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TÍTULOS DE CRÉDITO VIRTUAL

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TÍTULOS DE CRÉDITOS VIRTUAIS.
Conhecido e aceito por toda a doutrina comercialista nacional e estrangeira o conceito estabelecido por Vivante, segundo o qual o título de crédito “é o documento necessário para o exercício do direito, literal e autônomo nele mencionado”. É necessário porque o título se exterioriza por meio de um documento. A exibição deste documento é imprescindível para o exercício do direito de crédito nele mencionado. O título é literal, isto é, obedece ao que está rigorosamente escrito. Dessa maneira, o conteúdo do direito que o título confere a seu portador limita-se ao que nele estiver formalmente escrito. É ele, ainda, um documento autônomo, isto é, independente de outros obrigações. Cada título vale por si mesmo. O direito de seu beneficiário atual não pode ser anulado em virtude das relações existente entre os seus antigos titulares e o devedor da obrigação.
Desse conceito já se visualizam algumas características peculiares aos títulos de crédito que a doutrina comercialista convencionou chamar de princípios dos títulos de crédito ou princípios do direito cambiário. São eles: a autonomia, a literalidade e a cartularidade, que serão melhor explicados no tópico seguinte.
O primeiro dos princípios que aparece no conceito de Vivante é o da cartularidade. Quando se diz que o título é um documento necessário para o exercício do direito nele mencionado, está se dizendo que o credor do título deve estar na posse do mesmo, deve exibir o título caso queira fazer valer o direito nele mencionado. É por isso que o título deve, obrigatoriamente, instruir a petição do processo executivo.
Pelo conceito de Vivante se extrai, ainda, que o título de crédito é o documento necessário para o exercício do direito literal nele mencionado, ou seja, o título vale pelo que nele está escrito. Para o direito cambial somente produzirão efeitos jurídicos os atos lançados na cártula; eventuais convenções celebradas em documento apartado não poderão ser opostas ao portador do título. O devedor que paga o título parcialmente deve exigir que seja dada quitação no mesmo, pois caso contrário, pode ser obrigado a pagar novamente dado que, se não consta no título o abatimento, este continua subsistente pelo seu valor integral.
Pelo título de crédito se exercita um direito autônomo nele mencionado. Daí que uma eventual nulidade de uma obrigação nele contida, quando contemplar mais de uma, não invalidada qualquer das outras. As implicações do princípio da autonomia representam a garantia efetiva de circulabilidade do título de crédito. O terceiro descontador não precisa investigar as condições em que o crédito transacionado teve origem, pois ainda que haja irregularidade, invalidade ou ineficácia na relação fundamental, ele não terá o seu crédito maculado.
 Esse princípio de desdobra em outros dois subprincípios: a abstração e a inoponibilidade das exceções aos terceiros de boa-fé.
 Pelo subprincípio da abstração, verifica-se que as obrigações constantes dos títulos de crédito terão que ser cumpridas, não se admitindo qualquer recusa baseada na causa que originou o título. A abstração do direito emergente do título significa que esse direito, ao ser formalizado o título, se desprende de sua causa, dela ficando inteiramente separado. Se o título é um documento, portanto concreto, real, o direito que ele encerra é considerado abstrato, tendo validade, assim, independentemente de sua causa.
Quanto à inoponibilidade das exceções aos terceiros de boa-fé, está expresso no artigo 17 da Lei Uniforme de Genebra, segundo a qual as pessoas acionadas em virtude de uma letra não podem opor ao portador as exceções fundadas sobre as relações pessoais delas com o sacador ou com os portadores anteriores, a menos que o portador ao adquirir a letra tenha procedido conscientemente em detrimento do devedor.
Isso significa que o sujeito executado em virtude de uma obrigação assumida e corporificada em um título de crédito não pode se valer, em sua defesa, de matéria constante de relação estranha à sua ligação direta com o credor.
No entanto, o princípio comporta uma exceção. Esta ocorre quando se verificar a má-fé. Segundo ensinam os mestres do assunto, até mesmo o simples conhecimento pelo terceiro de fato oponível ao credor anterior já é suficiente para caracterizar a má-fé. Assim, basta a ciência do fato oponível, previamente à circulação do título.
Os títulos de crédito podem ser classificados de diversas formas, não há um consenso na doutrina sobre a matéria. No entanto, pode se agrupar a classificação dos títulos da seguinte forma: quanto ao modelo, quanto à estrutura, quanto às hipóteses de emissão e quanto à circulação.
Pela primeira, os títulos podem ser de forma livre ou vinculada. É vinculada quando a forma do título deve, necessariamente, obedecer a determinados padrões estabelecidos pela legislação, é o caso do cheque, no qual o emitente não pode escolher a forma com que disporá os elementos gráficos essenciais à sua formação. Deve obedecer as determinações do Banco Central, do contrário o documento não será reconhecido como cheque.
Sendo o documento de forma livre, o emitente tem liberdade para dispor dos elementos essenciais do mesmo. Não há um padrão pré-estabelecido. Assim, qualquer papel escrito com qualquer forma de letra valerá como título, desde que obedecidas apenas os requisitos mínimos estabelecidos pela legislação cambial. Pertencem a essa categoria as notas promissórias e as letras de câmbio.
Quanto à estrutura, os títulos de crédito se classificam como ordens de pagamento e promessas de pagamento. Pela ordem de pagamento aparecem na relação cambiária três figuras distintas: a do sacador, que ordenou a realização do pagamento; a do sacado, contra quem a ordem foi emitida e que deverá cumpri-la, se atendidas as condições para tanto, e a do tomador que é a pessoa beneficiada pela ordem.
A promessa de pagamento faz surgir apenas dois sujeitos na relação jurídica cambial: o promitente, que assume a obrigação de pagar, e o beneficiário da promessa.
 Pelo critério das hipóteses de emissão, os títulos podem ser causais, quando somente poderá ser emitido nas hipóteses autorizadas por lei. Poderá ser limitado, quando não puderem ser emitidos em algumas hipóteses determinadas pela lei, e serão não causais quando puderem ser emitidos em qualquer hipótese.
Por fim, o critério mais importante, aquele que leva em conta a circulação do título. Nesse aspecto eles são classificados em títulos ao portador, nominativos à ordem e nominativos não à ordem.  
Os títulos ao portador circulam mediante mera tradição, não ostentam o nome do credor; os títulos nominativos à ordem identificam o credor e se transferem por endosso, enquanto os nominativos não à ordem circulam mediante cessão civil de crédito. Essa é a única diferença entre essas duas últimas formas de circulação.
O registro do crédito em meio magnético, dia-a-dia, ocupa mais espaço nas transações comerciais, num processo ascendente que se convencionou denominar de desmaterialização dos títulos de crédito, em referência ao abandono do papel como suporte. Esse fenômeno tem gerado certas preocupações para os operadores do direito, em especial daqueles que lidam no âmbito do direito cambial. Alguns princípios do direito cambiário têm sido questionados e, principalmente, algumas dificuldades práticas, principalmente na seara processual, têm surgido.
A tecnologia da informação trouxe ao comércio mecanismos possibilitadores de crescimento, aperfeiçoando as formas de pagamento e de obtenção de crédito para alimentar a implementação do mercado de consumo de massa. A convergência de métodos produtivos e empresariais ocorreu de maneira eficaz no segmento bancário.
A informatização dos registros de crédito mercantil é um fato, e esta convergência digital deu origem ao fenômeno acima mencionado de desmaterialização dos títulos de crédito. Fábio Ulhoa Coelho informa que este movimento teve início na França, onde se procurou minimizar a necessidade de entrega dedocumentos nos negócios bancários pela criação, por exemplo, com a implantação em 1967, e aperfeiçoado em 1973, da lettre de change-relevé, uma letra de câmbio que não circula materialmente: o cliente já remete ao banco os seus créditos sob forma de fitas magnéticas, acompanhadas de um borderô de cobrança, inexistindo a circulação do título. Já na década de 70, a França substituiu por completo o papel na emissão e circulação de títulos representativos de crédito. Iniciava-se, assim, um processo sem volta de união entre a agilidade do processamento eletrônico de dados e a segurança do direito cambiário.
Hoje, qualquer comerciante possuidor de uma conta corrente bancária está apto a promover o registro e cobrança de seus créditos de maneira digital. Esse afastamento do suporte físico em documentos representativos de crédito veio antes de regulamentação ordinária.
Não se pode negar a larga influência da informática sobre o direito cambiário. É certo que tal fenômeno facilita sobremaneira as transações empresarias, no entanto, sob o ponto de vista legal alguns questionamentos ganham espaço quando se tem em vista os requisitos para a formação e validade dos títulos de crédito.
Um título de crédito para valer como tal, deve obedecer a determinadas formalidades previstas na legislação, e a esse conjunto de regras legais denominamos de rigor cambiário. Conforme ensinamentos de Pontes de Miranda o direito cambiário chegou a tão grande harmonia de técnicas e a técnica tão longe levou o seu intuito de harmonizar interesses particulares e do público, que o sacrifício de qualquer elemento significa, sempre, erro de justiça. 
 	Por óbvio, algumas características dos títulos de crédito hão que ser abandonadas para dar lugar ao documento eletrônico. Não se pode, assim, falar em cártula, e em alguns casos, também, no princípio da literalidade tal qual se conhece na doutrina tradicional, haja vista que, em se tratando de informática, as informações muitas vezes consistem apenas em caracteres gráficos.
No entanto, no que se refere à legislação, grande passo foi dado com o Código Civil Brasileiro, que no § 3º do artigo 889 contempla os títulos eletrônicos ou escriturais, estabelecendo que são aqueles criados a partir dos caracteres em computador ou outro meio técnico equivalente e que constem de escrituração do emitente. 
 Trata-se de notável inovação que poderá ajudar a resolver os problemas jurídicos relativos ao título virtual, decorrente da evolução tecnológica, que é escriturado e reduz a importância do dogma da cartularidade, como se disse linhas atrás.
Nessa mesma linha, o mesmo código em seu art. 212, II, c/c art. 225, prevê a juridicidade desses documentos mecânicos e eletrônicos, ao referir-se a reproduções mecânicas ou eletrônicas de fatos ou de coisas, aceitando-os como meio para se fazer prova plena de fatos, se a parte, contra quem forem exibidos, não lhes impugnar a exatidão. Tais disposições por certo servirão para acolher e resolver parte dos conflitos instaurados com a multiplicação de relações que se ocorrem no mundo eletrônico.
O título de crédito tradicional não pode ser executado se não for exibido em juízo. A posse do documento, em princípio, é a prova o crédito. Nem a fotocópia autenticada do título serve para instruir a petição inicial do processo executivo. 
 	Nesse particular aparece o primeiro complicador para a execução do título eletrônico. Como dito alhures, neste o crédito materializado no documento não existe. Impõe-se, então, a relativização do princípio da cartularidade ou o seu abandono por completo. 
Assim, para que seja possibilitada a execução de qualquer título de crédito eletrônico, é necessário que sejam implementadas alterações legislativas a fim de conferir aos demais títulos de crédito a facilidade conferida ao credor da duplicata pelo art. 15, § 2º da lei das duplicatas, o protesto por indicações. Segundo estabelece o dispositivo, é inteiramente dispensável a exibição da duplicata, para possibilitar a execução, quando o protesto é feito por indicação do credor. 
 Esclarece o professor Fábio Ulhoa Coelho que:
“Com a desmaterialização do título de crédito, tornaram-se as indicações a forma mais comum de protesto. Hoje, a duplicata, não é documentada em meio papel. O registro dos elementos que a caracterizam é feito exclusivamente em meio magnético e assim são enviados ao banco, para fins de desconto, caução ou cobrança. (duplicata escritural)”. 
Para resolvermos o problema da executividade da duplicata gerada em meio magnético podemos nos socorrer do instituto do protesto por indicações. Como dito acima, o instrumento de protesto da duplicata, realizado por indicações, estando ele acompanhado pelo comprovante de entrega das mercadorias, é título executivo extrajudicial. Dessa forma, o artigo 15, § 2º da Lei das Duplicatas ampara explicitamente a executividade desse título em sua versão eletrônica. Dispensa-se a exibição da duplicata para instruir a petição inicial da execução quando o protesto é feito por indicações, excetuando-se a regra geral.
 Mediante simples adequação da nossa legislação esse procedimento pode ser estendido aos demais títulos de crédito, conferindo, dessa forma, legítima executividade a todos os títulos de crédito gerados por meio eletrônico.
No entanto, a doutrina levanta um problema. O comprovante de recebimento das mercadorias ainda continua em suporte de papel. Pois bem, esse complicador pode ser facilmente eliminado por meio da “assinatura eletrônica”. Essa técnica consiste em um complexo de caracteres gráficos que garantem a autenticidade de determinada operação. É como se fosse uma senha que identifica a pessoa que emitiu determinada informação, é a criptografia assimétrica. Trata-se um método de cifragem que utiliza duas chaves, uma privada e outra pública. A chave privada, a qual é de responsabilidade exclusiva de seu titular tem a função de codificar (encriptar) a mensagem original, enquanto a chave pública, a de decodificá-la (decriptar). Então a mensagem decifrada é comparada ao documento enviado, garantindo a sua segurança e integridade. A tecnologia da certificação digital, a qual utiliza a criptografia assimétrica, tem sido amplamente disseminada na sociedade, assegurando a essa modalidade de contratação mais segurança, privacidade e confidencialidade e, ainda, a integridade do conteúdo do contrato e a autenticidade das assinaturas digitais.
 	A assinatura digital, associada a um certificado digital, gerado dentro dos parâmetros da ICP-Brasil, confere ao documento eletrônico a presunção jurídica e técnica de autenticidade e integridade, caracterizando-o como prova legal, circunstância esta que o juiz não pode desconsiderar na valoração da prova. O certificado digital, por conter informações sobre o titular da assinatura digital, é um instrumento hábil a comprovar a identidade física dos contratantes, uma vez que vincula a chave pública ao detentor de determinada chave privada. Por conseguinte, os contratos eletrônicos celebrados com assinatura digital permitem a identificação das partes contratantes; a autenticação, a qual confirma a identidade das partes; o impedimento de rejeição (“não-repúdio”), impossibilitando às partes alegar a invalidade do contrato celebrado por meios eletrônicos; a verificação, uma vez que os contratos eletrônicos são armazenados, permanecendo disponíveis e acessíveis para consulta futura; a garantia da integridade do documento, ao possibilitar que o destinatário reconheça qualquer alteração nele produzida; e a privacidade, ao garantir uma comunicação sigilosa.
 Da mesma forma, o título de crédito pode ser emitido eletronicamente e assinado digitalmente, visto que as novas tecnologias de certificação digital garantem as funcionalidades do princípio da cartularidade, assegurando a identidade do emitente, bem como a integridade e a perenidade do conteúdo do negócio jurídico que lhe dá origem.  Os fornecedores podem combinar com seus clientes que o recebimento das mercadorias será atestado medianteo processo criptográfico da “assinatura eletrônica”, assim, completa-se o ciclo de formação do título de crédito eletrônico.

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