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RESUMO COMPLETO - Teoria Geral do Processo ZEFERINO

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AULA I – DIFERENÇA ENTRE AUTOTUTELA E AUTODEFESA E DEFINIÇÃO DE AUTODEFESA E AUTOCOMPOSIÇÃO
	Autotutela e autodefesa pela classificação de Pontes de Miranda:
AUTODEFESA: há o ato de evitamento, que tenta evitar que o ato de violência se consume. A autodefesa se consubstancia nas figuras da legítima defesa e do estado de necessidade. Ela é permitida por força de suas circunstâncias e da sua natureza.
AUTOTUTELA: Pontes de Miranda denomina como justiça de mão própria, denotação que explicita a sua natureza. Não é um mero ato de evitamento, pois a transgressão já foi consumada no mundo jurídico. Consiste na substituição do juiz por uma das partes, que deduz a pretensão perante si mesmo e realiza o ato pela imposição da sua decisão sobre a outra parte.
	A autotutela é incriminada nos dias de hoje pelos arts. 345 e 350 do código penal, porque ela torna a realização da justiça precária e aleatória. A justiça de mão própria revela OU um primitivismo da organização social OU uma regressão ocasional a que uma sociedade pode chegar por meio de uma realidade atual qualquer. Ex: guerra civil, calamidade.
	Pontes de Miranda apontou que a autotutela e a autodefesa integram o gênero, dentro do universo dos atos ilícitos, da pré exclusão da antijuridicidade, a despeito de uma regra geral que incide e torna ilícito o ato. Neste gênero está também, por exemplo, o exercício regular do direito, pois se um dano é causado a outrem dentro deste exercício, não há ilicitude.
	Pontes de Miranda fala que a justiça de mão própria é “ineficiente contra os mais fortes, perigosa para os mais fracos e perturbadora da ordem entre os de igual força”. Ou seja: é preciso ter força, estrutura, recursos e capacidade para praticar autotutela.
	A despeito de se ter como princípio a vedação à autotutela, Pontes de Miranda ressalta que ela é ineliminável. Diante de determinadas situações, a autotutela pode ser a única forma de preservar um direito. Por isso ele dá ao art. 345 CP uma interpretação elástica à palavra LEI, interpretando-a como DIREITO.
	A autotutela, como justiça de mão própria, entra em confronto com o Princípio do Monopólio Estatal da Justiça. Este princípio presume que o Estado estaria em todo lugar, à disposição do cidadão e com capacidade de eficácia com relação à tutela jurisdicional. Mas este é um princípio que se mostra relativo, porque haverá algumas situações em que o Estado não estará presente. E é diante da impossibilidade de o cidadão recorrer ao Estado que se configura a situação citada por PdM para a ocorrência da justiça de mão própria: a regressão ocasional que resulta na ausência do Estado. Nessa situação, o direito autoriza a autotutela, independentemente da previsão em lei. Para que seja garantida a incidência da norma especial de exclusão da ilicitude, é necessária a presença dos seguintes pressupostos: 1) não ser possível obter a tempo a tutela jurídica prometida pelo Estado;
		2) não ser possível aguardar sem dano irreparável ou de difícil reparação que a tutela jurídica estatal se dê;
		3) justiça res ducta, em que um parte exerça a pretensão para a qual seri atendido se fosse para juízo estatal.
	Lembrar que o fato da possível utilização da autotutela não extingue a possibilidade de controle jurisdicional a posteriori. Se houver provocação do juízo, ele examinará, por meio daquele que sofreu dano, se houve de fato a autotutela ou não. Se qualquer um dos pressupostos não for atendido, prevalecerá a norma geral de ilicitude.
AUTOCOMPOSIÇÃO: é um tipo de resolução de conflitos PARCIAL, ou seja, feito pelas próprias partes. Só incide sobre direitos disponíveis.
MODALIDADES: 1) Renúncia: ato unilateral em que o titular da pretensão resistida renuncia;
		2) Submissão: ato unilateral em que o obrigado que resistia se submete, eliminando a divergência;
		3) Transação: ato bilateral em que os conflitantes fazem concessões recíprocas, há MUTUALIDADE de concessões.
	Segundo Alcalá Zamora, a autocomposição é uma solução altruística, em que as partes conhecem seus problemas e possibilidades, promovendo um resgate da cidadania. Pode-se dizer que a autocomposição é estimulada porque tem um elevado grau de sucesso em relação ao cumprimento das obrigações, no sentido quantitativo.
	É dever do juiz tentar autocomposição entre as partes. Atualmente, o sucesso deste dever é perceptível no Juizado de Pequenas Causas, onde aumentou significativamente o nível de cumprimento das obrigações. O que ainda falta à efetivação do modelo autocompositivo é a presença de um conciliador do Juizado, um amigo em comum para casos de exaltação durante o processo.
	Não se pode dizer, porém, que a autocomposição seja mais recomendável do que a jurisdição estatal. Em termos de segurança, a jurisdição estatal ainda é a melhor opção, pois de acordo com A.Z., existem as chamadas autocomposições aparentes: apesar da aparente formalidade do acordo, uma das partes abdica de direitos por circunstâncias impostas, gerando acordos prejudiciais. Outro fator que torna aparente a autocomposição é o desconhecimento da extensão dos próprios direitos, que faz com que o indivíduo abdique aparentemente da autocomposição.
AULA II – INTRODUÇÃO À ARBITRAGEM
	A mediação, a conciliação e a arbitragem são 3 modos de solução de conflitos que envolvem, de diferentes formas, a presença de terceiros. Seus conceitos são:
MEDIAÇÃO: é a forma de resolução na qual o terceiro é a ponte de ligação entre as partes. Esta ligação é meramente comunicativa, ou seja > o mediador pode, no máximo, sugerir uma solução. Ex: intérprete de idioma.
CONCILIAÇÃO: o terceiro tem a função específica da persuasão. O conciliador deve tentar convencer os conflitantes a resolverem por si mesmos seu conflito de interesses. Deve tentar obter das partes uma autocomposição. A conciliação é a própria atividade persuasiva, e terá ocorrido mesmo que não haja solução do conflito por este meio.
ARBITRAGEM: sistema de julgamento que dispõe de presença do árbitro, que é o terceiro que atua como juiz privado.
OBS: arbitragem ≠ arbitramento. Arbitramento é um juízo de valor, uma estimativa acerca de algo.
ARBITRAGEM
FUNDAMENTOS: o uso da arbitragem hoje é fundamentado pela insuficiência da intervenção do Estado na pretensão jurisdicional, na morosidade do processo, nos custos mais elevados da jurisdição estatal. Fora isso, existe também a especialização do árbitro em determinado tipo de conflito e o próprio incentivo da ONU ao uso da arbitragem, a a partir da criação da Lei Tipo que serve de base para as leis de arbitragem de muitos países, inclusive do Brasil.
CARACTERÍSTICAS: a arbitragem é uma solução de conflitos heterônoma, ou seja, feita por obra de terceiro. Este terceiro é chamado em razão da confiança de ambos os conflitantes. A arbitragem só poderá incidir sobre direitos disponíveis. No Brasil, a arbitragem deve ser facultativa, em respeito ao princípio da Inafastabilidade da Jurisdição. Ela também é confidencial, pois o árbitro não pode divulgar e as audiências não são públicas. Existe, quanto ao sigilo, o apontamento de aspectos positivos, como permitir ao perdedor que reestabeleça suas atividades sem que seja atingida a sua reputação, e de aspectos negativos, como a subtração da possibilidade de vigilância da sociedade sobre transações que possam incidir na esfera pública. A arbitragem também é informal por excelência, para que seja garantida a celeridade do processo.
O ÁRBITRO – CARACTERÍSTICAS E ATRIBUIÇÕES: o árbitro age na forma de um juiz privado, e precisa ser imparcial e independente. Ele julga e decide sobre os fatos e o direito, por isso se diz que o árbitro é juiz de fato e de direito. O critério do árbitro, sua fonte de direito é o poder de uso da equidade: ele pode usar os parâmetros da lei, mas não está preso a eles. No ordenamento brasileiro, cabe às partes conflitantes escolher se a arbitragem será de equidade ou de direito. Se esta vontade não for expressa, entende-se que será usada a arbitragem de direito, de acordo com as leis vigentes. Já se forescolhida a arbitragem de equidade, compreende-se que a decisão do árbitro deve estar de acordo com as expectativas de ambas as partes. Isto ocorre porque a equidade confere ao árbitro uma discricionariedade e não a arbitrariedade. Ou seja: o árbitro deve encontrar uma solução nas circunstâncias que esteja de acordo com padrões coletivamente aceitos.
	O árbitro deve proceder com: imparcialidade, independência, diligência e discrição. A independência assegura a imparcialidade; a especialização assegura a competência; a diligência assegura a celeridade do processo; o princípio do sigilo assegura que o árbitro seja discreto.
	O árbitro atua tanto como juiz de fato quanto como juiz de direito, pois ele julga e sentencia as questões do direito. Sua manifestação final é a sentença.
AULAS III e IV – LEI 9037/96 E ELEMENTOS DA ARBITRAGEM
	É impossível tornar a arbitragem obrigatória por via de lei, ex lege. Ela pode se tornar obrigatória contratualmente, em negócio jurídico determinado, dependendo da vontade das partes.
	A arbitragem é uma via complexa de solução de conflitos, pois é um verdadeiro sistema de julgamento. Ela deve necessariamente se referir a direitos disponíveis, sob pena de nulidade. São caracteres da arbitragem:
CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA: exige a forma escrita e é um pacto selado mediante contrato, pelo qual os contratantes se comprometem a utilizar a arbitragem como forma de resolução de conflito que vier a existir. A cláusula compromissória se tornou obrigatória e vinculativa a partir da lei 9307/96. Porém, vale lembrar que a cláusula obriga as partes, mas não obriga o juiz , porque a jurisdição é de ordem pública e responde pela soberania, não podendo ser afastada por vontade particular.
	O caráter vinculativo e obrigatório da cláusula compromissória é conferido nos arts. 6º e 7º da lei 9307/96. Neles, é garantida a sua autoridade, pois se uma das partes resiste em instituir a arbitragem que foi acordada em cláusula no contrato, a outra parte vai a juízo e obtém pelo art. 7 uma ação. Neste caso, o juiz estatal deverá instituir a arbitragem, finalizando sua atribuição no caso, já que julgar e sentenciar o conflito é tarefa do árbitro. O juízo só deverá interferir para viabilizar a arbitragem e para exercer controle a posteriori.
COMPROMISSO ARBITRAL: contrato entre conflitantes, que contém a capacidade e o poder de instituir efetivamente a arbitragem diante de um conflito já instalado. Para haver compromisso arbitral, não é necessário que haja existência prévia de cláusula compromissória. Ele pode ser judicial ou extrajudicial. No judicial, existe uma demanda em curso e as partes decidem resolvê-la por arbitragem. Então o juiz extingue o processo e inicia a arbitragem. Já o compromisso extrajudicial é celebrado por escrito particular assinado por duas ou mais testemunhas, ou por instrumento público.
RECEPTUM/ACEITAÇÃO: aceitação entre árbitro e conflitantes, pois o árbitro deve aceitar o compromisso de julgar e decidir. De acordo com PdM, é um contrato sui generis parecido com o contrato de prestação de serviço, do qual ele se diferencia pelo fato de o árbitro julgar e decidir.
	A arbitragem é considerada instituída quando o árbitro que for escolhido pelas partes aceita a nomeação na fase do receptum.
PROCESSO: o princípio básico do processo é a informalidade, pois é justamente nesta fase que a arbitragem deve tornar eficaz o seu sentido finalístico que é a celeridade, a sua discricionariedade. Por isso, a lei deixa a fixação dos procedimentos a serem adotados a critério das partes (poder de instituir um regulamento ou aderir a um regulamento arbitral já existente), já que elas podem definir poderes ao árbitro. No processo arbitral não cabe recurso, pois não há o princípio do duplo grau de jurisdição.
O árbitro deve, sob pena de nulidade, tentar a conciliação das partes no início do procedimento. É mais um modo pelo qual o direito brasileiro estimula a autocomposição.
Ele poderá tomar depoimentos, ouvir testemunhas e determinar a realização de perícias ou provas, mediante requerimento das partes ou de ofício. Isto ocorre porque o seu poder de monitoramento NÃO depende do poder dispositivo das partes, pois ele possui iniciativa probatória ou de ofício.
Ninguém poderá compelir depoimento pessoal, nem o juiz estatal, porque ninguém está obrigado a produzir provas contra si mesmo. Caso a parte se omita sem justa causa, o árbitro pode presumir verdadeiro, levando em conta o seu comportamento.
Já a testemunha tem obrigação de prestar depoimento. Em caso de falta, o juiz arbitral terá que solicitar ao poder judiciário que a determine.
Havendo necessidade de medidas cautelares ou coercitivas, o árbitro poderá solicitá-las ao poder judiciário, já que ele não tem o poder de coerção.
Os fundamentos da decisão são requisitos obrigatórios da arbitragem, devendo conter as análises de questões de fato e direito e também se o árbitro julgou por equidade.
SENTENÇA: é o que se persegue no sistema arbitral: não há apenas o julgamento, há também a sentença. A manifestação final do árbitro é a sentença, pois ele julga e define as questões de fato e de direito, dando a solução para o conflito. Como na sentença arbitral não cabe recurso ou homologação pelo poder judiciário, não mais se pode considera-la um laudo: ela é uma sentença.
Se uma das partes não comparecer, ainda assim o árbitro proferirá a sentença. Ela produz os mesmos efeitos da sentença proferida pelos órgãos do poder judiciário e, sendo condenatória, constitui título executivo. Ela será nula se emanou de quem não poderia ser árbitro; se houver ação de execução prevista em cláusula compromissória; se houver julgamento de direito indisponível.
NATUREZA JURÍDICA DA ARBITRAGEM: a autoridade do árbitro, segundo a teoria de ampliação da jurisdição, era prevista em lei. Porém, esta teoria é facilmente derrubada ao constatar que o poder do árbitro e seu fundamento de julgar advêm da vontade dos conflitantes e não da lei. A lei apenas torna a arbitragem eficaz depois do receptum.
Por isso, a autoridade do árbitro é fundamentada pela teoria da natureza jurisdicional da arbitragem, pois ela, como modo alternativo de solução de conflitos, tem em comum com a jurisdição estatal a heteronomia, sendo a única distinção de cunho funcional/estrutural, já que um julgador é estatal e o outro é privado. O árbitro só não tem: poder de execução e de coerção.
POR QUAIS PRINCÍPIOS A ARBITRAGEM PODERIA SER INCONSTITUCIONAL? Inafastabilidade da jurisdição: mas não é inconst, pois nesse caso a jurisdição não é afastada, pois a arbitragem envolve direitos disponíveis. Então há um afastamento const, já que está protegido pela autonomia da vontade.
AULA V – FASES EVOLUTIVAS DO DIREITO PROCESSUAL
FASE 1 → SINCRETISMO: não havia distinção entre os planos dos direitos material e processual. Havia um amalgamento, uma simbiose. Não havia preocupação com a distinção teórica entre o direito processual e o direito material, porém a base da sua codificação e respectiva separação já estava dentro de uma breve linha de compreensão de como seria a relação entre os sujeitos do processo.
FASE 2 → AUTONOMIA OU CONCEITUAL: fase em que vão se apurar conceitos, institutos e princípios básicos do direito processual. A partir das distinções feitas nessa fase é que o direito irá adquirir autonomia como ciência. Oskar Bulow é considerado o fundador do direito processual como ciência: ele centraliza seu estudo na distinção sistemática da relação processual e da relação material. Adolph Hach estudou a ação, o direito à obtenção da tutela jurisdicional do Estado, considerando-a um direito autônomo independente do direito material. James Goldschimitt passou a considerar o processo uma situação jurídica, já que a efetivação de um direito em juízo transforma a certeza do direito em uma mera expectativa. Também explicitou a fluidez e o dinamismo processual. Giuseppe Chiovenda via a ação como direito potestativo, e seu exercício pelo autor apenas como uma oportunidade de o Estadofazer valer a vontade da lei.
Verifica-se, então, que à medida que a doutrina vai se afirmando, o d. processual também passa a se afirmar autonomamente, firmando seu objeto e método, formando a ciência em si. O próprio d. processual vai se aperfeiçoando, pois toda ciência devolve ao seu objeto tudo aquilo o que ela conseguiu apreender e aperfeiçoar da sua compreensão.
FASE 3 → INSTRUMENTALISTA: visualiza o d. processual como instrumento de realização do direito. Deve-se pensar que, apesar de o intuito imediato do indivíduo que aciona a jurisdição estatal é o seu próprio interesse, a tutela que será dada pelo Estado deve estar em conformidade com o padrão do ordenamento estabelecido, à medida que este interesse e o ordenamento coincidam. Ou seja: o conflito, por mais particularizado que seja, está afetado por um direcionamento da solução, por um modo de atuar do órgão jurisdicional. Este modo interessa a todos pois, apesar de as partes terem um papel importante no sentido de que a quantidade de dados e argumentos que são trazidos para o processo e que influenciam no nível de justiça da sentença, todos esperam que o tribunal decida corretamente e com justiça.
Para chegar ao pensamento instrumentalista da terceira fase evolutiva do d. processual, é preciso entender o papel do processo, da jurisdição, do que o Estado poderá fazer e do o juiz pode fazer.
O principal papel do d. processual é o ACESSO À JUSTIÇA, que não é constituído apenas pelo poder judiciário: este é apenas um aspecto do acesso como um todo. O maior problema é a entrada e saída do processo, a preocupação com a prestação jurisdicional em tempo razoável. Há também a necessidade de conhecimento, pois o cidadão só terá acesso à justiça se tiver, antes de tudo, o conhecimento de seus direitos. Outro grande problema do acesso à justiça é a questão econômica: o indivíduo não tem condições de arcar com as despesas do processo. O acesso à justiça implica também na busca por decisões mais justas possíveis da solução do conflito. Quanto a isso, cabe não só ao juiz, mas também às partes a busca por esta justiça. Diz-se que as partes são colaboradoras necessárias ao acesso à justiça. Quanto ao conhecimentos dos direitos, existem iniciativas governamentais para este fim, como o PROCON e o SECON.
A busca pelo acesso à justiça passou, no discorrer do tempo, por ONDAS FUNDAMENTAIS:
1ª ONDA → era de assistência jurídica aos necessitados, e tinha por fim a orientação jurídica às pessoas que não tinham condição econômica de pagar um advogado. Foi propiciada a gratuidade deste serviço, por via de advogados particulares que tinham seus honorários pagos pelo Estado.
2ª ONDA → dava foco à proteção dos interesses metaindividuais, tentando mudar a visão individualista do processo e assim proteger mais amplamente os direitos difusos (que pertencem à pessoas indeterminadas) e os direitos coletivos (que pertencem a um grupo de pessoas determinadas e ligadas por um vínculo comum). Ex: possibilidade de pleitear ação pública em prol de tais interesses.
3ª ONDA → faz uma revisão geral das estruturas e normas, no sentido de dar efetividade à justiça. Buscou a maior efetividade do acesso à justiça, por meio de revisões do modo de ser do processo, garantindo que sua instrumentalidade seja usada para garantir os escopos do processo. E, como a questão processual é apenas um aspecto do acesso à justiça estimulou-se também que o cidadão buscasse a solução de conflitos por meios de resolução alternativos à jurisdição. Quanto à jurisdição, foi buscada uma reestruturação dos órgãos e a aproximação entre juiz e cidadão. Em suma, a terceira onda fundamental buscou o acesso à justiça por meio da efetiva instrumentalidade e atualidade do processo em todos os seus aspectos.
CARÁTER PUBLICISTA DO PROCESSO: é baseado na percepção de que, para além da mera individualidade do conflito, existe também a sua repercussão no meio social em geral. Diante deste ponto, o acesso à justiça aparece como um verdadeiro direito social. Por isso, é preciso que o órgão judiciário haja com eficiência, correção e justiça, como um sinal positivo para todos. O caráter publicista se relaciona com o princípio da publicidade.
Quanto aos escopos, à finalidade do d. processual, eles podem ser:
ESCOPOS SOCIAIS → o Estado, através do exercício da jurisdição, desempenha uma função educativa para que as pessoas passem a conhecer seus direitos e deveres. Assim, a sociedade passa a confiar na estrutura da justiça e a respeitar o direito do próximo. O resultado dessa função educativa é o resgate da credibilidade do poder judiciário e o evitamento da violação ao direito alheio, já que a sociedade tem conhecimento de onde buscar amparo. Logo, a finalidade do escopo social do processo é assegurar a paz social por meio da educação.
ESCOPOS POLÍTICOS → o Estado tem a finalidade de proteger o patrimônio público e a moralidade administrativa. Para alcançar este fim, o Estado se define e se impõe, garantindo a sua própria autoridade como legislador, ao passo que garante a autoridade do ordenamento vigente.
ESCOPOS JURÍDICOS → o d. processual se apresenta como o instrumento pelo qual o Estado garantirá o direito material. Para isto, ele faz valer, nos casos concretos, o direito vigente. Ou seja: a finalidade do escopo jurídico é garantir a própria instrumentalidade do processo.
Formas pelas quais o processo irá garantir o atingimento dos seus escopos:
ADMISSÃO AO PROCESSO → é um aspecto particular do processo, que garante o seu próprio acesso à justiça. Consiste no fato de se poder postular, propor em juízo a sua pretensão. Seu caráter primordial é a universalidade, a possibilidade que toda e qualquer pessoa tenha acesso à jurisdição estatal e à consequente proteção de seu interesse, seja ele individual, coletivo ou difuso.
MODO DE SER DO PROCESSO → é o estímulo à efetiva participação das partes dentro do processo, para que elas tragam o máximo de informações e argumentos. As partes têm a garantia, diante do devido processo legal, que o processo se desenvolva de acordo com o que está previsto em lei (o processo é vinculado ao devido processo legal). As partes também têm uma expectativa certa do que podem obter, do que podem fazer e do que podem exigir tanto do juiz quanto da outra parte.
JUSTIÇA DAS DECISÕES → o juiz deve buscar fazer justiça a partir da interpretação das leis, respeitando a vontade legislativa (já que esta é fruto do ordenamento jurídico). O julgamento contra legem é excepcional e requer uma situação particular e com motivação muito forte.
EFETIVIDADE DAS DECISÕES → consiste na garantia da utilidade das decisões, afim de que elas ocorram antes da parte sofrer dano irreparável ou de difícil reparação. Ex: medida cautelar, que será dada de acordo com a plausibilidade, a relevância de fundamentos e o risco de que a demora cause tal dano.
AULA VII – PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS
O princípio é responsável por informar a concepção na regulação das contingências através da norma jurídica. Ele pode estar expressamente declarado ou pode estar inserido por indução das normas particulares. Os princípios podem ser gerais ou formativos/informativos.
PRINCÍPIOS FORMATIVOS/INFORMATIVOS: são verdadeiros postulados do d. processual, que são considerados axiomas do d. processual e não dependem do reconhecimento expresso de nenhum ordenamento. Entre eles, estão
	P. LÓGICO →consiste em escolher meios rápidos eficazes de descobrir a verdade real e evitar o erro. Isto é um problema, pois: o d. processual, muitas vezes, vai se contentar em estabelecer a chamada verdade formal, ou seja, um fato que se presume acontecido como tal, uma vez que o juiz só pode trabalhar com o que está nos autos ( que, por sua vez, pode não ser a verdade real ou completa, mas é a verdade que deverá ser levada em conta pelo juiz).
	P. JURÍDICO → prevê igualdade no processo e justiça na decisão. Visa a pacificação social com justiça, e é por isso que o Estado avocou o monopólio sobre a justiça: para garantir esta paz social.
	P.POLÍTICO → visa o máximo de garantia social, com o mínimo de sacrifícios individuais da liberdade. Prevê a eficácia social.
	P. ECONÔMICO → prevê que o processo seja acessível a todos, quanto a seu custo e à sua duração. Garante a economia propriamente dita e a economia temporal, já que esta influi na quantidade de vantagens.
PRINCÍPIOS GERAIS: são universalmente aceitos, porém são mais vulneráveis às contingências de cada nação. Além disso, dependem de um acatamento expresso do ordenamento jurídico.
	P. DA IMPARCIALIDADE DO JUIZ → é um pressuposto de validade processual, já que a lei processual prevê as situações objetivas em que a parcialidade do juiz se presume. Também é um dos elementos do p. do juiz natural, que por sua vez afasta o tribunal de exceção (aquele que consiste num juizo). O p. da imparcialidade do juiz serve tanto para o juiz estatal quanto para o árbitro. É inerente à heteronomia e dá aos cidadãos a garantia de um julgador imparcial e independente (não afetado pelo conflito), investido (com atribuição da qualidade de juiz pelo órgão) e competente (com competência julgar) segundo as normas constitucionais e infraconstitucionais pré-estabelecidas.
	P. DA IGUALDADE PROCESSUAL → consiste na aplicação do princípio da isonomia na relação processual. Isto ocorre a partir da garantia à igualdade de tratamento, que autor e réu tenham as mesmas oportunidades e instrumentos de postulação e defesa do processo. Também abrange o próprio acesso ao processo, ao órgão do poder judiciário. A igualdade processual busca a isonomia substancial, a partir do tratamento igual entre iguais e desigual entre desiguais à medida da sua proporcionalidade. Ex: prazos mais vantajosos para o MP e a Fazenda Pública, por escassez de funcionários que pode resultar na impossibilidade de conseguir a tempo as informações necessárias à realização da defesa.
	P. DO CONTRADITÓRIO → é o resultado da dialética, da bipolaridade que é inerente ao conflito. Dispõe que ambas as partes têm o direito de conhecer os atos e fatos do processo e de ter a oportunidade de reagir quanto a eles. Isto é referente tanto ao lado ativo quanto ao lado passivo.
	P. DA AMPLA DEFESA → tem o sentido unilateral de que o réu terá sempre a oportunidade de se defender, dentro da razoabilidade dos prazos (sob pena de considerar o réu sem defesa e consequente nulidade do processo).
	P. DA AÇÃO OU DA DEMANDA → diz que o poder judiciário é inerte, ou seja, quem deseja a prestação jurisdicional é obrigado a busca-la. Logo, quem tem iniciativa da demanda é a própria parte, não o judiciário. O juiz não deve proceder de oficio e não tem a iniciativa da demanda em nome da preservação da imparcialidade. Este princípio comporta exceções no ordenamento, como a ação executiva trabalhista, que é iniciativa de ofício independentemente de provocação. Estas exceções são relativas, pois não foi nem mesmo próprio da atividade do juiz buscar casos de exceção (eles chegam ao juiz indiretamente). Existe a possibilidade de emendatio libelli, no qual os fatos são os mesmos e o juiz apenas deve corrigir o enquadramento legal dos fatos; e de mutatio libelli, no qual as circunstâncias evidenciam outro delito que não foi objeto de acusação, tendo o juiz que devolver ao órgão acusador para que ele edite ou não a denúncia.
	P. DA DISPONIBILIDADE → predomina no processo civil e diz respeito à liberdade que o titular da pretensão tem de propor ou não a demanda, sendo que a disponibilidade da ação é quase absoluta na área civil.
	P. DA INDISPONIBILIDADE → predomina no processo penal e diz respeito à obrigatoriedade do titular da pretensão de propor a ação. Ex: pretensão punitiva do Estado e seus desdobramentos (o inquérito não poderá ser arquivado, a denúncia tem que ser oferecida, não pode ser retratada a denúncia nem desistir do recurso que haja interposto).
	P. DISPOSITIVO → se refere a um processo já instaurado e significa que cabe às partes e não ao juiz a iniciativa quanto às provas e alegações. Tem sentido estrito. Vem sendo mitigado pela ideia do juiz participativo e pelo p. da livre investigação das provas.
	P. DA LIVRE INVESTIGAÇÃO DAS PROVAS → significa o inverso, a plena capacidade do juiz de investigar e de buscar a verdade dos fatos independentemente da provocação das partes, apesar de ela não ser vedada. Enquanto o processo civil é marcado pela possibilidade da verdade formal, no processo penal o juiz busca essencialmente a verdade real. Este princípio é fundamentado pelo compromisso do juiz com a eficiência e celeridade do processo.
	P. DO IMPULSO OFICIAL → dispõe que, instaurado o processo, o juiz é quem tem o dever de impulsionar o processo fase a fase até o seu desfecho. É reforçado pelo p. da economia processual, no sentido de que a prestação jurisdicional em tempo hábil e curto necessita da autonomia do legislador para tal impulso. Mitiga o p. dispositivo.
	P. DA ORALIDADE → apesar de haver a possibilidade de um processo misto, sempre que possível ele deve ser praticado oralmente (quanto à sua forma prática, e não à documentação, que normalmente é escrita). Propiciona o contato direto entre o juiz e as partes, implicando na informalização; concentração dos atos processuais; eliminação de recursos extraordinários; economia processual temporal.
	P. DO LIVRE CONVENCIMENTO DO JUIZ OU DA PERSUASÃO RACIONAL DO JUIZ → é intermediário entre o p. da prova legal, em que o juiz não tem margem de interpretação dos fatos e está vinculado a critérios previamente estabelecidos, afim de evitar que o juiz modifique a lei; e o p. de julgamento segundo a consciência, no qual o juiz pode decidir de acordo com as provas, sem provas e até contra elas: é o que acontece no caso dos jurados que, como juízes de fato, podem decidir contra a prova, cabendo apelação apenas uma vez. Se o novo júri decidir outra vez contra a prova dos autos, o réu estará absolvido ou condenado. O p. do livre convencimento, então, define que o juiz tem que ser racionalmente convencido pelas partes a decidir em seu favor. Leva ao p. da motivação, que dá ao juiz a possibilidade de decidir contra a prova pericial, mas somente através de uma prova crítica, racional e fundamentada.
	P. DA PUBLICIDADE → o acesso a qualquer processo ou ato processual é de todo e qualquer cidadão. A publicidade só será reduzida em casos de processos que corram em segredo de justiça. São casos em que a restrição à publicidade garante a ordem pública e assegura a intimidade das partes.
	P. DA LEALDADE PROCESSUAL → preceitua que todos os que atuam no processo devem ter compromisso com a probidade da apuração da verdade e com a celeridade do processo.
	P. DA ECONOMIA PROCESSUAL → deve-se procurar, no processo, o máximo de resultado com o mínimo esforço de tempo e de gastos financeiros.
	P. DA INSTRUMENTALIDADE → age em contraponto com o p. da relevância das formas, que prescreve que a forma processual é imperativa e deve ser obedecida, sob pena de nulidade. A instrumentalidade das formas prevê que, se o ato foi praticado em desconformidade com a lei, mas atingiu sua finalidade e não houve prejuízo, este deve ser aproveitado (torna a forma instrumental). A aceitação deste princípio se dá porque, além de não implicar nenhum dano com a sua aplicação (mesmo que de modo diverso ao que dispõe a lei), ele também garante a efetividade do p. da economia processual.
	P. DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO: prescreve a possibilidade da parte vencida, total ou parcialmente, pedir a revisão do processo, afim de obter uma reforma na decisão, uma modificação. Os aspectos negativos são: a procrastinação do processo; a diminuição da credibilidade do poder judiciário, quando há modificação nas decisões; o fato de não se poder dizer que a decisão em segunda instância é melhor do que a primeira instância. Os aspectos positivos são: que o juiz de primeiro grau passa a ser mais cuidadoso, uma vez que sabe que há possibilidade de revisão da decisão; o fato de que é uma nova oportunidade da parte vencida; a segunda instância geralmente é decididapor outro órgão, que, de regra é colegiado e integrado por juízes mais experientes (esse órgão, junta coisas semelhantes, forma uma uniformização da interpretação da lei, o que contribui para garantir uma melhor estabilidade social).

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