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* Litíase da Vesícula e Vias Biliares José Carlos Costa Marques Cirurgia Geral Março/2015 * História Descoberta por Galeno (século I DC) Teoria humoral: vesícula – a vida era mantida pelo equilíbrio entre quatro humores: Sangue, Fleuma, Bílis Amarela e Bílis Negra, procedentes, respectivamente, do coração, cérebro, fígado e baço Relato de cálculo: Antonio Benevieni (1420) Descrição anatômica: Leonardo Da Vinci (século XVI) Primeira operação (colecistotomia para remover cálculos): John Stough Bobb, de Indianápolis, em 1867 Primeira colecistectomia: Carl Langenbuch, Berlim, 1882 Primeira colecistectoma vídeo-laparoscópica: Mühe, 1986 * Anatomia * Topografia Localizada no quadrante superior direito do abdome (hipocôndrio direito) Fixa à borda inferior do fígado (leito da vesícula) Órgão peritoneal * Topografia * Anatomia * * A Vesícula Biliar CARACTERÍSTICAS Formato de pêra Comprimento de 7 a 10 cm, e diâmetro 3 a 5 cm; capacidade de 30 a 60 rnl Dividida em fundo, corpo, colo e infundíbulo Valvas heister * Vascularização e Inervação Irrigada pela artéria cística (ramo da a. hepática direita, própria, comum, gastroduodenal ou mesentérica superior) Drenagem venosa: tributárias da v. porta Drenagem linfática: gânglio colecístico (Mascagni) Inervação: motora e sensitiva através do ramo hepático do nervo vago * Variações anatômicas vasculares * Variações anatômicas ductais * Fisiologia Bile normal: água, eletrólitos, solutos orgânicos (sais biliares, pigmentos biliares, colesterol e fosfolipídios). Produção diária: 500 - 1000ml. Sais biliares: Sintetizados nos hepatócitos a partir do colesterol e secretados nos canalículos biliares. Ajudam na absorção de gorduras no intestino delgado Circulação entero-hepática: reabsorção dos sais biliares, com objetivo de mantê-los no organismo * Produção e Secreção Normal de Bile Pigmentos Biliares: Bilirrubina indireta (degradação do heme, principalmente da hemoglobina) é captada e conjugada em bilirrubina direta e excretada na bile. BI – lipossolúvel. BD – hidrossolúvel Maior parte da BD excretada é degradada pelas bactérias no intestino grosso em urobilinogênio/estercobilinogênio e eliminada nas fezes. * Formação da Bile Fígado Capta sais biliares do sistema porta e circulação sistêmica Conjuga os sais biliares Secreta sais biliares conjugados na bile Veia porta Albumina carreia sais biliares Vesícula Biliar Concentra a bile até 10 vezes Intestino delgado Reabsorve sais biliares (principalmente íleo terminal) Cólon Desconjugação dos sais biliares: Parte reabsorvida Parte excretada * Circulação Entero-Hepática * Bile Litogênica Alteração: aumento de colesterol ou de bilirrubinato de cálcio e solubilidade na bile (bile supersaturada ou litogênica. Colesterol, lecitina e bilirrubina não-conjugada – formação de micelas (agregados polimoleculares) p/ solubilidade em água A solubilidade de colesterol na bile depende da concentração relativa de colesterol, sais biliares e fosfolipídios (lecitina) * Bile Litogênica Qtde. pequena de colesterol >>> somente micelas >>> bile não-litogênica Colesterol aumentado e/ou sais biliares/lecitina diminuídos >>> bile hipersaturada em colesterol (litogênica) >>> micelas + vesículas/cristais de colesterol De uma forma geral: supersaturação de colesterol => Nucleação de cristal => Crescimento de cálculo Triangulo de Admirand e Small * Tipos de Cálculos Biliares Colesterol: 70-90% dos cálculos biliares nos EUA, Europa e América Latina Variam em cor, forma e número Puro ou misto (maioria) Pigmentares: 10-30% Bilirrubinato de cálcio – componente principal Podem ser: Negros/pretos: hemólise; aumento de bilirrubina – cirrose, anemia hemolítica, NPT Castanhos/marrons: estase e infecção bile; moldam os ductos biliares * Definições Colelitíase ou Colecistolitíase ou Litíase Vesicular: cálculo na vesícula biliar Coledocolitíase ou Litíase da Via Biliar Principal: cálculo no colédoco/hepático comum Colecistite: processo inflamatório agudo ou crônico da vesícula biliar Colecistite aguda: síndrome de dor no quadrante superior direito, febre e leucocitose associada à inflamação da vesícula biliar, que geralmente é relacionada à doença do cálculo biliar. Colecistite crônica: termo usado para descrever a infiltração de células inflamatórias crônicas da vesícula biliar visto em histopatologia. É quase sempre associada com a presença de cálculos biliares e pensa-se ser o resultado de uma irritação mecânica ou ataques recorrentes de colecistite aguda que conduzem a fibrose e espessamento da vesícula biliar Colangite: Infecção dos ductos biliares * LITÍASE BILIAR * * * Litíase Biliar - Sintomatologia HISTÓRIA NATURAL 1 a 2% dos individuos assintomaticos desenvolvem sintomas greves ou complicações Cólica biliar em 2/3 dos sintomas: Dor típica (apresentação de incidência variável): constante; no hipocôndrio D e/ou epigástrio; irradiação p/ reg. dorsal sup. D, escápula D ou entre escápulas; desencadeada por refeição rica em gorduras; duração 1-6h; náusea/vômito, distensão e eructação associados; discreta dor à palpação no hipoc. D OBS: a cólica biliar pura difere um pouco da dor da colecistite aguda, pois esta tem alterações inflamatórias importantes e dor ao toque, podendo ter febre e leucocitose. * Litíase Biliar - Sintomatologia Febre: temp maior ou igual a 38°C, geralmente ocorre na colecistite aguda ou coledocolitíase. Icterícia: Concentração sérica >2,5mg/dl. Coloração amarelada das mucosas. Geralmente traduz obstrução das vias biliares. Dor em quadrante superior + icterícia + febre = Tríade de Charcot (colangite) Laboratório: Leucocitose (colecistite aguda) e PCR aumentado * * Litíase Biliar - Exame Físico PRINCIPAIS ACHADOS Sem expressão no exame físico Dor à palpação profunda do ponto cístico Massa palpável Icterícia - 25% * Diagnóstico por Imagem US abdome: Exame de escolha Avalia dilatação da via biliar Sensibilidade, especificidade: 95-99% Critérios: massa hiperecogênica; sombra acústica distal à massa hiperecogênica; movimento da massa hiperecogênica qdo. pac. muda decúbito * Diagnóstico por Imagem RX simples abdome: 10-15% dos cálculos (colesterol é radiotransparente) TC abdome: 60-80% RM abdome: 90-95% Colecintilografia e colecistograma oral: pouco usados * Colangiografia Intra-operatória * Litíase Biliar - Exames de Imagem Ultrassonografia abdominal * Litíase Biliar - Exames de Imagem Colangioressonância magnética * Litíase Biliar - Exames de Imagem Colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (CPRE) * Litíase Biliar - Exames de Imagem Colangiografia por dreno no colédoco * Tratamento Colecistectomia laparoscópica eletiva – escolha Complicações: lesão de via biliar; conversão Litíase assintomática: tratamento controverso. Avaliar: histórial natural da litíase assintomática, custo e complicações da colecistectomia, idade, doenças associadas (condição clínica), risco de CA de vesícula biliar * * * * * * * * * * * * Colangiografia Intra-operatória * Complicações DA COLELITÍASE Colecistite aguda Empiema da vesícula Gangrena e perfuração Hidropsia Fístula e íleo biliar Câncer de vesícula Coledocolitíase DA COLEDOCOLITÍASE Pancreatite aguda Colangite Fístula e íleo biliar Hepatite e cirrose biliar Câncer do colédoco Estenose da papila duodenal * Colecistite Aguda Relacionada a cálculos em 90-95% casos (litiásica) Obstrução do canal cístico >>> persistência >>> vesícula distendida, com paredes inflamadas e edemaciadas. Isquemia, necrose da parede vesicular, infecção/sepse - em casos graves * Dor dura mais de 6 horas Náusea/vômito, afebril ou febre baixa Dor e/ou massa palpável em hipocôndrio D Sinal de Murphy: parada da inspiração durante palpação profunda do hipocôndrio D) Icterícia (20% pacientes) Laboratorial: Leucocitose discreta Elevação discreta de TGO/TGP, Bil., FA, amilase * Tratamento: Colecistectomia – 1-3 dias depois início. Emergência em potenciais complicações Jejum e analgesia ATB. Podem ser prolongados no pós-op Complicações: Colecistite Enfisematosa – bact. Anaeróbia – gás Gangrena, perfuração, empiema Síndrome de Mirizzi: obstrução do ducto hepático comum por cálculo impactado no infundíbulo Fístula biliar Íleo biliar CA vesícula * * Coledocolitíase Primários ou secundários Residual: até 2 anos da colecistectomia 5 – 10% pacientes submetidos a colecistectomia tem cálculo no colédoco Suspeita de obstrução biliar: dor/cólica biliar, icterícia, colúria e acolia fecal Pode causar pancreatite aguda Elevação de bilirrubina, FA, GGT * Coledocolitíase * * Tratamento: CPRE – Colangiopancreatografia Retrógrada Endoscópica Exploração colédoco (aberta ou laparoscópica) * Colangite Aguda Infecção bacteriana do sistema ductal biliar – Escherichia coli, Klebsiella pneumoniae, Bacteriodies fragilis, enterococos Causa: obstrução biliar + concentração bacteriana na bile de estase Tríade de Charcot: icterícia, febre e dor abdominal Pêntade de Reynold: icterícia, febre, dor abdominal, obnubilação mental e hipotensão – colangite tóxica Tratamento: ATB + desobstrução da via biliar * AGRADECIMENTO DR. LUIGI BRIANEZ (CIRURGIÃO HEPATOBILIAR E AMIGO PESSOAL) * REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS * *
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