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1 Disciplina: Crescimento, desenvolvimento motor e psicomotricidade Autores: M.e Carla Morales Revisão de Conteúdos: Esp. Irajá Luiz da Silva Revisão Ortográfica: Ana Carolina Oliveira Freitag Ano: 2018 Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria de Marketing da Faculdade São Braz (FSB). O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em cobrança de direitos autorais. 2 Carla Morales Crescimento, desenvolvimento motor e psicomotricidade 1ª Edição 2018 Curitiba, PR Editora São Braz 3 FICHA CATALOGRÁFICA MORALES, Carla. Supervisão na Educação Inclusiva / Carla Morales. – Curitiba, 2018. 38 p. Revisão de Conteúdos: Irajá Luiz da Silva Revisão Ortográfica: Ana Carolina Oliveira Freitag. Material didático da disciplina de Crescimento e Desenvolvimento Motor – Faculdade São Braz (FSB), 2018. ISBN: 978-85-5475-172-2 4 PALAVRA DA INSTITUIÇÃO Caro(a) aluno(a), Seja bem-vindo(a) à Faculdade São Braz! Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Cláudio Chatagnier, nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 299 de 27 de dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e Extensão Universitária. A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas também brasileiros conscientes de sua cidadania. Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, assim como com as ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, plantão de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais e grupos de estudos o que proporciona excelente integração entre professores e estudantes. Bons estudos e conte sempre conosco! Faculdade São Braz 5 Apresentação da disciplina Falar do corpo é sobretudo falar de uma estrutura que se desenvolve e cresce. Essa estrutura, dotada de sistemas interligados e complexos, é capaz de realizar funções que permitem a vida e sua interação com o ambiente. Nesta disciplina será visto como o desenvolvimento cognitivo e corporal fazem com que essa máquina ganhe uma capacidade extraordinária para realizar as mais diversas funções. Também será possível ver como o desenvolvimento motor pode proporcionar uma gama de experiências de vivências corporais importantes nos processos de socialização e desenvolvimento da linguagem. Veremos que os exercícios físicos, realizados nas fases de crescimento e desenvolvimento ajudam o corpo na otimização de suas funções motoras e cognitivas. Longe de esgotar qualquer assunto, esta disciplina procura gerar reflexões no campo da aprendizagem e ampliar seu conhecimento acadêmico, facilitando a compreensão e a dinâmica de atuação no campo mercadológico, uma vez que o trabalho está voltado para atuação com pessoas e mais do que nunca se faz necessário o entendimento sensorial para as estratégias e desenvolvimento motor. 6 Aula 1 - Crescimento e desenvolvimento Apresentação da Aula 1 Nesta aula, se inicia a jornada na busca do entendimento dos processos de crescimento e desenvolvimento do corpo. Ao pensar como uma simples célula e seus fatores de divisão e multiplicação podem acarretar no aparecimento do corpo humano e cada parte dele se desenvolve em conjunto, mas suas ações são específicas, uma vez que o conjunto de células que formará o fígado será diferente do conjunto de células presentes no sistema nervoso. Na medida em que o corpo cresce e se adapta ao meio, o desenvolvimento acontece, maturando os processos bioquímicos presentes e fazendo com que esses dois parâmetros – crescimento e desenvolvimento, ocorram de maneira paralela e coordenada na busca pela homeostase corporal. Vocabula rio Homeostase de homeostasia: Processo de regulação pelo qual um organismo mantém constante o seu equilíbrio [Termo criado pelo fisiologista americano Walter Cannon 1871 – 1945] No contexto fisiológico é o estado de equilíbrio das diversas funções e composições químicas do corpo. Exemplo: temperatura, pulso, pressão arterial, taxa de açúcar no sangue, etc. 1.1 Desenvolvimento e estrutura funcional do Sistema Corporal “No passado, o estudo do desenvolvimento motor foi ofuscado pelo interesse pelo desenvolvimento cognitivo e afetivo. ” David L. Gallahue et. al., 2013, página 21 O nosso corpo é um aglomerado de células que formam os tecidos, formando os órgãos e que por sua vez formam os sistemas. Tudo isso está permeado pelo constante trabalho na manutenção da homeostase, ou seja, 7 manter as células em condições estáveis para que estas possam realizar suas funções a contento, mantendo o organismo vivo. Esse equilíbrio é necessário para que o funcionamento do corpo ocorra de maneira integrada. Aqui dois sistemas são muito importantes na manutenção do equilíbrio interno: o Sistema Nervoso e o Sistema Endócrino. Ao menor sinal de desequilíbrio o Sistema Nervoso está apto a detectar, mandando sinais elétricos aos diferentes sistemas para que haja a reparação. Por sua vez, o Sistema Endócrino é responsável por manter a correspondência, utilizando os mensageiros químicos, que são os hormônios e que estão presentes na corrente sanguínea. Esses processos regulatórios vão permitir que o corpo se adapte às situações, sempre tentando se equilibrar e reparar qualquer dano, utilizando-se de mecanismos secundários, caso o principal mecanismo falhe. Cada parte do organismo irá desempenhar uma função, que no conjunto irão dar ao corpo sua formatação. Vejamos o exemplo do Sistema Circulatório: a principal função desses sistemas é fazer com que o oxigênio e os nutrientes cheguem nas células, permitindo o bom estado funcional dessas, para que elas possam executar suas funções. Junto disso, há o Sistema Respiratório que garantirá esse suprimento de oxigênio para todas as partes do corpo. Essa integração é extremamente importante na manutenção dos processos homeostáticos realizados. Esse é um pequeno exemplo da interdependência dos sistemas para a manutenção do organismo. Dessa forma o corpo está sempre sendo compensado para executar com primazia as mais diversas funções, na manutenção da vida. 1.2 Aprendizagem e Sistema Nervoso Quando falamos em Sistema Nervoso é importante deixar claro qual é a sua função. Ele capta do meio externo as informações que nos chegam, e as traduzem em ações que podem gerar respostas externas, como levantar um braço para pegar um copo ou, internas como excretar determinada substância que irá regular o funcionamento de um órgão qualquer. Ele comanda as ações do nosso corpo. No campo da cognição, o cérebro desempenha função central com relação a questão da aprendizagem. Aqui é bom lembrar que as conexões cerebrais, realizadas por milhares de neurônios, formam um intrincado conjunto 8 neural, complexo eem rede, de passagem de impulso elétrico que irá culminar em informações. Importante O Sistema Nervoso está em consonância absoluta com o meio externo e isso quer dizer que as relações estabelecidas no meio externo, seja através de interações sociais ou com a materialidade, gera padrões. Esses padrões por sua vez, se imbuídos de cultura, podem gerar comportamentos que poderão ser repassados e multiplicados por uma gama muito grande de pessoas. Daí a importância da aprendizagem. A aprendizagem está atrelada tanto ao corpo como ao meio em que se está inserido. Não se pode negar que déficits de aprendizagem podem ser causados por algum distúrbio orgânico, mas, também pode ser causado por uma má nutrição durante as fases de crescimento e desenvolvimento de uma pessoa. Portanto os aspectos biológicos e socioculturais devem ser levados em consideração para se entender de que maneira a aprendizagem ocorre e de que maneira o sistema nervoso colabora para que isso seja possível. http://www.planetaeducacao.com.br/portal/imagens/artigos/amais/aprendizagem_01.jp 9 No processo de desenvolvimento e crescimento, uma criança apresenta uma grande quantidade de sinapses, indicando que os neurônios estão em plena atividade, estabelecendo as mais variadas conexões. Essa fase vai até a adolescência onde se observa uma leve diminuição dessas sinapses, continuando na vida adulta. É por isso que quanto maior for os estímulos que uma criança recebe, mais chances ela vai ter para se desenvolver tanto psicologicamente como organicamente. A criança está a descobrir um mundo novo e toda a informação que ela puder captar será bem-vinda, para que ela comece a construir as bases cognitivas que lhe serão úteis no seu desenvolvimento. Nessa fase é muito importante que as informações sejam de qualidade, para que o desenvolvimento cognitivo ocorra de maneira saudável. Quanto maiores forem os estímulos positivos, maiores serão as chances da criança se desenvolver positivamente, sob quaisquer condições. Vale ressaltar, que a plasticidade neural é ativa em todas as etapas da vida. Nossa interação com as pessoas, com o meio que nos cerca traz uma avalanche de informações que estão sendo captadas todo tempo. Nosso cérebro responde a isso, fortalecendo e criando novas conexões sinápticas e permitindo que o cérebro se adapte ao corpo e esse se adapte ao meio. Portanto a aprendizagem é um caminho sem volta, ela acontece em todos os níveis de crescimento e desenvolvimento, permeando nossas ações perante nossa vida. É claro que durante esse processo nem todas as pessoas tem por igual a aprendizagem. Ela é ao mesmo tempo coletiva e individualizada. Nenhum ser humano nasce igual ao outro. Nosso patrimônio genético e nossa interação única com o meio nos fazem sermos únicos, inclusive no caminho da aprendizagem. Um mesmo conteúdo pode ser aprendido de várias maneiras, pois permite interpretações e leituras que são próprias de cada um. O sistema nervoso ajuda na coordenação e interpretação desses dados, tornando a aprendizagem caminho único. Saber porquê e como se dá aprendizagem é importante porque nos coloca em um novo patamar, com possibilidades e aumentos das potencialidades frente ao conhecimento. 1.2.1 Mielinização, Plasticidade Neural e Motivação 10 Quando falamos em condução elétrica é interessante entender que a velocidade é um fator importante, gerando um tempo de ação-resposta muito rápido. Imaginando sofrer um corte na mão, é claro que a sensação de dor é imediata, arde, dói. Isso porque os tecidos lesionados pelo corte possuem terminações nervosas indicando que o corpo sofreu uma injúria e uma das respostas a ação do corte é a dor. Caso contrário, poderíamos cortar a mão e nem sentir dor, o que seria pior pois perderíamos sangue sem notar. Daí a importância da velocidade dos impulsos elétricos. https://tenhaumatoalha.files.wordpress.com/2013/05/06_68_a.jpg No corpo físico, existem regiões onde os impulsos elétricos serão mais lentos e outros onde o impulso elétrico será mais rápido. A diferença é que alguns neurônios possuem uma bainha, denominada de bainha de mielina e outros neurônios não a possuem. A mielina é uma substância lipoproteica e quando presente aumenta a propagação dos impulsos nervosos. Ela está intimamente ligada ao processo de aprendizagem. Estudos indicam que algumas regiões do cérebro possuem um número maior de neurônios com mielina do que outras regiões, dependendo do que aquela região cerebral é capaz de executar. Portanto o processo de mielinização é importante, pois permite um aumento da 11 velocidade dos impulsos nervosos que por sua vez estão relacionados a dinâmica cerebral. http://www.neuroconecta.com.br/wp-content/uploads/2018/01/plasticidade-cerebral-e- poda-neural-compreenda-a-conexao-com-o-tea.jpg Outro ponto importante refere-se à plasticidade neural. Por plasticidade entendemos que seja a capacidade de adaptação frente aos desafios. Quanto maior for sua adaptação maior será a plasticidade e quando menos for a adaptação menor será a plasticidade. Portanto a plasticidade neural se refere ao quanto as conexões neurais formadas poderão usar meios alternativos frente a um determinado desafio, para continuar o seu processo na transmissão dos impulsos nervosos. Para Mendes e Melo (2011) a plasticidade pode ocorrer durante a fase de desenvolvimento, nos processos que envolvam a aprendizagem e em processos lesionais. A plasticidade neural encaixa-se bem para explicar os diversos níveis de reorganização que o cérebro possui durante o crescimento de uma pessoa. Na medida em que novas capacidades intelectuais e comportamentais vão sendo adquiridas, os neurônios se reorganizam para atender a essa nova demanda. Com o avanço da idade a plasticidade neural vai diminuindo, logo a aprendizagem já se torna mais desafiante, pois dependerá de um esforço a mais das pessoas para aprenderem. 12 Por isso que os aspectos positivos, concernentes à vida, como a prática regular de exercícios físicos, devem ser estimulados na infância, assim como outros hábitos saudáveis. Para que isso aconteça uma gama de atitudes comportamentais deverá ser criada e cultivada. O comportamento humano depende sobremaneira das condições externas, aquelas que o meio pode ofertar, sejam elas realizadas através das relações sociais e da interação com o ambiente. Vários estudiosos do campo da cognição afirmam que o homem é fruto da sua interação com o meio e que ele, o homem também é capaz de influenciar sobre o meio, ou seja, essa relação estabelece mútuas mudanças, comportamentais no ser humano e de cenário no meio externo. O comportamento, aliado à plasticidade neural e no estabelecimento interno de mielinização trazem uma gama de possibilidades cognitivas, que hoje estão sendo estudadas de formas intensas. A neurobiologia nos traz importantes conhecimentos, desvendando os mecanismos cerebrais. E isso gera um novo patamar na compreensão de como nos constituímos e de como elaboramos nossas formas de pensamento e ação, tudo isso permeado pela aprendizagem constante. A maturação biológica nem sempre se encontra em consonância com a maturidade cognitiva, pois essa última depende não somente dos fatores biológicos, mas sobretudo, dos fatores ambientais, na rede de socialização em que o ser humano cresce e se desenvolve. Pesquise A mielinização – sua origem e desenvolvimento, acesse o artigo de Melo e Mendes (2011) no qual as autorasfazem uma revisão dos estudos sobre o assunto. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/274084327 1.3 Crescimento e desenvolvimento Antes de discorrermos sobre crescimento e desenvolvimento devemos ter em mente o que é desenvolvimento e o que é crescimento. Pode haver crescimento sem desenvolvimento ou então desenvolvimento sem crescimento? 13 O crescimento para o corpo, é a condição em que as células se multiplicam e se diferenciam, formando nossos tecidos e novas estruturas e moldado as dimensões do corpo conforme o tempo passa, o tamanho do pé cresce até determinada idade e para quando atinge o grau máximo de crescimento. Já o desenvolvimento refere-se ao grau de maturação dos processos corporais trazendo mudanças necessárias na busca pela homeostase corporal. Ambos são presentes na formação do corpo e, portanto, são duas entidades indissociáveis, mas que carregam algumas particularidades. Enquanto o crescimento atua quantitativamente, o desenvolvimento atua qualitativa e quantitativamente, pois existem elementos externos ao seu processo, exigindo uma interação com o meio mais complexa e gerando respostas diversas com relação a parte motora, emocional, cognitiva e social. O crescimento e o desenvolvimento atuam juntos, mas não necessariamente em graus de maturação igual. Por exemplo, acompanhar o crescimento poderá nos dar indícios fortes sobre o desenvolvimento do aparato motor. O estudo sobre o crescimento é tão importante que chega a ser um dos indicadores de qualidade de vida sobre a população jovem. Entender a dinâmica de crescimento populacional ajuda na implementação de políticas públicas voltadas ao bem-estar de uma população. Sabemos também que desenvolvimento atua sob a égide de um equilíbrio interno e ao mesmo tempo externo. Por exemplo: o desenvolvimento emocional de uma criança será influenciado pelo meio em que ela vive, pelas condições que lhe são dadas para que ela tenha certo equilíbrio e de mecanismos biológicos próprios. O mesmo acontece, por exemplo, com o déficit cognitivo que pode ser produzido por uma má alimentação ou ausência dessa, fazendo com que o fator crescimento seja impactado de maneira direta. Essas duas variáveis são bem importantes quando se fala sobre a questão motora. 1.4 Avaliação do crescimento e fatores que influenciam o desenvolvimento cognitivo Como relacionar crescimento e desenvolvimento cognitivo? O que o crescimento diz sobre o desenvolvimento cognitivo? A criança quando nasce, passa a ter o mundo para descortinar, para impor suas necessidades ela se 14 expressa com o choro por exemplo. Um som que pode ser traduzido na necessidade que ela possui, por exemplo em obter leite materno quando está com fome. Na medida em que ela vai tendo contato com o meio externo e com os diferentes estímulos ela vai se utilizando de outros aparatos, como é o caso da parte motora. Ela passa a desenvolver a parte motora pela necessidade de descortinar cada vez mais o mundo a sua volta. Quando relacionamos cognição e desenvolvimento temos que ter claro a seguinte tríade: Fonte: http://pepsic.bvsalud.org/img/revistas/psicoped/v31n96/02f01.jpg Esses três elementos são constituintes do indivíduo que está se desenvolvendo, não só corporalmente, através do crescimento real do corpo, como também através dos processos maturacionais dos neurônios, que criam novas conexões na medida em que as atividades cerebrais são requisitadas pois as habilidades comportamentais adquiridas ao longo da vida lhe imputam desafios, como por exemplo ficar em pé. Com isso as outras habilidades como a cognição tendem a acompanhar esses novos desafios, pois requererão do cérebro respostas as suas investidas no ambiente, dentro dos processos de socialização e de afetividade realizados. O componente ambiental tem grande importância no desenvolvimento neuropsicomotor, influenciando nesse desenvolvimento. Como exemplo temos a desnutrição. Dados mostrados por Sacanni et.al., 2007 mostra que o Brasil possuía 30% de sua população desnutrida. Com isso, vários fatores são afetados, incluindo déficits cognitivos e perda das funções musculares. 15 A avaliação do crescimento ajuda na determinação de uma condição saudável e a garantia de que o desenvolvimento ocorrerá dentro do esperado. Para isso são realizadas as medidas antropométricas como massa corporal, estatura, perímetro cefálico e torácico. Esses indicadores fornecerão dados sobre o crescimento e desenvolvimento. Tal mensuração deve ser sistemática e periódica para que se tenha um acompanhamento capaz de gerar um histórico que sinalize a saúde da criança. Como podemos ver o crescimento e desenvolvimento do corpo possibilitam uma série de ações, como o processo de mielinização, como a plasticidade neural, tendo em vista a otimização do corpo para cumprir com suas funções de cognição e aprendizagem. Resumo da Aula Nesta aula, a abordagem foi na estrutura corporal que é dotada de dois processos: o crescimento e o desenvolvimento. Ambos podem não ocorrer ao mesmo tempo, mas estão intimamente ligados. Assim como a aprendizagem está ligada a maturação do Sistema Nervoso, se munindo de estruturas como as células nervosas mielinizadas, que ajudam no aumento do fluxo de informações, ou até mesmo a questão da plasticidade neural, que mostra claramente que o cérebro pode se adaptar as situações, criando novos caminhos na condução dos impulsos nervosos, sem perder parte da sua funcionalidade. Também foi visto, que a cognição está atrelada ao processo de desenvolvimento e crescimento e que esses dois processos são fundamentais para o corpo. Atividade de Aprendizagem É muito comum que crianças, depois de um grave acidente, onde houve perda de massa encefálica, se recuperem gradativamente e cheguem na fase adulta sem apresentar nenhum tipo de sequela. A que se deve isso? Qual é a relação entre plasticidade neural e adaptação? 16 Aula 2 - Características do crescimento e do desenvolvimento Apresentação da aula 2 Neste capítulo, os estudos serão voltados ao contexto da idade, observando o quão a idade é importante. Tanto do ponto de vista biológico, que ela vai fornecer dados acerca do corpo, de seu metabolismo e dos cuidados que devem ter com o passar dos anos; do ponto de vista social, a idade ainda carrega seus tabus, crianças, jovens, adultos e idosos são colocados em patamares diferentes sob vários aspectos dentro do cotidiano, determinando práticas sociais das mais diversas ordens e muitas vezes imputando desigualdades, do ponto de vista cronológico é muito importante saber a idade, pois ela permite uma série de aferições em detrimento da passagem do tempo sobre o corpo. O corpo sugere uma idade, embora fica difícil determinar qual a idade de uma pessoa só olhando para ela. Talvez a faixa etária em que ela se encontre dê para determinar, mas existem técnicas mais apuradas que vão deferir a idade da pessoa. Do ponto de vista físico isso é muito importante, pois traz informações valiosas sobre a parte motora, revelando possíveis caminhos sobre exercícios físicos aplicados nas fases de crescimento e desenvolvimento, visando fortalecimento do corpo. 2.1 Idade Biológica e idade cronológica O nosso corpo tem uma idade. Saber disso pode nortear uma série de ações que poderão culminar em cuidados com esse corpo e na manutenção de padrões físico apropriados para tal idade. Será que a idade biológica corresponde à idade cronológica ou vice-versa?Qual seria a importância de sabermos diferenciar esses dois tipos de idade e qual seria a implicação dessa sabedoria na melhoria dos processos físicos de um corpo? 17 Os parâmetros utilizados na mensuração da idade biológica levam em consideração o grau de desenvolvimento do aparato biológico em determinado tempo. Esse mesmo grau pode variar entre indivíduos de mesma idade cronológica, gerando um tipo de escala dentro da idade biológica, podendo inferir que as condições antropométricas são variáveis em determinada idade, visto que o crescimento e o desenvolvimento de pessoas da mesma idade não ocorrem de maneira uniforme. Vocabula rio Antropometria é um ramo da antropologia que estuda as medidas e dimensões das diversas partes do corpo humano. A antropometria está relacionada com os estudos da antropologia física ou biológica, que se ocupa em analisar os aspectos genéticos e biológicos do ser humano e compará- los entre si. Atualmente uma das tarefas que o homem tem para si é perdurar sobre a Terra. Com isso estamos a falar de longevidade. A expectativa de vida do homem tem cada vez mais acrescentando anos a sua vida, fazendo com que os fatores ambientais prevaleçam sobre os fatores internos. Aqui fatores hereditários e ambientais se mesclam, trazendo à tona problemas de saúde de maneira mais precoce, pois uma série de doenças, que antes estavam ligadas ao fator idade parece que já não estão, ou pelo menos, tiveram ajuda do ambiente para que essas mesmas doenças se manifestassem mais cedo. Vamos dar um exemplo: nossa alimentação e nosso hábito sedentário. Existem pessoas que são hereditariamente propensas a ter doenças ligadas ao sistema cardiovascular. Sabemos também que as doenças cardiovasculares se manifestavam em pessoas com idade mais avançada. Nosso modo de vida sedentário e nossa alimentação mais rica em gordura, sal e açúcar ajudam o aparecimento precoce de doenças cardiovasculares, fazendo com que a população jovem comece a padecer de problemas cardíacos. A idade cronológica é a idade determinada pelo tempo. Existem três fatores que contribuem: o crescimento, o desenvolvimento e a maturação. Desses três elementos a maturação vai nos dar importantes indícios para determinar a relação entre a idade cronológica e a idade biológica, essa última nem sempre 18 correspondendo em tempo com a idade cronológica. Antes vamos fazer uma distinção entre idade cronológica e idade biológica. A idade cronológica é aquela determinada pelo tempo, ou seja, é aquela que usualmente responde ao perguntarem que idade tem. Já a idade biológica é aquela que está relacionada as modificações mentais e corporais. Como relatado anteriormente nem sempre as duas andam juntas, mas se correlacionam o tempo todo. Existem ainda mais dois tipos de idade: a idade social, que está relacionada ao hábito de vida, as escolhas feitas para se viver, e a idade psicológica que leva em consideração memória, aprendizagem, habilidades e cognição. Essas duas, aliadas a idade cronológica e biológica, compõem a vida de uma pessoa. Com relação a idade cronológica, pouco se tem a dizer sobre ela, pois o tempo, medido em dias, meses e anos é apenas uma mensuração que nos define para a vida. Esse tipo de contagem serve para nos nortear em termos de desenvolvimento biológico pois sabemos que o grau de maturação das estruturas se dará com a passagem do tempo. Ela fortemente imbricada em elementos culturais e sociais. Um exemplo que podemos dar é a questão da velhice. Alguns países consideram a velhice o ápice do amadurecimento e portando criam políticas de assistência a essa faixa etária, denotando sua importância, já em alguns países a velhice é encarada como um estado de fim da vida. E por ter essa representação social, os idosos são tratados com menosprezo e tachados como incapazes. Portanto, a idade cronológica está fortemente atrelada aos padrões culturais de um lugar. A idade biológica já possui outra conotação de importância. Ela está ligada as mudanças corporais e mentais que ocorrem ao longo do desenvolvimento de uma pessoa. Ao nascer, uma pessoa começa sua jornada. As células presentes no corpo possuem um grau de regeneração, elas se formam, se desenvolvem, atingem a maturação e depois morrem, em um processo denominado de apoptose. Esse processo é necessário para acompanhar o grau de desenvolvimento e maturação do corpo. Somado a isso, em nível macro, esses processos celulares acabam por sucumbir a passagem do tempo. O metabolismo em uma criança não é o mesmo metabolismo observado em um idoso. O grau de maturação biológica varia com o passar dos anos, assim como os processos mentais são modificados durante a vida. Os órgãos e sistemas também atingem um grau de maturação que acompanha a idade biológica. Entendamos maturação como o grau de 19 especialização e diferenciação celular. Por isso que se compararmos dois jovens, com idade cronológica de 14 anos e observarmos sua idade biológica, veremos que nesse último quesito poderá haver diferença, já que o grau de maturação não será o mesmo. Pode ser que a idade cronológica coincida com a idade biológica, assim como a idade cronológica pode ser mais acentuada do que a idade biológica (maturação biológica tardia) ou a idade biológica ser mais acentuada que a idade cronológica (maturação biológica precoce). De qualquer forma, tanto a idade cronológica como a idade biológica são importantes, pois ofertam elementos fundamentais para saber, por exemplo, no desenvolvimento motor, principalmente durante as duas primeiras décadas de vida. Para Refletir Uma das etapas da vida mais importante e que requer muita atenção é a velhice. O Brasil é um país que logo terá uma população de idosos bem numerosos e para isso deverá estar preparado. Todas informações com relação aos aspectos ligados a velhice são importantes e merece uma boa leitura. Para isso indicamos o artigo intitulado Envelhecimento bem-sucedido e a participação nos serviços de convivência para idosos, disponível em: http://www.psicologia.pt/artigos/textos/A0847.pdf 2.2 Técnicas de determinação da idade biológica Para a determinação da idade biológica existem algumas técnicas que são utilizadas. Essas técnicas são importantes porque a idade biológica pode ofertar indícios do grau de maturação e consequentemente da parte motora. Crianças e adolescentes possuem três estágios: crescimento, maturação e desenvolvimento. Esses três componentes irão atuar sobre o desenvolvimento do corpo enquanto estrutura e de sua funcionalidade. São quatro quesitos a serem reconhecidos para a determinação da idade biológica: a) Maturação dentária: A dentição é um dos fatores que pode estar relacionado a questão da determinação biológica. No nosso 20 desenvolvimento adquirimos das etapas: a dentição temporária e a dentição permanente. Sabemos que nossa dentição sofreu modificações dentro do processo evolutivo do homem. O tipo de alimentação que ingerimos hoje está mais pastoso e, portanto, exigindo adaptações dentárias que são necessárias a esse tipo de alimentação. Nossa dentição. Nascemos sem dentes, mas eles estão internalizados e já formados no osso maxilar, só esperando a oportunidade para sair para fora. Essa dentição temporária irá surgir por volta dos 6 a 8 meses de idade e progressivamente se formará até os 03 anos de idade. Dos 3 aos 06 anos a criança terá 20 dentes e todos temporários. A partir dos 06 anos ocorre um novo processo, fazendo com que os dentes passem a “cair” e serem substituídos por dentes agora denominados de permanentes. Háuma sequência de queda desses dentes: entre 06 e 07 anos caem os incisivos centrais inferiores; 08 e 09 anos caem os incisivos centrais superiores e os laterais inferiores e superiores; entre 09 e 11 anos caem os caninos inferiores e entre os 11 e 12 anos caem os caninos superiores e os molares. Os molares cairão dos 10 aos 13 anos. Para saber a idade basta verificar qual é o dente faltante, no caso da criança e no adolescente algumas características poderão ser observadas como o número de dentes que passa para 32 dentes. Aqui o processo de calcificação também deve ser observado. b) Maturação óssea: A maturação óssea é um dos indicadores biológicos muito utilizados para a verificação da idade biológica. Durante a infância e a puberdade, ocorre o crescimento e a maturação óssea, com períodos de aceleração de crescimento observados (surtos de crescimento). Nos primeiros meses de vida até os 18 anos, os ossos estão em crescimento. O processo de calcificação começa através de um centro primário que irá se calcificar e remodelar, formando fusões das epífises com o osso. A cor em uma radiografia também poderá indicar que o processo de calcificação ainda não ocorreu, pois, a cor mais clara indica ainda a presença de cartilagem, ao contrário do osso que apresenta cor mais opaca. Quanto maior a área opaca, maior será o grau de maturação observado. Portanto a radiografia é um instrumento para verificação da maturidade óssea, 21 utilizando os métodos de Greulich, Pyle e Tanner-Whitehouse, onde são examinadas mudanças radiográficas das epífises. c) Maturação sexual: A maturação sexual é outro recurso utilizado na identificação da idade biológica. Mudanças fisiológicas e ação dos hormônios são duas manifestações que estão atreladas a maturação sexual. As características sexuais secundárias também ajudam na determinação da idade biológica entre os gêneros masculino e feminino. d) Maturação Morfológica: A maturação morfológica está ligada a questão da estatura. Medidas antropométricas ajudam a determinar o estado de maturação com relação ao crescimento físico. A maturação óssea por ser um forte indicativo do processo de maturação morfológica. Uma das estimativas seria a utilização das tabelas já estabelecidas sobre crescimento físico, verificando, a idade em anos e meses, o quanto a estatura observada se iguala a estatura esperada pela idade cronológica. Outro tipo de mensuração seria verificar através do pico máximo de velocidade de crescimento de estatura a idade cronológica em que ocorre esse evento. Outra possibilidade seria comparar a estatura final adulta predita do jovem com a estatura estabelecida pela idade cronológica. 2.3 Efeito dos exercícios físicos sobre o ser humano na fase de crescimento e desenvolvimento Os exercícios físicos são importantes em todas as fases da vida. Eles ajudam a condicionar o corpo não só fortalecendo a estrutura óssea e muscular, mas contribuindo para que os aspectos fisiológicos do corpo estejam em perfeito estado de funcionamento, melhorando, por exemplo a condição respiratória e cardiovascular. Por essa razão os exercícios físicos devem ser realizados sempre que possível e com certa regularidade. Várias são as possibilidades de mensuração para detecção da idade biológica, entre elas estão os indicadores de maturação sexual, pelo aparecimento das características sexuais secundárias, sendo assim, as características sexuais fornecem indícios da idade biológica, mas não são determinantes sobre certa idade, pois existe o elemento da variabilidade da expressão dessas características. 22 Entretanto existem fases da vida em que o exercício físico vai beneficiar muito além do que já foi escrito. São as fases da infância e da adolescência. Nessas duas etapas da vida, as pessoas se encontram em pleno estado de desenvolvimento e crescimento e o uso dos exercícios pode contribuir significativamente nesse período. Por exemplo, por meio de exercícios físicos a massa corpórea pode aumentar, fazendo com que os riscos de aparecimento de osteoporose venham a ser menores na fase adulta. Outra importante contribuição de se exercitar durante as fases de maior desenvolvimento e crescimento é o fortalecimento da estrutura óssea. Durante a atividade física, a contração dos músculos faz com que haja a multiplicação de células ósseas jovens perto de onde os músculos se inserem, fortalecendo assim o desenvolvimento ósseo. Outros benefícios estão ligados a prática de exercícios físicos como benefícios nos sistemas cardiovascular, ventilatório, muscular, cartilaginoso, hormonal, esquelético. O corpo todo se beneficia da prática de exercícios físicos, otimizando as fases de crescimento e desenvolvimento e ajudando na manutenção corporal durante a fase adulta. Concluímos que ao ver a determinação da idade cronológica e biológica são muito importantes, principalmente essa última que irá se guiar pelo grau de maturação em diversos sistemas, como a maturação dentária, a óssea, a sexual e a morfológicas. Esses parâmetros vão ser importantes na precisão da idade, fornecendo pistas sobre o grau de desenvolvimento e crescimento, necessários a práticas desportivas que possam ser realizadas de acordo com a idade. Resumo da Aula Nesta aula, foi observado que a idade cronológica é diferente da idade biológica, enquanto uma fala do tempo que passa em dias, meses e anos a outra fala sobre diferentes estágios de maturação estrutural e funcional que o corpo se encontra, nos colocando como crianças, jovens, adultos ou idosos. Observando também, que para determinar a idade biológica é necessário levar em consideração os quatro tipos de maturação: dentária, óssea, sexual e morfológica. Essas duas muito utilizadas para determinar a idade biológica. E 23 por último ficou claro, que a prática de exercícios físicos contribui para o bom desenvolvimento e crescimento, denotando sua importância no dia a dia de crianças e jovens. Atividade de Aprendizagem O ministério da Saúde, através de ações a atenção básica da saúde, criou uma série de cadernos e entre eles criou o caderno intitulado Saúde da Criança: crescimento e desenvolvimento. Ele foi criado para que os profissionais da saúde estejam familiarizados com o assunto, constituindo como uma importante ferramenta de trabalho. Diante disso, qual seria o papel imputado à sociedade para que o crescimento e o desenvolvimento da criança fossem garantidos, não só pelo Estado, mas por toda a sociedade? Aula 3 – Desenvolvimento Psicomotor Apresentação da aula 3 O desenvolvimento psicomotor une duas partes do corpo bem importantes: o aparato psicológico, pensante, cognitivo e o aparato motor, parte da nossa estrutura responsável pelo movimento. A maturação do aparato psicomotor, estimulado desde a infância, potencializado na juventude e mantido na fase adulta irá criar um corpo saudável não só fisicamente como psicologicamente. O estudo do desenvolvimento psicomotor é muito importante para compreender que a movimentação do corpo traz benefícios múltiplos não só fisiologicamente e de estrutura, devido ao fortalecimento dos diversos sistemas e colaborando para que os processos homeostáticos do organismo estejam funcionando, bem como traz inúmeros benefícios ao componente psicológico, pois o ato de pensar e o ato de aprender são de certa forma estimulados pelo aparato motor, que junto com o sistema nervoso central estimulará as respostas orgânicas necessárias para o pleno desenvolvimento da estrutura corporal como um todo. Lembrando que quando falamos decorpo não 24 podemos dissociar a mente. Ela faz parte desse corpo e o estímulo em qualquer uma dessas partes acaba por beneficiar ambas – o corpo e a mente. Durante as fases do desenvolvimento, as experiências motoras vão acontecendo em graus variados de complexidade, exigindo um controle mental cada vez maior. A criança ao nascer, tem seus movimentos coordenados de maneira mais reflexiva. Com o passar do tempo, os movimentos irão se tornando mais coordenados e em consonância na execução de movimentar, indicando um grau de complexidade maior, em detrimento dos novos desafios como andar, exigindo um autocontrole cervical, portanto postural e muscular, que passa a ser fortalecido. 3.1 Psicomotricidade – conceito, objetivos e elementos A psicomotricidade é a capacidade de realização de movimentos, utilizando-se do aparato neurológico. Na infância o sistema nervoso está em processo de maturação e o desenvolvimento psicomotor acontece de acordo com essa maturação. Durante a infância, o ato de brincar mais do que conectar a criança ao mundo, ajuda no desenvolvimento psicomotor, pois os movimentos ajudam nesse processo. Ao brincar a criança percebe o mundo e utiliza-se do aparato neurológico para criar essas percepções, ajudadas pelo ato de movimentar-se porque só assim é que o mundo se lhe descortina e ela consegue realizar as conexões necessárias ao seu modo, utilizando o real e o imaginário para existir. Para Falcão (2010): A prática psicomotora deve ser entendida como um processo de ajuda que acompanha a criança em seu próprio percurso maturativo, que vai desde a expressividade motora e do movimento, até o acesso a capacidade de descentrarão. Esse processo permite que a criança faça uma análise cognitiva das qualidades dos objetos, dos parâmetros espaciais e temporais, realizando associações, comparações e agrupamentos [...] Piaget (1987) chama a atenção dizendo que a aquisição da linguagem é posterior ao desenvolvimento do aparato motor. A criança percebe, capta os estímulos advindos do meio externo através da psicomotricidade para só depois começar a construir um código de significados e significantes que irão ser 25 decodificados em linguagem. Nesse processo, a inteligência vai adquirindo corpus, de acordo com o grau de complexidade que os processos mentais ocorrerem. Ainda na infância a imagem corporal está sendo construída, ela precisa aprender os limites do corpo, quais são suas capacidades e limites motores. Ela se reconhece pelo reconhecimento do corpo. Por isso que o ato de brincar, na educação infantil, é tão importante para o desenvolvimento cognitivo da criança. Quanto mais ela brincar e interagir, mais conexões neurais serão criadas e mais atributos cognitivos ela terá, fazendo com que a aprendizagem se torne um caminho natural, na percepção de si, do outro com quem ela interage e na percepção do ambiente, pois os estímulos externos ajudarão no desenvolvimento da psicomotricidade. Um dos grandes objetivos da psicomotricidade é o desenvolvimento do aparato motor e criativo através do corpo. Aqui o movimento é o cerne da questão. É a partir dele que a estrutura cognitiva se forma e se molda. Com isso sela-se a ideia que o aparato motor está intimamente relacionado ao aparato neurológico. Um dos elementos da psicomotricidade refere-se aos tônus musculares, que é a capacidade de enrijecimento muscular que dará a postura. A postura liga a criança ao mundo, pois ela já começa a dar seus primeiros passos, ela começa a ganhar dimensões diferentes de um berço ou do colo de uma pessoa. Esse novo ambiente, a ser explorado, vai lhe trazer uma gama de sensações que serão prontamente captadas através das mãos, dos olhos e das orelhas. Todos os seus sentidos estarão aguçados na exploração desse novo ambiente. As atividades cerebrais estarão aceleradas. Esse conjunto novo de informações fara que as regiões cerebrais se desenvolvam para gerar respostas daquilo que se sente. Outro elemento é o equilíbrio. O órgão responsável por fornecer o equilíbrio é a nossa orelha. Dentro da nossa orelha encontramos o labirinto, esse é formado utrículo, pelo sáculo e pelos canais semicirculares. As duas primeiras estruturas se encontram sobre a cóclea. Elas são bolsas que possuem uma substância viscosa e suas paredes são constituídas por células sensoriais. Junto a isso estão otólitos, grãos de carbonato de cálcio. A interação entre otólitos e as células sensórias transmitem impulsos nervosos que são decodificados em informações sobre a nossa posição corporal. Nos canais semicirculares existem 26 estruturas chamadas de ampolas, que contém líquido. Elas também auxiliam no equilíbrio. O equilíbrio mantém a possibilidade da postura e também da execução dos movimentos. A coordenação motora global é outro elemento e diz respeito ao conjunto de músculo e articulações que tangem os movimentos do corpo. Mexer os braços, correr, pular, girar o tronco são habilidades motoras executadas que os dão a noção de corpo. Em movimento sabemos da existência desse corpo, além de que é modo de apropriação do meio externo, para internalização das sensações. Já a coordenação motora fina vai nos dar capacidade de movimentos mais precisos e delicados, movimentos esses que requerem certa assertividade em sua execução para que uma tarefa seja executada. A organização do tempo e do espaço é outro elemento da psicomotricidade. Ao longo do crescimento e do desenvolvimento ocorre a noção de espaço e de tempo. Noções de perto, longe, dentro, fora, próximo a, ao lado de, antes e depois são importantes para determinar esse elemento e que situa a pessoa, lhe dando limitações mesmo que invisíveis e palpáveis do corpo e desse corpo com o meio externo. A noção de lateralidade também é importante porque oferta a dimensão dos movimentos e dos lados do corpo, o lado esquerdo e o lado direito e a importância desses lados na execução dos movimentos. Uma pessoa destra ou canhota vai encontrar mais dificuldade ou facilidade na execução de certos movimentos e até no ato de manusear certos objetos, como segurar um violão ou tentar abrir uma lata com o abridor. O esquema corporal e a imagem corporal também são constituintes da psicomotricidade, pois o reconhecimento do corpo gera uma ressignificação da existência de um corpo que se movimenta, e a noção inconsciente que existe sobre esse corpo, que se inscreve no real e no imaginário. As mudanças que vão acontecendo nos dão uma noção da dinâmica que esse corpo possui de modificar-se. 3.2 Movimento Integrado Quando falamos de movimento integrado falamos de vivência motora. Essa é o conjunto de movimentos que uma pessoa realiza para executar suas 27 ações no dia a dia. Os movimentos realizados por atletas, por exemplo, possuem alto desempenho, no intuito de obter o máximo do aparato muscular, sendo esse executado com maestria. Um exemplo disso é a coordenação de movimentos criados para dar agilidade ao nadador, na medida em que esse desliza pela água. Essa integração músculos-esquelética e também cerebral, determinarão a execução dos tipos de nado com qualidade. Outro fator importante a se levar em conta no movimento, diz respeito às forças atuantes sobre ele como: o atrito, a ação da gravidade e a resistência do ar. O entendimento da atuação dessas forças sobre o movimento pode ajudar atletas a melhorar sua performance. 3.2.1 Experiências de vivências corporais individuais Antes de tratar de forma direta sobre as vivências corporais individuais vamos nos ater as experiências. Essasservem para que conheçamos as coisas e que nossa vivência acabe sendo plena, pois e só através das experiências que ganhamos campo, que escolhemos o certo do errado ou os caminhos que nos tornam pessoas. Portanto, as experiências corporais nos marcam e nos personalizam, criando uma individualidade sem igual. As vivências corporais individuais começam ao nascer. Um corpo que vem ao meio externo e que passa a captar esse meio. Nossa movimentação nesse momento não é consciente e sim instintiva. Agimos na intuição e de certa forma de uma maneira rústica. Com o passar dos tempos nos damos conta de alguns movimentos e o fazemos para atingir determinado objetivo que é o reconhecimento do corpo e aí os braços e pernas são muito solicitados, pois é com eles que nos damos conta do corpo. Um pouco maiores tentamos desbravar o mundo executando movimentos que nos dão segurança, como engatinhar e aprendemos aos poucos através da tonificação muscular que possuímos ser possível realizar pequenos ensaios para começarmos a ficar em pé. Isso só será possível quando nosso senso de equilíbrio se coordenar com nossa força muscular e enfim conseguimos ficar em posição ereta. Finalmente nosso corpo tomou a sua forma habitual e aí nossas pernas passam a ter que realizar movimentos sincronizados para que possamos andar, nos movimentar e para isso nos é exigido cabeça ereta e certa sincronicidade com o corpo todo. Nosso aparato neural a todo o momento está em sincronia, ofertando respostas apropriadas a execução dos movimentos. A 28 medida que nossa musculatura e nossa constituição óssea se modifica e se fortalece, os passos vão ficando mais firmes e nossa mente mais conectada aos movimentos de tal forma que a cognição se desenvolve. Nesse momento há liberdade do movimento e nossas interações com o meio externo passa a ser plena. 3.2.2 Experiências de vivências corporais coletivas O homem é por sua natureza um ser social. Para desenvolver-se ele necessita estar entre pessoa. Crianças e adolescentes devem ser estimuladas a estarem com outras crianças e adolescentes. É nessa convivência que os aprendizados acontecem. As práticas corporais coletivas, como a execução de jogo em time amplifica o movimento, pois exigem um grau de sincronicidade em grupo, até mesmo em brincadeiras como a de se esconder. Outro desafio que as práticas corporais coletivas imputam é a criação do senso de que um é bom, mas dois é melhor. A execução do movimento por tornar-se amplificada, passa a ser dependente desse outro movimento. É no coletivo que o corpo existe e sua individualidade ajuda nessa amplificação. No quesito cognitivo a interação social é extremamente importante para sua consolidação. Já sinalizamos que a brincadeira tem um sentido muito apurado de aprendizagem. É pela brincadeira que as crianças desenvolvem seu aparato sensório motor e é por ela que elas aprendem. O corpo nesse caso serve de instrumento para que a técnica –no caso o movimento- seja aplicada com maestria gerando resultados para crescer e para desenvolver-se. As vivências corporais coletivas são importantes no processo de maturação motora. A aprendizagem motora acontece na relação da coletividade dos corpos, proporcionando o ganho de novas habilidades justamente pela interação com outros tipos de movimentos ou com outras formas de execução dos mesmos movimentos. 29 3.3 Movimento integrado e a relação com a linguagem e a socialização Visto anteriormente que o movimento está fortemente atrelado ao processo de desenvolvimento do indivíduo. É através do movimento que a criança vai se constituindo, formando posteriormente sua base afetiva e cognitiva. O corpo fala ao movimentar-se, acarretando em novas simbologias e trazendo para o meio um incremento linguístico que também socializa. A linguagem e a socialização estão presentes junto à execução motora. O desenvolvimento da linguagem acontece na medida em que o corpo consegue executar ações coordenadas capazes de extrair do meio externo as informações, e essas informações muitas vezes despendem do grau de socialização. A interação com o meio externo e com as pessoas aperfeiçoa a linguagem, socialização. O movimento desloca, conquista espaços e na medida em que o corpo executa os movimentos, seu aparato sensório-motor e neural estão em constante fluidez. Ao brincar a criança está se fortalecendo internamente e externamente, em um descobrir-se constante consigo mesma e com as outras crianças. O ato de brincar socializa, ajuda na elaboração da linguagem e contribui para o desenvolvimento cognitivo, corporal e afetivo da criança. O corpo e seus movimentos são a ponte que as conecta ao meio. Já na adolescência, os movimentos tornam-se mais afinados e juntamente com a cognição passam a ter a noção desse corpo que se movimenta e desse espaço-tempo por onde o corpo é conduzido. A linguagem fica mais refinada, a cognição atinge níveis de maior complexidade e de raciocínio na execução dos movimentos. Fica, portanto, inegável que o corpo fala e se expressa nos movimentos, ganhando conotações linguísticas muito próprias, e essas por sua vez acabam se socializando com outros corpos que possuem outras expressões e outras linguagens, seja por movimentos diferentes, ou seja, pelo mesmo movimento realizado de forma diferenciada. Essa socialização do corpo é um importante instrumento de reconhecimento de si e pelo outro, gerando um processo de “conversa” onde os corpos e seus movimentos realizados se entendem. Na medida que a cognição atinge níveis maiores de complexidade, a aquisição das habilidades motoras ganha novos contornos, onde a prática mental ajuda na realização de determinado exercício, pois conduz a pessoa a mentalmente visualizar os movimentos a serem executados. 30 Como podemos ver a busca pela qualidade do movimento aperfeiçoando a execução dos movimentos, deixando claro que o corpo tem uma linguagem própria e que isso é necessário para que as vivências corporais individuais e coletivas sejam aproveitadas ao máximo. Resumo da Aula Nesta aula, fica solidificado que o entendimento sobre o desenvolvimento motor é muito importante para que a qualidade do movimento seja mantida e efetiva na realização desse movimento. Observado também, que a psicomotricidade possui características e elementos que a compõem, constituindo um campo aberto a estudos constantes na busca pela melhoria dos movimentos. Outra questão observada foi com relação ao movimento integrado. O corpo se expressa por meio de movimentos sincronizados, fazendo com que o corpo crie linguagem própria e isso aí ser muito importante no reforço pelas atividades corporais individuais e coletivas. Atividade de Aprendizagem A memória desempenha um papel crucial na aprendizagem motora. Essa retenção de ideias acerca do movimento no aparato neura, possibilidade a automação na hora de executar o movimento, gerando a possibilidade do aperfeiçoamento desse exercício. Estabeleça um paralelo entre o ato de memorização e a melhora na execução de determinado movimento. Estabeleça quais são as relações existentes entre a memória e o movimento. Aula 4 – Processos educacionais e a melhoria das funções motoras e cognitivas Apresentação da aula 4 31 Observar os processos educacionais na obtenção da melhoria das funções motoras e consequentemente das funções cognitivas são muito importantes. A prática de exercícios físicos e a consolidação da disciplina de educação física nos espaços escolares garante que também haja a educação do corpo. E qualé a importância disso? O movimento é nosso meio de contato com o meio externo e sua qualidade expressa não só saúde, do ponto de vista de cuidado para com esse corpo, mas, também ajuda a desenvolver outros atributos como a cognição e a aprendizagem para além do corpo. Isso é muito importante porque nas etapas de crescimento e desenvolvimento a função motora é muito requisitada e ao mesmo tempo formativa, por isso é importante que tenhamos claro que por meio de ações educativas podemos contribuir para que os processos de crescimento e desenvolvimento alcancem um certo padrão de qualidade e que a aprendizagem motora seja plena. 4.1 Aprendizagem motora e desempenho cognitivo O que a aprendizagem motora tem a ver com o desempenho cognitivo? Será que a aprendizagem motora melhora esse desempenho ou o desenvolvimento da cognição aprimora a aprendizagem motora? Qual é a relação entre cognição e aprendizagem motora? Essas são perguntas pertinentes e que ajudam a delinear a relação entre cognição e aprendizagem motora. Saber como a parte motora se comporta tem sido objeto de estudo há muitos anos. A aprendizagem motora vai tentar elucidar os processos que acabam por se transformar em habilidades motoras. Existem duas abordagens teóricas para explicar o comportamento motor: a que explica pelo aspecto motor e a que explica pela ação. Esse último tipo leva em consideração a relação do corpo com o meio ambiente, em uma abordagem psicoecológica. Já a abordagem motora usa como referência a psicologia cognitiva onde o ser humano tem suas ações pautadas na representação que é construída ao longo do seu desenvolvimento, considerando o ser humano como aquele que processa e armazena conhecimento. Historicamente há um constructo da aprendizagem motora no tempo e, portanto, essa é dotada de historicidade. Tani et al., 2011 realizaram uma revisão de literatura de um 32 processo – o processo de demonstração – para mostrar o quão significativo esse processo é na aquisição de habilidades motoras. 4.1.1 Teoria social cognitiva de Bandura Uma das formas de aprendizagem motora refere-se aquela em que o indivíduo, na sua relação com o outro aprende o movimento não realizando, mas apenas observando. Essa ideia foi defendida por Bandura que sinalizou o poder da imitação na aquisição das habilidades motoras. Para ele novos comportamentos advêm da observação e do ato de imitar. Já para Piaget a aquisição de novos comportamentos motores advinha da memorização aliada a capacidade de imitação do novo movimento. Esses dois fatores: memória e imitação geram a engrenagem que descortinava novos comportamentos motores. Ainda citando Bandura, esse considerava que existia uma representação da ação e o processamento dessa ação. A representação modeliza o movimento, sendo executado tão logo se necessite e o outro criando um modelo de referência do movimento, para balizar as futuras ações. No que tange ao processamento da informação existem dois aspectos a se considerar: um é a atenção seletiva e o outro é a retenção. Nem tudo no movimento que se observa será aproveitado, haverá uma seleção das imagens que remetem a aspectos do movimento que são significativos e sua retenção para futura execução desse movimento. 4.1.2 Estratégias de ensino na melhoria da prática das funções motoras Como melhorar na prática as funções motoras? Quais são as melhores estratégias para consolidar as habilidades motoras ou que estratégias são capazes para que essas habilidades possam ser refinadas gerando movimento de alta qualidade e precisão. Aqui vários fatores devem ser levados em consideração porque como já dito anteriormente, o movimento é um “continum” de ações que geram resultados diferenciados a cada fase do desenvolvimento da criança e do adolescente, haja vista a melhora nos padrões de execução de determinadas modalidades de movimento. 33 Fatores como idade, gênero, estatura e outros podem ser determinantes na prática das funções motoras. Vamos tomar como exemplo a execução da corrida e mostrar a sua evolução em relação ao crescimento e desenvolvimento. O movimento pode ser caracterizado em três fases: a fase inicial, a fase elementar e a fase madura. Na fase inicial os movimentos do braço são curtos e rígidos e o movimento das pernas é pequeno e limitado. Na fase elementar o movimento dos braços é reduzido em movimentos para trás e o movimento das pernas aumentam em passadas e na utilização de uma perna de apoio para alavancar as pernas na corrida. Na fase madura existe uma sincronicidade entre o movimento dos braços e o movimento das pernas. Os braços movem-se flexionados a um ângulo de 90 graus; já os movimentos das pernas são feitos de maneira rápida em passadas extensas. Fase Inicial Fase Intermediária 34 Fase Madura Fonte: http://www.efdeportes.com/efd159/desenvolvimento-motor-em-criancas.htm Diante disso, cada fase tem uma série de características comportamentais em relação ao movimento, e que ajudam a melhorar os processos educacionais dentro de cada etapa relacionada ao crescimento e desenvolvimento da criança e do adolescente. Uma coisa importante e que auxiliará nas estratégias educativas é a criação de uma avaliação do nível motor. Essa avaliação vai permitir verificar o nível de motricidade nos troncos, nos membros superiores e nos membros inferiores. Ele poderá montar um quadro aluno a aluno onde poderá fazer observações se os movimentos são iniciais, intermediários ou maduros. Isso o ajudará a focar em exercícios de reforço e também práticas esportivas que possam melhorar as habilidades motoras para que essas alcancem o melhor nível de performance. Outra avaliação a ser realizada é a verificação do estágio em que se encontra a aprendizagem motora. Esse pode ser subdividido em três categorias: Inexperiente: aqui se percebe que os movimentos são descoordenados, a criança repete em voz alta a tarefa a ser executada e não existe uma atenção sobre o fazer. Aqui há um esforço muito grande em realizar a tarefa motora. Intermediário: A coordenação na execução dos exercícios melhora, os movimentos desnecessários vão desaparecendo gradativamente e ocorre um nível maior de atenção. Avançado: Aqui o aluno está totalmente focado. Ele consegue mentalizar a criar uma estratégia de ação que melhore a execução do seu movimento. Há uma perfeita coordenação e sincronicidade dos movimentos executados e também há um refinamento desses movimentos, na busca por excelência motora. Nesse estágio a 35 criança ou o adolescente executa de forma autônoma, sem penar no movimento. Aqui deve ficar claro que esses estágios podem acontecer concomitantemente, dependendo da destreza e familiaridade que a criança ou que o adolescente tenha em relação a execução do movimento. Por exemplo: em um jogo de capoeira ele pode executar um tipo de movimento com maestria e outro ainda se encontrar no estágio novato, por desconhecer e dominar a técnica. Outra coisa a ser levada em consideração é que as práticas sejam permeadas por uma gama variável de movimentos e dentro de contextos diferenciados durante a prática de uma habilidade, isso vai dar condições ao aluno para que ele possa executar movimentos diferentes e que germe o mesmo resultado de outros movimentos. Essa riqueza de possiblidades abre caminho para que a mesma estratégia usada em determinado movimento possa ou não ser usada em outro movimento. Para tanto, existem várias possibilidadesde processos de atividades para que o movimento seja cada vez mais refinado e que as habilidades motoras sejam concretizadas. Um exemplo disso é a execução das tarefas motoras através da demonstração. Nesse tipo de atividade o professor executa e o aluno executa depois, mas baseando-se na observação do movimento realizado. Esse tipo de processo acredita que a interação social permeie a aprendizagem. Outro tipo de processo se refere aos programas motores generalizados que podem ser divididos em blocos ou randômicos. Os processos em bloco consistem em realizar uma mesma tarefa em sequência, em determinado tempo. Só se passa para a outra atividade quando essa atividade acabar. Essa repetição tem o intuito de fazer com que o movimento se torne cada vez mais refinado. Os processos randômicos já consistem na realização de diferentes tarefas, sendo os exercícios realizados de maneira aleatória. O resultado dessas tarefas depende muito de quem a executa, mas no geral a demonstração e os processos randômicos demonstram os melhores resultados, devido ao grau de retenção das atividades que os alunos acabam 36 possuindo. A atividade em bloco também fornece índices de alto desempenho, principalmente dentro de um processo maduro. Com relação a esses resultados alguns autores afirmam que nas fases iniciais de desenvolvimento quanto maiores forem o repertório de movimentos e maior for o repertório do vocabulário motor, maior serão as chances desses alunos se tronarem atletas de alto desempenho (Schmidt & Wrisberg, 2001). Movimentos como correr, saltar o arremessar nessa fase podem ajudar muito na aprendizagem motora para a prática de exercícios mais específicos futuramente, como jogar tênis por exemplo. Esses movimentos embora sejam generalistas preparam a criança para a execução de exercícios mais complexos, inscrevendo em sua memória a base desse movimento complexo. A isso se dá o nome de transferência da aprendizagem. Dessa maneira as estratégias educacionais podem ser aplicadas, visando a melhoria das habilidades motoras realizados com movimentos básicos e complexos na medida da aprendizagem do aluno. Com isso fica claro que as estratégias educacionais devem levar em consideração a aprendizagem motora, e que essa está atrelada às fases de crescimento e desenvolvimento. Resumo da Aula Nesta aula, a fundamentação foi que a prática das funções motoras advém da observação dos movimentos executados nas fases iniciais, intermediárias e madura. É certo, que em cada uma dessas fases o corpo se comporta e se movimenta sob determinadas características. Foi exposto também que é importante uma avaliação do nível motor, para saber em qual das fases a aluno se encontra e também foi aferido, que de acordo com a execução da tarefa, essas podem classificar o aluno em novato, intermediário ou avançado. Essa classificação advém da execução dos movimentos. E por último e não menos importante, foi observado que a prática dos exercícios, gera resultados de aprimoramento ou de refinamento, buscando sempre a excelência das atividades motoras. 37 Atividade de Aprendizagem De que maneira a criação de estratégias de ensino pode melhorar as funções motoras? Resumo da disciplina A disciplina sobre Desenvolvimento Motor procura descortinar o universo dos estudos voltados para essa área. Nos últimos anos os estudos do Crescimento e Desenvolvimento Motor deram um salto significativo, contribuindo com práticas educacionais esportivas mais direcionadas, melhorando o desempenho de atletas de alto rendimento. Longe de esgotar o assunto, essa disciplina oferece um caminho de estudo para aprofundamento, bem como os princípios da verificação do estágio em que se encontra a aprendizagem motora. Esse pode ser subdividido em três categorias: Inexperiente, intermediário e avançado, subsidiando a amplitude do conhecimento e da aplicabilidade nas práticas. 38 Referências FALCÃO, Hilda Torres. Psicomotricidade na pré-escola: aprendendo com o movimento. Dissertação (Ensino em Ciências da Saúde e do Meio Ambiente) - Centro Universitário de Volta Redonda, Rio de Janeiro. 2010. GALLAHUE, David L. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês, crianças, adolescentes e adultos/David L. Gallahue, John C. Ozmun, Jackie D. Goodway; tradução: Denise Regina de Sales; revisão técnica: Ricardo D. S. Petersen – 7. ed. – Porto Alegre: AMGH, 2013. MENDES, P B.; MELO, S. Origem e desenvolvimento da mielina no sistema nervoso central- um estudo de revisão. Revista Saúde e Pesquisa, v. 4, n. 1, p. 93-99, jan./abr. 2011 PIAGET, Jean. O nascimento da inteligência na criança. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1987. SACCANI, R.; BRIZOLA, E.; GIORDANI A P.; BACH,S.; RESENDE, T L.; ALMEIDA, C, S. Avaliação do desenvolvimento neuropsicomotor e crianças de um bairro da periferia de Porto Alegre. Scientia Medica, Porto Alegre, v. 17, n. 3, p. 130-137, jul./set. 2007. SCHMIDT, R. A.; WRISBERG, C. Aprendizagem e performance motora: uma abordagem da aprendizagem baseada no problema. Porto Alegre: Artmed, 2001. TANI, Go; BRUZI, Alessandro T.; BASTOS, Flavio H.; CHIVIACOWSKY, Suzete. O estudo da demonstração em aprendizagem motora: estado da arte, desafios e perspectivas. Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho Humano (Online), v.13, n.5, p.392-403, 2011 Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria de Marketing da Faculdade São Braz (FSB). O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em cobrança de direitos autorais.
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