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Escola de Chicago

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Unidade I: 
 
Unidade: Escola de 
Chicago 
 
 
 
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Unidade: Normas de Formatação do Conteúdo 
INTRODUÇÃO 
Recentemente lemos, numa página da internet, algo mais ou menos 
assim: já faz um tempo que vivo um paradigma interessante em minha vida. 
Ele é o de usar os talentos e a dependência de Deus. 
Outra vez numa roda de bate-papo escutamos de alguém: “Chega! eu 
quebrei todos os paradigmas e agora quero ser outra pessoa.” 
Afinal? Do que essas pessoas estavam falando quando se referiam a 
paradigma? O que é um paradigma? 
O paradigma é um modelo, uma 
idéia geral sobre alguma coisa. É uma 
idéia geral, arquétipo, corresponde a um 
código e oferece uma série de 
possibilidades à pesquisa. 
Veja, quando você adota um 
modelo de pensamento, por exemplo, 
para ele ser validado, precisa de uma 
teoria que o legitime, porque ele é apenas uma forma imaginada de pensar. Se 
não se legitimar, será apenas senso comum, isto é, será genérico e não tem 
fundamento científico. Grosseiramente podemos dar o exemplo de que toda 
loira é burra. Será? De onde saiu ou foi construída essa verdade? Não 
sabemos. Em qual teoria ela se apoia? Não sabemos. Logo podemos afirmar 
que ela é senso comum e que em decorrência disso origina piadas de mau 
gosto e preconceituosas. 
Então, retomemos alguns conceitos de maneira rápida. A teoria é um 
processo de codificação das idéias, elaborado de forma sistemática e para 
tanto ela codifica o processo do pensamento, para que depois possa ser 
aplicado, e a essa aplicação dar-se-á o nome de prática, práxis, ação ou agir. 
Existe na comunicação a mensagem ou mensagens que podem ser 
Significa 
Modelo, padrão, 
norma; exemplo. 
 
 
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diretas, isto é, elas dizem aquilo mesmo, por exemplo, a maçã está madura, ou 
indiretas (subjetivas), por exemplo, nossa! A prova foi tão fácil! Pelo tom que 
daremos no fácil ele poderá ser difícil. Entendeu? 
Segundo Polistchuck&Trinta (2003) “O paradigma reina, a teoria legisla, 
o modelo governa.”1 
E sobre a técnica e tecnologia, os mesmos autores dizem que é válido 
afirmar que: “A ciência descobre, a tecnologia aplica, a indústria produz, a 
sociedade adota.” 
E quais são os principais modelos ou paradigmas que poderemos 
estudar em Teoria da Comunicação? Eles são vários e variam de tempos em 
tempos de acordo com a sociedade, como os pensadores entendem a 
comunicação, e como a usam para explicar seu mundo. 
Um dos modelos ou paradigma conceitual que você vai conhecer é a Escola de 
Chicago. Para que você possa ter um panorama sobre esta escola, iniciaremos 
com um breve histórico sobre ela e a contextualizaremos no panorama 
mundial, OK? 
Breve histórico da escola de chicago 
A Universidade de Chicago é uma instituição com mais de um século de 
tradição (1890) e foi doada ao American Baptist Education Society por John 
Rockefeler. Ela abriga importantes pesquisadores cujas referências são 
mundiais. 
http://www.tripadvisor.com.br/LocationPhotos-
g35805-d497032-w3-University_of_Chicago-
Chicago_Illinois.html 
 
 
 
 
1
 POLISTCHUCK, I &TRINTA.A- Teorias da Comunicação-RJ-Camus,2003p.65 
 
 
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Entre 1915 e 1940, a Escola de Chicago produziu um vasto e variado 
conjunto de pesquisas sociais direcionados à investigação dos fenômenos 
sociais que ocorriam especificamente no meio urbano da grande metrópole 
norte-americana. 
Com a formação da Escola de Chicago, inaugura-se um novo campo de 
pesquisa sociológica, centrado exclusivamente nos fenômenos urbanos, que 
dará origem a um novo tipo de estudo, conhecido como Sociologia Urbana. 
 
 
 
 
 
 
http://www.tripadvisor.com.br/LocationPhotos-
g35805-d497032-w3-University_of_Chicago-
Chicago_Illinois.html 
A primeira geração de sociólogos da Escola de Chicago foi composta 
por Albion W. Small; Robert Ezra Park (1864-1944); Ernest Watson Burgess 
(1886-1966); Roderick Duncan McKenzie (1885-1940) e William Thomas 
(1863-1947). Esses pesquisadores foram os responsáveis pelo primeiro 
programa de estudos de sociologia urbana. Nas décadas seguintes, outros 
colaboradores se destacaram: Frederic Thrasher (1892-1970), Louis Wirth 
(1897-1952) e Everett Hughes (1897-1983). 
Então vamos conhecer um pouco mais dessa Escola... 
Contexto histórico 
O inicio do século XX marca o advento do capitalismo, o 
desenvolvimento dos grandes centros urbanos e a migração maciça de famílias 
do campo para as cidades em busca de trabalho. As cidades representavam a 
possibilidade de novos empregos e possibilidade de ascensão social e 
econômica para esses migrantes. Você conhece esse fenômeno, pois ele ainda 
 
 
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ocorre nas grandes cidades e na cidade de São Paulo, considerada a maior 
metrópole da América Latina, não é diferente. Essa migração descontrolada 
gera a formação de bolsões de pobreza, subempregos, criminalidade e 
violência urbana. 
Muito bem, o surgimento da Escola de Chicago está diretamente ligado 
ao processo de expansão urbana e crescimento demográfico da cidade de 
Chicago no início do século 20, provocado pelo acelerado desenvolvimento 
industrial das cidades do Meio-Oeste dos EUA. 
Veja o que diz Coulon (1995 p.11-12) sobre Chicago dessa época. 
[...] Na segunda metade di século XIX, migrantes rurais do 
Middle West chegaram em massa, bem como um número 
impressionante de imigrantes estrangeiros: alemães, 
escandinavos, irlandeses,italianos, poloneses, lituanos, checos 
e judeus. Em 1900, mais da metade de Chicago havia nascido 
fora da América. Chicago tornou-se uma cidade industrial, um 
centro comercial e uma próspera bolsa; o capitalismo selvagem 
desenvolveu-se e a cidade assistiu vários tumultos (1886) e as 
greves operárias (1894). Era também a cidade da arte e da 
cultura, influenciada pela religião protestante, que tinha um 
grande respeito pelo ensino e pelos livros. Uma cidade 
moderna, reconstruída de aço e concreto após o incêndio de 
1871. Nela foram construídos os primeiros arranha-céus dos 
Estados Unidos e desenvolveu-se um movimento arquitetônico 
modernista que também ficaria conhecido com Escola de 
Chicago. 
Diante de tanto desenvolvimento, a cidade de Chicago não ficou impune 
a questões sociais que já apontamos acima. Então como nas grandes 
metrópoles brasileiras, a cidade de Chicago assistiu ao surgimento de graves 
problemas sociais. 
Em Chicago, no começo do século XX, houve um aumento da 
criminalidade, da delinquência juvenil; o aparecimento de gangues de 
marginais; aumento de bolsões de pobreza e desemprego; a imigração e, com 
 
 
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ela, a formação de várias comunidades segregadas (os guetos urbanos, as 
favelas, os cortiços). 
Todos esses problemas sociais (que na época, e ainda hoje muitos 
sociólogos denominam como "patologia social") se converteram nos principais 
objetos de pesquisa para os sociólogos da Escola de Chicago. 
O mais importante a destacar é que os estudos dos problemas sociais 
estimularam a elaboração de novas teorias e conceitos sociológicos, além de 
novos procedimentosmetodológicos na tentativa de compreender o porquê 
dessa desordem na sociedade. Esse fenômeno recebe um nome curioso 
sabiam? Chama-se anomia social. 
Ecologia humana 
Robert Ezra Park é considerado um dos mais importantes 
representantes e precursores dos estudos urbanos; junto com Ernest Watson 
Burgess e Roderick Duncan McKenzie elaborou o conceito de "ecologia 
humana", a fim de sustentar teoricamente os estudos da sociologia urbana. 
Através da observação entre o reino animal e vegetal Robert Park 
estabeleceu uma analogia entre ele e o mundo dos homens, criando a teoria da 
ecologia humana. 
Por essa teoria, a cidade é um grande campo de observação ou um 
grande laboratório social, porque é nela que se manifestam as contradições 
sociais visíveis e percebidas. 
O conceito de ecologia humana serviu de base para o estudo do 
comportamento humano, tendo como modelo o lugar social que os indivíduos 
vivem e constroem suas histórias de vida, se relacionam entre si e criam seu 
repertório de significados e conhecimentos. 
A abordagem ecológica questiona se o habitat social (ou seja, o espaço 
físico e as relações sociais) determina ou influencia o modo e o estilo de vida 
dos indivíduos. 
Nessa época, o pensamento que vigorava era o das ciências biológicas, 
 
 
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e o uso da razão era visto apenas como um instrumento, isto é a razão para 
existir teria de ter um fim a alcançar. 2 
O método de pesquisa usado era o da observação, isto é, o empírico. 
Então, a comparação entre os seres humanos e os seres animais era inevitável 
uma vez que, como já dissemos, prevaleciam os estudos das ciências 
biológicas. Nessa situação, o uso da palavra indivíduo servia tanto para 
designar gente como animal ou planta. 
Quando os pesquisadores da época compararam a sociedade com a 
natureza, tomaram como exemplo o equilíbrio dela e os resultados que disso 
provinha. Compreender essa relação entre o meio ambiente e os animais 
(estudo ecológico) era importante, e compará-la com a sociedade foi um passo 
pequeno. 
Dito de outra forma, a questão central era saber até que ponto os 
comportamentos desviantes, por exemplo, as várias formas de criminalidade 
são produtos do meio social, ou não, em que o indivíduo está inserido. 
Park e Burgess se apropriaram do conceito de ecologia criado por 
Ernest Haeckel (1859) que definia a ciência como relações do organismo com 
o ambiente e estenderam o conceito para todas as condições da existência. 
Segundo Mattelart&Mattelart (2004), são três elementos que definem uma 
comunidade: 
1. População organizada em um território através de uma 
identidade cultural; 
2. Relação simbiótica entre os sujeitos, isto é, a 
interdependência mútua gerada por necessidades fisiológicas e 
sociais; 
3. Competição e a divisão de trabalho que não são 
planejadas e geram uma cooperação competitiva nascidas da 
formação da „web life‟ (rede de vida) ligadas por um eixo 
comum, e que dá sentido à vida e forma a comunidade 
orgânica. Para Park, esse modelo pode ser transferido para 
 
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 Se quiserem conhecer um pouco mais sobre o racionalismo científico pesquisem Descartes. 
 
 
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explicar o „ciclo das relações étnicas‟, nas comunidades de 
imigrantes (competição, conflito, adaptação e assimilação). 
Ain da, de acordo com Mattelart&Mattelart (2004no capítulo II – 
Teorias da Comunicação 
Park entende que o biótico é uma superestrutura erguida a 
partir de uma subestrutura biótica e que a ela se impõe como 
instrumento de direção e controle: o nível social ou cultural. 
Esse nível é assumido pela comunicação e pelo consenso, cuja 
função é regular a competição, permitir o compartilhamento de 
uma experiência e vincular-se à sociedade. 
A ecologia humana entende que a mudança adquire o caráter 
de equilíbrio diante da crise (equilíbrio social e balança biótica), 
e opera a transição de forma estável. 
Sabe que até hoje há correntes de pensamentos semelhantes e que se 
alternam nos estudos sobre esse tema? Basta você ver as discussões sobre a 
delinqüência juvenil, marginalidade, ou outros temas de sobre violência urbana 
através dos meios de comunicação. 
Então prosseguindo: o conceito de ecologia humana e a concepção 
ecológica da sociedade foram muito influenciados pelas abordagens teóricas 
do "evolucionismo social". 
Voltando um pouco à época desses estudos, estavam em voga os 
estudos de Darwin sobre a evolução das espécies, que o evolucionismo social 
tomou como referência. 
Essa época é também a época do positivismo o qual preconizava uma 
lógica racional e de um mundo concebido de tal forma que uma coisa sucede à 
outra de maneira precisa. 
 
 
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O melhor exemplo para você entender esse pensamento é o lema da 
bandeira brasileira “Ordem e 
Progresso”. Então, dentro dessa 
lógica, um país ordeiro é um país 
que progride, e é natural que 
uma coisa puxe a outra, 
compreendeu? Nada está solto, 
existe um sucedâneo, um 
suceder. 
Você deve estar se 
perguntando: Darwin também 
formulou a teoria da evolução 
social? Nós diríamos, não. Mas 
as suas idéias foram „emprestadas‟ pelos sociólogos que acreditavam que as 
sociedades evoluiriam para um estágio superior, acompanhando o 
desenvolvimento das espécies, explicando de certa forma o desaparecimento 
de algumas sociedades e o aparecimento de novas outras. 
Então, a cidade como um grande e complicado "laboratório social" que 
pode ser entendido através dos sinais de desorganização, de marginalidade, 
de aculturação, de assimilação, é entendida como o lugar da mobilidade não só 
física geográfica, mas social. 
As pesquisas sociológicas dessa época foram marcadas pelo uso 
sistemático dos métodos empíricos o que permitiu elencar variadas formas de 
anomalias sociais. O que isso quer dizer? Ora, a coleta de dados e 
informações sobre as condições e os modos de vida urbanos passou a ser 
observados e estudados revelando as incongruências da sociedade. A partir 
daí os seus efeitos poderiam apontar para soluções viáveis tornando a cidade 
mais humanizada. 
O uso de métodos descritivos deu base aos estudos biográficos com 
base nas narrativas pessoais ou de grupos (histórias de vida) em primeira mão. 
A esse tipo de estudo chamamos de informações primárias, e, em história, de 
história oral, já que o pesquisado e as pessoas que se relacionam entre si são 
Leia mais sobre 
Darwinismo Social 
no link 
http://jus2.uol.com.br/doutrina
/texto.asp?id=4633 
O tema é bem interessante! 
 
 
 
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os autores de suas próprias histórias e a interpretam de acordo com as suas 
referências pessoais, sociais e culturais. 
A pesquisa é feita de forma participativa. O pesquisador ao mesmo 
tempo é pesquisador e participante dela ele interage com o pesquisado 
(interacionismo). Veja o exemplo que de fato aconteceu cujo relato completo 
está no livro “The taxi dance hall” de Cressey (1932). O autor relata sobre os 
taxi dance halls, que eram lugares das dançarinas profissionais. Essa atividade 
apareceu em São Francisco/CA no início do século. Esses lugares, cuja 
reputação não era boa, eram frequentados por homens, na maioria, imigrantes 
proletários, que iam dançar, e asdançarinas eram pagas “por dança”, tendo de 
repartir seus ganhos com o dono do estabelecimento. 
Como os donos dos estabelecimentos e os frequentadores não 
cooperavam, os observadores foram aos salões como clientes em busca de 
diversão e realizaram a pesquisa. Segundo (COULON, 1995 p.106), havia três 
objetivos da pesquisa: 
Dar uma visão íntima e sem viés ao mundo das taxi-dance hall 
e seus ‟clientes‟; 
Traçar a história da taxi dance hall como instituição urbana, 
descobrir as condições favoráveis a seu aparecimento e a seu 
desenvolvimento e analisar suas funções em termos de 
satisfação das necessidades de seus clientes; 
O terceiro era apresentar de modo mais imparcial possível as 
formas de controle, suscetíveis de manter a ordem, criar 
códigos de conduta por parte de todos. 
 
Outros exemplos podem ser vistos, como, o investigador vai morar no 
bairro em que a criminalidade é muito grande. Ou seja, ele passará a conhecer 
o lugar, seus habitantes, recolher as informações sobre as pessoas, não se 
identificando como investigador, mas como igual, como um morador comum. A 
construção do „self‟ ou a construção da sua individualidade. O indivíduo é 
capaz de uma experiência singular e única, que traduz sua história de vida, 
 
 
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sendo ao mesmo tempo submetido às forças de nivelamento e 
homogeneização do comportamento 
 
Ainda por meio dos estudos biográficos foi possível conhecer, em 
detalhes, as origens sociais dos sujeitos investigados, chegando ao cotidiano e 
às interações sociais que ocorrem no interior de grupos fechados. Esses 
grupos poderiam ser as gangues de rua, os guetos étnicos, os grupos de 
marginais ou criminosos comuns. O conhecimento da trajetória de vida desses 
grupos permitiu conhecê-los de forma aprofundada entender o que os levava à 
exclusão social ou à marginalidade. 
A escola do crime 
Há alguns filmes recentes de produção 
nacional que mostra de forma romanceada 
esse tema. Um é o “Ônibus 174” e o outro é 
“Última Parada 174”. 
 Veja no link abaixo as informações 
sobre o filme: 
http://br.cinema.yahoo.com/filme/15363/ultimaparada174 
Leia também: 
Escola de Chicago: história. 
http://educacao.uol.com.br/sociologi
a/escola-de-chicago-contexto-
historico.jhtm 
 
 
 
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O estudo da grande metrópole norte-americana, por parte dos 
pesquisadores da Escola de Chicago, privilegiou algumas temáticas. As 
variadas formas de criminalidade e o fenômeno da imigração foram os temas 
que eles mais estudaram. 
Essa preocupação estava vinculada aos vários problemas sociais que a 
cidade Chicago enfrentava: a criminalidade, a marginalidade e a chegada de 
grandes ondas imigratórias de europeus, principalmente os que buscavam 
refúgio nos Estados Unidos da América, decorrente da crise econômica 
provocada pela I Guerra e pelo advento do capitalismo industrial que carecia de 
mão-de-obra. 
As pessoas que imigravam, na maioria, não tinham lugar para ficar e se 
fixavam nos locais mais distantes e baratos para morar. A cidade era estranha 
a elas... Os estudos da época apontavam que as áreas mais abandonadas da 
cidade, pelo poder público sem infra-estrutura adequada, serviços essenciais 
como saúde e educação transformavam-se rapidamente em locais de moradia 
para essa leva de imigrantes e logo surge a ação das gangues de rua e dos 
bandos de delinquentes juvenis. Esses locais se tornaram rapidamente áreas 
nas quais as taxas de criminalidade eram muito altas. 
Desse modo, os pesquisadores demonstraram que a cidade tinha áreas 
sociais que motivavam ação do crime: o espaço urbano degradado favorecia a 
quebra das regras e instituições sociais (escola, família) e, de certa forma, 
produzia comportamentos desviantes. 
Sobre comportamentos desviantes veja o que Giddens (2008) diz: 
O estudo do comportamento desviante é uma das áreas mais 
intrigantes e complexas, da Sociologia, ensinando-nos que 
ninguém é tão normal quanto gosta de pensar. Ajuda-nos 
igualmente a perceber que aquelas pessoas cujo 
comportamento pode parecer estranho ou incompreensível são 
seres racionais quando compreendemos a razão dos seus 
actos. 
O estudo do desvio, tal como outros campos da Sociologia, 
centra-se no poder social. bem como na influência da classe 
 
 
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social – as divisões entre ricos e pobres. Quando olhamos para 
o desvio ou para a conformidade às normas ou regras sociais, 
temos sempre que questionar: “as regras de quem?”. Como 
veremos, as normas sociais são fortemente influenciadas pelas 
divisões de classe e poder. 
 O que se entende por desvio? 
O DESVIO pode ser definido como uma inconformidade em 
relação a determinado conjunto de normas aceite por um 
número significativo de pessoas de uma comunidade ou 
sociedade. Nenhuma sociedade, como já foi enfatizado, pode 
ser dividida de um modo linear entre os que se desviam das 
normas e aqueles que estão em conformidade com elas. A 
maior parte das pessoas transgride, em certas ocasiões, regras 
de comportamento geralmente aceites. Quase toda a gente, 
por exemplo, em determinada altura já cometeu actos menores 
de roubo, como levar alguma coisa de uma loja sem pagar ou 
apropriar-se de pequenos objectos do emprego – corno papel 
de correspondência – e dar-lhe um uso privado. 
http://semibreve.wordpress.com/2008/09/26/texto-008-o-
comportamento-desviante/ 
Sobre a imigração, os pesquisadores procuraram compreender as 
interações que ocorrem quando da chegada do imigrante na grande metrópole. 
Basicamente, identificaram quatro tipos básicos de interação social: 
competição, conflito, acomodação e assimilação. 
Observe seus significados traduzidos de forma muito simples: 
1. Competição: Todos nós somos movidos a competir e a competição faz parte 
do desenvolvimento da sociedade. A competição está ligada ao controle social. 
A competição organiza de certa forma a sociedade, pois ela orienta novas 
formas de trabalho, introduz uma nova forma de relação social baseada nas 
relações econômicas. 
2. O Conflito: A existência do conflito também permite que uma vez existente se 
busque respostas para ele. Todos nós temos conflitos seja de ordem pessoal 
ou social. O conflito social é derivado da competitividade, e é consciente e cria 
 
 
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um sentimento de solidariedade pelos que o partilham, pois são minorias. 
3. A resolução desses conflitos permite com que o sujeito busque alternativas, 
o que lhe confere o equilíbrio. 
4. A Acomodação ou adaptação sugere o esforço do grupo para ajustar-se às 
novas situações que lhe são impostas, nem sempre é pacífico, mas que tende 
a aceitação das diferenças. Uma vez que o conflito uma vez resolvido 
estabeleça um período de „calmaria‟, e o sujeito passa a fase de adaptação. 
5. A Assimilação é o processo pelo qual o sujeito não despreza seus 
conhecimentos anteriores (cultura), ao contrário, o valoriza, mas adota 
comportamentos, parte de uma cultura para si para facilitar sua existência na 
sociedade. É o caso de alguns religiosos, por exemplo. 
Herança da escola de chicago 
A orientação dos estudos sociológicos elaborados sobre a Escola de 
Chicago dominou a sociologia norte-americana até por volta da metade da 
década de 1930, mas sua influência se estendeunas décadas seguintes. 
A Escola de Chicago desempenhou papel relevante na institucionalização da 
sociologia como ciência acadêmica nos Estados Unidos dando origem aos 
estudos etnográficos ou para sermos mais objetivas aos estudos nos quais a 
observação participativa é fundamental para a pesquisa. Para Coulon (1995 
p.115) 
[...] a Escola de Chicago pode ser considerada como o berço de 
uma grande variedade de abordagens empíricas, inclusive a da 
observação participativa, que tem em comum o fato de se inserir 
em uma sociologia urbana prática e de ter inaugurado, em resumo 
a indagação sociológica direta junto aos indivíduos, deixando para 
trás a sociologia especulativa que marcara a época anterior. 
Ao centrar seus estudos nos problemas sociais, porém, ela foi criticada 
por negligenciar a elaboração de teorias sociológicas a partir da reflexão 
intelectual dissociada da sociologia aplicada. Até certo ponto, essa afirmação é 
verdadeira, mas as contribuições que a Escola de Chicago forneceu à 
sociologia não podem ser desprezadas ou negadas. 
 
 
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A comparação dos fatos a partir da vivência do cientista social no meio 
urbano e na vida das comunidades através da observação direta para coletar 
os dados é até hoje muito 
importante. 
Há hoje vários relatos 
de casos em que, por 
exemplo, o jornalista 
investigativo mergulha na 
comunidade para coletar 
dados e fazer uma grande 
matéria. Foi o caso do 
jornalista Tim Lopes que foi 
assassinado durante a 
realização de uma 
reportagem sobre bailes 
funks nos subúrbios do Rio de Janeiro. 
Outras contribuições importantes da Escola de Chicago foram, 
certamente, os estudos de criminologia (sociologia criminal) e os métodos 
biográficos, que, que voltam valorizados e usados, o método qualitativo para a 
pesquisa, o trabalho de campo, entre outros. 
Todas essas contribuições são importantes para o estudo da 
comunicação, para ampliação do repertório intelectual e para as práticas 
comunicacionais. 
A partir de 1940, inaugura-se um novo período de estudos decorrentes, 
sobretudo das mudanças que o mundo assistia. Nesse período, ocorre a II 
Guerra Mundial, há aumento do consumo dos bens industrializados, 
fortalecimento do capitalismo e dos meios de comunicação entre outros. 
Os pesquisadores sociais abandonam as técnicas qualitativas marcadas 
pela Escola de Chicago no seu início e introduzem a pesquisa de modelo 
quantitativo na Universidade de Columbia sendo Robert Merton e Paul 
Lazarfeld seus representantes. 
Relembre o fato no link: 
 
http://www.timlopes.com.br/ce
ntral_globo_jornalismo.htm 
 
 
 
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Bem, chegamos ao final dessa unidade. Vamos tratar na próxima 
unidade do estudo da Escola Funcionalista. 
 
 
 
 
 
 
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Referências 
COULON, A. A Escola de Chicago. Campinas: Papirus,1995. 
GIDDENS, A. O comportamento desviante. Disponível em: 
http://semibreve.wordpress.com/2008/09/26/texto-008-o-comportamento-desviante/, 
acesso em 26 setembro, 2008. 
MATTELART, A.; MATTELART, M. Historia das Teorias da Comunicação. 
7ed. São Paulo: Loyola, 2004. 
POLISTCHUCK,I; TRINTA A.R. Teorias da Comunicação. Rio de Janeiro: 
Campus, 2003. 
WOLF, M. Teorias da Comunicação. 8. ed. Lisboa: Presença, 2003. 
 
 
 
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Responsável pelo Conteúdo: 
Prof. Ms. Wildney Feres Contrera 
Profª. Esp. Sandra Lúcia Botelho R. Oliveira 
 
 
Revisão Textual: 
Profª Dra. Roseli Ferreira Lombardi 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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