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Direito Processual Civil p/ AJAJ TRE MG Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges – Aula 03 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 44 AULA 03: Competência: em razão do valor e da matéria; competência funcional e territorial; modificações de competência e declaração de incompetência. SUMÁRIO PÁGINA 1. Cronograma 01 2. Capítulo V: Competência: em razão do valor e da matéria; competência funcional e territorial; modificações de competência e declaração de incompetência. 1. Fixação da competência 2. Modificação de competência 2.1. Pela inércia do réu 3. Classificação 3.1. Distinção entre competência absoluta e competência relativa. 3.2. Em razão da matéria 3.3. Em razão do valor da causa 3.3.1. Lei 12.153/2009 3.4. Competência territorial 3.5. Competência funcional 4. Conflito de competências 5. Competência Internacional 5.1. Competência exclusiva (prevista no art. 89) 5.2. Competência concorrente (prevista no art. 88) 6. Declaração de incompetência 6.1. Dever de declaração 02 3. Resumo 23 4. Questões comentadas 25 5. Lista das questões apresentadas 36 6. Gabarito 44 Direito Processual Civil p/ AJAJ TRE MG Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges – Aula 03 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 44 “Autorrespeito é o fruto da disciplina. O senso de dignidade cresce com a capacidade de dizer para si: não”. (Abraham Heschel) Diga não às festinhas fora de hora, à preguiça, e perceba que sua mente deve controlar seu corpo, não o contrário. CAPÍTULO V: DA COMPETÊNCIA As regras da competência estão presentes na Constituição Federal (arts. 92 e ss), no CPC (arts. 86 e ss), em legislação esparsa, no regimento interno dos tribunais e nos códigos de organização judiciária. Essas normas dizem qual o órgão competente para receber cada ação, de acordo com a natureza jurídica, a matéria e as pessoas que participam da demanda. Competência é a fração delegada de jurisdição a um órgão ou conjunto de órgãos. A despeito de esse conceito dividir a jurisdição, no plano real, ela é una e indivisível. Ela também é entendida de outra forma, quando integra o Poder Judiciário: o juiz é investido da função jurisdicional; desse modo, onde houver órgão jurisdicional haverá jurisdição. Mas, há limitações a essa amplitude de atuação, e essa limitação é a competência. Se um órgão é incompetente, não quer dizer que ele perdeu a jurisdição, mas sim que teve a sua atuação limitada. 1. Fixação da competência Uma vez determinada a competência, em regra, não há possibilidade de alteração do juízo. Haveria enorme dificuldade, por exemplo, em ter uma ação proposta na Comarca de Belo Horizonte, que fosse encaminhada a Goiânia e depois a São Paulo. Se não houvesse a regra de fixação, os indivíduos estariam sujeitos a tal instabilidade. Dúvida: quando ocorre a fixação? Determina-se a competência no momento em que a ação é proposta (art. 87 do CPC). São irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem o Direito Processual Civil p/ AJAJ TRE MG Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges – Aula 03 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 44 órgão judiciário ou alterarem a competência em razão da matéria ou da hierarquia (continuação do art. 87). Exemplo: Contra Alice, residente em São Paulo, foi proposta ação de cobrança. A ação de cobrança deve ser proposta no domicílio do réu. Alice, cansada da intensa movimentação de São Paulo, resolve mudar-se para Feira de Santana (BA) e leva consigo toda a atividade de seu escritório. Mas, ainda que a residência da ré tenha sido alterada, a lide já estava estabilizada e a mudança não leva nenhum efeito ao processo. Somente em situações excepcionais poderá ser alterada a competência: são os casos de modificação de competência. 2. Modificação de competência Quando ocorre a modificação de competência, o julgamento do processo é realizado por juízo diverso do que previu, a princípio, a lei. A modificação ocorre nos casos de competência relativa. Também é admitida em razão da continência ou da conexão. A continência entre duas ou mais ações ocorre quando há identidade quanto às partes e à causa de pedir, mas o objeto de uma, por ser mais amplo, abrange o das outras (art. 104, CPC). Ou seja, uma está contida na outra. Na conexão ou na continência, o juiz, de ofício ou a requerimento de qualquer das partes, pode mandar reunir as ações propostas em separado, para que sejam decididas simultaneamente (art. 105). Na continência, portanto, são comuns as partes e a causa de pedir e distinguem-se os objetos. Mas, um dos pedidos, por ser menor, acaba inserido no outro. Uma situação hipotética de continência seria: Marcos, dirigindo sua Ferrari em Mônaco, atropelou Bráulio. Bráulio ficou impossibilitado de trabalhar na escuderia de Fórmula 1, em que é mecânico, por um ano. Apesar da amizade, Bráulio requereu indenização por lucros cessantes em uma ação e reparação por perdas e danos (que inclui lucros cessantes) em outra. Reparem que o pedido da primeira ação foi englobado pelo da segunda. Direito Processual Civil p/ AJAJ TRE MG Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges – Aula 03 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 44 Na conexão, é diferente, há identidade da causa de pedir ou do objeto, mas não têm que ser idênticas as partes. Um exemplo de conexão: Marcos atropelou com sua Ferrari não apenas o Bráulio mas também o Fitzgerald. Os dois ficaram bem, não foi nada grave, mas cada um deles propôs ação de perdas e danos contra o motorista (mesmo réu). Duas ações com idênticos pedidos e causa de pedir, mas com autores diferentes. Anote-se que, a despeito da estrita imposição legal, o STJ firmou orientação no sentido de que não se exige perfeita identidade entre os requisitos fixados (continência e conexão), para que ocorra a conexão das ações, sendo essencial que o julgador, em seu prudente arbítrio, reconheça a pertinência da medida. O legislador, ao determinar a reunião dessas ações, quis evitar a contradição nos julgados. Não haverá reunião dos processos, se um deles já foi julgado (Súmula 235 do STJ). Dúvida: Como ocorre a reunião dos processos? E qual o juiz deixará de julgar para que o outro julgue? Quando o réu for citado de uma nova ação, ele pedirá para reuni-la ao processo que tenha com ela continênciaou conexão. O juiz pode também aplicar, de ofício, a regra da reunião dos processos (inciso VII c/c § 4o do art. 301). O julgamento das duas ações ficará a cargo do juiz que primeiro realizou citação válida. A citação válida torna prevento o juízo (art. 219 do CPC). O artigo 219 menciona juízo, mas na sua redação deveria constar foro: a citação válida torna o foro prevento. O momento de tornar prevento o juízo, quando há conflito entre dois juízes de mesma competência territorial, é definido pelo artigo 106: “Correndo em separado ações conexas perante juízes que têm a mesma competência territorial, considera-se prevento aquele que despachou em primeiro lugar” (art.106, CPC). Direito Processual Civil p/ AJAJ TRE MG Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges – Aula 03 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 44 2.1. Pela inércia do réu Se o autor ajuíza ação em foro diferente do que a lei prevê e o réu se silencia, não suscitando exceção de competência, o juízo indicado de modo equivocado pelo autor torna-se o competente. Nesse caso, há o fenômeno da prorrogação. A modificação de competência não ocorrerá se os dois juízos são absolutamente competentes. Assim, não haverá possibilidade de reunião dos processos para julgamento conjunto, nem será admitido o critério da prevenção. Exemplo: ação de indenização por perdas e danos que tramite simultaneamente com a ação criminal, sendo ambas decorrentes de um mesmo ato ilícito. O art. 110 do CPC traz a solução para esse problema, indicando que se o conhecimento da lide depender necessariamente da verificação da existência de fato delituoso, pode o juiz mandar sobrestar no andamento do processo até que se pronuncie a justiça criminal. 3. Classificação Quando o ordenamento jurídico pátrio divide as atividades jurisdicionais em vários órgãos e juízes, ele pretende suprir impossibilidades práticas e físicas. Não se poderia delegar a um juiz o papel de solucionar sozinho todos os litígios que reivindicam prestação jurisdicional. Desse modo, inúmeros critérios de competência são adotados. 3.1. Distinção entre competência absoluta e competência relativa. Competência Relativa Competência Absoluta Privilegia a vontade das partes Razões de Ordem Pública Não pode ser declarada de ofício. Salvo: contratos de consumo e de adesão (art. 112, CPC). Pode ser declarada de ofício Há preclusão processual; não Não há preclusão; permite-se alegação Direito Processual Civil p/ AJAJ TRE MG Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges – Aula 03 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 44 se admite arguição posterior (Súmula 33 do STJ) a qualquer tempo e grau de jurisdição. Origem: descumprimento das normas de competência em razão do valor e do território. Origem: Material, natureza da lide; funcional, considera a função do órgão; pessoas (art. 109 da CF). Incompetência relativa: vício de nulidade relativa Incompetência absoluta: gera uma nulidade absoluta Normas de caráter dispositivo podem ser flexibilizadas. Normas de caráter cogente, não podem ser flexibilizadas. Argui-se, por meio de exceção, a incompetência relativa. Já a incompetência absoluta deve ser declarada de ofício e pode ser alegada em qualquer tempo e grau de jurisdição, independentemente de exceção. No Brasil, adota-se o sistema jurídico que integra dispositivos legais das duas competências, relativa e absoluta. Assim, estabelece-se equilíbrio entre vontade das partes e interesse público, sem extrema liberdade ao juízo ou às partes, o que poderia gerar desordem, nem com muita rigidez, o que poderia gerar excessivo custo às partes envolvidas. Quais os efeitos da declaração de incompetência absoluta e o que fazer em seguida? Prevê o CPC que declarada a incompetência absoluta, somente os atos decisórios serão nulos, e os autos serão remetidos ao juiz competente (art. 113). Os atos processuais destinados a dar continuidade ao processo, que não envolvam alguma decisão do juiz não serão declarados nulos após a remessa dos autos. Mas as decisões tomadas no curso do processo ou, principalmente, que ponham fim ao processo, serão tidas como nulas. Esse conhecimento já caiu em prova. Direito Processual Civil p/ AJAJ TRE MG Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges – Aula 03 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 44 Vejam algumas questões sobre competência em prova da FCC 2012: (TRT 4ª Região RS – FCC 2012) Declarada a incompetência absoluta, o processo a) será extinto com resolução de mérito. b) deverá ser remetido ao juiz competente e somente os atos probatórios serão declarados nulos. c) deverá ser remetido ao juiz competente e somente os atos decisórios serão declarados nulos. d) deverá ser remetido ao juiz competente e todos os atos processuais serão declarados nulos. e) será sempre extinto sem resolução de mérito. Gabarito: C (TRT 6ª Região PE – FCC 2012) No processo civil, a incompetência absoluta a) não pode ser conhecida de ofício pelo Juiz. b) deve ser alegada mediante exceção. c) só pode ser reconhecida pelo Juiz, não cabendo à parte deduzi-la. d) pode ser alegada em preliminar de contestação. e) se não for alegada no prazo da contestação, fica preclusa sua arguição no processo. Gabarito: D Direito Processual Civil p/ AJAJ TRE MG Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges – Aula 03 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 44 (TJ RJ – FCC 2012) A incompetência absoluta a) uma vez declarada, leva à nulidade somente dos atos decisórios, remetendo-se os autos ao juiz competente. b) uma vez declarada, sempre leva à extinção do processo, sem resolução do mérito. c) deve ser levantada por meio de exceção, a ser apensada aos autos principais. d) deve ser declarada após arguição preliminar, levando à nulidade de todo o processo. e) pode ser prorrogada, se o réu não opuser exceção declinatória nos casos e prazos legais. Gabarito: A 3.2. Em razão da matéria A competência em razão da matéria (ratio materiae) é definida pela natureza da causa e utiliza regras de competência absoluta. É normatizada pelas leis de organização judiciária, salvo casos expressos no CPC. Art. 91: Regem a competência em razão do valor e da matéria as normas deorganização judiciária, ressalvados os casos expressos neste Código. As regras que definem essa modalidade de competência não se limitam ao que definiu o dispositivo citado. Além de estarem nas leis de organização judiciária, essas normas também estão presentes na Constituição Federal, nas Constituições Estaduais, nas leis federais. Na CF/88, são definidas as competências das justiças – Justiças especializadas: do Trabalho, Eleitoral, Militar. À Justiça Comum cabe competência Direito Processual Civil p/ AJAJ TRE MG Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges – Aula 03 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 44 residual: excluídas as definições para justiças especializadas e federal, há a comum. A competência da Justiça Federal está prevista nos arts. 108 e 109 da CF. 1 – Compete ao Tribunal Regional Federal (art. 108) 1 – Processar e julgar, originariamente: a) Os juízes federais da área de sua jurisdição, incluídos os da Justiça Militar e da Justiça do Trabalho, nos crimes comuns e de responsabilidade, e os membros do Ministério Público da União, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral; b) As revisões criminais e as ações rescisórias de julgados seus ou dos juízes federais da região; c) Os mandados de segurança e os "habeas-data" contra ato do próprio Tribunal ou de juiz federal; d) Os "habeas-corpus", quando a autoridade coatora for juiz federal. e) Os conflitos de competência entre juízes federais vinculados ao Tribunal; 2 – Julgar, em grau de recurso, as causas decididas pelos juízes federais e pelos juízes estaduais no exercício da competência federal da área de sua jurisdição. 2 – Compete aos juízes federais (art. 109) a) As causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho; b) As causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou pessoa domiciliada ou residente no País; c) As causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou organismo internacional; Direito Processual Civil p/ AJAJ TRE MG Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges – Aula 03 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 44 d) Os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral; e) Os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente; f) As causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5o deste artigo; g) Os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira; h) Os "habeas-corpus", em matéria criminal de sua competência ou quando o constrangimento provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição; i) Os mandados de segurança e os "habeas-data" contra ato de autoridade federal, excetuados os casos de competência dos tribunais federais; j) Os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da Justiça Militar; k) Os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta rogatória, após o "exequatur", e de sentença estrangeira, após a homologação, as causas referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização; l) A disputa sobre direitos indígenas. Observando-se que: – Nas causas em que a União for autora serão aforadas na seção judiciária onde tiver domicílio a outra parte. – Nas causas intentadas contra a União poderão ser aforadas na seção judiciária em que for domiciliado o autor, naquela onde houver ocorrido o ato ou fato Direito Processual Civil p/ AJAJ TRE MG Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges – Aula 03 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 44 que deu origem à demanda ou onde esteja situada a coisa, ou, ainda, no Distrito Federal. – Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro do domicílio dos segurados ou beneficiários, as causas em que forem parte instituição de previdência social e segurado, sempre que a comarca não seja sede de vara do juízo federal, e, se verificada essa condição, a lei poderá permitir que outras causas sejam também processadas e julgadas pela justiça estadual. – Na hipótese do tópico anterior, o recurso cabível será sempre para o Tribunal Regional Federal na área de jurisdição do juiz de primeiro grau. – Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal. A Corte Especial do STJ editou súmula que desloca para os tribunais regionais federais (TRFs) a competência para decidir os conflitos entre juizado especial federal e juízo federal da mesma seção judiciária. A nova orientação está presente na Súmula 428. Enunciado: “Compete ao Tribunal Regional Federal decidir os conflitos de competência entre juizado especial federal e juízo federal da mesma seção judiciária”. Com o novo entendimento, o STJ reconheceu a interpretação dada pelo STF no Recurso Extraordinário no 5 90.409-RS e revogou a Súmula 348⁄ STJ, que firmava a competência do STJ para essas hipóteses. Direito Processual Civil p/ AJAJ TRE MG Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges – Aula 03 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 44 3.3. Em razão do valor da causa Outro critério de definição da competência leva em conta o valor da causa. Trata-se de modalidade de competência relativa. É utilizada para determinar as causas que caberão aos Juizados Especiais. O Juizado Especial Estadual é regido pela Lei no 9.099/1995, o Juizado Especial Federal pela Lei no 10.259/2001 e o Juizado Especial da Fazenda Pública Estadualpela Lei no 12.153/2009. Os Juizados Especiais Estaduais têm competência para julgar as causas que não ultrapassem o valor de 40 salários-mínimos, nem que tenham sido previstas no art. 3o, incisos II a IV (Lei 9.099/1995). Art. 3o: O Juizado Especial Cível tem competência para conciliação, processo e julgamento das causas cíveis de menor complexidade, assim consideradas: I – as causas cujo valor não exceda a quarenta vezes o salário mínimo; II – as enumeradas no art. 275, inciso II, do Código de Processo Civil; III – a ação de despejo para uso próprio; IV – as ações possessórias sobre bens imóveis de valor não excedente ao fixado no inciso I deste artigo. Ficam excluídas da competência do Juizado Especial as causas de natureza alimentar, falimentar, fiscal e de interesse da Fazenda Pública, e também as relativas a acidentes de trabalho, a resíduos e ao estado e capacidade das pessoas, ainda que de cunho patrimonial. Característica fundamental do Juizado Especial Civil consiste em que o autor pode escolher a Justiça Comum, mesmo que a sua causa se enquadre ao que é estipulado para o Juizado Especial. Fala-se, assim, do fenômeno da facultatividade. Os Juizados Especiais Federais, por sua vez, apresentam diferenças; têm competência para julgar causas de até 60 salários-mínimos – somente as causas da Justiça Federal até esse valor. Ou seja, além de observar o valor, deverá ser observado se a causa cumpre o definido no art. 109 da CF (citado), que determina o que é causa da justiça federal. Dois requisitos, portanto: 1) valor máximo de 60 Direito Processual Civil p/ AJAJ TRE MG Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges – Aula 03 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 44 salários mínimos; 2) enquadrar-se entre as causas da justiça federal (art. 109, CF/88). Art. 3° da Lei no 10.259/2001: Compete ao Juizado Especial Federal Cível processar, conciliar e julgar causas de competência da Justiça Federal até o valor de sessenta salários mínimos, bem como executar as suas sentenças. § 1o Não se incluem na competência do Juizado Especial Cível as causas: I – referidas no art. 109, incisos II, III e XI, da Constituição Federal, as ações de mandado de segurança, de desapropriação, de divisão e demarcação, populares, execuções fiscais e por improbidade administrativa e as demandas sobre direitos ou interesses difusos, coletivos ou individuais homogêneos; II – sobre bens imóveis da União, autarquias e fundações públicas federais; III – para a anulação ou cancelamento de ato administrativo federal, salvo o de natureza previdenciária e o de lançamento fiscal; IV – que tenham como objeto a impugnação da pena de demissão imposta a servidores públicos civis ou de sanções disciplinares aplicadas a militares. § 2o Quando a pretensão versar sobre obrigações vincendas, para fins de competência do Juizado Especial, a soma de doze parcelas não poderá exceder o valor referido no art. 3o, caput. § 3o No foro onde estiver instalada Vara do Juizado Especial, a sua competência é absoluta. O parágrafo 3o desse artigo traz aquela que é uma das principais características do Juizado Especial Federal: o caráter de obrigatoriedade. Não há opção de recorrer a outro juízo, como ocorre no Especial Estadual. 3.3.1. Lei 12.153/2009 Enquanto a Lei no 9.099/95 (dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais) exclui de sua competência as causas de interesse da Fazenda Pública Estadual, a Lei no 12.153/2009 vem tratar delas. Direito Processual Civil p/ AJAJ TRE MG Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges – Aula 03 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 44 Obviamente, mantendo a característica dos Juizados Especiais de atuar em causas de baixo valor. Mas, nesse ponto, também há diferença entre os dois juizados, já que os cíveis são competentes para causas até 40 salários mínimos, enquanto os Juizados Especiais da Fazenda Pública Estadual para causas até 60 salários mínimos (assim como os Especiais Federais). Enquanto prevalece no Juizado Especial Cível o caráter de facultatividade, prevalece no Juizado Especial da Fazenda Pública Estadual, como no federal, a obrigatoriedade. Não é de competência do juizado em estudo: 1) as ações de mandado de segurança, de desapropriação e demarcação, populares, por improbidade administrativa, execuções fiscais e as demandas sobre direitos ou interesses difusos ou coletivos; 2) as causas sobre bens imóveis dos Estados, DF, territórios e municípios, bem como das autarquias e fundações públicas a eles vinculadas; 3) as causas que tenham como objeto a impugnação da pena de demissão imposta a servidores públicos civis ou sanções disciplinares aplicadas a militares. Sobre a esta Lei é igualmente importante memorizar que ela define, como partes possíveis nos Juizados Especiais da Fazenda Pública Estadual, autores: as pessoas físicas, as micro e pequenas empresas; réus: os estados, DF, territórios e municípios, bem como as autarquias, fundações públicas e empresas públicas a eles vinculadas. 3.4. Competência territorial É modalidade relativa, que define a circunscrição territorial judiciária: na Justiça Estadual, comarca e, na Justiça Federal, seção judiciária. Foro comum é o do domicílio do réu, previsto no art. 94 do CPC. A ação fundada em direito pessoal e a ação fundada em direito real sobre bens móveis serão propostas, em regra, no foro do domicílio do réu; sendo que tendo mais de um domicílio, o réu será demandado no foro de qualquer deles. Se incerto ou desconhecido o domicílio do réu, ele será demandado onde for encontrado ou no foro do domicílio do autor. Na hipótese de o réu não ter domicílio Direito Processual Civil p/ AJAJ TRE MG Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges – Aula 03 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 44 nem residência no Brasil, a ação será proposta no foro do domicílio do autor. Se este também residir fora do Brasil, a ação será proposta em qualquer foro. Se na causa houver dois ou mais réus, com diferentes domicílios, serão demandados no foro de qualquer deles, à escolha do autor. Desse modo, se o enunciado da questão dispuser que o réu será demandado no foro mais próximo ao domicílio do autor, se tiver dois ou mais domicílios incorrerá em erro. Como vimos, tendo mais de um domicílio, o réu será demandado no foro de qualquer deles (art. 94), a critério do autor. Por seu turno, as pessoas jurídicas serão demandadas no local de sua sede; dessa forma, a União – no Distrito Federal, e os estados – nas respectivas capitais. As autarquias, fundações e empresas públicas têm sede definida na lei que as institui. Figurando-se no polo passivo mais de um réu, o autorpoderá demandar em qualquer das sedes deles. Façamos leitura de artigos do CPC em que são previstos critérios de definição da competência territorial e, em seguida, passemos a exemplos de cobrança em prova: Obs. Fiquem atentos às partes destacadas!!! Leitura de dispositivos do CPC Art. 95. Nas ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o foro da situação da coisa. Pode o autor, entretanto, optar pelo foro do domicílio ou de eleição, não recaindo o litígio sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, posse, divisão e demarcação de terras e nunciação de obra nova. Art. 96. O foro do domicílio do autor da herança, no Brasil, é o competente para o inventário, a partilha, a arrecadação, o cumprimento de disposições de última vontade e todas as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito tenha ocorrido no estrangeiro. Parágrafo único. É, porém, competente o foro: Direito Processual Civil p/ AJAJ TRE MG Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges – Aula 03 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 44 I - da situação dos bens, se o autor da herança não possuía domicílio certo; II - do lugar em que ocorreu o óbito se o autor da herança não tinha domicílio certo e possuía bens em lugares diferentes. Art. 97. As ações em que o ausente for réu correm no foro de seu último domicílio, que é também o competente para a arrecadação, o inventário, a partilha e o cumprimento de disposições testamentárias. Art. 98. A ação em que o incapaz for réu se processará no foro do domicílio de seu representante. Comentário: Não se pode, desse modo, processar a ação em que incapaz seja parte no foro que seja de exclusivo domicílio do autor. Esse tipo de ação será processada no domicílio do representante do incapaz. Art. 99. O foro da Capital do Estado ou do Território é competente: I - para as causas em que a União for autora, ré ou interveniente; II - para as causas em que o Território for autor, réu ou interveniente. Parágrafo único. Correndo o processo perante outro juiz, serão os autos remetidos ao juiz competente da Capital do Estado ou Território, tanto que neles intervenha uma das entidades mencionadas neste artigo. Excetuam-se: I - o processo de insolvência; II - os casos previstos em lei. Art. 100. É competente o foro: I - da residência da mulher, para a ação de separação dos cônjuges e a Direito Processual Civil p/ AJAJ TRE MG Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges – Aula 03 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 44 conversão desta em divórcio, e para a anulação de casamento; II - do domicílio ou da residência do alimentando, para a ação em que se pedem alimentos; III - do domicílio do devedor, para a ação de anulação de títulos extraviados ou destruídos; IV - do lugar: a) onde está a sede, para a ação em que for ré a pessoa jurídica; b) onde se acha a agência ou sucursal, quanto às obrigações que ela contraiu; c) onde exerce a sua atividade principal, para a ação em que for ré a sociedade, que carece de personalidade jurídica; d) onde a obrigação deve ser satisfeita, para a ação em que se lhe exigir o cumprimento; V - do lugar do ato ou fato: a) para a ação de reparação do dano; b) para a ação em que for réu o administrador ou gestor de negócios alheios. Parágrafo único. Nas ações de reparação do dano sofrido em razão de delito ou acidente de veículos, será competente o foro do domicílio do autor ou do local do fato. Vejam como pode ser cobrado pela FCC: (TRT 20ª Região SE – FCC 2012) Em relação à competência é correto afirmar: a) A ação em que o incapaz for réu se processará no foro do domicílio do autor. Direito Processual Civil p/ AJAJ TRE MG Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges – Aula 03 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 44 b) As ações em que o ausente for réu correm no foro de seu último domicílio, que é também o competente para a arrecadação, o inventário, a partilha e o cumprimento de disposição testamentárias. c) Nas ações fundadas em direito real sobre imóveis, é competente o foro do domicílio do réu, como regra. d) Tendo mais de um domicílio, o réu será demandado no foro mais próximo ao domicílio do autor. e) Quando o réu não tiver domicílio nem residência no Brasil, a ação deve ser proposta necessariamente no foro da Capital do Estado em que reside o autor. Gabarito: B (TJ RJ – FCC 2012) Em relação à competência, é correto afirmar que a) a ação em que o incapaz for réu se processará no foro do domicílio de seu representante. b) a ação em que se pedem alimentos deve ser proposta no foro do alimentante. c) se houver dois ou mais réus, com domicílios diferentes, a demanda será proposta no foro do réu de maior idade. d) nas ações de reparação de dano sofrido por acidente de veículos, será competente o foro do domicílio do réu, com exclusão de qualquer outro. e) em qualquer processo, se o juiz considerar-se absolutamente incompetente, deverá extingui-lo, de ofício ou após provocação da parte. Gabarito: A Direito Processual Civil p/ AJAJ TRE MG Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges – Aula 03 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 44 3.5. Competência funcional Ela prescreve a função de cada órgão jurisdicional diante de uma relação processual já iniciada. Modalidade de competência absoluta. Classifica-se: pelo grau de jurisdição – recursal ou originária; pelo objeto do juízo; pelas fases do procedimento, uma vez que o juiz que praticou certo ato será competente para praticar outro ato processual. Ele se torna prevento (prevenção proporciona a fixação da competência no juízo que primeiro atua no processo instaurado ou próximo de instaurar-se); pela relação entre a ação principal e as acessórias, sendo que o juiz da ação principal será competente para as acessórias. A Lei da Ação Civil Pública (no 7.347/1985) traz, em seu art. 2o, a competência funcional do local do dano. Determina-se a competência do local do dano pela natureza do direito controvertido: direitos coletivos, difusos, individuais homogêneos. Art. 2o: As ações previstas nesta Lei serão propostas no foro dolocal onde ocorrer o dano, cujo juízo terá competência funcional para processar e julgar a causa. Competência Jurisdicional Nacional Internacional Competência Relativa • Em razão do valor da causa • Territorial Competência Absoluta • Em razão da Matéria • Funcional Direito Processual Civil p/ AJAJ TRE MG Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges – Aula 03 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 44 Parágrafo único: A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas as ações posteriormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto. 4. Conflito de competências É um incidente processual que está previsto no art. 115 do CPC. Há conflito de competência: conflito positivo – quando dois ou mais juízes se declaram competentes; conflito negativo – quando dois ou mais juízes se consideram incompetentes. Há, ainda, os casos do inciso III do art. 115, CPC, quando entre dois ou mais juízes surge controvérsia acerca da reunião ou separação de processos. Não se trata, porém de nova espécie de conflito, já que uma análise mais apurada demonstrará que tais casos são derivações das espécies anteriores. O conflito pode ser suscitado por qualquer das partes, pelo Ministério Público ou pelo juiz. O Ministério Público será ouvido em todos os conflitos de competência; mas terá qualidade de parte naqueles que suscitar. 5. Competência Internacional "Um sistema jurisdicional de um país pode pretender julgar causas que sejam propostas perante os seus juízes. No entanto, o poder de tornar efetivo aquilo que foi decidido sofre limitações, porque existem outros Estados, também organizados, e que não reconheceriam a validade da sentença em seu território, não permitindo, pois, a sua execução". (Didier Jr., 2011a) Nessa interessante exposição de Didier Jr., vê-se que o sistema jurisdicional depara-se com um limitador externo, que é o sistema jurisdicional dos outros países. Diante da possibilidade de estabelecer decisões sobre as quais o País não poderia controlar o cumprimento, o legislador brasileiro buscou estabelecer regras de competência internacional que se adequassem ao princípio da efetividade. Direito Processual Civil p/ AJAJ TRE MG Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges – Aula 03 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 44 Por esse princípio, o estado não deve julgar se sua decisão não irá ser reconhecida onde deveria produzir efeitos. Sem contar o alto dispêndio em ocupar os órgãos jurisdicionais do País com causas que não se liguem a seu ordenamento. Diante dessa dificuldade, criou-se uma limitação espacial da jurisdição, que comporta exceções. O CPC trata da Competência internacional, nomeadamente em 3 artigos: do 88 ao 90, neles são definidas as competências concorrentes e as que devem ser analisadas por autoridade judiciária nacional. 5.1. Competência exclusiva (prevista no art. 89) Nas causas especificadas nesse artigo, listadas abaixo, a sentença estrangeira não produzirá efeito, nem sequer poderá ser homologada. Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra: 1) conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil; 2) proceder a inventário e partilha de bens, situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja estrangeiro e tenha residido fora do território nacional. Art. 90: A ação intentada perante tribunal estrangeiro não induz litispendência, nem obsta a que a autoridade judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que lhe são conexas. 5.2. Competência concorrente (prevista no art. 88) Causas que tribunais estrangeiros também podem julgar. De acordo com o mencionado art. 88, é competente a autoridade judiciária brasileira quando: 1) o réu estiver domiciliado no Brasil, independentemente de sua nacionalidade; 2) a obrigação tiver de ser cumprida no Brasil (é tida como domiciliada no Brasil, a pessoa jurídica estrangeira que aqui tiver agência, filial ou sucursal); 3) a ação tiver origem de fato ocorrido ou de ato praticado no Brasil. Dúvida: Se a competência é concorrente, quer dizer que o Brasil determina o que outros Estados irão julgar? Não. Nos casos previstos no art. 88, o Brasil Direito Processual Civil p/ AJAJ TRE MG Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges – Aula 03 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 44 reconhece a sentença estrangeira, desde que homologada no Brasil; portanto, esse é o motivo por que se menciona competência concorrente no dispositivo. 6. Declaração de incompetência A incompetência absoluta é declarada de ofício e pode ser alegada, em qualquer tempo e grau de jurisdição, independentemente de exceção. Não sendo, porém, deduzida no prazo da contestação ou na primeira oportunidade em que lhe couber falar nos autos, a parte responderá integralmente pelas custas. Declarada a incompetência absoluta, somente os atos decisórios serão nulos, remetendo-se os autos ao juiz competente. Prorroga-se a competência se o réu não opuser exceção declinatória do foro e de juízo, no caso e prazo legais. Não pode suscitar conflito a parte que, no processo, ofereceu exceção de incompetência. O conflito de competência não obsta, porém, a que a parte que não o suscitou ofereça exceção declinatória do foro. A ação apresentada ao foro ou juízo diferente do previsto na legislação como competente para aquela ação em razão da matéria, da hierarquia ou da função, fica sujeito ao fenômeno da incompetência absoluta; desse modo, discute-se se o dever de o juiz reconhecer e declarar, de ofício, a incompetência absoluta, ou mesmo o poder de declará-la a pedido de qualquer das partes – por que, se os atos decisórios do juízo incompetente são nulos, não há incoerência em atribuir a ele o dever de declarar sua incompetência? Há o entendimento de que, ao se declarar incompetente, o juiz não está atuando naquilo em que estaria impedido, seria uma exceção entre outras previstas no ordenamento. A lei processual em diversas situações exige, por exemplo, que o juiz cumpra diligências de cartas rogatórias, precatórias ou de ordem, sem que o juiz se torne naquele caso competente para atuar em outras partes do processo. Outro ponto debatido é o de haver, ou não, nulidade de todos os atos decisórios do juízo absolutamente incompetente. Todavia, não se encontra indicação nesse sentido em texto legal algum. A nulidade está ligada à ineficácia do ato Direito Processual Civil p/ AJAJ TRE MGTeoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges – Aula 03 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 44 processual ou do procedimento como um todo, sempre que se afastar da previsão legal. Decidir pela própria incompetência é dever do juiz, assim surge a preocupação em se saber se aquele que cumpre o que a lei manda, praticando um ato decisório que o artigo 113 do CPC lhe impõe como dever, estará praticando ato nulo. A primeira impressão é a de que a nulidade está sempre ligada a um ato contrário à lei e não um ato praticado de acordo com a lei. Quando se contraria a norma reguladora da competência relativa, dá-se o fenômeno da incompetência relativa, que, por ser apenas relativa, poderá ser prorrogada até mesmo pela vontade das partes. Todavia, quando essa incompetência for de natureza absoluta, não poderá haver prorrogação pela simples vontade das partes, embora o possa ser por outros motivos, de modo excepcional. 6.1. Dever de declaração O artigo 113 do CPC dispõe que a incompetência absoluta deve ser declarada de ofício pelo juiz, de modo que é dever do juiz reconhecer a incompetência absoluta do juízo, mesmo quando não solicitado pelas partes. O juiz não poderá deixar de reconhecê-la sempre que se convencer da sua incompetência. O próprio juiz há de ser o juiz da sua competência e proclamar a sua incompetência, de ofício. O ato por meio do qual o juiz reconhece e declara a incompetência e determina a remessa dos autos ao foro ou ao juízo competente é, em regra, de decisão. Nas excepcionalidades em que não seja possível a remessa dos autos é que então o juiz poderá reconhecer a incompetência e extinguir o processo. RESUMO DA AULA Conceito de Competência: é a fração delegada de jurisdição a um órgão ou conjunto de órgãos. - A competência pode ser: Direito Processual Civil p/ AJAJ TRE MG Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges – Aula 03 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 44 1) Relativa: Em razão do valor da causa ou territorial. 2) Absoluta: Em razão da matéria ou funcional. - Competência Territorial: Existem algumas hipóteses em que a competência territorial será absoluta (arts. 95 e 99 do CPC). Nesses casos, a competência territorial não poderá ser modificada e nem prorrogável. - Para que seja fixada a competência faz-se-à necessário a verificação a quem incumbe julgar o processo: a autoridade nacional ou internacional. - De acordo com o art.88 do CPC a competência é concorrente, pois a ação poderá ser ajuizada tanto no Brasil como no exterior. Já o art. 89 traz a competência exclusiva, a qual a ação somente poderá ser ajuizada no Brasil. - Em matéria civil, a Justiça Comum é caracterizada pela bipartição: Justiça Comum Federal e Justiça Comum Estadual. - A Justiça Comum Federal compete: julgar as causas relativas à União, empresa pública federal, autarquia federal e, de modo extensivo, fundações públicas federais. - Lembrem-se: a Justiça Federal não poderá julgar nem processar as causas que envolvam sociedade de economia mista, salvo se a União intervier na causa. (Súmula 42 do STJ e 517 do STF) - A Justiça Comum Estadual a competência será residual. Critérios para a fixação da competência: - Incompetência relativa: incidente processual dentro do prazo de defesa. Não se admite o reconhecimento de ofício. - Incompetência absoluta: preliminar da contestação. Apresentar caráter dilatório. No reconhecimento os autos são remetidos ao Juízo competente, com a invalidação dos atos decisórios. Direito Processual Civil p/ AJAJ TRE MG Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges – Aula 03 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 44 QUESTÕES COMENTADAS 01. (AGU – Cespe 2010) Rodolfo, maior de idade, casado, comerciante, ajuizou pelo rito ordinário, em uma das varas federais de Brasília, ação de indenização por ato ilícito em face da União, que foi citada pessoalmente. Com base nessa situação hipotética, julgue o item a seguir: Ainda que Rodolfo passe a residir em outra localidade, por motivo de trabalho, a competência do juízo não será alterada. COMENTÁRIO: Para responder essa questão, façamos a leitura do artigo 87 do CPC: Art. 87. Determina-se a competência no momento em que a ação é proposta. São irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem o órgão judiciário ou alterarem a competência em razão da matéria ou da hierarquia. Na hipótese da questão, a ação já havia sido proposta e a competência estabelecida, ocorrendo prevenção do juízo. Desse modo, a mudança de residência de Rodolfo não poderia ser invocada para alteração de competência. Gabarito: Certo 02. (DPF – Cespe 2004) Considere que A proponha contra B ação para reparação de dano causado em acidente de veículo ocorrido na cidade do Rio de Janeiro. Em face dessa consideração, julgue o item a seguir, relativo à competência. As partes podem, desde que estejam de comum acordo, estabelecer o foro competente para a causa, elegendo, por exemplo, o juízo da 1.ª Vara Cível para processar o feito, sendo previsto no Código de Processo Civil o foro de eleição quando se tratar de competência territorial. COMENTÁRIO: Essa questão é excelente para entender o princípio do Juiz Natural, que é um dos princípios garantidores da imparcialidade judiciária, por meio dele se invoca o total respeito às regras de competência. Está previsto no inciso LIII do art. 5º da CF: LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente Pelas regras gerais de competência, a escolha do juiz deve ser aleatória. A proibição de escolha do juízo refere-se a todos, incluindo partes e juízes. Portanto, não seria possível eleger, como menciona a questão, a 1ª Vara Cível, mas somente eleger o local, a comarca. Gabarito: Errado Direito Processual Civil p/ AJAJ TRE MG Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges – Aula 03 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 44 Enunciado das questões 03 a 06: Competência é o poder que tem um órgão jurisdicional de fazer atuar a jurisdição diante de um caso concreto. Decorre esse poder de uma delimitação prévia, constitucional e legal, estabelecida segundo critérios de especialização da justiça, distribuição territorial e divisão de serviço. A exigência dessa distribuição decorre da evidente impossibilidade de um juiz único decidir toda a massa de lides existentes no Universo e, também, da necessidade de que as lides sejam decididas pelo órgão jurisdicional adequado, mas apto a melhorresolvê-Ias (Vicente Greco Filho). Julgue os itens abaixo: 03. (Inédita) A incompetência relativa argúi-se por meio de exceção; já a incompetência absoluta deve ser declarada de ofício e pode ser alegada, em qualquer tempo e grau de jurisdição, independentemente de exceção. COMENTÁRIO: Art. 112 (caput) do CPC. Argúi-se, por meio de exceção, a incompetência relativa. Cominado com: Art. 113 (caput) do CPC. A incompetência absoluta deve ser declarada de ofício e pode ser alegada, em qualquer tempo e grau de jurisdição, independentemente de exceção. Gabarito: Certo 04. (Inédita) A ação fundada em direito pessoal e a ação fundada em direito real sobre bens móveis serão propostas, em regra, no foro do domicílio do autor. COMENTÁRIO: Art. 94 (caput) do CPC. A ação fundada em direito pessoal e a ação fundada em direito real sobre bens móveis serão propostas, em regra, no foro do domicílio do réu. Gabarito: Errado 05. (Inédita) Compete ao STJ dirimir conflito de competência verificado, em determinada região, entre juiz federal e juiz estadual investido de jurisdição federal. COMENTÁRIO: Compete ao Tribunal Regional Federal dirimir conflito de competência verificado, na respectiva região, entre juiz federal e juiz estadual investido de jurisdição federal (Súmula 3 ⁄ STJ). Gabarito: Errado Direito Processual Civil p/ AJAJ TRE MG Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges – Aula 03 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 44 06. (Inédita) O Tribunal Regional Federal julgará as causas em que sociedade economia mista for parte. COMENTÁRIO: É competente a justiça comum para julgar as causas em que é parte sociedade de economia mista (Súmula 556, STF). Gabarito: Errado 07. (DPU – Cespe 2010) É absoluta a competência internacional brasileira em ação relativa a imóvel situado no Brasil. COMENTÁRIO: A banca examinadora transcreveu o texto da Lei. O art. 89 do CPC traz: Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra: - conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil; - proceder a inventário e partilha de bens, situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja estrangeiro e tenha residido fora do território nacional. Gabarito: Certo 08. (DPU – Cespe 2010) Julgue os itens a seguir, acerca do direito processual civil internacional. A competência jurisdicional brasileira somente incide sobre indivíduo estrangeiro se este residir no Brasil durante mais de quinze anos ininterruptos. COMENTÁRIO: O CPC não exige que o estrangeiro esteja residindo a mais de quinze anos ininterruptos no país para que a competência brasileira incida sobre ele. A banca misturou as normas de Competência com um dos requisitos de aquisição de nacionalidade brasileira (Pegadinha...) Vejamos o art. 88, CPC: é competente a autoridade judiciária brasileira quando: I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil; II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação; III - a ação se originar de fato ocorrido ou de ato praticado no Brasil. Parágrafo único: Para o fim do disposto no inciso I, reputa-se domiciliada no Brasil a pessoa jurídica estrangeira que aqui tiver agência, filial ou sucursal. Gabarito: Errado 09. (STJ Analista Judiciário – Cespe 2008) No que concerne às regras de fixação da competência, julgue os itens subsequentes. Direito Processual Civil p/ AJAJ TRE MG Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges – Aula 03 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 44 A competência é fixada no instante em que a ação é proposta, não importando as alterações de fato ou de direito supervenientes, salvo supressão do órgão judiciário ou alteração da competência em razão da matéria ou da hierarquia. COMENTÁRIO: Mais uma vez a banca copiou a letra da Lei. Observem que a assertiva é idêntica ao texto do art. 87 do CPC. Determina-se a competência no momento em que a ação é proposta. São irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem o órgão judiciário ou alterarem a competência em razão da matéria ou da hierarquia. Gabarito: Certo 10. (TRT 8ª Região – FCC 2010) A respeito das modificações de competência, considere: I. Reputam-se conexas duas ou mais ações, quando lhes for comum o objeto ou a causa de pedir. II. Dá-se a continência entre duas ou mais ações sempre que há identidade entre as partes e a causa de pedir, mas o objeto de uma, por ser mais amplo, abrange o das outras. III. A conexão não determina a reunião dos processos, se um deles já foi julgado. IV. A competência em razão da matéria poderá modificar-se pela conexão ou continência. Está correto o que se afirma APENAS em a) I, II e III. b) I, III e IV. c) II e IV. d) III e IV. e) I e II. COMENTÁRIO: O item IV está incorreto, pois de acordo com o art. 102 do CPC são as competências, em razão do valor e do território, que podem modificar-se pela conexão ou continência. Gabarito: A 11. (TCE RO – FCC 2010) Em matéria de competência, considere: I. A ação fundada em direito real sobre bens móveis será proposta, em regra, na situação da coisa. Direito Processual Civil p/ AJAJ TRE MG Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges – Aula 03 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 44 II. Se autor e réu residirem fora do Brasil, a ação fundada em direito pessoal deverá ser proposta necessariamente no foro do Distrito Federal. III. Ação fundada em direito pessoal será proposta, em regra, no foro do domicílio do réu. IV. Ação fundada em direito real sobre bens imóveis será, em regra, de competência absoluta. Está correto o que se afirma APENAS em a) I e II. b) I e III. c) II e III. d) II e IV. e) III e IV. COMENTÁRIO: O item III está correto: Regra geral a ação fundada em direito pessoal e a ação fundada em direito real sobre bens móveis serão propostas no foro do domicílio do réu. O item IV também está correto. Nas ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o foro da situação da coisa. Pode o autor, entretanto, optar pelo foro do domicílio ou de eleição, não recaindo o litígio sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, posse, divisão e demarcação de terras e nunciação de obra nova. Gabarito: E 12. (BACEN – FCC 2006) Por exceção devem-se arguir a a) incompetência absoluta, a suspeição e o impedimento do Juiz. b) incompetência absoluta e a incompetência relativa. c) conexão, a continência e a incompetência relativa. d) coisa julgada e a litispendência. e) incompetência relativa, a suspeição e o impedimento do Juiz. COMENTÁRIO:De acordo com o art. 304 do CPC: é lícito a qualquer das partes arguir, por meio de exceção, a incompetência (art. 112), o impedimento (art. 134) ou a suspeição (art. 135). É importante fazer uma leitura dos arts. 112, 134 e 135 do CPC. Gabarito: E 13. (BACEN – FCC 2006) Ocorrendo conflito negativo de competência, para as medidas urgentes Direito Processual Civil p/ AJAJ TRE MG Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges – Aula 03 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 44 a) será competente o Juiz que houver primeiramente despachado no processo. b) será competente apenas o relator, que as decidirá monocraticamente. c) será competente o Juiz suscitante. d) poderá o relator designar um dos Juízes para decidi-las. e) será competente, alternadamente, o Juiz suscitante e o suscitado. COMENTÁRIO: O relator, de ofício, ou a requerimento de qualquer das partes, poderá determinar, quando o conflito for positivo, seja sobrestado o processo, mas, neste caso, bem como no de conflito negativo, designará um dos juízes para resolver, em caráter provisório, as medidas urgentes. Gabarito: D 14. (PGE SE – FCC 2005) A competência determinada pela localização do imóvel, nas ações fundadas em direito real, será a) absoluta, se o litígio recair sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, posse, divisão e demarcação de terras e nunciação de obra nova. b) relativa, sempre concorrente entre o foro do local do imóvel e o do domicílio do réu. c) absoluta, porém sempre poderão ser ajuizadas no foro de eleição contratado. d) sempre relativa, mas não admite eleição de foro no contrato. e) concorrente entre o foro do local do imóvel e o do domicílio do autor. COMENTÁRIO: Nas ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o foro da situação da coisa. Pode o autor, entretanto, optar pelo foro do domicílio ou de eleição, não recaindo o litígio sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, posse, divisão e demarcação de terras e nunciação de obra nova (a competência determinada pela localização do imóvel é absoluta). Gabarito: A 15. (TRE SP – FCC 2006) Com relação à modificação da competência, é certo que a) dá-se a continência entre duas ou mais ações quando lhes for comum o objeto ou a causa de pedir. b) a competência, em razão do valor e do território, não poderá modificar-se pela conexão ou continência. c) a competência em razão da matéria e da hierarquia é derrogável por convenção das partes. Direito Processual Civil p/ AJAJ TRE MG Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges – Aula 03 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br 31 de 44 d) a competência em razão do valor e do território é sempre inderrogável por convenção das partes. e) o juiz da causa principal é também competente para a ação declaratória incidente e as ações de garantia. COMENTÁRIO: O item “e” está correto. Literalidade do art. 109, CPC: O juiz da causa principal é também competente para a reconvenção, a ação declaratória incidente, as ações de garantia e outras que respeitam ao terceiro interveniente. Gabarito: E 16. (Metrô SP – FCC 2008) De acordo com o Código de Processo Civil brasileiro, é competente o foro do lugar do ato ou fato para ação em que for a) réu o ausente. b) ré a pessoa jurídica. c) ré a sociedade, que carece de personalidade jurídica. d) réu o devedor no caso de anulação de títulos extraviados ou destruídos. e) réu o administrador ou gestor de negócios alheios. COMENTÁRIO: Vamos aproveitar essa questão e fazer uma leitura completa do art. 100 do CPC. É competente o foro: I - da residência da mulher, para a ação de separação dos cônjuges e a conversão desta em divórcio, e para a anulação de casamento; II - do domicílio ou da residência do alimentando, para a ação em que se pedem alimentos; III - do domicílio do devedor, para a ação de anulação de títulos extraviados ou destruídos; IV - do lugar: a) onde está a sede, para a ação em que for ré a pessoa jurídica; b) onde se acha a agência ou sucursal, quanto às obrigações que ela contraiu; c) onde exerce a sua atividade principal, para a ação em que for ré a sociedade, que carece de personalidade jurídica; d) onde a obrigação deve ser satisfeita, para a ação em que se Ihe exigir o cumprimento; V - do lugar do ato ou fato: a) para a ação de reparação do dano; b) para a ação em que for réu o administrador ou gestor de negócios alheios. Direito Processual Civil p/ AJAJ TRE MG Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges – Aula 03 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br 32 de 44 Parágrafo único. Nas ações de reparação do dano sofrido em razão de delito ou acidente de veículos, será competente o foro do domicílio do autor ou do local do fato. Gabarito: E 17. (TRE AM – FCC 2010) Considere as seguintes assertivas a respeito das modificações da competência: I. A competência em razão da matéria poderá modificar-se pela conexão. II. Dá-se a continência entre duas ou mais ações sempre que há identidade quanto as partes e à causa de pedir, mas o objeto de uma, por ser mais amplo, abrange o das outras. III. A competência em razão da hierarquia é inderrogável por convenção das partes. De acordo com o Código de Processo Civil, está correto o que se afirma APENAS em a) II. b) I e II. c) I e III. d) II e III. e) I. COMENTÁRIO: O item I é o único incorreto. A competência, em razão do valor e do território, poderá modificar-se pela conexão ou continência, e não a competência em razão a matéria como diz o item. Gabarito: D 18. (TRT 3ª Região – FCC 2009) A respeito das modificações da competência, considere: I. As partes podem modificar a competência em razão da matéria, elegendo o foro onde serão propostas as ações oriundas de direitos e obrigações contratuais II. O foro contratual não obriga os herdeiros e sucessores das partes. III. Havendo conexão ou continência, o juiz pode, de ofício, ordenar a reunião de ações propostas em separado, a fim de que sejam decididas simultaneamente. Está correto o que se afirma APENAS em a) I e II. b) I e III. Direito Processual Civil p/ AJAJ TRE MG Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges – Aula 03 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br 33 de 44 c) II. d) II e III. e) III. COMENTÁRIO: Os itens I e II estão incorretos.Primeiro, a competência em razão da matéria e da hierarquia é inderrogável por convenção das partes; mas estas podem modificar a competência em razão do valor e do território, elegendo foro onde serão propostas as ações oriundas de direitos e obrigações. Segundo, o foro contratual obriga, sim, os herdeiros e sucessores das partes, isso é o que diz o §2° do art. 111 do CPC. Gabarito: E 19. (TRT 3ª Região – FCC 2009) A respeito das modificações da competência, é correto afirmar: a) O juiz da ação principal não é competente para a ação declaratória incidente. b) Correndo em separado ações conexas perante juízes que têm a mesma competência territorial, será competente para ambas o juízo em que tramitar a ação de maior valor. c) A competência em razão do valor poderá modificar-se pela conexão ou continência. d) A competência em razão da matéria pode ser modificada por convenção das partes, devendo constar de contrato escrito. e) O foro contratual tem validade exclusivamente entre as partes, não obrigando seus herdeiros ou sucessores. COMENTÁRIO: A alternativa “c” está em concordância com o art. 102, CPC: A competência, em razão do valor e do território, poderá modificar-se pela conexão ou continência. Gabarito: C 20. (TRE BA – Cespe 2010) Acerca da competência jurisdicional, julgue os próximos itens. O Supremo Tribunal Federal como representante máximo do Poder Judiciário nacional é o tribunal competente para a concessão de exequatur às cartas rogatórias oriundas de países com os quais o Brasil possua relações diplomáticas. COMENTÁRIO: Atualmente a competência para conceder o exaquatur é do STJ e não mais da Corte Suprema. Art. 105 da CF. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: Direito Processual Civil p/ AJAJ TRE MG Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges – Aula 03 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br 34 de 44 I - processar e julgar, originariamente: i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas rogatórias; (Incluída pela EC/45, de 2004) Gabarito: Errado 21. (TJ MS – FCC 2009) Em relação à competência, é correto afirmar: a) achando-se o imóvel situado em mais de um Estado ou Comarca, o foro será determinado pela prevenção, estendendo-se a competência sobre a totalidade do imóvel. b) em regra, argúi-se a incompetência relativa como preliminar em contestação. c) o juiz da causa principal é o competente para a reconvenção e para a ação declaratória incidente, mas não o é para a ação de garantia e outras que digam respeito ao terceiro interveniente. d) as partes podem alterar a competência em razão do valor e do território, por acordo verbal ou escrito, genérico ou determinado a negócio jurídico específico. e) a nulidade da cláusula de eleição de foro, em contrato de adesão, não pode ser declarada de ofício pelo juiz, necessitando da oposição de exceção para tanto. COMENTÁRIO: Art. 107. Se o imóvel se achar situado em mais de um Estado ou comarca, determinar-se-á o foro pela prevenção, estendendo-se a competência sobre a totalidade do imóvel. Gabarito: A 22. (TRT PR – FCC 2010) A respeito da competência, é INCORRETO afirmar: a) Nas ações fundadas em direito real sobre imóveis, pode o autor optar pelo foro de eleição quando o litígio versar sobre posse. b) Quando o réu não tiver domicílio nem residência no Brasil, a ação fundada em direito pessoal será proposta no domicílio do autor. c) Para a ação em que se pedem alimentos, é competente o foro do domicílio ou residência do alimentando. d) Para a ação de anulação de títulos extraviados ou destruídos, é competente o foro do domicílio do devedor. e) Para a ação em que for ré a sociedade que carece de personalidade jurídica, é competente o foro do lugar onde exerce a sua atividade principal. COMENTÁRIO: Direito Processual Civil p/ AJAJ TRE MG Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges – Aula 03 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br 35 de 44 O art. 95 do CPC determina que nas ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o foro da situação da coisa. No entanto, pode o autor optar pelo foro do domicílio ou de eleição, não recaindo o litígio sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, posse, divisão e demarcação de terras e nunciação de obra nova. Gabarito: A 23. (TRE PB – FCC 2007) Sobre competência, considere: I. Dá-se continência quando o objeto ou a causa de pedir de duas ou mais ações lhes for comum. II. Em regra, o foro do domicílio do autor da herança, no Brasil, é o competente para as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito tenha ocorrido no estrangeiro. III. Correndo em separado ações conexas perante juízes que têm a mesma competência territorial, considera-se prevento aquele onde houve a primeira citação válida. IV. A competência em razão da matéria é inderrogável por convenção das partes. De acordo com o Código de Processo Civil é correto o que consta APENAS em: a) II e III. b) II e IV. c) I, II e IV. d) I, III e IV. e) II, III e IV. COMENTÁRIO: Observem que o examinador misturou os arts. 103 e 104 do CPC no item número I, deixando-o incorreto: Art. 103. Reputam-se conexas duas ou mais ações, quando lhes for comum o objeto ou a causa de pedir. Art. 104. Dá-se a continência entre duas ou mais ações sempre que há identidade quanto às partes e à causa de pedir, mas o objeto de uma, por ser mais amplo, abrange o das outras. Assim, na continência o objeto não é comum. O item III também está incorreto, pois o art. 106, CPC deixa claro que correndo em separado ações conexas perante juízes que têm a mesma competência territorial, considera-se prevento aquele que despachou em primeiro lugar e não aquele onde houve a citação válida. Gabarito: B Direito Processual Civil p/ AJAJ TRE MG Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges – Aula 03 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br 36 de 44 24. (TRT 3ª Região – FCC 2007) A respeito das modificações da competência, é correto afirmar: a) Reputam-se conexas duas ou mais ações sempre que há identidade quanto às partes e à causa de pedir, mas o objeto de uma, por ser mais amplo, abrange o das outras. b) Dar-se-á a continência entre duas ou mais ações quando lhes for comum o objeto ou a causa de pedir. c) O foro contratual ou de eleição é restrito às partes contratantes, não obrigando os herdeiros ou sucessores destas. d) A competência em razão do valor e do território pode ser modificada pelas partes, elegendo foro onde serão propostas as ações oriundas de direitos e obrigações. e) A competência em razão da matéria e da hierarquia poderá modificar-se pela conexão e pela continência. COMENTÁRIO:
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