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Direito das Obrigações

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Acadêmico de direito:Griboggi,Cesar Paulo.
A jurisprudência indicada neste trabalho foi proferida pela 2ª Turma Recursal do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná que julgou recurso inominado decidindo questão que envolveu obrigação de obrigação de fazer imposta ao réu (recorrente), nos seguintes termos:
CÍVEL. RECURSO INOMINADO. DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÍVIDA C/C OBRIGAÇÃO DE FAZER E INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. AUTOR INSCRITO DE FORMA INDEVIDA NOS CADASTROS DE PROTEÇÃO AO CREDITO. PERDA DE DOCUMENTOS. FRAUDE. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE ORIGEM DO DÉBITO COBRADO. FALHA NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. INEXIGIBILIDADE DA DÍVIDA. DANO MORAL CONFIGURADO. SENTENÇA MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. 1. Sustenta o recorrido que teve seus documentos furtados, o que foi objeto do boletim de ocorrência n.º 00137/2000. No ano de 2011, ao fazer compras em um mercado, foi surpreendido com a informação de que seu nome constava no cadastro de inadimplentes, em razão de débitos junto ao ora recorrente. 2. Restou incontroverso que a parte autora não possui qualquer tipo de relação com o ora recorrente referente ao débito objeto da inscrição (mov. 1.11 e 1.12), tanto que inexiste prova da contratação que originou o débito. Assim, impõe-se a inexigibilidade da dívida, assim como a declaração de inexistência do débito que originou a inscrição indevida. 3. O valor fixado na sentença a título de indenização por danos morais (R$ 5.000,00) deve ser mantido, posto que fixado segundo o prudente arbítrio do Juiz, que observou as circunstâncias do caso em concreto, em especial, os princípios da proporcionalidade e razoabilidade. 4. A incidência de correção monetária e de juros de mora é considerada implícita no pedido, consoante artigo 293 do Código de Processo Civil. RECURSO DESPROVIDO. Esta Turma Recursal resolve, por unanimidade de votos, CONHECER E NEGAR PROVIMENTO ao recurso, nos exatos termos do voto. (TJPR - 2ª Turma Recursal - 0003161-38.2014.8.16.0056/0 - Cambé - Rel.: Vivian Cristiane Eisenberg de Almeida Sobreiro - J. 29.05.2015). [1: Disponível em: <http://portal.tjpr.jus.br/jurisprudencia/branco.html>. Acesso em 30/05/15. ]
Neste caso levado ao Poder Judiciário o autor ajuizou demanda no Juizado Especial Cível de Cambé alegando que não havia firmado qualquer relação jurídica com o réu, contudo, foi inscrito indevidamente nos órgãos de proteção ao crédito e estava sendo cobrado por dívida que não possuía e assim, pediu que fosse declarada a inexistência de dívida, e também, que o réu cumprisse obrigação de fazer pertinente a retirada de seus dados dos órgãos de proteção ao crédito, além de lhe indenizar por danos morais. 
O JEC de Cambé julgou procedentes os pedidos formulados na ação do autor e reconheceu a existência de fraude e a inscrição indevida do autor no cadastro de proteção ao crédito, sendo então, inexistente a dívida. Por tal, o JEC determinou ao réu obrigação de fazer para a exclusão dos dados do autor dos órgãos de proteção ao crédito, condenando-o ao pagamento de dano moral no importe de R$ 5.000,00. 
Inconformado o réu interpôs recurso inominado, contudo a 2ª Turma recursal do TJPR manteve a decisão, julgando improcedente o recurso. 
A indicada jurisprudência versa sobre relação de consumo (Código de Defesa do Consumidor – Lei 8.078/90) e sobre direito das obrigações. Este último encontra previsão legal, no primeiro Livro da parte especial do CC/02, dos arts. 233 ao 285. Em particular, a obrigação de fazer que consiste na imposição de um dever de praticar algo, uma ação em favor de outrem, está prevista nos arts. 247 ao 249 do CC/02. 
Confrontando esta decisão com a questão da patrimonialização das relações obrigacionais e sua repersonalização, verifica-se que a má prestação de serviço do réu que não percebeu a fraude com os dados do autor e celebrou relação jurídica com outrem, vindo posteriormente a incluir indevida o autor no cadastro de proteção ao crédito gerou-lhe ofensa a sua dignidade enquanto pessoa humana, e por decorrência dano moral, valendo a repersonalização das relações obrigacionais. 
Descreve (LÔBO, 2011, p. 17) que: “A patrimonialização das relações obrigacionais, no sentido de primazia, é incompatível com os valores fundamentais na dignidade da pessoa humana, adotados pelas Constituições modernas, inclusive pela brasileira (art. 1º, III)”. 
Sobre o tema, Luís Cláudio da Silva Chaves escreveu em sua coluna na Revista Domtotal, artigo chamado “Despatrimonialização do direito das obrigações”, ensinando que:[2: Disponível em: <http://www.domtotal.com/colunas/detalhes.php?artId=983>. Acesso em 01/06/15.]
“O Direito Obrigacional vem sofrendo processo de despatrimonialização, decorrente da valoração do desenvolvimento da pessoa (garantida no texto constitucional) irradiado por todo o ordenamento jurídico, como se pode perceber, por exemplo na lei 8009/90 que cuida da impenhorabilidade do bem de família, ou seja, cuida para que o mínimo necessário à sobrevivência, seja objeto de proteção.
A Constituição Federal caracteriza dano moral como sendo uma ofensa aos direitos da personalidade, enquanto o Código Civil de 2002 cuida da reparação daquele, além de conter funções de revisão contratual, em que casos onde haja lesão conseqüente de má fé, abuso de direito e enriquecimento ilícito, para o desfazimento dos contratos. E paralelamente, funções que refletem a proteção de valores essenciais da personalidade humana.
Buscando atender aos problemas sociais o Código Civil passou por um processo de mudança no que tange à tutela protecionista, passando de uma configuração individualista à uma coletivista, a medida em que o Estado assume uma postura de condutor das relações privadas, intervindo e disciplinando as disposições dos contratantes. Assim, evita a denominada onerosidade excessiva e viabiliza o equilíbrio econômico dos contratos”.
Partindo de tais ensinamentos, tem-se que na decisão apontada, houve valorização da pessoa do autor, em desfavor de relações patrimoniais, inclusive sendo o mesmo indenizado, em respeito a CF/88, em seus arts. 3º e 5º, X. Correspondendo ao que descreveu (LÔBO, 2011, p. 17): “A repersonalização reencontra a trajetória da longa história da emancipação humana, no sentido de repor a pessoa humana como centro do direito civil, ficando o patrimônio a seu serviço (...)”. [3: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>.Acesso em: 01/06/15.]
REFERÊNCIAS
LÔBO, Paulo. Direito Civil: Obrigações. 2ª ed. Editora Saraiva: São Paulo, 2011.
<http://portal.tjpr.jus.br/jurisprudencia/branco.html>. Acesso em 30/05/15. 
<http://www.domtotal.com/colunas/detalhes.php?artId=983>. Acesso em 01/06/15.
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>.Acesso em: 01/06/15.

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