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TCC - Direito Previdenciário

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CENTRO UNIVERSITÁRIO PADRE ALBINO – UNIFIPA
CURSO DE DIREITO
LAILA GABRIELE SABINO FAVATO
O IMPACTO DA REFORMA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL NOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
CATANDUVA
2018
LAILA GABRIELE SABINO FAVATO
O IMPACTO DA REFORMA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL NOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
Trabalho de Curso; requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Direito no Centro Universitário Padre Albino; Orientador: Prof. Willian Delfino.
CATANDUVA
2018
FAVATO, Laila Gabriele Sabino.
O impacto da reforma da previdência social nos direitos fundamentais/ Laila Gabriele Sabino Favato. Catanduva, Centro Universitário Padre Albino - UNIFIPA, 2018.
54 f.
Orientador: Prof.º M.º Willian Delfino
Trabalho de Curso - Centro Universitário Padre Albino
Graduação em Direito.
1. Monografia Jurídica. I – O impacto da reforma da previdência social nos direitos fundamentais
LAILA GABRIELE SABINO FAVATO
O IMPACTO DA REFORMA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL NOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
Trabalho de Curso; requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Direito no Centro Universitário Padre Albino; Orientador: Prof. Willian Delfino.
Aprovado em: __/____/___
BANCA EXAMINADORA
Willian Delfino
Centro Universitário Padre Albino
Beatriz Trigo
Centro Universitário Padre Albino
Donizett Pereira
Centro Universitário Padre Albino
Catanduva,____de______de___
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus, a vida, pela oportunidade de poder momentos tão grandiosos como esse.
A meus pais, toda a minha família, especialmente minha avó Benedita que sempre me deram toda a base e apoio necessários para a minha evolução.
Ao EdilbertoParpinel, por sempre ter sido compreensivo, do qual foi extremamente importante para esta fase da minha vida.
Agradeço imensamente a meus amigos, e a todos que cruzaram a minha vida de alguma forma, positiva ou negativamente, pois todos eles trouxeram benefícios em algum sentido, mas especialmente a Gabriela Rici, Julia Lavrador por terem sido minhas companheiras de jornada durante esses cinco anos, do qual irei levar por toda a minha vida.
A esta instituição, que nos deu todo o respaldo necessário bem como um ensino de excelência para nossa graduação em Direito.
Agradeço a todos os professores, em especial a professora Ivana Mussi, por ter sido fonte de inspiração e por ter nos transmitido tanta riqueza em forma de conhecimento.
“Vamos agradecer, a verdadeira disciplina se pratica com prazer.”
- Flávio Passos, Sérgio Negri – Hinário da Felicidade
Dedico esta monografia à meus pais, que sempre me apoiaram e lutaram para que eu pudesse concluir esta graduação, a minha avó Benedita, avó, mãe, e provedora da nossa família.
RESUMO
O presente trabalho teve como foco principal a análise da proposta de Emenda Constitucional nº 287 de 2016, de um ponto de vista protecionista, buscando analisar quais artigos da proposta violam diretamente os direitos fundamentais e os princípios inerentes à seguridade social.Procurando fazer frente a este ponto de vista, foram demonstradas opiniões de juristas e economistas a respeito do assunto, á luz de todo o histórico da seguridade social ao redor do mundo.Posteriormente, foram explanadas as diretrizes do sistema atuarial da seguridade social, sobe o enfoque, de demonstrar o fundamento pelo qual o governo federal alega a existência do déficit previdenciário.É neste diapasão que foi redigido o presente trabalho, destinado a demonstrar as inconstitucionalidades presentes na proposta de reforma previdenciária, e porque o seu fundamento de déficit é potencialmente falacioso.
Palavras-chave: Reforma previdenciária; déficit; direitos fundamentais.
ABSTRACT
The main objective of this study was to analyze the proposed Constitutional Revision No. 287 of 2016, from a protectionist point of view, seeking to gather the articles that they considered relevant and fundamental for social security.To make the front of this point of view, have been demonstrated opinions of jurists and economists of the subject, in light of all social security history around the world.Subsequently, the focus was clarified as guidelines of the social security system, in order to ensure that the federal government claims the existence of the social security deficit.It is a tuning for the purpose of demonstrating unconstitutionality in its previous reform proposal, and because its deficit ground is a fallacious potential.
Keywords: Social security reform; deficit; fundamental rights.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO	11
1. HISTÓRICO DA SEGURIDADE SOCIAL	12
1.1. Evolução da proteção social no mundo	12
1.2. Evolução da proteção social no Brasil	14
1.2.1. Emendas constitucionais após a Constituição da República Federativa do Brasil	15
2. DEFINIÇÃO DE SEGURIDADE SOCIAL	18
2.1. Noção geral	18
2.2. Saúde	19
2.3. Assistência Social	19
2.4. Previdência Social	20
3. ESTRUTURA DA SEGURIDADE SOCIAL	22
3.1. Da universalidade de cobertura e atendimento	22
3.2. Da uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais	23
3.3. Da Seletividade e distributividade das prestações de benefícios e serviços	23
3.4. Da organização e financiamento	24
3.4.1. Da irredutibilidade do valor de benefícios	24
3.4.2 Da equidade na forma de participação no custeio	25
3.4.3. Da Diversidade da base de financiamento	25
3.4.4. Caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, empregadores, aposentados e governo	26
3.4.4.1. Recursos Indiretos	26
3.4.4.2. Recursos Diretos	27
4. A PROPOSTA DE EMENDA CONSTITUCIONAL 287/2016	29
4.1. Da Inconstitucionalidade da PEC	31
4.1.1. Violação ao Direito Fundamental a Previdência e a Dignidade da Pessoa Humana	31
4.1.2. Ofensa ao Princípio da Isonomia e da Seletividade e distributividade das prestações de benefícios e serviços	32
4.1.3. Ofensa ao Princípio da Irredutibilidade do Valor dos Benefícios	33
4.1.3.1. Pensão por mort	33
4.1.3.2. Do Benefício Assistencial ao Idoso e a Pessoa com Deficiência	33
4.1.4. Violação ao Princípio do Não Retrocesso	36
4.1.5. Revogação das regras de transição das PECs 20/98 e 41/03.	36
4.1.6. Da retirada da proteção ao trabalhador rural	37
4.2. O impacto nos direitos fundamentais	38
4.2.1. Manifestação da Comissão Nacional de Direitos Humanos	40
5. A ALEGAÇÃO DE DÉFICT	42
5.1. O parecer da Secretaria de Políticas Econômicas do Ministério da Fazenda	42
5.2. A diversidade da base de financiamento	43
5.3. O desvio das contribuições destinadas à seguridade social	44
5.3.1. A Emenda nº 20/1998	45
5.3.2. A Desvinculação das Receitas da União	45
5.3.3. O Fundo do Regime Geral de Previdência Social	47
5.3.4. O entendimento da doutrina e de especialistas	48
5.3.4.1.A visão de uma economista	50
CONCLUSÃO	52
REFERÊNCIAS	53
INTRODUÇÃO
No ano de 2016 o chefe do Poder Executivo apresentou a proposta de emenda constitucional nº 287, popularmente conhecida como Reforma da Previdência, da qual vem sendo propagada com frequência nas mídias sociais.
O presente trabalho tem como objetivo analisar os aspectos inconstitucionais da PEC, especialmente aqueles que violam os direitos fundamentais estabelecidos na Constituição Federal, dos quais são protegidos por cláusulas pétreas.
Tem como escopo trazer maior conteúdo a respeito do tema, para que a população em geral encontre informações sobre quais são seus direitos indisponíveisno que tange a seguridade social e possam ter uma postura defensiva quanto a eles.
	Para a melhor compreensão, faz-se mister que, primeiramente, estabeleça-seo conceito de seguridade social, abordando todo o seu histórico ao redor do mundo, abrangendo os princípiosgerais e específicos que embasam esse sistema, para que seja possível observar em quais pontos a proposta está violando esses princípios.
Depois de demonstradas as inconstitucionalidades e violações dos direitos fundamentais existentes, é primordial explanar minuciosamente o que a Magna Carta estabelece sobre o sistema de financiamento da seguridade social e porque ela apenas pode se sustentar na sua forma original.
Isto posto, o presente trabalho irá demonstrar o porquê vem sendo tão alarmantemente propagado que a previdência social encontra-se em déficit, demonstrando, por fim, que o cálculo apresentado pelo Ministério da Previdência Social não contempla todos os componentes do sistema atuarial do artigo 195 da CF/88, e por este motivo chega-se à uma conclusão equivocada de que há déficit previdenciário.
Assim sendo, serão apresentados os pareceres do governo federal sobre a reforma, o entendimento controverso de alguns juristas e economistas sobre o assunto, bem como será mostrada algumas alterações legislativas que prejudicaram substancialmente o sistema atuarial e influenciaram para que houvesse o desvio das contribuições destinadas à seguridade social.
Desta forma, o objetivo principal desta monografia é esclarecer os pontos em que a proposta de emenda constitucional nº 287 de 2016 viola os direitos fundamentais, e a sua incompatibilidade com o texto constitucional, bem como evidenciar quais os fundamentos para que se sustente a alegação de déficit previdenciário.
1. HISTÓRICO DA SEGURIDADE SOCIAL 
1.1. Evolução da proteção social no mundo
Na história mundial, a proteção social foi criada e vem sendo modificada de acordo com a evolução da sociedade, conforme surgem e desaparecem as necessidades inerentes à população.
Inicialmente a proteção social era prestada por instituições particulares, isto é, até meados do Século XVII, não existia qualquer tipo de sistema previdenciário estatal, sendo este cedido por forma de socorros mútuos decorrentes da solidariedade. 
Melhor dizendo, desde os primórdios o homem já era sujeito a risco e muitas vezes, em razão da ocorrência deste, o homem se encontrava sem a possibilidade de prover seu sustento, seja por uma doença, por desemprego, morte de familiar, maternidade e etc. 
Contudo, a atual proteção que o Estado concede para os indivíduos nesta circunstância não existia, e toda e qualquer ajuda provinha de instituições religiosas, pequenas associações, e até mesmo amigos e vizinhos. 
Todavia, determinadas camadas sociais de maior vulnerabilidade ainda se encontravam desprotegidas, e tornou-se primordial que o Estado tomasse as medidas cabíveis para que todos esses cidadãos tivessem o devido respaldo legal e social.
O primeiro dispositivo legal a respeito de Seguridade Social surgiu em Roma, anos antes de cristo, com a Lex Terentia Cassia Frumentaria.[1: Lei implantada pelo político Caio Graco, determinava que o Estado deveria distribuir cinco medidas de trigo para todas as famílias pobres que estivessem registradas como tal.]
Outro exemplo de norma de proteção social antiga é a fórmula previdenciária criada pelo imperador Trajano. A mesma estabelecia uma quantia suficiente para manter pelo menos 300 (trezentas) crianças pobres das redondezas de Veleia, fato que pode ser encontrado exposto no Museu Arqueológico de Parma.
Houve também a Lei dos Pobres de 1601 (PoorReliefAc), proferida pela Rainha Elizabeth I, da Inglaterra, e tinha como objetivo criar meios dos quais pessoas desempregadas pudessem trabalhar para a Igreja ou para o Estado para que houvesse uma reintegração dessa parcela da população inglesa à sociedade. Esta norma foi um grande marco histórico da proteção social no mundo.
Após estas leis implantadas por grandes reis e imperadores, por volta do século XIX é que se popularizou a efetiva tutela social advinda do Estado. 
Com a Revolução Industrial houve uma grande mudança e urbanização mercado de trabalho e consequentemente do trabalhador, trazendo novas necessidades de proteção social, e consequentemente, mais riscos. 
Com base nesses fatos, os trabalhadores urbanos se organizaram em sociedades de socorros mútuos para que pudessem se proteger de eventuais riscos causados por esta nova fase (acidentes, doenças, desemprego e etc.), fato que se tornou aos poucos uma manifestação popular, logo, trouxe maior potencial a esses operários para exigir seus próprios Direitos perante o Governo, criando então, a necessidade de tutela governamental, em um primeiro momento, para esses indivíduos em específico.
No ano de 1883, na Alemanha, o chanceler Otto Von Bismarck, atento a pressão realizada pelos trabalhadores, percebe que deveria atender aos seus pedidos e realmente criar um sistema de proteção a sociedade, para que a situação não se agravasse ainda mais. [2: Otto Von Bismarck foi um governante que implantou o segundo império de na Alemanha no século XIX, criando o Estado nacional único.]
E foi assim, portanto, que surgiu o primeiro modelo de Proteção Social, fonte de inspiração dos outros países Europeus e consequentemente, do mundo, tendo este perdurado até o período da segunda guerra mundial.
Este modelo tinha como embasamento a proteção exclusiva dos Trabalhadores Urbanos, o financiamento tripartite proveniente dos empregados, empregadores e Estado, tudo isso gerenciado e organizado pelo próprio Estado.
Após o término da segunda guerra mundial, surgiu novamente a necessidade de mudança, para que houvesse a adaptação do sistema proteção social na situação pós-guerra em que o mundo se encontrava. 
Por conseguinte, na Inglaterra o economista inglês William Henri Beveridge foi requisitado para que após um profundo estudo sobre a situação social de seu país, desenvolvesse um novo modelo de proteção tendo como princípio norteador a universalidade de cobertura a todos os integrantes da sociedade.
Em 1944, houve a criação da OIT (Organização internacional do trabalho), da qual por meio de convenção apresentou para todos os países o modelo de seguridade social.[3: Organismo integrante da ONU com o fim de tutelar especificamente, questões concernentes a esfera trabalhista.]
Posteriormente, o modelo de seguridade social continuou presente nas inovações legislativas, e em 1948, foi criada a Declaração Universal de Direitos Humanos, da qual em seus artigos 20 e 21 dispunha sobre o assistencialismo social.
Em 1952 foi aprovada a Convenção 102 da OIT, da qual previa a norma mínima de seguridade social, isto é, requisitos mínimos que os países que a adotassem deveriam seguir, sobre assuntos concernentes à assistência médica, de proteção aos desempregados e os riscos da doença, da velhice, da invalidez, da morte, de acidentes do trabalho e doenças profissionais, das prestações familiares e de maternidade. 
É notório que a presente norma também tem um caráter universalista conforme as citadas anteriormente, sendo estas, fonte de inspiração para a redação da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.
1.2. Evolução da proteção social no Brasil
A evolução da proteção social no Brasil foi constituída de cinco fases: fase de implantação, fase de expansão, fase de unificação, fase de reestruturação, e por fim, a fase da Seguridade Social. (BALERA, 2016).
O principal marco da fase de implantação ocorreu por meio da Lei Eloy Chaves, em 1923, que estabeleceu um sistema de Caixas de Aposentadorias e pensões para os ferroviários.[4: Lei que consolidou o sistema previdenciário brasileiro.]
Na segunda fase, logo após a primeira crise previdenciária de 1930, de 1933 a 1959, houve um momento de expansão da proteção social, isto é, benefícios que anteriormente abrangiam apenas os ferroviários se expandiram para as demais categorias de trabalhadores de forma individualizada. Desta forma é que surgiram os IAP – Institutos de Aposentadoria e Pensões (dos Marítimos, dos Comerciários, dos Bancários, dos Empregados em Transporte de Carga).
De 1960 a 1970 houve o período de unificação, em que os benefícios anteriormenteindividualizados por grupos de trabalhadores passaram a se agregar em um único regime geral que abrangia a todos.
Foi neste momento que surgiu a LOPS (Lei Orgânica da Previdência Social, Lei 3.807/1960), o FUNRURAL (Fundo de Assistência e Previdência do Trabalhador Rural – Lei 4.214/1963) e o INPS (Instituto Nacional da Previdência Social – Dec.-lei 72/1966).
O quarto momento, de 1977 a 1988, foi a fase de reestruturação, em que houve uma reorganização dos órgãos componentes da proteção social. Foi instituído o SINPAS (Sistema nacional de previdência e assistência social – Lei 6.439/1977), que era subdividido nos órgãos IAPAS (Instituto de administração financeira de previdência e assistência social); o INAMPS (Instituto nacional de assistência médica da previdência social); INPS (Instituto nacional de previdência social); DATAPREV (Empresa de processamento e dados); LBA (Fundação legião brasileira de assistência); CEME (Central de medicamentos); FUNABEM (Fundação nacional de assistência e bem-estar do menor).
Tal mudança foi unicamente estrutural, pois nada sobre a matéria dos benefícios, direitos, valores e conteúdos foi modificado.
Por fim, a quinta fase é a da Seguridade Social propriamente dita, da qual se iniciou com a promulgação da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 e perdura até os dias de hoje.
A Carta Magna de 1988 estabeleceu um novo sistema de financiamento, do qual compreende Previdência Social, Assistência Social e Saúde.
Este sistema é totalmente financiado pelas contribuições de empregados, empregadores e do Estado em sua totalidade.
Nesta fase houve também, algumas alterações e substituições estruturais no que tocante às autarquias responsáveis pela organização de cada instituto, para que houvesse uma melhor adequação ao novo sistema tripartite.
Na esfera da Previdência foi criado o Regime Geral de Previdência Social –RGPS, regime que abrange a todos os cidadãos, salvo as categorias de trabalhadores que possuem regime próprio, tendo como requisito para a fruição do benefícios o pagamento de contribuição, sendo este gerido e coordenado pela autarquia INSS – Instituto Nacional do Seguro Social.
O Sistema Único de Saúde (SUS) substituiu a autarquia federal INAMPS, ficando então, responsável pela organização da Saúde conforme Lei n. 8.689/93.
No âmbito da Assistência social, fica responsável o CNAS, substituindo o LBA e CBIA por meio da Medida Provisória n. 813, de 1.1.1995 convertida na Lei n. 9.649/98.
1.2.1. Emendas constitucionais após a Constituição da República Federativa do Brasil
Porém, mesmo após a Constituição Cidadã, ainda foram promulgadas uma série de Leis, Emendas e Decretos que modificaram o sistema de Seguridade Social, sendo estas:
A Emenda Constitucional n. 20 de 1988 modificou a forma de contagem de aposentadorias no Regime Geral da Previdência Social e até o Regime dos Servidores Públicos;
O Decreto 3.048 de 1999 elaborou um novo Regulamento para o Plano de Benefícios e Custeio;
Lei 9.876 de 1999, dispositivo de lei que fez inúmeras alterações nas Leis 8.212 e 8.213 de 24 de julho de 1994, e também no que tange a contribuições previdenciárias do contribuinte individual, bem como cálculo do benefício;
A Medida Provisória 103 de 2003 transformou o Ministério da Previdência e Assistência Social em Ministério da Assistência e Promoção Social e Ministério da Previdência Social;
A Lei 10.683 de 2003 é uma norma que discorre sobre a Presidência da República e dos Ministérios, tendo esta, criado o Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome;
A Lei 10.710 de 2003 fez alterações sobre o benefício de salário-maternidade;
As Emendas 41 e 42 promulgadas em 2003 não trouxeram mudanças substanciais no RGPS, pois o seu principal objeto de mudanças foi os regimes próprios de agentes públicos da União, Estados, Distrito Federal e Municípios.
A Lei 11.098 de 2005 atribui novas prerrogativas ao Ministério da Previdência Social.
Em 2005 mais uma reforma a constituição foi promulgada, A Emenda n. 47, desta vez apenas para suprir lacunas da emenda anterior (41/2003), por este motivo a respectiva emenda foi apelidada de Projeto de emenda constitucional paralela.
Posteriormente, em 2007, houve uma unificação da Secretaria da Receita Federal e a Secretaria da Receita Previdenciária em um único instituto, a Receita Federal do Brasil, por meio da Lei n. 11.457 de 16 de março.
Em 2008 a ratificação da Convenção n. 102 da OIT, a respeito da norma mínima da seguridade social;
A Lei 11.718 de 20 de junho de 2008, que trouxe o contrato de trabalhador rural por pequeno prazo e também as normas transitórias sobre aposentadoria;
Ainda em 2008 a Lei Complementar n. 128 de 19 de dezembro trouxe alterações no tocante a alíquotas sobre aposentadoria por tempo de contribuição e contagem recíproca.
O Decreto n. 6.727, de 12 de janeiro de 2009 incluiu o aviso prévio no rol das verbas integrantes do salário.
O Decreto n. 6.939 de agosto de 2009 fez algumas alterações em relação a forma de cálculo do salário benefício nos casos de auxílio doença e aposentadoria por invalidez.
A Lei n. 12.023 de agosto de 2009 fixou a obrigatoriedade do Fundo de Garantia com percentuais relativos ao décimo terceiro salário, férias, encargos fiscais, sociais e previdenciários.
A Lei 12.435 de 2011 alterou o que diz a letra da Lei 8.742 de 7 de dezembro de 1993 a respeito da organização da assistência social
A Lei 12.618 de 2012 possibilitou a aquisição regime de previdência complementar aos servidores públicos federais de cargo efetivo.
A Lei Complementar 142 de 2013 estabeleceu as normalizações do §1º do artigo 201 da CRFB sobre a aposentadoria da pessoa com deficiência do RGPS.O Decreto 8.123 de 2013 fez alterações sobre a aposentadoria especial regidas pelo Decreto n. 3.048 de 6 de maio de 1999.
2. DEFINIÇÃO DE SEGURIDADE SOCIAL
2.1. Noção geral
O sistema de seguridade social nada mais é do que um mecanismo criado pelo Estado de forma a suprir todas as necessidades da população, tendo em vista um ideal de justiça social previamente estabelecido pela Lei Maior, de forma a trazer este ideário a realidade do mundo fenomênico.
Conforme Wagner Balera (2016, p.16) é possível utilizar o disposto no artigo 3º, III, da CFRB para definir o conceito de justiça social: “Erradicar a pobreza e reduzir as desigualdades sociais e regionais, bem qualificada pela Lei das Leis como objetivo da República.”
Portanto, é possível concluir que a seguridade social é o meio pelo qual a justiça social vem a ser aplicada na sociedade para reestabelecimento da ordem. 
Dizendo de outro modo, as doenças, desemprego, velhice, são situações recorrentes, que se não forem tutelas pelo Estado, acabam gerando situação de risco, e consequentemente, um estado de desordem social. Tendo isto em vista é que são criados os programas de proteção, para que todos esses casos sejam imediatamente solucionados pela seguridade, e a ordem e justiça social retornem aos parâmetros da sociedade.
Para que todo o sistema de seguridade social possa ter eficácia, a Constituição Federal regulamentou o sistema de seguridade social divido em três partes: Saúde, Assistência Social e Previdência Social. 
Todas as partes são de suma importância para que o sistema tripartite leia-se seguridade social, se mantenha em funcionamento, sendo que cada parte é encarregada de uma determinada camada social, constituindo um único elemento.
O conceito de seguridade social é fixado pelo artigo 194, caput, da Constituição da República Federativa do Brasil: A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social. (BRASIL, 1988).
Portanto, conforme as considerações à cima e com o conceito de seguridade social estabelecido pela carta magna é possível concluir que este sistema protecionista foi feito para abranger todas as camadas sociaissem distinção, trazendo assim, uma segurança social, para aqueles que não podem provê-la por meios privados.
Tal sistema passa a ter aplicabilidade por meio de cada subdivisão (saúde, assistência social e previdência), das quais serão melhor definidas a seguir.
2.2. Saúde
A saúde é um dos principais pilares da Seguridade Social, e da própria sociedade em si, já que, seus efeitos refletem por todos os outros elementos do corpo social. É um direito previsto na Constituição Federal, nos artigos 196 a 200, e também na Lei 8.080, de 19.09.1990, a Lei de 8.142, de 28.12.1990 e a Lei 8.212 de 24.07.1991 (art 2.º).
Conforme o artigo 196 da Lei das Leis dispõe, a saúde é um direito de todos, independente de contribuição. Isto é, ao contrário da previdência social, não é necessária nenhuma contraprestação ao Estado para usufruir da saúde pública, já que a ideia é atender a todos que precisarem destes serviços, sem exceção.
Sob a perspectiva deste objetivo, é que foi criado o Sistema Único de Saúde (SUS), visando atender as necessidades da população por meio de programas de prevenção, proteção e recuperação de saúde.
Isto posto, é possível notar a importância da saúde dentre a composição do Sistema de Seguridade Social, tendo em vista que a prevenção e proteção de doenças é um elemento essencial para que todas as outras esferas da sociedade possam prosperar.
2.3. Assistência Social
A Assistência Social é uma política da Seguridade Social, que visa integrar todos os excluídos socialmente, seja por deficiência, por idade avançada, e até mesmo proteger pessoas que se encontram fragilizadas temporariamente, como as gestantes, os desempregados, as crianças e adolescentes carentes. 
Isto é, o objetivo da Assistência Social é proteger e dar amparo a todos os cidadãos, por meio de benefícios eventuais ou de prestação continuada, seja por nascimento, morte e ainda aqueles que se encontram mais vulneráveis ou desintegrados da coletividade, sem a exigência de contribuição prévia para tal.
A Assistência Social é regulamenta pelos artigos 203 e 204 da Carta Constitucional de 1988 e no art. 4º da Lei 8.212/1991, e por sua legislação própria a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) – Lei 8.742, de 07.12.1993.
Dentre os benefícios disponibilizados pela Assistência Social esta O Benefício de Prestação Continuada – BPC, sendo sua operacionalização responsabilidade do INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social), do qual poderá também ser diretamente afetado pela reforma previdenciária, conforme será abordado mais a frente. 
O benefício mencionado, concede a prestação mensal de um salário mínimo, para os idosos de 65 (sessenta e cinco) anos ou mais, ou ao portador de deficiência. 
O Requisito necessário para aquisição do benefício é que a renda per capita familiar destas pessoas sejam de no máximo ¼ do salário mínimo.
Por conseguinte, é notória a importância da Assistência Social para a estruturação da sociedade, por meio da proteção e amparo de todo o ciclo de vida, de nascimento à morte, de todos os cidadãos, especialmente daqueles que mais necessitarem destes serviços.
2.4. Previdência Social
O artigo 201 da Constituição Federal e A Lei 8.213/1991 disciplinam a Previdência Social, e determinam que a mesma deve ser de filiação obrigatória ou facultativa, e de caráter contributivo[5: A filiação é obrigatória para os segurados empregados, trabalhadores avulsos, empregados domésticos, contribuinte individual e segurado especial.][6: A filiação é facultativa apenas para os maiores de dezesseis anos que não possuem renda própria.]
A principal função da previdência social é, por meio das contribuições, atender as necessidades da população, sobretudo no que se refere às situações em de maior vulnerabilidade, como por exemplo, a incapacidade laborativa, idade avançada, desemprego involuntário e etc. 
Para essas situações, é que foram criados os benefícios de auxílio doença, aposentadoria por invalidez, o salário maternidade, o seguro desemprego, o salário-família, auxílio reclusão e assim por diante. 
O órgão responsável pela prestação da Previdência Social, é a Autarquia do Instituto Nacional de Seguridade Social, do qual tem a obrigação de melhor atender os cidadãos em situação de instabilidade, por meio da concessão de seus benefícios.
Contudo, na Previdência Social, ao contrario dos outros componentes do sistema tritpartite, para que um indivíduo possa usufruir dos benefícios, é necessário que o mesmo preste uma contraprestação ao Estado, isto é, que o mesmo pague contribuições ao Instituto Nacional de Seguridade Social, e consequentemente, será gerada ao contribuinte uma filiação, isto é, a qualidade de segurado, que o permitirá receber os benefícios conforme sua necessidade.[7: Situação atribuída a todo aquele que tem uma inscrição efetivada ao INSS e realiza contribuições mensais.]
Portanto, a Previdência Social, também é de suma importância, para que todos os cidadãos tenham a garantida de estabilidade e proteção, mesmo nos momentos em que estes não possam exercer a atividade laborativa.
3. ESTRUTURA DA SEGURIDADE SOCIAL
Os principais princípios que estruturam a seguridade social advêm do próprio texto constitucional.
Alguns deles encontram-se, mais especificamente, no parágrafo único do artigo 194 da Constituição (Brasil, 1988), do qual dispõe que o Poder Público deverá organizar a seguridade social observando sempre: 
I - universalidade da cobertura e do atendimento;
II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais;
III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços;
IV - irredutibilidade do valor dos benefícios;
V - eqüidade na forma de participação no custeio;
VI - diversidade da base de financiamento;
VII - caráter democrático e descentralizado da gestão administrativa, com a participação da comunidade, em especial de trabalhadores, empresários e aposentados.
VII - caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados. (grifo nosso)
Destarte, faz-se necessário a análise sucinta de cada um destes princípios.
3.1. Da universalidade de cobertura e atendimento
Dentre os princípios constitucionais específicos da seguridade social, a universalidade da cobertura e do atendimento é um dos mais importantes, já que é este que aponta diretamente os sujeitos dos quais a seguridade social deverá operar para garantir proteção. 
Assim sendo, é possível observar que o mencionado princípio segue o raciocínio do principio constitucional da isonomia, disposto pelo artigo 5º da Lei Maior, pois “universalidade de cobertura e atendimento” significa que essa proteção social será estendida a todos que de alguma forma forem passíveis de riscos que geram a incapacidade de prover o próprio sustento, de forma equivalente.
Logo, é evidente que a essência do raciocínio jurídico de ambos os princípios é a mesma.
3.2. Da uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais
Seguindo diretamente os princípios da universalidade e da isonomia, a Carta Magna estabelece ainda no artigo 194, inciso II, o princípio da uniformidade e equivalência dos benefícios às populações urbanas e rurais.
Tal princípio tem como objetivo trazer tratamento igualitário para os trabalhadores rurais, já que antes da promulgação da nossa atual constituição, por mais que tivessem sido criados o Serviço Social Rural em 1955 e posteriormente, em 1971 o Programa de Assistência ao Trabalhador Rural com a Lei Complementar n.11, os mesmos não tinham nem metade da proteção cedida aos trabalhadores urbanos, fazendo com que o agrícola ficasse em pé de desigualdade.
No mesmo diapasão conceitua São João XXIII (Carta Encíclica MateretMagistra, 15 de maio de 1961, ponto 135):[8: São João XXIII foi um papa que pertencia a Ordem Franciscanae escolheu como o seu lema papal a “Obediência e Paz”.]
(...) não seria conforme a justiça social e à equidade estabelecer sistemas e seguros sociais ou de previdência social em que os lavradores e respectivas famílias se vissem notavelmente menos bem tratados que os setores da indústria e dos serviços. Julgamos, porém, que a política social deve ter como objetivo proporcionar aos cidadãos um regime de seguro que não apresente diferenças notáveis, qualquer que seja o setor econômico em que trabalham ou de cujos rendimentos vivem.
Imperioso ressaltar que o discurso proferido pelo Papa esta em consonância com os fundamentos básicos da seguridade social, já que está tem suas origens fundadas na solidariedade, fraternidade, que muitas vezes é inerente a própria Igreja Católica, e outras religiões.
Portanto a letra da Constituição Federativa da República de 1988 trouxe o referido principio de modo erradicar toda injustiça social existente, igualando totalmente ambas as categorias de trabalhadores, independente de setor econômico em que este labore.
3.3. Da Seletividade e distributividade das prestações de benefícios e serviços
A seletividade, conforme explicita o inciso III do artigo 194 da CF/88, traz a aplicabilidade do seguro social, isto é, o legislador trará em letra de lei os determinados programas criados para solucionar cada tipo de risco social elencado pelo constituinte.
Tais programas devem ser criados, modificados e extinguidos conforme a necessidade e evolução social, devendo os mesmo se adequar a contemporaneidade. 
A distributividade permite com que os benefícios e serviços sejam aplicados de forma individual para cada segurado, isto é, mesmo que o princípio da isonomia e da universalidade de cobertura tragam a necessidade de equidade, para que esta realmente se efetive é necessário que cada um receba o tratamento adequado conforme suas necessidades, para que assim fiquem de forma equânime. 
Em outras palavras, aqueles que têm maiores necessidades merecem maior atenção, e assim sucessivamente. 
De acordo com Wagner Balera (2016, p.33) “as necessidades não são iguais e as prestações são o aparato apto a reposicionar os indivíduos e os grupos de modo a permitir que nenhuma necessidade fique a descoberto”.
Por fim, é possível concluir que para que o princípio da seletividade e distributividade das prestações dos benefícios e serviços seja efetivo, é necessário que cada qual seja tratado de forma desigual conforme suas dificuldades, e após isso, tornem-se iguais.
3.4. Da organização e financiamento
A seguridade social é planejada e organizada de uma forma que todos os indivíduos possam participar de seu financiamento. Tal mecanismo procura amenizar as desigualdades sociais, trazendo, portanto, um assistencialismo mútuo, no qual todos os indivíduos participam de uma arrecadação de fundos que possa proteger determinado cidadão que se encontra em situação de risco. Para isto, foi disciplinado em texto constitucional duas formas de arrecadação de recursos, a indireta e a direta.
3.4.1. Da irredutibilidade do valor de benefícios
Este princípio é responsável pela garantia do direito adquirido do segurado, o mesmo está elencado no inciso IV do art. 194 da CFRB/88.
Se o Estado pudesse reduzir o benefício já anteriormente adquirido, geraria uma grande insegurança social, portanto a própria constituição criou este princípio como mecanismo de proteção para que todos tenham direito a serviço com valores dignos.
3.4.2 Da equidade na forma de participação no custeio
Obedecendo ao já citado principio isonomia o constituinte traz a equidade na forma de participação no custeio.
Seguindo o raciocínio lógico de que o seguro social deve abranger a todos sem distinção, logo esta organização também deve ser financiada por todos, proporcionalmente, conforme o entendimento do legislador. 
É necessário levar em consideração, o poder econômico de cada segurado para ajustar a quota parte a ser contribuída por cada um para que não haja maiores prejudicados.
Neste caso o principal fator de diferenciação entre um segurado e outro é o risco, do qual traz por consequência a diferenciação do serviço ou benefício para determinado risco, o valor da contribuição bem como o resultado final.
O artigo 239, §4º da Lei Maior (BRASIL, 1988), traz um claro exemplo desta distinção: “§ 4º O financiamento do seguro-desemprego receberá uma contribuição adicional da empresa cujo índice de rotatividade da força de trabalho superar o índice médio da rotatividade do setor, na forma estabelecida por lei.”
É notório que no dispositivo de lei à cima o legislador estabelece uma forma de discriminação entre as empresas de acordo com a rotatividade da força de trabalho, leia-se, risco, de forma a torna-las equiparadas no que tange a participação e no custeio do seguro-desemprego.
Outro exemplo a ser citado é a fixação alíquotas diferenciadas pelo ordenamento jurídico para empresas que tenham maior índice de acidentes de trabalho.
3.4.3. Da Diversidade da base de financiamento
A diversidade de financiamento determinada pelo artigo 194, VI, da Lei Magna, nada mais é do que um mecanismo amparo da seguridade social.
Segundo o professor Wagner Balera, existem dois critérios de fixação da diversidade da base de financiamento, sendo estes objetivo e subjetivo.
O critério objetivo determina os fatos geradores de contribuição social, ao passo que o subjetivo dispõe em que termos as pessoas físicas e jurídicas serão chamadas a contribuir (BALERA, 2016).
O financiamento é realizado por meio não só das cobranças realizadas diretamente dos cidadãos como também de fundos provindos diretamente dos entes federativos, fazendo com que a participação de todos realmente se efetive.
3.4.4. Caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, empregadores, aposentados e governo
É do conhecimento de todos que após a promulgação de Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 o Brasil tornou-se um país democrático.
Tendo em vista esse princípio primordial, a administração da seguridade social não poderia ser diferente. O inciso VII do artigo 194 da Magna Lei dispôs que tanto os trabalhadores, como empregadores, aposentados e o próprio governo deveriam integrar os quadros desta organização.
Portanto, o dever que era inicialmente exclusivo do Estado, passou a se distribuir para que o próprio segurado pudesse participar dos mecanismos de proteção social conjuntamente com a União, os Municípios, Estados e Distrito Federal.
O aparato dos princípios da seguridade social tem como objetivo a manutenção das garantias individuais e sociais, para que com a proteção e participação de todos possamos expandir para um sistema protecionista cada vez mais justo e eficaz.
3.4.4.1. Recursos Indiretos
Os Recursos indiretos são aqueles provenientes de fundos do orçamento fiscal dos Entes Federativos, muitas vezes arrecadados por meio de tributos, e que devem ser obrigatoriamente destinados ao fim específico de financiamento e manutenção do arcabouço da seguridade social.
A vinculação destes recursos estabelecida pelo ordenamento jurídico traz proteção a este capital, e consequente segurança de que o sistema de seguridade social não fique desamparado, mesmo que as demais contribuições (Recursos diretos) sejam insuficientes.
Ocorre que, em dissonância com o próprio texto da Magna Carta, a Emenda Constitucional nº 68 de 2011 trouxe em seu bojo conteúdo que desestabiliza tal a preservação deste orçamento, já que a mesma desvinculou expressamente 20% (vinte por cento) dos fundos ou despesas da arrecadação da União de impostos ou contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico até o ano de 2015.
Assim expressa o artigo 76 da Emenda mencionada, (BRASIL, 2011, Emenda Constitucional nº 68):
Art. 76. São desvinculados de órgão, fundo ou despesa, até 31 de dezembro de 2015, 20% (vinte por cento) da arrecadação da União de impostos, contribuiçõessociais e de intervenção no domínio econômico, já instituídos ou que vierem a ser criados até a referida data, seus adicionais e respectivos acréscimos legais.
Em outras palavras, a emenda constitucional além de modificar as normas do sistema de financiamento da seguridade social legitimou o estado a realizar a destinação que quiser com a arrecadação desses tributos, abrindo-se margem para que se desvie o dinheiro de onde ele é realmente necessário.
Ocorre que o Plano de Custeio foi criado e pensado para que funcionasse com exatamente todos os recursos do qual estabeleceu, desse modo, resta claro que a retirada de qualquer parte deste mecanismo gera como conseqüência a necessidade de fazer um novo plano levando em consideração todas as necessidades atuais. 
3.4.4.2. Recursos Diretos
Os Recursos Diretos estão regulamentos no artigo 149 da CF/88, dos quais são arrecadados diretamente da sociedade por meio de contribuições a previdência social dos empregadores, empregados, e mesmo os trabalhadores autônomos.
Ao contrário dos recursos indiretos, de que a porcentagem destinada ao financiamento é mera conseqüência do fato gerador, sem qualquer vínculo com alguma contraprestação do Estado, os recursos diretos são naturalmente ligados ao direito a gozo de um benefício.
Tal sistema tem como fundamento a solidariedade, pois, aqueles que são ativos no mercado de trabalho “sustentam” aqueles que não têm mais condição de exercer a atividade laborativa em virtude a ocorrência do risco, seja ele a idade avançada, doença e etc.
A forma de financiamento é disciplinada pelo artigo 195 da Lei das Leis, (BRASIL, 1988):
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:
        I -  do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre:
            a)  a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício;
            b)  a receita ou o faturamento;
            c)  o lucro;
        II -  do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201;
        III -  sobre a receita de concursos de prognósticos.
        IV -  do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar.
Portanto, como será melhor demonstrado mais a frente, para que o sistema de seguridade social funcione com plena eficácia, é necessário que a arrecadação destes recursos seja destinada exatamente como o poder constituinte originário elaborou,
4. A PROPOSTA DE EMENDA CONSTITUCIONAL 287/2016
A proposta da PEC 287/2016, elaborada pelo chefe do poder executivo, pretende reformar a previdência social a qual se encontra supostamente em déficit, para fins de reestabelecer a situação econômica no país. 
Contudo, conforme se pretende demonstrar neste trabalho,tal concepção é prejudicial à sociedade, bem como inconstitucional, pois pretende modificar normas de seguridade social que estão vinculadas aos direitos fundamentais, previsto no art. 5º da CF/88, tratando-se, portanto, de cláusulas pétreas, ou seja, que não podem ser modificadas por meio do poder constituinte reformador.
A referida mudança nas normas securitárias, são, em essência restritiva de direitos, fato que contraria de forma clara o disposto no artigo 60, § 4º, inciso IV da Major Lex, (BRASIL, 1988):
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:
…§ 4º – Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:
I – a forma federativa de Estado;
II – o voto direto, secreto, universal e periódico;
III – a separação dos Poderes;
IV – os direitos e garantias individuais.(grifo nosso)
Conforme os ditames do artigo acima resta claro que quaisquer emendas que pretendam abolir, ou restringir os direitos fundamentais não poderão em hipótese alguma ser objeto de proposta.
Além disso, a emenda constitucional entra em colisão com os princípios da seguridade social já estabelecidos anteriormente pelo artigo 194 da CF/88.
O inciso IV do parágrafo único do artigo 194 da Constituição federal, por exemplo, determina como uma das regras pertinentes à seguridade social a irredutibilidade dos benefícios (aposentadoria, auxílio doença, benefício assistencial ao idoso e etc.), porém há vários artigos presentes no texto da nova PEC que regulamentam a redução dos percentuais para cálculo dos mesmos. 
A Comissão Nacional de Direitos Humanos, em Recomendação nº 03, de 10 de março de 2017, estabelece alguns pontos em que a reforma apresenta retrocesso social, sendo eles:
a) Exigência de idade mínima para aposentadoria a partir dos 65 (sessenta e cinco) anos para homens e mulheres; 49 (quarenta e nove) anos de tempo de contribuição para ter acesso à aposentadoria integral;
b) Redução do valor geral das aposentadorias;
c) Precarização da aposentadoria do trabalhador rural;
d) Pensão por morte e benefícios assistenciais em valor abaixo de um salário mínimo;
e) Elevação da idade para o recebimento do benefício assistencial (LOAS) para 70 anos de idade;
f) Exclui as regras de transição vigentes;
g) Impede a cumulação de aposentadoria e pensão por morte;
h) Regras inalcançáveis para a aposentadoria dos trabalhadores expostos a agentes insalubres;
i) Fim das condições especiais para a aposentadoria dos professores;
j) Exigência de contribuição mínima de 25 anos para ter acesso a previdência.
Isto é, a proposta de emenda constitucional é indiscutivelmente uma afronta à seguridade social, e se esta for futuramente aprovada, entrará em colisão de normas com o artigo 194 da CF/88, além dos Princípios gerais estampados pela Constituição Federal de 1988, dentre eles, a Dignidade da Pessoa Humana.
Outro ponto notoriamente contraditório são os cálculos apresentados que embasam alegação de que é necessária a reforma em razão do déficit previdenciário. 
O inciso VI do mencionado artigo, e também no artigo 195 da carta magna dispõe sobre a diversidade da base de financiamento, ou seja, nos termos da constituição federal, a seguridade social será financiada por toda a sociedade, isto compreende folha de pagamentos, o faturamento e sobre o lucro das empresas; os salários e rendimentos dos segurados da Previdência Social; a receita de concursos de prognósticos e do importador de bens e serviços, isto é, para que seja feita uma análise dos dados do Boletim Estatístico da Previdência Social correta e dentro dos termos da constituição federal, é necessário que se leve em consideração todos os itens citados no dispositivo de lei. 
Todavia, o cálculo apresentado pelo Ministério da Previdência Social que declara a previdência deficitária considera somente o item referente ao recolhimento proveniente das contribuições sociais incidentes sobre a folha de salários, ou seja, apenas o inciso I, alínea “a”, e o inciso II do art. 195 da Constituição Federal.
Desta forma, resta claro que há inúmeras lacunas e contradições presentes na explicação apresentada pelo Ministério da Previdência Social de que a reforma proposta pelo Poder Executivo é necessária, bem como é notório o quão é prejudicial aos direitos fundamentais dos cidadãos.
O Presente trabalho busca analisar de forma detalhada a incoerência da proposta de emenda constitucional, no que tange a sua constitucionalidade e em especial averiguar quais são os direitos fundamentais mais afetados com sua possível homologação.
4.1. Da Inconstitucionalidade da PEC
Conforme já exposto anteriormente, ficou claro que a referida Proposta de Emenda a Constituição fere diretamente os direitos fundamentais.
É pacífico o entendimento de que não há hierarquia entre as normas constitucionais, porémtambém é firmado o entendimento do Supremo Tribunal Federal de que é possível o realizar o controle de constitucionalidade quando se tratar de normas advindas do poder reformador, para que as inúmeras reformas propostas não manipulem a essência do bojo constitucional,vide ADIn 815 (Rel. Moreira Alves, DJ 10.05.1996, RTJ 163, p. 872).
No mesmo entendimento ensina o Ministro Gilmar Ferreira Mendes (2000, p. 124-125):
Não permitir a eliminação do núcleo essencial da Constituição, mediante decisão ou gradual processo de erosão, nem ensejar que uma interpretação ortodoxa acabe por colocar a ruptura como alternativa à impossibilidade de um desenvolvimento constitucional legítimo.
Cabe, portanto, ressaltar quais foram esses direitos fundamentais violados á luz dos princípios presentes na constituição.
4.1.1. Violação ao Direito Fundamental a Previdência e a Dignidade da Pessoa Humana
O artigo 1º da Emenda modifica o conteúdo do artigo 40 da CFRB/88, mais especificamente o §3º, inciso I, (BRASIL, 2016):
§ 3º Os proventos de aposentadoria, por ocasião da sua concessão, corresponderão: 
I - para a aposentadoria voluntária, a 60% (sessenta por cento) da média das remunerações e dos salários de contribuição utilizados como base para as contribuições, apurada na forma da lei, acrescidos de 1 (um) ponto percentual, para cada ano de contribuição considerado na concessão da aposentadoria, aos regimes de previdência de que tratam este artigo e art. 201, até o limite de 100% (cem por cento) da média; e
Ou seja, tal modificação praticamente inviabiliza o gozo da aposentadoria por contribuição para o beneficiário, pois, para que este usufrua do seu valor integral, este terá que ter vertido 49 (quarenta e nove) anos de contribuição para a previdência social.
Logo, mesmo que o segurado já tenha a idade mínima de 65 (sessenta e cinco) anos e não possua os 49 (quarenta e nove) anos de contribuição, sua aposentadoria provavelmente terá um valor mensal demasiadamente baixo, fato que é totalmente abusivo, e traz condições indignas de vida ao cidadão brasileiro, que terá que laborar até a idade avançada para que consiga obter um benefício razoável.
Além disso, houve o aumento idade mínima para concessão de aposentadoria voluntária e compulsória tem como base o aumento da expectativa de vida da população.
Porém, a emenda não estabelece os meios pelo qual tal mudança será efetivada, seja por lei, ou automaticamente com a promulgação da PEC, e tão pouco determina se ocorreria uma diminuição do mínimo caso houvesse uma redução da expectativa de vida, fato que causa extrema insegurança jurídica a população, da qual carece de informação para saber quais realmente são seus direitos.
Tais alterações afetam, certamente, o princípio fundamental daDignidade da Pessoa Humana, disposto no artigo 1º, III, da Lei das Leis, bem como os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade.
4.1.2. Ofensa ao Princípio da Isonomia e da Seletividade e distributividade das prestações de benefícios e serviços
A reforma pretende igualar a idade mínima para aposentadoria de homens e mulheres.
Por mais que esta atitude pareça ter um caráter isonômico, na verdade é oposto disto, pois o princípio da isonomia consiste em tratar os desiguais conforme suas peculiaridades para que então possam se tornar equiparados.
Esta alteração viola a isonomia entre homens e mulheres, que atualmente no mercado de trabalho, realizam a chamada “dupla jornada”, e, portanto, fazem jus a idade mínima mais baixa, para que ambos os sexos fiquem em pé de igualdade perante a sociedade.
Também infringi o princípio da seletividade e distributividade das prestações de benefícios e serviços, que cede ao seguro social autonomia para realizar as necessárias diferenciações entre segurados para suprir as necessidades de cada qual, seguindo todo o raciocínio já pré-estabelecido pela universalidade de cobertura e atendimento.
4.1.3. Ofensa ao Princípio da Irredutibilidade do Valor dos Benefícios
4.1.3.1. Pensão por morte
A PEC traz uma alteração substancial ao § 16 do artigo 201 da CFRB/88, (BRASIL, 2016):
§ 16. Na concessão do benefício de pensão por morte, cujo valor será equivalente a uma cota familiar de 50% (cinquenta por cento), acrescida de cotas individuais de 10 (dez) pontos percentuais por dependente, até o limite de 100% (cem por cento) do valor da aposentadoria que o segurado recebia ou daquela a que teria direito se fosse aposentado por incapacidade permanente na data do óbito, observado o disposto nos §§ 7º-B e 7º-C, não será aplicável o disposto no § 2º deste artigo e será observado o seguinte: 
I - as cotas individuais cessarão com a perda da qualidade de dependente e não serão reversíveis aos demais beneficiários; e
II - o tempo de duração da pensão por morte e as condições de cessação das cotas individuais serão estabelecidos conforme a idade do beneficiário na data de óbito do segurado, nos termos da lei.
Melhor dizendo, a mencionada reforma legitima que o valor do benefício de pensão por morte seja menor que um salário mínimo, o que entra em discrepante dissonância com os princípios constitucionais da irredutibilidade do valor dos benefícios, em virtude do direito já adquirido do segurado, e também aos direitos sociais dos trabalhadores, ajustado pelo artigo 7º, inciso IV do texto constitucional, (BRASIL, 1988):
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim; (grifo nosso)
Por conseguinte, A Carta Magna garante ao cidadão que faça jus ao mínimo para sua própria subsistência, e qualquer variação tendente a abolir esta segurança jurídica é expressamente inconstitucional, e afronta diretamente a cláusula pétrea do artigo 60, § 4º, IV.
4.1.3.2. Do Benefício Assistencial ao Idoso e a Pessoa com Deficiência
a) Do salário mínimo
Conforme texto estabelecido pelo constituinte originário, o artigo 203 da Constituição assegura ao Idoso e ao deficiente hipossuficientes o salário mínimo mensal, vejamos:
Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos:
I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice;
II - o amparo às crianças e adolescentes carentes;
III - a promoção da integração ao mercado de trabalho;
IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária;
V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei. (grifo nosso)
Contudo, a referida PEC mudaria, se implementada, a garantia ao salário mínimo nacional para “valor previsto em lei”, analisemos:
“Art. 203 ........................... V- a concessão de benefício assistencial mensal, a título de transferência de renda, à pessoa com deficiência ou àquela com setenta anos ou mais de idade, que possua renda mensal familiar integral per capita inferior ao valor previsto em lei.
§ 1º Em relação ao benefício de que trata o inciso V, a lei disporá ainda sobre:  I - o valor e os requisitos de concessão e manutenção; II - a definição do grupo familiar; e III - o grau de deficiência para fins de definição do acesso ao benefício e do seu valor.  
Ora, é de fácil percepção que a reforma pretende desvincular do cidadão que faz jus a este tipo de benefício, a garantia de salário mínimo, e vinculá-lo a um valor que ainda nem mesmo foi definido, o que configura, às claras, um retrocesso aos Direitos Humanos,e uma ofensa aos princípios pertencentes à seguridade social.
b) Da idade mínima
O artigo 203, inciso V, da Constituição Federal, não estabelece uma idade mínima para preencher a condição de idoso, o que é feito por norma infraconstitucional, mais especificamente, o artigo 1º do Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/03), declara como Idoso aquele que tem a idade de 60 (sessenta) anos ou mais, vejamos, (BRASIL, 2003): “Art. 1o É instituído o Estatuto do Idoso, destinado a regular os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos.”
Tendo em vista esta assertiva, devemos nos atentar que o benefício assistencial visa tutelar aqueles que se encontram necessitados da ajuda estatal em razão da condição de miserabilidade, sendo este um idoso, ou um deficiente. [9: Atualmente, considera-se miserável aquele que a renda per capita familiar for inferior a um quarto do salário mínimo nacional.]
Logo, seria no mínimo paradoxal deixar de atender aqueles com 60, ou 65 anos que estejam enquadrados nestas condições.
Porem, em discrepância com o que estabelece o Estatuto do Idoso, a PEC altera substancialmente os dizeres da constituição federal a fim de aumentar a idade mínima para a concessão do benefício, (BRASIL, 2016):
Art. 203. ....................................................................................................
......................................................................................................................
V - a concessão de benefício assistencial mensal, a título de transferência de renda, à pessoa com deficiência ou àquela com setenta anos ou mais de idade, que possua renda mensal familiar integral per capita inferior ao valor previsto em lei.
Portanto, estes cidadãos que se encontram em idade avançada de até 69 anos, sem meios de prover o próprio sustento, ficarão, a margem da sociedade, quando na verdade, deveriam ser protegidos.
Moraes (2007, p.85) disserta sobre a proteção do Estado aos mais velhos:
Mais do que reconhecimento formal e obrigação do Estado para com os cidadãos da terceira idade, que contribuíram para seu crescimento e desenvolvimento, o absoluto respeito aos direitos humanos fundamentais dos idosos, tanto em seu aspecto individual como comunitário, espiritual e social, relaciona-se diretamente com a previsão constitucional de consagração da dignidade da pessoa humana. O reconhecimento àqueles que construíram com amor, trabalho e esperança a história de nosso país tem efeito multiplicador de cidadania, ensinando às novas gerações a importância de respeito permanente aos direitos fundamentais, desde o nascimento até a terceira idade.
Por conseguinte, faz-se mister observar que a proteção do cidadão na terceira idade não é assunto apenas de direito positivo, como também de cunho social, moral e ético.
4.1.4. Violação ao Princípio do Não Retrocesso
O princípio do não retrocesso é uma consequente extensão dos princípios da dignidade da pessoa humana e da segurança jurídica, e estes constituem os alicerces do ordenamento jurídico brasileiro.
Tal princípio está expressamente previsto na ARE 639337 do Supremo Tribunal Federal, bem como na Convenção Americana sobre Direitos Humanos de 1969. 
É expresso o texto do artigo 29, b, da Convenção Americana sobre Direitos Humanos de 1969:
Artigo 29.  Normas de interpretação
b.       limitar o gozo e exercício de qualquer direito ou liberdade que possam ser reconhecidos de acordo com as leis de qualquer dos Estados Partes ou de acordo com outra convenção em que seja parte um dos referidos Estados;
Conforme o exposto, o fato confirma o dever do Estado de manter os direitos sociais já previamente adquiridos pela sociedade, sem que inovações legislativas possam ceifar esses direitos, por serem, como já anteriormente mencionados, cláusulas pétreas, conforme artigo 60, §4º, inciso IV, da CF/88.
Contudo, a referida PEC, tem como objetivo suprimir direitos relativos a seguridade social, viola expressamente este princípio, significando, na verdade, o próprio retrocesso social.
4.1.5. Revogação das regras de transição das PECs 20/98 e 41/03.
A proposta pretende revogar as regras de transição dasPECs 20/98 e 41/03, (BRASIL, 2016):
Art. 23. Ficam revogados os seguintes dispositivos: 
I - da Constituição: 
a) o inciso II do § 4º, o § 5º e o § 21 do art. 40; e
b) § 8º do art. 201; 
II - da Emenda Constitucional nº 20, de 15 de dezembro de 1998: 
a) o art. 9º; e 
b) o art. 15; 
III - da Emenda Constitucional nº 41, de 19 de dezembro de 2003: 
a) o art. 2º; 
b) o art. 6º; e 
c) o art. 6º-A; e
IV - da Emenda Constitucional nº 47, de 5 de julho de 2005: o art. 3º.
Segundo o artigo à cima, as regras de transição seriam revogadas, sendo aplicáveis novas regras a servidores com idade inferior a 50 (cinquenta) anos, se homem, e 45 (quarenta e cinco) anos se mulher, caso tenham se integrado ao serviço público antes da entrada em vigor da emenda.
Tal revogação representa mais um exemplo das restrições de direitos presente na PEC, pois esta diferencia a cessão de direitos conforme a idade dos trabalhadores, dos quais necessitam de segurança jurídica concernentes ao seu direito de aposentadoria, violando, consequentemente, o princípio da isonomia, da dignidade da pessoa humana, presentes na cláusula pétrea do artigo 60, § 4º, IV, da CF/88.
4.1.6. Da retirada da proteção ao trabalhador rural
A PEC pretende aumentar em cinco anos a idade mínima para a concessão de aposentadoria para o trabalhador rural, bem como exige a comprovação de pelo menos vinte e cinco anos de contribuição, equiparando-os aos trabalhadores urbanos, vejamos, (BRASIL, 2016):
Art. 7º O segurado filiado ao regime geral de previdência social até a data de promulgação desta Emenda e com idade igual ou superior a cinquenta anos, se homem, e quarenta e cinco anos, se mulher, poderá aposentar-se quando preencher as seguintes condições, ressalvado o direito de opção à aposentadoria pelas normas estabelecidas pelo art. 201, § 7º, da Constituição:
II - sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos de idade, se mulher, e cento e oitenta meses de contribuição, acrescidos de período adicional de contribuição equivalente a 50% (cinquenta por cento) do tempo que, na data de promulgação desta Emenda, faltaria para atingir o número de meses de contribuição exigido.
Parágrafo único. Para o empregado, contribuinte individual e trabalhador avulso rurais que tenham exercido atividade exclusivamente na qualidade de trabalhador rural, os requisitos de idade previstos no inciso II serão reduzidos em cinco anos.
No mesmo entendimento é o artigo 8º da proposta, (BRASIL, 2016):
Art. 8º Os trabalhadores rurais e seus respectivos cônjuges ou companheiros e filhos de que trata o § 8º do art. 195 da Constituição que, na data de promulgação desta Emenda, exerçam suas atividades em regime de economia familiar, sem empregados permanentes, como o produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais, o extrativista, o pescador artesanal poderão se aposentar se na data da promulgação da Emenda contarem com idade igual ou superior a cinquenta anos, se homem, e quarenta e cinco anos, se mulher, quando atenderem cumulativamente as seguintes condições: 
I - sessenta anos de idade, se homem, e cinquenta e cinco anos de idade, se mulher, e cento e oitenta meses de tempo de atividade rural; e
II - um período adicional de efetiva contribuição, nos termos do § 8º do art. 195 da Constituição, equivalente a 50% (cinquenta por cento) do tempo que, na data da promulgação desta Emenda, faltaria para atingir o tempo de atividade rural exigido no inciso I.
		A referida modificação é prejudicial ao trabalhador, pois desconsidera totalmente as condições peculiares da atividade rural, bem como esquece que esse tipo de segurado, na maioria das vezes, começa a laborar desde a infância, e por isso, precisa ser aposentado mais cedo.
4.2. O impacto nos direitos fundamentais
O ordenamento jurídico brasileiro, assim comoao redor do mundo, é intrinsecamente inspirado na proteção do ser humano como indivíduo, para que todos possam conviver em sociedade de forma harmoniosa, e digna, evitando assim, que algunstenham seu bem-estar comprometido em virtude de características pessoais, sendo elas inerentes, a cor, raça, idade, gênero, sexo e etc.
Por conseguinte, é natural entender a proteção do deficiente e ao idoso como uma extensão dos direitos humanos em si, já que este visa, à cima de tudo, a superação de um modelo individualista e egoístico, para a proteção do ser humano em pé de igualdade para com os outros. (FARIAS, 2016).
Em consonância com este entendimento é o posicionamento professor Salert (2001, p.60-61):
Percebe-se que em nosso ordenamento constitucional temos como preceito axiológico que “a dignidade da pessoa humana, como princípio fundamental se consubstancia em valor-guia não apenas dos direitos fundamentais, mas de toda a ordem jurídica, razão pela qual, para muitos, se justifica plenamente sua caracterização como princípio constitucional de maior hierarquia axiológica-valorativa.
No mesmo diapasão é o parecer de Aguiar (2016, p. 495):
Direitos humanos, com fundamento na dignidade da pessoa humana, têm os princípios essenciais à consideração igualitária e realização dos mais diversos projetos de vida, além de valores éticos fundamentais para ultrapassar as divisões sociais discriminatórias e/ou divergentes, por meio também da promoção de um novo pacto social com base na harmonia existencial de todos os seres existentes.
Logo, seria no mínimo incoerente estabelecer norma que vise de alguma forma “ceifar” direitos já previamente adquiridos por tantas outras fontes do direito, dentre elas a Carta Cidadã, a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, realizada em Nova York, de 2007, que ensejou o Decreto Presidencial nº 6949, que por ora, tem força de norma constitucional,sobégide de reparar a economia brasileira, o qualquer outro elemento do sistema, pois este fere a própria motivação do mesmo existir.
Assim entende o constitucionalista Salert (2001, p.103-104):
A relação entre a dignidade e os direitos fundamentais é uma relação sui generis, visto que a dignidade da pessoa assume simultaneamente a função de elemento e medida dos direitos fundamentais, de tal sorte que, em regra, uma violação de um direito fundamental estará sempre vinculada com uma ofensa à dignidade da pessoa.
Em outras palavras, seria a promulgação da PEC um retrocesso social, ideia que é repudiada pelo constitucionalista CANOTILHO (2012, p.338-339):
Quer dizer-se que os direitos sociais e econômicos (ex.: direito dos trabalhadores, direito à assistência, direito à educação), uma vez obtido um determinado grau de realização, passam a constituir, simultaneamente, uma garantia institucional e um direito subjetivo. A “proibição de retrocesso social” nada pode fazer contra as recessões e crises econômicas (reversibilidade fática), mas o princípio em análise limita a reversibilidade dos direitos adquiridos (ex.: segurança social, subsídio de desemprego, prestações de saúde), em clara violação do princípio da proteção da confiança e da segurança dos cidadãos no âmbito económico, social e cultural, e do núcleo essencial da existência mínima inerente ao respeito pela dignidade da pessoa humana.
Ensina Aguiar(2016, p. 488):
É de se notar que “ao ratificar tais documentos e permitir sua vigência internamente, pelos princípios da cooperação internacional, da boa-fé objetiva e do pacto sunt servanda, o Estado brasileiro assume obrigações de proteger e promover os direitos humanos neles dispostos, ensejando sua imediata exigibilidade e possibilidade de responsabilização pelo não cumprimento de tais obrigações, mesmo que tenham sido causadas por entes privados
Por esses motivos, é possível concluir que a Proposta de Emenda Constitucional é essencialmente lesiva aos direitos fundamentais, e sendo assim, não merece prosperar de forma alguma, pois contraria as bases que sustentam todo o sistema de seguridade social brasileiro, bem como da própria Carta Magna, seria, portanto, uma afronta ao ordenamento jurídico que esta PEC fosse aprovada, conforme os argumentos exarados nos itens anteriores.
4.2.1. Manifestação da Comissão Nacional de Direitos Humanos
O Conselho Nacional de Direitos Humanos, nos dias 09 (nove) e 10 (dez) de março de 2017 se manifestaram contra a Reforma da Previdência apresentando os seguintes argumentos:
a) A finalidade da CNDH é, por meio de programas, proteger os direitos humanos e garantias fundamentais de ameaça, sendo elas individuais ou coletivas, utilizando o próprio texto constitucional, bem como em tratados e convenções internacionais.
b) A seguridade social esta prevista no artigo 25 da Declaração dos Direitos Universal dos Direitos Humanos de 1948 como um dos direitos humanos:
Artigo 25	
1. Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e à sua família saúde, bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis e direito à segurança em caso de desemprego, doença invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência em circunstâncias fora de seu controle. 
2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistência especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do matrimônio, gozarão da mesma proteção social.
c) O artigo 9º do Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais prevê o direito a seguridade social e previdência social, e o artigo 10º, inciso dois, o direito a salário maternidade:
Artigo 9.º Os Estados Partes no presente Pacto reconhecem o direito de todas as pessoas à segurança social, incluindo os seguros sociais.
Artigo 10.º Os Estados Partes no presente Pacto reconhecem que:
2. Uma proteção especial deve ser dada às mães durante um período de tempo razoável antes e depois do nascimento das crianças. Durante este mesmo período as mães trabalhadoras devem beneficiar de licença paga ou de licença acompanhada de serviços de segurança social adequados.
d) O artigo 9º do protocolo de São Salvador indica que é de direito de todos à previdência social:
Artigo 9
Direito à previdência social
 
            1.      Toda pessoa tem direito à previdência social que a proteja das conseqüências da velhice e da incapacitação que a impossibilite, física ou mentalmente, de obter os meios de vida digna e decorosa.  No caso de morte do beneficiário, as prestações da previdência social beneficiarão seus dependentes.
 
            2.      Quando se tratar de pessoas em atividade, o direito à previdência social abrangerá pelo menos o atendimento médico e o subsídio ou pensão em caso de acidentes de trabalho ou de doença profissional e, quando se tratar da mulher, licença remunerada para a gestante, antes e depois do parto.
e) A aprovação da convenção nº 102 da OIT- Normas Mínimas da Seguridade Social, na 35ª reunião da Conferência Internacional do Trabalho (Genebra – 1952), entrando em 27.4.55 no plano internacional, e em âmbito nacional 19.09.2008 por meio do Decreto Legislativo n. 269 do Congresso Nacional e ratificado em 15 de junho de 2009, sendo que esta, em seu artigo 26 estabelece a idade máxima de 65 anos:
Artículo 26
2. La edad prescrita no deberá exceder de sesenta y cinco años. Sin embargo, laautoridad competente podráfijar una edad más elevada, teniendoencuentalacapacidad de trabajo de las personas de edadavanzadaenel país de que se trate.
f) O Estatuto do Idoso estabelece em seu artigo 34, a idade mínima de 65 anos para gozar do benefício LOAS.
g) Os artigos 194 e 195 da Carta Magna, dos quais tratam a respeito do sistema de financiamento da seguridade social.
Reafirma, ainda, a CNDH, que a PEC 287/2016 prejudica o usufruto dos direitos fundamentais a seguridade social pelos brasileiros, sendo estes pertencentes às zonas urbanas ou rurais estabelecendo as situações de retrocesso social já exaradas nos itens anteriores.Por fim, recomenda ao Presidente da República que retire a proposta e ao Presidente da Câmara dos Deputados que suspenda a tramitação da PEC no congresso nacional.
Tendo em vista esta importantíssima declaração, resta ainda mais evidenciado a inconstitucionalidade da PEC, confirmando sua natureza prejudicial aos direitos fundamentais.
5. A ALEGAÇÃO DE DÉFICT
5.1. O parecer da Secretaria de Políticas Econômicas do Ministério da Fazenda 
A Secretaria de Políticas Econômicas do Ministério da Fazenda apresenta a seguinte fundamentação para o déficit da previdência social:
O estudo aduz uma análise sobre a evolução das despesas do Regime Geral de Previdência Social. Constatou‐se, a partir da análise dos dados do Boletim Estatístico da Previdência Social (BEPS) de julho de 2007, divulgado pelo Ministério da Previdência Social (MPS), que a arrecadação líquida do INSS atingiu R$ 12,289 bilhões, o que equivale a 5,9% do PIB. As despesas com pagamento de bene􀄰cios previdenciários somada às transferências a terceiros atingiu R$ 15,502 bilhões, ou 7,4% do PIB. Portanto, no mês de julho, o saldo previdenciário ou resultado primário da previdência foi deficitário na ordem de R$ 3,213 bilhões ou 1,5% do PIB do período.
Em termos reais, o déficit previdenciário diminuiu de R$ 3,570 bilhões em julho de 2006 (a valores de julho/2007) para R$ 3,213 bilhões em julho de 2007, principalmente em função do aumento real da arrecadação líquida (+13,1%) no mês de julho de 2007. Em dados acumulados no ano, o déficit real soma R$24,186 bilhões, 3,3% maior que o do mesmo período de 2006, conforme a Tabela I abaixo. Em porcentagem do PIB, o déficit real dos últimos doze meses caiu de 1,9% para 1,8%. (...).
À vista disso, o governo apresenta os cálculos à cima, por estudos realizados de determinada forma (do qual será melhor abordado em outro tópico), que consequentemente traz essa característica deficitária ao sistema previdenciário, mesmo porque este não compreende a integralidade dos elementos que compõe o financiamento da mesma, estabelecidos pela constituição federal. 
Ainda, a principal afirmação neste discurso é de que os motivos propulsores do déficit são, na verdade, os “privilégios” e diferenciações estabelecidos entre os segurados. 
Como por exemplo, a diferença de cinco anos entre a idade mínima estabelecida para o homem e para mulher, garantia de salário mínimo para o valor dos benefícios, a salvaguarda ao professor, e etc., dizendo ainda que nem mesmo um superávit econômico ou então um aumento significativo de contribuintes pode modificar a situação atual do RGPS, sendo então, de extrema urgência a realização da reforma previdenciária.
Portanto, é perceptível que texto à cima citado, bem como toda a proposta de emenda constitucional tem como objetivo o corte de direitos essenciais, bem como a exclusão de direitos das minorias, sob égide de reerguer a previdência social.
5.2. A diversidade da base de financiamento
Para que seja esclarecido o porquê não é verdadeira a alegação de déficit utilizada pelo Governo Federal como fundamento para a aprovação da PEC, é necessário o amplo entendimento da forma de financiamento, da qual será exarada a baixo, pois é neste ponto que se encontra o equívoco dos cálculos apresentados.
Destinado ao efetivo custeio da seguridade social, de forma a sustentar os três pilares, assistência social, previdência social e saúde, é que foi criado o sistema quadripartite de financiamento, do qual é expressamente explanado pelo artigo 195 da Constituição Federal, (BRASIL, 1988):
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma diretae indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:
        I -  do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre:
            a)  a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício;
            b)  a receita ou o faturamento;
            c)  o lucro;
        II -  do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201;
        III -  sobre a receita de concursos de prognósticos.
        IV -  do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar.
Dentro da mesma sistemática, é o artigo 194, de caráter introdutório, da Lei Maior, (BRASIL, 1988):
Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.
    Parágrafo único. Compete ao poder público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos:
        I -  universalidade da cobertura e do atendimento;
        II -  uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais;
        III -  seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços;
        IV -  irredutibilidade do valor dos benefícios;
        V -  eqüidade na forma de participação no custeio;
        VI -  diversidade da base de financiamento;
        VII -  caráter democrático e descentralizado da gestão administrativa, com a participação da comunidade, em especial de trabalhadores, empresários e aposentados.
Conforme demonstrado nos artigos à cima, o financiamento deste sistema é realizado por meio de contribuições sociais para a seguridade social, das quais tem natureza de tributo com destinação específica, dos quais serão contribuintes não somente os empregadores e empregados, trabalhadores e aposentados em geral, incidirá também sobre a receita de concursos e prognósticos e importadores de bens e serviços do exterior
Assim explica Gama (2005, p.1165):
O art. 195 da Constituição estabelece as materialidades que podem ser para a criação de contribuições dessa natureza, além de fixar os possíveis sujeitos passivos. No inciso I desse art. 195 há referência às contribuições exigidas do empregador, ou entidade equipara na forma da lei, incidentes sobre: i. a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício, ii. a receita ou o faturamento e iii. 
Esta forma de financiamento é um mecanismo estratégico criado para que, em eventual crise econômica, o custeio da seguridade social não fique dependente apenas das receitas incidentes das contribuições de folha de salário, já que nesta situação, o trabalhador é a parte mais frágil.
O Governo Federal, atualmente, ao alegar que a previdência encontra-se deficitária, considera apenas o inciso I e II do artigo 195 como base de financiamento e não a sua integralidade, ou seja, apenas as receitas incidentes sobre as folhas de salários, e desconsidera todos os outros meios de contribuição próprios da seguridade social.
Ora, por óbvio que desta forma, se encontraria uma insuficiência de recursos, pois o arcabouço do sistema atuarial foi feito para que funcionasse nos ditames do artigo 195 em sua totalidade, e não de forma apartada, conforme conveniência dos legisladores, o que é notoriamente, uma violação ao texto constitucional.
5.3. O desvio das contribuições destinadas à seguridade social
Alguns mecanismos criados por meio da legislação infraconstitucional e até mesmo pelo poder constituinte reformador foram responsáveis por deturpar o sistema atuarial estabelecido pelo artigo 195 da Lei Maior, e consequentemente, causar o aparente déficit previdenciário do qual vêm sendo propagado atualmente, e exigindo reformas urgentes.
Nos seguintes tópicos serão dedicados a explanar o funcionamento dessas vias de desvinculação, e o porquê

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