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MASTECTOMIA EM CANINO

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Faculdade de Zootecnia, Veterinária e Agronomia – PUCRS 
Curso de Medicina Veterinária 
Cirurgia Veterinária I 
 
 
 
 
Prof. Daniel Roulim Stainki 
 
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30) MASTECTOMIA EM CANINO 
 
# DEFINIÇÃO: 
 
 É a remoção de quantias variáveis de tecido mamário, consistindo do método 
primário para o tratamento de tumores mamários em cadelas e gatas. 
 
# ANATOMIA CIRÚRGICA DAS GLÂNDULAS MAMÁRIAS: 
 
# SELEÇÃO DO PROCEDIMENTO CIRÚRGICO: 
 
 A quantidade de tecido mamário a ser removida de uma cadela ou gata com 
neoplasia mamária pode ser influenciada por vários fatores: 
• tamanho, idade e condições fisiológicas do paciente; 
• tamanho, consistência e localização do tumor; 
• avaliação e preocupação do cirurgião. 
 
 A extensão do tecido mamário a ser removida, com os procedimentos de 
mastectomia, é assim definida: 
• nodulectomia – É a remoção do tumor preservando o tecido mamário ao redor. 
Normalmente usa-se a nodulectomia quando o tumor é pequeno, encapsulado e não 
invasivo, o qual necessita um mínimo de dissecação cirúrgica para a sua remoção; 
• mastectomia parcial – É a remoção do tumor junto com uma porção de tecido 
mamário, que normalmente está indicada para os tumores de tamanho pequeno a 
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moderado (ao redor de dois centímetros de diâmetro), e que ocupe somente parte de 
uma única glândula; 
• mastectomia simples – É a remoção da glândula mamária inteira que contém o 
tumor; 
• mastectomia regional – É a remoção de um grupo de glândulas mamárias 
dependendo de quais glândulas apresentam os tumores; 
• mastectomia unilateral completa (mastectomia radical) – Remoção de todas as 
glândulas mamárias ipsilaterais (cadeia mamária), inclusive com os tecidos 
conectivos e linfonodos regionais; 
• mastectomia bilateral completa simultânea (mastectomia radical bilateral) – É a 
remoção completa de ambas cadeias mamárias, dos tecidos conectivos e linfonodos 
regionais. Normalmente utilizada em cães que apresentam grande quantidade de 
pele. ex.: Fila Brasileiro, Chow-Chow, Cocker, etc. 
 
# PRÉ-OPERATÓRIO: 
 
• exame físico geral; 
• hemograma completo e tempo de coagulação; 
• radiografias de tórax – averiguação de metástases e avaliação da função cárdio-
respiratória; 
• avaliação e decisão do protocolo anestésico e do procedimento cirúrgico a ser 
adotado. 
 
# TRATAMENTO CIRÚRGICO: 
 
 mastectomia regional – o procedimento é iniciado com incisão elíptica da pele 
em torno das glândulas que devem ser removidas. A gordura subcutânea é dissecada até a 
localização da artéria e veia pudenda externa caudalmente a mama inguinal. A artéria e a 
veia pudenda externa são isoladas, ligadas duplamente e seccionadas entre as ligaduras 
(categute 2.0). A incisão é dirigida para baixo até o nível da aponeurose do músculo reto do 
abdome. As glândulas inguinais e abdominais podem ser facilmente dissecadas dos 
músculos abdominais. As glândulas torácicas estão fixadas mais intimamente à aponeurose 
do músculo reto, requerendo dissecação mais cuidadosa. 
 Deve-se ter mais cuidado com os tumores grandes, pois os mesmos podem ter 
seu próprio suprimento sanguíneo. A irrigação sanguínea das glândulas torácicas é feita 
pelos ramos das artérias torácicas internas, que penetram nos espaços intercostais. 
 Após a remoção das glândulas mamárias, as bordas da incisão são inspecionadas 
quanto há presença de resquícios de tecido mamário, que devem ser removidos antes da 
incisão ser fechada. O espaço morto é reduzido com pontos simples isolados (mononylon 
2.0), a aproximação da pele é com pontos em zigue-zague (categute 2.0) e a sínese de pele 
com pontos isolados simples (mononylon 3.0). 
 
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# PÓS-OPERATÓRIO: 
 
• curativo local; 
• em casos de edema acentuado indica-se exercícios moderados, duchas frias, 
diuréticos, antibióticos e antiinflamatórios; 
• retirada dos pontos de pele entre 10-13 dias pós-operatório. 
 
# COMPLICAÇÕES PÓS-OPERATÓRIAS: 
 
• formação de seroma; 
• edema exuberante; 
• deiscência de sutura; 
• retorno dos tumores. 
 
# OBSERVAÇÕES: 
 
• os tumores mamários são hormônios dependentes, e a ovariohisterectomia só auxilia 
para a totalidade na prevenção destes se for realizada antes do primeiro cio; 
• metade dos tumores mamários na cadela são malignos, enquanto que em felinos a 
percentagem de tumores malignos sobe para 86%; 
• a ovariohisterectomia, após a mastectomia em animais que já tiveram mais de dois 
cios, só auxilia na prevenção de novos tumores mamários pelo fato de provocar uma 
atrofia nas glândulas mamarias restantes, facilitando a identificação precoce dos 
novos tumores mamários. 
 
SUGESTÃO DE LEITURA: 
 
BOJRAB, M. J. Cirurgia dos pequenos animais. São Paulo: Roca, 1986. 854 p. 
 
VAN SLUIJS, F. J. Atlas de cirurgia de pequenos animais. São Paulo: Manole, 1992. 
143 p.

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