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APOSTILA NUTRIÇÃO ANIMAL UFAC

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1 
INDICE 
NUTRIÇÃO ANIMAL ............................................................................................................................... 3 
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................... 3 
2. EVOLUÇÃO DA CIÊNCIA DA NUTRIÇÃO ....................................................................................... 3 
3. ALIMENTO............................................................................................................................................ 5 
3.1. CONCEITO .......................................................................................................................................... 5 
3.2. IMPORTÂNCIA DO ALIMENTO ............................................................................................................... 5 
3.3. CONSTITUIÇÃO DOS ALIMENTOS.......................................................................................................... 5 
3.4. CLASSIFICAÇÃO DOS NUTRIENTES ....................................................................................................... 6 
3.4.1. Compostos Orgânicos.................................................................................................................. 6 
3.4.2. Compostos Inorgânicos ............................................................................................................... 7 
4. ÁGUA ..................................................................................................................................................... 8 
4.1. DISTRIBUIÇÃO DA ÁGUA CORPÓREA ..................................................................................................... 8 
4.2. PRINCIPAIS FUNÇÕES DA ÁGUA ........................................................................................................... 9 
4.3. FONTES DE ÁGUA ............................................................................................................................. 10 
4.4. FATORES QUE AFETAM A INGESTÃO DE ÁGUA.................................................................................... 10 
4.5. NECESSIDADE DE ÁGUA .................................................................................................................... 11 
4.6. RESTRIÇÃO DE ÁGUA ........................................................................................................................ 12 
5. GLICÍDIOS OU CARBOIDRATOS .................................................................................................... 12 
5.1. CARACTERÍSTICAS ............................................................................................................................ 12 
5.2. FUNÇÕES .......................................................................................................................................... 12 
5.3. CLASSIFICAÇÃO ................................................................................................................................ 13 
5.4. METABOLISMO DOS CARBOIDRATOS.................................................................................................. 13 
5.5. DIGESTÃO DOS CARBOIDRATOS NOS NÃO RUMINANTES ..................................................................... 13 
5.6. DIGESTÃO DOS CARBOIDRATOS NOS RUMINANTES ............................................................................. 14 
5.7. ROTAS METABÓLICAS MAIS IMPORTANTES E SEUS CONTROLES .......................................................... 15 
5.8. UTILIZAÇÃO DE CARBOIDRATOS POR SUÍNOS ..................................................................................... 18 
5.9. UTILIZAÇÃO DA FIBRA BRUTA POR SUÍNOS E AVES ............................................................................ 18 
6. LIPÍDEOS ............................................................................................................................................ 20 
6.1. CARACTERÍSTICAS ............................................................................................................................ 20 
6.2. FUNÇÕES .......................................................................................................................................... 20 
6.3. CLASSIFICAÇÃO ................................................................................................................................ 20 
6.4. METABOLISMO DOS LIPÍDEOS ............................................................................................................ 21 
6.5. ÁCIDOS GRAXOS............................................................................................................................... 22 
6.6. RANCIDEZ DAS GORDURAS ............................................................................................................... 23 
7. PROTEÍNAS ........................................................................................................................................ 24 
7.1. CARACTERÍSTICAS ............................................................................................................................ 24 
7.2. CLASSIFICAÇÃO DAS PROTEÍNAS ....................................................................................................... 25 
7.3. FUNÇÕES DAS PROTEÍNAS ................................................................................................................. 25 
7.4. QUALIDADE DAS PROTEÍNAS ............................................................................................................. 25 
7.5. METABOLISMO DAS PROTEÍNAS......................................................................................................... 26 
7.6. NECESSIDADE DE PROTEÍNAS E AMINOÁCIDOS ................................................................................... 29 
7.7. URÉIA NA ALIMENTAÇÃO ANIMAL .................................................................................................... 30 
8. METABOLISMO ENERGÉTICO ...................................................................................................... 33 
8.1. PARTIÇÃO BIOLÓGICA DA ENERGIA ................................................................................................... 33 
 2 
8.2. CALORIMETRIA ................................................................................................................................. 34 
8.3. CÁLCULO DA ENERGIA DOS ALIMENTOS ............................................................................................ 35 
8.4. IMPORTÂNCIA DA ENERGIA NAS RAÇÕES ........................................................................................... 36 
9. VITAMINAS ........................................................................................................................................ 37 
9.1. CARACTERÍSTICA .............................................................................................................................. 37 
9.2. CLASSIFICAÇÃO DAS VITAMINAS ....................................................................................................... 37 
9.3. VITAMINAS LIPOSSOLÚVEIS .............................................................................................................. 38 
9.4. VITAMINAS HIDROSSOLÚVEIS ........................................................................................................... 42 
10. MINERAIS ......................................................................................................................................... 48 
10.1. PRINCIPAIS FUNÇÕES DOS MINERAIS ............................................................................................... 48 
10.2. CLASSIFICAÇÃO DOS MINERAIS ....................................................................................................... 48 
11. ADITIVOS UTILIZADOS NA ALIMENTAÇÃOANIMAL ............................................................ 58 
11.1. USO DOS ADITIVOS ......................................................................................................................... 58 
11.2. CLASSIFICAÇÃO DOS ADITIVOS........................................................................................................ 58 
12. ASPECTOS QUÍMICOS E FÍSICOS DA RAÇÃO ........................................................................... 63 
12.1. CLASSIFICAÇÃO DOS ALIMENTOS .................................................................................................... 63 
12.1.1. Alimentos de Primeira Categoria - VOLUMOSOS ................................................................... 64 
12.1.2. Alimentos de Segunda Categoria - CONCENTRADOS ............................................................. 64 
13. DIFERENÇA ANIMAL X VEGETAL .............................................................................................. 64 
14. PROCESSOS DIGESTIVOS NOS ANIMAIS ................................................................................... 64 
14.1. PROCESSOS FÍSICOS DA DIGESTÃO ................................................................................................... 66 
14.2. ASPECTOS GERAIS DA DIGESTÃO ..................................................................................................... 67 
15. DIGESTIBILIDADE DOS ALIMENTOS ......................................................................................... 73 
15.1. MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DOS ALIMENTOS ..................................................................................... 73 
15.2. DETERMINAÇÃO DA DIGESTIBILIDADE DOS ALIMENTOS ................................................................... 73 
16. BALANÇOS NUTRICIONAIS .......................................................................................................... 74 
16.1. BALANÇO DE NITROGÊNIO .............................................................................................................. 74 
16.2. BALANÇO DE CARBONO .................................................................................................................. 75 
16.3. BALANÇO DE NITROGÊNIO E CARBONO ............................................................................................ 75 
16.4. BALANÇO DE MINERAIS .................................................................................................................. 75 
16.5. BALANÇO DE ENERGIA .................................................................................................................... 75 
17. PRINCIPAIS ALIMENTOS PARA ANIMAIS ................................................................................. 75 
17.1. PRODUTOS DE ORIGEM VEGETAL .................................................................................................... 76 
17.2. PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL ...................................................................................................... 80 
17.3. OUTROS PRODUTOS ........................................................................................................................ 82 
18. FATORES ANTINUTRICIONAIS PRESENTES NOS ALIMENTOS ............................................ 84 
19. FORMULAÇÃO DE RAÇÃO ANIMAL ........................................................................................... 86 
20. TERMOS USADOS EM NUTRIÇÃO ANIMAL ............................................................................... 90 
21. BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................................ 90 
 
 
 3 
NUTRIÇÃO ANIMAL 
1. INTRODUÇÃO 
A ciência da Nutrição engloba conhecimentos de Bioquímica e Fisiologia, relacionando o 
organismo animal com a fonte alimentar de suas células. Desta forma, o objetivo final da nutrição é 
transformar os alimentos de menor valor nutricional em alimentos para o consumo humano, com um melhor 
valor biológico. Tal objetivo foi alcançado através de conhecimentos envolvendo os alimentos e o organismo 
animal. 
A exploração dos animais domésticos visa à obtenção de lucro, no entanto para que tenhamos 
uma produção econômica devemos observar os seguintes aspectos: Genética, Manejo e Alimentação dos 
animais. 
Estes três aspectos estão intrinsecamente ligados. Não podemos fazer dissociação entre eles, 
pois certamente não teremos eficiência produtiva dos animais que estamos criando. 
A Genética diz respeito ao potencial de cada indivíduo e é transmitido hereditariamente dos 
pais para os filhos. A evolução genética dos animais tem sido muito trabalhada desde o último século e 
podemos obter animais com alto potencial para produção de carne, leite, ovos, etc. 
O Manejo compreende todas as atividades desenvolvidas com os animais domésticos visando o 
seu melhor desempenho produtivo e reprodutivo. Podemos escolher o manejo que pretendemos adotar em 
uma criação, assim como os indivíduos a serem criados, com vistas a atender a uma demanda, diagnosticada 
no mercado consumidor. 
A alimentação tem por base o conhecimento das necessidades nutricionais dos seres vivos. A 
alimentação fornecida para o animal doméstico deve conter todos os nutrientes necessários para o seu 
desenvolvimento e produção bem como estes nutrientes devem estar nas quantidades exigidas pelos animais. 
A disponibilidade dos nutrientes deve ser observada para que possamos ter a máxima produção. Na 
alimentação não é importante a quantidade, mas a qualidade do alimento fornecido. 
Atualmente trabalha-se com os seguintes nutrientes: 12 aminoácidos essenciais, 17 vitaminas, 
15 minerais, ácidos graxos, glicídios, água e fatores não identificados. 
 
2. EVOLUÇÃO DA CIÊNCIA DA NUTRIÇÃO 
Remonta do tempo dos romanos, o conceito de que os alimentos diferiam em sua capacidade de 
gerar produção e reprodução, além da existência de alguma tecnologia de conservação e manejo dos 
alimentos. Estes conhecimentos foram desenvolvidos no Século XVIII, com o início dos avanços da 
Agricultura, paralelamente ao avanço de outras ciências como: Física, Química e Bioquímica. 
Os primeiros passos da Nutrição foram dados em 1947, com o descobrimento da cura do 
Escorbuto pelo físico Inglês Lind, apesar de que muitas observações de caráter nutricional tenham sido 
discutidas antes do Século XVII, época considerada como “a idade de ouro da ciência”. 
Em 1790, Antoine Laurent Lavoisier, introduziu o termômetro e a balança nos seus estudos, e 
através de experimentos utilizando a calorimetria animal, verificou que parte do calor animal se originava da 
combustão de substâncias no organismo, concluindo que a respiração e a combustão eram processos 
semelhantes. Concluiu assim que a vida era uma função química. 
René Reamur (1683-1757) fez uma das primeiras observações com relação à digestão. Forneceu 
alimentos para as aves e retirou-os do intestino após curtos períodos de tempo e verificou mudanças na 
composição do alimento durante esse processo. 
Lázaro Spalanzani (1729-1799) engoliu saquinhos confeccionados com pano contendo carne e 
pão, os quais extraídos após um tempo, com auxílio de um cordão amarrado, verificaram mudanças na 
composição do alimento. 
Ainda no Século XVIII, com o auxílio de fístulas, foram estudados aspectos de fisiologia e 
química do processo digestivo. William Beaumont (1883) reportou observações no paciente Alexis St. 
Martin, que teve o estômago perfurado por uma bala em uma caçada. Foi instalada uma fístula no seu 
estômago e introduzidos vários tipos de alimentos, sendo observada diferença na digestão. Esta experiência 
descreveu o suco gástrico e o ácido clorídrico (HCl) e os movimentos do estômago, verificando o efeito da 
emoção sobre a secreção e motilidade gástricas.4 
Neste período concluiu-se que o organismo animal necessitava de vários nutrientes e que o 
valor do alimento não estava em um único componente químico e sim em três componentes: proteínas, 
lipídeos e carboidratos. 
Em 1833 o químico Dinamarquês, Johan Kjeldakl, descobriu um método rápido de determinar o 
valor nitrogenado dos alimentos, contribuindo enormemente com a evolução nos estudos de nutrição protéica. 
Os resultados da pesquisa eram muito variados e em 1909, Karl Thomas descobriu que as 
proteínas tinham valores nutricionais diferentes e que a porcentagem de nitrogênio absorvido, que ficava 
retido no organismo era variável de uma fonte protéica para outra. No final do século eram conhecidos 12 
aminoácidos (AA´s) nas proteínas e, com as experiências de Thomas, concluiu-se que havia variação na 
composição de AA´s e que isso afetava o valor biológico das proteínas. 
William C. Rose demonstrou em 1938 que os ratos necessitavam de certos AA’s na dieta para o 
máximo desempenho e dividiu-os em essenciais e não essenciais. 
Em 1814 o químico francês Michel Eugene Chevreul descobriu que as gorduras eram 
compostas de ácidos graxos e glicerol. Assim, estudos posteriores mostraram a essencialidade dos ácidos 
graxos na dieta animal. 
Cassimir Funk (1912) verificou que a substância contida no farelo de arroz curava o beriberi e 
introduziu o termo vitamina pela primeira vez. 
Wilissi Aldrovandri (1600) realizou as primeiras investigações com minerais. Verificou que 
pintos consumindo casca de ovos cresciam mais rápido e mais saudáveis em comparação com os que não 
recebiam este componente. 
Em1930 houve a descoberta de vários minerais como o cálcio (Ca), fósforo (P) enxofre (S) e 
ferro (Fe) e também a descoberta de novos elementos, acompanhou a evolução dos equipamentos. A 
importância dos minerais se tornou mais pronunciada nos anos mais recentes. 
A partir do Século XIX onde o melhoramento genético acelerou a velocidade de crescimento e 
a produção dos animais, com mudanças nos hábitos alimentares, aumentou a necessidade de minerais. 
Várias ciências contribuíram para a evolução da nutrição: Física (raio-X, espectrofotometria, 
radioisótopos, cromatografia, etc.), Bioquímica (enzimologia e metabolismo dos nutrientes), Fisiologia 
(estudo do funcionamento dos órgãos e secreções), Microbiologia (exigências nutricionais e síntese de 
vitaminas), Genética (melhoramento dos animais para maior produção), etc. 
O Quadro 1 apresenta um resumo da evolução histórica da Nutrição Animal. 
 
QUADRO 1 – Evolução histórica da nutrição animal 
Seqüência histórica dos avanços científicos relacionados à nutrição de ruminantes 
Descoberta ou Desenvolvimento Autor Data 
Digestão péptica REAMUR 1.752 
Oxidação e metabolismo aeróbico LAVOISIER 1.777 
Análise de fibra no alimento EINHOF 1.806 
Ácidos acético e butírico no rúmen TIEDEMANN, GMELIN 1.831 
Celulose PAYEN 1.834 
Necessidade dietética de proteínas BOUSSINGAULT 1.842 
Composição corporal e dietas LAWES E GILBERT 1.847 
Digestibilidade de fibras HAUBNER 1.855 
Lignina SCHULTZ 1.855 
Metano no rúmen RETSET 1.863 
Digestão de celulose no rúmen WILD 1.874 
Conceito de fermentação anaeróbica PASTEUR 1.876 
Produção de AGV no rúmen TAPPEINER 1.884 
Hemicelulose SCHULTZ 1.891 
Conceito de vitaminas FUNK 1.912 
Ciclo do ácido cítrico KREBS 1.937 
Glicólise anaeróbica EMBDEN, MEYER HOF 1.939 
Uso de NNP por ruminantes BOHSTEDT et. al. 1.946 
Cromatografía de AGV HUNGATE 1.946 
Técnica de cultura anaeróbica 1.947 
Fonte: Adaptado de VAN SOEST (1982) 
 5 
3. ALIMENTO 
3.1. Conceito 
Existem na literatura vários conceitos de alimento. Atualmente o mais utilizado é o de Jaquot: 
“Alimento é uma substância que consumida por um indivíduo é capaz de contribuir para assegurar o ciclo 
regular de sua vida e a sobrevivência da espécie a qual pertence.” 
O conceito de alimento é muito amplo e engloba os produtos vegetais, produtos animais, 
subprodutos animais e vegetais e substâncias nutritivas puras (quimicamente sintetizadas ou fruto de 
fermentação microbiana). 
3.2. Importância do alimento 
Não existe um alimento natural completo. Na natureza os alimentos que mais se aproximam de 
serem completos são o leite e os ovos. Com essa visão, a alimentação dos animais deve ser composta de 
diversas fontes alimentares visando fornecer os nutrientes que os seres vivos necessitam. 
Um produto pode ser considerado alimento para um indivíduo ou para determinada espécie e 
não ser para outro. Na escolha de um alimento devemos observar as seguintes características: 
 
- não conter substâncias tóxicas; 
- adaptado a particularidades dos animais; 
- capacidade de uso de cada espécie e 
- considerações de ordem econômica. 
 
Devemos observar também que o alimento a ser utilizado na alimentação animal não pode 
concorrer com a alimentação humana. Alguns alimentos como o trigo, cevada, mandioca e arroz são 
descartados da alimentação animal por serem fundamentais na alimentação humana. 
Alimentar é fornecer alimento para um animal enquanto nutrir está relacionado com o 
fornecimento de alimento que satisfaça as necessidades do indivíduo. 
Segundo Morison: “Nutriente é um constituinte ou um grupo de constituintes dos alimentos, de 
igual composição química geral, que ajuda a manter a vida animal.” 
Na alimentação dos animais existem várias substâncias que podem ser usadas para melhorar a 
palatabilidade dos alimentos a serem fornecidos aos animais. 
3.3. Constituição dos Alimentos 
Os alimentos são formados por nutrientes. Existem seis categorias de nutrientes: água, 
carboidratos (glicídios), proteínas, lipídeos, minerais e vitaminas. 
Quando o alimento é submetido a uma temperatura de 105 ºC, em estufa, o constituinte inicial 
diminui em peso e volume. A perda sofrida foi devido a vaporização da água. Portanto, podemos dizer que o 
alimento é constituído de água e matéria seca (MS). 
Quando submetemos a MS a 650 ºC, vemos que parte dela se queima e esta parte é denominada 
matéria orgânica (MO). 
O que sobra é a cinza, também chamada de matéria mineral (MM). Os teores de água e matéria 
seca variam no alimento de 5 a 95%. A degradação do alimento pode ser observada na Figura 1. 
 
 
 ALIMENTO 
 
 
 ÁGUA MATÉRIA SECA 
 
 
 
 MATÉRIA ORGÂNICA MATÉRIA MINERAL 
 
 
FIGURA 1 – Decomposição do alimento em seus constituintes 
 6 
O valor nutritivo dos alimentos depende da quantidade de matéria seca. 
Na matéria orgânica encontramos quatro grupos de substancias diferentes por suas propriedades 
químicas, físico-químicas e biológicas (Figura 2): 
 
- Glicídios 
- Lipídeos 
- Proteínas 
- Vitaminas 
 
Na matéria mineral encontramos todos os elementos minerais conhecidos em quantidade e 
formas variadas, divididos em dois grupos: 
 
- Macro elementos – Na, P, Ca, Cl, K, Mg, S, etc. 
- Micro elementos – Fe, I, Cu, F, Mn, Co, Se, Mo, etc. 
 
 
MATÉRIA ORGÂNICA MATÉRIA MINERAL 
 
 
 
 
GLICÍDIOS LIPÍDEOS PROTEÍNAS VITAMINAS MACRO MICRO 
 
Figura 2 – Decomposição da Matéria Orgânica (MO) e Matéria Mineral (MM) dos alimentos. 
3.4. Classificação dos Nutrientes 
São chamados de nutrientes todos os compostos presentes nos alimentos ou de forma livre que 
são usados para a nutrição das células do organismo e podem ser classificados de acordo com o seguinte 
critério: 
3.4.1. Compostos Orgânicos 
Apresentam necessariamente Carbono e Hidrogênio e, às vezes, oxigênio, nitrogênio, enxofre, 
fósforo ou outros elementos. 
 
3.4.1.1. Carboidratos3.4.1.1.1. Solúveis (Extrativo Não Nitrogenado – ENN) 
 
A – Monossacarídeos 
- Trioses (C3H6O3) - Gliceraldeído e Diidroxicetona 
- Tetroses (C4H8O4) – Eritrose – Eritrulose 
- Pentoses (C5H10O5) – Xilose – Xilulose 
- Hexoses (C6H12O6) – Glicose – Frutose 
- Heptoses (C7H14O7) – Sedoheptulose 
 
B – Dissacarídeos 
- Sacarose (glicose + frutose) 
- Lactose (glicose + galactose) 
- Maltose (glicose + glicose) 
- Celobiose (glicose + glicose) 
 
C – Trissacarídeos 
- Rafinose (frutose + glicose + galactose) 
 
 
 7 
D – Polissacarídeos 
- Amido 
- Glicogênio 
- Hemi-celulose 
 
3.4.1.1.2. Insolúveis 
 
A – Fibra em Detergente Neutro (FDN) – Celulose + Hemicelulose + Lignina 
 
B – Fibra em Detergente Ácido (FDA) – Celulose + Lignina 
 
3.4.1.2. Lipídeos (Extrato Etéreo – EE) 
 
3.4.1.2.1. Simples 
- Ácidos Graxos 
- Gorduras Neutras (mono, di e triglicerol) 
- Ceras (ésteres de ácidos graxos com alcoóis de cadeia longa) 
 
3.4.1.2.2. Compostos 
 
A – Fosfolipídeos 
- Ácidos Fosfatídicos, lecitinas, cefalinas, etc. 
- Plasmalogens 
- Esfingomielinas 
 
B – Glicolipídeos 
- Mucina 
 
C – Lipoproteínas 
- Lipoproteínas Transpotadoras (VLDL, IDL, LDL, HDL e Quilomícrons). 
 
3.4.1.3. Compostos Nitrogenados 
- Proteínas (Aminoácidos) 
 Aminoácidos Monoanimo e Monocarboxílicos Alifáticos 
 Aminoácidos Básicos 
 Aminoácidos Aromáticos 
 Iminoácidos 
 Aminoácidos formados por translação 
- Aminas, Amidas, Uréia, Ácido Úrico, etc. 
 
3.4.1.4. Vitaminas 
 
3.4.1.4.1. Vitaminas Lipossolúveis – Vitaminas A, D, E e K. 
 
3.4.1.4.2. Vitaminas Hidrossolúveis 
- Vitaminas do Complexo B (B1, B2, B6, B12, Biotina, Colina, Inositol, Niacina, Ácido 
Pantotênico e Ácido Paraminobenzóico). 
- Vitamina C (Ácido Ascórbico) 
3.4.2. Compostos Inorgânicos 
 
3.4.2.1. Minerais 
- Macrominerais – Cálcio, Cloro, Magnésio, Fósforo, Potássio, Sódio e Enxofre 
- Microminerais – Cobre, Cobalto, Iodo, Ferro, Zinco, Manganês, Selênio, Molibdênio e 
Flúor. 
 8 
4. ÁGUA 
A água constitui um nutriente indispensável para a vida dos animais. Todas as células orgânicas 
necessitam de água para exercer suas funções. 
A água é tão importante para o organismo animal que este pode perder toda a gordura corporal, 
metade de suas proteínas orgânicas e aproximadamente 40% do seu peso vivo e permanecer vivo. No entanto 
com a perda de 10% da água corporal, ocorrerão transtornos que poderão levar o animal à morte. 
Economicamente, a água é o nutriente mais barato no entanto é fisiologicamente essencial para 
os seres vivos. A facilidade e rapidez com que ocorre a dissociação desta molécula (HOH) é que caracteriza a 
sua participação nas reações do metabolismo. 
4.1. Distribuição da água corpórea 
A distribuição da água pelo corpo é heterogênea, de forma a manter o equilíbrio dinâmico entre 
os compartimentos corpóreos. O conteúdo intracelular representa mais de 45% do peso vivo, enquanto o 
conteúdo extracelular é de aproximadamente 20%. 
O funcionamento normal do organismo se dá através da perda constante da água, que tem que 
ser reposta, principalmente pela água de bebida. O balanço hídrico corpóreo deve ser constante, ou seja, a 
quantidade de água ingerida deve ser semelhante à quantidade perdida (Figura 3). 
 
 
 
 
 
FIGURA 3. Distribuição dos líquidos do corpo em porcentagem do peso corporal. 
 
No Quadro 2 estão apresentados os dados de balanço de água em frangos de corte de acordo 
com Leeson et al (1976). A ave mantém praticamente constante a entrada e a saída de água no corpo. Na fase 
de crescimento ocorre balanço positivo devido a deposição dos tecidos. As aves jovens possuem maior % de 
água corporal que as adultas. A utilização da água metabólica aumenta com a idade. 
 
 
 
 
 
Peso Vivo: 50% 15% 5% 
 9 
QUADRO 2 – Metabolismo diário de água em frangos de corte 
Idade 
(sem) 
Temperat. 
ºC 
Umidade 
% 
Entrada de Água (g) Saída de Água (g) 
Bebida Ração Metab. Crescim. Excretas Respiraç. 
1 31 70 11,4 1,5 3,1 4,6 4,1 7,3 
2 25 70 11,8 2,4 5,0 6,7 6,3 6,2 
3 25 70 21,4 3,6 7,4 10,2 9,6 12,6 
4 23 70 48,8 4,8 9,3 15,0 12,8 35,1 
5 22 70 72,3 6,1 12,7 17,1 16,1 58,0 
6 20 75 90,2 7,4 17,7 15,9 19,4 80,0 
7 20 79 109,3 8,3 22,4 12,8 21,8 105,3 
8 20 67 114,7 9,0 21,3 20,0 23,9 100,8 
Fonte: Adaptado de Leeson et al (1976) 
 
As excretas dos frangos de corte apresentam cerca de 60 a 70% de umidade enquanto em 
poedeiras essa taxa é de 80%. O maior valor para poedeiras pode estar relacionado com a maior necessidade 
de perda de calor orgânico. 
As aves não possuem glândulas sudoríparas e dissipam o calor corporal através da respiração, 
condução e convecção. Elas gastam em torno de 575 calorias para vaporizar 1 grama de água pela respiração. 
Em temperaturas que variam entre 26 e 35 ºC frangos de corte gastam grande quantidade de calorias. 
Howard (1975) verificou que durante a formação do ovo, as aves consomem o dobro de água do 
que aquelas que não estão em postura e que este aumento se dá cerca de 12 horas antes da ovoposição. 
Verificou também que nas horas que antecedem a postura o consumo de água é reduzido, cessando o 
consumo duas horas antes da postura . Logo após a ovoposição, a ave atinge o pico de consumo de água. 
O conteúdo de água corporal (%) diminui com a idade. Esta interação negativa também 
acontece quando relacionamos o conteúdo de água com a gordura corporal. Isto pode ser explicado pelo 
aumento da energia metabolizável da ração (Quadro 3). 
 
QUADRO 3 – Conteúdo de água corporal e no plasma de aves Leghorn Branca de acordo com a idade 
Idade (semanas) % Plasma % Água Corporal 
1 95,5 85,2 
2 96,3 68,7 
3 96,1 67,1 
4 95,8 68,9 
6 95,8 59,2 
8 95,5 65,9 
16 95,1 48,7 
32 94,6 55,0 
FONTE: Patrtick e Schaible (1980) 
 
Os animais normalmente consomem cerca de 10-20% a mais de água que o necessário no 
entanto a restrição de cerca de 20% de água pode resultar em prejuízo no desempenho zootécnico (Patrtick e 
Schaible, 1980). 
4.2. Principais Funções da Água 
- Digestão – processo hidrolítico (hidrólise) 
- Absorção dos nutrientes no trato digestivo 
- Translocação de todos os compostos químicos no organismo 
- Excreção de todos os resíduos do metabolismo orgânico 
- Secreção de hormônios, enzimas e outras substâncias bioquímicas 
- Termorregulação corporal – a água possui alto calor específico 
- Manutenção da pressão osmótica intracelular 
- Equilíbrio ácido-básico 
- Facilita as reações enzimáticas que ocorrem no metabolismo intermediário 
 
 
 10 
Além destas funções a água apresenta uma série de funções especiais no organismo: 
- Fluido cerebroespinhal – proteção do sistema nervoso contra choques 
- Fluido sinovial – lubrificação das juntas 
- Fluido auricular – transporte de sons 
- Fluido intra-ocular – processo de visão 
- Fluido aminiótico – proteção do feto 
4.3. Fontes de Água 
Para os animais existem basicamente três fontes de água: de bebida, coloidal e metabólica. 
 
4.3.1. Água de Bebida 
É a principal fonte de água para os animais e ela deve ser: limpa, fresca e livre de 
contaminações. Existem certas características que tornam a água imprópria para o consumo pois pode afetar o 
desempenho dos animais. As principais são: 
- Minerais traços: a presença de elementos como o flúor, selênio, ferro e molibdênio em 
excesso são extremamente tóxicos; 
- Nitrogênio: a presença de N na água indica decomposição de matéria orgânica, 
contaminação fecal ou nitratos. Os animais têm pequena tolerância à presença de nitratos 
na água; 
- Coloração: uma boa água de bebida deve ser insípida, inodora e incolor; 
-pH: valores ideais variam de 7 a 7,6. Níveis maiores indicam alcalinidade devendo-se 
pesquisar presença de Cálcio e Magnésio; 
- Dureza: presença de sais de Cálcio e de Magnésio torna a água imprópria para o consumo; 
- Bactérias: sua presença na água indica a presença de matéria orgânica e/ou contaminação 
fecal, havendo a necessidade de tratamento. 
 
4.3.2. Água Metabólica 
É a formada durante o processo de oxidação de H2 contido nas proteínas, carboidratos e 
gorduras. As gorduras produzem maior quantidade de água metabólica que os carboidratos e proteínas 
(Quadro 4). Os carboidratos, por sua vez, produzem mais água metabólica por kcal de Energia Metabolizável 
(EM) produzida. Isto é importante pois no caso de privação de água, seria indicada a ingestão de carboidratos. 
 
QUADRO 4 – Produção de água metabólica de carboidratos, proteínas e gorduras. 
NUTRIENTE H2O Metabólica/100g Valor Calórico H2O Metabólica/100 kcal de EM 
Carboidrato 60 400 15,0 
Proteína 42 400 10,5 
Gordura 100 900 11,1 
 
4.3.3. Água Coloidal 
A água coloidal é aquela que se encontra presa nos alimentos. Os alimentos suculentos possuem 
alto teor de água e esta contribui para que sejam atendidas as necessidades diárias dos animais. Os 
ingredientes da ração (milho, farelo de soja, etc) apresentam cerca de 10 a 12% de água no entanto esta se 
encontra presa nos alimentos, não contribuindo para satisfazer as necessidades dos animais. 
4.4. Fatores que Afetam a Ingestão de Água 
Existem vários fatores que afetam a ingestão de água pelos animais. Os mais importantes são: 
temperatura e umidade relativa do ambiente, função fisiológica do animal, espécie e idade do animal. 
 
4.4.1. Temperatura e Umidade Relativa do Ambiente 
O aumento da temperatura do ambiente leva a um aumento do consumo de água pelos animais. 
Normalmente, o aumento do calor de determinado ambiente leva a um aumento na transpiração 
ou na respiração que eleva as necessidades de consumo de água. Em condições de baixas temperaturas ocorre 
o catabolismo das proteínas orgânicas, aumentando também a necessidade de água. 
Os suínos possuem dificuldade em eliminar o calor corporal através da pele daí a necessidade 
de ambientes adequados e água fresca. As aves apresentam a mesma dificuldade e estas podem eliminar o 
 11 
calor corporal através da respiração. Aves de postura podem apresentar ovos com casca mole ou sem casca 
devido a eliminação do CO2. O Carbono eliminado é componente essencial para a formação do Carbonato de 
Cálcio (CaCO3), componente da casca dos ovos. 
 
4.4.2. Função Fisiológica 
A necessidade de água depende da função fisiológica do animal. Fêmeas em lactação 
necessitam de mais água do que as gestantes e estas, menos que os animais em crescimento (Quadro 5). 
 
QUADRO 5 – Consumo de água de suínos por categoria animal 
Categoria Litro/Animal/Dia 
Leitão 2,5 
Crescimento 7,0 
Gestação 6,5 
Lactação 20,0 
Fonte: NRC (1988) 
 
4.4.3. Espécie Animal 
As aves necessitam de menor quantidade de água que os mamíferos em porcentagem do peso 
vivo. Este fato se deve à forma de eliminação do Nitrogênio corporal. As aves eliminam o Nitrogênio na 
forma de Ácido Úrico enquanto os mamíferos o eliminam na forma de Uréia. Na degradação das proteínas o 
Nitrogênio é liberado na forma de Amônia. Devido a sua toxidêz esta é convertida em Uréia (mamíferos) ou 
Ácido Úrico (aves), e eliminada pela urina. 
 
4.4.4. Idade do Animal 
Em todas as espécies animais, o consumo de água aumenta com a idade porém, decresce em 
relação ao seu peso vivo. Este aumento do consumo de água está relacionado com o aumento do consumo de 
ração (Quadro 6). A restrição de água resulta na diminuição do consumo de alimento. 
 
QUADRO 6 – Consumo de água diário (ml/dia) de acordo com a idade em aves 
Idade (sem) Frangos de Corte Poedeiras Comerciais Perus 
1 20 19 38 
2 50 38 76 
3 90 45 114 
4 140 64 151 
5 200 83 189 
6 260 95 227 
7 320 106 284 
8 380 114 360 
9 - 132 435 
10 - 144 473 
12 - 151 568 
15 - 158 606 
20 - 170 757 
35 - 189 908 
Fonte: NRC (1994) 
4.5. Necessidade de Água 
De uma maneira geral, os animais consomem maior quantidade de água que suas necessidades. 
Caso aconteça uma restrição de 10-20% de água esta não afeta a produção. No entanto uma restrição contínua 
e acima de 20% ocorre prejuízo na produção animal. 
A necessidade hídrica varia conforme a espécie e a idade do animal, o tipo e a quantidade de 
ração, além do estado fisiológico do animal. 
 
 12 
4.6. Restrição de Água 
Os animais devem ter acesso livre a bebedouros com isso, apresentam consumo de ração de 
acordo com suas necessidades nutricionais 
Em frangos de corte utiliza-se a restrição de água com vistas à realização de restrição alimentar, 
para que seja reduzida a taxa de crescimento dos animais evitando a Síndrome Ascítica e a da Morte Súbita 
(Quadro 7). 
 
 QUADRO 7 – Efeito da restrição de água sobre o consumo de ração em frangos de corte 
Idade 
(semana) 
Restrição de Água (%) 
0 10 20 30 40 50 
2 100 84 84 75 73 70 
4 100 98 94 90 85 80 
6 100 88 82 78 73 71 
Média 100 90 87 81 77 74 
Fonte: Adaptado de Kellerup et al. (1971) 
 
A restrição de água em poedeiras comerciais resulta em diminuição da postura. Restrição por 
períodos curtos não afeta a produção. Em matrizes pesadas a restrição alimentar é realizada para o controle de 
peso das aves. 
5. GLICÍDIOS OU CARBOIDRATOS 
5.1. Características 
Os glicídios ou carboidratos são substâncias ternárias formadas por carbono, hidrogênio e 
oxigênio. São chamados de carboidratos pois o hidrogênio e o oxigênio se encontram na mesma proporção 
observada na água. Geralmente apresentam 5 ou 6 átomos de carbono. 
São os nutrientes mais abundantes na natureza e representam a fonte primária de energia para os 
organismos vivos. Os carboidratos são representados pelos açúcares, amido, celulose e gomas. Considerando 
o aspecto nutricional o principal carboidrato é a glicose. 
Na natureza a molécula de glicose se encontra na forma polimerizada (sacarose, lactose, 
maltose, celulose, etc) e, dependendo do tipo de ligação entre as moléculas de glicose, vai caracterizar a 
solubilidade do sacarídeo. 
O amido (carboidrato de reserva dos vegetais) e o glicogênio (carboidrato de reserva dos 
animais) apresentam ligações  1,4 e  1,6, a celulose (principal carboidrato estrutural dos vegetais), 
apresenta ligações  1,4. Suínos e aves não possuem enzimas capazes de quebrar esta ligação. Os ruminantes, 
através dos microorganismos existentes no rumem, produzem tais enzimas. 
Os carboidratos são sintetizados pelos vegetais clorofilados a partir do dióxido de carbono 
(CO2) e da água (H2O). 
 
6 CO2 + 6 H2O C6H12O6 + 6 O2 
 
O termo glicídio ou glucídio vem do grego GLUKUS que quer dizer doce. 
O amido é facilmente digerido pelos animais e tem alto valor energético. A celulose e outros 
glicídios complexos são digeridos com mais dificuldade e mais gasto de energia. Os ruminantes digerem bem 
esses nutrientes devido aos microorganismos do rúmen. 
5.2. Funções 
Os glicídios apresentam diversas funções sendo as duas mais importantes as seguintes: 
 
- Fonte de calor para o corpo. 
- Fonte de energia para os processos vitais. 
 
 13 
5.3. Classificação 
Os carboidratos podem ser classificados em monossacarídeos, dissacarídeos e polissacarídeos. 
Os monossacarídeos são carboidratos simples que possuem importância nutricional para as 
células, porém, sem importância dietética pois, não aparecem desta forma na natureza. 
Os monossacarídeos são importantes intermediários no metabolismo de carboidratospara as 
células dos animais e geradores de energia para a manutenção da homeostase energética orgânica. 
Como principais monossacarídeos citamos as trioses (gliceraldeido e diidroxiacetona), pentoses 
(ribose, xilose e arabinose) e as hexoses (glicose, manose, galactose e frutose). 
Os dissacarídeos possuem importância dietética pois são encontrados na natureza e são usados 
como fonte de energia pelos animais. São comumente chamados de açúcares e também chamados de 
oligossacarídeos, sendo os mais comuns: sacarose, maltose, lactose e celobiose. 
A sacarose, encontrada nas frutas, é formada por glicose e frutose, sendo o CHO mais 
abundante na natureza. A lactose existe somente no leite e é formada por glicose e galactose. Esses sacarídeos 
são importantes para os animais somente após sua hidrólise. 
Quando encontrados na corrente sangüínea são rapidamente eliminados pois não são quebrados 
para que possam ser aproveitados. 
Os polissacarídeos, polímeros complexos de monossacarídeos, são a principal fonte energética 
para os animais. 
O principal polissacarídeo dietético é o amido que está presente em grande quantidade nos 
grãos de cereais. O amido é o carboidrato de reserva dos vegetais. Formado por um polímero de glicose, 
possuindo dois componentes principais: amilose (15-20%) e amilopectina (80-85%). Estas duas cadeias são 
formadas por cerca de 24 a 30 moléculas. A amilose apresenta cadeia glicosídica reta e a amilopectina, 
ramificada. 
O carboidrato de reserva dos animais é o glicogênio, encontrado em maior quantidade no fígado 
e músculos. O glicogênio mantém a glicemia dos animais, especialmente no metabolismo do jejum. A 
estrutura do glicogênio é parecida com a da amilopectina no entanto apresenta de 6 mil a 30 mil unidades de 
glicose. 
Um outro polímero de glicose importante é a celulose. É a base da estrutura da parede celular 
dos vegetais. O seu aproveitamento por suínos e aves é limitado e ocorre no intestino delgado pela ação 
microbiana. Nos monogástricos tem função importante no processo físico da digestão, sendo importante para 
a formação do bolo alimentar. Nos ruminantes ela é facilmente desintegrada pelos microorganismos 
existentes no rume. 
A hemi-celulose está presente nos vegetais juntamente com a celulose formando a parede 
celular. Difere da celulose por ser solúvel em solventes alcalinos e ácidos. Devido a esta característica Van 
Soest (1967) desenvolveu um método de fracionamento dos constituintes da parede celular de acordo com a 
solubilidade dos compostos e denominou de FDA (celulose e lignina) e FDN (celulose, hemi-celulose e 
lignina). 
5.4. Metabolismo dos Carboidratos 
O metabolismo é a soma das mudanças sofridas pelo alimento e sua transformação em produtos 
excretáveis. A assimilação e a excreção são processos vitais para os animais. 
Devido a diferenças anatômicas entre as diversas espécies animais o metabolismo dos 
carboidratos é diferente para algumas espécies. Conforme a divisão dos estômagos, podemos classificar os 
animais em dois grupos: ruminantes e não ruminantes. Entre os ruminantes podemos citar os bovinos, ovinos 
e caprinos. Fazendo parte do grupo dos não ruminantes temos aves, suínos, eqüinos e coelhos. 
Mesmo fazendo parte do grupo dos não ruminantes eqüinos e coelhos, segundo o regime 
alimentar, são classificados como herbívoros e se diferenciam dos suínos e aves. O aparelho digestivo das 
aves também se diferencia do aparelho digestivo dos suínos por algumas particularidades. 
5.5. Digestão dos Carboidratos nos Não Ruminantes 
Os principais alimentos usados para a produção de ração para aves e suínos são o milho e a 
soja. Estes alimentos são ricos em amido que é o principal carboidrato de reserva dos vegetais. 
Os carboidratos ao serem ingeridos por aves e suínos, na forma de amido ou qualquer outro 
açúcar solúvel, são umedecidos pela saliva para que a digestão seja facilitada. Nos suínos já começa a haver 
 14 
uma pequena hidrólise do amido pela ação da enzima -amilase com a produção de sacarídeos de menor 
cadeia como a dextrose e maltose. 
Nas aves esta hidrólise inicial do amido não acontece já que as aves não possuem a glândula 
parótida que é a principal produtora de ptialina e, é na ptialina que se encontra a -amilase que é produzida 
pelas células serosas, ausentes nas aves. 
No estômago dos monogástricos devido ao pH ácido, ocorre a paralisação da digestão dos 
carboidratos e esta continua no Intestino Delgado, com a produção final de monossacarídeos e sua absorção. 
Os monossacarídeos absorvidos são convertidos a glicose. A frutose pode circular na corrente sangüínea e no 
fígado é transformada em glicose. 
O carboidrato consumido é transformado em glicose, absorvido no Intestino Delgado e 
conduzido para o fígado onde pode seguir diversas rotas. A entrada de glicose nas células é auxiliada pelo 
hormônio Insulina. A Insulina é produzida no Pâncreas e é um dos responsáveis pela manutenção da Glicemia 
(nível de glicose no sangue). A entrada de glicose nas células do fígado e cérebro, independe da presença da 
Insulina. 
Nas células a glicose é utilizada para a produção de energia. Ela é degradada em um processo 
chamado de Glicólise e em seguida o seu produto (Piruvato) será utilizado para a formação de Acetil CoA que 
entrará no ciclo do Ácido Cítrico (Ciclo de Krebs) para formação de maior quantidade de energia. 
Quando o teor energético do organismo está muito alto, as células param de usar a glicose para 
a produção de energia e esta passa a ser convertida em Glicogênio, carboidrato de reserva dos animais. Esta 
rota de produção de Glicogênio se chama Glicogênese. 
A capacidade das células de armazenar Glicogênio é pequena e quando as células não 
conseguem mais armazená-lo, a glicose em excesso será utilizada para a formação de gordura. A gordura 
produzida no fígado será conduzida para as células adiposas onde haverá o armazenamento. 
Quando o nível de glicose no sangue começa a baixar, entra em ação um outro Hormônio, o 
Glucagon, também produzido no Pâncreas. Este hormônio tem efeito contrário ao da Insulina. O Glucagon irá 
atuar na conversão do Glicogênio armazenado em Glicose. Esta transformação é importante para a 
manutenção da glicemia, em períodos de jejum e esta transformação é denominada de Glicogenólise (quebra 
do Glicogênio). 
Quando o período de jejum é prolongado e o estoque de Glicogênio é utilizado, o organismo 
busca as reservas de gorduras para a manutenção da homeostase da Glicose e geração de energia. Quando o 
estoque de gordura se acaba, com vistas à manutenção da vida, o organismo lança mão das proteínas para a 
obtenção de glicose e consequentemente de energia. Esta transformação de lipídeos e proteínas em glicose se 
chama Gliconeogênese. 
 
 GLICOSE + O2 ENERGIA + CO2 + H2O 
 
Os animais não ruminantes (monogástricos) não possuem capacidade de degradar a celulose e 
outros polissacarídeos no seu estômago. O estômago destes animais, devido a sua acidez, não abriga 
microorganismos como os encontrados no rúmen. A ação bacteriana nos monogástricos ocorre no Intestino 
Delgado (ceco) e é muito importante para os eqüinos e coelhos já que estes são herbívoros. 
5.6. Digestão dos Carboidratos nos Ruminantes 
O estômago dos ruminantes é dividido em 04 (quatro) compartimentos: rúmen, retículo, omaso 
e abomaso. O rúmen é o maior compartimento e é neste que ocorre a fermentação dos alimentos pela ação de 
microorganismos que convivem em perfeita simbiose com o animal. 
As bactérias são os microorganismos mais importantes na digestão dos carboidratos pelos 
ruminantes. Estes microorganismos também são responsáveis pela síntese de aminoácidos e algumas 
vitaminas.A importância do rúmen na degradação dos alimentos começou a ser estuda por Colin em 1886 
ao realizar uma fístula em um ruminante. Hoje sabemos que da ação microbiana resulta a produção de ácidos 
e gases e que a quantidade destes depende, fundamentalmente, do tipo de alimentação fornecida ao animal. 
No rúmen são gerados os Ácidos: Acético, Butírico e Propiônico e os Gases Metano e Dióxido 
de Carbono. Estes são absorvidos pelas paredes do rúmen e são responsáveis pela geração de energia para 
estas espécies animais. 
A alimentação dos ruminantes é predominantemente formada por pastagens. Os vegetais são 
ricos em celulose. A celulose e o amido são transformados em monossacarídeos. A glicose, ao chegar ao 
 15 
fígado e demais células será geradora de energia, seguindo rotas semelhantes às descritas para os 
monogástricos. 
Os microorganismos existentes no rúmen produzem uma enzima denominada Celulase. A 
Celulase é capaz de degradar a celulose e, como esta é composta de unidades de glicose, liberar esse glicídeo 
para a produção de energia através da Glicólise. 
A Lignina que também é um polissacarídeo existente nos vegetais é mais dificilmente 
degradado pelos ruminantes, diferentemente da Celulose. A lignificação da planta ocorre por um processo de 
envelhecimento da forrageira que será utilizada para a alimentação dos animais. 
O gás formado no rúmen dos animais pode, devido a problemas do indivíduo, se acumular no 
rúmen e provocar um quadro chamado de Timpanismo. O gás acumulado deve ser eliminado de forma 
natural, com o uso de medicamentos, ou com a intervenção de um Médico Veterinário, que irá retirar esse gás 
com o uso de um trocáter. 
O amido é rapidamente degradado no rúmen pela ação de enzimas bacterianas, dando origem à 
maltose, sendo depois decomposta pela maltase-fosforilase e maltase, com a formação de glicose-fosfato. Os 
ácidos graxos solúveis são rapidamente fermentados no rúmen dando origem aos ácidos graxos voláteis, 
metano e CO2. A formação de metano representa perda de energia, mas é benéfica porque elimina H2, 
aumenta a concentração de CO2 e facilita a formação de ácido propiônico. A atividade amilolítica é devida à 
ação de enzimas das plantas, em pequena escala, e principalmente de enzimas produzidas pelos 
microorganismos. 
Dietas ricas em amido podem ocasionar problemas de diarréia. Excesso de cevada pode 
ocasionar súbito aumento na atividade bacteriana, levando à acumulação de ácidos, suspensão de certas 
bactérias anaeróbicas e um marcante aumento de Estreptococcus seguido de Lactobacilos. 
A celulose é o composto químico-orgânico mais abundante nas plantas e na superfície da terra. 
É um polissacarídeo que compreende uma cadeia linear de unidades de glicose. 
O aparelho digestivo dos mamíferos não tem capacidade de produzir enzimas que atuem na 
digestão dos principais constituintes da planta, ou seja da celulose e da lignina. A celulose não é atacada por 
enzimas digestivas secretadas pelos animais, pois até o momento não há evidências de que os mamíferos 
produzam celulase; assim, ela é atacada por microorganismos do rúmen e digerida. Assim foi evidenciado que 
as bactérias do rúmen produzem enzimas capazes de desdobrar a celulose. As celulases encontram-se unidas à 
parede da bactéria, sendo que as bactérias estão quase em íntimo contato com o substrato. Após anos de 
pesquisa, conclui-se que as bactérias celulolíticas produzem enzimas extracelulares as quais decompõem a 
celulose e a hemicelulose. Estas bactérias podem atuar fermentando os produtos desta integração. 
Existe controvérsia quanto à ação dos protozoários na digestão da celulose. Trabalhos de 
pesquisa mostram que no rúmen de ovelhas, isento de protozoários, a velocidade da digestão da celulose não 
se altera, entretanto, a capacidade de digestão da celulose por determinados protozoários do rúmen parece 
ocorrer em bom nível. No rúmen a celulose é decomposta em celobiose pela ação da -1,4 glicosidade, a qual 
passa depois para glicose pela ação de uma fosforilase. 
A quantidade de celulose que é degradada no rúmen depende do grau de lignificação da planta, 
já que a lignina é resistente ao ataque das bactérias e parece dificultar a “ruptura” da celulose a que está 
associada. Assim, pode ser digerida até 80% da celulose de uma forragem tenra (cuja matéria seca não contém 
mais do que 5% de lignina). No entanto, uma forragem madura (com 10% de lignina), a proporção de celulose 
digerida é de 60% ou menos. A digestão da celulose diminui também, quando aumenta a proporção de amido 
ou açúcares na dieta. A presença de pelo menos 1% de nitrogênio na dieta favorece a digestão da celulose por 
serem compostos nitrogenados indispensáveis aos microorganismos, o mesmo ocorrendo com alguns minerais 
como: Ca, P e Na. 
Outros fatores interferem no processo da digestão ruminal, como o volume do rúmen (cujo 
conteúdo corresponde de 10-20% do peso vivo do animal), permitindo o acúmulo e permanência do aumento 
por tempo suficiente para que ocorra a degradação da celulose; os movimentos do rúmen e do retículo bem 
como a ruminação, contribuem para a divisão dos alimentos, expondo-os ao ataque dos microorganismos. 
5.7. Rotas Metabólicas mais Importantes e seus Controles 
Os carboidratos da ração são absorvidos no Intestino Delgado, principalmente jejuno, daí 
podem seguir diversas rotas do metabolismo. As principais rotas seguidas são: Glicólise, Glicogenólise, 
Glicogênese, Gliconeogênese, Ciclo das Pentoses e Ciclo de Krebs (Figura 4). 
 
 
 16 
Figura 4 – Rotas metabólicas envolvendo a Glicólise, Glicogenólise, Glicogênese e Gliconeogênese. 
 17 
A Glicólise é a quebra da Glicose gerando Piruvato e Lactato. Esta via é chamada de via 
Glicolítica. A Glicólise começa com a fosforilação da Glicose através das enzimas glicoquinase e exoquinase. 
Nesta via há a produção de 4 ATP’s e gasto de 2 ATP’s. 
A Glicogenólise é a degradação do Glicogênio com a liberação de unidades de Glicose, em 
resposta a ação do Glucagon, com a finalidade de repor o nível de Glicose no sangue. Esta rota ocorre 
somente quando o animal está em jejum ou em condições de estresse. 
A Glicogênese ocorre quando a Glicemia está alta e tem como função repor os estoques de 
Glicogênio do Fígado e Músculos. A glicose é fosforilada a Glicose 6-Fosfato e a enzima Glicogênio 
Sintetase é muito importante nesta rota metabólica. 
Gliconeogênese é a formação de glicose a partir de compostos que não são carboidratos. No 
estado de jejum, após queimados os estoques de Glicogênio, a Gordura pode ser usada para gerar Glicose. Os 
aminoácidos podem gerar Glicose, através de suas entradas no Ciclo de Krebs. Esta condição poderá ocorrer 
no caso de jejum severo ou dieta rica em proteína. 
O Ciclo das Pentoses Fosfatadas é uma rota alternativa da via Glicolítica. Ela é mais rápida e 
tem por finalidade gerar produtos para a síntese de ácidos graxos durante a Lipogênese (formação de 
gordura). 
O Clico de Krebs é a rota final da oxidação dos carboidratos e tem por finalidade a produção de 
ATP. O Acetato é oxidado gerando CO2 e H2O enquanto são gerados 36 ATP’s. 
Os diversos destinos metabólicos que os carboidratos podem seguir estão esquematizados na 
Figura 5. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 5 – Destinos metabólicos dos Carboidratos da dieta. 
CARBOIDRATO DA DIETA 
 
DIGESTÃO NO INTESTINO 
AÇÚCARES SIMPLES PORÇÃO NÃO DIGERIDA 
ABSORÇÃO INTESTINO GROSSO - FERMENTAÇÃO 
AGV’S RESÍDUOS 
GLICOGÊNIO 
MÚSCULO 
ENERGIA 
GLICOGÊNIO 
FÍGADO 
GORDURA 
FÍGADO 
CO2 + H2O 
 18 
5.8. Utilização de Carboidratos por Suínos 
Os leitõesrecém-nascidos são incapazes de utilizar certos carboidratos dietéticos devido a 
insuficiente atividade de algumas enzimas. A Lactose é bem aproveitada por estes animais já que produzem 
com eficiência a enzima Lactase. Na degradação da Lactose serão produzidas a Glicose e a Galactose. 
Com o desenvolvimento dos animais outras carboidrases vão se desenvolvendo e com cerca de 
21 dias as enzimas Maltase, Sacarase e Amilase já são produzidas de forma eficiente, ocorrendo o 
aproveitamento da Maltose, Sacarose e Amido existentes na ração. Ao mesmo tempo a ação da Lactase vai 
sendo reduzida (Figura 6). 
 
 
Figura 6 - Atividade de enzimas sobre os carboidratos em leitões. 
5.9. Utilização da Fibra Bruta por Suínos e Aves 
Os monogástricos também chamados de não ruminantes possuem pequena capacidade de 
digerir alimentos fibrosos no entanto esta digestão, em certos momentos, pode atender as necessidades de 
mantença do animal. 
A ração de suínos e aves é composta basicamente por milho e farelo de soja. Estes componentes 
apresentam em torno de 3% de fibra bruta (FB) na ração destas espécies. O nível de FB na dieta destes 
animais depende de alguns fatores: 
- tipo e nível de FB na ração; 
- níveis dos outros nutrientes na ração; e 
- idade e/ou peso dos animais. 
 
A degradação da FB nos não ruminantes é realizada no Intestino Grosso, mais precisamente no 
ceco. Este compartimento possui microorganismos semelhantes aos encontrados no rumem o que garante a 
quebra da fibra, resultando na produção de AGV´s, o que pode atender às necessidades de mantença de alguns 
animais. 
 
5.10. Utilização da Fibra pelos Ruminantes 
O teor de fibra tem sido utilizado como índice negativo de qualidade, uma vez que representa a 
fração menos digestível dos alimentos. A fração fibrosa dilui a energia do alimento e reduz o consumo 
voluntário, pelo efeito do enchimento do rúmen e pela saturação da capacidade de ruminação do animal. A fibra 
é requerida para o funcionamento e metabolismo normal do rúmen e por isso, a qualidade da fibra torna-se um 
fator muito importante na dieta dos ruminantes, particularmente das vacas em lactação. 
A celulose e hemicelulose são a maior fração da dieta dos ruminantes, constituindo-se na maior 
fonte de substrato disponível para a fermentação no rúmen. 
Na composição química a fibra é um carboidrato essencial, mas devido a sua insolubilidade é 
utilizado apenas parcialmente como um nutriente alimentar pelos animais domésticos. O primeiro passo na 
digestão da fibra (porção não lignificada) é o “amolecimento” dos tecidos fibrosos que ocorre quando é 
 19 
absorvida grande quantidade de água. A sua digestão ocorre pela ação das bactérias, protozoários e fungos 
anaeróbicos presentes no rúmen. Aí os fungos colonizam de preferência partículas lignificadas e são capazes de 
digerir celulose e hemicelulose, sendo que o papel destas na digestão da fibra ainda não está bem determinado. 
Os protozoários são importantes na degradação da fibra. Estudos “IN VITRO” mostram que a 
sua retirada causa uma depressão na digestão da parede celular da ordem de 5-15% e que a inoculação de 
protozoários em animais sem estes microorganismos aumenta a hidrólise da hemicelulose de 30 a 230%. 
A adição de carboidratos de fácil digestão à ração dos ruminantes reduz a digestão da fibra, 
dado ao fato de que as bactérias atacam primeiro os carboidratos mais simples. Os complexos polissacarídeos de 
plantas maduras são menos digestíveis do que os das plantas novas; isto é devido à estrutura química e física e 
particularmente à presença de certas substâncias, principalmente lignina, pois esta não só é indigesta, como 
também reduz a digestibilidade da celulose e de outros carboidratos complexos. 
Ocorrem diferenças na digestibilidade de outros nutrientes, pois a “fibra intacta” dificulta a 
ação das enzimas digestivas de outros nutrientes. Não são apenas os fatores relativos a organismos os 
responsáveis pela decomposição da celulose e implicados na destruição de envoltórios protetores, pois a parede 
celular rompe-se através dos processos mecânicos da digestão, ou é amaciada e desintegrada por meio da ação 
química no aparelho digestivo. 
A Bioavaliação dos componentes da forragem estão expostos no Quadro 8. 
 
QUADRO 8 - Bioavaliação dos componentes da forragem 
Componentes Digestibilidade Verdadeira Fator Limitante 
CHO solúveis 100 Ingestão 
Amido 90 Passagem com perda fecal 
Ácidos Orgânicos 100 Ingestão e/ou toxicidade 
Proteína 90 Fermentação 
Pectina 98 Fermentação 
Celulose Variável Lignificação, silicificão e cutinização 
Hemicelulose Variável Lignificação, silicificão e cutinização 
Cutina Indigestível 
Lignina Indigestível Uso limitado da parede celular 
Sílica Indigestível 
 
A digestibilidade da fibra no rúmen depende da competição entre a “taxa de passagem” e a 
digestão. A fibra potencialmente digestível “desaparece” do rúmen através da hidrólise pelos 
microorganismos ou pela passagem pelo omaso. Assim, os ruminantes são capazes de digerir 50% da fibra 
dos alimentos ingeridos. 
Desta forma, o aumento do consumo de alimentos afeta a digestibilidade em função do aumento 
na taxa de passagem, que por sua vez provoca decréscimo na digestibilidade da fração do alimento que 
apresenta digestão mais lenta. 
Altos níveis de fibra na alimentação (volumosos) limitam a produção de leite devido ao 
“enchimento” do rúmen antes que todos os nutrientes necessários aos animais sejam ingeridos. Assim, uma 
quantidade mínima de fibra é essencial para manter um balanço adequado da fermentação ruminal, prevenir 
depressão no teor de gordura do leite e queda do pH ruminal. 
A fibra na forma longa estimula o fluxo de saliva, a mistura da digesta no rúmen e a capacidade 
tampão do conteúdo ruminal, sendo a fibra em detergente neutro, por suas características intrínsecas, 
responsável direta por uma porção significativa desse “tampão”. 
A quantidade exata requerida de fibra, pode variar com a espécie, adaptação às dietas, forma 
física da fibra, condição corporal e nível de produção. Vacas leiteiras necessitam no mínimo 1% de seu peso 
vivo como matéria seca de forragens, sendo aproximadamente um terço do seu consumo em matéria seca. 
Para obter-se o máximo de ingestão pós-parto e atingir o mais alto pico de produção, a dieta 
deve conter alta energia e fibra suficiente para garantir o funcionamento normal do rúmen. Geralmente, isto 
corresponde a um mínimo de 17% de fibra bruta ou 19% de FDA (Fibra em Detergente Ácido) na Matéria 
Seca (MS) da dieta. 
O conteúdo de fibra da dieta de gado de leite é inversamente relacionado ao conteúdo de 
Energia Líquida (EL). Animais alimentados para produzir grande quantidade de leite ou para atingir rápido 
crescimento, devem receber mais energia e menos fibra que os animais menos produtivos. 
 20 
Forragens processadas a pequenos tamanhos são mais rapidamente consumidas e fermentadas 
no rúmen e isto reduz o tempo de ruminação, reduzindo a secreção salivar, o pH do líquido ruminal e a 
relação acetato-propionato no líquido ruminal, resultando na diminuição do teor de gordura do leite. 
Alguns autores citam porcentagens maiores de FDA e FDN para alcançar alta produção de leite 
com 4% de gordura, sendo que o mínimo de 21% de FDA e de 28% de FDN é recomendado para vacas 
durante as três primeiras semanas de lactação. Em épocas de grande produção de leite, pode-se reduzir estes 
níveis para 19 e 25% respectivamente, e então níveis adequados de energia podem ser incluídos para atender 
às necessidades das vacas. 
Os níveis de FDA e FDN podem ser aumentados no fim da lactação para prevenir a diminuição 
de gordura no leite e porque menos energia é necessária para a produção de leite. 
6. LIPÍDEOS6.1. Características 
Os lipídeos são substâncias formadas, basicamente, por carbono, hidrogênio e oxigênio. Eles 
são um grupo heterogêneo de moléculas orgânicas insolúveis em água (hidrofóbicas) que podem ser extraídas 
dos tecidos por solventes apolares (éter, clorofórmio, benzeno, acetona, etc). 
Devido a sua insolubilidade em soluções aquosas, os lipídeos corporais geralmente são 
encontrados compartimentalizados. Os lipídeos são uma importante fonte de energia para o corpo mas 
possuem diversas funções orgânicas importantes. 
A deficiência ou desequilíbrio no metabolismo de lipídeos pode levar a diversos problemas 
clínicos como é o caso da arteriosclerose e da obesidade. 
6.2. Funções 
Os lipídeos têm como função principal a produção de energia. As gorduras produzem 2,25 
vezes mais calorias que os carboidratos. Isto é provado quando se sabe que 1 (um) grama de gordura gera 9 
kcal enquanto a mesma quantidade de carboidrato produz somente 4 kcal. 
Podemos também destacar outras funções dos lipídeos: 
 
- A gordura que cobre o corpo tem função de proteção e isolamento; 
- São precursores de vitaminas Lipossolúveis. Participam da secreção da Bilis e síntese de 
prostaglandinas e hormônios de importância vital na reprodução; 
- Em condições de privação de água, as gorduras queimadas liberam no organismo maior 
quantidade de água metabólica do que seu peso oxidado; 
- Nas rações, os lipídeos melhoram a palatabilidade, diminuem a poeira, reduzem a perda de 
nutrientes, auxiliam na manutenção dos equipamentos, facilitam a peletização, além de 
serem um método prático de se elevar o conteúdo energético de uma ração. 
6.3. Classificação 
Os lipídeos compreendem as gorduras, óleos, ceras e compostos relacionados. As gorduras e os 
óleos são importantes do ponto de vista nutricional e são encontrados de forma abundante na natureza. Os 
óleos são Produtos de Origem Vegetal (POV) enquanto as gorduras são Produtos Origem Animal (POA). 
Os lipídeos são divididos basicamente em três grupos: simples, compostos e derivados. 
 
6.3.1. Lipídeos Simples 
Os Lipídeos Simples são formados por ésteres de ácidos graxos com álcool. Este grupo é 
representado pelas gorduras, óleos e ceras. As gorduras e óleos são formados por ácidos graxos e glicerol e as 
ceras por ácidos graxos e álcool de cadeia longa. 
São incolores no estado natural mas podem conter pigmentos. A gordura do leite e do ovo 
possui pigmentos chamados caroteno e xantofila. A manteiga é produzida a partir da gordura extraída do leite 
e contém ácido butírico. 
Ao se ferver uma gordura são formados glicerol e um sal alcalino este processo é chamado de 
saponificação. Os sais alcalinos são chamados de sabões. 
 21 
A quebra da gordura no organismo animal ocorre no Intestino Delgado por ação da Bilis. A 
biles é produzida no fígado e armazenada na vesícula biliar (órgão anexo ao Fígado) A bílis é liberada no 
Intestino Delgado para que ocorra a emulsificação das gorduras. 
As gorduras podem se oxidar e sofrer rancificação. A rancidez ocorre na presença da luz, calor 
e umidade. A luz ultravioleta acelera o processo. O processo de rancificação é retardado pelos antioxidantes. 
Gorduras rançosas podem destruir a Vitamina A, Vitamina E e o Caroteno. 
 
6.3.2. Lipídeos Compostos 
Os Lipídeos Compostos são formados por ésteres de ácidos graxos contendo outros grupos de 
substâncias além do álcool e ácidos graxos. 
Entre os lipídeos compostos mais importantes temos os fosfolipídeos, lecitina, cefalina, 
esfingomielina, glicolipídeos e lipoproteínas. 
Um dos grupos mais importantes é a Lecitina, fundamental na estrutura e atividade celular. 
As lipoproteínas mais importantes são: VLDL, IDL, LDL e HDL e Quilomícrons. Elas são 
classificadas como lipoproteínas transportadoras. 
 
6.3.3. Lipídeos Derivados 
Os Lipídeos Derivados são substâncias que, por hidrólise, derivam dos citados anteriormente e 
compreendem os ácidos graxos, alcoóis e esteróis. 
Os ácidos graxos se dividem em dois grupos: voláteis e verdadeiros. Os Ácidos Graxos Voláteis 
possuem de 2 a 10 átomos de carbono, são solúveis em água e estão presentes na silagem e produtos finais da 
digestão da celulose. Os Ácidos Graxos Verdadeiros possuem acima de 10 átomos de Carbono (ômega 3, 6 e 
9), são insolúveis em água e são solúveis em solventes orgânicos. 
Dentre os lipídeos derivados temos também os Complexos Insaponificáveis e os Esteróis. Nos 
animais o mias importante é o Colesterol e nos vegetais o Ergosterol. 
6.4. Metabolismo dos Lipídeos 
Os Lipídeos são encontrados em todas as células do organismo. As células com maior 
capacidade de armazenamento de lipídeos são os adipócitos. A gordura armazenada nos adipócitos serve de 
fonte energética. A gordura que fica localizada sob a pele regula a temperatura corporal, rodeia as vísceras e 
serve de suporte para alguns órgãos. 
Os lipídeos encontrados na dieta dos animais não sofrem degradação nas partes iniciais do 
aparelho digestivo. Eles são digeridos e absorvidos (principalmente os triglicerídeos) no Intestino Delgado, 
seguindo daí, diversos destinos metabólicos. 
No Intestino Delgado ocorre a emulsificação e hidrólise dos triglicerídeos, que formam 
miscelas com ácidos e sais biliares. Os ácidos e sais biliares são formados no Fígado e armazenados na 
vesícula biliar, recebendo o nome de Biles. 
O triglicerídeo é formado por três moléculas de ácido graxo e uma de glicerol. Este composto é 
reduzido a Monoglicerídeo e duas moléculas de Ácido Graxo. Eles são absorvidos pelas microvilosidades do 
Intestino Delgado. 
Nos enterócitos, que são as células da parede do intestino, ocorre a reesterificação e o 
Monoglicerídeo recebe novamente as duas moléculas de Ácido Graxo, reconstituindo o Triglicerídeo. O 
triglicerídeo recomposto irá formar juntamente com outras moléculas o quilomícron, que é uma lipoproteína 
transportadora. 
Os quilomícrons vão transportar os triglicerídeos para o fígado. Nas aves o transporte ocorre 
através do mesentério e nos suínos e demais mamíferos através dos vasos linfáticos. Ambas as circulações 
desembocam no fígado, local de maior metabolismo dos lipídeos. 
A maior parte da gordura que chega ao Fígado é metabolizada e transformada em Lecitina. 
Quando o fígado perde a capacidade de metabolizar os Lipídeos, temos o quadro denominado Fígado 
Gorduroso ou Adiposo. 
O Fígado distribui os lipídeos para as células do corpo (oxidação), para a síntese de gorduras 
modificadas, envia os ácidos graxos para a formação de lipídeos de reserva (toucinho nos suínos, ovos em 
poedeiras e formação de carcaça e gordura abdominal nos frangos de corte). 
O produto final da digestão dos lipídeos é o CO2 e a H2O que podem ser eliminados através dos 
Rins, Pulmões ou Epiderme. 
 22 
Os lipídeos da dieta são altamente digestíveis no entanto, existem diferenças na absorção no 
Intestino Delgado. Diversos fatores podem influenciar nesta absorção e entre eles podemos citar: 
- comprimento da cadeia carbônica do Ácido Graxo; 
- número de duplas ligações do Ácido Graxo; 
- presença ou ausência da ligação éster entre o glicerol e ácido graxo; 
- relação entre ácido graxo saturado e insaturado; 
- composição da dieta em ácidos graxos. 
 
Os principais destinos metabólicos dos lipídeos estão esquematizados na Figura 7. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FIGURA 7 – Destinos metabólicos dos Lipídeos da dieta. 
6.5. Ácidos Graxos 
Os Ácidos Graxos são produtos da hidrólise dos triglicerídeos. Geralmente estão presentes na 
gordura dos animais e nos óleos vegetais em número par de Carbonos, devido a biossíntesea partir de 
unidades de dois Carbonos. 
Os ácidos graxos podem ser classificados em saturados e insaturados. Os ácidos graxos 
saturados não apresentam dupla ligação e se apresentam sólidos à temperatura ambiente já que seu ponto de 
fusão se eleva com o aumento do número de carbonos na molécula. As gorduras, geralmente de origem 
Lipídeos da Dieta 
Intestino Delgado 
Emulsificação e Hidrólise 
Absorção 
Suínos Aves 
Vasos 
Linfáticos 
Mesentério 
Ducto 
Toráxico 
Sistema Porta 
Fígado 
Metabolismo 
Síntese 
Sangue 
Tecido Adiposo 
Tecidos Extra-Hepáticos 
Oxidação 
 23 
animal, são compostas por ácidos graxos saturados. Os óleos, geralmente de origem vegetal, possuem cadeia 
insaturada e se apresentam na forma líquida. 
Os triglicerídeos são formados por três moléculas de Ácido Graxo e uma molécula de Glicerol. 
A composição dos Ácidos Graxos ligados à molécula de Glicerol determina a qualidade física da gordura 
(Quadro 9). 
 
QUADRO 9 – Ácidos Graxos encontrados nos lipídeos e seus pontos de fusão. 
Ácidos Graxos Fórmula Ponto de Fusão (ºC) 
SATURADOS 
Butírico C4H8O2 Líquido 
Capróico C6H12O2 Líquido 
Caprílico C8H16O2 16 
Cáprico C10H20O2 31 
Láurico C12H24O2 44 
Merístico C14H28O2 54 
Palmítico C16H28O2 63 
Esteárico C18H36O2 70 
Aráquico C20H40O2 75 
Lignocérico C24H48O2 84 
INSATURADOS 
Palmitoléico C16H30O2 Líquido 
Oléico C18H34O2 Líquido 
Linoléico C18H32O2 Líquido 
Linolênico C18H30O2 Líquido 
Araquidônico C20H32O2 Líquido 
Clupanodônico C20H34O2 Líquido 
Fonte: Conn & Stumpf (1975) 
 
Os Ácidos Graxos Linolênico, Linoléico e Aracdônico são considerados essenciais ao 
organismo animal. O Linolênico e Aracdônico podem ser sintetizados pelo organismo animal. O Linoléico é 
considerado dietético essencial por não ser possível a sua produção orgânica. 
Os ácido graxos Linolênico pode ser chamado de ômega-3 (-3), o Linoléico de ômega-6 (-
6)e o Oléico de ômega-9 (-9). Eles podem ser encontrados nos óleos de peixe e em alguns óleos vegetais. 
Estes têm sido objeto de estudos de pesquisa a partir de 1979 quando foi descoberta a baixa incidência de 
doenças cardíacas e artrites em esquimós na Groenlândia, que registravam alto consumo de peixes que 
contém as maiores concentrações destes ácidos graxos em sua gordura. 
A partir deste fato, as pesquisas têm evidenciado o efeito fisiológico atribuído aos ácidos graxos 
de cadeia longa. Modernamente há interesse em transferir esses ácidos graxos aos produtos como ovo, carcaça 
de suínos e aves, através do enriquecimento das dietas de tais animais. 
6.6. Rancidez das Gorduras 
A rancidez se caracteriza por modificações na composição química das gorduras, que 
modificam seu aspecto físico e suas características organolépticas. Basicamente existem dois tipos de 
rancificação: Hidrolítica e Oxidativa. 
A rancidez hidrolítica ocorre no meio exterior pela ação de microorganismos causando uma 
simples hidrólise com liberação de mono e diglicerídeos e ácidos graxos, não afetando o valor nutricional das 
gorduras. No intestino delgado, ocorre a rancidez hidrolítico durante a hidrolização dos triglicerídeos para 
absorção. 
Na rancidez oxidativa também chamada de peroxidação dos lipídeos, resulta em sério 
decréscimo no valor energético da gordura. A entrada de O2 na cadeia carbônica insaturada dos ácidos graxos, 
reduz a capacidade de absorção de O2 durante a oxidação, com conseqüente perda do valor energética. Além 
de afetar o valor energético das gorduras, a peroxidação modifica as características físico-químicas, afeta o 
mecanismo das vitaminas lipossolúveis oxidando-as. A ordem de prejuízo com relação às vitaminas seria: 
Vitamina E, A e D. 
 24 
Existem alguns fatores que favorecem a rancidez das gorduras e os mais importantes são a 
umidade, a alta temperatura e a presença de íons metálicos como o Ca, Cu, Fe e Zn. As rações que apresentam 
alto nível de gordura devem ser protegidas quanto às condições citadas, sob pena de perda do valor energético 
e também de vitaminas lipossolúveis durante o armazenamento. 
7. PROTEÍNAS 
7.1. Características 
As Proteínas correspondem a um grupo complexo de substâncias quimicamente semelhantes 
mas, fisiologicamente distintas. As Proteínas são compostas basicamente por C, H, O, N e S e as vezes P e Fe. 
(Quadro 10). 
 
QUADRO 10 – Composição básica das Proteínas 
Componente % 
Carbono 51 – 55 
Hidrogênio 6,5 – 7,3 
Oxigênio 21,5 – 23,5 
Nitrogênio 15,5 – 18 
Enxofre 0,5 – 2 
Fósforo 0 – 1,5 
 
Estruturalmente as proteínas são compostas de unidades básicas, que são os aminoácidos 
(AA’s), unidos por ligações peptídicas (grupo amino de um aminoácido ligado ao grupo carboxílico de outro). 
As proteínas são o principal componente dos órgãos dos animais sendo necessárias para o 
crescimento e recuperação tecidual. Em nutrição é muito importante a transformação de proteína alimentar em 
proteína orgânica. Não existem duas proteínas iguais. A seqüência de aminoácidos que compõem cada 
proteína é diferente das demais. 
Os aminoácidos são o alfabeto das proteínas. Atualmente são conhecidos 23 aminoácidos no 
entanto, somente 11 são considerados dieteticamente essenciais. Os demais podem ser sintetizados pelo 
organismo. Cada espécie animal aproveita de forma diferente a proteína existente na alimentação. 
Após a ingestão, a proteína alimentar é quebrada em AA’s. Os AA’s são absorvidos e a proteína 
é recomposta, formando a proteína orgânica. A proteína orgânica é produzida conforme a necessidade 
orgânica de cada indivíduo. 
A proteína da ração começa sua digestão no estômago, pela ação do suco gástrico porém, no 
Intestino Delgado encontra-se o principal local de digestão e absorção dos aminoácidos e peptídeos. A 
principal utilização dos aminoácidos ocorre na síntese de proteína orgânica no entanto, em caso de deficiência 
energética, esses aminoácidos poderão ser desaminados e o esqueleto carbônico entrar no metabolismo 
energético para a produção de ATP. Os aminoácidos absorvidos em excesso também serão desaminados e o 
nitrogênio resultante será eliminado na forma de uréia (mamíferos) ou ácido úrico (aves), através da urina. 
Nos monogástricos a absorção dos AA’s ocorre no Intestino Delgado. Nos ruminantes a 
proteína alimentar é aproveitada pelos microorganismos existentes no rúmen e transformada em proteína 
microbiana. A proteína microbiana chegando ao intestino delgado é decomposta em aminoácidos que são 
absorvidos. Os aminoácidos serão reagrupados formando a proteína orgânica. 
Os ruminantes têm a capacidade de sintetizar proteína no rúmen. A alimentação de ruminantes 
não necessariamente deve conter proteína de alta qualidade já que a proteína alimentar é degradada pelos 
microorganismos ruminais para fabricação da proteína microbiana. Na alimentação destes animais pode-se 
fornecer uma fonte de Nitrogênio Não Protéico (NNP) que os microorganismos se encarregarão de produzir a 
proteína necessária para o desenvolvimento destas espécies. A principal fonte de NNP usada na alimentação 
de ruminantes é a Uréia. 
Todos os aminoácidos que compõem as proteínas são essencialmente metabólicos isto é, devem 
estar disponíveis no organismo. No entanto eles não são dietéticos essenciais já que alguns deles não 
necessariamente têm que fazer parte da ração pois podem ser produzidos pelos animais. Sabe-se que para que 
haja a formação da proteína orgânica todos os aminoácidos devem estar presentes no organismo e disponíveis 
nos tecidos. Caso ocorra a falta de algum deles a proteína não é produzida. 
 25 
As rações são uma combinação de diversas proteínas apresentando uma quantidade variável de 
aminoácidos. Quando estes aminoácidos não

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