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Anotações - Direito Civil - 03 de 09

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1 
 
 
 
DIREITO CIVIL – PONTO 03 
 
Prescrição e decadência. Prova. 
 
Não há indicação do autor deste resumo no original - Atualizações em azul – elaborado outubro de 2010 – 
para prova oral do XIII Concurso para juiz federal do TRF 1ª Região 
Atualização em agosto de 2012 por Sophia Nóbrega Câmara 
PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA 
Vislumbra-se, na prescrição e decadência, fenômenos jurídicos tendentes a conferir equilíbrio e 
segurança às relações jurídicas e às relações sociais como um todo, trazendo consigo o caráter inescondível 
da estabilização das relações jurídicas em respeito aos princípios e garantias constitucionais. 
 
I – Prescrição. 
Legislação básica. 
Arts. 189 a 206, CC. 
 
Introdução 
 Nosso Código Civil reservou o termo “prescrição” apenas para a extintiva (ou liberatória), adotando, 
para a prescrição aquisitiva da propriedade, o termo “usucapião”. Baseando-se na corrente dualista, separou-
as como institutos autônomos, localizando a prescrição extintiva na parte geral e a aquisitiva na parte 
especial, como figura jurídica pertinente ao direito das coisas. Se aplicam ao instituto da usucapião as regras 
gerais da prescrição extintiva, como, por exemplo, as hipóteses de suspensão e interrupção do prazo 
prescricional, obstando a aquisição da propriedade em tais circunstâncias (vide STJ, AC. 4ª T., Resp. 
149.186/RS, Rel. Min. Fernando Gonçalves, j. 4.11.03). (DUALIDADE CONCEITUAL) 
 A causa eficiente da prescrição é a inércia do titular da ação, e seu fator operante é o tempo. Só pode 
ter por objeto a ação, e não o direito, ainda que este também sofra seus efeitos (a prescrição, extinguindo a 
ação, o torna inoperante). 
 Definição: “prescrição é a extinção de uma ação ajuizável, em virtude da inércia de seu titular 
durante um certo lapso de tempo, na ausência de causas preclusivas de seu curso”. É o encobrimento (ou 
extinção, na letra do art. 189 do CC) da eficácia de determinada pretensão (perda do poder de efetivar o 
direito a uma prestação1), por não ter sido exercitada no prazo legal (DIDIER, p. 301). 
 A bem da verdade, há três teorias básicas sobre a prescrição: i) aquela que diz que ela atinge o 
próprio direito material (de origem imanentista, segundo a qual o direito de ação seria imanente ao direito 
material); ii) aquela que diz que o que é atingido é o direito de ação e, por via reflexa, o direito material, que 
ficaria sem proteção (Câmara Leal); e iii) aquela adotada pelo novo Código Civil que afirma que a 
prescrição atinge a pretensão¸ que é a faculdade de exigir de outrem uma determinada prestação, 
extinguindo-a (fruto dos estudos pandectistas alemães e suas teorias abstratas). Segundo o CC/2002, a 
prescrição não atinge o direito de ação, mas apenas a pretensão (instituto de direito material), confirmando o 
caráter de direito autônomo, abstrato, público e subjetivo daquele (art. 5º, XXXV, CF). 
 
 Mesmo a última das teorias diz que, na verdade, a prescrição não fulminaria a pretensão, mas abriria 
ensejo a que o interessado pudesse alegar a sua extinção como matéria de defesa, já que era defeso ao juiz 
conhecer de ofício a prescrição, salvo se beneficiasse absolutamente incapaz. Porém, com a publicação da 
lei n.º 11.280/2006, que introduziu o § 5º, no art. 219 do CPC (“§ 5º O juiz pronunciará, de ofício, a 
prescrição.”) e revogou o art. 194 do CC, mesmo essa tese caiu por terra, pois, agora, a prescrição 
extingue a pretensão mesmo, uma vez que é dever do juiz pronunciá-la, salvo se tiver havido expressa 
 2 
 
 
ou tácita renúncia1. Cristiano Chaves e Nelson Rosenvald entendem que a prescrição, por referir-se a 
direitos subjetivos patrimoniais, não deveria poder ser conhecida de ofício pelo juiz, considerando atécnica a 
alteração promovida pela Lei 11.280/06. 
 Ainda sobre pretensão, há autores que alertam para o fato de que existem modalidades dela sem que 
haja violação de direito, como na hipótese dos direitos reais, em que o titular do domínio detém a pretensão 
de abstenção das demais pessoas em relação aos poderes que ele exerce sobre a coisa, pretensão esta que, se 
violada, faz nascer outras (reparatória e possessória/petitória). No entanto, como tais espécies de pretensão 
não decorrem de violação de direito, seriam imprescritíveis. 
 
 A prescrição pode ser alegada a qualquer tempo e em qualquer grau de jurisdição (art. 193, CC), ou 
seja, é possível suscitá-la pela primeira vez em grau de recurso. Não obstante isso, o réu deve suscitá-la na 
primeira oportunidade, sob pena de arcar com as despesas supervenientes (art. 22, CPC). Por evidente não 
pode ser alegada pela primeira vez em sede de Resp e Rex, pois que implica inovação da lide, sem 
prequestionamento. 
 
B. Fundamento da prescrição 
 Remontando ao direito romano, ali encontraremos três fundamentos para a prescrição: 
a) necessidade de fixar as relações jurídicas incertas; 
b) castigo à negligência; 
c) o interesse público. 
 Prevalece, na doutrina atual, o entendimento de que o fundamento da prescrição consiste no interesse 
social pela estabilidade das relações jurídicas. 
 As normas sobre prescrição são de ordem pública ou privada? Há, como vimos, um interesse público 
na harmonia social. Assim, a instituição de prazo prescricional obedece à utilidade pública; a norma que o 
estatui, portanto, é de ordem pública.Frise-se a recente alteração do entendimento do STJ : Recentemente, 
contudo, o STJ alterou seu entendimento. No julgamento do AgRg nos EREsp 999.342/SP, rel. Min. Castro 
Meira, sua Corte Especial entendeu não ser possível examinar questões de ordem pública, caso não haja o 
indispensável prequestionamento. Afirmou-se que, ainda que tenha o recurso sido admitido por outro 
fundamento, não será possível examinar uma questão de ordem pública ou um fato superveniente, se não 
houver prequestionamento a seu respeito. Mais recentemente, sua 2a Turma, seguindo aquele precedente da 
Corte Especial, confirmou que “mesmo as matérias de ordem pública precisam ser prequesitonadas”. (EDcl 
nos EDcl no AgRg no AREsp 32.420/PB, rel. Min. Humberto Martins, j. 21/6/2012, DJe 28/6/2012). 
 Não obstante, como as relações jurídicas por ela reguladas são de ordem privada, este fato lhe 
empresta, também, um caráter privado, dando-se uma natureza mista. Daí os fenômenos, virtualmente 
antagônicos, que apresenta contemporaneamente: como norma pública, tem sempre efeito retroativo, ficando 
a prescrição em curso sujeita às alterações da nova lei; mas, como norma privada, pode ser renunciada a 
prescrição pelo prescribente, uma vez consumada. 
 
C. Requisitos para que se verifique prescrição: 
a) existência de uma pretensão exercitável; 
b) inércia do titular da pretensão pelo seu não-exercício; 
c) continuidade dessa inércia durante um certo lapso de tempo; 
d) ausência de algum fato ou ato a que a lei atribua eficácia impeditiva, suspensiva ou interruptiva do 
curso prescricional. 
 
 a) Existência de pretensão exercitável – para que se verifique um primeiro dos requisitos da 
prescrição, é preciso que haja uma pretensão exercitável. 
 Fenômeno objetivo ou subjetivo – Discute-se, na doutrina, se a prescrição é um fenômeno puramente 
objetivo, decorrendo o seu início do fato da violação, independentemente da ciência ou do conhecimento do 
 
1
 Enunciado n.º 295 da IV Jornada de Direito Civil do CJF – Art. 191. A revogação do art. 194 do Código Civil pela Lei n. 
11.280/2006, que determina ao juiz o reconhecimento de ofício da prescrição, não retira do devedor a possibilidade de renúncia 
admitida no art. 191 do texto codificado. 
 3 
 
 
titular, ou se é um fenômeno subjetivo, ficando o início da prescrição dependendo da condição de que seu 
titular tenha conhecimento da violação. 
 Este é o seu raciocínio para as ações pessoais. Acrescenta, outrossim, quea doutrina da contagem do 
prazo da prescrição da data da ciência da violação deve ser limitada às prescrições de curto prazo, porque, 
nas de prazo longo, a própria ignorância da violação, pelo titular, denota negligência, indicando o abandono 
em que deixou a coisa, objeto da violação, a ponto de ter sido violada e ele o ignorar por longo tempo. 
 Cristiano Chaves e Nelson Rosenvald sustentam que a fluência do prazo prescricional se inicia com o 
surgimento da pretensão correspondente. Ou seja, tem início a contagem prazal com a exigibilidade do 
direito subjetivo subjacente (neste sentido o enunciado 14 da Jornada de Direito Civil: “1) o início do prazo 
prescricional ocorre com o surgimento da pretensão, que decorre da exigibilidade do direito subjetivo; 2) o 
art. 189 diz respeito a casos em que a pretensão nasce imediatamente após a violação do direito absoluto ou 
da obrigação de não fazer”). É o princípio da actio nata, segundo o qual somente a partir do efetivo 
conhecimento do ato que viola um direito subjetivo, originando a pretensão, é que se inicia a 
contagem do prazo prescricional. A regra é aplicável, inclusive, aos prazos decadenciais. 
 Consoante os referidos autores o art. 189, CC, agasalha o princípio da actio nata, não obstante a 
ausência de referência explícita à necessidade de efetivo conhecimento do interessado acerca da violação ao 
direito. A jurisprudência consagrou a tese da actio nata que diz que, efetivamente, o início da fluência do 
prazo prescricional deve decorrer não da violação em si a um direito subjetivo, mas, sim, do conhecimento 
da violação ou lesão ao direito subjetivo pelo seu respectivo titular (FARIAS, p. 726). Exemplos de 
aplicação da teoria da actio nata: súmula nº 278 do STJ e art. 27 do CDC. 
 A Corte também vem aplicando a teoria da actio nata em outros ramos do direito, em especial em 
matéria tributária, como é o caso do redirecionamento da execução fiscal, porém, em alguns casos, 
conferindo-lhe oposta interpretação, no sentido de que o prazo prescricional se inicia com a efetiva lesão ao 
direito, independentemente do conhecimento de seu titular: 
STJ - Data do Julgamento: 20 de novembro de 2008 
AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.062.571 - RS (2008/0117846-4) 3. A citação do sócio-
gerente foi realizada após o transcurso de prazo superior a cinco anos, contados da citação da 
empresa. Não houve prescrição, contudo, porque se trata de responsabilidade subsidiária, de 
modo que o redirecionamento só se tornou possível a partir do momento em que o juízo de 
origem se convenceu da inexistência de patrimônio da pessoa jurídica. Aplicação do princípio 
da actio nata. 
4. Agravo Regimental provido. 
AgRg no REsp 802669 / SC 
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL 
2005/0203481-5 
DJe 04/02/2010 – 1ª T – Rel. Min. Hamilton Carvalhido 
AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. CORREÇÃO MONETÁRIA. EMPRÉSTIMO 
COMPULSÓRIO SOBRE ENERGIA ELÉTRICA. PRESCRIÇÃO. TERMO A QUO. INCLUSÃO 
DE ÍNDICES INFLACIONÁRIOS. TAXA SELIC. INCABIMENTO. 
1. O termo a quo da prescrição surge com o nascimento da pretensão, qual seja, a actio nata, 
assim considerada a possibilidade do seu exercício em juízo, independentemente do seu 
conhecimento pelo titular do direito. 
 
O princípio também é aplicado à decadência. 
 b) Inércia do titular da pretensão pelo seu não-exercício: 
 c) Continuidade dessa inércia durante um certo lapso de tempo: 
d) Ausência de algum fato ou ato a que a lei atribua eficácia impeditiva, suspensiva ou 
interruptiva do curso prescricional: 
As causas impeditivas são aquelas que, como o próprio nome diz, impedem que o prazo se 
inicie. Atuam concomitantemente ao nascimento da pretensão (ex.: violação de direito subjetivo de uma 
pessoa interditada por ser absolutamente incapaz). Na interrupção, o prazo só correrá depois de cessada 
a causa interruptiva. 
 
 4 
 
 
Já as causas suspensivas são aquelas que fazem parar o fluxo do prazo prescricional já 
iniciado, em razão de determinado fato jurídico (ex.: o prazo prescricional da pretensão de cobrança de 
José em face de Maria, que vinha correndo desde o inadimplemento, suspende-se com o advento do 
casamento dos dois). Na suspensão, o prazo anterior ao evento suspensivo, tão logo este desapareça, 
volta a correr pelo saldo. 
 
CAUSAS SUSPENSIVAS E 
IMPEDITIVAS2 
CAUSAS INTERRUPTIVAS 
Suspensivas – paralisam 
temporariamente o curso da prescrição 
quando já se iniciou a fluência dos prazos. 
O prazo volta a correr de onde parou. 
Impeditivas – obstam o começo da 
fluência prazal. 
Implicam na inutilização do prazo 
prescricional em curso e, quando reiniciada a sua 
fluência, ele é integralmente reiniciado (salvo a 
existência de previsão específica em lei como, 
por exemplo, o art. 9º do Decreto nº 20910/32). 
Todas possuem natureza 
extrajudicial. 
Em regra, possuem natureza judicial 
(exceções: protesto cambial e confissão de 
dívida). 
Previstas taxativamente nos arts. 
197, 198 e 199 do CC. 
Previstas taxativamente no art. 202 do 
CC. 
Hipóteses que possuem observações 
importantes: 
1) Entre ascendentes e 
descendentes, durante o poder familiar – 
é irrelevante nesse caso ser o menor 
absoluta ou relativamente incapaz, pois para 
suspender/impedir a fluência da prescrição 
basta que esteja submetido ao poder 
familiar. 
2) Contra os incapazes de que 
trata o art. 3º - apenas os 
ABSOLUTAMENTE incapazes; contra os 
relativamente o prazo flui normalmente. 
3) Contra os ausentes do País em 
serviço público da União, dos Estados ou 
dos Municípios – não haverá paralisação do 
prazo contra aqueles que estão a passeio ou 
prestando serviços à iniciativa privada. 
4) Contra os que se acharem 
servindo nas Forças Armadas, em tempo 
de guerra – não se aplica em tempo de paz. 
Hipóteses que possuem observações 
importantes: 
1) Por DESPACHO DO JUIZ, mesmo 
incompetente, que ordenar a citação, se o 
interessado a promover no prazo e na forma 
da lei processual – modificação dos arts. 219 e 
617 do CPC que afirmavam decorrer a 
interrupção da prescrição da citação válida. A 
interrupção decorrente do despacho do juiz 
retroage à data da propositura da ação (Súm. 
106/STJ). Nos JEC’s, onde não há despacho 
liminar, a interrupção se realiza, diretamente, 
com a simples propositura da demanda, motivo 
pelo qual é irrelevante se o processo será extinto 
com ou sem resolução do mérito. 
2) Por protesto, nas condições do inciso 
antecedente – trata-se aqui da ação cautelar do 
protesto. Aplicam-se as regras do despacho 
judicial. 
3) Por protesto cambial – protesto 
realizado extrajudicialmente. Superada Súm. 
153/STF. 
4) Por qualquer ato inequívoco, ainda 
que extrajudicial, que importe 
reconhecimento do direito pelo devedor – por 
exemplo, a confissão de dívida. 
Outras hipóteses: 
• Ausentes declarados 
judicialmente – aqui o termo inicial será o 
desaparecimento. 
• Ação civil ex delito enquanto 
ATENÇÃO! A interrupção única a que se 
refere o caput do art. 202 do CC somente atinge 
as causas extrajudiciais (protesto cambial e 
confissão de dívida), não sendo possível incidir 
sobre as hipóteses judiciais interruptivas 
 
2
 
 
�
 
 5 
 
 
não transitada em julgado a decisão penal 
(art. 200 do CC). 
• Súmula 229 do STJ – 
harmonização com a boa-fé objetiva. 
(FARIAS, p. 732). Assim sendo, feito o protesto 
cambial e ajuizada ação de execução, com o 
despacho citatório, a prescrição será novamente 
interrompida. 
 
Ver causas impeditivas, suspensivas e interruptivas da prescrição nos arts. 197, 198, 199, 200 e 202, 
CC/2002. São previstas de forma taxativa em lei. 
Importante salientar que, por força de inovação do art. 202, CC, a prescrição só pode ser 
interrompida uma única vez. Cristiano Chaves eNelson Rosenvald entendem que, não obstante o silêncio 
da lei, tal limitação só se aplica às causas extrajudiciais, não sendo possível incidir sobre as hipóteses 
judiciais (tb Arruda Alvim). 
Não esquecer que, em relação às causas interruptivas judiciais, o prazo refere-se a cada tipo de 
pretensão, ou seja, a pretensão executória tem autonomia, contando com o mesmo prazo da pretensão 
cognitiva (Súmula 150, STF). 
O art. 203, CC, assegura que a prescrição pode ser interrompida por qualquer interessado (Ex: 
herdeiro do credor, credor do credor). 
Os efeitos da prescrição são pessoais, logo, regra geral, a interrupção por um credor não 
aproveita aos demais, assim como contra um devedor/seu herdeiro não prejudica os demais (art. 204, 
caput, CC). Exceções: 
• Interrupção por um credor solidário/ contra um devedor solidário � aproveita/ prejudica os 
demais (art. 204, §1º). 
• Interrupção contra herdeiros do devedor solidário não prejudica os outros herdeiros ou 
devedores � salvo quando se tratar de direitos/ obrigações indivisíveis (art. 204, §2º, CC). 
• Interrupção contra o devedor principal � prejudica o fiador (art. 204, §3º, CC) 
Do mesmo modo, a suspensão da prescrição por um dos credores solidários não aproveita aos 
demais, salvo quando a obrigação for indivisível (art. 201, CC). 
D. Prescrição da exceção 
 O novo Código Civil afirma que a exceção prescreve no mesmo prazo em que prescreve a ação. 
 No entanto, há de se fazer uma distinção indispensável para a interpretação da disposição, a fim de 
não se esvaziar o conteúdo do direito à ampla defesa. 
 É que há exceções próprias – aquelas em que a parte apenas se defende, sem atacar a parte autora 
(ex.: pagamento em ação de cobrança) –, que somente não manejáveis pela via de defesa (contestação e 
exceção em sentido estrito), e há as denominadas exceções impróprias – aquelas em que a parte, além de se 
defender, ataca a parte autora (ex.: pedido de pagamento em dobro no caso da cobrança do que já fora pago) 
– que poderiam, inclusive, ser veiculadas através de uma ação própria ou de uma reconvenção. As exceções 
impróprias são também chamadas de exceções substanciais, verdadeiros contradireitos (Ex: Ação petitória 
contra aquele que adquiriu a propriedade sem ainda ter dado entrada em ação de usucapião, sendo que este 
alega a prescrição aquisitiva em sede de exceção substancial). 
 Como as exceções próprias não se fundam numa pretensão, porque não houve violação de um 
direito subjetivo (constituem faculdades processuais colocadas à disposição da parte a quem 
aproveita), seriam imprescritíveis, e poderiam ser alegadas em qualquer tempo. 
 Já no tocante às exceções impróprias, como decorrem da violação de um direito subjetivo e, 
assim, consubstanciam uma pretensão, prescrevem no mesmo prazo da ação que seria possível ajuizar 
para exigir a prestação correspondente. Assim, se sou réu numa demanda de cobrança e pretendo opor 
compensação de uma dívida já prescrita, o juiz poderá reconhecer a prescrição da exceção de compensação. 
E. Prazos Prescricionais 
Todos os prazos prescricionais estão organizados nos arts. 205 e 206 do CC/2002, sendo todos os 
demais prazos encontrados no Estatuto Codificado de natureza decadencial. 
• Art. 205 � cláusula geral � 10 anos (tanto para ações reais quanto pessoais, ao contrário do CC/16, 
que fazia distinção entre ambas). 
• Art. 206 � prazos específicos 
Obs: Tais prazos não podem ser alterados por vontade das partes (art. 192, CC). 
 6 
 
 
Obs: A ação do particular contra a Administração Pública prescreve em 5 anos (Decreto nº 20.910/32), no 
caso das Fazendas federal, estadual e municipal, sendo que o Decreto-lei 4.597/42 elasteceu a regra para 
alcançar as autarquias (mas não as pessoas jurídicas de direito privado que integram a Administração 
Indireta, sendo demonstração disso a Súmula 39 do STJ). Frise-se que o STJ, e o STF pacificARAM a 
questão referente ao prazo prescricional de 5 anos, e não de três, conforme previsto no CC02 (sentença cível 
TRF 5), por se tratar de prazo especial. *O prazo prescricional referente à pretensão de reparação civil 
contra a Fazenda Pública é quinquenal, conforme previsto no art. 1º do Decreto-Lei n. 20.910/1932, e não 
trienal, nos termos do art. 206, § 3º, inciso V, do Código Civil de 2002, que prevê a prescrição em pretensão 
de reparação civil (STJ, AgRg no REsp 1256676/SC). 
 
Obs: No caso de prestações de trato sucessivo, a prescrição fulmina apenas a pretensão anterior ao 
quinquênio anterior à propositura da ação (Súmula 85, STJ: “nas relações jurídicas de trato sucessivo em 
que a Fazenda Pública figure como devedora, quando não tiver sido negado o próprio direito reclamado, a 
prescrição atinge apenas as prestações vencidas antes do qüinqüênio anterior à propositura da ação”). 
 
F. Prescrição intercorrente 
 
O CC/2002 admite implicitamente no art. 202, parágrafo único, ao estabelecer que “a prescrição 
interrompida recomeça a correr da data do ato que a interrompeu, ou do último do processo para a 
interromper”. Assim, quando a interrupção é judicial ela só volta a correr após o último ato do processo e se 
for extrajudicial, a partir do próprio ato interruptivo. 
A prescrição intercorrente se verificará pela inércia continuada e ininterrupta do autor do processo já 
iniciado, durante tempo suficiente para ocorrência da própria perda da pretensão. Reconhecida pelo STJ nos 
seguintes julgados: Resp. 474.771/SP, j. 4.2.03 e EResp. 237.079/SP, DJU 30.09.02. 
F. Imprescritibilidade 
Em razão do mesmo fundamento social, não se admitem em matéria civil, em regra, direito 
subjetivos imprescritíveis. 
Porém, há exceções, como os direitos de personalidade que por dizerem respeito ao núcleo da 
proteção da dignidade da pessoa humana são absolutos e, assim, imprescritíveis. 
Alguns autores defendem a prescrição da pretensão reparatória decorrente da violação de tais 
direitos (ex.: dano moral por ofensa à imagem), mas a moderna doutrina do direito civil 
constitucionalizado defende que toda ofensa a um direito de personalidade é sempre atual, o que 
renovaria a todo momento o termo inicial do prazo de prescrição da pretensão reparatória, o que 
tornaria tal pretensão imprescritível. 
Em matéria de direito administrativo, tem-se que pretensões de reparação de danos causados ao 
Erário são imprescritíveis (art. 37, § 5º, CF/88). 
 
II – Decadência. 
Legislação básica. 
Arts. 207 a 211, CC. 
 Definição: “decadência é a extinção do direito pela inércia de seu titular, quando sua eficácia foi, 
de origem, subordinada à condição de seu exercício dentro de um prazo prefixado, e este se esgotou sem 
que esse exercício se tivesse verificado”. 
Também chamada de caducidade, é a perda do direito potestativo3em razão do seu não exercício no prazo 
legal ou contratualmente estabelecido (DIDIER, p. 571). 
 A decadência (legal) não pode ser renunciada pelas partes, nem depois de consumada, 
diferentemente da prescrição, que pode ser renunciada depois de consumada. 
 A ação ajuizada, para obstar a decadência, não pode ser proposta perante juiz absolutamente 
incompetente. 
 
3
 
 
�
 
 7 
 
 
AGNELO AMORIM FILHO 
(“Critério científico para distinguir a prescrição da decadência e para identificar as ações 
imprescritíveis”, Revista dos Tribunais 300/7-37) 
 Aquele que tem sido apontado como quem melhor distingue prescrição e decadência é Agnelo 
Amorim Filho, o qual propõe um critério científico para distinguir a prescrição da decadência e para 
identificar as ações imprescritíveis. 
 No direito brasileiro, a distinção se torna especialmente complexa devido ao fato de haver o Código 
Civil englobado, indiscriminadamente, sob uma mesma denominação e subordinados a um mesmo capítulo, 
os prazos de decadência e prescrição. Por vezes,ainda, o Código faz uso de terminologia totalmente 
inadequada, como, v.g., quando se refere à “prescrição do direito” (arts. 166, 167 e 174, I). 
 Doutrina e jurisprudência, embora divergindo quanto a alguns casos, classificam de decadência os 
prazos previstos no artigo 178, §§ 1o, 2o, 3o e 4o, ns. I e II; § 5o, ns. I, II, III e IV; § 6o, ns. I, III, IV, V, XI, 
XII e XIII; § 7o, ns. I, VI e VII; § 8o; § 9o, ns. I, ‘a’ e ‘b’, II, III, IV, V e VI; e § 10, n. VIII (CC/16). 
I – Critérios que têm sido apresentados para distinguir a prescrição da decadência. 
 O critério mais divulgado é aquele segundo o qual a prescrição extingue a ação, e a decadência o 
direito. O critério é falho e configura uma verdadeira petição de princípio, porquanto o que se deseja saber é, 
precisamente, quando o prazo atinge a ação ou o direito. O que se procura é a causa e não o efeito. 
 Elogia o autor o critério sugerido por Câmara Leal, a que já fizemos referência (o critério que 
identifica os prazos de decadência como aqueles em que ação e direito nascem juntos, originam-se do 
mesmo fato). Aponta, entretanto, duas falhas no mesmo: 
a) é um critério empírico, carecedor de base científica (o próprio câmara Leal fala em discriminação 
“prática” dos prazos de decadência das ações); 
b) o critério não oferece elementos para se identificarem as denominadas ações imprescritíveis. 
 Agnelo Amorim Filho utiliza, como critério para distinção das hipóteses de prescrição e decadência, 
a classificação dos direitos desenvolvida por Chiovenda. É sobre isto que a seguir cuidaremos. Convém 
ressaltar que seguiremos, por razões didáticas, o raciocínio do autor, que antes de apresentar a distinção 
entre prescrição e decadência, faz apanhado sobre os direitos a uma prestação, sobre os direitos potestativos, 
e sobre a classificação das ações em condenatórias, constitutivas e declaratórias. 
II – A moderna classificação dos direitos e os direitos potestativos. 
 Segundo Chiovenda, os direitos subjetivos se dividem em duas grandes categorias: 
a) os direitos a uma prestação, de que constituem exemplos todos aqueles que compõem as duas numerosas 
categorias dos direitos reais e pessoais. Nessa classe, há sempre um sujeito passivo obrigado a uma 
prestação, seja positiva (dar ou fazer), como nos direitos de crédito, seja negativa (abster-se), como nos 
direitos de propriedade; 
b) os direitos potestativos, os quais compreendem aqueles poderes que a lei confere a determinadas pessoas 
de influírem, com uma declaração de vontade, sobre situações jurídicas de outras, sem o concurso da 
vontade destas. 
 Exemplos de direitos potestativos: o poder que têm o mandante e o doador de revogarem o mandato 
e a doação; o poder que tem o cônjuge de promover a separação; o poder que tem o condômino de desfazer a 
comunhão; o poder que têm os interessados de promover a invalidação dos atos jurídicos nulos ou anuláveis; 
o poder que tem o sócio de promover a dissolução da sociedade; o poder que tem o contratante de promover 
a rescisão do contrato por inadimplemento ou por vícios redibitórios; o poder da parte de promover a 
rescisão da sentença etc. 
 Da exposição feita acima se verifica que uma das principais características dos direitos potestativos é 
o estado de sujeição que o seu exercício cria para outra(s) pessoa(s), independentemente da vontade desta 
última, ou mesmo contra sua vontade. 
 A tal característica dos direitos potestativos se acrescentem as seguintes: 
a) são insuscetíveis de violação; 
b) a eles não corresponde uma prestação. 
 Há quem alegue que os direitos potestativos nada mais são que faculdades jurídicas. É certo que, em 
alguns casos, a distinção é muito sutil, mas a questão fica bem facilitada se se levar em conta, como fator 
distintivo, a sujeição, pois esta só existe nos direitos potestativos. 
 
 8 
 
 
III – Formas de exercício dos direitos potestativos. 
 São três: 
a) mediante simples declaração de vontade do seu titular (em princípio); 
b) mediante simples declaração de vontade do seu titular, desde que aquele que sofrer a sujeição concorde 
com tal forma de exercício. Se não concordar, o titular do direito potestativo pode recorrer à via judicial, que 
funciona, destarte, subsidiariamente; 
c) necessariamente, por meio de ação. São os casos em que a propositura da ação é obrigatória, eis que a 
alteração de determinadas situações jurídicas tem reflexos acentuados na ordem pública. Tais procedimentos 
judiciais são cunhados por Calamandrei de ações necessárias. Tal se dá, de maneira geral, nos casos que 
envolvem o estado civil das pessoas. 
 Cumpre observar que o réu da ação, conquanto não fique obrigado a uma prestação, sofre uma 
sujeição. 
IV – Moderna classificação das ações. 
De acordo com esta concepção, Chiovenda classificou as ações em condenatórias, constitutivas e 
declaratórias. 
 No que tange às ações condenatórias, cumpre ressaltar que elas se destinam a impor ao réu uma 
prestação. Por conseqüência, os direitos potestativos jamais podem dar lugar a uma sentença de condenação, 
haja vista que não correspondem a uma prestação, mas a uma sujeição do réu. 
 Cotejando as espécies de ação mencionadas e as espécies de direito também já aludidas, oferece o 
autor as seguintes conclusões: 
a) as ações condenatórias constituem a forma de exercício dos direitos a uma prestação, é dizer, dos direitos 
suscetíveis de violação; 
b) as ações constitutivas prestam-se para o exercício dos direitos potestativos (direitos insuscetíveis de 
violação); 
c) as ações declaratórias tem por objeto conseguir uma certeza jurídica (o autor não colima a realização de 
um direito). 
 A partir das informações acima, podemos deduzir que as ações constitutivas têm as seguintes 
características: 
a) não pressupõem a existência de lesão a um direito; 
b) não se exige uma prestação do réu, mas apenas se pleiteia a formação, modificação ou extinção de um 
estado jurídico; 
c) não têm por objetivo a satisfação de uma pretensão (se se entender como tal o poder de exigir de outrem 
uma prestação, pois os direitos potestativos são, por definição, “direitos sem pretensão”); 
d) as sentenças proferidas não são suscetíveis de execução. 
 
V – Fundamentos e efeitos da prescrição. 
 Deste modo, fixada a noção de que a violação do direito e o início do prazo prescricional são fatos 
correlatos, que se correspondem como causa e efeito, e articulando-se tal noção com aquela classificação 
dos direitos formulada por Chiovenda, concluir-se-á que só os direitos da primeira categoria (direitos a uma 
prestação) conduzem à prescrição, pois somente eles são suscetíveis de lesão. 
 Atingiremos, por consequência, uma segunda conclusão: só as ações condenatórias podem 
prescrever, pois elas são as únicas por meio das quais se protegem os direitos suscetíveis de lesão. 
 É esta, pois, a primeira regra a ser lembrada: todas as ações condenatórias (e somente elas) estão 
sujeitas a prescrição. 
 Analisando o Código Civil, faz o autor as seguintes observações: 
a) todos os prazos, dentre aqueles fixados pelo artigo 178, que a doutrina qualifica como de prescrição são 
referentes a ações condenatórias; (numeração antiga) 
b) o artigo 177 do Código Civil, que fixa os prazos gerais de prescrição, refere-se apenas a ações reais e 
pessoais. As ações condenatórias (ou ações “de prestação”) são as únicas que comportam subdivisão em 
ações reais e pessoais; (o novo CC/02 não distingue os prazos de prescrição para ações reais e pessoais) 
c) por decorrência do que foi dito em ‘b’, pode se concluir que o artigo 177 se aplica, exclusivamente às 
ações condenatórias. 
VI – Fundamentos e efeitos da decadência. 
 9 
 
 
 Tal se dá porque inexiste um dispositivo estabelecendo um prazo geral para os direitos 
potestativos sejam exercitados, sob pena de extinção. Não há, para os direitos potestativos, um artigo do 
tipo do 205, que fixaprazos gerais para os chamados direitos a prestação. 
 Assim, os direitos potestativos (e, consequentemente, as ações constitutivas) somente se 
sujeitam a prazo se houver norma específica para a situação. O prazo geral fixado pelo artigo 205 – 
frise-se – somente se aplica aos direitos a prestação, ou seja, a ações condenatórias. Assim, para aqueles 
direitos potestativos cujo exercício a lei não fixou um prazo especial, fica prevalecendo o princípio 
geral da inesgotabilidade ou da perpetuidade, já que não há um prazo geral, mas tão-somente prazos 
especiais. 
 Nos direitos potestativos subordinados a prazo, o que causa intranquilidade social não é, 
propriamente, a existência da ação, mas a existência do direito. É por tal motivo que a decadência implica 
extinção do próprio direito. 
 Só na classe dos potestativos é possível cogitar-se da extinção de um direito em virtude do seu não-
exercício. Daí se infere que os potestativos são os únicos direitos que podem estar subordinados a prazos de 
decadência. A conclusão imediata é que as únicas ações cuja não propositura implica a decadência do 
direito que lhes corresponde são as ações constitutivas. Saliente-se, contudo, que tal regra apenas se 
aplica às ações constitutivas que tiverem prazo especificamente previsto em lei, porquanto, como visto, não 
existe um artigo prevendo regra geral para os prazos de decadência (há, tão-somente, prazos especificamente 
previstos para determinadas situações). 
 Alcançamos, destarte, a segunda regra para distinção dos prazos de decadência e prescrição: os 
únicos direitos para os quais podem ser fixados prazos de decadência são os potestativos. 
Conseqüentemente, as únicas ações ligadas ao instituto da decadência são as constitutivas que têm 
prazo especial de exercício fixado em lei. 
 Portanto, se a ação é condenatória, o prazo é de prescrição; se a ação é constitutiva, o prazo é 
de decadência. 
VII – Casos especiais de ações constitutivas encontrados no artigo 178 do Código Civil. 
 Há determinadas situações do artigo 178 que trazem duas possibilidades, a exemplo da situação 
prevista no § 2o, onde o comprador, diante de vício redibitório, pode pleitear o abatimento do preço (ação 
condenatória) ou a rescisão do contrato (ação constitutiva). Como, em tais casos, aplicar o critério proposto 
no tópico anterior se presentes no dispositivo as duas espécies de ações, condenatória e constitutiva? 
 
 De acordo com o autor, em tais casos especiais do artigo 178 deve-se examinar que interesse há de 
prevalecer. Assim, porque os prazos decadenciais têm interesse público muito mais relevante que os 
prescricionais, entende que a contagem deve considerar o prazo de decadência. 
 A matéria é atualmente tratada nos arts. 441 a 446 do CC/2002. Atenção, pois a nova redação dos 
dispositivos parece ter deixado claro que os prazos para abatimento ou redibição são de decadência (art. vide 
art. 445 e 446, CC). 
 
VIII – Ações declaratórias. 
 
 O único efeito das ações declaratórias é a certeza jurídica. As sentenças declaratórias não impõem 
prestações, nem sujeições, nem alteram, por qualquer forma, o mundo jurídico. 
 
 Já vimos que todo prazo prescricional está ligado à lesão de um direito. Já vimos, igualmente, que 
todo prazo decadencial está ligado ao exercício de um direito. 
 
 Ora, as ações declaratórias não são meio de proteção de direitos lesados, nem são, tampouco, meio de 
exercício de qualquer direito (criação, modificação ou extinção de um estado jurídico). Se não têm o efeito 
de realizar uma prestação, nem tampouco o de criar um estado de sujeição, como ligar estas ações aos 
institutos da prescrição e decadência? 
 
 E quais seriam as consequências do decurso do prazo sem propositura da ação? A relação inexistente 
passaria a existir? E a existente deixaria de existir? O documento falso passaria a ser autêntico? E o 
 10 
 
 
autêntico passaria a falso? Mesmo admitindo-se, para argumentar, a possibilidade de consequências tão 
absurdas, a ação não seria, nestes casos, declaratória, e sim constitutiva. 
 
 E se se levar em conta que a prescrição e a decadência têm uma finalidade comum, que é a paz 
social, ainda ficará mais evidenciada a desnecessidade de fixar prazo extintivo para as ações declaratórias, 
pois, não produzindo elas (e as respectivas sentenças) qualquer modificação no mundo jurídico (mas apenas 
a proclamação da certeza jurídica), o seu exercício, ou falta de exercício, não afetam, direta ou 
indiretamente, a paz social. 
 
 Somente se pode concluir, portanto, que as ações declaratórias não são sujeitas quer a prazos 
decadenciais, quer a prazos prescricionais. Devem ser classificadas como ações imprescritíveis. 
 
IX – Ações aparentemente declaratórias. 
 Há algumas ações que, conquanto geralmente classificadas como declaratórias, são, em 
verdade, constitutivas. É o caso das chamadas “ações de nulidade”. 
 A respeito das mesmas, cumpre atentar para o equívoco daqueles que denominam determinado feito 
como “ação declaratória de nulidade de...”. Ora, as ações declaratórias, a teor do próprio Código de Processo 
Civil, prestam-se para declarar a existência ou inexistência de relação jurídica e a autenticidade ou a 
falsidade de um documento. Não se prestam, portanto, para declarar nulidade. 
 De acordo com Pontes de Miranda, as ações de nulidade, da mesma forma que as ações de 
anulação, são constitutivas negativas. O efeito da sentença é o de ocasionar uma modificação: 
transforma um ato jurídico nulo em ato juridicamente inexistente (o ato sai do mundo jurídico). Não 
ocorreu aí, apenas, a proclamação de uma certeza jurídica, e por isso a ação é constitutiva e não 
simplesmente declaratória. 
X – O problema da imprescritibilidade das ações. 
 O autor salienta que a doutrina carece de um critério seguro, com base científica, para identificar, a 
priori, as ações imprescritíveis. Ressalta, ademais, a impropriedade da expressão “ações imprescritíveis”. 
Observa que as referidas ações, além de não se sujeitarem aos prazos de prescrição, também não se sujeitam 
aos decadenciais, razão por que sugere a expressão “ações perpétuas”. 
 Sendo a imprescritibilidade um conceito negativo, pode ser definido por exclusão. São perpétuas 
(imprescritíveis) todas as ações que não estão sujeitas à decadência ou à prescrição. Portanto, são perpétuas: 
a) todas as ações meramente declaratórias; 
b) algumas ações constitutivas (aquelas que não têm prazo especial de exercício estabelecido em lei). 
 Dentre as ações condenatórias não há qualquer que seja perpétua, porquanto são todas atingidas, ou 
por um prazo especial estabelecido em lei (no artigo 206 do Código Civil ou em outro dispositivo legal), ou 
pelo prazo geral do artigo 205 do Código Civil (reitere-se, somente se aplica às ações condenatórias, pois 
somente estas comportam a divisão em ações reais e pessoais – o artigo não faz mais essa distinção). 
 Já temos elementos, assim, para fixar a terceira regra – terceira e última: são perpétuas (ou 
imprescritíveis) todas as ações declaratórias, e também aquelas ações constitutivas para as quais a lei 
não fixa prazo especial de exercício. 
XI – Conclusões. TESE ADOTADA PELO NOVO CÓDIGO CIVIL 
Primeira regra - estão sujeitas a prescrição todas as ações condenatórias (e somente elas). 
Segunda regra - estão sujeitas a decadência (indiretamente, isto é, em virtude da decadência do direito 
a que correspondem): as constitutivas que têm prazo especial de exercício fixado em lei. 
Terceira regra - são perpétuas (ou imprescritíveis) todas as ações declaratórias, e também aquelas 
ações constitutivas para as quais a lei não fixa prazo especial de exercício. 
 
Várias inferências imediatas podem ser extraídas daquelas três proposições. Assim: 
a) não há ações condenatórias perpétuas (imprescritíveis)4, nem sujeitas à decadência;4
 
 
 Com exceção daquela visando ao ressarcimento do Erário, nos casos de improbidade administrativa, nos termos do art. 
37, § 5º, da CF/88. 
 11 
 
 
b) não há ações constitutivas sujeitas à prescrição; 
c) não há ações declaratórias sujeitas à prescrição ou a decadência. 
 
 
 
 
 
PRESCRIÇÃO DECADÊNCIA 
Fulmina a pretensão de ver reparado um
direito subjetivo patrimonial. 
Atinge o direito potestativo em si, podendo
alcançar relações não patrimoniais. 
Pressupõe o não exercício do direito de
defesa. 
Pressupõe prazo para o exercício do próprio
direito material. 
Admite interrupção, suspensão e renúncia. A decadência legal, salvo disposição legal
não admite. 
Deriva apenas da lei. A decadência convencional pode derivar da
vontade das partes. 
Somente se inicia com a violação ao direito. Se inicia juntamente com o direito. 
Deve ser conhecida de ofício. A decadência legal deve ser conhecida de
ofício, a convencional não. 
Atinge as ações condenatórias5. Atinge as ações constitutivas (positivas ou
negativas) se houver prazo fixado na lei. 
Após a consumação, pode ser renunciada
desde que não prejudique a terceiros. 
A decadência legal não admite renúncia
nem após a sua consumação. 
PRECLUSÃO E PEREMPÇÃO 
São institutos de direito processual que não s
confundem com prescrição e decadênci
institutos de direito material. Vejamos: 
� Preclusão diz respeito à perda de um
faculdade processual, podendo ser tempora
lógica ou consumativa. 
� Perempção concerne à perda do direit
de propor uma ação em virtude de ter a par
dado causa por 3 vezes à extinção do process
sem julgamento do mérito, tendo em vista 
mesma demanda. 
 
 
COMENTÁRIOS AO NOVO CÓDIGO CIVIL 
 
O mencionado artigo supre lacuna do antigo CC. Busca evitar que o direito com pretensão prescrita 
possa ser utilizado à titulo de exceção, como defesa. Estando a pretensão já prescrita, não pode o réu 
opor exceções de direito material. Advirta-se, contudo, que o dispositivo só se aplica às exceções 
dependentes (dita exceções impróprias). Vale dizer, só prescrevem aquelas exceções que decorrem de 
uma pretensão ou de um direito, a exemplo da exceção de compensação. Frise-se que as exceções 
independentes, por sua vez, são imprescritíveis, uma vez que constituem o conteúdo do próprio direito 
de excepcionar. Assim, a exceção de prescrição é exemplo de exceção independente.6 
Não se admite renúncia prévia da prescrição ou renúncia de prescrição em curso. Caso 
contrário, seria de se admitir pretensões que fossem imprescritíveis por vontade das partes, o que não 
se coaduna com o instituto, de direito público. 
 
5
 
 
�
 
6
 
 A advertência é feita por Fredie Didier Jr., Direito Processual Civil, Edições Jus Podivm: Salvador, 2004. 
 12 
 
 
A renúncia, contudo, pode ocorrer em caso de prescrição já consumada, caso não prejudique 
terceiros. Pode ser expressa ou tácita, essa caracterizada, por exemplo, quando há reconhecimento da dívida 
depois de decorrido o prazo prescricional. 
Terceiros podem se opor à renúncia de prescrição já consumada, como no caso dos credores de um 
devedor insolvente. Como a dívida prescrita resultou num acréscimo indireto ao seu patrimônio, permitir que 
ele renuncie à prescrição seria admitir ato de disposição patrimonial por aquele que já está ou pode ser 
conduzido à insolvência. Caberia então ação pauliana (revocatória – fraude contra credores) para anular o 
ato de renúncia. 
Da natureza pública do instituto da prescrição também decorre esse dispositivo. O prazo 
prescricional em curso é inalterável por vontade das partes. 
Vale destacar, nesse ponto, ser possível a alteração de prazo prescricional em curso (redução ou 
ampliação) por lei superveniente, inexistindo direito adquirido. Admite-se, pois a retroatividade de lei 
prescricional. 
Saliente-se ainda a previsão do art. 2.028 do das Disposições Transitórias do novo CC, que dispõe: 
A prescrição pode ser alegada em qualquer fase do processo, e não somente na contestação (art. 
303, III CPC), nas instâncias ordinárias. A não alegação da prescrição na contestação tem como única 
consequência serem indevidos ônus de sucumbência em favor do réu, se a alegação foi feita somente em 
grau de apelação. (art. 22 CPC). 
 Em rescisória, somente se for prescrição de direito não patrimonial, o que configuraria hipótese de 
violação à lei. 
A prescrição pode ser alegada em fase de execução? A prescrição de obrigação constante de título 
executivo judicial somente pode ser alegada, na fase de execução, se posterior à sentença. Se se tratar, 
todavia, de título executivo extrajudicial, é ampla a defesa. 
Enunciado n.º 295 da IV Jornada de Direito Civil do CJF – Art. 191. A revogação do art. 194 do 
Código Civil pela Lei n. 11.280/2006, que determina ao juiz o reconhecimento de ofício da prescrição, não 
retira do devedor a possibilidade de renúncia admitida no art. 191 do texto codificado. 
Trata-se de regra de proteção aos incapazes e às pessoas jurídicas, notadamente no que tange à 
reparação de danos (atualmente art. 186). Não abrange os absolutamente incapazes, pois contra eles não 
corre a prescrição (art. 198, I). 
O prazo prescricional não se inicia novamente com a morte do autor da herança, dispondo o 
sucessor apenas o prazo restante. O dispositivo se aplica em relação tanto a prazos a favor como contra o 
sucessor. 
Denomina-se acessio temporis e opera tanto a favor do sucessor causa mortis (herdeiro) como a 
inter vivos, sendo que, no segundo caso, é facultado ao sucessor somar os prazos de prescrição. 
 
Seção II 
Das Causas que Impedem ou Suspendem a Prescrição 
As mesmas causas podem impedir ou suspender a prescrição, dependendo do momento de sua 
ocorrência. Impedem se o prazo não começou a fluir. Suspendem se já havia começado a fluir. 
Aplica-a também aos casos de união estável, em razão da proteção constitucional conferia ao 
instituto e de sua equiparação a casamento. 
Enunciado n.º 296 da IV Jornada de Direito Civil do CJF - Art. 197. Não corre a prescrição entre os 
companheiros, na constância da união estável. II - entre ascendentes e descendentes, durante o poder 
familiar; III - entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores, durante a tutela ou curatela. 
Fundamenta-se na confiança e na amizade existente entre as partes, além de militar em favor da 
manutenção da harmonia das relações mantidas entre tais atores sociais. 
É a aplicação do principio romano da actio nata. O prazo prescricional flui somente quando nasce a 
pretensão (art. 189). 
 
Este comentário está muito de acordo com a visão de Câmara Leal, mas destoa da moderna 
orientação do Direito Civil e Processual Civil, pois o direito de ação é categoria de direito subjetivo público 
e abstrato, dirigido contra o Estado e autônomo em relação ao direito material que se visa tutelar. A “ação” 
 13 
 
 
não nasceria com o direito, mas sim a pretensão, poder de exigir determinada prestação de outrem, nasceria 
da violação do direito subjetivo preexistente. 
No caso do dispositivo, o que se tem é ausência de pretensão, que leva a não correr o prazo de 
prescrição. 
No primeiro caso, só há expectativa de direito e não direito subjetivo, pois pendente condição 
suspensiva este ainda não se incorporou ao patrimônio do sujeito. 
Na segunda hipótese, não há pretensão, pois antes do vencimento do prazo, as obrigações são 
inexigíveis e, assim, não haveria violação do direito de crédito e, por via de consequência, não haveria 
pretensão. 
E, por último, se pende ação de evicção – se o sujeito está sendo demandado por outrem que disputa 
a coisa – porque somente nascerá a pretensão de regresso em face do vendedor da coisa, se o evicto for 
vencido na demanda.Art. 200. Quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal, não correrá a 
prescrição antes da respectiva sentença definitiva. 
Diz respeito à relação entre ilícito civil e penal. Tem em vista o fato da sentença criminal 
condenatória ser titulo executivo judicial (art. 935 CC. 584, II CPC, 63 CPP); 
A prescrição é benefício pessoal, beneficiando somente aqueles taxativamente mencionados, 
mesmo quando há solidariedade, exceto em casos de direito indivisível. Ex: Se somente um credor é 
absolutamente incapaz, a prescrição somente não corre contra ele. Conceito de obrigação indivisível – art. 
258 CC. Vale ressaltar que a interrupção beneficia a todos credores solidários e prejudica todos os devedores 
solidários (art. 204, §1°). 
Seção III 
Das Causas que Interrompem a Prescrição 
A interrupção da prescrição depende de comportamento ativo do credor, traduzido em ato de 
exercício ou proteção do direito. Ao contrário do ocorre na suspensão, o período já decorrido é inutilizado 
e o prazo volta a correr por inteiro. Além das previstas nesta seção, outras causas de interrupção são 
previstas em leis especiais. 
A interrupção ocorre somente uma vez, o que visa a impedir que sempre seja possível a interrupção, 
ad eternum. Frise-se que em se tratando de causa interruptiva judicial, a paralisação única a que alude 
o artigo diz respeito a cada tipo de pretensão. Assim, interrompida a prescrição no processo de 
conhecimento, uma única vez, não obsta que se venha a interromper, também, a prescrição executiva, 
pelo despacho no processo de execução. Aliás, a Súmula 150 do STF já confirmava a autonomia do prazo 
prescricional da pretensão executória, embora seja o mesmo da pretensão executiva. 
O problema é que, às vezes, uma única interrupção pode resultar em lesão ao direito do credor, pois 
ele pode ter agido com diligência na perseguição do seu crédito. Veja-se, por exemplo, o caso de uma letra 
de câmbio vencida. O protesto cambial, indispensável para o credor executar os demais co-obrigados do 
título, interrompe a prescrição. Não surtindo efeito o protesto (rectius, nenhum dos devedores paga o título), 
se o credor ajuizar ação de execução, a citação nela não teria o condão de interromper novamente a 
prescrição e, findos três anos do trâmite do processo, a letra estaria prescrita. 
Tal interpretação estrita vai de encontro ao fundamento do instituto – segurança jurídica e 
punição do credor inerte -, pois o titular do crédito fez tudo que podia para obter sua prestação. Por 
essas razões, autores defendem que o magistrado dê solução diversa daquela estritamente prevista no 
CC para casos como esses (TEPEDINO, Gustavo. et. al. Código civil interpretado. Volume I. Rio de 
Janeiro: Renovar, 2004, p. 379-380) 
 
I - por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o interessado a promover 
no prazo e na forma da lei processual; 
O efeito interruptivo decorre, na verdade, da citação válida, que retroagirá à data do despacho, se a 
citação preencher os requisitos de existência e validade. A propositura da ação demonstra inequivocamente 
que o autor, cujo direito diz violado, não está inerte. Embora haja posicionamentos contrários, a interrupção 
ocorre ainda que o processo seja extinto sem julgamento do mérito, tendo sido válida a citação. Lembre-se, 
ainda, que no processo do trabalho e nos Juizados Especiais Cíveis, onde não há despacho liminar, a 
 14 
 
 
interrupção se realiza com a simples propositura da demanda. Acolhendo esse posicionamento, cristalizou-se 
o entendimento da Súmula 106 do STJ. 
 
A extinção do processo sem julgamento do mérito não preserva o efeito interruptrivo 
da citação caso a extinção tenha se dado em razão da desídia do autor, nas hipóteses dos 
incisos II e III do art. 267 do CPC (...)Apenas em raros casos isso não será possível. Um deles 
é a perempção, fenômeno processual resultante da extinção do processo, por três vezes, por 
negligência do autor que, não promovendo os atos e diligências que lhe competirem, 
abandonar a causa por mais de trinta dias (CPC, art. 267, III, c/c art. 268, § 1º). Destarte, em 
regra, a citação válida interrompe a prescrição, ainda que o processo venha a ser extinto por 
inépcia da inicial. Recurso a que se dá provimento.” - REsp 238222/SP, rel. Ministro CASTRO 
FILHO, SEGUNDA TURMA, Data do Julgamento 15/05/2001, Data da Publicação/Fonte DJ 
13.08.2001 p. 93, unânime) 
 
II - por protesto, nas condições do inciso antecedente; Cuida-se de protesto judicial, medida 
cautelar prevista no art. 867 do CPC. 
 
III - por protesto cambial; Previsão expressa do novo Código, a fim de superar discussão referente 
ao protesto mencionado no art. 172, II do CC/1916. Superado, portanto, o entendimento consagrado na 
Súmula 153 do STF. 
 
IV - pela apresentação do título de crédito em juízo de inventário ou em concurso de credores; A 
habilitação do credor interrompe a prescrição por configurar comportamento ativo do mesmo visando a 
garantir sua pretensão. 
 
V - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor; A previsão genérica busca incluir 
como causa interruptiva toda manifestação ativa do credor, notadamente mediante a propositura de 
notificações e interpelações de cunho cautelar, e ainda ação pauliana necessária para a cobrança eficaz de 
crédito. 
 
VI - por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do direito 
pelo devedor. 
Pode ser interrompida a prescrição pelo próprio titular do direito, por seu representante ou ainda 
terceiro interessado (herdeiros, credores, fiadores do prescribente), alargando o espectro de legitimados. 
 
§ 3º A interrupção produzida contra o principal devedor prejudica o fiador. 
O contrato de fiança, como contrato acessório, segue o principal. O contrário, pois, não ocorre. 
Por fim, vale destacar que as causas suspensivas, impeditivas e interruptivas estão, exaustivamente, 
elencadas em lei, inexistindo outras em sedes diversas. 
SÚMULAS E ENUNCIADOS DAS JORNADAS DE DIREITO CIVIL CONCERNENTES À 
PRESCRIÇÃO 
SÚMILA 149 do STF: “É imprescritível a ação de investigação de paternidade, mas não o é a petição de 
herança”. 
SÚMULA 150 do STF: “Prescreve a execução no mesmo prazo de prescrição da ação”. 
SÚMULA 153 do STF: “Simples protesto cambiário não interrompe a prescrição”. (superada) 
SÚMULA 443 do STF: “A prescrição das prestações anteriores ao período previsto em lei não ocorre, 
quando não tiver sido negado, antes daquele prazo, o próprio direito reclamado ou a situação jurídica de que 
ele resulta”. V. Súmula 85 do STJ. 
SÚMULA 85 do STJ: “Nas relações jurídicas de trato sucessivo em que a Fazenda Pública figure como 
devedora, quando não tiver sido negado o próprio direito reclamado, a prescrição atinge apenas as 
prestações vencidas antes do quinquênio anterior à propositura da ação.“ 
 15 
 
 
SÚMULA 106 do STJ: “Proposta a ação no prazo fixado para o seu exercício, a demora na citação, por 
motivos inerentes ao mecanismo da Justiça, não justifica o acolhimento da arguição de prescrição ou 
decadência.“ 
SÚMULA 119 do STJ (Desapropriação indireta): “A ação de desapropriação indireta prescreve em vinte 
anos.“ 
Obs. quanto à súmula nº 119 do STJ: a prescrição vintenária corresponde ao período aquisitivo do usucapião 
extraordinário (artigo 550 do Código Civil). De se salientar, outrossim, que a jurisprudência iterativa do STJ 
já reconheceu que a declaração de utilidade pública do bem, para fim expropriatório, caracteriza o 
reconhecimento do domínio alheio, interrompendo a prescrição extintiva do direito à ação de desapropriação 
indireta (REsp 21.355-5/PR, in DJU 27/06/94). 
ADI 2260 MC / DF - DISTRITO FEDERAL 
 MEDIDA CAUTELAR NA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 
Relator(a): Min. MOREIRA ALVES 
Julgamento: 14/02/2001Órgão Julgador: Tribunal Pleno 
EMENTA: (...) - De há muito, a jurisprudência desta Corte afirmou que a ação de desapropriação indireta 
tem caráter real e não pessoal, traduzindo-se numa verdadeira expropriação às avessas, tendo o direito à 
indenização que daí nasce o mesmo fundamento da garantia constitucional da justa indenização nos casos de 
desapropriação regular. - Liminar que se defere em parte, para suspender, com eficácia "ex nunc" e até o 
julgamento final desta ação, as expressões "ação de indenização por apossamento administrativo ou 
desapropriação indireta, bem como" contidas no parágrafo único do artigo 10 do Decreto-Lei nº 3.365/1941, 
a ele acrescentado pelo artigo 1º da Medida Provisória nº 2.027-40, de 29 de junho de 2000, e suas subseq 
üentes reedições. 
Vide posicionamento do TRF1, inclusive fazendo alusão à redução do prazo prescricional no Código Civil 
de 2002: 
 
AC 2005.35.00.022021-0/GO; APELAÇÃO CIVEL 
Relator: DESEMBARGADORA FEDERAL ASSUSETE MAGALHÃES 
Órgão Julgador: TERCEIRA TURMA 
Publicação: e-DJF1 p.174 de 17/02/2012 
Data da Decisão: 06/02/2012 
Decisão: A Turma, à unanimidade, deu provimento à apelação. 
Ementa: CONSTITUCIONAL, ADMINISTRATIVO, CIVIL E PROCESSUAL CIVIL - 
DESAPROPRIAÇÃO INDIRETA - INDENIZAÇÃO PELA PERDA DO DIREITO POSSESSÓRIO - 
CABIMENTO - INTERVENÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO - DESNECESSIDADE - 
PRESCRIÇÃO - INAPLICABILIDADE DO DECRETO 20.910/32 C/C DECRETO-LEI 4.597/42 
(PRESCRIÇÃO QUINQUENAL) - INTELIGÊNCIA DA SÚMULA Nº 119 DO STJ, EDITADA 
COM FULCRO NO ART. 550 DO CÓDIGO CIVIL DE 1916 E APLICADA, AO CASO, POR 
FORÇA DO DISPOSTO NO ART. 2.028 DO CÓDIGO CIVIL VIGENTE - IMPOSSIBILIDADE DE 
O TRIBUNAL JULGAR, DESDE LOGO, A CAUSA, NOS TERMOS DO ART. 515, § 3º, DO CPC - 
SENTENÇA ANULADA, PARA AFASTAR A PRESCRIÇÃO QUINQUENAL E DETERMINAR 
QUE O FEITO TENHA REGULAR PROSSEGUIMENTO. II - A jurisprudência do Superior 
Tribunal de Justiça é assente em assegurar, ao possuidor, o direito à indenização pela perda do direito 
possessório (desapropriação indireta).IV - Ex vi do disposto no art. 2.028 do vigente Código Civil, no 
que tange à prescrição, a Súmula nº 119 do Superior Tribunal de Justiça - segundo a qual "a ação de 
desapropriação indireta prescreve em vinte anos" - tem plena aplicação ao caso vertente, até porque 
seu enunciado não excepciona a desapropriação indireta referente a direitos possessórios. O prazo de 
20 anos, adotado pelo entendimento sumulado, não teve por fundamento a natureza da ação (real ou 
pessoal/obrigacional), mas o prazo da prescrição aquisitiva para que o possuidor - no caso, a 
Administração Pública - adquira o domínio, por força de usucapião, nos termos do art. 550 do Código 
Civil de 1916, revogado. É o que decorre dos arestos que deram origem à Súmula nº 119 do STJ, como 
 16 
 
 
se vê, por exemplo, no acórdão relativo ao RESp nº 30.674/SP, Relator o Ministro Humberto Gomes 
de Barros. Precedentes do STJ e do TRF/1ª Região. 
SÚMULA 142 do STJ (Marca comercial): “Prescreve em vinte anos a ação para exigir a abstenção do uso 
de marca comercial.“ V. Súmula 143, abaixo. 
 
Atenção! 
 
REsp 418580 / SP 
RECURSO ESPECIAL 
2002/0026981-9 
DJ 10/03/2003 p. 191 
REVJUR vol. 307 p. 107 
T3 – TERCEIRA TURMA – DJ 11/02/2003 
Nome comercial. Abstenção de uso. Prescrição. Cancelamento da Súmula 
nº 142 da Corte. 
1. Com o cancelamento da Súmula nº 142, a Corte afastou o prazo de prescrição de vinte anos para a 
ação que tenha por objetivo a abstenção do uso do nome ou da marca comercial; a anterior 
jurisprudência já afastava, de todos os modos, a incidência do art. 178, § 10, IX, do Código Civil, isto 
é, o prazo de cinco anos; em conclusão, aplicável o art. 177, segunda parte, do Código Civil, sendo de 
dez anos entre presentes e quinze entre ausentes o prazo de prescrição. 
2. Recurso especial conhecido e provido. 
OBS: Conclui-se que o atual prazo é o geral previsto no art. 205, CC/2002, de 10 anos. 
SÚMULA 143 do STJ (Marca comercial): “Prescreve em cinco anos a ação de perdas e danos pelo uso de 
marca comercial.“ 
SÚMULA 194 do STJ : “Prescreve em vinte anos a ação para obter, do construtor, indenização por defeitos 
da obra”. 
SÚMULA 210 do STJ; “A AÇÃO DE COBRANÇA DAS CONTRIBUIÇÕES PARA O FGTS 
PRESCREVE EM TRINTA (30) ANOS”. 
SÚMULA 229 do STJ; “O pedido do pagamento de indenização à seguradora suspende o prazo de 
prescrição até que o segurado tenha ciência da decisão”. 
SÚMULA 278 do STJ: “O termo inicial do prazo prescricional, na ação de indenização, é a data em que o 
segurado teve ciência inequívoca da incapacidade laboral”. 
SÚMULA 291 do STJ: “A ação de cobrança de parcelas de complementação de aposentadoria pela 
previdência privada prescreve em cinco anos”. 
 
ENUNCIADOS DA I, III e IV JORNADAS DE DIREITO CIVIL DO C.J.F. 
 
14 – Art. 189: 1) o início do prazo prescricional ocorre com o surgimento da pretensão, que decorre da 
exigibilidade do direito subjetivo; 2) o art. 189 diz respeito a casos em que a pretensão nasce imediatamente 
após a violação do direito absoluto ou da obrigação de não fazer. 
154 – Art. 194: O juiz deve suprir de ofício a alegação de prescrição em favor do absolutamente incapaz. 
155 – Art. 194: O art. 194 do Código Civil de 2002, ao permitir a declaração ex officio da prescrição de 
direitos patrimoniais em favor do absolutamente incapaz, derrogou o disposto no § 5º do art. 219 do CPC. 
156 – Art. 198: Desde o termo inicial do desaparecimento, declarado em sentença, não corre a prescrição 
contra o ausente. 
295 – Art. 191. A revogação do art. 194 do Código Civil pela Lei n. 11.280/2006, que determina ao juiz o 
reconhecimento de ofício da prescrição, não retira do devedor a possibilidade de renúncia admitida no art. 
191 do texto codificado. 
296 – Art. 197. Não corre a prescrição entre os companheiros, na constância da união estável. 
299 – Art. 2.028 – Iniciada a contagem de determinado prazo sob a égide do Código Civil de 1916, e vindo a 
Lei nova a reduzi-lo, prevalecerá o prazo antigo, desde que transcorrido mais da metade deste na data da 
entrada em vigor do Novo Código. O novo prazo será contado a partir de 11 de janeiro de 2003, 
desprezando-se o tempo anteriormente decorrido, salvo quando não aproveitamento do prazo já decorrido 
 17 
 
 
implicar aumento do prazo prescricional previsto na lei revogada, hipótese em que deve ser aproveitado o 
prazo já decorrido durante o domínio da lei antiga, estabelecendo-se uma continuidade temporal. 
 
 
Problema da lei nova que altera prescrição em curso 
 
Problema da lei nova que diminui o prazo prescricional da lei antiga: “Art. 2.028. Serão os da lei 
anterior os prazos, quando reduzidos por este Código, e se, na data de sua entrada em vigor, já 
houver transcorrido mais da metade do tempo estabelecido na lei revogada”. 
Enunciado 296 do CJF: Art. 2.028 – Iniciada a contagem de determinado prazo sob a égide do 
Código Civil de 1916, e vindo a Lei nova a reduzi-lo, prevalecerá o prazo antigo, desde que transcorrido 
mais da metade deste na data da entrada em vigor do Novo Código. O novo prazo será contado a partir de 11 
de janeiro de 2003, desprezando-se o tempo anteriormente decorrido, salvo quando não aproveitamento do 
prazo já decorrido implicar aumento do prazo prescricional previsto na lei revogada, hipótese em que deve 
ser aproveitado o prazo já decorrido durante o domínio da lei antiga, estabelecendo-se uma continuidade 
temporal 
Segundo Humberto Teodoro Júnior (apud FARIAS, Cristiano Chaves, e ROSENVALD, Nelson. 
Direitos reais. 3.ed. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2006, p. 289-290), o art. 2.028 adota o ensinamento de 
Paul Roubier acerca da incidência da lei nova sobre prazos prescricionais em curso, de modo a preservar 
situações patrimoniais em vias de formação, porém ainda não completadas. 
 
O seguinte exemplo deixao assunto mais claro: 
A) uma posse (comum) iniciada em janeiro de 1986 alcançaria a usucapião extraordinária (pelo CC 
de 1916) em janeiro de 2006 (20 anos). O novo CC reduziu o prazo para 15 anos. Em janeiro de 2003, 
quando entrou em vigor o novo CC), já havia transcorrido 17 anos de posse (mais da metade do prazo da lei 
revogada). Se se contasse o prazo de 15 anos da data de início da posse (1986), ela já estaria consumada 
antes da entrada em vigor do novo CC, o que ofenderia o direito fundamental de propriedade do titular do 
domínio em razão da retroatividade da lei nova in pejus. Se se contasse o prazo de 15 anos a partir da 
entrada em vigor do novo CC, e se desprezasse o prazo anterior, a usucapião só se daria em 2018, mais de 
12 anos depois do que se daria pela lei velha. Assim, pela regra de transição,aplica-se a lei velha e a 
usucapião dar-se-á em janeiro de 2006, mesmo. 
 “Art. 2.029. Até dois anos após a entrada em vigor deste Código, os prazos estabelecidos no 
parágrafo único do art. 1.238 e no parágrafo único do art. 1.242 serão acrescidos de dois anos, qualquer que 
seja o tempo transcorrido na vigência do anterior, Lei no 3.071, de 1o de janeiro de 1916”. 
O dispositivo só se aplica às hipóteses de usucapião com função social. 
A) posse iniciada em março de 1993,alcançaria a usucapião extraordinária (pelo CC de 1916) 
em março de 2013 (20 anos). O novo CC reduziu o prazo para 10 anos. Assim, pelo novo CC, a usucapião 
dar-se-ia em março de 2003. Ocorre que o dispositivo manda acrescer dois anos aos prazos que se vençam 
nos dois anos seguintes à entrada em vigor do código (11/01/2003). Assim, a usucapião dar-se-ia em março 
de 2005. 
 
Prova. Arts. 212 a 232, CC. 
Noções Gerais. 
� A matéria relativa à prova não é tratada, como no CC/1916, junto ao negócio jurídico, pois 
todos os fatos jurídicos, e não apenas o negócio jurídico, são suscetíveis de ser provados (GONÇALVES, p. 
490). 
� O ordenamento brasileiro adota o sistema da persuasão racional, consagrando o livre 
convencimento motivado, de modo que o juiz, livremente, forme o seu juízo de convencimento, respeitados, 
todavia, alguns parâmetros de valoração probatória (FARIAS, p. 771). 
 18 
 
 
� Impossibilidade de se discutir em sede de recurso extraordinário e especial a análise 
probatória do caso concreto submetido à atividade judiciária. Exceção: na hipótese de aplicação indevida 
dos institutos jurídicos relativos à prova, admitir-se-á o recurso especial com o propósito de assegurar a 
correta aplicação da lei federal (FARIAS, p. 771). 
� Tendo em vista que a compreensão do princípio do contraditório perpassa pela ideia da 
paridade de armas entre as partes de um processo, é possível inferir a existência de um verdadeiro direito 
constitucional à prova, encartado implicitamente dentre as garantias fundamentais e decorrendo das 
manifestações do devido processo legal em sentido substancial e processual (FARIAS, p. 776). Tal direito, 
todavia, por não ser absoluto, deve ser ponderado com outras garantias constitucionais quando houver 
colidência. 
 
 Conceito 
 Prova significa, a um só tempo, os instrumentos de que se vale o magistrado para formatar o seu 
convencimento (sentido objetivo), a partir dos fatos que passa a conhecer, bem assim como o próprio juízo 
valorativo que se forma a partir dos fatos que são expostos e afirmados (sentido subjetivo – FARIAS, p. 
772). 
Nesta seara, merece ênfase o fato de estar superada a ideia de que a prova seria um meio para 
reconstrução de fatos ou demonstração da verdade, sobretudo em razão da intangibilidade do 
conceito desta última. Assim sendo, constitui a prova um elemento argumentativo e dialético que 
permite ao magistrado fazer um juízo de valor sobre os fatos demonstrados, e não necessariamente 
sobre os fatos concretamente ocorridos (juízo de verossimilhança; verdade possível). 
 
Aspectos relevantes 
� São objeto de prova os fatos: relevantes, pertinentes, controversos e precisos. Por sua vez, não 
são objeto de prova os fatos (prova inútil): notórios, incontroversos e presumidos, bem como as negativas 
absolutas e, em regra, o direito7. 
� Em razão da vedação ao non liquet é que o ônus da prova consiste numa regra de julgamento, 
servindo ao magistrado nos casos em que a produção da prova foi ausente ou insuficiente. 
 
 O art. 333 do CPC adota a teoria estática do ônus da prova, estabelecendo, de logo, de quem é o 
ônus. Entretanto, há uma simpatia de parte da doutrina e da jurisprudência pela teoria da carga probatória 
dinâmica, que se constitui numa alteração ope judicis do ônus da prova segundo o critério de quem tem 
melhores condições de produzir a prova no caso concreto. 
CDC: no art. 6º, VIII permite expressamente a inversão do ônus da prova ope judicis se presentes os 
requisitos ali afirmados. Por sua vez, no art. 38 há uma hipótese de inversão ope legis. O STJ decidiu 
recentemente que se trata de uma regra de procedimento e não de julgamento, devendo ocorrer durante o 
saneamento processual. 
� Prova emprestada: é admitida para a demonstração de fatos, como meio de prova documental, 
desde que presentes os seguintes requisitos: i) tenha sido produzida sob o pálio do contraditório; ii) tenha 
sido produzida em contenda da qual tenham participado os mesmo litigantes8; e iii) haja identidade entre os 
fatos probandos e provados. 
� Os poderes do juiz na produção de provas: hodiernamente, o juiz assumiu posição ativa, que 
lhe permite, dentre outras prerrogativas, determinar a produção de provas, desde que o faça com 
imparcialidade e resguardado o princípio do contraditório. Isso ocorre, pois, dada a superação da falsa ideia 
da verdade formal no processo civil (STJ), o juiz também é interessado na prova a fim de que o seu mister 
de julgar atinja os objetivos colimados, dentre outros, a justa solução do litígio. 
� Prova do direito estrangeiro em instrumentos jurídicos internacionais: PROTOCOLO DE 
LAS LEÑAS (art. 28), criou mecanismos alternativos e mais céleres de cooperação entre as autoridades 
centrais a fim de que sejam fornecidas informações sobre o sentido do alcance legal de seus próprios direitos 
 
7
 
 
�
 
8
 
 
�
 
 19 
 
 
(sem vincular o magistrado, entretanto); CÓDIGO DE BUSTAMANTE (arts. 399 a 410), admite diferentes 
formas e meios de prova do direito alienígena, por exemplo, através de certidão de dois advogados 
militantes no local da lei estrangeira. 
� Prova ilícita: caráter ético no uso da prova. Ao contrário do que ocorre no âmbito penal, a 
jurisprudência tem sido rigorosa em negar a possibilidade de aplicação da prova ilícita em sede cível. 
Teoria dos frutos da árvore envenenada (the fruit of poisonous tree) – É a chamada prova ilícita por 
derivação. 
Violação do sigilo das comunicações: na esfera cível é plenamente possível a gravação de 
conversa por um dos interlocutores, ainda que sob o desconhecimento da outra parte, servindo como idôneo 
mecanismo probatório por não caracterizar interceptação telefônica (esta última apenas é admissível na esfera 
criminal).Os negócios formais são provados exclusivamente pela exibição do instrumento compatível 
com o atendimento da forma especial exigida por lei. 
Ressalvada a hipótese de a lei exigir forma especial ou solene, o fato jurídico pode ser 
provado, segundo reza o artigo 212 do CC/02 mediante: 
1- Confissão 
2- Documento 
3- Testemunha 
4- Presunção 
5- Perícia 
 
Os negócios aformais, por sua vez, provam-se mediante: 
a) Confissão. Pela confissão, a parte que alegara a inexistência do negócio jurídico afirma 
a verificação de fatos que desacreditam sua alegação. Se Antonio pretende em juízo a declaração de 
inexistência de determinada relação negocial, mas, ao depor perante o juiz, afirmar ter feito a declaraçãode 
vontade constitutiva dessa relação, a prova da existência do negócio jurídico decorre de confissão. 
A confissão é o reconhecimento livre da veracidade do fato que a outra parte da 
relação jurídica ou do próprio negócio pretende provar, conforme discorre o artigo 212 do CC/02. De 
acordo com o artigo 348 do CPC: “há confissão, quando a parte admite a verdade de um fato, contrário ao 
seu interesse e favorável ao adversário. A confissão é judicial ou extrajudicial”. 
Se o depoente não é capaz para dispor do direito a que se referem os fatos 
confessados, a confissão é ineficaz (CC, art. 213). Em consequência da ineficácia da confissão, a existência 
do negócio jurídico não se reputa provada pelo depoimento do incapaz. Isso não significa, porém. que o 
negócio será também ineficaz ou que não exista. Outras provas podem demonstrar a sua existência. Se a 
confissão é feita pelo representante da parte, a eficácia probatória limita-se pelos poderes de que se 
encontrava investido (CC, irt. 213. parágrafo único). É ineficaz a confissão feita pelo advogado, por 
exemplo, que recebera poderes ad judicia (que o habilitam a postular em juízo por seu cliente), mas 
não os especiais para confessar. 
De acordo com o artigo 214 do CC/02, a confissão é irrevogável, podendo ser anulada por 
coação (por violência psicológica sofrida) ou erro de fato (quando o declarante se equivoca sobre a natureza 
do negócio, suas qualidades essenciais, seu objeto ou quanto à pessoa do outro declarante e culmina por 
confessar, por engano, fato inverídico, não condizente com a realidade. 
Há que se ressaltar, ainda, o caráter da indivisibilidade da confissão consagrada no artigo 
354 do CPC (A confissão é, de regra, indivisível, não podendo a parte, que a quiser invocar como prova, 
aceitá-la no tópico que a beneficiar e rejeitá-la no que Ihe for desfavorável. Cindir-se-á, todavia, quando o 
confitente lhe aduzir fatos novos, suscetíveis de constituir fundamento de defesa de direito material ou de 
reconvenção.). Observe-se, ainda, o Enunciado 157 da III Jornada de Direito Civil que dispõe: “Art. 212- 
O termo ‘confissão’ deve abarcar o conceito lato de depoimento pessoal, tendo em vista que este consiste em 
meio de prova de maior abrangência, plenamente admissível no ordenamento jurídico brasileiro” 
 
b) Documento. Os instrumentos escritos provam a existência do negócio jurídico que 
neles se reproduz. São de duas espécies: público ou particular. 
São documentos públicos os instrumentos exarados por quem se encontra investido, 
por lei, de fé pública, como o tabelião ou o escrivão do cartório judicial. Isso significa que o fato narrado 
num documento público, que atende às respectivas formalidades, está, em princípio, plenamente provado. Se 
 20 
 
 
o sujeito faz qualquer declaração perante o tabelião e este a reproduz em escritura pública, torna-se 
indisputável que a declaração foi feita por aquele sujeito (CC, art. 215). Resta discutir apenas quais são os 
efeitos que tal declaração está apta a produzir. 
A escritura pública é exemplo de documento revestido de fé pública. São seus requisitos, 
além de outros exigidos em normas específicas: i) data e local em que foi lavrada; ii) reconhecimento, pelo 
tabelião, da identidade e capacidade das partes e de todos que tenham comparecido ao ato (representantes, 
intervenientes ou testemunhas); iii) nome, nacionalidade, estado civil, profissão, domicílio e residência das 
partes e demais comparecentes, indicando-se, quando necessário, o regime de bens do casamento, o nome do 
cônjuge e a filiação; iv) manifestação clara da vontade das partes e dos intervenientes; v) referência ao 
cumprimento de exigências legais e fiscais quando inerentes à legitimidade do ato; vi) declaração de ter sido 
a escritura lida na presença das partes e demais comparecentes, ou a de que todos a leram; vii) assinatura das 
partes e de todos que compareceram ao ato; viii) termo de encerramento com a assinatura do tabelião ou de 
seu substituto legal (CC, art. 215. §1º ). 
O instrumento público (lavrado por oficial) ou particular (firmado palas próprias partes) 
possui significado jurídico próprio, sendo espécie de documento formado com o propósito de servir de prova 
do ato representado. Consubstancia, pois, uma prova pré-constituída. 
As certidões e traslados fornecidos pelo tabelião ou oficial de registro acerca do 
constante de suas notas são outros documentos públicos que provam os negócios jurídicos 
correspondentes. 
O documento particular é o escrito assinado pelas partes do negócio jurídico. 
Segundo Moacyr Amaral Santos documento particular é aquele formado por particulares ou por quem atue 
nesta qualidade. Presumem-se verdadeiras as declarações constantes de documento particular em 
relação aos signatários (CC. art. 219). Se alguém assina papel em que dá bem de seu patrimônio a outrem, 
é ônus do primeiro provar que o negócio jurídico não existiu, já que o documento particular cria a presunção 
de sua existência. Outros documentos elaborados pelos particulares podem, nos limites legais, servir de 
prova da existência de negócios jurídicos, assim os telegramas (CC. art. 222) e a escrituração dos 
empresários e sociedades empresárias (CC. art. 226). 
Ressalte-se que a formalização de um ato jurídico em instrumento particular somente terá 
eficácia erga omnes após o seu necessário registro público em cartório, conforme reza o artigo 221 do 
CC/02. 
De acordo com a Súmula 489 do STF há o seguinte entendimento: “a compra e venda de 
automóvel não prevalece contra terceiros, de boa-fé, se o contrato não foi transcrito no Registro de Títulos e 
Documentos”. 
No entanto, pelo fato de a compra e venda não haver sido registrada, o vendedor não 
poderá ser responsabilizado pelo comportamento nocivo, causador de acidente, atribuído a adquirente do 
veículo, é o que diz a Súmula 132 do STJ :“a ausência de registro da transferência não implica a 
responsabilidade do antigo proprietário por dano resultante de acidente que envolva o veículo alienado” 
 A lei também admite para efeito de prova do ato jurídico as certidões textuais de 
qualquer peça judicial (artigo 261 do CC/02), dos traslados e certidões extraídas por oficial público (artigo 
217 CC/02), a cópia fotográfica de documento conferida por tabelião de notas (artigo 223 do CC/02), as 
reproduções fotográficas artigo 223 do CC/02, dos livros e fichas dos empresários (artigo 226 do CC/02. O 
Código de Processo Civil ainda tratou sobre o tema das provas dos artigos 364 a 399. 
c) Testemunhas. 
De acordo com o artigo 212,III, do CC/02, a testemunha também poderá provar o fato 
jurídico, bem como o Código de Processo Civil tratou do tema dos artigos 400 ao 419..Por imperativo de 
segurança, não se pode, contudo, provar exclusivamente por testemunhas a existência do negócio 
jurídico cujo valor ultrapasse dez vezes o maior salário mínimo. Para os negócios dessa envergadura, a 
prova testemunhal é subsidiária ou complementar da prova escrita, exceto se a lei a considerar plena em 
casos específicos (CC, art. 227). Entretanto, qualquer que seja o valor de negócio, especialmente quando 
houver começo de prova por escrito ou o credor tiver dificuldade em obter a prova escrita da obrigação, 
admite-se subsidiariamente a prova testemunhal (artigo 402 do CPC). 
São denominadas instrumentárias as testemunhas que firmam determinado negócio 
jurídico e judiciais as testemunhas que depõem em juízo. 
 21 
 
 
O artigo 228 do CC/02 enumera a admissibilidade de testemunhas em nosso ordenamento 
jurídico, referindo-se às testemunhas instrumentárias e judiciais. Certas pessoas estão impedidas de 
testemunhar, seja em razão da falta de amadurecimento, seja por obstáculo físico ou carência de isenção. 
Os menores absolutamente incapazes, os cegos e surdos, quando a ciência do fato depender dos 
sentidos

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