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1Graduanda do Curso de Licenciatura em ciências agrícolas do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo – Campus Itapina. E-mail: beatrizantoneli@hotmail.com SIGMUND FREUD E JEAN PIAGET: CONTRIBUIÇÕES PARA A PSICOLOGIA RIBEIRO, Beatriz Antoneli de Souza 1 INTRODUÇÃO Os autores Sigmund Freud e Jean Piaget são pensadores que contribuíram muito para o avanço da ciência e colaboraram para descobertas de doenças e métodos que vem auxiliando na maneira de ensinar diferente, fora do contexto do cotidiano a fim de entender a vivencia prática que a vida proporciona. O que dá a esses pensadores tal importância, a qual eles parecem manter até os dias atuais? Uma forma de responder essa pergunta é considerar a importância que os mesmo trouxeram para o avanço da ciência. O objetivo desse trabalho é identificar as contribuições que Sigmund Freud e Jean Piaget deixaram para psicologia. No capitulo 1 trazemos as contribuições e pensamentos de um dos maiores pensadores dos últimos anos Sigmund Freud. Apresentaremos as fases psicossexuais na qual Freud diz que o desenvolvimento do homem se dá por meio de 4 estágios: Oral; Anal; Fálico; latência e Genital. Também trataremos a teoria da personalidade que Freud arriscou ordenar três instâncias. Sendo eles: o ID, EGO e SUPEREGO. No capitulo 2 abordaremos sobre Jean Piaget que destaca o papel ativo da criança na construção do pensamento, assim como a importância da interação social para essa construção. Desses estudos argumenta que o desenvolvimento da moral abrange 3 fases: (I) Anomia, (II) Heteromia e (III) Autonomia, correspondendo ao estado moral que implica pensar racional em 3 dimensões: a) regras: que são formulações verbais concretas; b) princípios: que representam o espírito das regras; c) valores: que dão respostas aos deveres e aos sentidos da vida, permitindo entender de onde são derivados os princípios das regras a serem seguidas. 1Graduanda do Curso de Licenciatura em ciências agrícolas do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo – Campus Itapina. E-mail: beatrizantoneli@hotmail.com 1. SIGMUND FREUD O livro Sigmund Freud tem início demonstrando um pouco da trajetória pessoal de Freud. Assim, a sua história de vida é contada rapidamente, mostrando como o autor chegou ao desenvolvimento das ideias que levaram a criação da psicanálise. Assim como um pouco da maneira como o autor lidou com os desdobramentos das suas teorias, além de citar rapidamente como ele teve que fugir do avanço dos nazistas. Sobre a influência do autor sobre a educação, o próprio afirma não ter feito muito, passando a responsabilidade disto para a sua filha. No entanto, Jolibert deixa claro como é impossível não considera-la, já que a infância e a influência da autoridade adulta na educação desta são constantemente citadas durante o desenvolvimento das ideias psicanalíticas. Por não ter deixado nenhum tratado específico sobre o assunto, os atuais pesquisadores que utilizam suas ideias acabam se mostrando contraditórios entre si. A maneira como Freud considerava a educação como a prática através da qual os adultos fazem com que a criança renuncie aos desejos imediatos e instintivos, substituindo-os pela obediência a realidade. Esta substituição seria responsável por um sofrimento corretivo que necessitaria de cuidados, para que não chegasse a um estado mórbido. No entanto, esta não era proposta de uma forma ingênua, tal substituição visava regular o prazer às demandas da realidade. Além disto, é demonstrado como o prazer seria um princípio, capaz de regular a atividade do indivíduo em estado bruto, fornecendo a regra que dita que o homem é governado pela busca do prazer e pela fuga do desprazer. Para Freud, tal princípio determina o propósito da existência e governa as operações do aparelho psíquico, desde o início. Assim, o livro afirma que: (...) Poder-se-ia dizer que a neurose, em sua integralidade, provém da interdição. A instituição educativa seria patológica, por essência, pois prejudica a expressão de um princípio natural. A verdadeira educação consistiria, ao contrário, em reconhecer esse princípio como regulador. A pedagogia sem frustração nem repressão seria possível numa espécie de harmonia espontânea dos prazeres e dos desejos inter-humanos (JOLIBERT, 2010, p. 20). 1Graduanda do Curso de Licenciatura em ciências agrícolas do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo – Campus Itapina. E-mail: beatrizantoneli@hotmail.com Em seguida, de acordo com o pensamento freudiano o autor dedica respostas ao questionamento sobre a possibilidade de concepção de uma educação não repressiva. Assim, afirma que para o autor o princípio do prazer não pode ser um objetivo, já que o prazer só existe no desequilíbrio, e este não combina com a estabilidade que a nação necessita. Logo, a educação teria como objetivo a instauração da realidade, dando origem a um processo capaz de dirigir nossas condutas. A definição desta realidade seria a de que ela é tudo o que compõe o mundo externo. Para Freud, tudo o que acontece á criança depois que abandona a proteção materna, aflora elementos naturais e culturais que impõem uma resistência a criança, demonstrando a distância entre desejo e satisfação. Logo: Essa realidade aparece como inimiga do desejo, e o princípio de realidade como o de submeter-se a uma coerção inevitável. Prazer e realidade parecem, então, inconciliáveis. Portanto, e essa é a força da análise de Freud, esses dois princípios não são contraditórios, mas complementares. O princípio do prazer, sozinho, não torna possível a existência humana nem mesmo a realidade do prazer. De fato, para que se realize, deve estar combinado com o princípio de realidade. O princípio do prazer contém seus próprios limites reais e a realidade já está nele, senão como princípio regulador, está em menor grau como obstáculo interno (...) (JOLIBERT, 2010, p. 23-24). Assim, para Freud, a educação deve estar localizada entre a manutenção da brutalidade original, resultado da inexistência de resistência adulta, e a neurose que uma repressão desmedida poderia causar. No entanto, nunca deve ser esquecido que a educação, no melhor dos casos não consegue tudo, algumas naturezas individuais sempre serão resistentes a disciplina educativa. A obra também nos mostra como, segundo Freud, a interdição promovida pela educação deve ser interiorizada, assim: A existência da moral individual mostra que a regra imposta pela realidade não é exterior ao sujeito, mas que é tomada em sua forma afetiva. Sua eficácia repousa sobre essa interiorização. A interiorização somente é possível se o sujeito possui uma instância capaz de fazer sua a exigência social que contrabalança a influência das pulsões. O sistema freudiano postula, então, uma energia própria no sujeito, uma espécie de pulsão de conservação de si e de sobrevivência que contrabalança as forças pulsionais primitivas. É no amor- 1Graduanda do Curso de Licenciatura em ciências agrícolas do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo – Campus Itapina. E-mail: beatrizantoneli@hotmail.com próprio que está a raiz da obrigação moral e, portanto, de educabilidade (JOLIBERT, 2010, p. 25-26). O autor aponta como Freud estaria inserido na tradição humanista. A psicanálise não tem como pretensão libertar as pulsões dos constrangimentos sociais, mas, na verdade, ensinar as crianças a dominar seus instintos. Logo, para o autor, a educação tem a função de tentar promover, com um equilíbrio razoável, os sacrifíciose benefícios que a realidade impõe a busca pelo prazer, tudo pela razão e pela ciência. Freud apresentou as fases psicossexuais, na qual mostrou que o desenvolvimento do ser homem se dá por estágios, estágios estes que foram denominados por estágio oral (0 aos 18 meses da criança) anal (18 meses aos 3 anos de vida), fálico (3 aos 6 anos da criança), latência (seis aos nove anos da criança) e por último o estágio genital. Para Freud, a maior parte dos pensamentos e desejos reprimidos é de uma ordem sexual, que por sua vez foram mal resolvidos nos primeiros anos de vida dos sujeitos, ou seja, na sua infância e também suas experiências que causaram alguns traumas e foram refreadas, resultam em sintomas e atitudes atuais, conformando que o período infantil deixa grandes recordações. Neste contexto surge a teoria da personalidade que Freud arriscou ordenar três componentes básicos da vida psíquica humana. Sendo eles: o ID, EGO e SUPEREGO. O ID é responsável pelos nossos impulsos mais primitivos: as paixões, a libido, a agressividade, está conosco desde que nascemos e é norteado pelo “princípio do prazer”, mas seus desejos são frequentemente reprimidos. O ego é comandado pelo princípio da realidade, essa parte é aquela que mostramos aos outros. Fortalecido pela razão, o ego está “preso” entre os desejos do id (tentando encontrar um jeito adequado de realizá-los) e as regras ditadas pelo superego. O superego também chamado de “ideal do ego”, tem a função de conter os impulsos do id. Suas regras sociais e morais não nascem com a gente: nós as aprendemos na sociedade para que possamos conviver nela corretamente. 1Graduanda do Curso de Licenciatura em ciências agrícolas do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo – Campus Itapina. E-mail: beatrizantoneli@hotmail.com 2. JEAN PIAGET Jean Piaget (1896-1980) iniciou muito cedo à precisão da observação naturalista pelas mãos do malacólogo Paul Godet, diretor do museu de história natural de Neuchatel, sua cidade natal, lançado, ainda estudante, na arena da confrontação científica internacional, em 1911, com a idade de 15 anos, publica seus primeiros trabalhos em revistas de grande circulação. Piaget foi muito rapidamente seduzido pelo charme e pelo rigor da pesquisa científica. Próprias palavras: (MUNARI, 2010, p. 12-13). Esses estudos, por prematuros que fossem, foram de grande utilidade para minha formação científica; além disso, funcionaram, poderia dizer, como instrumentos de proteção contra o demônio da filosofia. Graças a eles, tive o raro privilégio de vislumbrar a ciência e o que ela representa antes de sofrer as crises filosóficas da adolescência. Ter tido a experiência precoce destes dois tipos de problemática constituiu, estou convencido, o motivo secreto da minha atividade posterior em psicologia (PIAGET, 1949, p.18). Assim, apesar de duas importantes crises de adolescência, uma religiosa e outra filosófica, Piaget chegou, progressivamente, à convicção íntima de que o método científico era a única via de acesso legítima ao conhecimento, e que os métodos reflexivos ou introspectivos da tradição filosófica, no melhor dos Casos, só podiam contribuir para elaborar certo tipo de conhecimento (Piaget, 1965b apud MUNARI, 2010, p. 13). Essa convicção, cada vez mais forte, determinou as opções básicas que Piaget adotou até os anos 20 do século passado e que ele nunca mais modificou, seja no campo da psicologia que decidira Estudar; seja no da política acadêmica que decidira defender; seja, finalmente, no compromisso que aceitara enfrentar diante dos problemas da educação. (MUNARI, 2010, p. 13). Jean Piaget (1949 apud MUNARI, 2010, p. 17) coloca que “a coerção é o pior dos métodos pedagógicos” e que “no terreno da educação, o exemplo deve desempenhar um papel mais importante que o da coerção” (PIAGET 1949 apud MUNARI, 2010, p.17). O autor coloca ainda a importância da tarefa 1Graduanda do Curso de Licenciatura em ciências agrícolas do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo – Campus Itapina. E-mail: beatrizantoneli@hotmail.com para o aluno, ao elucidar que uma verdade aprendida é somente uma meia verdade, ao passo que a verdade inteira precisar ser reconquistada, reconstruída ou redescoberta pelo estudante (PIAGET, 1950 apud MUNARI, 2010). Em linhas gerais, projeto educativo de Piaget propõe uma escola sem coerção, na qual o aluno é convidado à experimentação ativa, com objetivo de definir por si próprio o que tem de aprender. Não se aprende a experimentar simplesmente vendo o professor experimentar, ou dedicando-se a exercícios já previamente organizados: só se aprende a experimentar, tateando, por si mesmo, trabalhando ativamente, ou seja, em liberdade e dispondo de todo o tempo necessário (PIAGET, 1949 apud MUNARI, 2010, p.18). A escola de Piaget não funcionaria com base em livros obrigatórios para os alunos, mas em obras de referência a partir das quais os alunos buscariam o conhecimento necessário para empregar livremente. Para Piaget o conhecimento é fruto das trocas entre o organismo e o meio. Essas trocas são responsáveis pela construção da própria capacidade de conhecer. Produzem estruturas mentais que, sendo orgânicas não estão programadas no genoma, mas aparecem como resultado das solicitações do meio ao organismo (CAVICCHIA, 2010). A alteração organismo-meio ocorre através do que Piaget chama de processo de adaptação, com seus dois aspectos complementares: a assimilação e a acomodação (CAVICCHIA, 2010). Os processos de assimilação e acomodação são complementares e acham-se presentes durante toda a vida do indivíduo e permitem um estado de adaptação intelectual. É muito difícil, se não impossível, imaginar uma situação em que possa ocorrer assimilação sem acomodação, pois dificilmente um objeto é igual a outro já conhecido, ou uma situação é exatamente igual à outra. Vê-se nessa ideia de "equilibração" de Piaget a marca da sua formação como Biólogo que o levou a traçar um paralelo entre a evolução biológica da espécie e as construções cognitivas. O processo de equilibração pode ser definido como um mecanismo de organização de estruturas cognitivas em um sistema coerente que visa a levar 1Graduanda do Curso de Licenciatura em ciências agrícolas do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo – Campus Itapina. E-mail: beatrizantoneli@hotmail.com o indivíduo à construção de uma forma de adaptação à realidade. Haja vista que o "objeto nunca se deixa compreender totalmente" (LA TAILLE, 2003. Apud TERRA, 2004), o conceito de equilibração sugere algo móvel e dinâmico, na medida em que a constituição do conhecimento coloca o indivíduo frente a conflitos cognitivos constantes que movimentam o organismo no sentido de resolvê-los. Em última instância, a concepção do desenvolvimento humano, na linha piagetiana, deixa ver que é no contato com o mundo que a matéria bruta do conhecimento é arrecadada, pois que é no processo de construções sucessivas resultantes da relação sujeito-objeto que o indivíduo vai formar o pensamento lógico. É bom considerar, ainda, que, na medida em que toda experiência leva em graus diferentes a um processo de assimilação e acomodação, trata-se de entender que o mundo das ideias, da cognição, é um mundo inferencial. Para avançar no desenvolvimento é preciso que o ambiente promova condições para transformações cognitivas, é necessário que se estabeleça um conflito cognitivo que demande um esforço do indivíduo para superá-lo a fim de que o equilíbrio do organismoseja restabelecido, e assim sucessivamente. No entanto, esse processo de transformação vai depender sempre de como o indivíduo vai elaborar e assimilar as suas interações com o meio, isso porque a visada conquista da equilibração do organismo reflete as elaborações possibilitadas pelos níveis de desenvolvimento cognitivo que o organismo detém-nos diversos estágios da sua vida, onde Piaget considera 4 períodos no processo evolutivo da espécie humana que são caracterizados "por aquilo que o indivíduo consegue fazer melhor" no decorrer das diversas faixas etárias ao longo do seu processo de desenvolvimento (FURTADO, 1999. Apud TERRA, 2004). São eles: 1º período: Sensório-motor (0 a 2 anos); 2º período: Pré- operatório (2 a 7 anos); 3º período: Operações concretas (7 a 11 ou 12 anos); 4º período: Operações formais (11 ou 12 anos em diante). Cada uma dessas fases é caracterizada por formas diferentes de organização mental que possibilitam as diferentes maneiras do indivíduo 1Graduanda do Curso de Licenciatura em ciências agrícolas do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo – Campus Itapina. E-mail: beatrizantoneli@hotmail.com relacionar-se com a realidade que o cerca (CF. COLL; GILLI-RON, 1987 Apud TERRA, 2004). De uma forma geral, todos os indivíduos vivenciam essas 4 fases na mesma sequência, porém o início e o término de cada uma delas pode sofrer variações em função das características da estrutura biológica de cada indivíduo e da riqueza (ou não) dos estímulos proporcionados pelo meio ambiente em que ele estiver inserido. Por isso mesmo é que a divisão nessas faixas etárias é uma referência, e não uma norma severa. De acordo com os pressupostos da teoria de Piaget, tais adultos estariam, portanto, no estágio operatório-concreto, ou seja, não teriam alcançado, ainda, o estágio final do desenvolvimento que caracteriza o funcionamento do adulto (lógico-formal). Como é que tais adultos (operatório- concreto) poderiam, ainda, adquirir condições de ampliar e aprofundar conhecimentos (lógico-formal) se não lhes é reservada, de acordo com a respectiva teoria, a capacidade de desenvolver "novos modos de funcionamento mental"? - aliás, de acordo com a teoria, não dependeria do desenvolvimento da estrutura cognitiva a capacidade de desenvolver o pensamento descontextualizado? (TERRA, 2004). Para Piaget, existe um desenvolvimento da moral que ocorre por etapas, de acordo com os estágios do desenvolvimento humano. Para Piaget (1977 apud LA TAILLE 1992), "toda moral consiste num sistema de regras e a essência de toda moralidade deve ser procurada no respeito que o indivíduo adquire por estas regras". Isso porque Piaget entende que nos jogos coletivos as relações interindividuais são regidas por normas que, apesar de herdadas culturalmente, podem ser modificadas consensualmente entre os jogadores, sendo que o dever de 'respeitá-las' implica a moral por envolver questões de justiça e honestidade. Assim sendo, Piaget argumenta que o desenvolvimento da moral abrange 3 fases: (I) anomia (crianças até 5 anos), em que a moral não se coloca, ou seja, as regras são seguidas, porém o indivíduo ainda não está mobilizado pelas relações bem x mal e sim pelo sentido de hábito, de dever; 1Graduanda do Curso de Licenciatura em ciências agrícolas do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo – Campus Itapina. E-mail: beatrizantoneli@hotmail.com (II) heteronomia (crianças até 9, 10 anos de idade), em que a moral é = a autoridade, ou seja, as regras não correspondem a um acordo mútuo firmado entre os jogadores, mas sim como algo imposto pela tradição e, portanto, imutável; (III) autonomia, corresponde ao último estágio do desenvolvimento da moral, em que há a legitimação das regras e a criança pensa a moral pela reciprocidade, quer seja o respeito a regras é entendido como decorrente de acordos mútuos entre os jogadores, sendo que cada um deles consegue conceber a si próprio como possível 'legislador' em regime de cooperação entre todos os membros do grupo (TERRA, 2004). Para Piaget, a própria moral pressupõe inteligência, haja vista que as relações entre moral x inteligência têm a mesma lógica atribuídas às relações inteligência x linguagem. Quer dizer, a inteligência é uma condição necessária, porém não suficiente ao desenvolvimento da moral. Nesse sentido, a moralidade implica pensar o racional, em 3 dimensões: a) regras: que são formulações verbais concretas, explícitas (como os 10 Mandamentos, por exemplo); b) princípios: que representam o espírito das regras (amai-vos uns aos outros, por exemplo); c) valores: que dão respostas aos deveres e aos sentidos da vida, permitindo entender de onde são derivados os princípios das regras a serem seguidas. (TERRA, 2004). Assim sendo, as relações interindividuais que são regidas por regras envolvem, por sua vez, relações de coação - que corresponde à noção de dever; e de cooperação - que pressupõe a noção de articulação de operações de dois ou mais sujeitos, envolvendo não apenas a noção de 'dever' mas a de 'querer' fazer. Vemos, portanto, que uma das peculiaridades do modelo piagetiano consiste em que o papel das relações interindividuais no processo evolutivo do homem é focalizado sob a perspectiva da ética (CF. LA TAILLE, 1992 apud TERRA, 2004). Isso implica entender que o desenvolvimento cognitivo é condição necessária ao pleno exercício da cooperação, mas não condição suficiente. Se a perspectiva de Piaget sobre o desenvolvimento mental é a do conhecimento, e como só pode haver conhecimento por parte do indivíduo que 1Graduanda do Curso de Licenciatura em ciências agrícolas do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo – Campus Itapina. E-mail: beatrizantoneli@hotmail.com conhece, é preciso partir da perspectiva do sujeito e tentar identificar que estruturas ele põe em ação para constituir o saber. Inicialmente vemos um ser estruturado por seus componentes hereditários, que se adapta assimilando-se e acomodando-se e, fazendo isso, vai modificando suas estruturas de assimilação para melhor assimilar, num círculo sem-fim, cujo movimento vai alargando o processo numa espécie de espiral. Este processo expressa o que Piaget indicou, ao afirmar que não há génese sem estrutura nem estrutura sem génese. Se a inteligência, como instrumento de adaptação, é pensada em termos de equilíbrio entre a assimilação e a acomodação, o resultado disso é o conhecimento, meio que possui a mente humana para se adaptar. Assim, se o sujeito constitui o objeto, ele se constitui ao se reconstituir de volta (CAVICCHIA, 2010). CONSIDERAÇÕES FINAIS Em seus estudos sobre crianças, Jean Piaget descobriu que elas não raciocinam como os adultos com base nisso, ele modificou a teoria pedagógica tradicional que, até então, afirmava que a mente de uma criança é vazia, esperando ser preenchida por conhecimento. Na visão de Piaget, as crianças são as próprias construtoras ativas do conhecimento, constantemente criando e testando suas teorias sobre o mundo. O psicanalista Freud descobriu técnicas que permitiam trazer ao consciente as causas não conhecidas, o que provoca patologias, instabilidade psíquica. Devido ao estudo da psicanálise, Freud pode encontrar quatro formas terapêuticas para a interpretação da mente humana: as associações livres de ideias, a interpretação dos sonhos, a análise da transferência e análise dos atos falhados. Com base nas ideias de análises propostas por esses autores vemos que muitos problemas vivenciados dentro do ambiente de formação acadêmica podemser solucionados com base na percepção e entendimento do querer de cada criança na observação do comportamento. 1Graduanda do Curso de Licenciatura em ciências agrícolas do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo – Campus Itapina. E-mail: beatrizantoneli@hotmail.com Piaget forneceu uma percepção sobre as crianças que serve como base de muitas linhas educacionais atuais. De fato, suas contribuições para as áreas da Psicologia e Pedagogia são imensuráveis. Grande parte desse conhecimento é adquirida através das zonas do conhecimento onde os jogos e brincadeiras infantis têm sua principal influencia, onde as noções de regras são criadas, a socialização se faz presente, o simbólico é exercitado, além do físico e o mental. Devido ao estudo da psicanálise, Freud pode encontrar quatro formas terapêuticas para a interpretação da mente humana: as associações livres de ideias, a interpretação dos sonhos, a análise da transferência e análise dos atos falhados. Sabemos que no ambiente educacional da escola existem diversos tipos de alunos que vivenciam inúmeras experiências de vida, o educador que se baseia em ideias propostas pelos dois autores citados no artigo tem uma bagagem a mais para solucionar diversos problemas vivenciados em sua vida acadêmica. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS JOLIBERT, Bernard. Sigmund Freud. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, Editora Massangana, 2010. Textos de pensadores compõem acervos distribuídos a escolas. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/component/tags/tag/34955. Acesso em 16 de novembro de 2018. CAVICCHIA, Durlei de Carvalho; O desenvolvimento da criança nos primeiros anos de vida; Departamento de Psicologia da Educação da UNESP, Araraquara SP, 2010. MUNARI, Alberto. Jean Piaget. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, Editora Massangana, 2010. TERRA, Marcia Regina; O desenvolvimento humano na teoria de Piaget, Linguística Aplicada/ IEL, Instituto de Estudos da Linguagem, UNICAMP, Campinas, São Paulo, 2004. 1Graduanda do Curso de Licenciatura em ciências agrícolas do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo – Campus Itapina. E-mail: beatrizantoneli@hotmail.com ABREU, Katia. O que é ego, id e superego? 2012. Disponível em https://super.abril.com.br/mundo-estranho/o-que-e-ego-id-e-superego/. Acesso em 16 de novembro de 2018.
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