduzidas as receitas de natureza financeira, nos termos do Art. 187, da Lei n° 6.404/76. No entanto, para efeito de análise, estudiosos da área, como Marion, por exemplo, recomendam a reclassificação dessas duas contas para o grupo do resultado não operacional. Desta maneira, não temos com que nos preocupar, se já procedemos à reclassificação. 4 LUCRATIVIDADE NÃO OPERACIONAL A lucratividade não operacional (LNO) pode ser calculada a partir da diferença entre as receitas não operacionais (RNO) e despesas não operacionais (DNO) sobre a receita operacional líquida (ROL). (ZDANOWICZ, 1998, p. 93). LNO = RNO - DNO x 100% ROL 5 LUCRATIVIDADE DO EXERCÍCIO A lucratividade do exercício (LE) será obtida pela soma algébrica entre a lucratividade operacional (LO) e a lucratividade não operacional (LNO) sobre a receita operacional líquida (ROL). (ZDANOWICZ, 1998, p. 93). LE = LO + LNO x 100% ROL 6 LUCRATIVIDADE ANTES DOS IMPOSTOS A lucratividade antes dos impostos é obtida considerando a lucratividade do exercício, mais ou menos os ajustes e ou as provisões constituídas, de natureza não operacional, para corrigir valores correspondentes a elementos do ativo, que não contribuem para a geração de receita básica da empresa. Nestes termos, o cálculo da lucratividade antes dos impostos (LAI) será obtido pelo quociente entre lucratividade do exercício (LE), acrescida dos ajustes (AJU) e das provisões (PRO) sobre a receita operacional líquida (ROL). (ZDANOWICZ, 1998, p. 94). 96 UNIDADE 2 | ANÁLISE PARA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO LAI = LE + AJU + PRO x 100% ROL LLE = LAI - PIR x 100% ROL 7 LUCRATIVIDADE LÍQUIDA DO EXERCÍCIO A lucratividade líquida do exercício (LLE) pode ser calculada após a dedução da provisão para imposto de renda (PIR) do lucro líquido antes dos impostos (LAI) sobre a receita operacional líquida (ROL). (ZDANOWICZ, 1998, p. 94). 8 GIRO SOBRE O ATIVO TOTAL O giro do ativo é calculado a partir da relação entre a receita operacional líquida (ROL) e o ativo total (AT). (ZDANOWICZ, 1998). Segundo Silva (2007), giro do ativo, também conhecido como turnover asset, é um dos principais indicadores da atividade da empresa. Através dele o gestor analisa o resultado obtido da relação entre as vendas do período e os investimentos totais realizados pela empresa, representados pelo ativo total médio. Exercício A Cia. Misteriosa apresentou o balanço patrimonial encerrado em 31-12- XX; o valor do ativo é de R$ 5.200,00 e o valor do patrimônio líquido é de R$ 1.980,00. O valor da receita operacional líquida deve ser extraído da demonstração do resultado do exercício XX, apresentado anteriormente. GAT = ROL = 5.680 = 1,09 vez. AT 5.200 Este resultado significa que o valor faturado no ano de XX é 1,09 maior que o valor investido no ativo total. TÓPICO 4 | INDICADORES DE LUCRATIVIDADE 97 IMPORTANT E Não é excelência no resultado, porém é aceitável, uma vez que o resultado obtido é maior que um. Silva (2007) explica que a interpretação isolada do índice “giro do ativo” é no sentido de quanto maior, melhor, pois indica o nível de eficiência com que são utilizados os recursos aplicados na empresa, ou seja, o ativo total. No exemplo apresentado anteriormente, observou-se que a empresa teve um nível de eficiência baixo, pois para cada R$ 100,00 de ativo total a empresa conseguiu realizar vendas de apenas R$ 109,00 durante o ano. Deve-se observar também o desempenho das demais empresas do mesmo ramo, o que pode levar o gestor a ter outra visão do resultado apurado, uma vez que pode ter havido algum problema durante o período, naquele setor, que o levou a ter baixa eficiência. 9 GIRO SOBRE O PATRIMÔNIO LÍQUIDO O giro sobre o patrimônio líquido é obtido entre o quociente da receita operacional líquida (ROL) e o patrimônio líquido (PL). (ZDANOWICZ, 1998). Exercício A Cia. Misteriosa apresentou o balanço patrimonial encerrado em 31-12- XX, o valor do ativo é de R$ 5.200,00 e o valor do patrimônio líquido é de R$ 1.980,00. GPL = ROL = 5.680 = 2,87 vezes PL 1.980 Através do exemplo anterior, observa-se um nível de eficiência maior, pois, para cada R$ 100,00 de capital próprio (patrimônio líquido), a empresa conseguiu realizar vendas de R$ 287,00 durante o ano. Em outras palavras, é possível dizer que o resultado apurado significa que a receita operacional líquida, em 31-12-XX, era duas vírgula oitenta e sete vezes o valor do patrimônio líquido. 98 UNIDADE 2 | ANÁLISE PARA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO 10 GIRO SOBRE O ATIVO OPERACIONAL LÍQUIDO O giro sobre o ativo operacional líquido (GAOL) é calculado, considerando as receitas operacionais líquidas (ROL)e todo o ativo operacional líquido (AOL) necessário para gerar aquela receita, deduzindo-se, assim, todos os elementos patrimoniais estranhos à atividade-fim da empresa, inclusive as depreciações. (ZDANOWICZ, 1998). Nestes termos: GAOL = ROL AOL 99 RESUMO DO TÓPICO 4 O Tópico 4 compreende os indicadores econômicos, em que a análise está voltada para a geração de resultados, utilizando-se, para isso, os dados apresentados na demonstração do resultado. Conforme Marion (2010), para a avaliação do rendimento de uma empresa, existem diferentes indicadores, entretanto, trabalhou-se com os principais, assim identificados: a) lucratividade; b) rentabilidade do capital próprio; c) retorno de investimentos. A lucratividade é um instrumento útil para interpretação do desempenho econômico da empresa e pode ser analisada e avaliada sob vários ângulos, dependendo da profundidade da análise que se busca, a saber: a) bruta; b) operacional; c) não operacional; d) do exercício; e) antes dos impostos; f) líquida do exercício. Os índices de lucratividade são compostos por: a) giro sobre o ativo total; b) giro sobre o patrimônio líquido; c) giro sobre o ativo operacional líquido. (ZDANOWICZ, 1998). O mesmo autor aborda o giro sobre o ativo total pela divisão da receita operacional líquida sobre ativo total; e o giro sobre o patrimônio líquido é obtido na divisão da receita operacional líquida e o patrimônio líquido. 100 1 Para calcular a lucratividade de uma empresa são necessárias as informações e os dados contidos no(s): a) ( ) Demonstrativo do resultado do exercício. b) ( ) Inventários. c) ( ) Balanço patrimonial. d) ( ) Demonstrativo dos lucros ou prejuízos acumulados. e) ( ) Fluxo de caixa. FONTE: Zdanowicz (1998) 2 Para o cálculo da lucratividade operacional é necessário conhecer o lucro operacional bruto para deduzir-se: a) ( ) O custo do produto vendido. b) ( ) Despesas não operacionais. c) ( ) Receitas não operacionais. d) ( ) A contribuição sobre lucro líquido. e) ( ) Despesas operacionais. FONTE: Zdanowicz (1998) 3 O giro sobre o ativo total (GAT) é calculado a partir da relação entre a receita operacional líquida e o: a) ( ) Ativo operacional líquido. b) ( ) Ativo total. c) ( ) Patrimônio líquido. d) ( ) Passivo exigível. e) ( ) Ativo permanente. FONTE: Zdanowicz (1998) 4 Se a receita operacional líquida anual for de R$ 1.200,00 e o lucro operacional bruto de R$ 280,00, então a lucratividade bruta da empresa será: a) ( ) 18,53%. b) ( ) 13,33%. c) ( ) 8,71%. d) ( ) 23,33%. e) ( ) 15,71%. FONTE: Zdanowicz (1998) AUTOATIVIDADE 101 5 Calcule a TRI (taxa de retorno de investimento) e a TRPL (taxa de retorno do patrimônio líquido) da Cia. Misteriosa, que apresentou as seguintes informações: Lucro Líquido – R$ 20.833,00 Ativo Total – R$ 250.000,00 Patrimônio Líquido – R$ 137.500,00 Identifique com X a alternativa CORRETA. TRI TRPL a) ( ) 5,8% 9,1% b) ( ) 10,1% 17,9% c) ( ) 8,33% 15,15% d) ( ) 7,4% 16,13% e) ( ) Nenhuma das respostas acima. 102 103 TÓPICO 5 LIQUIDEZ DINÂMICA UNIDADE 2 1 INTRODUÇÃO Neste tópico vamos estudar aspectos referentes à liquidez dinâmica de uma empresa. 2 LIQUIDEZ DINÂMICA A liquidez dinâmica é utilizada para determinar a capacidade financeira da empresa que estiver pleiteando crédito, em geral. Reis (2009) explica que, quando o analista estiver verificando a solvência dos compromissos com terceiros, a preocupação estará voltada em apreciar a situação financeira da empresa. Este tipo de análise consiste em verificar a suficiência ou não de recursos em giro, aqui contemplados os valores disponíveis e os valores realizáveis, para o pagamento das dívidas da empresa. Quando o autor (2009) estiver se referindo à capacidade de pagamento a curto prazo, sua preocupação está voltada à liquidação das dívidas vencíveis no exercício seguinte ao do balanço, ou seja, até 365 dias. Determinar o Ativo Circulante Líquido é fundamental para a análise financeira, explica Reis (2009), porque corresponde à parcela do Ativo Circulante financiada por capital alheio a longo prazo e ou por capital próprio. Reis (2009) afirma ainda que um baixo índice de liquidez não pode ser considerada a causa dos problemas financeiros da empresa. O índice é apenas um reflexo dos efeitos provocados por diversos fatores. O retorno do Ativo Circulante, isto é, quanto maior for o tempo que a empresa levar para vender suas mercadorias e para receber o pagamento dessas vendas, maior deverá ser o montante dos recursos investidos em estoques e em créditos concedidos aos clientes. Pensando assim, toda elevação dos prazos de rotação dos estoques e de recebimento de vendas acarretará, inevitavelmente, aumento da necessidade de financiamento para o giro dos negócios. Infere o autor (2009) que as empresas que apresentam demorados prazos de retorno do Ativo circulante, isto é, rotação dos estoques mais recebimento das vendas, necessitarão de maior quantidade de recursos para financiar os estoques, 104 UNIDADE 2 | ANÁLISE PARA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO que permanecerão por mais tempo parados nas prateleiras, ou com os créditos com prazos mais longos concedidos aos clientes, estarão mais propensas a apresentar problemas financeiros. O prazo de pagamento das compras é um tipo de financiamento que pode ser usado sem maiores problemas, porque é rotativo, isto é, renovado automaticamente. Para complementar suas necessidades de financiamento, a empresa pode se valer de dois tipos de capital: 1) o capital próprio; 2) outros capitais de terceiros, aqui compreendidos empréstimos bancários e outras dívidas. (REIS, 2009). A liquidez dinâmica é calculada mediante a associação de três indicadores, a saber: a) índice de rotação de estoques (IRE); b) índice de rotação de valores a receber ou clientes (IRVR); c) índice de rotação de valores a pagar ou fornecedores (IRVP). O tripé formado por esses três índices será relevante à fixação dos percentuais de vendas à vista realizadas no período de análise e de vendas a prazo. (ZDANOWICZ, 1998). O cálculo do quociente de liquidez dinâmica (LD) é realizado pela aplicação da seguinte fórmula: LD = (IRE x QVV) + (IRVR x QVP) IRVP QVV = quociente de vendas à vista QVP = quociente de vendas a prazo IRE = índice de rotação de estoques IRVR = índice de rotação de valores a receber ou clientes IRVP = índice de rotação de valores a pagar ou fornecedores O autor ainda diz que a análise e interpretação da liquidez dinâmica, quando iguais a um, expressam equilíbrio da política financeira adotada pela empresa. Os recursos originados das vendas realizadas à vista e a prazo fluem ao caixa a um prazo compatível para liquidação das dívidas assumidas com os fornecedores. Abaixo de um, o indicador combinado poderá demonstrar que a empresa está desenvolvendo uma política financeira inadequada e, se assim continuar, poderá criar problemas futuros. TÓPICO 5 | LIQUIDEZ DINÂMICA 105 Acima de um, quanto maior o grau de liquidez dinâmica, maior será a capacidade financeira da empresa para atender à política empregada de financiamento das vendas e compras e de parcela das vendas realizadas a dinheiro. (ZDANOWICZ, 1998). IMPORTANT E O analista ao utilizar esse indicador combinado, deverá estender sua análise para um período significativo de três ou mais exercícios sociais. Reis (2009) trata a liquidez dinâmica como liquidez operacional e explica que ela é obtida pela comparação entre os prazos médios de rotação do Circulantee o prazo médio concedido pelos fornecedores. Exemplo: Liquidez Rotação dos Estoques Operacional = + Recebimento de vendas = 30 + 90 = 2,00 Pagamento de compras 60 No exemplo anterior, o autor (2009) apresentou a liquidez operacional que demonstra a relação existente entre os prazos de rotação e os valores básicos do Ativo e Passivo Circulantes. Neste exemplo o índice de rotação dos estoques é de 30 dias e o recebimento de vendas é de 90 dias, que, dividido por 60 dias (prazo de pagamento das compras), dá um resultado igual a 2,00, o que na análise financeira dos prazos médios do Ativo e do Passivo Circulantes, normalmente, uma expressiva diferença a maior nos prazos do Ativo (30 + 90 = 120 dias) em relação aos do Passivo (60 dias) é considerado um fator negativo para a capacidade de pagamento da empresa, haja vista que a dívida da empresa vence antes do recebimento das vendas. Se a empresa financia essa diferença com capital próprio, o seu índice de liquidez (por força dessa mesma diferença) será bastante elevado, o que é considerado, na análise tradicional, um fator altamente positivo para a capacidade de pagamento da empresa. De outro lado, a situação oposta, quando o PMPC (prazo médio de pagamento das compras) é maior do que a soma dos prazos do Ativo Circulante (PMRE + PMRV), é considerada positiva, enquanto provável liquidez deficitária decorrente é considerada negativa. (REIS, 2009). 106 UNIDADE 2 | ANÁLISE PARA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO LEITURA COMPLEMENTAR “PEQUENOS AINDA TÊM PROBLEMAS CONTÁBEIS” Quando uma pessoa controla o dinheiro pelo canhoto do talão de cheques, procurando equilibrar os depósitos com débitos, está fazendo um dos tipos mais simples de contabilidade pessoa física. Também é contabilidade o controle que a dona de casa faz das contas do mercado e das demais despesas, para chegar ao fim do mês sem débito. Numa grande empresa, a contabilidade envolve processos complicados e sofisticados, que exigem um grande número de pessoas, entre as quais especialistas em legislação tributária, contadores, advogados. Porém, no caso de uma microempresa, quando o empreendedor tem o dinheiro contado para a operação do negócio e não sobra muito para pagar serviços de terceiros, a área contábil ganha uma dimensão diferente. A imagem não é nova, mas continua valendo: quem tem mais cara e coragem do que capital, e mesmo assim se atreve a abrir uma empresa (caso da maioria dos novos empreendedores), é obrigado a bater escanteio, correr mais que a bola e cabecear para o gol – e, se possível, marcar o gol, claro para não ficar atrás da concorrência. Antes era pior, quando não existiam, por exemplo, o Estatuto da Microempresa e outros processos que facilitaram a vida da pequena empresa, como o Simples. Mas ainda assim permaneceu uma boa carga de burocracia. Mesmo para uma microempresa – a forma jurídica mais descomplicada de desenvolver um negócio -, existem inúmeras obrigações fiscais. Veja só: declaração anual do Imposto de Renda Pessoa Jurídica, Declaração para Índice de Participação dos Municípios (Dipam-ME), Declaração Anual de Microempresa (para prefeitura), Declaração de Contribuição e Tributos Federais, trimestral (DCTF), pagamento de impostos e escrituração dos livros de entrada, inventário, livro-caixa, livro registro de notas fiscais emitidas e do livro de recebimento de impressos fiscais e termos de ocorrência. Ufa! E não se esqueça: perdeu o prazo, vem a obrigação de arcar com multas, em alguns casos, juros de mora. (grifos nossos) FONTE: Disponível em: <http://blogvelani.blogspot.com/2009/04/ainda-tem-problemas- contabeis.html>. Acesso em: 17 dez. 2010. 107 RESUMO DO TÓPICO 5 O Tópico 5 abordou a liquidez dinâmica que é calculada mediante a associação de três indicadores: índice de rotação de estoques (IRE); índice de rotação de valores a receber ou clientes (IRVR); índice de rotação de valores a pagar ou fornecedores (IRVP). O cálculo do quociente de liquidez dinâmica (LD) é realizado pela aplicação da seguinte fórmula: LD = (IRE x QVV) + (IRVR x QVP). IRVP A análise e interpretação da liquidez dinâmica, quando iguais a um, expressam equilíbrio da política financeira da empresa. Reis (2009) trata a liquidez dinâmica como liquidez operacional e explica que ela é obtida pela comparação entre os prazos médios de rotação do Circulante e o prazo médio concedido pelos fornecedores. Exemplifica: Liquidez Operacional = Rotação dos Estoques + Recebimento de vendas = 30 + 90 = 2,00 Pagamento de compras 60 Neste exemplo o índice de rotação dos estoques é de 30 dias e o recebimento de vendas é de 90 dias, que, dividido por 60 dias (prazo de pagamento das compras), dá um resultado igual a 2,00, que significa na análise financeira dos prazos médios do Ativo e do Passivo Circulantes, uma expressiva diferença a maior nos prazos do Ativo (30 + 90 = 120 dias) em relação aos do Passivo (60 dias) considerado um fator negativo para a capacidade de pagamento da empresa, haja vista que a dívida da empresa vence antes do recebimento das vendas. De outro lado, se a situação tivesse sido oposta, ou seja, o PMPC (prazo médio de pagamento das compras) fosse maior do que a soma dos prazos do Ativo Circulante (PMRE + PMRV), seria considerada positiva, enquanto provável liquidez deficitária decorrente é considerada negativa. (REIS, 2009). 108 1 Segundo Zdanowicz (1998), um dos indicadores combinados que expressa se a política financeira adotada tem sido favorável ou desfavorável para a empresa é a/o: a) ( ) Ponto de equilíbrio. b) ( ) Liquidez dinâmica. c) ( ) Método Monte Carlo. d) ( ) Capital circulante líquido. e) ( ) Rentabilidade. As informações a seguir servirão de base para responder às questões 2 e 3. (ZDANOWICZ, 1998). Prazo médio de rotação dos estoques 40 dias Prazo médio de rotação de valores a receber 90 dias Prazo médio de rotação de valores a pagar 180 dias Quociente de vendas a prazo projetado 80% Capital circulante próprio R$ 500.000 Período de amortização do financiamento 120 dias Valor do financiamento pleiteado R$ 400.000 Lucro líquido anual R$ 600.000 2 Qual é a liquidez dinâmica, considerando o período de um exercício social? a) ( ) 1,40. b) ( ) 2,50. c) ( ) 1,00. d) ( ) nula. e) ( ) 1,50. 3 Utilizando os dados da questão anterior, responda: qual é o índice de rotação dos estoques da empresa? a) ( ) 2 b) ( ) 9 c) ( ) 4 d) ( ) 3 e) ( ) 5 AUTOATIVIDADE
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