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Diarreias Maressa Vieira Definição: i. Clínica : A diarréia se caracteriza pela perda da consistência, aumento do número e / ou volume das deposições, com ou sem produtos patológicos: muco, pus, sangue, ou gordura. ii. Fisiopatológica: É decorrente de má-absorção de água, eletrólitos, e nutrientes. A diarreia pode ser definida ainda como aguda se durar < 2 semanas, persistente se durar 2-4 semanas e crônica se durar > 4 semanas. Volume normal por evacuação: 200g A quantidade de evacuações depende do hábito normal do indivíduo. Diferenciar: Incontinência fecal: são alterações musculares fecais, mais especificamente nos esfíncteres anais. causada com maior frequência por distúrbios neuromusculares ou problemas anorretais estruturais. Pseudo Diarreias: Queixas irritativas, desconforto ao evacuar, sendo eliminados menos de 200g, muitas vezes é associada à urgência retal, tenesmo ou a uma sensação de evacuação incompleta. Impactação: Fezes compactuadas, irritação do reto, liberação de muco ao evacuar (distensão abdominal, não são soltos nem gases, presença de dor). Fezes empedradas. Classificação devido à localidade: ● Alta: Localizado no intestino delgado, promove mais volume e são evacuações menos frequentes. As fezes são volumosas, com restos alimentares, odor pútrido e costuma acompanhar de cólicas periumbilicais. ● Baixa: Localizado no Cólon - intestino grosso, promove menos volume e são evacuações mais frequentes. Pode estar associado à tenesmo, muco, pus, sangue e urgência fecal. Quanto à etiologia: Não inflamatória: caracterizada por fezes aquosas, volumosas, sem sangue, muco ou pus. Não costuma cursar com febre, mas pode ocorrer. As fezes não terão leucócitos alterados e a pesquisa de sangue oculto costuma ser negativa. As causas mais comuns são vírus, bactérias, protozoários. Inflamatória: caracterizada por evacuações frequentes de pequeno volume, com presença de muco e pus, algumas vezes com sangue. É comum febre, toxemia, dor abdominal intensa e tenesmo . As fezes apresentam grande quantidade de leucócitos e sangue. As causas mais frequentes são bactérias enteroinvasivas. Sinais de alarme: Desidratação moderada à grave Fezes francamente sanguinolenta Pacientes maiores de 70 anos Forte dor abdominal associada Ausência de melhora após 48h Presença de surto recente na comunidade Imunocomprometidos Uso recente de antibióticos Viagem recente DIARREIA AGUDA Um dos principais dilemas neste tipo de diarreia é decidir quando submeter o doente a uma investigação mais específica e quando iniciar o tratamento. A história clínica e o exame físico são fundamentais na avaliação inicial. História Clínica - Viagens recentes (ex: países endémicos da amebíase); -O consumo de produtos lácteos não pasteurizados ou de carne/peixe mal cozinhados (ex: gastroenterites por Salmonella ou Campylobacter); - Contactos com pessoas doentes; - Antibioterapia recente (ex: infecção por Clostridium difficile); - Comorbidades (ex: imunodepressão por infecção HIV); - História sexual (homossexuais com infecção frequente por Giardia Lamblia); - Caracterização das fezes, nomeadamente frequência das dejecções diárias, presença de sangue, muco ou pus e os sintomas associados. A presença de sangue é geralmente indicativa de infecção por microorganismo invasivo (Shigella, Campylobacter, Salmonella, E.coli entero-hemorrágica). DIARREIA CRÓNICA Pelas características das fezes, pode-se classificar a diarreia crônica em 3 tipos: inflamatória, esteatorreia e aquosa. A sua abordagem diagnóstica é mais complexa atendendo à multiplicidade de causas. História Clínica - Características da diarreia: início (gradual ou súbito), padrão (intermitente ou contínuo), duração, volume da diarreia e características das fezes (aquosas, com sangue ou com ácidos gordos). - Relação da diarreia com o stress, a alimentação (a diarreia osmótica melhora com o jejum, enquanto a diarreia secretora mantém-se) e o período do dia (a diarreia nocturna sugere uma doença orgânica). - Outros sintomas associados, nomeadamente: dor abdominal, perda de peso, distensão abdominal, flatulência. - Presença de incontinência fecal: importante diagnóstico diferencial que pode ser confundido com diarreia. - Revisão detalhada por aparelhos e sistemas com o objectivo de procurar doenças sistémicas tais como hipertireoidismo, diabetes, tumores neuroendócrinos, vasculites e imunodeficiências adquiridas. - História de infecções bacterianas recorrentes (pode indicar uma deficiência de imunoglobulinas). - Causas iatrogênicas: medicamentos, radioterapia e cirurgias anteriores. - Diarreia fictícia: consumo abusivo de laxantes, de hidratos de carbono não absorvíveis como a frutose, sorbitol, manitol e a lactulose em indivíduos com deficiência de lactase. -Fatores epidemiológicos: viagens recentes; consumo de água e alimentos contaminados; contactos pessoais. DIARREIA OSMÓTICA Causada pela presença de grande quantidade de solutos pouco absorvíveis e osmoticamente ativos na luz intestinal. Regride ou cessa com jejum ou suspensão do agente osmótico. Principais causas: ● Má absorção de carboidratos Má absorção congênita ○ Glicose-galactose ○ Frutose Deficiência de dissacaridases ○ Adquirida ○ Congênita Síndrome de má absorção Ingestão excessiva de hidratos de carbono pouco absorvíveis (lactulose, sorbitol/manitol, frutose, fibras) ● Diarreia induzida por sais de magnésio Antiácidos Suplementos nutricionais Laxativos ● Laxativos à base de sódio não-absorvível Citrato de sódio Fosfato de sódio Sulfato de sódio
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